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MODELAGEM GEOFÍSICA

ELETROMAGNÉTICA 1D

Luiz Rijo
Cícero Régis

Belém
Setembro, 2021.
Sumário

1 Introdução 4

2 Ondas Planas 11
2.1 Meio homogêneo, isotrópico e ilimitado . . . . . . . . . . . . . 11
2.2 Meio constituído por dois semiespaços . . . . . . . . . . . . . 16
2.2.1 Modo TM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.2.2 Modo TE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.2.3 Impedância e admitância de superfície . . . . . . . . . 21
2.2.4 Aplicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.3 Meios estratificados horizontais . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.3.1 Modo TM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.3.2 Modo TE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.4 Profundidade de penetração (Skin depth) . . . . . . . . . . . . 29
2.5 Modelagem de sondagens magnetotelúricas . . . . . . . . . . . 32

3 Linha Infinita de Corrente 38


3.1 Meio homogêneo, isotrópico e ilimitado. . . . . . . . . . . . . 40
3.2 Meio constituído por dois semi-espaços . . . . . . . . . . . . . 44
3.3 Meios estratificados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3.4 Avaliação das integrais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
3.4.1 Solução analítica para o modelo de um semi-espaço
condutivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
3.4.2 Avaliação numérica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

2
SUMÁRIO 3

4 Espira Circular 60
4.1 Meio homogêneo, isotrópico e ilimitado. . . . . . . . . . . . . 61
4.2 Meio constituído por dois semi-espaços . . . . . . . . . . . . . 65
4.3 Meio estratificado horizontal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
4.4 Avaliação das integrais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
4.5 Aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

5 Dipolo Magnético Vertical 84


5.1 Meio homogêneo, isotrópico, ilimitado . . . . . . . . . . . . . 86
5.2 Meio constituído por dois semi-espaços . . . . . . . . . . . . . 87
5.3 Meios Estratificados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
5.4 Soluções exatas para o modelo de um semi-espaço condutivo . 90
5.5 Avaliação numérica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
5.5.1 Avaliação das integrais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
5.5.2 Aplicações Eφ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
5.5.3 Aplicações Hr . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
5.5.4 Aplicações Hz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107

6 Potenciais de Schelkunoff 111


6.1 Princípio da dualidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
6.2 Potencial A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
6.3 Potencial F . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
6.4 Meios estratificados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
6.5 Dipolo Magnético Vertical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120

7 Dipolo Magnético Horizontal 123


7.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123
7.2 Meio estratificado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
7.2.1 Semi-espaço condutivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127

Referências Bibliográficas 134


1
Introdução

Os Métodos Geofísicos Eletromagnéticos consistem em várias técnicas para


se determinar a distribuição geométrica das propriedades eletromagnéticas
na sub-superfície para fins de estudos geológicos, sejam eles na prospecção
mineral, na exploração de hidrocarbonetos ou de água subterrânea, em es-
tudos ambientais, em geotectônica ou em qualquer outra aplicação.
Há várias maneiras de se classificar os sistemas elétricos e eletromagné-
ticos usados na prática. A mais simples é subdividi-los em dois grandes
grupos: os métodos galvânicos e os métodos indutivos. Os primeiros, cha-
mados de Métodos Elétricos, usam correntes estacionárias e os segundos,
empregam correntes alternadas ou transientes. No primeiro grupo estão, por
exemplo, os métodos da resistividade e da polarização induzida. No segundo
grupo, denominado de Métodos Eletromagnéticos, incluem-se os métodos
Magnetotelúrico, Audio-Magnetotelúrico, VLF (Very low frequencies), Tu-
ram, Slingram, TEM (Transient electromagnetics), GPR (Ground Penetra-
ting Radar) entre outros. As técnicas de perfis elétricos de poços não são,
normalmente, incluídas na classificação tradicional dos métodos elétricos e
eletromagnéticos. Em outras palavras, elas formam uma família à parte.
Um outro modo, muito comum, de se classificar os métodos elétricos
e eletromagnéticos é agrupá-los de acordo com o tipo de aplicações a que
se destinam. Por exemplo, os métodos de resistividade são normalmente
empregados na prospecção de água subterrânea. O método Slingram é usado
na exploração mineral. O magnetotelúrico em estudos geotectônicos e na
pesquisa de hidrocarbonetos em grandes bacias sedimentares. O GPR, por
sua vez, em estudos ambientais e nas demais aplicações da chamada geofísica
rasa.

4
5

Não obstante as vantagens da classificação tradicional dos métodos elé-


tricos e eletromagnéticos, ela tem a grande inconveniência de ofuscar a teoria
básica unificada que está por trás de cada um dos métodos.
A classificação adotada neste livro segue a premissa óbvia que todos os
métodos elétricos e eletromagnéticos têm como fundamento a teoria eletro-
magnética de Maxwell. Visto desta maneira, é desnecessária a subdivisão
rígida em métodos elétricos e eletromagnéticos. Por motivo histórico, conti-
nuaremos adotando esta terminologia, mas é bom ter em mente que eles têm
a mesma base teórica, salvo pequenos detalhes.
O fundamento teórico dos métodos elétricos e eletromagnéticos se resume
na identificação das simetrias entre o campo gerado pelo transmissor, a forma
do receptor e a estrutura do meio geológico. A situação mais simples cor-
responde a ondas planas incidindo em meios estratificados horizontalmente.
No caso de ondas mais complexas, por exemplo, aquelas geradas por um
dipolo magnético, o problema se resume ao das ondas planas por meio de
transformadas integrais (Fourier e Hankel, por exemplo).
Este volume trata exclusivamente do cálculo dos campos de fontes geo-
físicas eletromagntéticas em meios estratificados, que denominaremos 1D. A
Figura 1.1 ilustra esquematicamente um modelo típico, que será usado repe-
tidamente ao longo de todo o livro. No topo do modelo está um semi-espaço
infinito que geralmente representa o ar. As fontes geofísicas, na maioria dos
casos ficam no ar ou na superfície da Terra. As exceções são as ferramentas
da Geofísica de Poços, que levam fontes e receptores para pontos no inte-
rior das camadas da Terra, e os métodos de fontes controladas aplicados no
fundo do mar. Abaixo do semi-espaço que representa o ar, está uma sequên-
cia de camadas horizontais homogêneas de espessuras finitas, que terminam
em outro semi-espaço infinito.
Este modelo geral é bastante simplificado em relação à real situação nos
meios geológicos. Entretanto, existem boas razões para estudarmos o meio
estratificado: o problema do cálculo do campo eletromagnético em meios 1D
é relativamente simples e serve como uma ótima base para a aprendizagem
dos métodos matemáticos necessários para o eletromagnetismo. O estudo
destes problemas traz uma boa compreensão dos processos envolvidos na
propagação e na interação dos campos com os meios condutores e oferece
insights que serão essenciais no estudo de casos mais gerais. A física envolvida
no problema do meio estratificado é a base fundamental para o estudo de
modelos 2D e 3D, mas nestes o tratamento numérico necessário é muito
mais desafiador para os estudantes. A intuição física ganha no estudo do
meio estratificado contribui sobremaneira para que eles não percam o foco
ao ter que empregar um tempo longo no desenvolvimento matemático e na
6 1 Introdução

y σ0 μ0 ε0
z0
σ1 μ1 ε1 h1
z1
σ2 μ2 ε2 h2
z2
z

zj - 2
σj-1 μj-1 εj-1 hj - 1
zj - 1
σj μj εj hj
zj

zN - 2
σN-1 μN-1 εN-1 hN - 1
zN - 1
σN μN εN

Figura 1.1: Modelo 1D típico usado nos métodos geofísicos eletromagnéticos,


ou meio estratificado.

programação computacional para os casos mais avançados. Por outro lado,


vários dos métodos numéricos empregados para o estudo de modelos 2D e 3D
separam o campo total procurado em uma parte primária, que é a solução do
meio estratificado, e uma parte secundária, que é a diferença entre o campo
total e o primário. Na formulação das equações diferenciais ou integrais para
estes problemas, as soluções do meio estratificado entram como fontes para as
equações que devem ser resolvidas para os campos secundários. Sendo assim,
as respostas do meio 1D são parte integrante fundamental nos problemas
mais gerais.
O transmissor T supre energia eletromagnética ao meio geológico. O
receptor R capta as informações sobre o meio na forma de campo elétrico
ou magnético. Tanto o transmissor quanto o receptor podem ser dipolos
magnéticos, dipolos elétricos, bobinas, etc. localizados na superfície do ter-
reno, dentro de poços, transportados em aeronaves, dependendo da técnica
geofísica em questão. Até mesmo sistemas de correntes elétricas na ionos-
fera podem servir como agente gerador de ondas eletromagnéticas usadas em
geofísica.
Como em todo estudo de aplicação do eletromagnetismo, iniciamos pelas
equações de Maxwell. No domínio do tempo, vamos representar o campo
elétrico por e(x, y, z, t), o campo magnético por h(x, y, z, t) e o vetor densi-
7

dade de corrente de condução j(x, y, z, t). As equações de Maxwell, então,


são escritas, no Sistema Internacional de unidades (SI), como

∇ · ( e) = ρv , (1.1a)
∂(µh)
∇×e=− , (1.1b)
∂t
∇ · (µ h) = 0, (1.1c)
∂(e)
∇×h=j+ , (1.1d)
∂t
em que usamos as representações tradicionais das propriedades eletromagné-
ticas dos meios:  é a permissividade elétrica (F/m) e µ é a permeabilidade
magnética (H/m). Estas equações são complementadas com as equações
constitutivas, que descrevem as relações entre os campos e o meio material
e das quais daremos o maior destaque para a Lei de Ohm

j = σe, (1.2)

em que σ é a condutividade do meio (S/m).


Na equação (1.1a), o símbolo ρv representa a densidade volumétrica de
carga elétrica. Nos meios condutores, dos quais trataremos neste livro, qual-
quer concentração volumétrica de carga elétrica se dissipa em um tempo
extremamente curto (Stratton, 1941, pp. 15-16), de modo que para os fins
das aplicações em Geofísica consideraremos sempre ρv = 0, ou seja:

∇ · ( e) = 0. (1.3)

Seguindo a prática adotada na maioria das aplicações de métodos ele-


tromagnéticos em Geofísica, neste volume todas as formulações, bem como
a interpretação dos resultados, serão feitas no domínio da frequência. As
importantes aplicações para o domínio do tempo ficarão para ser tratadas
em outro volume posteriormente.
Adotaremos a seguinte definição para o par de transformadas de Fourier:
Z +∞
F (ω) = f (t) e−iωt dt, (1.4)
−∞
Z +∞
1
f (t) = F (ω) eiωt dω. (1.5)
2π −∞

Aplicando a transformada de Fourier nas equações de Maxwell, temos


suas formas no domínio da frequência. Os campos vetoriais passam então a
8 1 Introdução

ser escritos como E(x, y, z, ω), H(x, y, z, ω) e J(x, y, z, ω). As propriedades


físicas dos meios serão aqui consideradas como não dispersivas e isotrópicas,
portanto σ, µ e  serão constantes escalares que não dependem do tempo
nem da frequência.
Empregaremos o artifício de escrever o vetor densidade de corrente de
condução J em duas parcelas, separando a corrente no transmissor das cor-
rentes no meio condutor. Buscaremos sempre a descrição matemática da
função densidade de corrente no transmissor (JT ) para cada tipo de fonte
e a usaremos como densidade de corrente externa ao meio. Aplicando a lei
de Ohm para a densidade de corrente no meio, escreveremos a densidade de
corrente total como:
J = σE + JT . (1.6)
Finalmente, as equações de Maxwell no domínio da frequência (em uni-
dades do SI) são escritas na forma

∇ · E = 0, (1.7a)
∇ × E + iωµH = 0, (1.7b)
∇ · µH = 0, (1.7c)
∇ × H − (σ + iω) E = JT . (1.7d)

Para abreviar a notação são definidos os parâmetros

y = (σ + iω) , (1.8)
z = iωµ, (1.9)

chamados de admitividade (y) e impeditividade (z) do meio. Nos problemas


de meios estratificados, cada camada é um meio homogêneo, com seus va-
lores próprios de admitividade e impeditividade definidos a partir de suas
propriedades físicas.
Dito isto, em cada parte homogênea que constitui o modelo, as equações
de Maxwell se reduzem a

∇ × H − yE = JT , (1.10a)
∇ × E + zH = 0, (1.10b)

As equações diferenciais (1.7) não se aplicam nas interfaces que limitam


as regiões homogêneas, onde há descontinuidade nas propriedades físicas e
possivelmente nas componentes dos campos. Precisamos, então, das condi-
ções de fronteira nestas interfaces. Estas são obtidas aplicando as equações
9

de Maxwell na forma integral em volumes e contornos atravessando a in-


terface. Em toda a literatura da teoria eletromagnética estas relações são
explicadas detalhadamente, como por exemplo nos clássicos Stratton (1941,
pp. 34-38) e Harrington (2001, pp. 33-35).
Em resumo, definindo n b como o vetor unitário normal à superfície de
descontinuidade das propriedades físicas, na fronteira entre as regiões i e j
as relações entre as componentes normais e tangenciais dos campos obedecem
a

b · (yi Ei − yj Ej ) = ρs ,
n (1.11)
b · (µi Hi − µj Hj ) = 0,
n (1.12)
b × (Ei − Ej ) = 0,
n (1.13)
b × (Hi − Hj ) = 0.
n (1.14)

A equação 1.11 significa que a componente normal do campo elétrico à


interface entre os dois meios será descontínua se houver descontinuidade em
qualquer uma das duas propriedades elétricas (σ, ). Neste caso, a desconti-
nuidade será provocada pelo surgimento de cargas de superfície na interface,
com densidade superficial ρs . Note que nesta equação estão envolvidas tanto
a corrente de condução (σE) quanto a de deslocamento (iωE) e que a análise
no domínio da frequência abrange ambas simultaneamente. Se estivéssemos
tratando de meios dielétricos haveria a possibilidade teórica de uma distribui-
ção superficial de carga na interface independente do campo elétrico externo,
portanto seria possível uma componente normal descontínua mesmo na fron-
teira entre duas regiões de mesmas propriedades elétricas. Entretanto, nos
meios condutores a carga superficial só existirá por influência da interação
entre o campo elétrico indutor e os dois meios envolvidos. Sendo assim, nas
aplicações da Geofísica quando não houver descontinuidade nas propriedades
elétricas não haverá cargas de superfície e a componente normal do campo
b · y(Ei − Ej ) = 0.
elétrico será contínua: n
Por causa da inexistência de cargas magnéticas, a análise da equação
1.12 é mais simples. A componente normal do campo magnética na interface
entre dois meios será descontínua sempre que houver descontinuidade na
permeabilidade magnética e contínua sempre que os dois meios tiverem a
mesma permeabilidade.
A principal conclusão sobre as condições de fronteira e um ponto central
que será usado repetidamente em todos os problemas abordados neste livro
vem das equações 1.13 e 1.14. Elas descrevem o fato de que as componentes
dos campos tangenciais à interface são sempre contínuas, independentemente
10 1 Introdução

da descontinuidade nas propriedades físicas dos dois meios. Esta caracterís-


tica dos campos eletromagnéticos será explorada para calcular as soluções
no meio estratificado, servindo como um vínculo entre as soluções dentro das
camadas homogêneas.
Os capítulos seguintes abordarão o cálculo do campo eletromagnético
gerado pelas principais fontes empregadas nos métodos geofísicos de baixa
frequência no meio estratificado 1D. Cada capítulo tratará de uma deter-
minada fonte, sendo que todas elas são aplicadas em diferentes métodos de
investigação da subsuperfície.
O primeiro problema abordado, no capítulo 2, é o da onda plana...
2
Ondas Planas

Definimos um meio estratificado como sendo constituído por várias camadas


homogêneas com interfaces planas e horizontais. Antes de analisar como os
campos elétrico e magnético se comportam num meio estratificado, vamos
inicialmente nos concentrar em um meio formado por uma única camada
demasiadamente espessa de tal sorte que podemos considerá-la um meio ili-
mitado. Depois, voltaremos ao problema do meio estratificado. Este procedi-
mento será seguido para todas as fontes estudadas neste livro: calcularemos
sempre primeiro a resposta para um meio ilimitado e esta será usada como
campo incidente sobre o meio estratificado.
Iniciamos com o problema de ondas planas não só por ser o mais simples,
mas principalmente por que obteremos uma solução geral extremamente útil,
que será reaproveitada nos problemas das demais fontes.
Em todos os problemas tratados aqui usaremos o sistema de coordenadas
cartesianas, com o eixo z orientado na direção vertical, positivo para baixo,
o eixo x no plano da folha do papel positivo para a direita e o eixo y saindo
da folha apontando para o leitor, conforme ilustrado na figura 1.1. Tam-
bém adotaremos o eixo z apontando para baixo no sistema de coordenadas
cilíndricas.

2.1 Meio homogêneo, isotrópico e ilimitado


Suponhamos, de início, que a fonte de ondas planas esteja fora da região
onde se deseja resolver o problema.1 Neste caso, podemos reescrever as leis
1
A rigor, uma fonte de ondas eletromagnéticas planas é impossível. Entretanto, na
prática, os campos gerados por fontes distantes podem ser considerados como ondas planas
se a região em que estes são observados for pequena em relação à distância à fonte.

11
12 2 Ondas Planas

de Ampère e de Faraday no domínio da frequência (equações 1.10) como

∇ × H − yE = 0, (2.1a)
∇ × E + zH = 0. (2.1b)

Vamos também considerar que nesta região o meio seja homogêneo e iso-
trópico. Com essas duas hipóteses, podemos, sem perda de generalidade,
supor que os campos elétrico e magnético variam apenas na direção z, ou
seja, a onda eletromagnética se propaga exclusivamente na direção vertical.
Então, podemos simplificar as equações 2.1 como segue:

∂Hy
+ yEx = 0, (2.2a)
∂z
∂Hx
− yEy = 0, (2.2b)
∂z
∂Ey
− zHx = 0, (2.2c)
∂z
∂Ex
+ zHy = 0. (2.2d)
∂z
Este sistema de quatro equações se desacopla em duas equações de se-
gunda ordem independentes. De fato, combinando as equações 2.2a e 2.2d
temos  
∂ 1 ∂Hy
= zHy (2.3)
∂z y ∂z
e combinando 2.2b com 2.2c temos
 
∂ 1 ∂Ey
= yEy . (2.4)
∂z z ∂z

O tratamento das duas equações é exatamente o mesmo. Vamos então


analisar detalhadamente a equação 2.3 e depois aplicar os mesmos passos
para a 2.4.
Considerando que as equações são aplicadas em meios homogêneos, re-
escrevemos a equação 2.3 na forma da equação de Helmholtz:

∂ 2 Hy
+ k 2 Hy = 0, (2.5)
∂z 2
em que k é definido de modo que

k 2 = −zy = −iωµ (σ + iω) . (2.6)


2.1 Meio homogêneo, isotrópico e ilimitado 13

Este parâmetro é denominado de número de onda. Ele fará parte das análises
de todos os problemas abordados neste livro.
A solução geral da equação de Helmholtz homogênea (2.5) é

Hy = C1 e−ikz + C2 eikz . (2.7)

As constantes C1 e C2 são determinadas pelas condições de contorno.


Neste caso, dois fatores fundamentais devem ser levados em consideração:
a posição da fonte, ou fontes, da onda plana e a condição de radiação, que
impõe que o campo seja atenuado conforme se afasta da fonte (Sommerfeld,
1949, p. 188). Vamos particularizar este problema, supondo que a fonte
esteja localizada em uma posição acima da região onde queremos observar o
campo, ou seja, este se propaga de cima para baixo (↓). Neste caso, tomando
um valor de referência (H0 ) para o campo na posição z = 0, a solução será

Hy = H0 e−ikz , (↓) (2.8)

com Im(k) < 0 para satisfazer a condição de radiação. Esta função decresce
no sentido do eixo z, a partir de um valor não especificado, que depende da
fonte, e que gera o valor H0 na coordenada z = 0.
Uma segunda situação possível é a fonte localizada abaixo da região de
interesse no problema. Neste caso, ainda tomando como ponto de referência
a coordenada z = 0, a solução é

Hy = H0 eikz . (↑) (2.9)

Repare bem nestas soluções: supomos a fonte acima ou abaixo dos pontos
de medida, e especificamos um valor de referência em uma posição particular.
Em um problema no qual existam uma fonte acima e outra abaixo da região
sob observação, a solução será a combinação destas duas, dada pela equação
2.7, com os coeficientes C1 e C2 diferentes. Quando tratarmos do problema
do meio estratificado, esta solução geral será usada em cada uma das camadas
homogêneas, e escolheremos a posição de uma das interfaces nas fronteiras
da camada como coordenada de referência.
De posse do campo magnético, é fácil determinar o campo elétrico a
partir da equação 2.2a:

ik −ikz ,
 y H0 e
 (↓)
Ex = (2.10)
 −ik H0 eikz .

(↑)
y
14 2 Ondas Planas

O termo complexo ik/y que aparece em 2.10 tem dimensão de ohm. Ele
é denominado de impedância e é simbolizado por Z:

ik
Z= . (2.11)
y

Podemos, então reescrever a expressão da componente Ex assim:



 ZHy , (↓)
Ex = (2.12)
−ZHy , (↑)

De modo análogo podemos repetir os mesmos passos com relação à equa-


ção 2.4. Novamente, a condição de que o meio é homogêneo resulta em

d2 Ey
+ k 2 Ey = 0, (2.13)
dz 2
cuja solução é
 E0 e−ikz ,

(↓)
Ey = (2.14)
E0 eikz . (↑)

Tendo-se o campo elétrico, é fácil determinar o campo magnético a partir


da equação 2.2c. 
 −ik
 z E0 e
−ikz , (↓)
Hx = (2.15)
 ik E0 eikz .

