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TRANSFORMADORES
Universidade Federal de Itajubá
Instituto de Engenharia de Sistemas e Tecnologia da Informação
ELTA01A – Eletrônica Analógica I
Objetivo
Os transientes indutivos ocorrem quando os circuitos que contém a indutância são interrompidos.
Mais do que os capacitivos, os transientes indutivos são potencialmente destrutivos e perigosos.
Por exemplo, se a corrente for interrompida em um circuito indutivo, poderá́ haver um pico de
tensão de algumas centenas de volts ou mais. Tal pico pode facilmente danificar os componentes
eletrônicos sensíveis caso não sejam tomadas as devidas precauções.
Comparação com a capacitância
A indutância é a reciproca da capacitância. Isso significa que o efeito que a indutância tem na
operação do circuito é idêntico ao da capacitância se trocarmos os termos “corrente” por “tensão”,
“circuito aberto” por “curto-circuito” etc. Por exemplo, para transientes CC simples, a corrente em um
circuito RL tem a mesma forma da tensão no circuito RC: ambas aumentam e atingem o valor final
exponencialmente, de acordo com 1 − e−t/τ. De modo semelhante, a tensão em uma indutância cai da
mesma maneira que a corrente através da capacitância, isto é, de acordo com e−t/τ. Na verdade, há
uma dualidade entre todas as equações que descrevem a tensão transiente e o comportamento da
corrente em circuitos capacitivos e indutivos.
Como ilustrado, a corrente através de uma indutância não pode variar instantaneamente, isto é, não
pode saltar de maneira abrupta de um valor para outro, mas deve ser contínua em todos os valores
do tempo. Essa observação é conhecida com o enunciado CONTINUIDADE DA CORRENTE PARA A
INDUTÂNCIA. Esse enunciado é de grande valia para a análise de circuitos que contenham indutância.
Tensão no indutor
Considere a tensão no indutor. Com a chave aberta, como na figura (a), a corrente no circuito e a
tensão em L são iguais a zero. Feche a chave. Imediatamente após o fechamento da chave, a corrente
ainda é zero (ela não pode variar de maneira instantânea). Como vR = Ri, a tensão em R também é
zero e, assim, a tensão total na fonte aparece em L como mostrado em (b). A tensão no indutor,
portanto, salta de 0 V antes de a chave ser fechada para E volts logo depois. Ela então cai para zero, já
que a tensão na indutância é zero no estado estacionário CC. Isso está indicado em (c).
Circuito aberto equivalente de uma indutância
𝑣 = 𝑖𝑅 = 8 𝑉
𝑣 =𝑣 =8𝑉
Corrente transiente
𝑣 +𝑣 =𝐸
𝑑𝑖
𝐿 + 𝑅𝑖 = 𝐸
𝑑𝑡
a.
R1 𝐸 100
𝑖 𝑡 = 1−𝑒 = 1−𝑒
𝑅 10
10
𝑖 𝑡 = 10 1 − 𝑒
V1 L1
2H b.
𝑖 0 = 10 1 − 𝑒 =0𝐴
𝑖 0,2 = 10 1 − 𝑒 = 6,32 𝐴
0 0 𝑖 0,4 = 10 1 − 𝑒 = 8,65 𝐴
𝑖 0,6 = 10 1 − 𝑒 = 9,50 𝐴
𝑖 0,8 = 10 1 − 𝑒 = 9,82 𝐴
𝑖 1,0 = 10 1 − 𝑒 = 9,93 𝐴
Gráfico da corrente no indutor
10A
8A
6A
4A
2A
0A
0s 0.2s 0.4s 0.6s 0.8s 1.0s 1.2s 1.4s 1.6s 1.8s 2.0s
I(L1)
Time
Tensões no circuito
𝑣 𝑡 =𝐸 1−𝑒 (𝑉)
Observe que a fórmula para vR tem a mesma configuração da fórmula para a corrente.
Agora considere vL. É possível achar a tensão vL subtraindo vR de E de acordo com:
Logo:
𝑣 𝑡 = 𝐸𝑒 (𝑉)
Exemplo
a.
R1
𝑣 𝑡 = 𝐸𝑒 = 100𝑒
10
𝑣 𝑡 = 100𝑒
V1 L1
2H b.
