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Análise de Circuitos

2022 41990

regime sinusoidal estacionário (AC)


João Matos, DETI-UA

2-1
Porquê a função sinusoidal?
• É a forma da energia elétrica obtida
de um gerador rotacional mecânico,
sendo a forma quase exclusiva de
distribuição da energia elétrica.

• As ondas eletromagnéticas usadas em telecomunicações


são bem modeladas por funções sinusoidais.
• Qualquer função periódica pode ser representada por uma soma de funções
sinusoidais cujas frequências são múltiplos inteiros do inverso do período de repetição
da função original (utilização do princípio da sobreposição).
• Na figura vemos como uma onda quadrada pode ser aproximada em 4 níveis, por
Asen(t), por Asen(t)+Bsen(3t), por Asen(t)+Bsen(3t)+Csen(5t) e no último
gráfico por Asen(t)+Bsen(3t)+Csen(5t)+Dsen(7t).

• A resposta natural de sistemas de 2ª ordem sub-


amortecidos é uma sinusoide amortecida e, se não
tiver perdas, é uma sinusoide pura (função natural)

2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-2


Características
da sinusoide
Vm- amplitude
(t+) - argumento
v(t)=Vm cos(t+)  - frequência angular
 - fase inicial

Atenção - é vulgar a fase inicial  exprimir-se em graus e t em radianos...


Para se obter a fase num instante é necessário que estejam na mesma unidade!
ex: v(t) = 10 cos(200t+45º), Vm=10 V, =200 rad/s, =45º

O valor quadrático médio também conhecido por valor eficaz ou rms (root mean square) de uma função periódica é definido como a raiz quadrada do
valor médio do quadrado da função.
No caso de uma função sinusoidal, como v(t), é igual ao valor da amplitude (pico) a dividir por raiz de 2
1 t 0 +T 2 2 V
Vef = Vrms = 
T t0
Vm cos (t +  )dt = m
2

Como comprovaremos mais tarde, este valor (eficaz) equivale ao valor da tensão contínua que dissiparia a mesma potência numa resistência; este termo é
frequentemente usado para definir uma tensão sinusoidal, nomeadamente em sistemas de potência: a conhecida tensão da rede de 230 volt é uma
tensão eficaz.
2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-3
Recordar as relações u/i em L e C
Indutância 𝒅𝒖 𝒕
=𝑳 𝒅𝒊 𝟏
a u 𝒅 𝒅𝒊Τ𝒅𝒕 𝒖=𝑳 𝒊= න 𝒖 𝒅𝒕 + 𝒊𝟎
+ 𝒅𝒕 𝑳
L 𝟎
u i
di/dt
- b 𝒅𝒊 𝟏 𝟐
𝒑𝒊𝒏𝒅 = 𝑳𝒊 𝒅𝒕 𝑬𝒊𝒏𝒅 = 𝑳𝒊
𝟐
Capacidade 𝒅𝒊 𝒕
i
𝒅 𝒅𝒖Τ𝒅𝒕
=𝑪 𝒅𝒖 𝟏
+ a
𝒊=𝑪 𝒖= න 𝒊 𝒅𝒕 + 𝒖𝟎
𝒅𝒕 𝑪
du/dt 𝟎
u i C

- b 𝒅𝒖 𝟏 𝟐
𝒑𝒄𝒂𝒑 = 𝑪𝒖 𝑬𝒄𝒂𝒑 = 𝑪𝒖
𝒅𝒕
𝟐
L e C são duais
porque as expressões que os regem são obtidas, uma da outra, por troca de u por i e i por u.

2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-4


Resposta forçada a uma excitação sinusoidal - 1
R 𝑑𝑖
Qual a corrente no circuito? Aplicar a KLV −𝑉𝑚 𝑐𝑜𝑠𝜔𝑡 + 𝑅𝑖 + 𝐿 = 0
𝑑𝑡
i A solução completa desta equação diferencial é composta por duas
partes: a solução homogénea (resposta natural) e a solução 𝑑𝑖
~ L 𝑅𝑖 + 𝐿 𝑑𝑡 = 𝑉𝑚 𝑐𝑜𝑠𝜔𝑡
Vmcost particular (resposta forçada).

A resposta forçada tem a forma da função excitação, das suas derivadas e do seu primeiro integral.
Então será do tipo: 𝑖 𝑡 = 𝐼1 𝑐𝑜𝑠𝜔𝑡 + 𝐼2 𝑠𝑒𝑛𝜔𝑡
Substituindo na equação diferencial obtém-se: 𝑅 𝐼1 𝑐𝑜𝑠𝜔𝑡 + 𝐼2 𝑠𝑒𝑛𝜔𝑡 + 𝜔𝐿 −𝐼1 𝑠𝑒𝑛𝜔𝑡 + 𝐼2 𝑐𝑜𝑠𝜔𝑡 = 𝑉𝑚 𝑐𝑜𝑠𝜔𝑡
𝑅𝐼1 + 𝜔𝐿𝐼2 𝑐𝑜𝑠𝜔𝑡 + 𝑅𝐼2 − 𝜔𝐿𝐼1 𝑠𝑖𝑛𝜔𝑡 = 𝑉𝑚 𝑐𝑜𝑠𝜔𝑡

2 2
𝑅𝐼1 + 𝜔𝐿𝐼2 = 𝑉𝑚 ቊ𝑅𝐼1 + 𝜔 𝐿 𝐼1 Τ𝑅 = 𝑉𝑚 𝐼1 = 𝑅𝑉𝑚 Τ 𝑅2 + 𝜔2 𝐿2 𝑅𝑉𝑚 𝜔𝐿𝑉𝑚
ቊ 𝐼2 = 𝜔𝐿𝐼1 Τ𝑅 ൝ 𝑖 𝑡 = 𝑐𝑜𝑠𝜔𝑡 + 𝑠𝑒𝑛𝜔𝑡
𝑅𝐼2 − 𝜔𝐿𝐼1 = 0 𝐼2 = 𝜔𝐿𝑉𝑚 Τ 𝑅2 + 𝜔2 𝐿2 𝑅2 + 𝜔 2 𝐿2 𝑅2 + 𝜔 2 𝐿2

𝑉𝑚 𝜔𝐿
𝑖 𝑡 = 𝑐𝑜𝑠 𝜔𝑡 − 𝑡𝑎𝑛−1
𝑅2 + 𝜔 2 𝐿2 𝑅
Se para este circuito a resolução é trabalhosa. Para um circuito com 2 ou 3 equações diferenciais é impraticável.
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Resposta forçada a uma excitação sinusoidal - 2
Num circuito linear as tensões ou correntes presentes no circuito têm a mesma frequência que
a excitação, sendo a amplitude e a fase inicial função da amplitude e frequência da excitação
e dos restantes elementos básicos do circuito.

