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Campinas, 2022
O “Cinturão de Van Allen” é uma região do campo magnético da Terra, gerado pela
rotação do núcleo do planeta, que concentra partículas carregadas em movimento, como
prótons e elétrons. Essa concentração, citada anteriormente, existe devido a um fenômeno
chamado “espelho magnético" que “aprisiona” as partículas na região, de modo que ficam em
uma trajetória de “ida e volta” de um polo ao outro do planeta pela região do cinturão.
Ilustração 1: Esquema ilustrativo dos Cinturões de Van Allen ao redor da Terra. Fonte: NASA's
Goddard Space Flight Center/Tom Bridgman
Ilustrações 4a e 4b. Movimento descrito por uma partícula positiva em um campo magnético.
A força magnética gera uma aceleração centrípeta, e, portanto, a partícula tem uma
trajetória de espiral, como está representado na ilustração 4. O sentido de rotação é variável,
dependendo da carga da partícula e o sentido do vetor velocidade 𝑣.
Entendido o movimento “padrão” de uma partícula carregada em um campo
magnético, a discussão será aprofundada no contexto do Cinturão de Van Allen. O campo,
nesse contexto, varia na direção paralela às linhas de campo, ou seja, o gradiente 𝛻𝐵 é
paralelo a 𝐵 (𝛻𝐵 ∥ 𝐵). Chegando próximo aos polos, o campo se intensifica e há uma
variação grande.
Ilustração 5: Linhas de campo magnético da Terra. Fonte: Nasa NASA's Goddard Space Flight
Center
Ilustração 6: Imagem retirada do livro Introduction to Plasma Physics and Controlled Fusion,Francis
F.Chen, Figure 2-7.
𝐵 = 𝐵𝜃 + 𝐵𝑟 + 𝐵𝑧
𝑣 = 𝑉𝜃 + 𝑉𝑟 + 𝑉𝑧
𝐹 = 𝐹𝜃 + 𝐹𝑟 + 𝐹𝑧
1 𝜕(𝑟(𝐵𝑟)) 𝜕(𝐵𝑧)
𝐷𝑖𝑣(𝐵) = 𝛻 ∙ 𝐵 = 𝑟 + =0
𝜕𝑟 𝜕𝑧
𝜕(𝐵𝑧)
A partir disso, pode-se obter 𝐵𝑟 em função de e isso será útil para substituições
𝜕𝑧
no futuro:
1 𝜕(𝑟(𝐵𝑟)) 𝜕(𝐵𝑧)
= −
𝑟 𝜕𝑟 𝜕𝑧
𝑟 𝜕(𝐵𝑧)
𝑟(𝐵𝑟) = − ∫0 𝑟 𝑑𝑟
𝜕𝑧
𝑟 𝜕(𝐵𝑧)
𝐵𝑟 = −
2 𝜕𝑧
𝐹 = 𝑞. 𝑣 × 𝐵
𝐹=𝑞.
∴ 𝐹𝑟 = 𝑞. (𝑉𝜃. 𝐵𝑧)
O valor de 𝐵𝑟 é conhecido (II), então será feita uma substituição de (II) na equação
de 𝐹𝑧 (III):
𝑟 𝜕(𝐵𝑧)
𝐹𝑧 = −𝑞. 𝑉𝜃 . (− 2 )
𝜕𝑧
𝑞𝑟 𝜕(𝐵𝑧)
∴ 𝐹𝑧 = 𝑉𝜃
2 𝜕𝑧
Para tornar a análise mais clara, 𝑉𝜃 foi chamado de ±𝑣 ⊥, sendo o sinal positivo
indicando no sentido horário para um observador de frente para as linhas de campo (linhas
de campo entrando no observador) e o sinal negativo para o sentido anti-horário (linhas de
campo saindo no observador). Com isso, temos:
𝑞𝑟 𝜕(𝐵𝑧)
𝐹𝑧 = ± 𝑣⊥ (IV)
2 𝜕𝑧
Lembrando que a velocidade angular 𝜔 é igual à velocidade escalar dividida pelo raio
da circunferência, portanto podemos escrever o raio em função de 𝜔 e 𝑣 ⊥:
𝑣⊥
𝑟= (V)
𝜔
Substituindo (V) em (IV):
𝑞𝑣⊥ 𝜕(𝐵𝑧)
𝐹𝑧 = ± 𝑣⊥
2𝜔 𝜕𝑧
𝑞𝑣⊥ 𝜕(𝐵𝑧)
𝐹𝑧 = ± 𝑣⊥ (VI)
2𝜔 𝜕𝑧
𝑞.𝐵
𝜔=±
𝑚 (VII)
𝑚𝑣 2 ⊥ 𝜕(𝐵𝑧)
𝐹𝑧 = − 2𝐵 𝜕𝑧
1
Agora, o momento magnético 𝜇 da partícula será 𝜇 = 2𝐵 𝑚𝑣2 ⊥ (VIII).
