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Consequências
Introdução
Nessas circunstâncias, as cargas elétricas, distribuídas no espaço, dão lugar a dois campos
denominados: Potencial elétrico e Campo elétrico. Nesse caso, como veremos, eles são
inter-relacionados.
A matéria concentrada numa determinada região do espaço gera uma alteração nas
propriedades desse espaço. A alteração mais importante é denominada potencial. Assim,
uma massa gera um potencial gravitacional enquanto uma carga elétrica gera um
potencial elétrico.
O potencial elétrico é um campo que ocupa o espaço de tal forma que sua intensidade
varia com a distância do ponto em que essa partícula se encontra. Dessa forma,
escrevemos para o potencial:
V = V (r ) 2.1
onde r na expressão acima designa a distância do ponto no espaço até onde a carga
puntiforme Q se encontra.
V = V (r ,t ) 2.2
Os campos fundamentais da eletrostática e da gravitação - os potenciais - são
relacionados à energia. Isso será discutido a seguir.
Q 1 1 1
V (r ) = = kQ k = = 9 109 N.m / C2 2.3
40 r r 40
( x, y, z ) V ( x, y, z ) 2.4
2 – Unidades
1 joule J
1V = = 2.5
1 coulomb C
3 – Superfícies Equipotenciais
V ( x, y, z ) = V0 2.6
é uma superfície. Como os pontos sobre essa superfície estão todos no mesmo potencial,
tais superfícies são denominadas equipotenciais.
Figura 2.1: A superfície que contém as linhas azuis é uma “equipotencial”. Todos os seus
pontos, pertencentes ou não às linhas, possuem o mesmo potencial elétrico, ou seja, em
qualquer ponto de coordenadas x, y e z, o potencial V(x,y,z) = V0.
Superfícies equipotenciais simples são aquelas encontradas no interior de um capacitor
plano. Nesse caso as superfícies equipotenciais são paralelas às placas do capacitor (vide
figura)
Uma partícula de carga q quando se encontra numa região do espaço na qual existe um
potencial elétrico V se energiza. Assim, existe uma relação entre o potencial e a energia
potencial.
É fácil explicar a relação do potencial com a energia potencial. Para isso, consideremos
uma partícula quando se encontra num ponto de coordenadas ( x, y, z ) localizado numa
região do espaço na qual experimenta a ação de uma força conservativa. Nesse caso, a
energia mecânica é conservada. Escrevemos a energia mecânica (E) como a soma de duas
parcelas:
mv 2
E= + U ( x, y , z ) 2.7
2
mv 2
Ec = 2.8
2
Figura 2.3: Uma partícula dotada de carga adquire uma energia potencial quando
próxima de outra ou de outras.
Como se vê na expressão 2.8, a energia cinética tem a ver com o estado de movimento
do corpo (derivando daí o termo “cinética”).
Ep = U ( x, y, z ) 2.9
Observe que o fato de essa forma de energia depender da posição é o que confere a ela o
nome de energia potencial, ou seja, energia associada à posição da partícula. No caso em
que a partícula se move sob a ação de uma força elétrica, a energia potencial recebe o
nome de energia potencial eletrostática.
O potencial eletrostático, assim como o campo eletrostático, pode ser pensado como
uma propriedade da região do espaço. Essa propriedade é independente da existência de
partículas que se movam nela. Essa propriedade associada ao ponto do espaço, e que
agora está relacionada à energia da partícula, é o que denominamos Potencial Elétrico.
Uma vez que a energia potencial eletrostática não depende da partícula que se move
numa dada região do espaço, definimos o potencial eletrostático como o quociente da
energia eletrostática pela carga elétrica, isto é:
1
V ( x, y , z ) = U ( x , y , z ) 2.10
q
Figura 2.4: Ao interagir, duas cargas elétricas adquirem energia. Energia potencial.
5 – Campo elétrico
F (r ) = mg ( r ) 2.12
r
g ( r ) = −MG 2.13
r3
No caso do campo elétrico, quando uma partícula de carga q quando se encontra num
ponto de coordenadas ( x, y, z ) localizado numa região do espaço na qual existe um
potencial elétrico E ela sofre a influencia de uma força elétrica dada por:
F ( x, y, z ) = qE ( x, y, z ) 2.14
1
E ( x, y, z ) = F ( x, y , z ) 2.15
q
Como veremos depois, o campo elétrico gerado por uma partícula dotada de carga Q ,
num ponto caracterizado pelo vetor de posição r , se escreve como
Q r
E (r ) = 2.16
4 0 r 3
Figura 2.6: Uma carga elétrica na origem gera um campo elétrico no ponto P,
caracterizado pelo vetor de posição r .