Há um método que facilita grandemente os cálculos em que as tensões e correntes são


representados por números complexos (fasores), onde o módulo do complexo corresponde à
amplitude e o argumento à fase inicial.

Por este motivo vamos recordar os conceitos fundamentais das operações com números
complexos.

2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-6


imag
jb 𝑧 = 𝑎 + 𝑗b
r 𝑧 = 𝒓 ∗ 𝒆𝒋𝜽
Números complexos 
a real
Uma grandeza vetorial definida num plano (por ex., velocidade) é representada por um par ordenado de números
reais ou também por um único número complexo que representa um ponto ou um vetor. Em eletrotecnia a utilização
de um número complexo para representar uma função sinusoidal à frequência angular , “Acos(t+)” simplifica
grandemente os cálculos na obtenção de correntes e quedas de potencial em circuitos.
Em eletrotecnia o símbolo i foi substituído por j para não confundir com o símbolo da intensidade da corrente.
número complexo = parte real + j parte imaginária
O conjunto dos números complexos é representados num plano, cujo eixo das abcissas corresponde aos números
reais (a+j0) e o eixo das ordenadas aos números imaginários (0+jb) .
Relações de Transformação
Existem várias representações para um número complexo (cartesiana, polar, exponencial)
𝒓= 𝒂 𝟐 + 𝒃𝟐
cartesiana 𝒂 + 𝒋𝒃 𝜽 = tan−𝟏 𝒃Τ𝒂
𝒂 = 𝒓 ∗ 𝑐𝑜𝑠𝜽
Polar r*(cos+jsen) ou r*cis
𝒃 = 𝒓 ∗ sin 𝜽
exponencial r*ej; r Relacionadas pela igualdade de Euler
𝒆𝒋𝜽 = 𝒄𝒐𝒔𝜽 + 𝒋𝒔𝒊𝒏𝜽
2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-7
Operações com Números complexos𝑧 = 𝑎 + 𝑗b jb
imag
r
z

𝑧 = 𝒓 ∗ 𝒆𝒋𝜽 
𝑧1 = 𝑎1 + 𝑗𝑏1 = 𝑟1 𝑒 𝑗𝜃1 a real
Considerem-se os números complexos z1 e z2 𝑧2 = 𝑎2 + 𝑗𝑏2 = 𝑟2 𝑒 𝑗𝜃2 𝑎 = 𝑅𝑒 𝑧 𝒂 = 𝒓 ∗ cos 𝜽
b = 𝐼𝑚 𝑧 𝒃 = 𝒓 ∗ sin 𝜽
𝒓= 𝑧 𝒓 = 𝒂𝟐 + 𝒃𝟐
Soma/Diferença 𝑧1 ± 𝑧2 = 𝑎1 ± 𝑎2 + 𝑗 𝑏1 ± 𝑏2 𝜽 = 𝑎𝑟𝑔 𝑧 𝜽 = tan−𝟏 𝒃Τ𝒂

Multiplicação 𝑧1 ∗ 𝑧2 = 𝑟1 𝑟2 𝑒 𝑗 𝜃1 +𝜃2
= 𝑎1 𝑎2 − 𝑏1 𝑏2 + 𝑗 𝑎1 𝑏2 + 𝑎2 𝑏1

Divisão 𝑧1 𝑟1 𝑗 𝜃1 −𝜃2
𝑎1 𝑎2 + 𝑏1 𝑏2 + 𝑗 𝑎2 𝑏1 + 𝑎1 𝑏2
= 𝑒 =
𝑧2 𝑟2 𝑎2 2 + 𝑏2 2

𝑛
Potenciação 𝑧1 = 𝑟1 𝑛 𝑒 𝑗𝑛𝜃1

1 𝜃1 +2𝑘𝜋
𝑛 𝑛 𝑗 𝑛
Radiciação 𝑧1 = 𝑧1 𝑛 = 𝑟1 𝑒 𝑐𝑜𝑚 𝑘 = 0, 1, 2, … , 𝑛 − 1

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Função forçadora complexa
A obtenção das tensões ou correntes, em regime sinusoidal estacionário (circuito excitado por fontes sinusoidais,
após o desvanecimento dos efeitos transitórios) vai corresponder à solução particular da equação diferencial
correspondente; como já se observou a sua obtenção é trabalhosa.
A função forçadora complexa vai simplificar grandemente a resolução de circuitos com excitação sinusoidal.
Para obtermos uma função excitadora complexa vamos usar o princípio da sobreposição.
Adiciona-se à fonte real VS=Vmcos(t+) outra fonte imaginária que é obtida multiplicando por j a fonte real
desfasada de 90. A solução será complexa mas, pelo princípio da sobreposição, a parte real correspondente à
fonte existente (inicial) e a parte imaginária à fonte adicional.
Para conhecermos a tensão ou corrente basta descartar a parte imaginária da solução complexa obtida
Então a fonte complexa virá
𝑽𝒎 𝒄𝒐𝒔 𝝎𝒕 + 𝜽 + 𝒋𝒔𝒊𝒏 𝝎𝒕 + 𝜽 ou 𝑽𝒎 𝒆𝒋 𝝎𝒕+𝜽

A resolução das equações diferenciais, com tensões e correntes na forma complexa, é grandemente simplificada,
uma vez que a derivada da função ex é a própria função.

