Você está na página 1de 17

02 – Leis da eletrostática e Suas

Consequências
Introdução

A eletrostática é a área do eletromagnetismo em que se estuda o comportamento e as


consequências de uma distribuição estática de cargas (situação na qual as cargas elétricas
estão em repouso e, consequentemente, em equilíbrio). Esse é o sentido do termo
estática agregado à palavra eletro.

Nessas circunstâncias, as cargas elétricas, distribuídas no espaço, dão lugar a dois campos
denominados: Potencial elétrico e Campo elétrico. Nesse caso, como veremos, eles são
inter-relacionados.

1 – O Campo denominado Potencial Elétrico

A matéria concentrada numa determinada região do espaço gera uma alteração nas
propriedades desse espaço. A alteração mais importante é denominada potencial. Assim,
uma massa gera um potencial gravitacional enquanto uma carga elétrica gera um
potencial elétrico.

Em particular, uma partícula puntiforme de carga Q gera um potencial, nesse caso


denominado potencial eletrostático, que é essencial para determinar o potencial elétrico
gerado por uma coleção de cargas puntiformes.

O potencial elétrico é um campo que ocupa o espaço de tal forma que sua intensidade
varia com a distância do ponto em que essa partícula se encontra. Dessa forma,
escrevemos para o potencial:

V = V (r ) 2.1

onde r na expressão acima designa a distância do ponto no espaço até onde a carga
puntiforme Q se encontra.

O potencial, quer seja elétrico ou gravitacional, é um campo escalar e será representado


pela letra V . Existem situações em que o campo eletrostático varia com os pontos do
espaço bem como com o tempo. Assim, geralmente, escrevemos:

V = V (r ,t ) 2.2
Os campos fundamentais da eletrostática e da gravitação - os potenciais - são
relacionados à energia. Isso será discutido a seguir.

O potencial gerado por uma partícula puntiforme de carga Q localizada na origem, e a


uma distância r da mesma, é dado por:

Q 1 1  1 
V (r ) = = kQ k = = 9  109 N.m / C2  2.3
40 r r  40 

Cargas em repouso dão origem a um potencial elétrico. Fazemos assim a associação:

 ( x, y, z )  V ( x, y, z ) 2.4

2 – Unidades

A unidade de potencial no sistema MKSA é o volt, cujo símbolo é V.

1 joule J
1V = = 2.5
1 coulomb C

3 – Superfícies Equipotenciais

O lugar geométrico dos pontos do espaço para os quais o potencial é constante

V ( x, y, z ) = V0 2.6

é uma superfície. Como os pontos sobre essa superfície estão todos no mesmo potencial,
tais superfícies são denominadas equipotenciais.

Figura 2.1: A superfície que contém as linhas azuis é uma “equipotencial”. Todos os seus
pontos, pertencentes ou não às linhas, possuem o mesmo potencial elétrico, ou seja, em
qualquer ponto de coordenadas x, y e z, o potencial V(x,y,z) = V0.
Superfícies equipotenciais simples são aquelas encontradas no interior de um capacitor
plano. Nesse caso as superfícies equipotenciais são paralelas às placas do capacitor (vide
figura)

Figura 2.2: Superfícies equipotenciais de um capacitor plano.

4 – Energia Potencial Elétrica

Uma partícula de carga q quando se encontra numa região do espaço na qual existe um
potencial elétrico V se energiza. Assim, existe uma relação entre o potencial e a energia
potencial.

É fácil explicar a relação do potencial com a energia potencial. Para isso, consideremos
uma partícula quando se encontra num ponto de coordenadas ( x, y, z ) localizado numa
região do espaço na qual experimenta a ação de uma força conservativa. Nesse caso, a
energia mecânica é conservada. Escrevemos a energia mecânica (E) como a soma de duas
parcelas:

mv 2
E= + U ( x, y , z ) 2.7
2

O primeiro termo é denominado energia cinética e depende do quadrado da velocidade


da partícula e da sua massa:

mv 2
Ec = 2.8
2
Figura 2.3: Uma partícula dotada de carga adquire uma energia potencial quando
próxima de outra ou de outras.

