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Campinas
Maio 2023
ÍNDICE
1. Introdução
2. Objetivos
3. Fundamentação Teórica
4. Discussão Analítica
5. Conclusão
1. Introdução
O Cinturão de Van Allen foi descoberto pelo cientista norte-americano James
Van Allen, em 1958, durante a missão Explorer 1 da NASA e é uma das descobertas
mais importantes no campo da ciência espacial. Trata-se de uma região de intenso
campo magnético localizada em torno de um planeta, e no caso da Terra, composta
por dois cinturões principais, de formato quase toroidal, o Cinturão de Radiação
Interno e o Externo.
A radiação intensa produzida pelo Cinturão pode causar danos aos sistemas
eletrônicos, assim como afetar a saúde humana, aumentando o risco de câncer, por
exemplo. Tais fatos representam um risco para astronautas, espaçonaves e satélites que
passam pela região.
2. Objetivos
O presente trabalho tem como objetivo discutir e compreender o fenômeno do
Cinturão de Van Allen, partindo dos conceitos apresentados e discutidos na disciplina
de Física III, F 328.
3. Fundamentação Teórica
O Cinturão de Van Allen é gerado a partir da concentração de partículas
carregadas, a maioria delas originárias do vento solar e raios cósmicos, e tal
concentração por sua vez está relacionada com o fenômeno conhecido como
Espelho Magnético, que aprisiona as partículas no cinturão. Quando
aprisionadas, as partículas desenvolvem uma trajetória de ida e volta em alta
velocidade (podendo chegar a velocidades muito próximas da luz), entre um
pólo e outro do planeta. Tal movimentação é consequência da variação de
intensidade magnética existente no decorrer do cinturão:
Cinturão Interno
O Cinturão Interno se encontra a uma distância inicial de 1.000 km da
superfície terrestre, e se estende até 12.000 km da Terra. Sua região de maior
intensidade se encontra na distância de aproximadamente 3.000 km. Por mais
que seja menos volátil do que sua contraparte externa, o cinturão interno ainda
apresenta flutuações ao longo do tempo, e se encontra mais próximo da Terra a
depender da atividade solar e da região geográfica (i.e Anomalia do Atlântico
Sul), chegando até a englobar a Estação Espacial Internacional quando se
expande.
Cinturão Externo
O Cinturão Externo é mais extenso, distando de 13.000 km em sua borda
interna, até mais de 60.000 km da superfície terrestre em sua parte mais
externa. Sua região de maior intensidade se encontra no raio de 25.000-30.000
km.
Essa camada é composta em grande parte por elétrons altamente energizados
(cargas no alcance de 1-10 MeV), mas é mais variada do que a camada interna,
possuindo diversidade de íons em sua concentração. É uma camada volátil,
pois por ser mais externa, é mais facilmente influenciada pela atividade solar.
Em 2014, foi descoberto que a camada interna do Cinturão Externo age como
uma camada de transição acentuada, fazendo a função de uma espécie de
barreira. Ainda não foi encontrada uma explicação para esse fenômeno, mas se
observa que elétrons de carga alta (acima de 5 MeV) não conseguem penetrar
essa parede, por isso são retidos na parte externa.
4. Discussão analítica
Analisando o caso no qual a partícula adentra uma região com uma velocidade
não paralela ao campo. A velocidade é decomposta em duas, sendo uma velocidade
paralela e outra a perpendicular, calcula-se a força magnética para estas situações:
𝐵 = 𝐵𝑟 + 𝐵𝑧
1 𝜕(𝑟(𝐵𝑟)) 𝜕(𝐵𝑧)
𝐷𝑖𝑣(𝐵) = 𝛻 ∙ 𝐵 = 𝑟 𝜕𝑟
+ 𝜕𝑧
= 0
𝜕(𝐵𝑧)
Sendo assim, obtém-se Br em função de 𝜕𝑧
1 𝜕(𝑟(𝐵𝑟)) 𝜕(𝐵𝑧)
𝑟 𝜕𝑟
= − 𝜕𝑧
𝑟
𝜕(𝐵𝑧)
𝑟(𝐵𝑟) = − ∫𝑟 𝜕𝑧
𝑑𝑟
0
𝑟 𝜕(𝐵𝑧)
𝐵𝑟 = − 2 𝜕𝑧
Utilizando a fórmula da Força Magnética, é possível determinar as componentes de
força:
𝐹 = 𝑞. 𝑣 × 𝐵
𝐹=𝑞.
