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Universidade Zambeze Disciplina: Física II

Lição n0 1: Interação
Faculdade de Ciências e Tecnologia Gravitacional e Eléctrica
Nível 01: Segundo Semestre
Cursos: Engenharias, Eléctrica e Civil Semana: 31 – 04/08/2023
Regente: Msc. Enfraime Jaime Valoi Aula Teórica
Outros Docentes: Nenhum
Subtemas:
 Campo Gravitacional  Conservação de Carga
 Potencial Gravitacional  Condutores e Isolantes
 Carga Eléctrica
Mecânica como ciência  Lei de Coulomb
 Quantização de Carga  Sobreposição de Forças

I. Tipos de Campos
I.1. Campo Gravitacional

Isaac Newton definiu a atração gravitacional como uma força que se espalha instantaneamente
por todo o espaço e cuja intensidade depende da proximidade do corpo material que lhe deu
origem. A gravidade é a responsável por nos manter sobre solo e de manter a Terra e os outros
planetas nas suas respectivas órbitas do sistema solar, por via disso, pode-se dizer que a gravidade
controla a evolução do Universo.
Vamos considerar um sistema constituído por dois corpos de massas gravitacionais 𝑀 𝑒 𝑚,
respectivamente. A figura 1 mostra a interação destes corpos separados por uma distância 𝑟.

𝐹⃗ 𝑚
𝑟⃗
𝑀

Figura 1 Interação entre as massas gravitacionais M e m

A força de interação entre eles está dirigida ao longo da linha que une os corpos e dada pela relação
seguinte:
𝑀. 𝑚
𝐹⃗ = 𝐺 𝑟⃗ (1)
𝑟2
Onde:
 𝑟⃗- é o vector unitário
 G – constante de gravitação universal (6,67.10-11m2/s2.kg)
 Ao considerar o sentido de 𝑟⃗, então, 𝐹⃗ será negativo (sentidos opostos)

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Se ainda pela figura 1, assumirmos que o corpo 𝑚 pode variar de posição ao redor de 𝑀, então
podemos dizer que este último (𝑀), produz no espaço a sua volta um campo chamado “campo
gravitacional”, que resulta da força que 𝑀 exerce sobre 𝑚, quando colocada na região. Desta
forma definindo por 𝜏⃗, a intensidade do campo gravitacional, por via disso, o campo que 𝑀 produz
num ponto 𝑃, será:
𝐹⃗ 𝑀
𝜏⃗ = = −𝐺 2 𝑟⃗ (2)
𝑚 𝑟
A expressão (2) permite-nos concluir que 𝜏⃗, têm sentido oposto a 𝑟⃗, e, sempre aponta para
a massa que o produziu.
Para definir a unidade de medida do campo gravitacional, comparemos as expressões,
𝐹⃗ 𝐹
𝜏⃗ = (2.1) 𝑒 𝑔 = (3)
𝑚 𝑚
Feito isto, 𝜏⃗ 𝑒 𝑔 terão a mesma unidade, isto é, Newton por quilogramas (𝑁/𝑘𝑔) ou
simplesmente metros por segundos ao quadrado (𝑚/𝑠 2 ).
Consideremos agora 𝑀1 , 𝑀2 , 𝑀3 , …, com respectivos campos 𝜏⃗1 , 𝜏⃗2 , 𝜏⃗3 , …, então, a força total sobre
a partícula de massa 𝑚 em 𝑃 será,
𝐹⃗ = 𝑚(𝜏⃗1 + 𝜏⃗2 + 𝜏⃗3 + … ) (4)

I.2. Potência Gravitacional

É importante salientar que o potencial gravitacional existe em qualquer ponto onde existe
campo gravitacional, e, é definido por,
𝐸𝑝
∅= (5)
𝑚
Se 𝐸𝑝 − é a energia potencial, que é definido como, 𝐸𝑝 = 𝑚. ∅ ou 𝐸𝑝 = 𝑚𝑔ℎ, então,
𝑚𝑔ℎ
∅= ↔ ∅ = 𝑔ℎ (6)
𝑚
A energia de uma partícula em um campo gravitacional é dado por,
𝑚𝑣 2
𝐸 = 𝐸𝐶 + 𝐸𝑃 ↔𝐸= + 𝑚∅ (7)
2