2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-9


Função forçadora complexa (exemplo)
Para o mesmo circuito RL, vejamos como a aplicação excitação complexa torna a obtenção R
da corrente mais simples.
Vmcost ~ L
Deveremos ter sempre presente que a parte real da tensão/corrente corresponde à
tensão/corrente efetiva no circuito em análise.
𝑑𝑖
𝑅𝑖 + 𝐿 𝑑𝑡 = 𝑉𝑚 𝑐𝑜𝑠𝜔𝑡

Sendo a tensão complexa e a corrente complexa 𝑉𝑚 𝑒 𝑗 𝜔𝑡


& 𝐼𝑚 𝑒 𝑗 𝜔𝑡+𝜑

𝑅𝐼𝑚 𝑒 𝑗 𝜔𝑡+𝜑
+ 𝑗𝜔𝐿𝐼𝑚 𝑒 𝑗 𝜔𝑡+𝜑
= 𝑉𝑚 𝑒 𝑗 𝜔𝑡

Desta equação explicita-se diretamente a corrente na forma complexa


𝑉𝑚 𝑒 𝑗𝜔𝑡 𝑉𝑚 𝑗 𝜔𝑡−𝑡𝑎𝑛−1 𝜔𝐿Τ𝑅
𝐼𝑚 𝑒 𝑗 𝜔𝑡+𝜑 = = 𝑒
𝑅 + 𝑗𝜔𝐿 𝑅2 + 𝜔𝐿 2

A corrente no domínio do tempo obtém-se tomando a parte real desta corrente complexa
𝑉𝑚
𝑖 𝑡 = 𝑐𝑜𝑠 𝜔𝑡 − 𝑡𝑎𝑛−1 𝜔𝐿Τ𝑅
𝑅 2 + 𝜔𝐿 2

2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-10


Fasor
Como os circuitos lineares (todos os estudados nesta disciplina) não alteram a frequência de uma onda sinusoidal, as tensões
ou correntes têm sempre a frequência da fonte excitadora. ´só temos que nos preocupar com a amplitude e a fase.
Assim Imcos(t+)
tem uma representação exponencial complexa Imej(t+ ) , cuja representação simplificada (Imej) é denominada de fasor
I=I=Imcos() + j Imsen() = Imej = Im
obtido por eliminação da parcela t do expoente complexo.
Existem várias formas de representar os fasores, uma letra maiúscula a negrito 𝐈, com um traço superior I ou inferior I .
F é uma transformação conhecida por transformação fasorial
F{Imcos(t+ )}=I=I= Imej = Im
A transformação fasorial converte uma função sinusoidal real, no domínio do tempo, para o domínio complexo, também
chamado domínio da frequência uma vez que a resposta depende em geral da frequência da fonte excitadora.
Para voltarmos ao domínio do tempo é necessário obter a parte real do produto (fasor * ejt )
i(t) = Re(I*ejt) = P-1{I}= P-1{I}

2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-11


Impedância (Z=V/I) e Admitância (Y= I/V)
Para obtermos a relação V/I nos três elementos passivos, R, L e C, partimos da relação v(t)/i(t) assumindo a corrente e a
tensão como grandezas complexas.

Resistência v(t) = R i(t) Vmej(t+ ) = R Imej(t+ )  Vmej  = R Imej 


V=ZI V/ I =ZR=R I/V=YR=1/R v está em fase com i

Indutância v(t) = L di(t)/dt Vmej(t+ ) = L d(Imej(t+ ))/dt  Vmej(t+ ) = jL Imej(t+ )  Vmej = jL Imej
V = jL I V=ZI ZL=jL YL=1/ jL i está atrasada 90 de v

Capacidade i(t) = C dv(t)/dt Imej(t+ ) = C d(Vmej(t+ ))/dt Imej  = jC Vmej 


I = jC V I=YV YC= jC ZC=1/ jC i está avançada 90 de v

2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-12


Resposta sinusoidal estacionária
V=RI V = jL I V =(1/ jC) I

Impedância: Z = V /I= R + j X (ohm-Ω) Admitância: Y = I / V = G + j B (siemens-S)


R – resistência X – reatância G – condutância B - susceptância

Premissas: 1) V = Z I Sendo estas premissas equivalentes às leis existentes para os


2) As leis de Kirchhoff são válidas c/ fasores circuitos resistivos, então são válidas as análises nodal e de
malhas. Também se aplicam os teoremas de Thevenin,
Norton e da Sobreposição.

2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-13


Exemplo
Considerando is=5cos(2*103t)mA, RS=1kΩ, Rbb=1kΩ, Rbe=3kΩ, RC=25Ω, RL=75Ω, L=0,5H, C=5μF e Ai=100
Calcular VL.
ZR=R YR=1/R 𝒀𝑳 = −𝒋𝟏𝟎−𝟑 𝑺
𝟑
V=ZI 𝒁𝑳 = 𝒋𝟏𝟎 Ω 𝒀𝑪 = 𝒋𝟏𝟎−𝟐 𝑺
ZL=jL YL=1/ jL 𝒁𝑪 = −𝒋𝟏𝟎𝟎Ω 𝒀𝑳 +𝒀𝑪 = 𝒋𝟎, 𝟎𝟎𝟗𝑺
ZC=1/ jC YC= jC 𝒁𝑹 = 𝑹𝒄 + 𝑹𝒍 = 𝟏𝟎𝟎Ω 𝒀𝑹 = 𝟎, 𝟎𝟏𝑺

𝑹𝒔
𝒊𝒃 = 𝒊𝒔 𝒊𝒃 = 𝟏𝒎𝑨 Divisor de corrente
𝑹𝒔 + 𝑹𝒃𝒃 + 𝑹𝒃𝒆

𝒀𝑹
𝒊𝒍 = −𝑨𝒊 𝒊𝒃
𝒀𝑹 + 𝒀𝑳 + 𝒀𝑪
𝒐
𝒊𝒍 = 𝟕𝟒, 𝟑𝒆𝒋𝟏𝟑𝟖 𝒎𝑨 Divisor de corrente
 Lei de Ohm
𝒐
𝒗𝒍 = 𝒊𝒍 𝑹𝒍 𝒗𝒍 = 𝟓, 𝟓𝟕𝒆𝒋𝟏𝟑𝟖 V

𝒗𝒍 𝒕 = 𝑹𝒆(𝒗𝒍 𝒆𝒋𝝎𝒕 )V 𝒗𝒍 𝒕 = 𝟓, 𝟓𝟕𝒄𝒐𝒔 𝟐 ∗ 𝟏𝟎𝟑 𝒕 + 𝟏𝟑𝟖𝒐 V  Conversão fasor para o tempo