(↑)
z

O termo complexo ik/z que aparece em (2.15) tem dimensão de ohm−1 .


Ele é denominado de admitância e é simbolizado por Y:

ik
Y= . (2.16)
z

Então: 
 −YEy , (↓)
Hx = (2.17)
YEy . (↑).

Neste problema a admitância é o inverso da impedância. De fato, basta


observar que
ik ik −k 2
ZY = = = 1. (2.18)
y z −k 2
2.1 Meio homogêneo, isotrópico e ilimitado 15

Note que não há componente do campo elétrico e nem do campo magné-


tico na direção de propagação z. Ou seja, o campo eletromagnético é trans-
versal à direção de propagação.
As soluções dependem das constantes H0 e E0 . Nós as tratamos como
constantes arbitrárias, mas elas dependem fundamentalmente da fonte. Note
que implicitamente nós usamos como condições de fronteira as informações
que os campos tendem a zero para distâncias infinitas da fonte e que valem
H0 e E0 na coordenada de referência z = 0.
Afirmamos, no início da seção que em virtude do meio ser homogêneo,
isotrópico e ilimitado não há nenhuma direção especial. Escolhemos arbi-
trariamente a direção z, mas, poderíamos ter escolhido qualquer uma outra
direção. Poderíamos, por exemplo, ter escolhido uma direção em que a onda
se propaga obliquamente com relação aos eixos x e z, ou seja, numa direção
inclinada, de um ângulo θ, em relação ao eixo z, em torno do y. Neste caso
temos essencialmente as mesmas soluções encontradas antes. O problema
da incidência inclinada no sistema de coordenadas original é idêntico ao da
incidência vertical sobre um sistema de coordenadas rotacionado em rela-
ção ao sistema original. Assim sendo, para gerar a solução do problema de
incidência inclinada, basta aplicarmos a rotação de um ângulo θ em torno
do eixo y na solução original. O resultado é que continuamos com duas
possibilidades: o campo magnético ou o campo elétrico paralelo ao eixo y.
Para a fonte acima da região de interesse, com o campo incidindo em uma
direção inclinada de um ângulo θ à esquerda do eixo z, como a direção de
incidência ilustrada na figura 2.1, temos os seguintes resultados: no primeiro
caso (campo magnético paralelo ao eixo y),

Hy = H0 e−ik(z cos θ+x sen θ) (↓) (2.19)

e no segundo caso (campo elétrico paralelo ao eixo y),

Ey = E0 e−ik(z cos θ+x sen θ) (↓) (2.20)

Uma situação importante para o problema do meio estratificado é a propaga-


ção de baixo para cima em uma direção em um ângulo de reflexão θ simétrico
ao ângulo de incidência. Neste caso, a propagação é no sentido contrário à
do caso anterior, em relação ao eixo z, mas ainda no mesmo sentido no eixo
x. As soluções serão, então: no primeiro caso,

Hy = H0 eik(z cos θ−x sen θ) (↑) (2.21)

e no segundo,
Ey = E0 eik(z cos θ−x sen θ) (↑) (2.22)
16 2 Ondas Planas

No caso do campo magnético ser paralelo ao eixo y, o campo elétrico tem


duas componentes, Ex e Ez e no no segundo caso, em que o campo elétrico
é paralelo ao eixo y, o campo magnético tem duas componentes Hx e Hz .
Para verificar isto, voltemos às equações (2.1). Explorando a simetria ditada
pelo problema é fácil chegar a

∂ 2 Hy ∂ 2 Hy
+ + k 2 Hy = 0, (2.23a)
∂x2 ∂z 2
−1 ∂Hy
= Ex , (2.23b)
y ∂z
1 ∂Hy
= Ez (2.23c)
y ∂x
e
∂ 2 Ey ∂ 2 Ey
+ + k 2 Ey = 0, (2.24a)
∂x2 ∂z 2
1 ∂Ey
= Hx , (2.24b)
z ∂z
−1 ∂Ey
= Hz . (2.24c)
z ∂x

É imediato verificar que a função Hy expressa na equação 2.19 é solução


da 2.23a e que a função Ey dada pela equação 2.20 é solução da 2.24a.
Note que novamente o problema é descrito por dois sistemas de equações
desacoplados. No primeiro, podemos determinar a componente Hy , através
da equação 2.23a, e dela derivar as componentes Ex e Ez . No segundo,
determinamos a componente Ey da equação 2.24a e dela determinamos as
componentes Hx e Hy .

2.2 Meio constituído por dois semiespaços


Na seção anterior vimos como uma onda plana se propaga num meio ilimi-
tado e eletricamente homogêneo e isotrópico. Agora, o meio será constituído
por dois semiespaços homogêneos e isotrópicos de propriedades elétricas dis-
tintas, ambos limitados pelo plano xy. O nosso objetivo, então, é analisar o
comportamento do campo eletromagnético frente à descontinuidade das pro-
priedades físicas dos semiespaços. Campo eletromagnético significa as três
componentes do campo elétrico e as três componentes do campo magnético.
A análise será feita em duas etapas. A primeira envolve as componentes
Hy , Ex e Ez de acordo com as equações 2.23. Na segunda etapa é a vez das
2.2 Meio constituído por dois semiespaços 17

componentes Ey , Hx e Hz em conformidade com as equações 2.24. Cada


uma das duas etapas constitui o que tecnicamente é chamado de modo de
propagação eletromagnética. No primeiro modo tem-se as componentes Hy ,
Ex e Ez . Como Hy é transversal à direção z, este modo é chamado de
modo transversal magnético com relação à direção z ou simplesmente modo
TMz . Da mesma maneira poderíamos ter definido o modo TMx , no lugar
do TMz , uma vez que Hy também é transversal à direção x. Em virtude da
descontinuidade das propriedades elétricas dos dois semi espaços se dar na
direção z, o modo de propagação é o modo TMz , que partir de agora será
chamado simplesmente de modo TM, sem o subscrito z. No segundo modo,
a componente Ey é transversal ao eixo z e portanto trata-se do modo TEz
ou simplesmente modo TE.
Repare que a separação do problema nos dois modos de propagação se dá
naturalmente pelo desacoplamento das equações 2.1 na forma dos sistemas
2.23 e 2.24. Este desacoplamento nos informa que não importa a orienta-
ção dos campos, nós sempre podemos tratar deste problema com as duas
equações separadamente: em qualquer situação, as componentes Ex e Ez só
dependem da Hy e as componentes Hx e Hz só dependem da Ey .
Como na seção anterior, a fonte é considerada suficientemente distante
da região de interesse do problema.

2.2.1 Modo TM
A Figura 2.1 mostra a geometria do modelo em que a onda incidente é uma
onda plana polarizada com o campo magnético paralelo ao eixo y e a direção
de propagação é inclinada de um ângulo θ1 em relação ao eixo vertical. O
ângulo de reflexão também é igual a θ1 .
A solução deste problema pode ser escrita como uma combinação de um
campo incidente com uma reflexão na interface. Parte da energia da onda
incidente é refletida para o primeiro meio e o restante passa para o segundo.
Chamamos de campo incidente simplesmente a solução encontrada para
o meio infinito, quando a fonte está acima da região em questão:

Hyinc = H1 e−ik1 (z cos θi +x sen θi ) . (2.25)

O campo refletido também é descrito como solução da onda plana, propa-


gando de baixo para cima, da esquerda para a direita, conforme deduzida na
seção anterior.
No primeiro meio tem-se
 
(1)
Hy(1) = H1 e−ik1 (z cos θ1 +x sen θ1 ) + RTM eik1 (z cos θ1 −x sen θ1 ) , (2.26)
18 2 Ondas Planas

Hy

θ1 θ1
σ1 μ1 ε1
x

σ2 μ2 ε2

θ2

Figura 2.1: Ilustração da propagação no modo TM – Modelo formado por


dois semiespaços.

(1)
em que RTM é o coeficiente de reflexão, a ser determinado. No segundo meio,
o campo magnético toma a forma

Hy(2) = H2 e−ik2 (z cos θ2 +x sen θ2 ) . (2.27)


(1)
O problema agora é determinar o coeficiente de reflexão RTM e o valor
de H2 , isto é, determinar quanto efetivamente foi refletido no primeiro meio
e quanto foi transmitido para o segundo meio.
Para facilitar os cálculos e tornar as expressões finais mais elegantes va-
mos reescrever a expressão 2.26 da seguinte maneira
 
(1)
Hy(1) = H1 e−u1 z + RTM eu1 z e−iλx , (2.28)

em que foram feitas as seguintes substituições,

k1 sen θ1 = λ (2.29)

e
p
ik1 cos θi = ik1 1 − sen2 θi
q
= −k12 + k12 sen 2 θi
q
= λ2 − k12 = u1 .
2.2 Meio constituído por dois semiespaços 19

A função u1 depende do ângulo de incidência θ1 e do número de onda


k1 , o que também a torna uma função da frequência. No caso particular da
incidência ser normal, θ1 = 0, então u1 = ik1 . Para um meio j esta função
será definida como q
uj = λ − kj2 . (2.30)
Nos próximos capítulos ela terá ainda mais importância, aparecendo com a
mesma forma mas com significado diferente.
Aplicando a condição de continuidade da componente Hy na interface
(z = 0), temos a igualdade entre as equações 2.26 e 2.27:

H1 (1 + RTM ) e−ik1 x sen θ1 = H2 e−ik2 x sen θ2 . (2.31)

Lembrando que esta condição deve ser satisfeita para qualquer x, verificamos
a lei de Snell para este problema:

k1 sen θ1 = k2 sen θ2 = λ. (2.32)

Observando que
q
ik2 cos θ2 = λ2 − k22 = u2 , (2.33)

podemos reescrever a expressão 2.27 do seguinte modo

Hy(2) = H2 e−u2 z e−iλx . (2.34)

(1)
As equações 2.28 e 2.34 não são suficientes para se determinar RTM e H2
que, afinal de contas, é o nosso objetivo. Precisamos de mais duas equações.
Usando a 2.23b temos
(1)
−1 ∂Hy 
(1)

Ex(1) = = Z1 H1 e−u1 z − RTM eu1 z e−iλx (2.35)
y1 ∂z
e
(2)
−1 ∂Hy
Ex(2) = = Z2 H2 e−u2 z e−iλx (2.36)
y2 ∂z
em que
uj
Zj = (2.37)
yj
é a impedância intrínseca ou verdadeira do semiespaço j. Note que a defi-
nição de impedância dada anteriormente (com λ = 0) é um caso particular
desta.
20 2 Ondas Planas

Agora sim podemos construir um sistema de duas equações para deter-


minar as duas incógnitas. Isso será feito da seguinte maneira: em z = 0, isto
é, na interface dos dois semiespaços, as expressões para Hy nos dois meios
(2.28 e 2.34) se reduzem a
 
(1)
Hy(1) = H1 1 + RTM e−iλx , (2.38)

z=0
Hy(2) = H2 e−iλx . (2.39)

z=0

Analogamente, na interface as expressões para a componente Ex (2.35 e


2.36) se reduzem a
 
(1)
(1)
Ex = Z1 H1 1 − RTM e−iλx , (2.40)
z=0
Ex(2) = Z2 H2 e−iλx . (2.41)

z=0

Da continuidade das componentes tangenciais dos campos na interface


resulta o seguinte sistema de equações, obtido igualando-se as equações 2.38
e 2.39, bem como o par 2.40 e 2.41:
 
(1)
H1 1 + RTM e−iλx = H2 e−iλx , (2.42)
 
(1)
Z1 H1 1 − RTM e−iλx = Z2 H2 e−iλx . (2.43)

Resolvendo o sistema, obtemos o coeficiente de reflexão


(1) Z1 − Z 2
RTM = , (2.44)
Z1 + Z2
e H2 em função de H1 ,
2Z1 H1
H2 = . (2.45)
Z1 + Z2
(1) (1) (1)
Uma vez conhecidos RTM e H2 , podemos determinar Hy e Ex em qual-
(2) (2)
quer ponto do primeiro semiespaço e Hy e Ex no segundo. As componen-
(1) (2)
tes Ez e Ez são obtidas substituindo as expressões 2.28 e 2.34 na 2.23c.
Portanto,
(1)
1 ∂Hy −λ 
(1)
 −λ (1)
Ez(1) = = H1 e−u1 z + RTM eu1 z e−iλx = H , (2.46)
y1 ∂x y1 y1 y
e
(2)
1 ∂Hy −λ −λ (2)
Ez(2) = = H2 e−u1 z e−iλx = H . (2.47)
y2 ∂x y2 y2 y
2.2 Meio constituído por dois semiespaços 21

2.2.2 Modo TE
Procedendo de maneira inteiramente análoga, calculamos as componentes
(j) (j) (j)
Ey , Hx e Hz do modo TE nos dois semiespaços. Com efeito, podemos
escrever
 
(1)
Ey(1) = E1 e−u1 z + RTE eu1 z e−iλx , (2.48)
Ey(2) = E2 e−u2 z e−iλx , (2.49)
(1)
em que o coeficiente de reflexão RTE e o coeficiente E2 são, respectivamente,

(1) Y1 − Y 2
RTE = , (2.50)
Y1 + Y2
e
2Y1 H1
E2 = , (2.51)
Y1 + Y2
sendo
uj
Yj = (2.52)
zj
a adimitância intrínseca do semiespaço j.
Aplicando as expressões 2.24b e 2.24c vem
 
(1)
Hx(1) = −Y1 E1 e−u1 z − RTE eu1 z e−iλx , (2.53)
Hx(2) = −Y2 E2 e−u2 z e−iλx , (2.54)
λ
Hz(1) = Ey(1) , (2.55)
z1
λ
Hz(2) = Ey(2) . (2.56)
z2
(2.57)

2.2.3 Impedância e admitância de superfície


Como vimos anteriormente, a impedância intrínseca
q (ou verdadeira) de um
meio j é definida por Zj = uj /yj , em que uj = λ2 − kj2 , com kj2 = −zj yj ,
sendo zj = iωµj e yj = σj + iωj . O parâmetro λ, de acordo com (2.29),
depende de kj e do ângulo de incidência da onda. Da mesma maneira, a
admitância intríncica (ou verdadeira) do meio é definida por Yj = uj /zj .
A impedância (admitância) intrínseca caracteriza o meio do ponto de
vista de propagação da onda eletromagnética. Entretanto, na interface entre
22 2 Ondas Planas

dois meios essa caracterização torna-se, até certo ponto, ambígua. É preciso,
então, definir claramente o que seja impedância (admitância) na interface
dos dois meios. Em virtude da continuidade das componentes tangenciais do
campo elétrico e magnético é natural definir a impedância na interface como
sendo
Ex
Zb = . (2.58)
Hy
Como a interface entre os dois semiespaços coincide com a superfície do
semiespaço inferior, (2), é praxe denominar a impedância na interface Zb
de impedância de superfície ou impedância aparente. Note que de acordo
com essa definição a impedância de superfície coincide com a impedância
intrínseca do semiespaço inferior, ou seja, Zb = Z2 .
Analogamente define-se a admitância de superfície ou admitância apa-
rente da seguinte maneira
−Hx
Yb = (2.59)
Ey
e portanto, por definição, Yb = Y2 .

2.2.4 Aplicação
A propósito de ilustração vamos fazer uma aplicação do conceito de impe-
dância de superfície. O caso mais comum para os métodos geofísicos é que
o semiespaço superior seja o ar. Neste caso, decidimos usar o índice 0 no
lugar de 1 para identificá-lo. O índice do semiespaço inferior passa a ser 1. A
permeabilidade magnética µ0 e a suscetibilidade elétrica 0 são equivalentes
as do vácuo. A condutividade elétrica σ0 = 0.
Se o semiespaço for condutivo (σ > 10−4 S/m) e a freqüência de exci-
tação da onda plana for baixa (< 105 Hz) podemos dizer que σ  ω0 e
consequentemente o número de onda se reduz a
p
k = −iωµ0 σ. (2.60)

Para a quase totalidade dos métodos eletromagnéticos na geofísica, esta con-


dição é perfeitamente satisfeita. Ela é chamada de “condição quase estática",
ou regime quase estático2 .
Outra consequência do regime de baixa frequência é que |k1 |  |k0 |, e a
lei de Snell garante que θ1 = 0, isto é, a onda se propaga verticalmente no
2
Escrever o número de onda desta maneira significa que estamos desprezando as deri-
vadas de segunda ordem no tempo, associadas ao termo ω 2 µ. Ou seja, estes problemas
não tratam da equação de onda completa.
2.3 Meios estratificados horizontais 23

semiespaço inferior independentemente do valor do ângulo de incidência no


semiespaço superior. Feitas essas observações podemos escrever a impedân-
cia intríseca do semiespaço inferior da seguinte maneira
u1 ik1
Z1 = =
y1 σ1
√ r
−iωµ1 σ1 ωµ0 iπ/4
= = e
σ1 σ1
Com uma simples manipulação algébrica podemos reescrever
1 1
ρ1 = = |Z1 |2 (2.61)
σ1 ωµ0
sendo ρ1 a resistividade elétrica do semiespaço inferior.
Como a impedância de superfície Zb1 = Ex /Hy é equivalente à superfície
intrínseca podemos escrever

1 Ex 2

1 2
ρ1 = |Z1 | = (2.62)
ωµ0 ωµ0 Hy z=0
Repare que apesar da frequência aparecer explicitamente nas expressões
(2.62) o valor de resistividade calculado é sempre igual ao valor correto da
resistividade do semiespaço e não depende da frequência.
A partir da observação das componentes horizontais do campo elétrico e
do campo magnético na superfície do terreno se deduz a resistividade (con-
dutividade) do meio na sub-superfície. Afinal de contas é esse o objetivo da
geofísica, determinar os parâmetros elétricos e geométricos da sub-superfície
a partir de observações indiretas. Mais adiante voltaremos a discutir sobre
a importância da fórmula (2.62) em geofísica.

2.3 Meios estratificados horizontais


O modelo do meio estratificado horizontalmente, também chamado meio
acamado, é um dos mais importante em geofísica. Ele consiste de dois se-
miespaços, um superior homogêneo e isotrópico e um inferior formado por
N camadas paralelas, também, homogêneas e isotópicas. O substrato é
considerado uma camada, também. A Figura 2.2 mostra a geometria e as
propriedades físicas das N camadas. O sistema de coordenadas, como sem-
pre, é formado pelo o eixo x na direção horizontal da esquerda para direita,
o eixo y saindo da página do livro em direção ao leitor e o eixo z na direção
vertical apontando para baixo.
24 2 Ondas Planas

y σ0 μ0 ε0
z0
σ1 μ1 ε1 h1
z1
σ2 μ2 ε2 h2
z2
z

zj - 2
σj-1 μj-1 εj-1 hj - 1
zj - 1
σj μj εj hj
zj

zN - 2
σN-1 μN-1 εN-1 hN - 1
zN - 1
σN μN εN

Figura 2.2: Modelo de N camadas horizontais homogêneas e isotrópicas.

Como no caso anterior, a onda eletromagnética incidente se decompõe


em dois modos de polarização. O modo TM constituído pelas componentes
Hy , Ex e Ez e o modo TE, formado pelas componente Ey , Hx e Hz . Primeiro
vamos tratar o modo TM e em seguida o modo TE.