𝜕(𝐵𝑧)
𝐹𝑧 = −𝜇 (IX)
𝜕𝑧
1 𝑚𝑣2 ⊥
OBS: Justificativa para 𝜇 = 2 𝐵
(VIII):
𝑞
Por definição, 𝜇 = 𝐴𝑖 (X), 𝐴 = 𝜋 𝑟 2 (XI) para um loop circular de raio r e 𝑖 = 𝑇 (XII),
sendo 𝑞 a carga da partícula e 𝑇 o tempo para completar o loop. Assim, (XI) e (XII) serão
substituídas em (X):
𝜇 = 𝜋 𝑟2 . 𝑇𝑞 (XIII)
2𝜋
Sabe-se que 𝑇 = (XIV), então substituindo em (XIII):
𝜔
𝑞
𝜇 = 𝜋 𝑟2 . 2𝜋 .𝜔
2𝑞 𝜔
𝜇 =𝑟 2
(XV)
𝑣⊥
Sabe-se que 𝑟 = (V), então substituindo em (XV):
𝜔
2
𝜇 = 𝑣⊥ .𝑞 .𝜔
𝜔2 2
2
𝜇 = 12 . 𝑣⊥𝜔 𝑞 (XVI)
Sabe-se também que 𝜔 = 𝑞𝑚.𝐵 (VII), então com mais uma substituição em (XVI):
2
𝜇 = 12 . 𝑣⊥
𝑞 .𝐵
𝑞
.𝑚
1 𝑚𝑣 2 ⊥
∴ 𝜇=2 . (VIII)
𝐵
𝜕(𝐵𝑧)
Voltando para 𝐹𝑧 = −𝜇 (IX)
𝜕𝑧
𝑑𝑣||
𝐹𝑧 = 𝑚 𝑑𝑡
𝑑𝑣|| 𝜕(𝐵𝑧)
𝑚 = −𝜇
𝑑𝑡 𝜕𝑧
𝑑𝑧
Lembrando que 𝑣 ∥= e multiplicando os dois lados por 𝑣 ∥:
𝑑𝑡
𝑑𝑣∥ 𝑑𝑧 𝜕(𝐵𝑧)
𝑚𝑣 ∥ = −𝜇 𝑑𝑡 .
𝑑𝑡 𝜕𝑧
1
𝑑(2 .𝑚𝑣 2 ∥) 𝜕(𝐵𝑧)
= −𝜇 (XVII)
𝑑𝑡 𝜕𝑡
1
Note que 𝐸𝑐 ∥= 2 𝑚𝑣 2 ∥ (XVIII) é a energia cinética na componente paralela do
movimento.
Agora, este resultado será utilizado para mostrar que 𝜇 é uma constante e depois
discutir o fenômeno da reflexão.
1 1
𝑚𝑣 2 ∥ + 𝑚𝑣 2 ⊥ = 𝐶 (XIX)
2 2
𝑑 1 𝑑 1
( 𝑚𝑣 2 ∥) + 𝑑𝑡 (2 𝑚𝑣 2 ⊥) = 0 (XX)
𝑑𝑡 2
Lembrando que:
𝜕(𝐵𝑧) 𝑑 1
−𝜇 𝜕𝑡
= 𝑑𝑡 (2 𝑚𝑣 2 ∥) (XVII)
𝑚𝑣2 ⊥
𝜇 = 12 𝐵𝑧
(28) ⇒
1
2
𝑚𝑣2 ⊥= 𝜇(𝐵𝑧) (XXI)
Substituindo em (XVIII):
𝜕(𝐵𝑧) 𝜕
−𝜇 + 𝜕𝑡 (𝜇(𝐵𝑧)) = 0
𝜕𝑡
𝜕(𝐵𝑧) 𝜕𝜇 𝜕(𝐵𝑧)
−𝜇 . + . (𝐵𝑧) + 𝜇 =0
𝜕𝑡 𝜕𝑡 𝜕𝑡
𝜕𝜇
. (𝐵𝑧) = 0
𝜕𝑡
𝜕𝜇
∴ = 0 → logo, 𝜇 é uma constante.
𝜕𝑡
𝑚𝑣2 ⊥
𝜇 = 12 𝐵
= 𝐾, 𝐾 constante.
1 1
𝑚𝑣 2 ⊥= 𝐾𝐵, como 𝐸𝑐 ⊥= 2 𝑚𝑣 2 ⊥ :
2
𝐸𝑐 ⊥= 𝐾𝐵
∴ 𝐸𝑐 ⊥ 𝛼 𝐵
Referências:
NASA's Goddard Space Flight Center/Johns Hopkins University, Applied Physics Laboratory;