𝒗𝒍 𝒕 = 𝟓, 𝟓𝟕𝒄𝒐𝒔 𝟐 ∗ 𝟏𝟎𝟑 𝒕 + 𝟐, 𝟒 V  Fase inicial em radianos


2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-14
i
Potência +
v
-
Potência instantânea p(t)=v(t)i(t)
Seja v(t)=Vm cos(t+v) e i(t)=Im cos(t+i)
Para simplicidade descritiva considera-se o instante inicial de modo a que a corrente tenha fase nula. Assim:
v(t)=Vm cos(t+v -i) e i(t)=Im cos(t) logo p(t)=Vm cos(t+v -i) Im cos(t)
como cos cos = [cos(-)+cos(+)]/2 e cos(+)=cos cos -sen sen
p(t)=[Vm Imcos(v -i)+Vm Imcos(v -i)cos(2t)-Vm Imsen(v -i) sen(2t)]/2

𝑝 𝑡 = 𝑃 + 𝑃𝑐𝑜𝑠 2𝜔𝑡 − 𝑄𝑠𝑒𝑛 2𝜔𝑡 = 𝑃 + 𝑃2 + 𝑄2 𝑐𝑜𝑠 2𝜔𝑡 + 𝑡𝑎𝑛−1 𝑄Τ𝑃

onde P = (Vm Imcos(v -i))/2 é a potência média ou ativa e Q = (Vm Imsen(v -i))/2 é a potência reativa
dependentes de dois fatores
pf=cos(v -i) é o fator de potência
rf=sen(v -i) é o fator de reatividade
já P+Pcos(2t) corresponde à potência que está a ser consumida instantaneamente por uma carga real.

2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-15


Potência complexa
O cálculo da potência em regime sinusoidal estacionário também vem simplificado com o uso de fasores.
A parte real da potência complexa é a potência média e a parte imaginária a potência reativa, S=P+jQ, sendo calculada
como o produto do fasor eficaz de tensão pelo conjugado do fasor eficaz de corrente

∗ 1 ∗
𝑆 = 𝑉𝑟𝑚𝑠 𝐼𝑟𝑚𝑠 = 𝑉𝐼 𝑆 = 𝑉𝑟𝑚𝑠 𝐼𝑟𝑚𝑠 𝑒 𝑗 𝜃𝑉 −𝜃𝐼
𝑆 = 𝑉𝑟𝑚𝑠 𝐼𝑟𝑚𝑠 cos 𝜃𝑉 − 𝜃𝐼 + 𝑗 sin 𝜃𝑉 − 𝜃𝐼
2

S = P+jQ =SS = VrmsIrms(v-i) = 0,5*VmIm(v-i)


sendo
S - potência aparente v-i
Q-reativa

S - ângulo do fator de potência P-média


cos(v-i) – fator de potência

2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-16


Potência média e Valor eficaz de I e de V
Potência instantânea Potência média t
1 2
p(t) = v(t)i(t) p med = P = 
t 2 − t 1 t1
p(t)dt

O valor eficaz de uma corrente ou tensão periódica é igual ao valor da corrente ou tensão contínua que entrega a mesma
potência média a uma resistência que a corrente ou tensão periódica.

Vm Im
Os valores eficazes são iguais aos valores rms. Vrms = Vef = e I rms = I ef =
2 2 2
Para uma carga resistiva Vrms
P= = I rms
2
R
R

Para uma carga genérica P = Vrms I rms cos ( v −  i )


Q = Vrms I rms sen ( v −  i )

2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-17


Máxima transferência de potência

Obtém-se a máxima potência de um gerador quando a


impedância de carga valer o complexo conjugado da impedância equivalente
(de Thevenin) da fonte

ZL = RL+jXL = Zeq* = (Req+jXeq)* = (Req-jXeq)

Prove esta afirmação

2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-18


Rede de 2 portos ou quadripolo
I1 I2
a c
+ +
V1 V2
- -
b d

A maioria dos sistemas eletrónicos têm cadeias amplificadoras.


Independentemente da tecnologia (válvulas, transístores,
integrados) um dispositivo com uma entrada e uma saída pode ser
descrito por um conjunto de parâmetros que relacionam as
tensões e as correntes nos dois portos.

2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-19


Redes de 2 portos
Até agora demos especial atenção às características elétricas dum circuito, num elemento ou
visto de um par de terminais. Por exemplo, os equivalentes de Thevenin e de Norton são
utilizados para simplificar a análise dum circuito relativamente a um par de terminais, ou
porto. Mas também já usámos o conceito de ganho entre dois portos dum circuito.
Um porto é par de terminais (por exemplo uma resistência) onde a corrente que entra é igual à
que sai.
A cadeia amplificadora da figura, foi dividida em 4 secções: fonte, amplificador, filtro e carga.
Fonte Amplificador Filtro Carga

A fonte e a carga estão na conhecida forma de equivalente de Norton/Thevenin.

2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-20


Redes de 2 portos
As secções de ganho e filtro que têm um porto de entrada e outro de saída, são I1 I2
conhecidas por redes de dois portos ou quadripolos, equivalentes à figura. a c
+ +
V1 V2
- -
As 4 variáveis (V1, I1, V2, I2), usualmente descritas no domínio da frequência b d
(fasores), podem relacionar-se por 2 equações e 4 parâmetros,
independentemente dos circuitos colocados nos 2 portos.

Como exemplo o bloco amplificador, pode descrever-se por

𝑉1 = 𝑅𝑏𝑏 + 𝑅𝑏𝑒 𝐼1 + 0𝑉2 𝑉1 𝑅 + 𝑅𝑏𝑒 0 𝐼1


൝ ou = 𝑏𝑏
𝐼2 = 𝐴𝑖 𝐼1 + 0𝑉2 𝐼2 𝐴𝑖 0 𝑉2

e o bloco do filtro por


𝜔𝐿 𝜔𝐿
𝑉1 𝑗 2 𝐿𝐶 𝑗 𝐼1
1−𝜔2 𝐿𝐶
= 1−𝜔
𝑉2 𝑗
𝜔𝐿
𝑅𝐶 + 𝑗
𝜔𝐿 𝐼2
2 1−𝜔 𝐿𝐶 1−𝜔2 𝐿𝐶

2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-21


Redes de 2 portos
Embora os circuitos possam ter vários portos, vamos concentrar o estudo a circuitos com dois portos.

O modelo de rede de dois portos ou quadripolos que usaremos está sujeita às seguintes restrições:
1. Não há energia inicial armazenada no circuito
2. não contém fontes independentes
3. todas as ligações externas são obtidas nestes 2 portos de modo independente.