2.3.1 Modo TM
O nosso objetivo é determinar as componentes Hy , Ex e Ez em qualquer
ponto do modelo, sabendo, a priori, a geometria e as propriedades físicas das
camadas (σj , µj , j ) e do semiespaço superior.
As componentes Hy e Ex no semiespaço superior e em qualquer camada
acima do substrato podem ser escritas assim:
 
(j)
Hy(j) = Hj e−uj (z−zj ) + RTM euj (z−zj ) e−iλx , j = 0, ..., N − 1,
(2.63)
 
(j)
Ex(j) = Zj Hj e−uj (z−zj ) − RTM euj (z−zj ) e−iλx , j = 0, ..., N − 1,
(2.64)
2.3 Meios estratificados horizontais 25

e no substrato, assim:

Hy(N ) = HN e−uN (z−zN −1 ) e−iλx , (2.65)


Ex(N ) = ZN HN e−uN (z−zN −1 ) e−iλx . (2.66)
Para alcançar o nosso objetivo precisamos determinar os coeficientes de
(j)
reflexão RTM e os coeficientes Hj . Vejamos primeiro os coeficientes de re-
(j) (j) (j)
flexão RTM . Na interface z = zj , as componentes Hy e Ex dadas pelas
equações 2.64 tomam a forma
 
(j)
Hy(j) = Hj 1 + RTM e−iλx ,
 
(j)
Ex(j) = Zj Hj 1 − RTM e−iλx . (2.67)

Dividindo a segunda pela primeira obtém-se,


(j) (j)
Ex 1 − RTM
(j)
= Zj (j)
. (2.68)
Hy 1 + RTM
Como, por definição,
(j)
Ex
Zbj+1 = (j) , (2.69)
Hy z=zj
concluimos que
(j) Zj − Zbj+1
RTM = . (2.70)
Zj + Zbj+1
A questão agora é saber como determinar a impedância aparente Zbj+1
(j)
para se obter o coeficiente de reflexão RTM da camada j-ésima. Mas isso não é
problema, como veremos a seguir. Vamos mostrar que a impedância aparente
em qualquer interface é regida pelo seguinte algoritmo de recorrência,
Zbj+1 + Zj tanh uj hj
Zbj = Zj , (2.71)
Zj + Zbj+1 tanh uj hj

em que ZbN = ZN . Este algoritmo funciona de baixo para cima. Isto é, inicia-
se na última camada e prossegue recursivamente para a primeira camada.
(j) (j)
Vamos então provar essa afirmativa. De (2.64), a razão entre Ex e Hy
na interface z = zj−1 é igual a

(j) (j)
Ex euj hj − RTM e−uj hj
(j)
= Z j (j)
. (2.72)
Hy z=zj−1 euj hj + R e−uj hjTM
26 2 Ondas Planas

Substituindo (2.70) nesta expressão e lembrando-se que na interface z =


zj−1 a impedância aparente Zbj é expressa por

(j)
E x
Zbj = (j) , (2.73)

Hy z=zj−1

podemos escrever,
 
Zj −Zbj+1
euj hj − e−uj hj
Zj +Zbj+1
Zbj = Zj   (2.74)
Zj −Zbj+1
euj hj + e−uj hj
Zj +Zbj+1

Multiplicando o numerador e denominador por Zj + Zbj+1 e rearranjando


convenientemente os termos, resulta
 u h −u h 
j j j j
Zbj+1 + Zj euj hj −e−uj hj
e +e
Zbj = Zj  u h −u h 
j j j j
(2.75)
Zj + Zbj+1 euj hj −e−uj hj
e +e

Finalmente, indentificando os termos em parênteses como a função tan-


gente hiperbólica, tanh(uj hj ), chega-se ao resultado almejado.
(j)
Tendo o coeficiente de reflexão RTM da camada j-ésima sobre controle,
resta agora calcular Hj para se determinar as componentes Hy , Ex e Ez em
qualquer local do modelo.
Vamos, então, em busca de Hj . Para isso, considerenos as componentes
(j−1) (j)
Hy e Hy nas camadas adjacentes j − 1 e j:
 
(j−1)
Hy(j−1) = Hj−1 e−uj−1 (z−zj−1 ) + RTM euj−1 (z−zj−1 ) e−iλx , (2.76)
 
(j)
Hy(j) = Hj e−uj (z−zj ) + RTM euj (z−zj ) e−iλx (2.77)

Em virtude da continuidade da componente tangencial do campo mag-


nético na interface em questão (z = zj−1 ), podemos escrever
   
(j−1) (j)
Hj−1 1 + RTM = Hj euj hj + RTM e−uj hj . (2.78)

ou mais explicitamente,
(j−1)
1 + RTM
Hj = Hj−1 (j)
, j = 1, ..., N − 1 (2.79)
euj hj + RTM e−uj hj
2.3 Meios estratificados horizontais 27

Para concluir, resta determinar HN . Para isso usaremos a continuidade


da componente tangencial na interface do substrato e da camada sobreja-
cente. Portanto, usando-se

 
Hy(N −1) = HN −1 e−uN −1 (z−zN −1 ) + RTM euN −1 (z−zN −1 ) e−iλx
(N −1)
(2.80)

e
Hy(N ) = HN e−uN (z−zN −1 ) e−iλx (2.81)
concluimos que  
(N −1)
HN = HN −1 1 + RTM . (2.82)

Note que as fórmulas (2.79) e (2.82) formam, também, um algoritmo de


recorrência, agora de cima para baixo. Isto é, inicia-se com H0 e recursi-
vamente vai-se obtendo os Hj subjacentes. Tendo em vista que o valor de
referência H0 é inteiramente arbitrário, é possível implementar a computação
(0)
atribuindo um valor para o termo H0 (1 + RTM ). Se fizermos sempre
(0)
H0 (1 + RTM ) = 1, (2.83)

o campo Hy calculado sempre terá o valor real 1 na interface com o ar.


Usaremos este expediente para padronizar as curvas de campo e facilitar sua
interpretação.
(j) (j)
Uma vez conhecida a componente Hy , a componente Ez é facilmente
obtida da seguinte maneira,
(j)
1 ∂Hy −iλ (j)
Ez(j) = = H (2.84)
yj ∂x yj y

Resumindo, acabamos de apresentar um algoritmo para calcular as com-


ponentes Hy , Ex e Ez do modo TM em qualquer ponto de um meio estrati-
ficado. É só seguir as seguintes etapas:

• Calcule a impedância intrínseca Zj de cada camada,

• Compute a impedância aparente Zbj no topo de cada camada por meio


do algoritmo de recorrência (2.71),

• A partir das impedâncias intrínsecas e aparentes computadas nas eta-


pas anteriores, determine os coeficientes de reflexão com a fórmula
(2.70),
28 2 Ondas Planas

• Sabendo-se os coeficientes de reflexão e iniciando com H0 calcule Hj


empregando o algoritmo (2.79),

• Finalmente, para se obter as componentes Hy , Ex numa determinada


(j)
camada, basta substituir Hj e RTM , calculados acima, em (2.64) ou
em (2.66) conforme o caso,

• A componente Ez vem de (2.84).

2.3.2 Modo TE
Em virtude da dualidade entre os modos TM e TE não há necessidade de
repetir novamente para o modo TE todos os passos vistos acima, do modo
TM. Assim, para se determinar as componentes Ey , Hx e Hz do modo TE é
preciso apenas readaptar os resultados já obtidos, levando em consideração
as seguintes corresponsências entre os dois modos:

TM ⇐⇒ T E

Hy ⇐⇒ Ey
Ex ⇐⇒ Hx
Ez ⇐⇒ Hz
y ⇐⇒ z
Z ⇐⇒ Y
Zb ⇐⇒ Yb

Portanto, podemos escrever invés de (2.64) e (2.66),

 
(j) (j)
Ey = Ej e−uj (z−zj ) + RTE euj (z−zj ) e−iλx , j = 0, 1, 2.....N − 1
 
(j) (j)
Hx = Yj Hj e−uj (z−zj ) − RTE euj (z−zj ) e−iλx , j = 0, 1, 2.....N − 1
(2.85)
e

Ey(N ) = EN e−uN (z−zN −1 ) e−iλx ,


Hx(N ) = YN EN e−uN (z−zN −1 ) e−iλx . (2.86)

em que o coeficiente de reflexão na camada j-ésima é representado por

(j) Yj − Ybj+1
RTE = . (2.87)
Yj + Ybj+1
2.4 Profundidade de penetração (Skin depth) 29

As admitâncias aparentes em (2.87) são calculadas com o algoritmo

Ybj+1 + Yj tanh(uj hj )
Ybj = Yj (2.88)
Yj + Ybj+1 tanh(uj hj )
YbN = YN

Observando as expressões (2.79), (2.82) e (2.84) podemos, por dualidade,


escrever
(j−1)
1 + RTE
Ej = Ej−1 (j)
, j = 1, ..., N − 1 (2.89)
euj hj + RTE e−uj hj
 
(N −1)
EN = EN −1 1 + RTE .

Finalmente, a componente vertical do campo magnético fica


(j)
1 ∂Ey −iλ (j)
Hz(j) = = E (2.90)
zj ∂x zj y

Nos próximos capítulos veremos que em muitas situações em Geofísica


apenas um dos dois modos de propagação é excitado. Em alguns casos é o
TE, em outros, o TM, dependendo do tipo de transmissor. Veremos ainda
que existem casos em que os dois modos são excitados simultaneamente.

2.4 Profundidade de penetração (Skin depth)


Na seção 2.2 vimos que a componente Hy , (2.35) de uma onda plana de
incidência normal num semiespaço é dada por

Hy = H0 e−ikz (2.91)

em que z ≥ 0 e k 2 = −iωµ (σ + iω).



No regime quase estático, o número de onda é k = −iωµσ. A partir
desta expressão, vamos definir um parâmetro importantíssimo denominado
profundidade de penetração, ou pelicular, ou skin depth, como sendo a dis-
tância necessária para que a amplitude do campo diminua até o valor de
1/e = 36.79% do valor de referência (no caso, H0 ). O skin depth nos dará
uma medida quantitativa de como o campo é atenuado conforme propaga
pelo meio condutivo.
30 2 Ondas Planas


Sabendo-se que3 −i = √12 (1 − i), podemos reescrever o número de
onda da seguinte maneira
r
ωµσ 1
k= (1 − i) = (1 − i) , (2.92)
2 δ
sendo r r r
2 500 10 500 10T
δ= = = . (2.93)
ωµ0 σ π fσ π σ
O parâmetro δ tem unidade de comprimento e representa exatamente o skin
depth, conforme foi definido. Note que quanto mais condutivo for o meio,
menor o skin depth. Quanto mais alta for a frequência, menor o skin depth,
também.
Podemos, então, reescrever (2.91) assim,
z
Hy = H0 e− δ (1+i) (2.94)

visto que ik = 1δ (1 + i).


Analisando a expressão (2.94) chega-se a conclusão que num meio con-
dutivo o poder de penetração de Hy decresce com o aumento da frequência
e da condutividade.
Esta discussão sobre o skin depth foi feita a partir da componente Hy ,
mas repare que a componente Ex é descrita pela mesma função exponencial,
ou seja, as mesmas conclusões são válidas igualmente para ela.
A rigor, a expressão a que chegamos para o skin depth só é de fato válida
para o caso da propagação da onda plana num meio homogêneo infinito,
como é o caso do semiespaço condutivo. Entretanto este parâmetro será
muito útil como indicador do comportamento dos campos mesmo em outras
situações, como no meio estratificado.
Para exemplificar o comportamento dos campos em um meio estratifi-
cado, a figura 2.3 mostra as curvas de amplitudes em um meio formado por
três camadas de resistividades 100 ohm-m, 10 ohm-m e 200 ohm-m, sendo
as duas primeiras de 300 m de espessura cada uma, sobre um embasamento
infinito. São mostradas as amplitudes do campo magnético e do elétrico nor-
malizados pelo valor na superfície, de maneira que todas as curvas começam
no valor 1.

3
Repare que, assim como no caso do número de onda, foi feita a escolha para a raiz
quadrada de −i que satisfaz a condição de que o campo deve ser atenuado conforme se
propaga no meio condutivo (z > 0).
2.4 Profundidade de penetração (Skin depth) 31

3 4
Hy (z)
Amplitude de Hy normalizado HyN =
Hy |(z=0)
1.2
100 ohm-m 10 ohm-m 200 ohm-m
1

0.8

0.6
|HyN |

0.4

0.2 1 Hz
10 Hz
100 Hz
0 1000 Hz
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
Profundidade (m)

3 4
Ex (z)
Amplitude de Ex normalizado ExN =
Ex |(z=0)
1.2
100 ohm-m 10 ohm-m 200 ohm-m
1

0.8

0.6
|ExN |

0.4
1 Hz
10 Hz
0.2 100 Hz
1000 Hz
0

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900


Profundidade (m)

Figura 2.3: Componentes de onda plana com incidência vertical no modo


TM em um meio estratificado.
32 2 Ondas Planas

2.5 Modelagem de sondagens magnetotelúricas


Na seção anterior vimos que a resistividade de um semiespaço condutivo
pode ser determinada pela fórmula

Ex 2

1 1 2
ρ1 = = Z1 , (2.95)
b
ωµ0 Hy
z=0 ωµ0

sendo Ex e Hy as componentes dos campos elétrico e magnético nas direções


x e y, respectivamente. Note que o valor da resistividade independe da
frequência f = ω/2π.
Esta possibilidade de se poder determinar a resistividade de um semi-
espaço condutivo a partir da observação das componentes Ex e Hy tem
implicações interessantes em geofísica. De fato, esta é a idéia por trás de
dois métodos geofísicos importantes, o método Magnetotelúrico (MT) e o
método Áudio–frequência Magnetotelúrico (AMT) (Cagniard, 1953, Vozoff,
1972, 1991). Os dois métodos têm os mesmos fundamentos teóricos, com
a ressalva de que no MT o intervalo de frequência varia de 0.001 a 10Hz,
enquanto que no AMT o intervalo vai, em geral, de 1 a 1000 Hz.
A variação de penetração da onda eletromagnética com a frequência su-
gere a possibilidade de sondar meios estratificados usando-se, para para isso,
um espectro conveniente de frequências. Existem vários métodos geofísicos
com essa finalidade. Alguns deles usam um transmissor de energia para exci-
tar o terreno com diferentes frequências. Outros, usam o a variação temporal
do campo magnético terrestre para energizar o terreno. Com a análise espec-
tral de Fourier a variação temporal é facilmente convertida para variação no
domínio da frequência. Os métodos MT e AMT se baseam exatamente neste
princípio, usando ondas planas do campo magnético natural. Na prática,
medem-se na superfície do meio estratificado as componentes Ex e Hy e por
meio da fórmula
1 Ex 2

ρa = , (2.96)
ωµ0 Hy
z=0
define-se a função ρa , denominada resistividade aparente, que corresponde à
resistividade de um semiespaço equivalente ao meio estratificado. Equiva-
lente no sentido de ρa ser igual à resistividade do semiespaço no qual Ex e
Hy na superfície teriam exatamente os valores medidos. No meio estratifi-
cado, a função ρa depende das condutividades e espessuras das camadas e
obviamente da frequência.
É importante observar que devido ao grande contraste entre as impedân-
cias do ar e das camadas a propagação eletromagnética, dentro das camadas,
2.5 Modelagem de sondagens magnetotelúricas 33

se dá verticalmente. Por isso, nos métodos MT e AMT o campo incidente é


sempre considerado paralelo à superfície do terreno. Em outras palavras, o
ângulo de inclinação da onda incidente é zero e portanto λ = 0.
O nosso objetivo, agora, é determinar ρa em função da frequência, dados
os valores de resistividade e de espessura das camadas de um meio estratifi-
cado. Em analogia com (2.95).podemos escrever

1 2
ρa = Ẑ1 (2.97)
ωµ0

em que Zb1 é a impedância aparente na superfície. Sabemos de (2.71) que a


impedância aparente Zb1 é obtida por meio do algoritmo iterativo

Ẑj+1 + Zj tanh (ikj hj )


Ẑj = Zj , (2.98)
Zj + Ẑj+1 tanh (ikj hj )

sendo ZbN = ZN e λ = 0.
A impedância aparente é um número complexo. O cálculo da resistivi-
dade aparente usa apenas o módulo deste número, mas també existe infor-
mação útil em sua fase, e nos métodos MT e AMT a fase da impedância na
superfície também é usada como dado a ser interpretado juntamente com a
resistividade aparente.
O parâmetro fundamental para compreendermos e interpretarmos os da-
dos MT é o skin depth. Se as medidas de campo forem feitas sobre um
semiespaço homogêneo, condutivo, isotrópico, não magnético, a resistivi-
dade aparente será a própria resistividade do meio e a fase será igual a 45◦ ,
independentemente da frequência. Agora considere um meio formado por
uma camada sobre um semiespaço: quanto mais alta a frquência, mais forte
é a atenuação do campo ao penetrar na primeira camada. Se a frequência e
a espessura da camada forem suficientemente altas, então o campo medido
praticamente não sofre influência do semiespaço. Desta forma, a resistivi-
dade aparente tende ao valor da resistividade da primeira camada e a fase
tende ao valor de 45◦ . No outro extremo do espectro de frequências, ou seja,
nos períodos mais longos, o skin depth é grande, maior do que a espessura
da camada. Neste caso, os campos medidos são muito mais influenciados
pela condutividade do semiespaço do que pela da camada. A resistividade
aparente tende ao valor daquela do semiespaço e a fase, novamente, tende
ao valor de 45◦ .
Em um meio formado por uma sequência de camadas, a influência de cada
camada sobre as curvas de resistividade aparente e fase será maior ou menor,
34 2 Ondas Planas

de acordo com suas propriedades físicas (resistividade e permeabilidade) e


sua espessura.
Para ilustrar o tipo de resposta obtida na simulação de uma sondagem
MT vamos modelar uma sequência de camadas ilustrativas da Bacia do Pa-
raná. De acordo com Stanley et al. (1985) vamos considerar a seguinte coluna
estratigráfica constituídas por cinco camadas assim distribuídas: 350 m (40
ohm-m) de arenitos condutivos superficiais, 1000 m (150 ohm-m) de derra-
mes basálticos da Serra Geral, 4000 m (10 ohm-m) sedimentos Paleozóicos,
42 500 m (500 ohm-m) de rochas resistivas das formações Devonianas Ponta
Grosa e Furnas, terminando em um substrato condutivo de 10 ohm-m.
Para o cálculo da sondagem MT foram selecionados 31 períodos entre
0,01 e 1000 segundos distribuídoss uniformemente em escala logarítmica. As
respostas de resistividade aparente e fase estão na figura 2.4.
Embora na maioria dos casos a permeabilidade magnética das camadas
não difere da do vácuo µ0 = 4π10−7 H/m , em algumas raras situações a


permeabilidade pode tomar valores diferente de µ0 . O exemplo a seguir mos-


tra o efeito da permeabilidade na sondagem magnetotelúrica. Vejamos um
modelo de três camadas de resistividades 120, 10, 1000 ohm-m e espessuras
200 e 1800 m. A permeabilidade relativa (µ2 /µ0 ) da segunda camada toma
os valores 1 e 3 (figura 2.5).
A linha pontilhada corresponde ao modelo com µ2 /µ0 = 3. Note o efeito
da camada com permeabilidade aumentada: ela afeta o campo magnético
e o elétrico de formas diferentes, de modo que a relação entre Ex e Hy
muda. O resultado é uma resistividade aparente aumentada justamente nas
frequências mais influenciadas pela camada 2. Naturalmente também se
observa uma mudança considerável na curva da fase.
Como foi dito acima, o método AMT é uma extensão do método MT para
frequências na faixa de 1.0 a 10 kHz. Ao contrário do método MT, o método
AMT é muito pouco usado atualmente. Isto se deve, principalmente, ao alto
grau de ruído, oriundo das fontes naturais, que, geralmente, comprometem
os dados observados. Uma alternativa para melhorar a qualidade dos dados
é substituir as fontes naturais por fontes controladas artificialmente. Nessa
modalidade, o método leva o nome de CSAMT (Controlled Source Audio-
Frequency Magnetotelluric). De qualquer maneira vale a pena mostrar uma
sondagem AMT. Para isso usamos o seguinte modelo de quatro camadas:
resistividades ρ1 = 50 Ω · m, ρ2 = 100 Ω · m, ρ3 = 10 Ω · m e ρ4 = 1000 Ω · m
e espessuras h1 = 5 m, h2 = 150 m e h3 = 10 m, típico em levantamentos de
água subterrânea. Os gráficos das curvas de resistividade aparente e de fase
versus frequência estão ilustrados na figura 2.6.
2.5 Modelagem de sondagens magnetotelúricas 35
Modelo de 5 camadas
ρ (Ω·m) µ/µ0 h (m)
40 1 350
150 1 1 000
10 1 4 000
500 1 42 500
10 1 -

100
80

60
Res. Ap. (ohm-m)

40

20

10 −2 −1 0 1 2 3
10 10 10 10 10 10
Perı́odo (s)

90

75

60
Fase (graus)

45

30

15

0 −2 −1 0 1 2 3
10 10 10 10 10 10
Perı́odo (s)

Figura 2.4: Sondagem MT sobre o modelo...


36 2 Ondas Planas

Modelo de 3 camadas...
ρ (Ω·m) µ/µ0 h (m)
120 1 200
10 1 ou 3 1 800
1000 1 -

1000
µR = 1
500
µR = 3
Res. Ap. (ohm-m)

100

50

10

5 −2 −1 0 1 2 3
10 10 10 10 10 10
Perı́odo (s)

90

75

60
Fase (graus)

45

30

15

0 −2 −1 0 1 2 3
10 10 10 10 10 10
Perı́odo (s)

Figura 2.5: Sondagem MT sobre o modelo da tabela ...


2.5 Modelagem de sondagens magnetotelúricas 37

Modelo de 4 camadas...
ρ (Ω·m) µ/µ0 h (m)
50 1 5
100 1 ou 3 150
10 1 10
1000 1 –

1000

500
Res. Ap. (ohm-m)

100

50

10 −4 −3 −2 −1 0
10 10 10 10 10
Perı́odo (s)

90

75

60
Fase (graus)

45

30

15

0 −4 −3 −2 −1 0
10 10 10 10 10
Perı́odo (s)

Figura 2.6: Sondagem MT sobre o modelo da tabela ...


3
Linha Infinita de Corrente

A linha infinita de corrente é a idealização de vários tipos de fontes usadas


em geofísica. Ela pode representar, por exemplo, um dos lados de um loop
retangular onde os outros três lados se encontram suficientemente distante
da área de observação, como aqueles usados como fonte no método Turam
(Parasnis, 1987). A linha infinita também é utilizada na construção de outros
tipos de fontes, como por exemplo, sistemas de correntes na ionosfera que
formam o chamado eletrojato equatorial ...REF... .
Além de sua relevância em geofísica, o estudo da linha infinita de cor-
rente neste capítulo é importante na sequência de apresentação dos assuntos
neste livro, primeiro porque do ponto de vista da modelagem, a linha é a
mais simples de todos tipos de fontes utilizadas em geofísica, com exceção,
obviamente, das ondas planas; segundo porque o método empregado para so-
lucionar os problemas com a linha serve de paradigma para os demais tipos
de fontes, como loops de corrente e dipolos magnéticos e elétricos.
O método se resume em subdividir o problema original em uma família
de problemas mais simples envolvendo apenas ondas planas. Vencida esta
etapa, a solução final é construida sintetizando-se todas as soluções parciais
de ondas planas. Como foi dito acima, esta metodologia é o paradigma a ser
usado em todos outros tipos de fonte. A única diferença em cada caso estará
no modus faciendi. No caso da linha infinita de corrente a ferramenta utili-
zada é o par de transformadas de Fourier. Para outros tipos de fontes serão
empregadas outras classes de transformadas. Isto será visto nos próximos
capítulos.
A Figura 3.1 ilustra esquematicamente o modelo a ser investigado neste
capítulo. Ele representa uma linha infinita de corrente horizontal na direção
do eixo y, tocando no eixo z, sobre um meio estratificado de N camadas.

