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FASORES, RELAÇÃO FASORIAL DE

TENSÕES E CORRENTES EM
RESISTOR, CAPACITOR E INDUTOR
Universidade Federal de Itajubá
Instituto de Engenharia de Sistemas e Tecnologia da Informação
ELTA01A – Eletrônica Analógica I
Objetivo

• Fasores;
• Números complexos;
• Relação fasorial de tensões e correntes em componentes básicos:
• Resistor;
• Indutor;
• Capacitor.
FASORES

3
Definição de fasor
Um fasor é um vetor girante, cuja projeção em um eixo vertical pode ser usada para representar
grandezas que variam senoidalmente. Para compreender como isso funciona, considere a linha
cinza de comprimento Vm (Ela é o fasor.) A projeção vertical dessa linha (pontilhada em cinza) é
Vm sen α. Suponha que o fasor gire a uma velocidade angular de ω rad/s, no sentido anti-horário.
Assim, α = ωt, e sua projeção vertical é Vm sen ωt. Designando essa projeção (altura) como v, a
projeção vertical será v = Vm sen ωt, que é a conhecida equação da tensão senoidal. Desenhando
um gráfico dessa projeção versus α, obtém-se a forma de onda da senoidal.
Fasor e onda senoidal

O processo da representação gráfica mostra sequências instantâneas do fasor e a forma de onda em


evolução em vários instantes para um fasor com a magnitude de Vm = 100 V girando a ω = 30°/s.
Ondas senoidais deslocadas

Os fasores podem ser usados para representar as formas de onda deslocadas, v = Vm sen(ωt±θ) ou
i = Im sen(ωt ± θ). O ângulo θ é a posição do fasor em t = 0 s.
Relação fasorial seno - cosseno

𝑠𝑒𝑛 𝜔𝑡 + 90° = 𝑐𝑜𝑠 𝜔𝑡


Diferença de fase

A diferença de fase refere-se ao deslocamento angular entre as diferentes formas de onda para a
mesma frequência. Sendo o deslocamento angular em (a) igual a 0°, diz-se que as formas de onda
estão em fase; caso contrário, elas estão fora de fase. Quando for descrever a diferença de fase,
selecione uma forma de onda como referência. Outras formas de onda estão adiantadas, atrasadas
ou em fase em relação a essa referência.
Adiantado e atrasado

Os termos adiantado e atrasado podem ser compreendidos em relação aos fasores. Observando os
fasores girando, o que passa primeiro é o que está adiantado, e o outro está atrasado. Por definição,
a forma de onda gerada pelo fasor adiantado está adiantada em relação à forma de onda gerada
pelo fasor atrasado e vice-versa. Abaixo o fasor Im está adiantado em relação ao fasor Vm. Assim, a
corrente i(t) está adiantada em relação à tensão v(t).
Exemplo

A tensão e a corrente estão fora de fase por uma diferença de 40°, e a tensão está
atrasada. Usando a corrente como referência, desenhe o diagrama para o fasor e as
formas de onda correspondentes.

Solução: Como a corrente é a


referência, coloca-se seu fasor
na posição de 0° e o fasor da
tensão na de −40°.
Exemplo
Dado v = 20 sen (ωt + 30°) e i = 18 sen (ωt − 40°), faça um diagrama
fasorial, determine as relações de fase, e plote as formas de onda.

Solução: A partir das


equações de v e i, tem-
se que v está
adiantada de 70° em
relação a i.
Forma de ondas negativas
Quando se tem formas onda negativas, como i = −Im sen ωt. Considera-se a forma de onda e o fasor
para i = Im sen ωt. Ao multiplicar essa forma de onda por −1, terem-se a forma de onda invertida −Im
sen ωt ,com o fasor correspondente. O fasor foi rotacionado em 180°. É sempre verdade, portanto,
que quando multiplicamos uma forma de onda por −1, o fasor para a nova forma de onda está a 180°
do fasor original, independentemente do ângulo do fasor original.
NÚMEROS COMPLEXOS