𝑣 0 = 100𝑒 = 100 𝑉
𝑣 0,2 = 100𝑒 = 36,79 𝑉
0 0 𝑣 0,4 = 100𝑒 = 13,53 𝑉
𝑣 0,6 = 100𝑒 = 4,98 𝑉
𝑣 0,8 = 100𝑒 = 1,83 𝑉
𝑣 1,0 = 100𝑒 = 0,67 𝑉
Gráfico da tensão no indutor
100V
80V
60V
40V
20V
0V
0s 0.2s 0.4s 0.6s 0.8s 1.0s 1.2s 1.4s 1.6s 1.8s 2.0s
V(L1:1)
Time
Constante de tempo t
𝐿
𝜏= (𝑠)
𝑅
𝐸
𝑖 𝑡 = 1−𝑒 (𝐴)
𝑅
𝑣 𝑡 = 𝐸𝑒 (𝑉)
𝑣 𝑡 = 𝐸 1−𝑒 (𝑉)
Constante de tempo
As curvas versus a constante de tempo estão representadas abaixo. Como previsto, as transições
duram aproximadamente 5t; assim, para fins práticos, os transientes indutivos duram cinco
constantes de tempo.
100
80 99,3 %
𝐿 2 63,2 %
𝜏= =
𝑅 10 60
36,8 %
𝜏 = 0,2 𝑠 40
20
0,67 %
0
0s 0.2s 0.4s 0.6s 0.8s 1.0s 1.2s 1.4s 1.6s 1.8s 2.0s
V(L1:1) I(L1)*10
Time
Interrupção de corrente em um circuito indutivo
Analisando o que acontece quando a corrente no indutor é interrompida. No instante em que a chave é
aberta, o campo começa a entrar em colapso, o que induz uma tensão na bobina. Se a indutância for
grande e a corrente alta, uma grande quantidade de energia será liberada em um período de tempo
muito curto, gerando uma tensão muita alta que pode danificar o equipamento, além do perigo de
choque (Essa tensão induzida é chamada de salto indutivo). Por exemplo, interromper abruptamente a
corrente através de um indutor grande (como um motor ou uma bobina geradora de campo) pode
gerar picos de tensão de até alguns milhares de volts, um valor grande o suficiente para gerar longos
arcos, como indicado na figura. Até indutâncias com valores moderados nos sistemas eletrônicos são
capazes de gerar tensão suficiente para provocar danos caso os circuitos de proteção não sejam
usados.
Arco elétrico
VCH 120 V
1 2 1 2
R1 = 30 R R1 = 30 R
IL = 4 A
I2 = 0,2 A
𝑉 =𝑉 + 𝐸 = 2520 𝑉
Transiente da corrente durante a descarga
1 2
R1
I = I0 𝑣 +𝑣 +𝑣 =0
I2
E R2
VL = 0 𝑑𝑖
L
𝑣 =𝐿 𝑣 =𝑅 𝑖 𝑣 =𝑅 𝑖
𝑑𝑡
𝑑𝑖
𝐿 + (𝑅 + 𝑅 )𝑖 = 0
𝑑𝑡
Circuito antes da abertura da chave
VR1
1 2 Resolvendo a equação diferencial, tem-se:
R1
𝐸
𝑖 𝑡 =𝐼 𝑒 = 𝑒 (𝐴)
VR2 R2
I L VL 𝑅
𝐿
𝜏 = (𝑠)
𝑅 +𝑅
Circuito logo após a abertura da chave
Curva do transitório de corrente
4.0A
3.5A
3.0A
𝜏 = 66,67 𝑚𝑠 2.5A
2.0A
1.5A
𝜏 = 3,17 𝑚𝑠
1.0A
0.5A
0A
0s 50ms 100ms 150ms 200ms 250ms 300ms 350ms 400ms 450ms 500ms 550ms 600ms 650ms 700ms 750ms 800ms
I(L1)
Time
Transiente da tensão durante a descarga
𝑣 𝑡 =𝑉 𝑒
𝑉 = −𝐼 (𝑅 + 𝑅 )
𝑣 𝑡 = −𝐼 (𝑅 + 𝑅 ) 𝑒
𝐸
𝑆𝑒 𝑎 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑒𝑠𝑡𝑖𝑣𝑒𝑟 𝑎𝑙𝑐𝑎𝑛ç𝑎𝑑𝑜 𝑜 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑑𝑜 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛á𝑟𝑖𝑜, 𝐼 = , 𝑙𝑜𝑔𝑜:
𝑅
𝑅
𝑣 𝑡 = −𝐸 1 + 𝑒
𝑅
𝑣 𝑡 =𝑅 𝐼 𝑒 → 𝑒𝑚 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑑𝑜 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛á𝑟𝑖𝑜 → 𝑣 𝑡 = 𝐸𝑒