38
39

x
Jy = I(ω) δ(x) δ(z - h0)
y

h0
σ0 μ0 ε0
z0
σ1 μ1 ε1 h1
z1
z
σ2 μ2 ε2 h2
z2

zj - 2
σj-1 μj-1 εj-1 hj - 1
zj - 1
σj μj εj hj
zj

zN - 2
σN-1 μN-1 εN-1 hN - 1
zN - 1
σN μN εN

Figura 3.1: Linha infinita de corrente sobre um semi-espaço estratificado.

A superfície do meio estratificado está na coordenada z = 0 (lembre que o


eixo z é orientado de cima para baixo na figura). A linha é especificada pela
densidade de corrente bidimensional definida como uma corrente normal ao
plano (x, z) concentrada nas coordenadas (0, h0 ), a qual é representada com
a função delta de Dirac por

Jy = I (ω) δ (x) δ (z − h0 ) . (3.1)

Antes de tratar o problema geral do meio estratificado, vamos iniciar com


o caso mais simples de uma linha infinita de corrente num meio homogêneo,
isotópico e ilimitado. Posteriormente, assim como no problema da onda
plana, usaremos a solução do meio ilimitado como campo incidente sobre o
meio estratificado.
40 3 Linha Infinita de Corrente

3.1 Meio homogêneo, isotrópico e ilimitado.


Nosso objetivo nesta seção é determinar as componentes do campo elétrico
e do campo magnético num meio homogêneo, isotrópico e ilimitado de pro-
priedades elétricas σ, µ e .
Para facilitar a manipulação algébrica vamos, sem perda de generalidade,
fazer h0 = 0. No final, veremos como é o resultado se h0 < 0.
A simetria deste modelo permite as seguintes presuposições: não há va-
riação de nenhuma componente na direção da linha (∂/∂y = 0); as linhas
de campo magnético são circulares, em planos perpendiculares à direção da
linha de corrente, tendo esta como centro, ou seja, Hy = 0 em todo o espaço.
Nestas condições, as equações de Maxwell (1.10) se resumem a
∂Hx ∂Hz
− − yEy = I (ω) δ (x) δ (z) , (3.2)
∂z ∂x
∂Ey
= −zHz , (3.3)
∂x
∂Ey
= zHx . (3.4)
∂z
Derivando-se (3.3) em relação a x e (3.4) em relação a z e em seguida
substituindo em (3.2), resulta
∂ 2 Ey ∂ 2 Ey
2
+ + k 2 Ey = zI (ω) δ (x) δ (z) (3.5)
∂x ∂z 2
em que k 2 = −zy = −iωµ (σ + iω) é o quadrado do número de onda.
Com certeza, o que iremos ver agora é a parte mais importante de tudo
que será visto neste livro. Trata-se da estratégia de decomposição de um
problema complexo de eletromagnetismo em uma família de problemas mais
simples e de fácil resolução. Esse processo se dá em duas etapas: na primeira,
se faz a decomposição do problema original em problemas com ondas planas,
e na segunda etapa, usam-se as soluções desses problemas de ondas planas
para recompor a solução do problema original. Este procedimento é feito
por meio de transformadas integrais apropriadas. Veremos que no caso da
linha infinita de corrente, a transformada de Fourier é a ferramenta perfeita
para esse fim.
Dado o par de transformadas de Fourier
Z ∞
f (kx ) = F [f (x)] =
b f (x) e−ikx x dx, (3.6)
−∞
Z ∞
h i 1
f (x) = F −1 fb(kx ) = fb(kx ) eikx x dkx , (3.7)
2π −∞
3.1 Meio homogêneo, isotrópico e ilimitado. 41

chamamos atenção para duas propriedades extremamente importantes para


os nossos objetivos aqui. A primeira propriedade se refere ao fato de que
a transformada de Fourier da derivada de uma função f (x) é equivalente a
multiplicar a transformada fb(kx ) da função por ikx . Simbolicamente,
 
df (x)
F = ikx fb(kx ) . (3.8)
dx

A segunda propriedade corresponde ao fato de que a transformada de Fourier


da função delta de Dirac δ (x) é identicamente igual a 1:

F [δ (x)] = 1. (3.9)

Efetuando a transformada de Fourier de ambos os lados de (3.5) em


relação à variável x e aplicando as duas propriedades acima referidas, vem

∂2Eby
−kx2 E
by + + k2 E
by = zI (ω) δ (z) (3.10)
∂z 2

em que E
by (kx , z) corresponde à transformada de Fourier de Ey (x, z).
Fazendo
u2 = kx2 − k 2 , (3.11)
e substituindo na expressão acima, resulta

∂2Eby
− u2 E
by = zI (ω) δ (z) . (3.12)
∂z 2
O nosso objetivo agora é resolver esta equação diferencial. Para nos ver
livres de ∂ 2 /∂z 2 e da função delta de Dirac δ (z) vamos efetuar novamente
a transformada de Fourier de ambos os lados desta equação, mas agora com
relação à variável z. Então,

−kz2 E 2b
y (kx , kz ) − u E y (kx , kz ) = zI (ω) . (3.13)
bb b

Esta equação algébrica pode ser reescrita da seguinte maneira,

−zI (ω)
E y (kx , kz ) = 2 . (3.14)
bb
u + kz2

Efetuando a transformada inversa de Fourier de ambos os lados dessa


igualdade, em relação à variável z, obtemos a solução da equação diferencial
42 3 Linha Infinita de Corrente

(3.12) na forma de uma integral imprópria. De fato, aplicando primeiro a


transformada inversa em kz ,

−zI (ω) ∞ eikz z


Z
Ey (kx , z) =
b
2 2
dkz (3.15)
2π −∞ u + kz

Esta integral é fácil de ser resolvida aplicando o teorema dos resíduos. O


método de solução encontra-se, por exemplo, em Markushevich (1977, vol.
II, p. 46). A solução é

−zI (ω) e−uz /2u,


(
z≥0
Eby (kx , z) = (3.16)
−zI (ω) euz /2u, z≤0

em que Re(u) > 0 , para que os campos obedeçam a condição de radiação.


Este resultado é importantíssimo. Ele é o ponto chave para tudo que
faremos daqui para frente. De posse dele podemos obter a solução de (3.5).
Basta efetuar a transformada inversa de Fourier. Com efeito, para as posições
abaixo da linha (z ≥ 0) temos

−zI (ω) ∞ e−uz ikx x


Z
Ey (x, z) = e dkx . (3.17)
2π −∞ 2u

Esta integral pode ser reescrita em um sistema de coordenadas polares


centrado no eixo y, fazendo r2 = x2 + z 2 , x = r cos θ, z = r sen θ:

−zI (ω) ∞ e−ur sen θ ikx r cos θ


Z
Ey (x, z) = Ey (r, θ) = e dkx . (3.18)
2π −∞ 2u

Acontece que neste problema temos uma situação absolutamente simétri-


ca em relação à direção da linha. O meio é infinito, homogêneo e isotrópico e
o pressuposto do problema foi que não há variação alguma na direção do eixo
y. Nestas condições não há nada que torne possível uma solução na qual os
campos dependam da coordenada azimutal θ. Sendo assim, a solução será a
mesma, independentemente do valor de θ. Em particular, podemos escolher
θ = 0. A integral fica
−zI (ω) ∞ 1 ikx r
Z
Ey (x, z) = Ey (r) = e dkx . (3.19)
2π −∞ 2u

Como u é uma função par de kx ,


−zI (ω) ∞ 1 −zI (ω) ∞ cos(kx r)
Z Z
Ey (r) = cos(kx r)dkx = p dkx (3.20)
2π 0 u 2π 0 kx2 − k 2
3.1 Meio homogêneo, isotrópico e ilimitado. 43

Esta última integral corresponde a uma das representações integrais da


função modificada de Bessel de segunda espécie de ordem zero, K0 (ikr)
(Abramowitz and Stegun, 1965, p. 376, eq. 9.6.25):
Z ∞
cos(kx r)
p dkx = K0 (ikr) , r > 0. (3.21)
0 kx2 − k 2

Portanto,

−zI (ω) −zI (ω)  p 


Ey (r) = K0 (ikr) = K0 ik x2 + z 2 . (3.22)
2π 2π
Tendo-se o campo elétrico a disposição, se pode facilmente calcular as
componentes do campo magnético. Para tanto, basta acionar as fórmulas
(3.3) e (3.4). Usando a relação dK0 (ikr) /dr = −ikK1 (ikr), temos

1 ∂Ey 1 ∂Ey ∂r ikI (ω) z


Hx (r) = = = K1 (ikr) , (3.23)
z ∂z z ∂r ∂z 2π r
e
1 ∂Ey 1 ∂Ey ∂r −ikI (ω) x
Hz (r) = − =− = K1 (ikr) . (3.24)
z ∂x z ∂r ∂x 2π r
Na dedução da fórmula (3.16), se supôz que a linha infinita de corrente
se encontrava localizada na origem do sistema de coordenadas (h0 = 0),
ao longo do eixo y. Se a linha tivesse sido posicionada acima ou baixo da
origem, em vez de (3.16), teríamos

−zI (ω) eu(z−h0 ) /2u,


(
z ≤ h0 ,
E
by (kx , z) = (3.25)
−zI (ω) e−u(z−h0 ) /2u, z ≥ h0 ,

e a solução no final é dada pela transformada inversa. Novamente, para


posições abaixo da linha:

−zI (ω) e−u(z−h0 ) ikx x
Z
Ey (x, z) = e dkx , (3.26)
2π −∞ 2u

em que Re(u) > 0.


As expressões (3.22), (3.23) e (3.24) são a solução do problema para o
meio ilimitado. A expressão (3.25) é um passo intermediário de extrema
importância, pois ela será a base para a solução do problema no meio estra-
tificado, conforme veremos a seguir.
44 3 Linha Infinita de Corrente

Jy = I(ω) δ(x) δ(z - h0)


z

h0
σ0 μ0 ε0
x

σ1 μ1 ε1

Figura 3.2: Linha infinita de corrente sobre um semi-espaço

3.2 Meio constituído por dois semi-espaços


Meios homogêneos ilimitados são utópicos do ponto de vista geofísico, em-
bora sirvam de base para o estudo de meios mais realistas. O modelo realista
mais simples é aquele formado por dois semi-espaços de propriedades elétri-
cas diferentes. A Figura 3.2 ilustra o modelo de dois semi-espaços com uma
linha infinita de corrente paralela à interface dos semi-espaços.
Neste problema não existe mais a perfeita simetria cilíndrica que encon-
tramos quando o meio era ilimitado e homogêneo. Neste caso, empregaremos
novamente a idéia de escrever o campo no meio 0 como a composição de um
campo incidente com a perturbação provocada pela reflexão na interface,
porém com uma mudança importante no problema. O campo incidente será
o aquele gerado pela linha no meio infinito de propriedades σ0 , µ0 e 0 . No
espaço de coordenadas (x, y, z) o campo elétrico direto da linha é dado pela
expressão (3.22), que não se presta prontamente ao propósito de ser usada
3.2 Meio constituído por dois semi-espaços 45

como campo incidente. Entretanto, observe que a expressão do integrando


da transformada na equação (3.26) tem justamente a mesma forma da so-
lução da onda plana no modo TE que encontramos no capítulo 2. Por isso
mesmo, se tratarmos este problema no domínio da transformada de Fourier
em relação à direção x poderemos aproveitar tudo que aprendemos no ca-
pítulo anterior e calcular a solução final como a superposição de infinitas
soluções de ondas planas.
Vamos, então, usar a expressão (3.25) para o campo elétrico incidente,
no domínio de Fourier (kx , z) , no intervalo h0 < z ≤ 0

−u0 (z−h0 )
byinc = −zI (ω) e
E = E0 e−u0 z , (3.27)
2u0
em que
eu0 h0
E0 = −zI (ω) . (3.28)
2u0
Assim, o campo total, incidente mais refletido, entre a interface e a linha
e o campo no semi-espaço inferior são respectivamente,
 
by(0) = E0 e−u0 z + R(0) eu0 z ,
E h0 < z ≤ 0, (3.29)
TE
b (1) = E1 e−u1 z ,
E z ≥ 0. (3.30)
y

Assim como no caso das ondas planas modo TE – equações (2.48 - 2.49)
(0)
– o coeficiente de reflexão RT E e o coeficiente E1 são calculados a partir das
condições de continuidade das componentes tangenciais do campo elétrico e
do campo magnético na interface dos dois semi-espaços. A partir do campo
elétrico, podemos calcular as componentes H b x(0) e H
b x(1) sem nehum esforço.
Com efeito, usando-se (3.4) vem

b (0)
b x(0) = 1 ∂ Ey = −Y0 E0 e−u0 z − R(0) eu0 z ,
 
H TE h0 < z ≤ 0, (3.31)
z0 ∂z
1 ∂Eby(1)
(1)
Hx =
b = −Y1 E1 e−u1 z , z ≥ 0, (3.32)
z1 ∂z

em que as admitâncias intrínsecas são Y0 = u0 /z0 e Y1 = u1 /z1 , sendo


u2j = kx2 − kj2 . Lembre-se que kj2 = −zj yj = −iwµj (σj + iωj ).
De posse das componentes tangenciais do campo elétrico e do campo
magnético podemos ir adiante e aplicar as condições de continuidade na
46 3 Linha Infinita de Corrente

interface, ou seja,

Eb (0) = E
b (1) ,
y y
z=0
b x(0) = H
H b x(1) .
z=0

Logo,
 
(0)
E0 1 + RT E = E1 ,
 
(0)
Y0 E0 1 − RT E = Y1 E1 .

Resolvendo este sistema de duas equações obtemos

(0) Y0 − Y 1
RT E = , (3.33)
Y0 + Y1

2Y0 E0
E1 = . (3.34)
Y0 + Y1
Observe a analogia entre (3.33) e (2.50) e entre (3.34) e (2.51). Esta
extraordinária coincidência é o resultado da transformação do problema da
linha infinita em problemas mais simples de ondas planas com constantes de
propagação u2j = kx2 − kj2 , j = 0, 1. De modo heurístico, podemos dizer que
a transformada de Fourier permitiu desacoplar a onda cilíndrica incidente
em ondas planas com ângulos de incidência satisfazendo k0 sin θ0 = kx (veja
a analogia com a equação 2.29).
Obtidas as soluções espectrais estamos prontos para voltar para o espaço
original (x, z) e determinar os campos elétrico e magnético em qualquer ponto
dos dois semi-espaços. Começando com o campo elétrico, basta efetuar a
transformada inversa de Fourier das expressões (3.29) e (3.30). Então,
Z ∞
1 
(0)

(0)
Ey = E0 e−u0 z + RT E eu0 z eikx x dkx , (3.35)
2π −∞
e Z ∞
1
Ey(1) = E1 e−u1 z eikx x dkx . (3.36)
2π −∞

Como os integrandos dessas transformadas são funções pares em kx , segue


que
1 ∞
Z  
(0)
(0)
Ey = E0 e−u0 z + RT E eu0 z cos (kx x) dkx , (3.37)
π 0
3.2 Meio constituído por dois semi-espaços 47

e Z ∞
1
Ey(1) = E1 e−u1 z cos (kx x) dkx . (3.38)
π 0
Finalmente, substituindo a expressão de E0 dada por (3.28) chega-se a
Z ∞
z0 I(ω) 1  −u0 (z−h0 ) (0)

Ey(0) =− e + RT E eu0 (z+h0 ) cos(kx x)dkx ,
2π 0 u0
h0 ≤ z ≤ 0. (3.39)

Procedendo da mesma forma, agora partindo da primeira equação do par


(3.25), temos a expressão para as posições acima da linha:
Z ∞
z0 I (ω) 1  u0 (z−h0 ) (0)

Ey(0) =− e + RT E eu0 (z+h0 ) cos (kx x) dkx ,
2π 0 u0
z ≤ h0 ≤ 0. (3.40)

Para o meio 1 usamos a expressão de E1 dada por (3.34) e chegamos a:



eu0 h0 −u1 z
Z
I (ω)
Ey(1) =− e cos (kx x) dkx , z≥0 (3.41)
π 0 Y0 + Y1

Note que estas expressões são válidas para qualquer ponto do plano (x, z),
exceto na posição da linha. Ou seja, se z = h0 em (3.39) e (3.40), x, forço-
samente, deve ser diferente de zero.
Tendo o campo elétrico é imediato escrever as componentes do campo
(0) (1)
magnético. Com efeito, as componentes horizontais Hx e Hx nos dois
semi-espaços são,
Z ∞
I (ω) (0)

Hx(0) =− eu0 (z−h0 ) + RT E eu0 (z+h0 ) cos(kx x) dkx
2π 0
z < h0 ≤ 0, (3.42)

Z ∞
I (ω) (0)

Hx(0) = e−u0 (z−h0 ) − RT E eu0 (z+h0 ) cos(kx x) dkx ,
2π 0
h0 < z ≤ 0, (3.43)

e

u1 eu0 h0 −u1 z
Z
I (ω)
Hx(1) = e cos(kx x) dkx , z ≥ 0. (3.44)
z1 π 0 Y0 + Y1
48 3 Linha Infinita de Corrente

Por sua vez, as expressões da componente vertical nos dois semi-espacos


são
Z ∞
I (ω) kx  u0 (z−h0 ) (0)

Hz(0) =− e + RT E eu0 (z+h0 ) sen(kx x) dkx ,
2π 0 u0
z ≤ h0 ≤ 0, (3.45)

Z ∞
I (ω) kx  −u0 (z−h0 ) (0)

Hz(0) = − e + RT E eu0 (z+h0 ) sen(kx x) dkx ,
2π 0 u0
h0 ≤ z ≤ 0, (3.46)

e

kx e−u0 h0 −u1 z
Z
I (ω)
Hz(1) =− e sen (kx x) dkx , z ≥ 0. (3.47)
z1 π 0 Y0 + Y1
Deixamos aqui as soluções na forma das integrais para ser resolvidas.
Trataremos delas mais adiante, quando veremos as condições para que te-
nham soluções analíticas e também os métodos numéricos para avaliá-las nos
casos mais gerais.

3.3 Meios estratificados


O problema, que acabamos de ver, dos dois semi-espaços na presença de
uma linha infinita de corrente é, sem dúvida, um dos problemas mais impor-
tante deste livro. Não tanto pelo seu conteúdo, mas pelo que ele representa
no tocante à metodologia adotada na sua solução. Na verdade, ele serve
de paradigma para muitos outros problemas a serem analisados no decorrer
do livro. A metodologia que nos referimos consta em transformar um pro-
blema complexo em problemas mais simples envolvendo apenas ondas planas.
Resolve-se o problema de ondas planas, para cada parâmetro da transforma-
ção, seguindo as etapas apresentadas no capítulo dois. Em seguida efetua-se
a transformada de volta e com isso sintetizam-se todas as soluções parciais
para compor a solução final. Ou seja, ao invés de um problema de geometria
mais complicada, resolvemos infinitos problemas de ondas planas. No caso
da linha infinita de corrente a efetivação desta metodologia se faz através da
transformada de Fourier.
Aplicando-se a metodologia acima descrita, podemos sem muita delonga
resolver o problema do meio estratificado na presença de uma linha infinita
de corrente como mostra a Figura 3.1. Por definição, um meio estratificado
3.3 Meios estratificados 49

é aquele constituído por dois semi-espaços, dos quais um é composto por N


camadas horizontais. Supondo que a linha se encontra acima do semi-espaço
estratificado é óbvio que o campo elétrico, acima da superfície, também seja
representado por (3.39) e (3.40), ou seja,
Z ∞
z0 I (ω) 1  u0 (z−h0 ) (0)

Ey(0) = − e + RT E eu0 (z+h0 ) cos (kx x) dkx ,
2π 0 u0
z ≤ h0 ≤ 0, (3.48)

Z ∞
z0 I (ω) 1  −u0 (z−h0 ) (0)

Ey(0) = − e + RT E eu0 (z+h0 ) cos (kx x) dkx ,
2π 0 u0
h0 ≤ z ≤ 0, (3.49)

com a resalva que o coeficiente de reflexão (3.33) deve ser substituído por

(0) Y0 − Yb1
RT E = , (3.50)
Y0 + Yb1

em que a admitância aparente Yb1 é calculada pelo algoritmo de recorrência


(2.88), repetido aqui por conveniência,

Ybj+1 + Yj tanh(uj hj )
Ybj = Yj , j = 1, N − 1 (3.51)
Yj + Ybj+1 tanh(uj hj )
YbN = YN
q
sendo Yj = uj /zj , uj = kx2 − kj2 , kj2 = −zj yj = −iωµj (σj + iωj ).
A esta altura é facil calcular o campo elétrico em qualquer camada do
meio estratificado. Basta seguir a metodologia descrita a pouco, isto é, usar
a solução do problema das ondas planas modo TE desenvolvida no segundo
capítulo e aplicar a transformada inversa de Fourier. Então, para qualquer
camada j entre 1 e N − 1, podemos escrever,
1 ∞
Z  
(j)
(j)
Ey = Ej e−uj (z−zj ) + RT E euj (z−zj ) cos (kx x) dkx , (3.52)
π 0
(j)
em que os coeficientes de reflexão RT E (2.87) são expressos por

(j) Yj − Ybj+1
RT E = (3.53)
Yj + Ybj+1
50 3 Linha Infinita de Corrente

e os coeficientes Ej são calculados por intermédio do algoritmo (2.89),


 
(j−1)
1 + RT E e−uj hj
Ej = Ej−1 (j)
, (3.54)
1 + RT E e−2uj hj
iniciando com (3.28), ou seja,
eu0 h0
E0 = −z0 I (ω) . (3.55)
2u0
No substrato o campo elétrico é representado por
1 ∞
Z
(N )
Ey = EN e−uN (z−zN −1 ) cos (kx x) dkx , (3.56)
π 0
em que o coeficiente EN é fornecido por
 
(N −1)
EN = EN −1 1 + RT E . (3.57)

A determinação das componentes Hx e Hz do campo magnético é imedi-


ata. Basta aplicar (3.3) e (3.4) e usar a fórmula apropriada do campo elétrico
de acordo com a localização, em z, do ponto onde se deseja calcular Hx e
Hz .
Para z ≤ 0, a componente horizontal do campo magnético é
I (ω) ∞  u0 (z−h0 )
Z 
(0) (0)
Hx = − e + RT E eu0 (z+h0 ) cos (kx x) dkx , z ≤ h0 ≤ 0,
2π 0
(3.58)
Z ∞
I (ω) (0)

Hx(0) = e−u0 (z−h0 ) − RT E eu0 (z+h0 ) cos (kx x) dkx , h0 ≤ z ≤ 0.
2π 0
(3.59)
e a componente vertical,
I (ω) ∞ kx  −u0 |z−h0 |
Z 
(0) (0)
Hz = − e + RT E eu0 (z−h0 ) sen (kx x) dkx . (3.60)
2π 0 u0
Para j ≤ N − 1, a componente horizontal do campo magnético é
−1 ∞
Z  
(j)
Hx(j) = Yj Ej e−uj (z−zj ) − RT E euj (z−zj ) cos (kx x) dkx , (3.61)
π 0
e a componente vertical,
Z ∞
1 
(j)

(j)
Hz = kx Ej e−uj (z−zj ) + RT E euj (z−zj ) sen (kx x) dkx . (3.62)
zj π 0
3.4 Avaliação das integrais 51

em que Ej é calculado com o algoritmo (3.54).