Como se vê na expressão 2.8, a energia cinética tem a ver com o estado de movimento
do corpo (derivando daí o termo “cinética”).

A segunda contribuição para a energia mecânica é a energia potencial, a qual escrevemos


sob a forma:

Ep = U ( x, y, z ) 2.9

Observe que o fato de essa forma de energia depender da posição é o que confere a ela o
nome de energia potencial, ou seja, energia associada à posição da partícula. No caso em
que a partícula se move sob a ação de uma força elétrica, a energia potencial recebe o
nome de energia potencial eletrostática.

O potencial eletrostático, assim como o campo eletrostático, pode ser pensado como
uma propriedade da região do espaço. Essa propriedade é independente da existência de
partículas que se movam nela. Essa propriedade associada ao ponto do espaço, e que
agora está relacionada à energia da partícula, é o que denominamos Potencial Elétrico.

Uma vez que a energia potencial eletrostática não depende da partícula que se move
numa dada região do espaço, definimos o potencial eletrostático como o quociente da
energia eletrostática pela carga elétrica, isto é:

1
V ( x, y , z ) = U ( x , y , z ) 2.10
q

Em outras palavras, o potencial eletrostático é dado pela razão entre a energia


eletrostática e a carga da partícula. E isso assegura que tal função não dependa da
existência de partículas que se movam no espaço.

Temos, através da análise do potencial eletrostático, uma nova forma de encarar os


fenômenos. Isso significa que podemos fazer várias inferências sobre o movimento sem
considerar as forças que agem sobre as partículas.
Como veremos depois, o potencial elétrico gerado por uma partícula dotada de carga Q ,
num ponto caracterizado pelo vetor de posição r , se escreve como:
Q 1
V (r ) = 2.11
4 0 r

Figura 2.4: Ao interagir, duas cargas elétricas adquirem energia. Energia potencial.

5 – Campo elétrico

Pode-se pensar a alteração do espaço como resultado da existência de objetos dotados


dos atributos massa e carga elétrica, como sendo associadas a outro campo, denominado
campo gravitacional (no caso da massa) e campo elétrico (no caso das cargas elétricas).
Nesse caso, a alteração não diz respeito à energia, mas pode ser constatada pela
existência de forças sobre outras partículas próximas deles.

Como consequência da existência de tais campos uma partícula de massa m, localizada


num ponto dado pelo vetor de posição r , experimenta uma força dada por:

F (r ) = mg ( r ) 2.12

De acordo com a lei de Newton, uma partícula puntiforme de massa M, localizada na


origem de um sistema de coordenadas, produz, num ponto cujo vetor de posição é r , um
campo gravitacional num ponto cujo vetor de posição é expresso por:

r
g ( r ) = −MG 2.13
r3

No caso de uma distribuição de massas, devemos fazer uso do princípio da superposição


e, nesse caso, g ( r ) é o campo gravitacional produzido pelas partículas que compõem a
matéria.
Figura 2.5: O campo gravitacional da Terra e as superfícies equipotenciais.

No caso do campo elétrico, quando uma partícula de carga q quando se encontra num
ponto de coordenadas ( x, y, z ) localizado numa região do espaço na qual existe um
potencial elétrico E ela sofre a influencia de uma força elétrica dada por:

F ( x, y, z ) = qE ( x, y, z ) 2.14

Portanto o campo elétrico pode ser determinado experimentalmente a partir da força


elétrica que uma carga puntiforme de carga q experimenta. Escrevemos:

1
E ( x, y, z ) = F ( x, y , z ) 2.15
q

Como veremos depois, o campo elétrico gerado por uma partícula dotada de carga Q ,
num ponto caracterizado pelo vetor de posição r , se escreve como
Q r
E (r ) = 2.16
4 0 r 3
Figura 2.6: Uma carga elétrica na origem gera um campo elétrico no ponto P,
caracterizado pelo vetor de posição r .