13
Números complexos

Um número complexo pode ser representado por


um ponto em um plano bidimensional, associado a
um sistema de eixos cartesianos. Este ponto
também determina um vetor a partir da origem até
o ponto. O eixo horizontal é chamado de eixo real e
o vertical de imaginário. Qualquer número de 0 a ∞
pode ser representado por um ponto no eixo real.
São usadas duas formas para representar um
número complexo a retangular e a polar.
Os número complexos quando aplicados a formas
de ondas senoidais, resulta em uma técnica de
aplicação rápida direta e precisa para determinar a
soma algébrica de formas de ondas senoidais.
Forma retangular

𝐶 = 𝑋 + 𝑗𝑌
Forma polar

𝐶 = 𝑍∠𝜃

Onde Z é o módulo e q é o ângulo


sempre medido no sentido anti-
horário a partir do eixo real positivo

−𝐶 = −𝑍∠𝜃 = 𝑍∠𝜃 ±
Conversão entre as duas formas

Retangular para polar Polar para retangular

𝑍= 𝑋 +𝑌 𝑋 = 𝑍𝑐𝑜𝑠𝜃

𝑌 𝑌 = 𝑍𝑠𝑒𝑛𝜃
𝜃 = 𝑡𝑔
𝑋
Operações com número complexo

Por definição o operador j:

𝑗 = −1

𝑗 = −1

𝑗 = 𝑗 𝑗 = −1𝑗 = −𝑗

𝑗 = 𝑗 𝑗 = (−1)(−1) = 1

1 1𝑗 𝑗 𝑗
= = = = −𝑗
𝑗 𝑗𝑗 𝑗 −1
Conjugado de um número complexo

Complexo conjugado é obtido trocando o sinal da parte imaginária:

𝐶 = 2 + 𝑗3 → 2 − 𝑗3
𝐶 = 2∠30° → 2∠ − 30°
Adição e subtração de um número complexo

𝐶 = ±𝑋 ± 𝑗𝑌 𝐶 = ±𝑋 ± 𝑗𝑌

𝐶 + 𝐶 = (±𝑋 ± 𝑋 ) + 𝑗(±𝑌 ± 𝑌 ) 𝐶 − 𝐶 = ±𝑋 − (±𝑋 ) + 𝑗 ±𝑌 − (±𝑌 )

𝐶 = 2 + 𝑗4 𝐶 = 4 + 𝑗6

𝐶 = 2 + 𝑗1 𝐶 = 1 + 𝑗4
Multiplicação e divisão de número complexo

𝐶 = 𝑋 + 𝑗𝑌 𝐶 = 𝑋 + 𝑗𝑌

𝐶 𝑋 𝑋 +𝑌𝑌 𝑋 𝑌 −𝑋 𝑌
𝐶 𝐶 = (𝑋 𝑋 − 𝑌 𝑌 ) + 𝑗(𝑋 𝑌 + 𝑋 𝑌 ) = +𝑗
𝐶 𝑋 +𝑌 𝑋 +𝑌

𝐶 = 𝑍 ∠𝜃 𝐶 = 𝑍 ∠𝜃

𝐶 𝑍
𝐶 𝐶 = 𝑍 𝑍 ∠𝜃 + 𝜃 = ∠𝜃 − 𝜃
𝐶 𝑍
RELAÇÃO FASORIAL DE TENSÕES E
CORRENTES NO RESISTOR

22
Derivada

Para compreender a resposta dos


dispositivos básicos (R, l e C) a um
sinal senoidal é necessário examinar o
conceito da derivada. A derivada de
dx/dt é a variação de x no tempo. Se
não houver a variação de x em um
instante particular, dx = 0. no caso de
uma onda senoidal dx/dt = 0 os picos
da onda. E dx/dt será máximo nos
cruzamentos com o eixo das abcissas.

A derivada de uma senoide é uma


cossenoide
Efeito da frequência na derivada
O valor de pico da senoide é diretamente proporcional à frequência da forma de
onda original. Quanto maior a frequência maior a inclinação quando a curva corta
o eixo das abcissas.
Resposta do resistor a uma senoide (v ou i)

Em termos práticos, para frequência da rede elétrica até algumas centenas de kHz, o
valor da resistência não é influenciado dor tensões ou correntes senoidais. Portanto,
para esta faixa de frequência, o resistor R, pode ser considerado constante e a lei de
Ohm pode ser aplicada.