Para j = N , a componente horizontal do campo magnético é

−1 ∞
Z
(N )
Hx = YN EN e−uN (z−zN −1 ) cos (kx x) dkx , (3.63)
π 0

e a componente vertical,
Z ∞
1
Hz(N ) = kx EN e−uN (z−zN −1 ) sen (kx x) dkx , (3.64)
zN π 0

em que EN é calculado com a fórmula (3.57).

3.4 Avaliação das integrais


Não obstante a elegância do ponto de vista matemático, as integrais, que
compõem as componentes do campo elétrico e magnético que acabamos de
deduzir, estão longe de serem utilizadas no dia-a-dia da geofísica. Para
que isto aconteça é preciso transformá-las em números e gráficos. Afinal
de contas, são números que o geofísico normalmente coleta no campo. Sem
exagerar, podemos até dizer que apenas 50% do problema foi solucionado.
Os outros 50% correspondem à avaliação das integrais.
Estes últimos 50% não são tarefa simples. Em geral é necessário recorrer
a técnicas numéricas para se obter algum resultado. Existem várias técnicas
numéricas com abordagens bastante diferentes para avaliar estas integrais.
Em geral, o procedimento numérico é bastante sutil e depende essencialmente
da frequência da corrente que energiza a linha e da posição do ponto onde
se pretende calcular os campos.
Antes aplicar um método numérico, vamos estudar uma situação parti-
cular para a qual existe solução analítica. Desta forma teremos um caso para
comparar e validar a resposta numérica.

3.4.1 Solução analítica para o modelo de um semi-espaço


condutivo
No caso particular em que a linha e o ponto de observação se encontram na
superfície de um semi-espaço condutivo não magnético, as integrais para as
componentes Ey e Hz podem ser resolvidas analiticamente. Embora muito
simples, este modelo é de grande relevância, tanto do ponto de vista teórico
como numérico. Dito isto, vamos iniciar com o campo elétrico. Fazendo-se
52 3 Linha Infinita de Corrente

z = h0 = 0 na fórmula (3.49) vem,


z0 I (ω) ∞ 1 
Z 
(0) (0)
Ey (x, 0) = − 1 + RT E cos (kx x) dkx . (3.65)
2π 0 u0
Sabendo que
u0 u1
(0) Y0 − Y 1 µ0 − µ1
RT E = = u0 u1 . (3.66)
Y0 + Y1 µ0 + µ1
podemos escrever
Z ∞
z0 I (ω) 1
Ey(0) (x, 0) = − cos (kx x) dkx . (3.67)
π 0 u0 + µµ01 u1
Levando em consideração que o semi-espaço inferior é não-magnético
(µ1 = µ0 ) e multiplicando e dividindo o integrando de (3.67) por u0 − u1 ,
resulta,
z0 I (ω) ∞ u0 − u1
Z
(0)
Ey (x, 0) = − cos (kx x) dkx . (3.68)
π 0 u20 − u21
Como u20 − u21 = k12 − k02 em virtude de u20 = kx2 − k02 e u21 = kx2 − k12 ,
segue,
Z ∞
z0 I (ω)
Ey(0) (x, 0) = − (u0 − u1 ) cos (kx x) dkx . (3.69)
π k12 − k02 0


Logo, o cálculo do campo elétrico se resume no cálculo de uma integral


do tipo Z ∞
u cos (kx x) dkx . (3.70)
0
Este cálculo é feito da seguinte maneira. Inicia-se com a integral conhe-
cida (3.21), Z ∞
cos (kx x)
p = K0 (ikx) , x > 0, (3.71)
0 kx2 − k 2
sendo u2 = kx2 − k 2 . Derivando duas vezes com relação à variável x os dois
lados desta expressão resulta
Z ∞
kx2
 
2 1
p cos (kx x) dkx = k K1 (ikx) + K0 (ikx) (3.72)
0 kx2 − k 2 ikx
em que foram usadas as seguintes identidades
K00 (w) = −K1 (w) , (3.73)
−1
K10 (w) = K1 (w) − K0 (w) . (3.74)
w
3.4 Avaliação das integrais 53

Somando e subtraíndo k 2 no numerador dentro da integral chegamos a


∞ ∞
k2 − k2
Z Z
cos (kx x)
px cos (kx x) dkx + k 2 p dkx =
0 kx2 − k 2 0 kx2 − k 2
 
2 1
k K1 (ikx) + K0 (ikx) , (3.75)
ikx
ou seja,

−ik
Z
u cos (kx x) dkx = K1 (ikx) , x > 0. (3.76)
0 x
Retornado à integral (3.69) e substituindo este último resultado, obtém-
se a forma exata do campo elétrico,
z0 I (ω)
Ey(0) (x, 0) =  [ik0 x K1 (ik0 x) − ik1 x K1 (ik1 x)] . (3.77)
π k12 − k02 x2

De posse do campo elétrico obtém-se facilmente a componente vertical


do campo magnético. Com efeito, aplicando a fórmula (3.3) vem

I (ω)
Hz(0) (x, 0) = 2ik0 xK1 (ik0 x) − k02 x2 K0 (ik0 x) −

k12 2

π − k0 x 3

2ik1 xK1 (ik1 x) + k12 x2 K0 (ik1 x) (3.78)




Supondo que o semi-espaço superior é o ar e o inferior um meio condutivo


e supondo ainda que a frequência de excitação da corrente na linha é baixa
o suficiente para satisfazer a condição quase-estática, podemos adotar as

aproximações k0 = 0 e k1 = −iwµ1 σ1 . Então as expressões (3.77) e (3.78)
se reduzem, respectivamente, a
z0 I (ω)
Ey(0) (x, 0) = [1 − ik1 xK1 (ik1 x)] (3.79)
πk12 x2
e
I (ω) 
Hz(0) (x, 0) = 2 − 2ik1 xK1 (ik1 x) + k12 x2 K0 (ik1 x) ,

2 3
(3.80)
πk1 x
em que se usaram os seguintes limites,

lim wK0 (w) = 0, (3.81)


w→0
1
lim K1 (w) = . (3.82)
w→0 w
54 3 Linha Infinita de Corrente

Usaremos estas expressões como padrão para comparação das respostas


calculadas com a avaliação numérica das integrais, a seguir.
Na maioria dos casos as observações geofísicas não são os campos elétrico
e magnéticos propriamente ditos, mas alguma função do campo normalizado
por aquele que se obteria com o transmissor e receptor no ar livre. Este
último é chamado de acoplamento direto entre o transmissor e receptor.
Obviamente, o acoplamento direto depende do tipo de transmissor e receptor.
No caso da linha infinita de corrente, o acoplamento direto entre a linha e
o receptor que mede o campo magnético no mesmo plano da linha pode ser
deduzido a partir da expressão para o campo Hz do meio infinito homogêneo
(equação 3.24). Considerando z = 0, a expressão torna-se
−ikI
Hz (x) = K1 (ikx). (3.83)

No limite quando σ → 0, o argumento da função de Bessel K1 tende a zero.
De acordo com a identidade (3.82) a função tende assintoticamente para o
inverso do argumento. Então o campo no vácuo Hz0 será
−I(ω)
Hz0 (x) = (3.84)
2πx
Vamos, então, calcular as respostas analítica e numérica para o campo
magnético gerado pela linha na superfície de um semi-espaço homogêneo na
forma normalizada pelo acoplamento direto. A partir da equação (3.80), a
expressão analítica se torna
 
Hz −2 
2 − 2ik1 xK1 (ik1 x) + k12 x2 K0 (ik1 x) .

0
= 2
(3.85)
Hz z=0 k1 x
Já para o caso do receptor medindo o campo elétrico vamos adotar outro
(0)
procedimento: a expressão para a componente Ey (x, 0) (3.79) é formada
pelo produto de dois fatores. Pelas propriedades da função de Bessel modi-
ficada K1 , o termo entre colchetes tende a zero quando o argumento (ik1 x)
tende a zero e tende a 1 quando o argumento cresce. Vamos, então, apro-
veitar este comportamento para ter um padrão para comparar as curvas
em diferentes modelos, simplesmente normalizando pelo primeiro fator, que
representamos por Ey0 :
z0 I (ω)
Ey0 (x, 0) = . (3.86)
πk12 x2
Portanto, a expressão analítica do campo elétrico normalizado por este fator
será  
Ey
= [1 − ik1 xK1 (ik1 x)] . (3.87)
Ey0 z=0
3.4 Avaliação das integrais 55

Esta normalização reduz muito o efeito de atenuação do sinal pela distância


à fonte, uma vez Ey0 depende de 1/x2 , e realça a variação com a frequência.
Quando mostrarmos os resultados para o meio estratificado, as soluções
numéricas serão normalizadas pelos mesmos fatores Hz0 e Ey0 .

3.4.2 Avaliação numérica


Vimos na seção anterior que a avaliação exata das integrais que representam
os campos elétrico e magnético só é exequível em casos muito especiais.
Assim, temos que apelar para técnicas numéricas. Dentre as inúmeras opções
de algoritmos para o cálculo numérico de integrais oscilatórias exploraremos
aqui o algoritmo dos filtros lineares, que é de fácil implementação, além de
ser muito eficiente do ponto de vista computacional. Vamos aplicá-lo aqui
às transformadas seno e cosseno. No próximo capítulo utilizaremos os filtros
na transformada de Hankel.
Começando com as integrais
Z ∞
F (x) = K (kx ) cos (kx x) dkx , (3.88)
0
Z ∞
G (x) = K (kx ) sin (kx x) dkx . (3.89)
0

K(kx ) é denominada de função núcleo (kernel) da transformada1 , e tem uma


forma diferente para cada caso.
Fazendo a mudança de variável kx x = y na integral (3.88), obtemos
Z ∞
xF (x) = K (y/x) cos (y) dy. (3.90)
0

Substituindo a variável x por ep e a variável y por es , a razão y/x é substi-


tuida por uma diferença e esta integral se transforma na integral de convo-
lução Z ∞  
p p −(p−s)
e F (e ) = K e es cos (es ) ds. (3.91)
−∞

e−(p−s) é a função entrada (input), ep F (ep ) é a função saída



Neste caso K
(output) e es cos (es ) a função filtro.
O método numérico usa a versão discreta desta convolução e emprega
uma função kernel para a qual a solução analítica da integral seja conhecida.
1
Não existe consenso na literatura sobre qual função é o núcleo. Muitos autores prefe-
rem definir como kernel a função que define a transformada, neste caso as funções seno e
cosseno.
56 3 Linha Infinita de Corrente

Então, um processo de otimização é usado para determinar um conjunto


finito de abscissas (s) e de pesos (w), que são computados para cada fil-
tro ...REFs... . Para a versão discreta da convolução, portanto, podemos
escrever
N
X  
ep F (ep ) = K e−[p−(si )] wi , (3.92)
i=0

em que os valores si são as abscissas e wi são os coeficientes do filtro.


O método é implementado calculando-se a soma ponderada para cada
valor de x. Note que o valor final da função buscada F (x) será o valor da
soma dividido por x:

N
X
K esi /x wi .

xF (x) = (3.93)
i=0

O mesmo procedimento se aplica ao cálculo da transformada seno. Na


verdade, a fórmula da convolução discreta é absolutamente idêntica nos dois
casos. Naturalmente, os valores numéricos de si e wi são diferentes para
cada filtro.
Existem vários conjuntos de filtros disponíveis para diversas integrais.
No caso de transformadas seno e cosseno, por exemplo... ...REFs... .
Como exemplo, na implementação para o cálculo do campo elétrico da
linha em um ponto num meio estratificado precisamos avaliar a integral da
equação (3.52). Neste caso, a função kernel tem a forma
 
(j)
K(kx ) = Ej e−uj (z−zj ) + RT E euj (z−zj ) , (3.94)

com os coeficientes calculados com as fórmulas de recorrência. Esta função


é implementada com os argumentos e(s1 +n∆s) /x no lugar dos valores de kx .
A integral é calculada efetuando-se a soma indicada na equação (3.93) e
dividindo-se o resultado pelo valor de x.
Um bom teste para a implementação destes programas é comparar os
resultados numéricos com os valores exatos obtidos anteriormente. Para isso,
vamos aplicar o algoritmo do filtro à integral (3.67) para o campo elétrico
na superfície de um semi-espaço homogêneo com permeabiliade magnética
igual à do vácuo:
Z ∞
z0 I (ω) 1
Ey(0) (x, 0) =− cos (kx x) dkx . (3.95)
π 0 u0 + u1
3.4 Avaliação das integrais 57

Procedendo os mesmos passos com os quais chegamos à integral para o


campo elétrico neste modelo, aquelas para as demais componentes serão:

I (ω) ∞ u0 − u1
Z
(0)
Hx (x, 0) = cos (kx x) dkx (3.96)
π 0 u0 + u1
e Z ∞
I (ω) kx
Hz(0) (x, 0) = sin (kx x) dkx (3.97)
π 0 u0 + u1
Aplicando o algoritmo do filtro digital para resolver estas duas integrais
e dividindo os resultados pelos fatores de normalização definidos nas equa-
ções 3.84 e 3.86, o resultado será idêntico àquele calculado com as soluções
analíticas (equações 3.85 e 3.87).
A figura 3.3 mostra os resultados para o campo elétrico Ey normalizado,
em um ponto a uma distância de 1 km da linha, considerando três casos, nos
quais as resistividades do semiespaço são de 50 ohm-m, 200 ohm-m, ou 1000
ohm-m. Os resultados para o campo magnético Hz nas mesmas condições
estão na figura 3.4.
58 3 Linha Infinita de Corrente

Semi-espaço homogêneo.

1.2

1 x = 1 km

1000 Ωm
0.8
-Ey /E 0 -
-

200 Ωm
y

50 Ωm
0.6
-

0.4

0.2

10-4 10-3 10-2 10-1 100 101 102


Perı́odo (s)

Semi-espaço homogêneo.

80
Fase {Ey /Ey0 } (graus)

60

40 x = 1 km

50 Ωm
20 200 Ωm
1000 Ωm

10-4 10-3 10-2 10-1 100 101 102


Perı́odo (s)

Figura 3.3: Amplitude e fase do campo elétrico normalizado gerado por uma
linha infinita de corrente na superfície (h0 = 0) em um ponto na superfície
(z = 0), localizado a 1 km da fonte.
3.4 Avaliação das integrais 59

Semi-espaço homogêneo.

0.8
1000 Ωm
200 Ωm
x = 1 km
|Hz /Hz0 |

0.6 50 Ωm

0.4

0.2

10-4 10-3 10-2 10-1 100 101 102


Perı́odo (s)

Semi-espaço homogêneo.

180
Fase {Hz /Hz0 } (graus)

160

140 x = 1 km

120

100

80
10-4 10-3 10-2 10-1 100 101 102
Perı́odo (s)

Figura 3.4: Amplitude e fase do campo magnético normalizado gerado por


uma linha infinita de corrente na superfície (h0 = 0) em um ponto na super-
fície (z = 0), localizado a 1 km da fonte.
4
Espira Circular

A espira circular horizontal de corrente é uma das fontes mais usadas nos
Métodos e referências. métodos eletromagnéticos...
Neste capítulo será visto que o problema de um meio estratificado na
presença de uma bobina horizontal circular de corrente é análogo ao problema
da linha infinita de corrente analisado no último capítulo. A diferença entre
ambos está no tipo de transformada integral usada para converter o problema
original em problemas mais simples de ondas planas. No caso da linha infinita
de corrente, foi usada as transformadas direta e inversa de Fourier. No caso
da bobina circular veremos que as transformadas direta e inversa de Hankel
farão o mesmo papel.
O mais interessante de tudo é que do ponto de vista computacional a
diferença entre os dois tipos de problemas praticamente desaparece. O al-
goritmo dos filtros lineares usado com sucesso no caso da linha infinita de
corrente é empregado aqui também com a mesma facilidade e eficiência.
A figura 4.1 ilustra a geometria do problema. Note que a densidade de
corrente é azimutal e portanto tem a forma

a
Jφ = I (ω) δ (z − h0 ) δ (r − a) (4.1)
r

em que a seção do cabo que forma a bobina foi tida como desprezível. A
razão adimensional a/r é introduzida de modo a garantir a aplicação das
transformadas de Hankel, como ficará claro mais adiante. Note que ela não
altera a função, pois a delta de Dirac δ(r − a) só tem efeito exatamente no
melhorar ponto em que r = a, onde a razão vale 1.

60
4.1 Meio homogêneo, isotrópico e ilimitado. 61

a
J ϕ =I (ω)δ(r −a) δ( z−h 0 )
r

a
h0
z σ0 μ0 ε0
z0
h1
σ1 μ1 ε1
z1
h2
σ2 μ2 ε2
z2

zj - 2

σj-1 μj-1 εj-1 hj - 1


zj - 1

σj μj εj hj
zj

zN - 2
hN - 1
σN-1 μN-1 εN-1
zN - 1
σN μN εN

Figura 4.1: Bobina circular de corrente sobre um semi-espaço estratificado.

4.1 Meio homogêneo, isotrópico e ilimitado.

Nosso objetivo nesta seção é determinar as componentes do campo elétrico


e do campo magnético num meio homogêneo, isotrópico e ilimitado de pro-
priedades elétricas σ, µ e 0 na presença de uma bobina circular de corrente.

Para facilitar o tratamento algébrico vamos, sem perda de generalidade,


fazer h0 = 0. No final, veremos como será o resultado quando h0 < 0.

Em virtude da simetria cilíndrica do modelo, as equações de Maxwell


62 4 Espira Circular

(1.10a - 1.10b) se resumem a

∂Hr ∂Hz a
− − yEφ = I (ω) δ (z) δ (r − a) , (4.2)
∂z ∂r r
∂Eφ
= zHr , (4.3)
∂z
∂ (rEφ )
= −zrHz . (4.4)
∂r

Estas se combinam na equação de segunda ordem


   
∂ 1 ∂ (rEφ ) ∂ 1 ∂Eφ a
+ = yEφ + I (ω) δ (z) δ (r − a) (4.5)
∂r zr ∂r ∂z z ∂z r

Em virtude do meio ser homogêneo, esta equação se reduz a

∂ 2 Eφ
 
∂ 1 ∂ (rEφ ) a
+ 2
+ k 2 Eφ = zI (ω) δ (z) δ (r − a) , (4.6)
∂r r ∂r ∂z r

em que k 2 = −zy = −iωµ (σ + iω) é o quadrado do número de onda.