𝑞𝑟 𝜕(𝐵𝑧)
𝐹𝑧 = 2
𝑉𝜃 𝜕𝑧
𝑞𝑟 𝜕(𝐵𝑧)
𝐹𝑧 = ± 2
𝑣⊥ 𝜕𝑧
(IV)
Sabendo que a velocidade angular 𝜔 é igual à velocidade escalar dividida pelo raio da
circunferência, pode representar o raio em função de 𝜔 e 𝑣 ⊥:
𝑣⊥
𝑟 = 𝜔
(V)
Substituindo (V) em (IV):
𝑞𝑣⊥ 𝜕(𝐵𝑧)
𝐹𝑧 = ± 2𝜔
𝑣⊥ 𝜕𝑧
(VI)
Ademais, pode-se utilizar a velocidade angular obtida por:
𝑞.𝐵
𝜔 = ± 𝑚
(VII)
Temos assim:
𝑚𝑣 2⊥ 𝜕(𝐵𝑧)
𝐹𝑧 = − 2𝐵 𝜕𝑧
1 2
Já o momento magnético será 𝜇 = 2𝐵
𝑚𝑣 ⊥ (VIII)
𝜕(𝐵𝑧)
𝐹𝑧 = −𝜇 𝜕𝑧
(IX)
2 𝑞
Por definição, 𝜇 = 𝐴𝑖 (X), 𝐴 = 𝜋 𝑟 (XI) para um loop circular de raio r e 𝑖 = 𝑇
(XII), sendo 𝑞 a carga da partícula e 𝑇 o tempo para completar o loop. Assim, (XI) e
(XII) serão substituídas em (X):
2 𝑞
𝜇 = 𝜋𝑟 𝑇
(XIII)
2π
Tendo 𝑇 = 𝜔
(XIV), substituindo em XIII:
2
𝑟 𝑞𝜔
𝜇 = 2
(XV)
𝑣⊥
Sabendo que 𝑟 = 𝜔
(V), então substituindo em (XV):
2
1 𝑣⊥ 𝑞
𝜇 = 2
. 𝜔
(XVI)
𝑞.𝐵
Sabendo também que 𝜔 = 𝑚
(VII), então com mais uma substituição em (XVI),
temos:
2
1 𝑚𝑣⊥
𝜇 = 2
. 𝜔
(VIII)
𝜕𝜇
𝜕𝑡
. (𝐵𝑧) = 0
𝜕𝜇
∴ 𝜕𝑡
= 0 → logo, 𝜇 é uma constante.
Com isso, 𝜇 (VIII):
2
1 𝑚𝑣⊥
𝜇 =𝜇 = 2
. 𝐵
= 𝐾, 𝐾 sendo constante.
1 2 1 2
2
. 𝑚𝑣⊥ = 𝐾𝐵, como 𝐸𝑐 ⊥ = 2
𝑚𝑣 ⊥ :
𝐸𝑐 ⊥= 𝐾𝐵
5. Conclusão
Após os estudos, é possível concluir que o estudo do Cinturão de Van Allen foi e
continua sendo de grande importância para a ciência espacial, devido à enorme
influência que ele tem tanto em eventos terrestres quanto no processo de exploração
do espaço, além de ser um componente crucial no estudo e compreensão do espectro
maior, a magnetosfera da Terra. Seja enviando máquinas ou pessoas, o Cinturão
exerce efeito e contrapõe as viagens espaciais, portanto é necessário continuamente
compreendê-lo melhor a fim de mitigar os efeitos exercidos, além de entender sua
influência em fenômenos globais.
6. Referências Bibliográficas
Introduction to Plasma Physics and Controlled Fusion, Francis F.Chen
https://www3.unicentro.br/petfisica/2019/06/13/os-cinturoes-de-van-allen/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cintur%C3%A3o_de_Van_Allen
http://conter.gov.br/site/noticia/misterios-do-espaco
https://spacecenter.org/what-are-the-van-allen-radiation-belts/