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𝑀. 𝑚 𝑀
𝐸𝑃 = −𝐺 𝑒 ∅ = −𝐺 (8)
𝑟 𝑟
De relação (8), para o potencial gravitacional de n massas temos,

Procurando a relação entre a força e a energia potencial, definimos a expressão,


𝑑𝐸𝑃
𝐹=− (10)
𝑑𝑟
Combinando as relações (2.1) e (5) com (10) resulta,
𝑑(𝑚. ∅) 𝑑∅
𝑚. 𝜏⃗ = − ↔ 𝜏⃗ = − (11)
𝑑𝑟 𝑑𝑟
𝑑∅𝑥 𝑑∅𝑦 𝑑∅𝑧
𝜏𝑥 = − , 𝜏𝑦 = − 𝑒 𝜏𝑧 = − (12)
𝑑𝑥 𝑑𝑦 𝑑𝑧

II. Força Electrostática


II.1. Carga Eléctrica

Para caracterizar o estado de electrização de um corpo definimos a propriedade da matéria


chamada carga eléctrica ou simplesmente carga (𝒒).
As observações de fenómenos eléctricos remontam aos ancestrais gregos, que notaram que
atritando o âmbar ele atraia pequenos pedaços, como fragmentos de palhas ou penas. A palavra
eléctrica deriva-se da palavra grega elektron que significa âmbar. Neste tema, vamos focar o estudo
na electrostática, cargas eléctricas em repouso (ou quase em repouso).
Para melhor compreensão vamos considerar duas barras de plásticas friccionadas com pele.
Se depois de fricção aproximarmos as barras, notaremos que elas se repelem mutuamente. Mas se
aproximarmos à barra um bastão de vidro friccionado com seda, viremos que elas se atraem, e,
isto nos permite concluir que, corpos do mesmo grupo se repelem enquanto corpos de grupos
diferentes atraem-se.
Segundo Benjamin Franklin todo corpo possue uma certa quantidade normal de carga eléctrica que pode
ser transferida para outro quando estes entram em contacto. E a estas cargas, Franklin descreveu-as com mais
(positivas) e menos (negativas).
Quando a carga de um corpo é igual a zero diz-se que o corpo é electricamente neutro, e,
quando for diferente de zero é denominado ião.

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II.2. Quantização de Carga

Os protões possuem cargas positivas, os electrões carregados negativamente e os neutrões


sem cargas, assim como foi sublinhado acima, e, desta maneira, todas as cargas eléctricas
observáveis ocorrem na forma de múltiplo inteiro da unidade fundamental de carga eléctrica, isto
é, a carga é uma grandeza quantização. Desta forma, qualquer carga que ocorre na natureza pode
ser descrita analiticamente na forma,
𝑄 = ±𝑁𝑒 (13)
Onde:
𝑁 − é o número inteiro de electrões em excesso ou em défice num átomo.

Partícula Massa Quilogramas Carga Coulomb


Electrão 9,109x10-31 −𝑒
Protão 1,6723x10-27 +𝑒
Neutrão 1,6748x10-27 0

II.3. Conservação da Carga

Quando dois corpos são friccionados entre si, um deles passa a ter uma quantidade
excessiva de electrões, ficando, portanto carregado negativamente, e, o outro fica com menos
electrões, e, desta forma carregado positivamente. A carga resultante (total) permanece constante,
isto é, a carga é conservada.
No SI de unidades, uma carga é expresso em coulomb (C), que é a carga que passa pelo
condutor em um segundo quando a corrente que flui no condutor é de um ampère.

II.4. Condutores e Isolantes


Quando em um material os electrões podem se movimentar livremente de uma região para
outra, então a estes materiais denominámo-los condutores, e, quando os electrões encontram se
unidos na vizinhança do átomo e não podem se movimentar livremente, denominámo-los de
isolantes.

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II.5. Lei de Coulomb
Para estudar a força exercida por cargas em contacto, Charles Coulomb baseou-se na
balança de torção por ele inventado, e chegou ao enunciado seguinte,

 A força exercida por uma carga puntiforme sobre outra, actua na direcção da linha recta que
passa pelas cargas, proporcionalmente ao produto das suas massas e inversamente ao
quadrado da distância de separação entre as cargas.