Desdobrando a derivada no primeiro termo, vem,

∂ 2 Eφ 1 ∂Eφ ∂ 2 Eφ
 
1 a
+ − Eφ + + k 2 Eφ = zI (ω) δ (z) δ (r − a) (4.7)
∂r2 r ∂r r2 ∂z 2 r

Esta última equação tem a mesma estrutura da equação (3.5) do terceiro


capítulo. Lá, a direção do campo elétrico coincide com direção da linha de
corrente (Ey ). Aqui, em virtude da simetria cilíndrica da bobina de corrente,
o campo elétrico é azimutal (Eφ ).
Por meio da transformada de Fourier a equação (3.5) foi reduzida à (3.12),
cuja solução é dada pela (3.16). Consequentemente, no domínio da transfor-
mada (kx , z) o problema da linha foi transformado em problemas com ondas
planas, sendo a solução final obtida por meio da transformada inversa. A
motivação para usar a transformada de Fourier foi porque ela permite subs-
tituir o primeiro termo da equação (3.5) por −kx E by e também reduzir a 1 a
função delta de Dirac δ(x).
Naturalmente, devido a incompatibilidade de simetria, a transformada de
Fourier não pode ser usada com a mesma finalidade com relação à equação
(4.7). Então, a questão é saber se existe uma transformada integral que
desempenhe sobre esta equação o mesmo papel da transformada de Fourier
com relação à (3.5). Para nossa satisfação, o par de transformadas de Hankel
4.1 Meio homogêneo, isotrópico e ilimitado. 63

de ordem ν
Z ∞
fb(kr ) = Hν [f (r)] = f (r) Jν (kr r) rdr, (4.8)
0
h i Z ∞
f (r) = Hν−1 fb(kr ) = fb(kr ) Jν (kr r) kr dkr , (4.9)
0

tem exatamente as características que desejamos para o problema de simetria


cilíndrica e age sobre (4.7) do mesmo modo que o par de transformadas
de Fourier age sobre (3.5). Nestas equações, Jν é a função de Bessel de
primeira espécie de ordem ν. Não cabe aqui uma apresentação detalhada das
propriedades das funções de Bessel e da transformada de Hankel. Trataremos
apenas daquelas que se aplicam diretamente ao nosso problema. Todos os
detalhes podem ser encontrados em Abramowitz and Stegun (1965) e ?.
As duas propriedades fundamentais da transformada de Fourier, notada-
mente,  2 
d f (x)
F = −kx2 fb(kx ) (4.10)
dx2
e
F [δ (x)] = 1 (4.11)
correspondem, em relação à transformada de Hankel, às seguintes proprie-
dades,  2
d f (r) 1 df (r) ν 2

Hν + − 2 f (r) = −kr2 fb(kr ) (4.12)
dr2 r dr r
e  
δ (r − a)
Hν = Jν (kr a) . (4.13)
r
Esta última justifica a introdução da razão a/r na expressão da densidade
de corrente da fonte (4.1), conforme indicamos no início do capítulo.
De posse dessas duas propriedades podemos aplicar a mesma metodologia
usada no caso da linha infinita de corrente. De fato, efetuando a transfor-
mada de Hankel de ordem 1,
bφ (kr , z) = H1 [Eφ (r, z)] ,
E (4.14)

e empregando as identidades (4.12) e (4.13) vem

d2 E

−kr2 E
bφ + + k2 E
bφ = zI (ω) aJ1 (kr a) δ (z) . (4.15)
dz 2
Fazendo
u2 = kr2 − k 2 , (4.16)
64 4 Espira Circular

e substituindo na expressão acima, resulta

d2 E

− u2 E
bφ = zI (ω) aJ1 (kr a) δ (z) . (4.17)
dz 2
Esta é exatamente a mesma equação diferencial que encontramos no pro-
blema da linha infinita de corrente no meio homogêneo infinito (3.12). Sendo
assim, aproveitando a mesma solução que já encontramos lá, temos:

 −zI (ω) a J1 (kr a) euz /2u,



z < 0.
Eφ (kr , z) =
b (4.18)
−zI (ω) a J1 (kr a) e−uz /2u, z ≥ 0.

ou mais concisamente,
−u|z|
bφ (kr , z) = −zI (ω) a J1 (kr a) e
E , z∈R (4.19)
2u
Para obter o campo elétrico no espaço de coordenadas (r, z), basta efetuar
a transformada inversa de Hankel. Com efeito, usando a definição (4.9) temos
Z ∞ −u|z|
e
Eφ (r, z) = −zI (ω) a J1 (kr a) J1 (kr r) kr dkr . (4.20)
0 2u
Podemos agora calcular facilmente as componentes do campo magnético.
Para tanto, basta acionar as fórmulas (4.3) e (4.4).
A componente Hr é
I (ω) a ∞ uz
 Z
− e J1 (kr a) J1 (kr r) kr dkr , z < 0,




 2 0
Hr (r, z) = Z ∞ (4.21)
 I (ω) a
e−uz J1 (kr a) J1 (kr r) kr dkr ,

z ≥ 0,


2

0

A derivada da função J1 é
d J1 (x)
J1 (x) = J0 (x) − , (4.22)
dx x
que resulta em
d
[rJ1 (kr r)] = kr rJ0 (kr r). (4.23)
dr
Portanto, a componente Hz fica
I (ω) a ∞ 1 −u|z|
Z
Hz (r) = e J1 (kr a) J0 (kr r) kr2 dkr . (4.24)
2 0 u
4.2 Meio constituído por dois semi-espaços 65

Na dedução da fórmula (4.19) a espira de corrente se encontra em h0 = 0.


Para h0 < 0, fazemos uma translação no sistema de coordenadas, que resulta
em

eu(z−h0 )


 −zI (ω) aJ1 (kr a) , z < h0 ,
2u


E
bφ (kr , z) = (4.25)
−u(z−h0 )
 −zI (ω) aJ (k a) e


z ≥ h0 ,

1 r ,
2u

e as exponenciais nas componentes magnéticas se alteram da mesma forma.

4.2 Meio constituído por dois semi-espaços


Novamente vamos seguir a mesma sequência de etapas que já desenvolvemos
nos problemas da onda plana e da linha infinita de corrente: de posse da
solução para o meio ilimitado homogêneo, vamos aplicar esta como campo
incidente sobre o meio formado por dois semi-espaços homogêneos separados
por uma interface plana horizontal. A solução para o meio estratificado
virá em seguida, da mesma forma que nos casos anteriores. A Figura (4.2)
ilustra o modelo de dois semi-espaços com uma bobina de corrente paralela
à interface entre eles.
Assim como no caso da linha, encontramos uma transformada que nos
permitiu escrever a equação de Helmholtz na variável z para o problema do
meio infinito, cuja solução, no domínio da transformada, nos remete nova-
mente à solução da onda plana (equação 4.25). Sendo assim, para tratar do
problema de dois semi-espaços vamos seguir etapas análogas às que desen-
volvemos no problema da linha: tomamos a expressão (4.25) como campo
incidente, no domínio (kr , z), e escrevemos as expressões em termos de co-
eficientes de reflexão e de transmissão a ser determinados com a aplicação
das condições de fronteira na interface.
Sendo assim, o campo elétrico incidente, no domínio de Hankel (kr , z) ,
no intervalo h0 6 z 6 0 é dado por

−u0 (z−h0 )
b inc = −zI (ω) aJ1 (kr a) e
E = E0 e−u0 z , (4.26)
φ
2u0
em que
eu0 h0
E0 = −zI (ω) aJ1 (kr a) . (4.27)
2u0
66 4 Espira Circular

y a
J ϕ =I (ω)δ(r −a) δ( z−h 0 )
r

a
z h0
σ0 μ0 ε0
x

σ1 μ1 ε1

Figura 4.2: Bobina circular de corrente sobre um semi-espaço homogêneo.

O campo total, incidente e refletido, entre a interface e a bobina, e o


campo no semi-espaço inferior são respectivamente,
 
b (0) = E0 e−u0 z + R(0) eu0 z ,
E h0 ≤ z ≤ 0, (4.28)
φ TE

b (1) = E1 e−u1 z ,
E z≥0 (4.29)
φ

Da mesma maneira como no caso das ondas planas modo TE – equações


(0)
(2.49) - (2.49) – o coeficiente de reflexão RT E e o coeficiente E1 são calcula-
dos a partir das condições de continuidade das componentes tangenciais do
campo elétrico e do campo magnético na interface dos dois semi-espaços. A
partir do campo elétrico, podemos calcular as componentes H b r(0) e H
b r(1) sem
nenhum esforço. Com efeito, usando-se (4.3) vem

b (0)
1 ∂E  
φ (0)
(0)
Hr =
b = −Y0 E0 e−u0 z − RT E eu0 z , h0 ≤ z ≤ 0, (4.30)
z0 ∂z
1 b (1)
∂Eφ
H (1)
br = = −Y1 E1 e−u1 z , z ≥ 0, (4.31)
z1 ∂z

em que as admitâncias intrínsicas Y0 e Y1 são, respectivamente, u0 /z0 e


u1 /z1 , sendo u20 = kr2 − k02 e u21 = kr2 − k12 . Lembre-se que kj2 = −zj yj =
−iwµj (σj + iωj ), com j = 0, 1.
De posse das componentes tangenciais do campo elétrico e do campo
magnético podemos ir adiante e aplicar as condições de continuidade na
4.2 Meio constituído por dois semi-espaços 67

interface dos dois semi-espaços, ou seja,



b (0) = E
E b (1) (4.32)
φ φ
z=0
e
b (0) = H
H b (1) . (4.33)
r r
z=0
Logo,
 
(0)
E0 1 + RT E = E1 , (4.34)
 
(0)
Y0 E0 1 − RT E = Y1 E1 . (4.35)

Resolvendo este sistema de duas equações obtém-se,


(0) Y0 − Y 1
RT E = (4.36)
Y0 + Y1
e
2Y0 E0
E1 = (4.37)
Y0 + Y1
Observe a analogia entre as equações (4.36), (3.33) e (2.50) e também
entre (4.37), (3.34) e (2.51). Esta extraordinária coincidência é o resultado
da transformação do problema da bobina de corrente em problemas mais
simples de ondas planas com constantes de propagação u2j = kr2 − kj2 , j =
0, 1. De modo heurístico, podemos dizer que a transformada de Hankel, a
exemplo da transformada de Fourier no caso da linha infinita de corrente,
permitiu desacoplar a onda cilíndrica incidente em ondas planas com ângulos
de incidência satisfazendo k0 sin θ0 = kr .
Obtidas as soluções espectrais estamos prontos para voltar para o espaço
original (r, z) e determinar os campos elétrico e magnético em qualquer ponto
dos dois semi-espaços. Começando com o campo elétrico, basta efetuar a
transformada inversa de Hankel das expressões (4.28) e (4.29). Então,
Z ∞  
(0) (0)
Eφ = E0 e−u0 z + RT E eu0 z J1 (kr r) kr dkr (4.38)
0
e Z ∞
(1)
Eφ = E1 e−u1 z J1 (kr r) kr dkr . (4.39)
0
Finalmente, substituindo as expressões de E0 (4.27) e E1 (4.37) nessas
duas últimas equações chega-se a
z0 I (ω) a ∞
Z
(0)
Eφ = − Kφ (kr ) J1 (kr r) kr dkr , h0 ≤ z ≤ 0, (4.40)
2 0
68 4 Espira Circular

em que o kernel Kφ (kr ) é dado por

1  −u0 (z−h0 ) (0)



Kφ (kr ) = e + RT E eu0 (z+h0 ) J1 (kr a) , (4.41)
u0
e

eu0 h0 −u1 z
Z
(1)
Eφ = −I (ω) a e J1 (kr a) J1 (kr r) kr dkr , z ≥ 0 (4.42)
0 Y0 + Y1
(0) (1)
A partir do campo elétrico, as componentes horizontais Hr e Hr nos
dois semi-espaços são,

I (ω) a ∞
Z
(0)
Hr = Kr (kr ) J1 (kr r) kr dkr , h0 ≤ z ≤ 0, (4.43)
2 0

sendo Kr (kr ) expresso por,


 
(0)
Kr (kr ) = e−u0 (z−h0 ) − RT E eu0 (z+h0 ) J1 (kr a) (4.44)

e

Y1 eu0 h0 −u1 z
Z
Hr(1) = I (ω) a e J1 (kr a) J1 (kr r) kr dkr , z ≥ 0. (4.45)
0 Y0 + Y1
Por sua vez, as componentes verticais nos dois semi-espaços são

I (ω) a ∞
Z
(0)
Hz = K (kr ) J0 (kr r) kr2 dkr , h0 ≤ z ≤ 0 (4.46)
2 0

e

eu0 h0 −u1 z
Z
I (ω) a
Hz(1) = e J1 (kr a) J0 (kr r) kr2 dkr , z≥0 (4.47)
z1 0 Y0 + Y1

4.3 Meio estratificado horizontal


Aplicamos novamente o mesmo procedimento que usamos para a linha in-
finita de corrente, agora aproveitando a simetria cilíndrica. No domínio da
transformada de Hankel, o problema se reduz a um de ondas planas de inci-
dência oblíqua para cada valor da variável kr , e a solução será expressa na
forma da integral da transformada inversa, que precisa ser avaliada numeri-
camente. Já tendo a solução, no domínio da transformada, para o campo da
bobina no meio homogêneo infinito (campo incidente) e para o caso de dois
4.3 Meio estratificado horizontal 69

semi-espaços, a solução para o meio estratificado segue os mesmos passos


que encontramos desde o primeiro capítulo.
A expressão para o campo elétrico na região entre a posição da bobina
(h0 ) e a primeira interface é
z0 I (ω) a ∞
Z
(0)
Eφ = − Kφ (kr ) J1 (kr r) kr dkr , h0 ≤ z ≤ 0, (4.48)
2 0

em que a função kernel Kφ (kr ) é tem a mesma forma daquela que encontra-
mos no caso de dois semi-espaços (4.41),
1  −u0 (z−h0 ) (0)

Kφ (kr ) = e + RT E eu0 (z+h0 ) J1 (kr a) ,
u0
com a ressalva de que o coeficiente de reflexão (4.36) deve ser substituido
por
(0) Y0 − Yb1
RT E = , (4.49)
Y0 + Yb1
em que Yb1 é calculado pelo algoritmo de recorrência (2.88), repetido aqui
por conveniência,

Ybj+1 + Yj tanh(uj hj )
Ybj = Yj , j = 1, N − 1 (4.50)
Yj + Ybj+1 tanh(uj hj )
YbN = YN ,
q
com as expressões usuais kj2 = −zj yj = −iωµj (σj + iωj ), uj = kr2 − kj2 ,
Yj = uj /zj .
Para qualquer camada j entre 1 e (N −1), a solução para o campo elétrico
é Z ∞  
(j) (j)
Eφ = Ej e−uj (z−zj ) + RT E euj (z−zj ) J1 (kr r) kr dkr , (4.51)
0
(j)
em que os coeficientes de reflexão RT E são expressos por

(j) Yj − Ybj+1
RT E = . (4.52)
Yj + Ybj+1

Os coeficientes Ej são calculados por intermédio do algoritmo (2.89),


 
(j−1)
1 + RT E e−uj hj
Ej = Ej−1 (j)
, (4.53)
1 + RT E e−2uj hj
70 4 Espira Circular

iniciando com (4.27). ou seja,


eu0 h0
E0 = −z0 I (ω) aJ1 (kr a) . (4.54)
2u0
No substrato o campo elétrico é representado por
Z ∞
(N )
Eφ = EN e−uN (z−zN −1 ) J1 (kr r) kr dkr , (4.55)
0

em que o coeficiente EN é
 
(N −1)
EN = EN −1 1 + RT E . (4.56)

Para calcular as componentes Hr e Hz do campo magnético usamos as


relações (4.3) e (4.4) aplicadas na expressão do campo elétrico apropriada
para cada região do modelo.
Para a região entre a altura da bobina e a superfície do modelo, a com-
ponente horizontal do campo magnético é
I (ω) a ∞
Z
(0)
Hr = Kr (kr ) J1 (kr r) kr dkr , h0 ≤ z ≤ 0, (4.57)
2 0

em que a função kernel Kr (kr ) é expressa por,


 
(0)
Kr (kr ) = e−u0 (z−h0 ) − RT E eu0 (z+h0 ) J1 (kr a) . (4.58)

(0)
Sendo RT E dado pela fórmula (4.49).
A componente vertical fica
I (ω) a ∞
Z
(0)
Hz = Kz (kr ) J0 (kr r) kr dkr h0 ≤ z ≤ 0, (4.59)
2 0
em que
kr  −u0 (z−h0 ) (0)

Kz (kr ) = e + RT E eu0 (z+h0 ) J1 (kr a) , (4.60)
u0
(0)
com RT E novamente na forma da equação (4.49).
Para 1 ≤ j ≤ N − 1, a componente horizontal do campo magnético é
Z ∞  
(j)
Hr(j) = − Yj Ej e−uj (z−zj ) − RT E euj (z−zj ) J1 (kr r) kr dkr , (4.61)
0

e a componente vertical,
1 ∞
Z  
(j)
(j)
Hz = − Ej e−uj (z−zj ) + RT E euj (z−zj ) J0 (kr r) kr2 dkr . (4.62)
zj 0
4.4 Avaliação das integrais 71

Para j = N , a componente horizontal do campo magnético é


Z ∞
(N )
Hr = − YN EN e−uN (z−zN −1 ) J1 (kr r) kr dkr , (4.63)
0

e a componente vertical,
Z ∞
1
Hz(N ) =− EN e−uN (z−zN −1 ) J0 (kr r) kr2 dkr . (4.64)
zj 0

4.4 Avaliação das integrais


A bobina de corrente é uma das principais fontes eletromagnéticas nos tra-
balhos de prospeção geofísica, usada tanto em levantamentos terrestres, nos
quais é estendida na superfície do terreno (h0 = 0), quanto aéreos, nos quais
é carregada por helicópteros ou aeroplanos (h0 < 0). No primeiro caso as
medidas são feitas na superfície (z = 0), enquanto que nos levantamentos
aéreos geralmente o receptor é transportado juntamente com a fonte (z < 0).
Se desejado, o campo elétrico Eφ (r, 0) é medido por meio de eletrodos
cravados na superfície do terreno. Já as componentes Hr (r, z) e Hz (r, z)
do campo magnético são medidas por meio de bobinas, ou na superfície do
terreno ou acima dela.
Geralmente, os campos medidos são normalizados por componentes cal-
culadas para um dipolo magnético no espaço vazio, guardadas as posições
relativas entre fonte e receptor. Conforme iremos determinar no próximo ca-
pítulo, existem expressões analíticas para estes campos no plano da bobina,
que são expressas em termos do momento de dipolo (m) da fonte, que no
caso da bobina tem módulo m = Ia2 . Assim, nesta seção apresentaremos o
campo elétrico normalizado por −z0 I (w) a2 /4r2 e as componentes do campo
magnético normalizadas por −I (w) a2 /4r3 , em que a representa o raio da
bobina circular.
Feitas essas observações, vamos reescrever a expressão do campo elétrico
Eφ (r, 0) (??) de uma maneira mais apropriada para o cálculo no computador,

z0 I (ω) a ∞
Z
(0)
Eφ (r, 0) = − Kφ (kr ) J1 (kr r) kr dkr , (4.65)
2 0
sendo a função kernel Kφ (kr ) expressa por,
1  (0)

Kφ (kr ) = 1 + RT E J1 (kr a) (4.66)
u0
(0)
Como sempre, o coeficiente de reflexão RT E é dado por
72 4 Espira Circular

(0) Y0 − Yb1
RT E = , (4.67)
Y0 + Yb1
sendo

Ybj+1 + Yj tanh[uj hj ]
Ybj = Yj , j = 1, 2, . . . N − 1
Yj + Ybj+1 tanh[uj hj ]
uN
YbN = YN j = .
zN
q
em que Yj = uj /zj , sendo uj = kr2 − kj2 com kj2 = −iωµj σj (condição
quase-estática) e zj = iwµj
Fazendo Fj = Ybj /Yj , pode-se reescrever esta relação de recorrência da
seguinte maneira,

Yj+1 Fj+1 + Yj tanh[uj hj ]


Fj = ,
Yj + Yj+1 Fj+1 tanh[uj hj ]
FN = 1.

Substituíndo, nesta expressão, Yj = uj / (iωµj ) vem,


uj+1 uj
µj+1 Fj+1 + µj tanh[uj hj ]
Fj = uj uj+1 ,
µj + µj+1 Fj+1 tanh[uj hj ]
FN = 1

multiplicando o numerador e denominador por µj µj+1 , obtém-se

µj uj+1 Fj+1 + µj+1 uj tanh[uj hj ]


Fj =
µj+1 uj + µj uj+1 Fj+1 tanh[uj hj ]
FN = 1

Aplicando-se a condição quase-estática (k0 = 0), a fórmula dos coeficien-


tes de reflexão se reduz a
(0) gµ1 /µ0 − F1 u1
RT E = . (4.68)
gµ1 /µ0 + F1 u1

Finalmente, substituindo (4.68) em (4.65) resulta,

rs ∞
Z
2gµ1 /µ0
Zφ /Z0 = 2 J1 (gas ) J1 (grs ) dg (4.69)
as 0 gµ1 /µ0 + F1 u1
4.4 Avaliação das integrais 73

(0)
Observe que Zφ /Z0 = Eφ (r, 0) /(−z0 I (w) a2 /4r2 ).
Procedendo de modo interamente análogo, podemos reescrever a compo-
nente horizontal, Hx (x, z) (4.57), do campo magnético da seguinte maneira,

r2 2gu1 F1 egz
Z
Zx /Z0 = −2 s J1 (gas ) J1 (grs ) dg (4.70)
as 0 gµ1 /µ0 + F1 u1

em que Zx /Z0 = Hx (x, z) /(−I (w) a2 /4r3 ).


Finalmente a componente vertical, Hz (x, z) (4.59), do campo magnético
é expressa por,


rs2 2g 2 µ1 /µ0 egz
Z
Zz /Z0 = −2 J1 (gas ) J0 (grs ) dg (4.71)
as 0 gµ1 /µ0 + F1 u1

em que Zz /Z0 = Hz (x, z) /(−I (w) a2 /4r3 ).