Figura 2.7: Linhas de força e superfícies equipotencias produzidos por uma esfera com
excesso de cargas positivas. Figura 2.8: Esfera com excesso de cargas negativas.
As linhas de força sempre partem de uma carga positiva e sempre chegam a uma carga
negativa. O campo elétrico é tangencial à linha de força; como as linhas são curvas, o
campo elétrico muda de direção continuamente. Onde as linhas são mais concentradas, o
campo elétrico é mais intenso (no caso, mais próximo da carga positiva).
Nas Figura 2.7 a 2;9, estão desenhadas algumas linhas de força (curvas amarelas) e
algumas linhas equipotenciais (elas são perpendiculares às linhas de força).
A Figura 2.9 b representa o campo entre duas placas paralelas, com densidades de cargas
iguais, porém com sinais opostos. As linhas de força, no espaço entre as placas, são
paralelas e igualmente espaçadas (campo elétrico uniforme). As equipotenciais são as
linhas tracejadas. Os potenciais diminuem no sentido das linhas de força.
A Figura 2.10 ilustra, no plano do papel, algumas linhas de força entre duas pequenas
esferas de raios iguais e igualmente eletrizadas com cargas de sinais opostos.
Observe que as linhas saem de uma carga positiva e chegam (sempre) a uma carga
negativa. As superfícies equipotenciais são as tracejadas.
7 – A eletrostática e suas leis
São duas as leis que regem o comportamento do campo elétrico nas condições
associadas à eletrotática.
Numa das versões dessas leis, estabelecemos como os campos variam quando cargas se
acumulam em alguma região do espaço. Elas são, portanto, expressas por meio de
relações entre taxas de variação do campo produzido e a densidade de carga que deram
origem aos campos.
Na formulação que privilegia o aspecto local dos campos, a primeira lei estabelece que a
combinação de taxas de variação das componentes do campo elétrico, conhecida como
divergente do campo, é proporcional à densidade de cargas que produz o campo:
Ex E y Ez
+ + = 2.17
x y z 0
E= 2.18
0
A segunda lei especifica que o campo elétrico produzido pela distribuição estática é tal
que certa combinação de taxas de variação se anula:
E y Ex Ez E y Ex Ez
− =0 − =0 − =0 2.19
x y y z z x
E = 0 2.20
A segunda consequência diz respeito à segunda lei representada pela expressão 2.19. A
partir dela, é fácil concluir que sua “solução” é tal que o campo elétrico pode ser
expresso como o gradiente de uma função escalar, ou seja,
E ( x, y, z ) = −V ( x, y, z ) 2.21
onde V é uma função escalar, já identificada no início deste tópico como o potencial
elétrico. Assim, o conteúdo da segunda lei é basicamente estabelecer que o campo
eletrostático é um campo conservativo. Um campo para o qual vale a expressão 2.21.
A substituição da solução 2.21 em 2.18 nos leva a uma formulação da eletrostática, na
qual o problema agora passa a ser a determinação do potencial a partir da solução da
equação diferencial:
( x, y , z )
2V ( x, y, z ) = − 2.22
0
que é, em última análise, a equação fundamental da eletrostática, uma vez que ela
resulta de uma combinação das duas equações 2.18 e 2.20.
Dado que cada carga numa distribuição produz um campo elétrico, ao qual está
associado um potencial eletrostático, o problema da eletrostática se reduz ao problema
de se determinar o campo eletrostático ou o potencial, uma vez conhecida a distribuição
de cargas. Para resolver esse problema, fazemos uso do princípio da superposição.
Princípio da superposição
Q 1 Q 1
V (r ) = = 2.23
40 r − r 40 d ( P, P)
Figura 2.11: Uma carga elétrica Q no ponto P’ produz um potencial elétrico e um campo
elétrico no ponto P.