𝑣 = 𝑉 𝑠𝑒𝑛 𝜔𝑡

𝑣 𝑉 𝑠𝑒𝑛 𝜔𝑡
𝑖= =
𝑅 𝑅

𝑉
𝑖= 𝑠𝑒𝑛 𝜔𝑡 = 𝐼 𝑠𝑒𝑛 𝜔𝑡
𝑅

𝑉
𝐼 =
𝑅
Resposta do resistor a uma senoide (v ou i)

Em um dispositivo puramente
resistivo, a tensão e a
corrente que atravessam o
dispositivo estão em fase,
com seus valores de pico
relacionados pela lei de Ohm.
RELAÇÃO FASORIAL DE TENSÕES E
CORRENTES NO INDUTOR

27
Comportamento da tensão no indutor

A tensão em um indutor é diretamente proporcional à taxa de variação da corrente que o


atravessa. Consequentemente, quanto maior a frequência, maior será a taxa de variação da
corrente no indutor e maior o valor da tensão induzida.
Em adição, a indutância de um enrolamento determina a taxa de variação do fluxo
magnético no indutor para uma variação da corrente. Portanto, quanto maior a indutância,
maior a taxa de variação do fluxo e maior a tensão no indutor.
Pode-se concluir que a tensão no indutor é diretamente proporcional à frequência e à
indutância do enrolamento.
Determinação da tensão senoidal no indutor
𝑑𝑖
Como: 𝑣 =𝐿
𝑑𝑡

Aplicando a derivada:

𝑑𝑖 𝑑
= 𝐼 𝑠𝑒𝑛 𝜔𝑡 = 𝜔𝐼 𝑐𝑜𝑠 𝜔𝑡
𝑑𝑡 𝑑𝑡

Logo:

𝑑𝑖
𝑣 =𝐿 = 𝐿 𝜔𝐼 𝑐𝑜𝑠 𝜔𝑡 = 𝜔𝐿𝐼 𝑐𝑜𝑠 𝜔𝑡
𝑑𝑡

𝑣 = 𝑉 𝑠𝑒𝑛 𝜔𝑡 + 90°
O valor de pico de vL é diretamente
proporcional a w (= 2pf) e a L. 𝑉 = 𝜔𝐿𝐼
Onda de tensão e corrente em um indutor

𝑖 = 𝐼 𝑠𝑒𝑛 𝜔𝑡 ± 𝜃

𝑣 = 𝑉 𝑠𝑒𝑛 𝜔𝑡 ± 𝜃 + 90°

𝑉 = 𝜔𝐿𝐼
Oposição do indutor no circuito CA

A oposição causada por um indutor em um circuito pode se calculada por:

𝑐𝑎𝑢𝑠𝑎 𝑐𝑎𝑢𝑠𝑎
𝑒𝑓𝑒𝑖𝑡𝑜 = ou preferencialmente 𝑜𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 =
𝑜𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 𝑒𝑓𝑒𝑖𝑡𝑜

Assim:

𝑉 𝜔𝐿𝐼
𝑜𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 = = = 𝜔𝐿
𝐼 𝐼

A oposição criada por um indutor em um circuito CA senoidal é diretamente


proporcional ao produto da velocidade angular (w = 2pf) pela indutância.
Reatância indutiva

A grandeza wL, denominada reatância indutiva é simbolizada por XL e medida em Ohms:

𝑋 = 𝜔𝐿 = 2𝜋𝑓𝐿 (Ω)

Utilizando a forma da lei de Ohm, seu valor pode ser calculado por:

𝑉
𝑋 = (Ω)
𝐼

A reatância indutiva é uma oposição à corrente, que resulta em uma troca contínua de
energia entre a fonte e o campo magnético do indutor. Ou seja, a reatância indutiva
(desprezando a resistência interna do indutor) não dissipa calor como a resistência.
RELAÇÃO FASORIAL DE TENSÕES E
CORRENTES NO CAPACITOR