Observando as integrais (4.69) e (4.70) nota-se que elas têm a seguinte
estrutura, Z ∞
I (rs ) = K (g) J1 (grs ) dg. (4.72)
0
Fazendo-se a mudança de variável grs = y, obtém-se
Z ∞
rs I (rs ) = K (y/rs ) J1 (y) dy. (4.73)
0

Substituindo a variável rs por ep e a variável y por es , esta integral se


transforma na integral de convolução,
Z ∞  
ep I (ep ) = K e−(p−s) es J1 (es ) ds. (4.74)
−∞

em que K e−(p−s) e ep F (ep ) são, respectivamente, a função entrada (input)




e função saída (output) e es J1 (es ) a função filtro.


Observe a semelhança entre este resultado o algoritmo dos filtros lineares
usado no capítulo anterior para se calcular as transformadas seno e co-seno.
Em verdade, da mesma maneira como é feito no caso das transformadas
seno e co-seno pode-se calcular os coeficientes dos filtros es J0 (es ) e es J1 (es )
e usar a versão discreta da convolução,
N
X h i
rs I (rs ) = K e− ln rs +(s1 +n∆s) wn (4.75)
n=0
74 4 Espira Circular

O filtro es J0 (es ) tem 61 coeficientes cuja primeira abscissa é s1 = −11.702888735142237


e o incremento das abscissas igual a ∆s = 0.2685696197447527.
A implementação de (4.75) em linguagem Mathematica é dada pelo se-
guinte programa,

In[7]:= j0Trans61[kfun_, rs_]:= Module[{i, g},


s = Exp[-11.702888735142237 + 0.2685696197447527 n, {n, 0, 60}];
w = {
3.30220475766 10^-4, -1.18223623458 10^-3, 2.01879495264 10^-3,
-2.13218719891 10^-3, 1.60839063172 10^-3, -9.09156346708 10^-4,
4.37889252738 10^-4, -1.55298878782 10^-4, 7.98411962729 10^-5,
4.37268394072 10^-6, 3.94253441247 10^-5, 4.02675924344 10^-5,
5.66053344653 10^-5, 7.25774926389 10^-5, 9.55412535465 10^-5,
1.24699163157 10^-4, 1.63262166579 10^-4, 2.13477133718 10^-4,
2.79304232173 10^-4, 3.65312787897 10^-4, 4.77899413107 10^-4,
6.25100170825 10^-4, 8.17726956451 10^-4, 1.06961339341 10^-3,
1.39920928148 10^-3, 1.83020380399 10^-3, 2.39417015791 10^-3,
3.13158560774 10^-3, 4.09654426763 10^-3, 5.35807925630 10^-3,
7.00889482693 10^-3, 9.16637526490 10^-3, 1.19891721272 10^-2,
1.56755740646 10^-2, 2.04953856060 10^-2, 2.67778388247 10^-2,
3.49719672729 10^-2, 4.55975312615 10^-2, 5.93498881451 10^-2,
7.69179091244 10^-2, 9.91094769804 10^-2, 1.26166963993 10^-1,
1.57616825575 10^-1, 1.89707800260 10^-1, 2.13804195282 10^-1,
2.08669340316 10^-1, 1.40250562745 10^-1, -3.65385242807 10^-2,
-2.98004010732 10^-1, -4.2189814924 10^-1, 5.94373771266 10^-2,
5.29621428353 10^-1, -4.41362405166 10^-1, 1.90355040550 10^-1,
-6.19966386785 10^-2, 1.87255115744 10^-2, -5.68736766738 10^-3,
1.68263510609 10^-3, -4.38587145792 10^-4, 8.59117336292 10^-5,
-9.15853765160 10^-6};
conv = 0;
Do[
g= s[[i]]/rs;
conv = comv + kfun[g] w[[i]],
{i, 61}]]

Analogamente, o filtro es J1 (es ) com 47 coeficientes tem como primeira


abscissa o valor s1 = −7.024684869538879 e o incremento das abscissas igual
a ∆s = 0.2546636319446458. O programa a seguir implementa a convolução
referente a este filtro.
4.5 Aplicações 75

In[7]:= j1Trans47[kfun_, rs_]:= Module[{i, g},


s = Exp[-7.024684869538879 + 0.2546636319446458 n, {n, 0, 46}];
w = {
3.17926147465 10^-6, -9.73811660718 10^-6, 1.64866227408 10^-5,
-1.81501261160 10^-5, 1.87556556369 10^-5, -1.46550406038 10^-5,
1.53799733803 10^-5, -6.95628273934 10^-6, 1.41881555665 10^-5,
3.41445665537 10^-6, 2.13941715512 10^-5, 2.34962369042 10^-5,
4.84340283290 10^-5, 7.33732978590 10^-5, 1.27703784430 10^-4,
2.08120025730 10^-4, 3.49803898913 10^-4, 5.79107814687 10^-4,
9.65887918451 10^-4, 1.60401273703 10^-3, 2.66903777685 10^-3,
4.43111590040 10^-3, 7.35631696247 10^-3, 1.21782796293 10^-2,
2.01097829218 10^-2, 3.30096953061 10^-2, 5.37143591532 10^-2,
8.60516613299 10^-2, 1.34267607144 10^-1, 2.00125033067 10^-1,
2.74027505792 10^-1, 3.18168749246 10^-1, 2.41655667461 10^-1,
-5.40549161658 10^-2, -4.46912952135 10^-1, -1.92231885629 10^-1,
5.52376753950 10^-1, -3.57429049025 10^-1, 1.41510519002 10^-1,
-4.61421935309 10^-2, 1.48273761923 10^-2, -5.07479209193 10^-3,
1.83829713749 10^-3, -6.67742804324 10^-4, 2.21277518118 10^-4,
-5.66248732755 10^-5, 7.88229202853 10^-6 };
conv = 0;
Do[
g= s[[i]]/rs;
conv = comv + kfun[g] w[[i]],
{i, 47}]]

4.5 Aplicações
A título de ilustração do uso desses dois programas vamos mostrar al-
guns exemplos.

Primeiro vamos modelar o campo elétrico Eφ (x, 0)

In[7]:= fDcLoopZzEphi[kfun_, freq_, rho_, mu_, h_, a_, r_]:=


Module[{i, g},
nfreq = Length[freq];
nlayer = Length[rho];
lpEphi = Table[0, {i, nfreq}];
Do[
76 4 Espira Circular

skin = 500./Pi Sqrt[10. rho/freq[[i]]];


as = a/skin;
xs = x/skin;
hs = h/skin;
j1Trans47[kfun, rs];
lpEphi[[i]] = 2 rs/as conv,
{i, nfreq}]]

In[12]:= kernelcLoopEphi[g_]:= Module[{i, u, fj, th},


u= Table[0, {j, nlayer}];
Do[
u[[j]] = Sqrt[g^2 + 2. I mu[[j]] rho[[1]]/rho[[j]]],
{j, nlayer}];
fj = 1.;
Do[
th = Tanh[u[[j]] hs[[j]]];
fj = (mu[[j]] u[[j + 1]] fj + mu[[j + 1]] u[[j]] th)/
(mu[[j + 1]] u[[j]]+ mu[[j]] u[[j + 1]] fj th),
{j, nlayer - 1, 1, -1}];
2. mu[[1]] g BesselJ[1, g as]/(g mu[[1]] + fj u[[1]])];

In[12]:= plotAmpFaseZz[freq_, zz1_, zz2_,zz3_,


xRange_, aRange_, fRange, xLines_]:=
Show[GraphicsArray[{Show[
LogLinearListPlot[Transpose[{freq, Abs[zz1]}],
In[7]:= freq = {1, 1.58489, 2.51189, 3.98107, 6.30957, 10,
15.8489, 25.1189, 39.8107, 63.0957, 100,
158.489, 251.189, 398.107, 630.957, 1000,
1584.89, 2511.89, 3981.07, 6309.57, 10000};

In[7]:= rho = {50, 50, 50};


mu = {1, 1, 1};
h = {10, 10};
{a, r} = {10, 200};
fDcLoopZzEphi[kernelcLoopEphi, freq, rho, mu, h, a, r};
plotZz1 = zZEphi;
{a, r} = {10, 500};
fDcLoopZzEphi[kernelcLoopEphi, freq, rho, mu, h, a, r};
plotZz2 = zZEphi;
{a, r} = {10, 1000};
4.5 Aplicações 77

fDcLoopZzEphi[kernelcLoopEphi, freq, rho, mu, h, a, r};


plotZz3 = zZEphi;
plotAmpFaseZz[freq, plotZz1, plotZz2, plotZz3,
{1, 10000, {-.51, 1.51}, {-150.1, 50.1},
{10, 100, 1000}, ”raio = 10 m”];
In[7]:= rho = {50, 50, 50};
mu = {1, 1, 1};
h = {10, 10};
{a, r} = {100, 200};
fDcLoopZzEphi[kernelcLoopEphi, freq, rho, mu, h, a, r};
plotZz1 = zZEphi;
{a, r} = {100, 400};
fDcLoopZzEphi[kernelcLoopEphi, freq, rho, mu, h, a, r};
plotZz2 = zZEphi;
{a, r} = {100, 600};
fDcLoopZzEphi[kernelcLoopEphi, freq, rho, mu, h, a, r};
plotZz3 = zZEphi;
plotAmpFaseZz[freq, plotZz1, plotZz2, plotZz3,
{1, 10000, {-.51, 1.51}, {-150.1, 50.1},
{10, 100, 1000}, ”raio = 100 m”];

In[7]:= rho = {50, 50, 50};


mu = {1, 1, 1};
h = {10, 10};
{a, r} = {100, 800};
fDcLoopZzEphi[kernelcLoopEphi, freq, rho, mu, h, a, r};
plotZz1 = zZEphi;
{a, r} = {100, 1000};
fDcLoopZzEphi[kernelcLoopEphi, freq, rho, mu, h, a, r};
plotZz2 = zZEphi;
{a, r} = {100, 1200};
fDcLoopZzEphi[kernelcLoopEphi, freq, rho, mu, h, a, r};
plotZz3 = zZEphi;
plotAmpFaseZz[freq, plotZz1, plotZz2, plotZz3,
{1, 10000, {-.51, 1.51}, {-150.1, 50.1},
{10, 100, 1000}, ”raio = 100 m”];

In[7]:= rho = {100, 50, 250, 5, 1000};


mu = {1, 1, 1, 1, 1};
h = {10, 25, 100, 50};
78 4 Espira Circular

{a, r} = {100, 200};


fDcLoopZzEphi[kernelcLoopEphi, freq, rho, mu, h, a, r};
plotZz1 = zZEphi;
{a, r} = {100, 400};
fDcLoopZzEphi[kernelcLoopEphi, freq, rho, mu, h, a, r};
plotZz2 = zZEphi;
{a, r} = {100, 600};
fDcLoopZzEphi[kernelcLoopEphi, freq, rho, mu, h, a, r};
plotZz3 = zZEphi;
plotAmpFaseZz[freq, plotZz1, plotZz2, plotZz3,
{1, 10000, {-.51, 1.51}, {-150.1, 50.1},
{10, 100, 1000}, ”raio = 100 m”];

In[7]:= rho = {100, 50, 250, 5, 1000};


mu = {1, 10, 1, 1, 1};
h = {10, 25, 100, 50};
{a, r} = {100, 200};
fDcLoopZzEphi[kernelcLoopEphi, freq, rho, mu, h, a, r};
plotZz1 = zZEphi;
{a, r} = {100, 400};
fDcLoopZzEphi[kernelcLoopEphi, freq, rho, mu, h, a, r};
plotZz2 = zZEphi;
{a, r} = {100, 600};
fDcLoopZzEphi[kernelcLoopEphi, freq, rho, mu, h, a, r};
plotZz3 = zZEphi;
plotAmpFaseZz[freq, plotZz1, plotZz2, plotZz3,
{1, 10000, {-.51, 1.51}, {-150.1, 50.1},
{10, 100, 1000}, ”raio = 100 m”];

Agora vamos modelar a componente horizontal do campo magnético


Hx (x, z)

In[7]:= fDcLoopZzHx[kfun_, freq_, rho_, mu_, h_, a_, r_, z_]:=


Module[{i, g},
nfreq = Length[freq];
nlayer = Length[rho];
zZHx = Table[0, {i, nfreq}];
Do[
skin = 500./Pi Sqrt[10. rho/freq[[i]]];
as = a/skin;
4.5 Aplicações 79

xs = x/skin;
hs = h/skin;
zs = -Abs[z]/skin;
j1Trans47[kfun, rs];
zZHx[[i]] = -2 rs^2/as conv,
{i, nfreq}]]

In[12]:= kernelcLoopHx[g_]:= Module[{i, u, fj, th},


u= Table[0, {j, nlayer}];
Do[
u[[j]] = Sqrt[g^2 + 2. I mu[[j]] rho[[1]]/rho[[j]]],
{j, nlayer}];
fj = 1.;
Do[
th = Tanh[u[[j]] hs[[j]]];
fj = (mu[[j]] u[[j + 1]] fj + mu[[j + 1]] u[[j]] th)/
(mu[[j + 1]] u[[j]]+ mu[[j]] u[[j + 1]] fj th),
{j, nlayer - 1, 1, -1}];
2. mu[[1]] g (g mu[[1]] + fj u[[1]]) BesselJ[1, g as] Exp[g zs]/(g mu[[1]]
+ fj u[[1]])];

In[7]:= rho = {50, 50, 50};


mu = {1, 1, 1};
h = {10, 10};
{a, r, z} = {10, 500, 0};
fDcLoopZzHx[kernelcLoopHx, freq, rho, mu, h, a, r, z};
plotZz1 = zZHx;
{a, r, z} = {10, 1000, 0};
fDcLoopZzHx[kernelcLoopHx, freq, rho, mu, h, a, r, z};
plotZz2 = zZHx;
{a, r, z} = {10, 1500, 0};
fDcLoopZzHx[kernelcLoopHx, freq, rho, mu, h, a, r, z};
plotZz3 = zZHx;
plotAmpFaseZz[freq, plotZz1, plotZz2, plotZz3,
{1, 10000, {-.51, 1.51}, {-150.1, 50.1},
{10, 100, 1000}, ”raio = 10 m”];

In[7]:= rho = {50, 50, 50};


mu = {1, 1, 1};
h = {10, 10};
80 4 Espira Circular

{a, r, z} = {100, 200, 0};


fDcLoopZzHx[kernelcLoopHx, freq, rho, mu, h, a, r,z};
plotZz1 = zZEphi;
{a, r, z} = {100, 400, 0};
fDcLoopZzHx[kernelcLoopHx, freq, rho, mu, h, a, r, z};
plotZz2 = zZHx;
{a, r, z} = {100, 600, 0};
fDcLoopZzHx[kernelcLoopHx, freq, rho, mu, h, a, r, z};
plotZz3 = zZHx;
plotAmpFaseZz[freq, plotZz1, plotZz2, plotZz3,
{1, 10000, {-.51, 1.51}, {-150.1, 50.1},
{10, 100, 1000}, ”raio = 10 m”];

In[7]:= rho = {100, 50, 250, 5, 1000};


mu = {1, 1, 1, 1, 1};
h = {10, 25, 100, 50};
{a, r, z} = {100, 200, 0};
fDcLoopZzHx[kernelcLoopHx, freq, rho, mu, h, a, r, z};
plotZz1 = zZHx;
{a, r, z} = {100, 400, 0};
fDcLoopZzHx[kernelcLoopHx, freq, rho, mu, h, a, r, z};
plotZz2 = zZHx;
{a, r, z} = {100, 600, 0};
fDcLoopZzHx[kernelcLoopHx, freq, rho, mu, h, a, r, z};
plotZz = zZHx;
plotAmpFaseZz[freq, plotZz1, plotZz2, plotZz3,
{1, 10000, {-.51, 1.51}, {-150.1, 50.1},
{10, 100, 1000}, ”raio = 100 m”];

In[7]:= rho = {100, 50, 250, 5, 1000};


mu = {1, 10, 1, 1, 1};
h = {10, 25, 100, 50};
{a, r, z} = {100, 200};
fDcLoopZzHx[kernelcLoopHx, freq, rho, mu, h, a, r, z};
plotZz = zZHx;
{a, r, z} = {100, 400, 0};
fDcLoopZzHx[kernelcLoopHx, freq, rho, mu, h, a, r, z};
plotZz = zZHx;
{a, r} = {100, 600, 0};
fDcLoopZzHx[kernelcLoopHx, freq, rho, mu, h, a, r, z};
4.5 Aplicações 81

plotZz = zZHx;
plotAmpFaseZz[freq, plotZz1, plotZz2, plotZz3,
{1, 10000, {-.51, 1.51}, {-150.1, 50.1},
{10, 100, 1000}, ”raio = 100 m”];

Finalmente, vamos modelar a componente horizontal do campo magné-


tico Hz (x, z)

In[7]:= fDcLoopZzHz[kfun_, freq_, rho_, mu_, h_, a_, r_, z_]:=


Module[{i, g},
nfreq = Length[freq];
nlayer = Length[rho];
lpHz = Table[0, {i, nfreq}];
Do[
skin = 500./Pi Sqrt[10. rho/freq[[i]]];
as = a/skin;
xs = x/skin;
hs = h/skin;
zs = -Abs[z]/skin;
j0Trans61[kfun, rs];
lpHz[[i]] = -2 rs^2/as conv,
{i, nfreq}]]

In[12]:= kernelcLoopHz[g_]:= Module[{i, u, fj, th},


u= Table[0, {j, nlayer}];
Do[
u[[j]] = Sqrt[g^2 + 2. I mu[[j]] rho[[1]]/rho[[j]]],
{j, nlayer}];
fj = 1.;
Do[
th = Tanh[u[[j]] hs[[j]]];
fj = (mu[[j]] u[[j + 1]] fj + mu[[j + 1]] u[[j]] th)/
(mu[[j + 1]] u[[j]]+ mu[[j]] u[[j + 1]] fj th),
{j, nlayer - 1, 1, -1}];
2. mu[[1]] g^2 BesselJ[1, g as] Exp[g zs]/(g mu[[1]] + fj u[[1]])];

In[7]:= rho = {50, 50, 50};


mu = {1, 1, 1};
h = {10, 10};
{a, r, z} = {10, 500, 0};
82 4 Espira Circular

fDcLoopZzHz[kernelcLoopHz, freq, rho, mu, h, a, r, z};


plotZz1 = zZHz;
{a, r, z} = {10, 1000, 0};
fDcLoopZzHz[kernelcLoopHz, freq, rho, mu, h, a, r, z};
plotZz2 = zZHz;
{a, r, z} = {10, 1500, 0};
fDcLoopZzHz[kernelcLoopHz, freq, rho, mu, h, a, r, z};
plotZz3 = zZHz;
plotAmpFaseZz[freq, plotZz1, plotZz2, plotZz3,
{1, 10000, {-.51, 1.51}, {-150.1, 50.1},
{10, 100, 1000}, ”raio = 10 m”];

In[7]:= rho = {50, 50, 50};


mu = {1, 1, 1};
h = {10, 10};
{a, r, z} = {100, 200, 0};
fDcLoopZzHz[kernelcLoopHz, freq, rho, mu, h, a, r,z};
plotZz1 = zZHz;
{a, r, z} = {100, 400, 0};
fDcLoopZzHz[kernelcLoopHz, freq, rho, mu, h, a, r, z};
plotZz2 = zZHz;
{a, r, z} = {100, 600, 0};
fDcLoopZzHz[kernelcLoopHz, freq, rho, mu, h, a, r, z};
plotZz3 = zZHz;
plotAmpFaseZz[freq, plotZz1, plotZz2, plotZz3,
{1, 10000, {-.51, 1.51}, {-150.1, 50.1},
{10, 100, 1000}, ”raio = 100 m”];

In[7]:= rho = {100, 50, 250, 5, 1000};


mu = {1, 1, 1, 1, 1};
h = {10, 25, 100, 50};
{a, r, z} = {100, 200, 0};
fDcLoopZzHz[kernelcLoopHz, freq, rho, mu, h, a, r, z};
plotZz1 = zZHz;
{a, r, z} = {100, 400, 0};
fDcLoopZzHz[kernelcLoopHz, freq, rho, mu, h, a, r, z};
plotZz2 = zZHz;
{a, r, z} = {100, 600, 0};
fDcLoopZzHz[kernelcLoopHz, freq, rho, mu, h, a, r, z};
plotZz = zZHz;
4.5 Aplicações 83

plotAmpFaseZz[freq, plotZz1, plotZz2, plotZz3,


{1, 10000, {-.51, 1.51}, {-150.1, 50.1},
{10, 100, 1000}, ”raio = 100 m”];

In[7]:= rho = {100, 50, 250, 5, 1000};


mu = {1, 10, 1, 1, 1};
h = {10, 25, 100, 50};
{a, r, z} = {100, 200};
fDcLoopZzHz[kernelcLoopHz, freq, rho, mu, h, a, r, z};
plotZz = zZHz;
{a, r, z} = {100, 400, 0};
fDcLoopZzHz[kernelcLoopHz, freq, rho, mu, h, a, r, z};
plotZz = zZHz;
{a, r} = {100, 600, 0};
fDcLoopZzHz[kernelcLoopHz, freq, rho, mu, h, a, r, z};
plotZz = zZHz;
plotAmpFaseZz[freq, plotZz1, plotZz2, plotZz3,
{1, 10000, {-.51, 1.51}, {-150.1, 50.1},
{10, 100, 1000}, ”raio = 100 m”];
In[7]:= rho = {100, 50, 250, 5, 1000};
mu = {1, 1, 1, 1, 1};
h = {10, 25, 100, 50};
{a, r, z} = {100, 400, 0};
fDcLoopZzHz[kernelcLoopHz, freq, rho, mu, h, a, r, z};
plotZz = zZHz;
{a, r, z} = {100, 400, 100};
fDcLoopZzHz[kernelcLoopHz, freq, rho, mu, h, a, r, z};
plotZz = zZHz;
{a, r} = {100, 400, 150};
fDcLoopZzHz[kernelcLoopHz, freq, rho, mu, h, a, r, z};
plotZz = zZHz;
plotAmpFaseZz[freq, plotZz1, plotZz2, plotZz3,
{1, 10000, {-.51, 1.51}, {-150.1, 50.1},
{10, 100, 1000}, ”raio = 100 m”];
5
Dipolo Magnético Vertical

O Dipolo Magnético Vertical (DMV) é fundamental em vários métodos geo-


físicos eletromagnéticos, indo deste os levantamentos aéreos até os perfis de
indução em poços.
O método de cálculo dos campos do dipolo magnético vertical na presença
de um meio estratificado (figura 5.1), é muito simples. Com efeito, basta
fazer o raio da bobina circular vista no quarto capítulo, tender a zero. É
exatamente este limite a peça fundamental no desdobramento deste quinto
capítulo.
O dipolo magnético vertical é materializado por uma bobina de raio muito
pequeno quando comparado à distância entre seu centro e o ponto de obser-
vação.
No quarto capítulo vimos que no domínio (kr , z) o coeficiente do campo
elétrico incidente devido a uma bobina circular de raio a é dado pela equação
(4.27):
eu0 h0
E0 (kr , z) = −zI (ω) aJ1 (kr a) . (5.1)
2u0
O comportamento assintótico da função J1 para argumento tendendo a
verificar página. zero é limx→0 J1 (x) = x/2 (?, p. xxx), o que implica

kr a
lim J1 (kr a) = . (5.2)
a→0 2
Podemos concluir que, no domínio (kr , z), o coeficiente E0 do campo
elétrico gerado por uma bobina de raio muito pequeno é igual a

eu0 h0
E0 (kr , z) = −zI (ω) a2 kr . (5.3)
4u0

84
85

m
h0
z σ0 μ0 ε0
z0
h1
σ1 μ1 ε1
z1
h2
σ2 μ2 ε2
z2

zj - 2

σj-1 μj-1 εj-1 hj - 1


zj - 1

σj μj εj hj
zj

zN - 2
hN - 1
σN-1 μN-1 εN-1
zN - 1
σN μN εN

Figura 5.1: Dipolo magnético vertical (DMV) sobre um semi-espaço estrati-


ficado.