Uma rede de dois portos define-se por 4 parâmetros que relacionam as quatro variáveis , (V1, I1, V2, I2). Assim
pode descrever-se o quadripolo por um sistema de duas equações, normalmente dependentes da
frequência.

Como veremos, já em seguida, se obtivermos as tensões (V1 e V2), em função de (I1 e I2) os parâmetros têm
dimensão de impedância (ohm). Contudo nas várias combinações podem também ser adimensionais
(razão entre tensões ou correntes) ou ainda admitância (siemens).

2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-22


Parâmetros impedância Z e admitância Y
𝑉1 = 𝑧11 𝐼1 + 𝑧12 𝐼2 𝐼1 = 𝑦11 𝑉1 + 𝑦12 𝑉2
Impedância ቊ Admitância ቊ
𝑉2 = 𝑧21 𝐼1 + 𝑧22 𝐼2 𝐼2 = 𝑦21 𝑉1 + 𝑦22 𝑉2

Os parâmetros podem ser obtidos por casos particulares (medidas) das variáveis.
Uma situação vulgar é condicionar uma variável a zero.

Por exemplo y11 e y21 são obtidos com o porto 2 em curto-circuito (V2=0) :
𝐼 𝐼
𝑦11 = 𝑉1 ฬ e 𝑦21 = 𝑉2 ฬ
1 𝑉2 =0 1 𝑉2 =0
Mas y12 e y22 são obtidos com o porto 1 em curto-circuito (V1=0) : I1 I2
𝐼1 𝐼2
𝑦12 = 𝑉 ฬ e 𝑦22 = 𝑉 ฬ
2 𝑉1 =0 2 𝑉1 =0 y11
V1 V2
y12V2 y21V1 y22
Certifique que o seguinte circuito
é equivalente à matriz dos parâmetros admitância.

Desafio: obtenha as expressões para o cálculo dos parâmetros Z e o Circuito equivalente.

2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-23


Parâmetros Híbridos (H e G)
Os parâmetros H estão bem adaptados para representar os elementos ativos amplificadores de sinal, como os transístores,
sendo muito populares entre os fabricantes.

Matriz parâmetros híbridos H e híbridos inversos G

𝑉1 ℎ ℎ12 𝐼1 𝐼1 𝑔11 𝑔12 𝑉1


= 11 = 𝑔 𝑔22 𝐼2
𝐼2 ℎ21 ℎ22 𝑉2 𝑉2 21

Circuito elétrico equivalente à matriz dos parâmetros híbridos (h).


I1 I2

h11 +
V1 V2
-
h12V2 h21I1 1/h22

Desafios:
• desenhe o circuito elétrico equivalente para os parâmetros g
• obtenha as expressões para o cálculo dos 2 tipos de parâmetros presentes neste slide
• indique a unidade física de cada parâmetro
2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-24
Parâmetros Transmissão
Estes parâmetros estão particularmente adaptados para representar quadripolos em cascata (seguidos, como era o caso dos
blocos ganho e filtro da figura inicial)

Matriz parâmetro de Transmissão (ABCD) e inversa

𝑉1 𝑎11 𝑎12 𝑉2 𝑉2 𝑏 𝑏12 𝑉1


= 𝑎 𝑎22 −𝐼2 = 11
𝐼1 21 −𝐼2 𝑏21 𝑏22 𝐼1

𝑎11 𝑎12 𝐴 𝐵 𝑏11 𝑏12


𝑎21 𝑎22 = = 𝐴′ 𝐵′
𝐶 𝐷 𝑏21 𝑏22 𝐶′ 𝐷′

Pode comprovar que nesta configuração cascata, parâmetros [a] resultantes desta associação, são:
a11=a’11a’’11+a’12a’’21
a12=a’11a’’12+a’12a’’22 [a’] [a’’]
a21=a’21a’’11+a’22a’’21
a22=a’21a’’12+a’22a’’22
Configuração Cascata: Parâmetros a

2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-25


Parâmetros S (Scattering dispersão)
Embora fora do âmbito desta disciplina e mesmo das premissas da Análise de Circuitos, os parâmetros S
são muito úteis para modelar os dispositivos usados em alta frequência, cada vez mais presentes no
nosso dia a dia.
Contrariamente aos anteriores, estes parâmetros são obtidos colocando impedâncias de carga nos portos e
não com circuito aberto ou curto-circuito. Relacionam ondas de potência incidentes e refletidas.
Serão tratados em disciplinas relacionadas com transmissão e circuitos em alta frequência.

2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-26


Termos característicos em quadripolos
Impedância/Admitância de Entrada Zin=V1/I1; Yin=I1/V1
Impedância/Admitância de Saída Zout=V2/I2; Yout=I2/V2
Ganho em Tensão / Ganho em Corrente GV=V2/V1; GI=I2/I1
Ganho de Transimpedância / Ganho de Transadmitância GTI=V2/I1; GTA=I2/V1
Ganho em Potência GP=Pout/Pin

Casos particulares de redes de dois portos


Recíprocos: A troca de uma fonte de tensão num porto com um amperímetro no outro, produz a mesma leitura no
amperímetro.
Verificando-se: z12=z21; y12=y21; a=1; b=1; h12=-h21; g12=-g21.
Nestes quadripolos três medidas são suficientes para determinar os quatro parâmetros.
Simétricos: Um quadripolo recíproco é simétrico se os seus portos puderem ser trocados sem alteração das tensões e
correntes terminais.
Verificando-se: z11=z22; y11=y22; a11=a22; b11=b22; h=1; g=1.
Nestes quadripolos são suficientes duas medidas para determinar os quatro parâmetros.

2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-27


Interligação de Quadripolos
A síntese (ou análise) de sistemas complexos torna-se mais simples subdividindo o sistema em partes e ligando
posteriormente as subsecções. Caso as subsecções sejam modeladas como quadripolos a síntese envolverá a análise
da interligação de quadripolos.

Os quadripolos podem ser ligados de cinco modos: série, paralelo, série-paralelo, paralelo-série e cascata. Para se
obterem os parâmetros correspondentes a estas associações, basta, nos quatro primeiros casos, somar os parâmetros
(específicos para cada caso, como se observa na figura) dos quadripolos iniciais.