A força definida por Coulomb, será repulsiva, se as cargas em contacto forem do mesmo
sinal e, atrativa, se as cargas forem de sinais contrários. E analiticamente, a força eléctrica exercida
por uma carga 𝑞1 sobre uma outra 𝑞2 , separadas por uma distância 𝑟, será dada na forma,
|𝑞1 |. |𝑞2 |
𝐹=𝐾 (14)
𝑟2
1 2
𝐾= = 10−7 𝑥𝐶 2 ≈ 9𝑥109 𝑁. 𝑚 ⁄𝐶 − 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝐶𝑜𝑢𝑙𝑜𝑚𝑏
4𝜋𝜀0
10−7 𝐶2
𝜀0 = 4𝜋𝐶 2 ≈ 8,85𝑥10−12 [𝑁.𝑚2 ] (constante de permissividade)

Cargas Puntiformes são aquelas contidas em corpos cujas dimensões são desprezíveis em
relação a distância que os separa.
Agora consideremos uma carga 𝑞1 na posição 𝑟⃗1 e 𝑞2 na posição 𝑟⃗2 (figura 1.1).

𝑞1 𝑟12⃗ = 𝑟2⃗ − 𝑟⃗1 𝑞2

𝑟1⃗
𝑟2⃗

Figura 1.1 Interacção de 𝑞1 sobre 𝑞2

A força 𝐹⃗12 , exercida por 𝑞1 sobre 𝑞2 estará no sentido do vector 𝑟⃗12 (orientado de
𝑞1 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑞2 ) se as cargas tiverem mesmo sinal e no sentido oposto ao do vector indicado, se as
cargas tiverem sinais também opostos e expresso na forma,
𝑞1 . 𝑞2
𝐹⃗12 = 𝐾 2
(15)
𝑟⃗12

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Onde, 𝑟̂12 − 𝑣𝑒𝑐𝑡𝑜𝑟 𝑢𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑜 𝑜𝑟𝑖𝑒𝑛𝑡𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑞1 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑞2

Agora, se levarmos em consideração a terceira Lei de Newton, associando-a com a relação


(15) conclui-se que a força exercida por 𝑞2 sobre 𝑞1 (𝐹⃗21 ) será negativa, mas do mesmo módulo

de 𝐹⃗12 .
Em geral, a Lei de Coulomb é semelhante a Lei de gravitação, diferenciando-se apenas
pelo facto de esta ser proporcional às cargas das partículas (em vez das massas) e dependendo das
cargas esta força pode ser atractiva ou repulsiva (no lugar de atractiva).

Exemplo de Aplicação

Em um átomo de hidrogénio, o electrão é separado do protão por uma distância de


aproximadamente 5,3𝑥10−11 𝑚. Determine a força electrostática de atracção exercida pelo protão
sobre o electrão.

Resolução:
|𝑞1 |. |𝑞2 | 𝐾. 𝑒 2 (9𝑥109 𝑁. 𝑚2 ⁄𝐶 )𝑥(1,6𝑥10−19 𝐶)
𝐹=𝐾 = 2 = = 8,19𝑥10−8 𝑁
𝑟2 𝑟 (5,3𝑥10−11 𝑚)2

II.6. Superposição de Forças ou Força Exercida por um Sistema de Cargas

Em um sistema de cargas, cada carga exerce sobre as demais cargas uma força dada pela
relação (14), desta forma, a força resultante sobre qualquer carga é o vector soma das forças
exercidas individualmente sobre aquela carga por todas as demais cargas presentes no sistema.
𝑛

𝐹⃗𝑟 = 𝐹⃗1 + 𝐹⃗2 + 𝐹⃗3 + 𝐹⃗4 = ∑ 𝐹⃗𝑛 (16)


𝑖=1

−𝑞2 Antes de avançar, consideremos a figura 1.2 que


𝐹⃗𝑛
mostra um conjunto de três cargas 𝑞1 , 𝑞2 𝑒 𝑞3
𝐹⃗2 arbitrariamente dispostas no espaço. Colocando uma
⃗3
Msc. 𝐹
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𝐹⃗1
carga de teste 𝑞0 nas proximidades do sistema, uma
𝑞0 força resultante actuará em 𝑞0 , e, como já foi afirmado
+𝑞3
esta será igual ao vector soma das forças individuais,
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