Sabemos da Geometria Euclidiana que a distância entre dois pontos do espaço pode
depender das coordenadas desses pontos, de acordo com a expressão:
d ( P, P ) = ( x − x ) + ( y − y ) + ( z − z )
2 2 2
2.25
Figura 2.12. Uma distribuição discreta de cargas produz num ponto P, um potencial e um
campo elétricos ambos obtidos pelo princípio da superposição.
Assim, o potencial produzido por N cargas, cujos valores são Q1, Q2, Q3, ... QN,
localizadas em r1, r2 , r3 , rN , é dado pela soma dos potenciais produzidos pelas cargas
elétricas individuais:
N
Qi
V (r ) =
1
2.27
i =1 40 r − ri
+ ( y − yi ) + ( z − zi )
i =1 2 2 2 2
i
Figura 2.13. Carga elétrica num ponto Pi , gera um potencial e um campo elétrico em
outro ponto P .
1 N 1 1 N 1
dV ( r ) =
40 i =1 r − ri
dqi =
40 i =1 r − ri
i ( ri) dVi 2.31
1 N r − ri 1 N r − ri
dE ( r ) =
40 i =1 r − ri 3
dqi = −
40 i =1 r − ri 3
i ( ri) dVi
2.32
A partir daí consideramos o limite quando N tende a infinito, definindo assim uma
integral de volume. Assim, definimos o potencial no ponto P( x, y, z ) como sendo
1 N 1
V ( x, y, z ) = lim
N → 4
i ( ri) dVi 2.33
0 i =1 r − ri
1 N r − ri
E ( r ) = lim
N → 4
i =1 r − r
3 i( i)
r dVi 2.34
0 i
Esse limite, tomado de tal forma que a carga total permaneça a mesma, define assim
uma integral de volume. Assim, para uma distribuição volumétrica de massa, o campo e
o potencial eletrostáticos são dados pelas integrais de volume:
o potencial gerado por tal distribuição no ponto r será dado pela integral de volume:
onde a integral de volume deve ser efetuada sobre o volume V que contém a distribuição
de cargas.
A integral agora deve ser efetuada como uma soma sobre as contribuições de todos os
pontos da superfície que contêm a distribuição.
Figura 2.14. Cargas elétricas podem ser encontradas em superfícies.
O caso de uma distribuição linear de cargas é uma simples extensão dos resultados
anteriores. Definimos, primeiramente, a densidade linear de cargas
dQ
= 2.38
dl
Com respeito ao campo elétrico, basta aplicar a definição 2.34, ou utilizar a relação entre
campo elétrico e o potencial elétrico apresentada na equação 2.43 nas expressões 2.35 –
2.37. Por exemplo, o campo elétrico de uma distribuição volumétrica pode ser escrito
como a integral sobre o volume da distribuição:
1 r − r
E ( x, y, z ) = r − r ( r )dV 2.40
40 V
3
Conquanto se possa definir o campo elétrico a partir do conceito de força, ele pode,
igualmente, ser definido a partir do conceito matemático de derivada parcial, isto é, esse
campo pode ser definido a partir da operação denominada gradiente.
Dada uma função escalar ou campo escalar, V ( r ) , podemos construir um campo vetorial
a partir desse campo escalar, tomando derivadas parciais desse campo escalar e
multiplicando essas derivadas por versores. A essa operação denominamos aplicar o
operador gradiente à função escalar. Assim, definimos o operador gradiente (símbolo )
como aquele que, aplicado sobre uma função escalar, leva a um campo vetorial definido
através da identidade:
V ( x, y, z ) V ( x, y, z ) V ( x, y , z )
V ( x, y, z ) = i+ j+ k 2.42
x y z
E ( x, y, z ) = −V ( x, y, z ) 2.43
13 – Diferenças de Potencial
Uma variação infinitesimal é definida como a diferença da função para pontos do espaço
muito próximos. Para escrever uma expressão para a variação infinitesimal,
consideremos a variação:
V = V ( r + r ) − V ( r ) 2.44
Donde concluímos, pela definição do gradiente, que para valores infinitesimais dos
deslocamentos podemos escrever:
( )
dV = V dr 2.46
dV = V (r ) − V (r
A
B A ) 2.47
(V ) dr = − E dr
A A
2.48
Donde inferimos, a partir de 2.48 e 2.47, que a força elétrica é uma força conservativa,
uma vez que a sua integral ao longo de um caminho não depende deste. Depende apenas
de uma função (a energia potencial) calculada nos seus extremos. Escrevemos:
B B