𝑅
𝑣 𝑡 =𝑅 𝐼 𝑒 → 𝑒𝑚 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑑𝑜 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛á𝑟𝑖𝑜 → 𝑣 𝑡 = 𝐸𝑒
𝑅
Curva do transitório de tensão no Indutor
0.4KV
-0.0KV
-0.4KV
-0.8KV
-1.2KV
-1.6KV
-2.0KV
-2.4KV
-2.8KV
0s 50ms 100ms 150ms 200ms 250ms 300ms 350ms 400ms 450ms 500ms 550ms 600ms 650ms 700ms 750ms 800ms
V(L1:1)
Time
Curva do transitório de tensão na chave
2.8KV
2.4KV
2.0KV
1.6KV
1.2KV
0.8KV
0.4KV
0V
0s 50ms 100ms 150ms 200ms 250ms 300ms 350ms 400ms 450ms 500ms 550ms 600ms 650ms 700ms 750ms 800ms
V(U1:1,U1:2)
Time
TRANSFORMADORES
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Definição de transformador
O transformador é um circuito acoplado
magneticamente, ou seja, é um circuito em que o
campo magnético gerado pela corrente variável no
tempo de um subcircuito induz tensão em outro
subcircuito. Para ilustrar, a figura ao lado mostra um
transformador com núcleo de ferro básico. Ele
consiste de duas bobinas enroladas em um núcleo
comum. A corrente alternada em um enrolamento
estabelece o fluxo que acopla o outro enrolamento e
induz uma tensão nele. A potência flui então de um
circuito para o outro através do campo magnético,
sem conexão elétrica entre os dois lados. O
enrolamento para o qual fornecemos energia é
chamado de primário, enquanto o enrolamento do
qual tiramos energia é chamado de secundário. A
energia pode fluir em qualquer direção, uma vez que o
enrolamento pode ser usado como o primário ou o
secundários.
Tipos de núcleo do transformador
Os transformadores podem ser divididos em duas grandes categorias: a com núcleo de ferro e a com
núcleo de ar.
Os transformadores com núcleo de ferro geralmente são usados em aplicações de baixa frequência,
como as de áudio e de sistemas elétricos de potência. O ferro (na verdade, um aço especial
denominado aço de transformador) é usado nos núcleos porque ele aumenta o acoplamento entre
as bobinas, fornecendo assim uma passagem fácil para o fluxo magnético. Usam-se dois tipos
básicos de construção do núcleo de ferro: o com núcleo envolvido e o com núcleo envolvente. Em
ambos os casos, os núcleos são feitos de laminações de chapas de aço isoladas umas das outras
por finas coberturas de cerâmica ou outro material com o objetivo de auxiliar a minimizar as perdas
por corrente parasita.
No entanto, o ferro apresenta considerável perda no núcleo em razão da histerese e das correntes
parasitas em altas frequências, e, portanto, não é útil para ser utilizado como material para o núcleo
em frequências superiores a aproximadamente 50 kHz. Para aplicativos de alta frequência (como
circuitos de rádio), usam-se os tipos com núcleo de ar e núcleo de ferrite.