Campo elétrico  Força Grandezas vetoriais

Potencial elétrico  Energia Grandezas escalares

6 – Linhas de campo do Campo Elétrico


Linha de força é uma linha que, quando traçamos a tangente a essa linha por um
determinado ponto, nos dá a direção do campo elétrico nesse ponto do espaço.

Como o operador gradiente dá a direção da normal (linha perpendicular) a qualquer


superfície equipotencial, as linhas de força são sempre perpendiculares às
equipotenciais.

Convencionou-se representar a intensidade do campo através do adensamento das


linhas de força. Quanto maior a densidade das linhas de força, tanto maior é a
intensidade do campo naquela região.

Figura 2.7: Linhas de força e superfícies equipotencias produzidos por uma esfera com
excesso de cargas positivas. Figura 2.8: Esfera com excesso de cargas negativas.
As linhas de força sempre partem de uma carga positiva e sempre chegam a uma carga
negativa. O campo elétrico é tangencial à linha de força; como as linhas são curvas, o
campo elétrico muda de direção continuamente. Onde as linhas são mais concentradas, o
campo elétrico é mais intenso (no caso, mais próximo da carga positiva).

Nas Figura 2.7 a 2;9, estão desenhadas algumas linhas de força (curvas amarelas) e
algumas linhas equipotenciais (elas são perpendiculares às linhas de força).

Figura 2.9: Exemplo de linhas de força (no plano).

A Figura 2.9 b representa o campo entre duas placas paralelas, com densidades de cargas
iguais, porém com sinais opostos. As linhas de força, no espaço entre as placas, são
paralelas e igualmente espaçadas (campo elétrico uniforme). As equipotenciais são as
linhas tracejadas. Os potenciais diminuem no sentido das linhas de força.

Figura 2.10: Linhas de força de duas cargas elétricas de sinais opostos.

A Figura 2.10 ilustra, no plano do papel, algumas linhas de força entre duas pequenas
esferas de raios iguais e igualmente eletrizadas com cargas de sinais opostos.

Observe que as linhas saem de uma carga positiva e chegam (sempre) a uma carga
negativa. As superfícies equipotenciais são as tracejadas.
7 – A eletrostática e suas leis

São duas as leis que regem o comportamento do campo elétrico nas condições
associadas à eletrotática.

Numa das versões dessas leis, estabelecemos como os campos variam quando cargas se
acumulam em alguma região do espaço. Elas são, portanto, expressas por meio de
relações entre taxas de variação do campo produzido e a densidade de carga que deram
origem aos campos.

Na formulação que privilegia o aspecto local dos campos, a primeira lei estabelece que a
combinação de taxas de variação das componentes do campo elétrico, conhecida como
divergente do campo, é proporcional à densidade de cargas que produz o campo:

Ex E y Ez 
+ + = 2.17
x y z 0

Utilizando a definição do operador gradiente, escrevemos essa lei, resumidamente, como


E= 2.18
0

A segunda lei especifica que o campo elétrico produzido pela distribuição estática é tal
que certa combinação de taxas de variação se anula:
E y Ex Ez E y Ex Ez
− =0 − =0 − =0 2.19
x y y z z x

As condições acima podem ser escritas de forma resumida como:

 E = 0 2.20

A segunda consequência diz respeito à segunda lei representada pela expressão 2.19. A
partir dela, é fácil concluir que sua “solução” é tal que o campo elétrico pode ser
expresso como o gradiente de uma função escalar, ou seja,

E ( x, y, z ) = −V ( x, y, z ) 2.21

onde V é uma função escalar, já identificada no início deste tópico como o potencial
elétrico. Assim, o conteúdo da segunda lei é basicamente estabelecer que o campo
eletrostático é um campo conservativo. Um campo para o qual vale a expressão 2.21.
A substituição da solução 2.21 em 2.18 nos leva a uma formulação da eletrostática, na
qual o problema agora passa a ser a determinação do potencial a partir da solução da
equação diferencial:

 ( x, y , z )
 2V ( x, y, z ) = − 2.22
0

que é, em última análise, a equação fundamental da eletrostática, uma vez que ela
resulta de uma combinação das duas equações 2.18 e 2.20.