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Comportamento da corrente em um capacitor
Em circuitos capacitivos a tensão no capacitor é limitada pela taxa com que a carga é depositada
nas placas do capacitor ou retirada delas, durante as fases de carga e descarga respectivamente.
Ou seja, uma variação instantânea da tensão no capacitor sofre uma oposição devido há
necessidade de tempo para carregar (ou descarregar) as placas de um capacitor, e V = Q/C.
Lembrando que a capacitância é uma medida da rapidez com que um capacitor armazena carga
em suas placas. Para uma determinada mudança de tensão do capacitor, quanto maior o valor da
capacitância, maior será a corrente capacitiva resultante.
Em adição, a equação fundamental relacionando a tensão de um capacitor à corrente que o
atravessa [i = C(dv/dt)] indica que para uma determinada capacitância , quanto maior a taxa de
variação da tensão entre os terminais de um capacitor, maior a corrente capacitiva. Obviamente,
um aumento da frequência corresponde a uma aumento da taxa de variação da tensão no
capacitor e a uma aumento da corrente no capacitor.
Determinação da oposição exercida por um capacitor

Como a corrente de uma capacitor é diretamente proporcional à frequência (frequência


angular) e à capacitância dele. Um aumento de qualquer uma das grandezas provoca um
aumento da corrente no capacitor. Entretanto, busca-se determinar uma expressão para a
oposição exercida pelo capacitor, análoga à resistência de um resistor e a reatância indutiva de
um indutor.
Como um aumento da corrente implica em uma menor oposição e iC é proporcional a w e à
capacitância, a oposição exercida por um capacitor é inversamente proporcional a w (=2pf) e C.
Determinação da corrente senoidal no capacitor
𝑑𝑣
Como: 𝑖 =𝐶
𝑑𝑡

Aplicando a derivada:

𝑑𝑣 𝑑
= 𝑉 𝑠𝑒𝑛 𝜔𝑡 = 𝜔𝑉 𝑐𝑜𝑠 𝜔𝑡
𝑑𝑡 𝑑𝑡

Logo:

𝑑𝑣
𝑖 =𝐶 = 𝐶 𝜔𝑉 𝑐𝑜𝑠 𝜔𝑡 = 𝜔𝐶𝑉 𝑐𝑜𝑠 𝜔𝑡
𝑑𝑡

𝑖 = 𝐼 𝑠𝑒𝑛 𝜔𝑡 + 90°
O valor de pico de iC é diretamente
proporcional a w (= 2pf) e a C. 𝐼 = 𝜔𝐶𝑉
Onda de tensão e corrente em um capacitor

𝑣 = 𝑉 𝑠𝑒𝑛 𝜔𝑡 ± 𝜃

𝑖 = 𝐼 𝑠𝑒𝑛 𝜔𝑡 ± 𝜃 + 90°

𝐼 = 𝜔𝐶𝑉
Oposição do capacitor no circuito CA

A oposição causada por um capacitor em um circuito pode se calculada por:

𝑐𝑎𝑢𝑠𝑎 𝑐𝑎𝑢𝑠𝑎
𝑒𝑓𝑒𝑖𝑡𝑜 = ou preferencialmente 𝑜𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 =
𝑜𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 𝑒𝑓𝑒𝑖𝑡𝑜

Assim:

𝑉 𝑉 1
𝑜𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 = = =
𝐼 𝜔𝐶𝑉 𝜔𝐶

A oposição criada por um capacitor em um circuito CA senoidal é inversamente


proporcional ao produto da velocidade angular (w = 2pf) pela capacitância.
Reatância capacitiva

A grandeza 1/wC, denominada reatância capacitiva é simbolizada por XC e medida em Ohms:

1 1
𝑋 = = (Ω)
𝜔𝐶 2𝜋𝑓𝐶

Utilizando a forma da lei de Ohm, seu valor pode ser calculado por:

𝑉
𝑋 = (Ω)
𝐼

A reatância capacitiva é uma oposição à corrente que resulta em uma troca contínua de
energia entre a fonte e o campo elétrico do capacitor. Ou seja, a reatância capacitiva
(desprezando o efeito da resistência de fuga) não dissipa energia como a resistência.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ
INSTITUTO DE ENGENHARIA DE SISTEMAS E TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

Professor Egon Luiz Müller Júnior

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