Série-Série →Z Paralelo-Paralelo →Y Série-Paralelo →H Paralelo-Série →G

2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-28


Quadripolos: Conclusões
Qualquer que seja o conjunto de parâmetros que defina um quadripolo, corresponde, sempre, um
sistema de 2 equações de 4 variáveis, tensões e correntes nos portos (V1, V2, I1, I2).

Caso se conheçam os circuitos externos, ligados ao porto 1 e ao porto 2, poderemos escrever mais duas
equações correspondentes a estes dois portos, obtendo um sistema de 4 equações a 4 incógnitas,
permitindo calcular (V1, V2, I1, I2).

Caso se conheça uma das terminações, por exemplo no porto 1, podemos escrever uma terceira equação,
relativa circuito ligado ao porto 1. Deste sistema de 3 equações e 4 incógnitas pode deduzir-se uma
equação paramétrica V2=f(I2), que nos dá VTh e Zeq do equivalente de Thevenin, visto do porto 2.

2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-29


decibel (dB)
As razões entre grandezas são frequentemente expressas em “decibel” que é um submúltiplo dez vezes menor que
o bel. O bel corresponde ao logaritmo de base 10 da razão entre duas potências log(P1/Pref) e o decibel a
10*log(P1/Pref).

As unidades logarítmicas são vantajosas quando queremos obter ganhos de redes sucessivas uma vez que as
multiplicações sucessivas se transformam em somas.
Por exemplo G1=20, G2=400 e G3=80, G1*G2*G3=640000, pode ser calculado por g1=10logG1=13,
g2=logG2=26 e g3=logG3=19 como a potência de 10 da soma (g1+g2+g3) 1E(58/10)=630957, com um erro
inferior a 2%. No tempo em que não existia capacidade de cálculo computacional era uma grande mais valia.
Para além desta vantagem também permite analisar grandezas bastante distintas, com por exemplo, 1, 2, 10, 400 e
106 que se convertem em 0 dB, 3dB, 10dB, 26dB e 60dB. Numa escala linear até 106 nunca distinguiríamos
1 de 2 ou, mesmo, de 10, mas numa escala até 60 já seria possível distinguir 0 de 3 e de 10.

As unidades logarítmicas e o decibel são, presentemente, usadas em gráficos que representam razões entre
tensões, correntes ou potências em função da frequência, usualmente designados de diagramas de Bode

2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-30


Resposta em frequência
Entendendo um circuito como um dispositivo com dois portos (i-input e o-output), a resposta sinusoidal
estacionária também é designada por resposta em frequência uma vez que as relações tensão-corrente,
tanto da indutância como da capacidade são dependentes de ω.
A Função de Transferência mais usual é o Ganho ou Razão entre Tensões (Vo/Vi) mas também devemos
considerar o Ganho em Corrente (Io/Ii) ou Ganho em Potência (Po/Pi). Também podemos ter razão de
grandezas distintas como a Transimpedância, (Vo/Ii) ou a Transadmitância (Io/Vi)
Consideram-se, ainda, Impedância e admitância de entrada [(Vi/Ii), (Ii/Vi)] e de saída [(Vo/Io), (Io/Vo)].
Diagrama de Bode – É uma representação gráfica da função de ganho em tensão, em função da frequência
H(j)=Vo/Vi :
1)Amplitude 20logH(j) (dB);
2)Fase tan-1(H(j)) rad ou .
A escala das abcissas, correspondente à frequência angular, é logarítmica.

2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-31


R

Exemplo de diagrama de Bode Vi


+
C
-
Vo

Resposta dum circuito RC (passa baixo)

1
𝑉𝑜 1 𝐻 𝑗𝜔 =
𝐻 𝑗𝜔 = = ൞ 1 + 𝜔/𝜔𝐶 2
𝑉𝑖 1 + 𝑗𝜔𝑅𝐶
∠𝐻 𝑗𝜔 = −𝑡𝑎𝑛−1 𝜔/𝜔𝐶

sendo 𝜔𝑐 = 1Τ𝑅𝐶

2
20𝑙𝑜𝑔10 𝐻 𝑗𝜔 = −10𝑙𝑜𝑔10 1 + 𝜔/𝜔𝐶 𝑑𝑒𝑐𝑖𝐵𝑒𝑙𝑙

∠𝐻 𝑗𝜔 = −𝑡𝑎𝑛−1 𝜔/𝜔𝐶 grau 𝑜𝑢 𝑟𝑎𝑑𝑖𝑎𝑛𝑜

2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-32


Circuitos Ressonantes ou Sintonizados
Um circuito ressonante ou sintonizado é uma combinação RLC cuja função de Transferência, impedância ou
admitância seja puramente real à frequência de ressonância.
É usado como filtro passa banda (circuito série) ou elimina banda (circuito paralelo) .
L C
O circuito ressonante série tem Zs=R+j(ωL-1/ωC)
Vi R
tem a função de transferência (FTs) dada por:
Vo
𝑉𝑜 1
𝐹𝑇𝑠 = =
𝑉𝑖 1 + 𝑗 𝜔𝐿 − 1 Observa-se que, na frequência de ressonância, ω0=(1/LC) (parte imaginária
𝑅 𝜔𝐶𝑅 da função anula-se), há um máximo da função de transferência (FT=1).

O circuito ressonante paralelo (dual do série) tem Ys=(1/R)+j(ωC-1/ωL) é


uma função de transferência em corrente (com G=1/R). Ii Io
𝐼𝑜 1 L C R
𝐹𝑇𝑝 = =
𝐼𝑖 1 + 𝑗 𝜔𝐶 − 1
𝐺 𝜔𝐿𝐺

2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-33


Circuitos Ressonantes ou Sintonizados
O circuito passa banda O circuito elimina banda
L C
Vi R L
Vi Vo
Vo R

𝑉𝑜 1 1
𝐹𝑇 = = 𝑉𝑜 𝑅 𝑉𝑜 𝑗 𝜔𝐶 − 𝜔𝐿 𝑅
𝑉𝑖 𝜔𝐿 1 𝐹𝑇 = = <=>
1 + 𝑗 𝑅 − 𝜔𝐶𝑅 𝑉𝑖 1 =
𝑅 + 1ൗ𝑗 𝜔𝐶 − 𝜔𝐿 𝑉𝑖 1
1 + 𝑗 𝜔𝐶 − 𝜔𝐿 𝑅
Observa-se que, na frequência de
ressonância, ω0=(1/LC) (parte imaginária À frequência de ressonância (ω0=(1/LC)) há um nulo da
da função anula-se), há um máximo da função de transferência (FT=0).
função de transferência (FT=1).