8 – Consequências das leis

Dado que cada carga numa distribuição produz um campo elétrico, ao qual está
associado um potencial eletrostático, o problema da eletrostática se reduz ao problema
de se determinar o campo eletrostático ou o potencial, uma vez conhecida a distribuição
de cargas. Para resolver esse problema, fazemos uso do princípio da superposição.

Princípio da superposição

Os campos e potenciais de um conjunto de cargas são iguais à soma


(ou integral) dos campos produzidos por pequenos pedaços (ou pelas
cargas individuais).

9 – Campos Gerados por uma Carga Elétrica em Repouso

Para o bom entendimento do caso geral, consideremos uma partícula de carga Q,


localizada num ponto Pʹ do espaço caracterizado pelo vetor de posição r  de
coordenadas (xʹ, yʹ, z'). Essa partícula gera um campo potencial elétrico de tal forma que,
num ponto P cujo vetor posição é r (coordenadas (x, y, z)), ele pode ser escrito como:

Q 1 Q 1
V (r ) = = 2.23
40 r − r  40 d ( P, P)

onde r − r  = d ( P, P ) é a distância entre os pontos P e P' (veja Figura 2.11), e ε0 é a


permissividade do vácuo. Se a mesma partícula estiver embebida num meio material
(como a água) caracterizado por uma permissividade ε, a expressão acima é, agora, dada
por:
Q 1 Q 1
V (r ) = = 2.24
4 r − r  4 d ( P, P)

O resultado expresso em (2.23) pode ser deduzido da equação de Poisson. No entanto, o


método empregado não é ensinado nesse nível, pois envolve o método das funções de
Green, o qual é ensinado num nível um pouco acima de um nível introdutório.

Figura 2.11: Uma carga elétrica Q no ponto P’ produz um potencial elétrico e um campo
elétrico no ponto P.

De agora em diante, admitiremos que o meio em que a partícula se encontra seja o


vácuo. Lembramos no entanto que se considerarmos um meio qualquer, basta substituir,
nas fórmulas seguintes, o valor da permissividade do vácuo pela constante denominada
permissividade do meio, ε.

Sabemos da Geometria Euclidiana que a distância entre dois pontos do espaço pode
depender das coordenadas desses pontos, de acordo com a expressão:

d ( P, P ) = ( x − x ) + ( y − y ) + ( z − z  )
2 2 2
2.25

Assim, podemos expressar o potencial elétrico produzido no ponto de coordenadas (x, y,


z), devido à existência de uma carga puntiforme localizada no ponto de coordenadas (x',
y', z') como função das coordenadas desses dois pontos, ou seja, substituindo 2.25 em
2.23, o potencial no ponto P(x,y,z) pode ser escrito assim:
Q 1
V ( x, y.z ) = 2.26
40 ( x − x ) + ( y − y  ) + ( z − z  )
2 2 2
10 – Campos produzidos por uma distribuição discreta de cargas

O princípio da superposição assegura que o potencial eletrostático, quer seja de uma


distribuição discreta ou contínua de cargas, é dado pela soma dos potenciais produzidos
pelas partes.

Figura 2.12. Uma distribuição discreta de cargas produz num ponto P, um potencial e um
campo elétricos ambos obtidos pelo princípio da superposição.