Núcleos envolvido e envolvente
Núcleo envolvido
Núcleo envolvente
Símbolo esquemático
Direção dos enrolamentos
Circuitos Forte e Fracamente Acoplados
Se a maior parte do fluxo gerado por uma bobina passa pela outra,
diz-se que as bobinas estão fortemente acopladas. Logo, os
transformadores com núcleo de ferro estão fortemente acoplados (já
que quase 100% do fluxo está confinado no núcleo e, portanto,
acopla os dois enrolamentos). Para os transformadores com núcleo
de ar e de ferrite, entretanto, uma quantidade de fluxo muito abaixo
de 100% acopla ambos os enrolamentos. Eles estão, portanto,
fracamente acoplados. Como os dispositivos com núcleos de ar e de
ferrite estão fracamente acoplados, os mesmos princípios de análise
se aplicam a ambos os núcleos.
Lei de Faraday
Como o acoplamento do fluxo é igual a NΦ e como N é constante, a tensão induzida é igual a N vezes
a taxa de variação de Φ, ou seja, e = NdΦ/dt. Logo, para o primário de um transformador ideal:
𝑑Φ
𝑒 =𝑁
𝑑𝑡
𝑑Φ
𝑒 =𝑁
𝑑𝑡
𝑒 𝑁
= =𝑎
𝑒 𝑁
Razão de correntes
Como um transformador ideal não apresenta perda de potência, sua eficiência é de 100% e,
portanto, a potência de entrada é igual à potência de saída. Em qualquer instante, pi = epip e po = esis.
Logo:
𝑒 𝑖 =𝑒 𝑖
Então:
𝑖 𝑒 𝑁 1
= = =
𝑖 𝑒 𝑁 𝑎
Impedância refletida
𝑉 𝑁 𝐼 𝑁
= =
𝑉 𝑁 𝐼 𝑁
I1 I2
N1N1: N
: N2
2 𝑉 𝑉
𝑅 = 𝑅 =
𝐼 𝐼
V1 RL
V1 V2 RL
𝑉
𝑅 𝐼 𝑉 𝐼 𝑉 𝐼
R’L = = =
𝑅 𝑉 𝐼 𝑉 𝑉 𝐼
𝐼
𝑁
𝑅 = 𝑅 =𝑎 𝑅
𝑁
Transformadores em fontes de alimentação
Em equipamentos eletrônicos, os
transformadores em fontes de
alimentação são usados para converter
os 120 V de entrada em níveis de tensão
exigidos para a operação interna do
circuito. Há uma variedade de
transformadores, comerciais fabricados
com essa finalidade. O transformador ao
lado por exemplo, tem um enrolamento
secundário com múltiplos taps, com cada,
tap fornecendo uma tensão de saída
diferente. Esse tipo de transformador é
adequado para alimentações de
laboratório, equipamentos de teste ou
fontes de alimentação experimentais.
Transformadores com múltiplos secundários
Embora a maior parte do fluxo esteja retida no núcleo, uma pequena quantidade (denominada
fluxo de fuga) passa por fora do núcleo e pelo ar em cada enrolamento. O efeito dessa fuga
pode ser modelado pelas indutâncias Lp e Ls. O fluxo restante, o fluxo mútuo Φm, acopla ambos
os enrolamentos e é, portanto, levado em conta pelo transformador ideal, como anteriormente.
Resistencia do enrolamento
O efeito da resistência da bobina pode ser aproximado quando acrescentamos as resistências Rp e
Rs. Essas resistências provocam uma pequena perda de potência e, portanto, uma redução na
eficiência, além de uma pequena queda de tensão. A perda de potência associada à resistência da
bobina é chamada de perda no cobre e varia de acordo com o quadrado da corrente que passa
pela carga.
Perda no núcleo
As perdas no núcleo são provocadas pelas correntes parasitas e histerese.
A soma da histerese e das perdas por corrente parasita é chamada de perda no núcleo ou perda no
ferro. Em um transformador bem projetado, ela é pequena; normalmente varia de 1% a 2% da
especificação do transformador. As perdas no núcleo variam aproximadamente como o quadrado da
tensão aplicada. As perdas no núcleo permanecem constantes, desde que a tensão seja constante.
Eficiência do transformador
𝑃
𝜂= 100%
𝑃
No entanto, Pi = Po + Pperda. Para um transformador, as perdas decorrem das perdas I2R nos
enrolamentos (denominadas perdas no cobre) e no núcleo (denominadas perdas no núcleo):
𝑃 𝑃
𝜂= 100% = 100%
𝑃 +𝑃 𝑃 +𝑃 +𝑃 ú