Os profissionais dos filtros usam o fator de


qualidade do circuito, para exprimir as 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑧𝑒𝑛𝑎𝑑𝑎 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑧𝑒𝑛𝑎𝑑𝑎
funções de transferência. Com isso 𝑄 = = 2𝜋
𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑑𝑖𝑠𝑠𝑖𝑝𝑎𝑑𝑎 𝑝𝑜𝑟 𝑟𝑎𝑑𝑖𝑎𝑛𝑜 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑑𝑖𝑠𝑠𝑖𝑝𝑎𝑑𝑎 𝑝𝑜𝑟 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜
conseguem expressões mais compactas e
intuitivas.
2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-34
Filtro Ressonante Passa Banda
L C 𝑉𝑜 𝑅 𝜔𝐶𝑅
𝐹𝑇 = 𝑉 = 1 = 𝜔𝐶𝑅+𝑗 (função de transferência)
Vi 𝑖 𝑅+𝑗 𝜔𝐿−𝜔𝐶 𝜔2 𝐿𝐶−1
R
Vo

O fator de Qualidade (Q) também pode ser definido como a razão entre a potência reativa em L ou em C, à frequência de
ressonância 𝜔0 = 1Τ 𝐿𝐶, (transita entre L e C) e a potência ativa (dissipada em R).
2
𝑉𝑖 1 𝑉𝑖 𝑅 + 𝑗 𝜔𝐿 − 1Τ𝜔𝐶
Sendo 𝐼= ֜𝑆 =
𝑅 + 𝑗 𝜔𝐿 − 1Τ𝜔𝐶 2 𝑅 2 + 𝜔𝐿 − 1Τ𝜔𝐶 2
𝑄 = 𝜔0 𝐿Τ𝑅
Obtendo-se o fator de qualidade ቐ 𝑜𝑢
𝑄 = 1Τ𝜔0 𝐶𝑅
𝜔
𝑉𝑜 𝑄𝜔0 𝜔𝑟0 Τ𝑄
Podendo a FT ser descrita em função de parâmetros 𝐹𝑇 = 𝑉 = 2 =𝜔 2
𝑖 𝜔
+𝑗
𝜔
−1 𝑟0 Τ𝑄+𝑗 𝜔𝑟0 −1
caraterísticos do circuito 0 e de Q, e não dos 𝑄𝜔0 𝜔0
onde 𝜔𝑟0 = 𝜔Τ𝜔0
elementos do circuito (R, L, C).
2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-35
Filtro Ressonante Passa Banda
Sendo a Largura de Banda, LB, a gama de frequências compreendidas na condição de meia potência, pode ser calculada
a partir dessa condição de meia potência (-3dB)

𝑉𝑜 1 1
𝑃𝑜 Τ 𝑃𝑖 = 1Τ2 ֜ 𝑉𝑜 ൗ 𝑉𝑖 = 1Τ 2 = = 𝜔𝐿 1
𝑉𝑖 2 − = ±1
𝜔𝐿 1 2 𝑅 𝜔𝐶𝑅
1+ −
𝑅 𝜔𝐶𝑅
Selecionando as soluções positivas (>0), obtém-se a frequência angular inferior, ωl, e a frequência angular superior, ωh,
que limitam a banda:

𝑅 𝑅
2
1 𝑅 𝑅
2
1
𝑅
𝜔𝑙 = − + + 𝜔ℎ = + + 𝐿𝐵 = 𝜔ℎ − 𝜔𝑙 =
2𝐿 2𝐿 𝐿𝐶 2𝐿 2𝐿 𝐿𝐶 𝐿

Verifica-se que o Fator de Qualidade é igual à razão entre a frequência de ressonância e a largura de banda do circuito:
𝜔0
𝑄=
𝐿𝐵

2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-36


Filtro Ressonante Passa Banda
Os Diagramas de Bode, tendo como parâmetro Q dão uma excelente visão da resposta em 𝑉𝑜 𝜔𝑟0 Τ𝑄
=
frequência. Quanto maior for o Q, menor é a largura de banda relativa. 𝑉𝑖 𝜔𝑟0 Τ𝑄 + 𝑗 𝜔𝑟0 2 −1

Diagrama de Bode da Amplitude Diagrama de Bode da Fase


𝑉𝑜 1 𝜔𝑟0 Τ𝑄
= =
2 2 2
∠𝑉𝑜 − ∠𝑉𝑖 = − tan−1 𝜔𝑟0 2 − 1 Τ 𝜔𝑟0 Τ𝑄
𝑉𝑖 𝜔𝑟0 Τ𝑄 + 𝜔𝑟0 −1
𝜔𝐿 1 2
1+ − arg(Vo) - arg(Vi) (⁰)
𝑅 𝜔𝐶𝑅 20*log10(|Vo|/|Vi|) (dB)
90,0
20,0

0,0
60,0

-20,0

Q=0,001 30,0 Q=0,001


-40,0
Q=0,01 Q=0,01
-60,0 Q=0,1 Q=0,1
0,0
Q=1 1,0E-04 1,0E-03 1,0E-02 1,0E-01 1,0E+00 1,0E+01 1,0E+02 1,0E+03 1,0E+04 Q=1
-80,0
Q=10 Q=10
W/W0
1,0E-04 1,0E-03 1,0E-02 1,0E-01-100,0
1,0E+00 1,0E+01 1,0E+02 1,0E+03 1,0E+04 Q=100 -30,0 Q=100