Assim, o potencial produzido por N cargas, cujos valores são Q1, Q2, Q3, ... QN,
localizadas em r1, r2 , r3 , rN , é dado pela soma dos potenciais produzidos pelas cargas
elétricas individuais:
N
Qi
V (r ) = 
1
2.27
i =1 40 r − ri

o qual, quando expresso em termos das componentes, se escreve como:


N
Qi
V ( x, y , z ) = 
1
2.28
40
(( x − x ) )
1

+ ( y − yi ) + ( z − zi )
i =1 2 2 2 2
i

O campo elétrico, derivado da expressão acima, é dado por


N
Qi r − ri
E (r ) =  2.29
i =1 4 0 r − ri
3

Como podemos constatar, as expressões para o potencial eletrostático que resulta de


uma distribuição estática de cargas são mais simples do que a dos campos, pois nesse
caso estamos falando de uma grandeza escalar. Temos, no caso do potencial, apenas um
campo escalar e não um campo vetorial com três componentes.
11 – Potencial e Campo produzidos por uma distribuição contínua de
cargas elétricas

Para uma distribuição contínua de cargas, aplicamos o princípio da superposição,


considerando as contribuições associadas a volumes infinitesimais da distribuição de
cargas e, então, efetuando a soma. Como resultado, se a distribuição volumétrica for
caracterizada pela densidade ρ(x, y, z),

Assim, fazemos uma partição do volume no qual se encontram as cargas elétricas em


pequenos elementos de volume. Seja N o número de partições do volume. O i-ésimo
volume se encontra num ponto caracterizado pelo vetor r i e contem uma carga dqi (vide
figura), onde a carga total é
N
Q =  dqi 2.30
i =1

Figura 2.13. Carga elétrica num ponto Pi , gera um potencial e um campo elétrico em
outro ponto P .

O potencial gerado por esse pequeno elemento de volume localizado em Pi ( xi , yi , zi ) , num


ponto de coordenadas ( x, y, z ) é dado por:

1 N 1 1 N 1
dV ( r ) = 
40 i =1 r − ri
dqi = 
40 i =1 r − ri
i ( ri) dVi 2.31

Enquanto que o campo elétrico é

1 N r − ri 1 N r − ri
dE ( r ) = 
40 i =1 r − ri 3
dqi = − 
40 i =1 r − ri 3
i ( ri) dVi
2.32
A partir daí consideramos o limite quando N tende a infinito, definindo assim uma
integral de volume. Assim, definimos o potencial no ponto P( x, y, z ) como sendo

1 N 1
V ( x, y, z ) = lim
N → 4
  i ( ri) dVi 2.33
0 i =1 r − ri

Enquanto o campo elétrico é definido pelo mesmo processo limite

1 N r − ri
E ( r ) = lim
N → 4

i =1 r − r 
3 i( i)
 r  dVi 2.34
0 i

Esse limite, tomado de tal forma que a carga total permaneça a mesma, define assim
uma integral de volume. Assim, para uma distribuição volumétrica de massa, o campo e
o potencial eletrostáticos são dados pelas integrais de volume:

o potencial gerado por tal distribuição no ponto r será dado pela integral de volume:

1  ( x, y, z ) 1  ( r)


V ( x, y, z ) =  dxdydz   r − r dV  2.35
40 40
( ( x − x ) + ( y − y  ) + ( z − z  ) )
1
V 2 2 2 2 V

onde a integral de volume deve ser efetuada sobre o volume V que contém a distribuição
de cargas.

Para o caso de cargas distribuídas ao longo de uma superfície, caracterizada pela


densidade superficial e distribuição superficial σ,
dQ
= 2.36
dS

o potencial gerado por uma tal distribuição é dado por:

1  ( x, y, z ) 1  ( r)


V ( x, y, z ) =  dS    dS  2.37
40 40 r − r
( ( x − x ) + ( y − y  ) + ( z − z  ) )
1
S 2 2 2 2 S

A integral agora deve ser efetuada como uma soma sobre as contribuições de todos os
pontos da superfície que contêm a distribuição.
Figura 2.14. Cargas elétricas podem ser encontradas em superfícies.