W/W0 Q=1000 Q=1000


-120,0
-60,0
-140,0

-160,0 -90,0
2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-37
Auto-indutância e Indutância Mútua
i Como sabemos uma corrente elétrica produz um campo magnético.
+ N
Numa bobine ideal (assumimos todas as indutâncias e núcleos magnéticos lineares) com N espiras,  = N = Li
o fluxo magnético (de ligação)  é diretamente proporcional ao número de espiras e à corrente
V
- onde L é a indutância da bobine (auto-indução), expressa em henrie (H), e tanto  como
 exprimem-se em webers (Wb).
A lei de Faraday (indução eletromagnética) afirma que a tensão induzida numa bobine é d d ( N ) di
v= = =L
igual à variação no tempo do fluxo magnético  dt dt dt
A mesma bobine pode estar sob influência de fluxos de ligação produzidas por outras bobinas.
A corrente i1 produz um campo λ11, parte do qual atravessa a secção do enrolamento 2, λ21, e o restante é o
λ𝟏𝟏 = λ𝟐𝟏 +λ𝑳𝟏
campo de fugas, λL1. λ𝟐𝟐 = λ𝟏𝟐 +λ𝑳𝟐
A corrente no enrolamento 2 será obtida de modo equivalente
λL1 λ11 λ21
i1 i2
O fluxo total influenciando o enrolamento 1, 1, é a soma das componentes λ𝟏 = λ𝟏𝟏 +λ𝟏𝟐
devidas a i1 e i2 ,o mesmo se passando para o enrolamento 2 λ𝟐 = λ𝟐𝟐 +λ𝟐𝟏
+ L2 +
L1
v1 v2 O fluxo magnético no enrolamento 1 é 1, onde M12 é a indutância mútua
N1 M N2
- -
𝟏 = 𝑵𝟏 𝟏 = 𝑵𝟏 𝟏𝟏 +𝑵𝟏 𝟏𝟐 = 𝑳𝟏 𝒊𝟏 ± 𝑴𝟏𝟐 𝒊𝟐

2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-38


Auto-indutância e Indutância Mútua 𝑣 = 𝑑1
= 𝐿1
𝑑𝑖1
±𝑀
𝑑𝑖2
1 𝑑𝑡 𝑑𝑡 12 𝑑𝑡
Usando a Lei de Faraday, obtém-se a tensão em cada enrolamento:
𝑑 2 𝑑𝑖 𝑑𝑖
𝑣2 = = 𝐿2 𝑑𝑡2±𝑀21 𝑑𝑡1
𝑑𝑡
De notar que não é necessário ligação elétrica entre as duas bobinas para a corrente
numa influenciar a tensão na outra. Um fluxo magnético é suficiente!

Outra conclusão que é possível retirar é que as indutâncias mútuas são iguais: M12=M21=M 1 1
𝑊= 𝐿1 𝑖1 2 + 𝐿2 𝑖2 2 ± 𝑀𝑖1 𝑖2
sendo possível deduzir que a energia armazenada num par de indutâncias acopladas é dado por: 2 2

O coeficiente de acoplamento é uma medida do grau em que o fluxo produzido por uma bobine é colectado na outra, sendo definido por

𝑘 = 𝑀Τ 𝐿1 𝐿2 , 0≤𝑘≤1 e 0≤𝑀≤ 𝐿1 𝐿2

2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-39


Indutância Mútua em análise de circuitos
Como sabemos, uma corrente numa indutância produz um fluxo magnético  (=N*)
𝑑𝑖
que induz uma fem (Força EletroMotriz) ou ddp, de acordo a expressão: 𝑓𝑒𝑚 = 𝑣 = 𝐿 i2
𝑑𝑡 i1
M
A mesma indutância pode estar sob influência de fluxos de ligação + L2 +
L1
produzidos por outras indutâncias, como é o caso da figura. v1 v2
- -

di1
Assumindo que a bobine 2 está em aberto a sua ddp devida ao fluxo v 2oc =  M
produzido pela bobine 1 (força eletromotriz induzida), exprime-se por: dt
De modo idêntico, a fem (força eletromotriz) induzida na di2
bobine 1, devido à corrente na bobine 2, é: v1oc =  M
dt

A polaridade da tensão é determinada pela direção relativa dos fluxos/enrolamentos.


Os pontos • são a forma de se indicar, no diagrama esquemático, esta polaridade:
• Considerando a corrente a entrar num ponto, a tensão induzida na outra bobine é positiva do lado que tiver o ponto.

2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-40


Circuito equivalente dum transformador (linear)
i1 i2
Na aplicação tradicional do transformador como multiplicador da amplitude de uma M
tensão sinusoidal é usual ver-se as correntes de acordo com a figura, da direita, uma
+ L2 +
vez que o enrolamento 1 recebe energia transpondo-a para o enrolamento 2 que a L1
entregará a uma carga. v1 v2
Este esquema equivalente que incluí a indutância mútua é conhecido por circuito - -

equivalente estático.

A figura representa o circuito equivalente dinâmico, onde a indutância mútua é representada sob a
forma de fontes de tensão dependentes, obtido de acordo com:
i1 i2
1. As correntes i1 e i2 percorrem L1 e L2.
2. A corrente i1, origina uma fonte de valor Mdi1/dt em série com L2, cuja polaridade está de L1 L2
acordo com a convenção dos pontos. + +
3. A corrente i2, origina uma fonte de valor Mdi2/dt em série com L1, cuja polaridade está de v1 - + v2
di + - di1
acordo com a convenção dos pontos. - M 2 M -
dt dt
Um esquema de circuito elétrico que integre este circuito equivalente dinâmico pode ser resolvido
por qualquer método de análise conhecido.

2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-41


I2
Transformador Ideal I1 1:n

Um transformador ideal, representado na figura, é um conjunto de dois enrolamentos + +


acoplados de forma a maximizar o acoplamento. V1 V2
Embora um transformador ideal seja um modelo hipotético, representa de forma - -
satisfatória o transformador de potência real com núcleo ferromagnético.
Um transformador ideal possui as seguintes caraterísticas:
tem um coeficiente de acoplamento unitário (K=1), a indutância de cada bobine é infinita (L1=L2=∞), as perdas são nulas,
satisfaz as equações: V2=nV1, I1=nI2 e Pin= Pout

Embora quaisquer duas bobines acopladas possam ser chamadas de transformador, é vulgar usar a designação de transformador para
dispositivos com K 1.

Em condições próximas do transformador ideal, os valores das auto indutâncias e das indutâncias mútuas tem menor significado na
descrição dos fenómenos do circuito, uma vez que a razão entre o número de espiras é suficiente para descrever o comportamento do
transformador, visto dos seus terminais.
Assumindo um transformador com razão entre espiras 1:n (primário : secundário), deduzem-se expressões simples para as relações tensão
corrente:
V2=nV1, I1=nI2 e Pin= Pout

Com estas relações deduz-se facilmente que o transformador também permite transformar impedâncias:

Por exemplo uma carga, Z2= V2/I2, refletida no primário é Z1= V1/I1= Z2/n2 .
2 – Análise AC Circuitos Elétricos, João Matos, DETI-UA, 2022 2-42

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