O caso de uma distribuição linear de cargas é uma simples extensão dos resultados
anteriores. Definimos, primeiramente, a densidade linear de cargas
dQ
= 2.38
dl

O potencial no ponto r agora se escreve, em função da densidade linear  , como sendo a


integral:

1  ( x, y, z ) 1  ( r)


V ( x, y, z ) =  dl    r − r dl  2.39
40 40
( ( x − x ) + ( y − y  ) + ( z − z  ) )
1
 2 2 2 2 

Figura 2.15. Cargas podem se concentrar ao longo de linhas.

Com respeito ao campo elétrico, basta aplicar a definição 2.34, ou utilizar a relação entre
campo elétrico e o potencial elétrico apresentada na equação 2.43 nas expressões 2.35 –
2.37. Por exemplo, o campo elétrico de uma distribuição volumétrica pode ser escrito
como a integral sobre o volume da distribuição:

1 r − r
E ( x, y, z ) =  r − r  ( r )dV  2.40
40 V
3

enquanto o campo elétrico de uma distribuição superficial é dado por:


1 r − r
E ( x, y , z ) =  r − r  ( r)dS  2.41
40 S
3

12 – Relação entre potencial elétrico e o campo elétrico

Conquanto se possa definir o campo elétrico a partir do conceito de força, ele pode,
igualmente, ser definido a partir do conceito matemático de derivada parcial, isto é, esse
campo pode ser definido a partir da operação denominada gradiente.

Dada uma função escalar ou campo escalar, V ( r ) , podemos construir um campo vetorial
a partir desse campo escalar, tomando derivadas parciais desse campo escalar e
multiplicando essas derivadas por versores. A essa operação denominamos aplicar o
operador gradiente à função escalar. Assim, definimos o operador gradiente (símbolo  )
como aquele que, aplicado sobre uma função escalar, leva a um campo vetorial definido
através da identidade:
V ( x, y, z ) V ( x, y, z ) V ( x, y , z )
V ( x, y, z ) = i+ j+ k 2.42
x y z

Denominamos campo elétrico a grandeza associada às taxas de variação do potencial


elétrico, ou seja:

E ( x, y, z ) = −V ( x, y, z ) 2.43

O campo elétrico é, portanto, um campo derivado do potencial.

13 – Diferenças de Potencial

Quando existem diferenças de potencial numa determinada região, criam-se condições


para o movimento de cargas nelas localizadas. Consideremos diferenças de potenciais
bem pequenas, ou seja, consideremos variações infinitesimais.

Uma variação infinitesimal é definida como a diferença da função para pontos do espaço
muito próximos. Para escrever uma expressão para a variação infinitesimal,
consideremos a variação:

V = V ( r + r ) − V ( r ) 2.44

e analisemos em seguida o comportamento dessa variação para valores infinitesimais dos


deslocamentos. Nesse caso, podemos escrever a variação infinitesimal sob a forma:
V V V
dV ( x, y, z ) = dx + dy + dz 2.45
x y z

Donde concluímos, pela definição do gradiente, que para valores infinitesimais dos
deslocamentos podemos escrever:

( )
dV = V  dr 2.46

Outra propriedade importante em relação à variação infinitesimal é a integral do lado


esquerdo da equação 2.46 dar a variação do potencial entre dois pontos, isto é:
B

 dV = V (r ) − V (r
A
B A ) 2.47

Por outro lado, de 2.47, segue-se que:


B B

 (V )  dr = − E  dr
A A
2.48

Donde inferimos, a partir de 2.48 e 2.47, que a força elétrica é uma força conservativa,
uma vez que a sua integral ao longo de um caminho não depende deste. Depende apenas
de uma função (a energia potencial) calculada nos seus extremos. Escrevemos:
B B

 qE  dr =  F  dr = −qV (rB ) + qV (rA )


A A
2.49

Figura 2.16. Qual é a diferença de potencial entre as placas de um capacitor?

Você também pode gostar