Na prática, um raio muito pequeno significa que o raio a da bobina é, no


máximo, da ordem de um décimo da distância r entre o centro da bobina e
o ponto de observação (a < r/10).
O parâmetro fundamental para definir o dipolo magnético é o vetor mo-
mento de dipolo m. No caso do campo distante de uma espira de raio a
sujeita a uma corrente I, o módulo do momento de dipolo não depende da
forma geométrica da espira e é igual ao produto de sua área pela corrente.
...REF... Para a espira circular no plano horizontal, o vetor momento de
dipolo tem apenas a componente vertical: mz = Iπa2 . Então reescrevemos
a expressão do coeficiente E0 do campo da bobina (5.3), já na forma a ser
empregada para o campo do DMV, como

eu0 h0
E0 (kr , z) = −zmz kr . (5.4)
4πu0
86 5 Dipolo Magnético Vertical

Se fôssemos deduzir todas as expressões para o campo do dipolo magné-


tico vertical no meio estratificado, partiríamos do campo incidente no domí-
nio (kr , z) e buscaríamos determinar os coeficientes de reflexão e transmissão,
terminando por escrever as componentes em termos de uma integral a ser
resolvida numericamente. Entretanto, uma vez que já dispomos de todas as
expressões integrais para os campos da bobina, vamos simplesmente imple-
mentar nelas os limites para o raio da bobina tendendo a zero.
Para iniciar, como sempre, vamos analisar a resposta de um dipolo mag-
nético vertical situado num meio homogêneo, isotrópico e ilimitado.

5.1 Meio homogêneo, isotrópico, ilimitado


Nosso objetivo nesta seção é determinar as componentes do campo eletro-
magnético num meio homogêneo, isotrópico e ilimitado, de propriedades elé-
tricas σ, µ e , na presença de um dipolo magnético vertical.
No quarto capítulo vimos que a componente Eφ devida a uma bobina
circular horizontal num meio homogêneo, isotrópico e ilimitado é dada pela
equação (4.20),
Z ∞ −u|z|
e
Eφ (r, z) = −zI (ω) a J1 (kr a) J1 (kr r) kr dkr . (5.5)
0 2u
Aplicando o limite lima→0 J1 (kr a) = kr a/2 e fazendo mz = I (ω) πa2
podemos escrever
mz ∞ e−u|z|
Z
Eφ (r, z) = −z J1 (kr r) kr2 dkr . (5.6)
4π 0 u
Ao contrário da integral (4.20), esta pode ser resolvida algebricamente.
Com efeito, observando que ∂J0 (kr r) /∂r = −kr J1 (kr r), podemos reescrevê-
la assim Z ∞ −u|z|
mz ∂ e
Eφ (r, z) = z J0 (kr r) kr dkr . (5.7)
4π ∂r 0 u
Usando-se a identidade de Sommerfeld (?, p. 16),
Z ∞ −u|z|
e e−ikR
J0 (kr r) kr dkr = , (5.8)
0 u R
em que u2 = kr2 − k 2 e R2 = r2 + z 2 , a integral (5.7) se reduz a
mz ∂ e−ikR
 
Eφ (r, z) = z
4π ∂r R
mz r
= −z (1 + ikR) e−ikR (5.9)
4πR3
5.2 Meio constituído por dois semi-espaços 87

Para calcular as componentes do campo magnético, basta empregar as


fórmulas (4.3) e (4.4). Portanto,
1 ∂Eφ mz rz
3 + 3ikr − k 2 R2 e−ikR

Hr (r, z) = = 5
(5.10)
z ∂z 4πR
e
1 1 ∂ (rEφ )
Hz (r) =
z r ∂r
mz h 2
i
2 2
e−ikR .

= (1 + ikR) 2z − r + (krR) (5.11)
4πR5

5.2 Meio constituído por dois semi-espaços


O nosso próximo passo é determinar as componentes dos campos elétrico
e magnético num meio formado por dois semi-espaços, na presença de um
dipolo magnético vertical. A Figura (5.2) ilustra o citado modelo com o
DMV situado no semi-espaço superior.
Novamente, aplicando lima→0 J1 (kr a) = kr a/2 e mz = I (ω) πa2 pode-
mos, a partir de (4.40), expressar o campo elétrico nos dois semi-espaços
deste modo:
z0 mz ∞ 1  −u0 (z−h0 )
Z 
(0) (0)
Eφ = − e + RT E eu0 (z+h0 ) J1 (kr r)kr2 dkr , h0 ≤ z ≤ 0,
4π 0 u0
(5.12)
Z ∞ u0 h0
(1) mz e
Eφ = − e−u1 z J1 (kr r) kr2 dkr , z ≥ 0, (5.13)
2π 0 Y0 + Y1
(0)
em que RT E = (Y0 − Y1 ) / (Y0 + Y1 ) sendo Yj = uj /zj .
(0) (1)
Para calcular as componentes horizontais Hr e Hr nos dois semi-espacos,
empregamos a relação (4.3)
(j)
∂Eφ
zj Hr(j) = , (5.14)
∂z
que resulta em
mz ∞  −u0 (z−h0 )
Z 
(0) (0)
Hr = − e − RT E eu0 (z+h0 ) J1 (kr r) kr2 dkr , h0 ≤ z ≤ 0,
4π 0
(5.15)

Y1 eu0 h0 −u1 z
Z
mz
Hr(1) = e J1 (kr r) kr2 dkr , z ≥ 0. (5.16)
2π 0 Y0 + Y1
88 5 Dipolo Magnético Vertical

m
z h0
σ0 μ0 ε0
x

σ1 μ1 ε1

Figura 5.2: Dipolo magnético vertical sobre um semi-espaço homogêneo.

Analogamente, usando-se a fórmula (4.4) podemos escrever a componente


vertical do campo magnético nos dois semi-espacos:
(j)
∂(rEφ )
zj rHz(j) = − , (5.17)
∂r
Z ∞
mz 1  −u0 (z−h0 ) (0)

Hz(0) = e + RT E eu0 (z+h0 ) J0 (kr r) kr3 dkr , h0 ≤ z ≤ 0,
4π 0 u0
(5.18)

eu0 h0
Z
mz
Hz(1) = e−u1 z J0 (kr r) kr3 dkr , z ≥ 0. (5.19)
2πz1 0 Y0 + Y1

5.3 Meios Estratificados


Para calcular as componentes dos campos elétrico e magnéticos devido a
um dipolo magnético vertical sobre um meio estratificado com N camadas,
basta aplicar o mesmo procedimento da seção anterior, ou seja, aplicar o
limite lima→0 J1 (kr a) = kr a/2 às expressões equivalentes para o campo da
bobina, do capítulo 4.
Da expressão (4.48) para o campo elétrico entre a fonte e a primeira
interface segue
z0 mz ∞ 1  −u0 (z−h0 )
Z 
(0) (0)
Eφ (r, z) = − e + RT E eu0 (z+h0 ) J1 (kr r) kr2 dkr , h0 ≤ z ≤ 0
4π 0 u0
(5.20)
5.3 Meios Estratificados 89

(0)
sendo o coeficiente de reflexão RT E dado por

(0) Y0 − Yb1
RT E = , (5.21)
Y0 + Yb1

em que a admitância aparente Yb1 é calculada pelo algoritmo de recorrência


(2.88):

Ybj+1 + Yj tanh uj hj
Ybj = Yj , j = 1, N − 1 (5.22)
Yj + Ybj+1 tanh uj hj
YbN = YN
q
sendo Yj = uj /zj , uj = kr2 − kj2 , kj2 = −zj yj = −iωµj (σj + iωj ).
Da mesma maneira, as expressões para o campo elétrico em qualquer
camada j entre 1 e N − 1 vem da equação (4.51):
Z ∞  
(j) (j)
Eφ = Ej e−uj (z−zj ) + RT E euj (z−zj ) J1 (kr r) kr2 dkr , (5.23)
0

(j)
em que os coeficientes de reflexão RT E são expressos por

(j) Yj − Ybj+1
RT E = , (5.24)
Yj + Ybj+1

e os coeficientes Ej são calculados por intermédio do algoritmo


 
(j−1)
1 + RT E e−uj hj
Ej = Ej−1 (j)
, (5.25)
1 + RT E e−2uj hj

iniciando com o valor de E0 dado por

z0 mz eu0 h0
E0 = − . (5.26)
4π u0
No substrato, o campo elétrico é representado por
Z ∞
(N )
Eφ = EN e−uN (z−zN −1 ) J1 (kr r) kr2 dkr , (5.27)
0

com  
(N −1)
EN = EN −1 1 + RT E . (5.28)
90 5 Dipolo Magnético Vertical

A determinação das componentes Hr e Hz do campo magnético é imedi-


ata. Basta repetir o mesmo procedimento anterior.
Para h0 ≤ z ≤ 0, a componente horizontal do campo magnético vem da
equação (4.57) e fica:
mz ∞  −u0 (z−h0 )
Z 
(0) (0)
Hr (r, z) = e − RT E eu0 (z−h0 ) J1 (kr r) kr2 dkr , h0 ≤ z ≤ 0.
4π 0
(5.29)
A componente vertical é deduzida a partir da expressão (4.59) e tem a
forma
mz ∞ 1  −u0 (z−h0 )
Z 
(0)
Hz(0) (r, z) = e + RT E eu0 (z−h0 ) J1 (kr r) kr3 dkr , h0 ≤ z ≤ 0.
4π 0 u0
(5.30)
Da equação (4.61) temos a componente horizontal do campo magnético
dentro da camada j, 1 ≤ j ≤ N − 1:
Z ∞  
(j)
Hr(j) = − Yj Ej e−uj (z−zj ) − RT E eu0 (z−zj ) J1 (kr r) kr2 dkr , (5.31)
0

e a componente vertical vem da equação (4.62):


1 ∞
Z  
(j)
(j)
Hz = − Ej e−uj (z−zj ) + RT E eu0 (z−zj ) J1 (kr r) kr3 dkr . (5.32)
zj 0
em que os coeficientes Ej são calculados com o algoritmo (5.25), iniciando
com E0 dado pela fórmula (5.26).
Para j = N , a expressão (4.63) resulta na componente horizontal do
campo magnético
Z ∞
Hr(N ) = − YN EN e−uN (z−zN −1 ) J1 (kr r) kr2 dkr , (5.33)
0

e a componente vertical vem da (4.64),


Z ∞
1
(N )
Hz = − EN e−uN (z−zN −1 ) J1 (kr r) kr3 dkr , (5.34)
zN 0
em que EN é calculado com a fórmula (5.28).

5.4 Soluções exatas para o modelo de um semi-


espaço condutivo
Via de regra, estas integrais não têm representação exata conhecida. A saída,
então, é computá-las numericamente. Podemos aplicar o procedimento de
5.4 Soluções exatas para o modelo de um semi-espaço condutivo 91

cálculo por meio dos filtros lineares, sendo que no caso do dipolo magnético
vertical os filtros dão boas respostas em praticamente todas as situações.
Entretanto, no caso particular em que o dipolo fonte e o ponto de ob-
servação se situam na superfície de separação de dois semi-espaços, sendo
o primeiro o ar (σ0 = 0) e o segundo, um meio condutor não magnético
(z1 = z0 = iωµ0 ), estas integrais podem ser calculadas de forma exata, se o
regime for quase estático (u0 = kr ). Com efeito, fazendo h0 = 0 e z = 0 em
qualquer uma das expressões para o campo elétrico neste modelo (5.12 ou
5.13), podemos escrever
mz ∞
Z
1
Eφ (r, 0) = − J1 (kr r) kr2 dkr . (5.35)
2π 0 Y0 + Y1
Aplicando Yj = uj /zj e as condições do problema, temos
z0 mz ∞
Z
1
Eφ (r, 0) = − J1 (kr r) kr2 dkr (5.36)
2π 0 kr + u1
Lembrando que ∂J0 (kr r) /∂r = −kr J1 (kr r) podemos reescrever esta
integral da seguinte maneira
Z ∞
z0 mz ∂ 1
Eφ (r, 0) = J0 (kr r) kr dkr . (5.37)
2π ∂r 0 kr + u1
Multiplicando e dividindo o integrando por (kr − u1 ) e observando que
u21 = kr2 − k12 , a integral fica:
Z ∞
z0 mz ∂
kr2 − u1 kr J0 (kr r) dkr .

Eφ (r, 0) = 2 (5.38)
2k1 π ∂r 0
Agora, aplicamos um artifício muito engenhoso para chegar a uma solu-
ção. Primeiro, reconhecendo que, para uma variável s,

∂ 2  −kr s 

2
kr = e (5.39)
∂s2
s=0
e
∂2 e−u1 s
 
u1 = , (5.40)
∂s2 u1
s=0
a integral se separa em duas:
Z ∞ Z ∞ −u1 s
z0 mz ∂ ∂ 2

−kr s e
Eφ (r, 0) = 2 e J0 (kr r) dkr − J0 (kr r) kr dkr .
2k1 π ∂r ∂s2 0 0 u1 (s→0, s>0)
(5.41)
92 5 Dipolo Magnético Vertical

A primeira é chamada de integral de Lipschitz (?, p. 58). A segunda é


a integral de Sommerfeld, que já encontramos anteriormente (equação 5.8).
As soluções são
Z ∞
1
e−kr s J0 (kr r) dkr = √ , s > 0, (5.42)
0 r 2 + s2

Z ∞ −u1 s 2 2
e e−ik1 r +s
J0 (kr r) kr dkr = √ , s > 0. (5.43)
0 u1 r 2 + s2

Então
" √ !#
2 2
z0 mz ∂ ∂ 2 1 − e−ik1 r +s
Eφ (r, 0) = 2 √ . (5.44)
2k1 π ∂r ∂s2 r 2 + s2 (s→0, s>0)

Finalmente, efetuando-se as derivações indicadas, e lembrando que k12 =


−z0 σ1 , obtém-se
mz h 2 2
 −ik1 r i
Eφ (r, 0) = − 3 + k 1 r − 3ik 1 r − 3 e . (5.45)
2πσ1 r4

A componente vertical do campo magnético é fácil de ser obtida. Basta


derivar (5.45) de acordo com a relação (4.4):

1 ∂
Hz = − (rEφ) . (5.46)
z0 r ∂r

Feito isto, temos


mz h 2 2 3 3
 −ik1 r i
Hz (r, 0) = 9 − 9 + 9ik 1 r − 4k1 r − ik 1 r e (5.47)
2πk12 r5

A determinação da componente horizontal do campo magnético é um


pouco mais trabalhosa. Vamos seguir os mesmos passos indicados por ?.
Iniciando com (5.15) podemos escrever
Z ∞ Z ∞ 
mz (0)
Hr(0) = − e−u0 (z−h0 ) J1 (kr r) kr2 dkr − RT E eu0 (z+h0 ) J1 (kr r) kr2 dkr ,
4π 0 0
(5.48)
A primeira integral nos dá o campo direto da fonte em um meio infinito,
cuja solução é dada pela equação (5.10), que tende a zero quando z → 0,
respeitando a geometria do campo do dipolo, que assim como o da bobina não
tem componente radial no plano da fonte perpendicular ao vetor momento
5.4 Soluções exatas para o modelo de um semi-espaço condutivo 93

de dipolo. Assim, vamos atacar a integral restante, iniciando por impor as


condições do problema:
mz ∞ kr − u1
Z
Hr (r, 0) = − J1 (kr r) kr2 dkr . (5.49)
4π 0 kr + u1

Lembrando mais uma vez que ∂J0 (kr r) /∂r = −kr J1 (kr r), vem
Z ∞
mz ∂ kr − u1
Hr (r, 0) = J0 (kr r) kr dkr . (5.50)
4π ∂r 0 kr + u1

Multiplicando e dividindo o integrando de (??) por (kr + u1 ) e levando


em consideração que u21 = kr2 − k12 , obtém-se
Z ∞
mz k12 ∂ kr
Hr (r, 0) = J0 (kr r) dkr . (5.51)
4π ∂r 0 (kr + u1 )2

Substituindo o termo kr / (kr + u1 )2 pela expressão equivalente


"  #
kr − u1 2

1
1− (5.52)
4u1 kr + u1

resulta
"Z 2 #
∞ ∞
mz k12 ∂

kr − u1
Z
1 1
Hr (r, 0) = J0 (kr r) dkr − J0 (kr r) dkr
16π ∂r 0 u1 0 u1 kr + u1
(5.53)
As duas integrais podem ser colocadas na forma da seguinte identidade,
apresentada por ?, vol. 2, p. 8, (16):
Z ∞ i2µ  aγ   aγ 
−1/2 h 2 1/2
a2 + x2 a + x2 +x J0 (xγ)dx = a2µ Kµ I−µ ,
0 2 2
(5.54)
γ > 0, Re a > 0, Re µ < 3/4.
p
Para isto, escrevemos u1 = kr2 + (ik1 )2 e multiplicamos o numerador e o
denominador da segunda integral por (kr + u1 )2 . Observando que K−ν (x) =
Kν (x), a integral (5.53) se reduz a

mz k12 ∂
        
ik1 r ik1 r ik1 r ik1 r
Hr (r, 0) = I0 K0 − I2 K2
16π ∂r 2 2 2 2
(5.55)
94 5 Dipolo Magnético Vertical

Finalmente, usando-se as recorrências (?, p. 79)


Iυ−1 (α) − Iυ+1 (α) = Iυ (α) , (5.56)
α

Kυ−1 (α) − Kυ+1 (α) = − Kυ (α) , (5.57)
α
Iυ−1 (α) + Iυ+1 (α) = 2Iυ0 (α) , (5.58)
Kυ−1 (α) + Kυ+1 (α) = −2Kυ0 (α) , (5.59)

e efetuando a derivação indicada, obtém-se a componente horizontal do


campo magnético

mz k12
        
ik1 r ik1 r ik1 r ik1 r
Hr (r, 0) = − I1 K1 − I2 K2
4πr 2 2 2 2
(5.60)
Como já foi dito, a componente horizontal do campo incidente (primá-
rio) é nula, assim, este resultado corresponde exclusivamente ao campo se-
cundário, ou seja, o campo gerado pelas correntes induzidas no semi-espaço
inferior.

5.5 Avaliação numérica


As integrais da transformada de Hankel que encontramos no problema do
dipolo magnético vertical apresentam a mesma estrutura que aquelas usadas
para representar os campos da bobina circular. Sendo assim, podemos aplicar
o mesmo esquema dos filtros lineares usados no quarto capítulo.
Fixado um valor para a coordenada z, que na modelagem de métodos de
superfície geralmente é z = 0, todas as integrais que representam os campos
do DMV apresentam a seguinte estrutura,
Z ∞
I (r) = K (kr ) Jν (kr r) dkr , (5.61)
0

sendo ν = 0 ou ν = 1. Por conseguinte, pode-se usar o mesmo esquema dos


filtros lineares usado no quarto capítulo. Assim, podemos escrever

N
X
K es1 +n∆s /r wn

rI (r) = (5.62)
n=0

sendo os coeficientes e as abscissas os mesmos usados anteriormente.


5.5 Avaliação numérica 95

Iniciando com a componente do campo elétrico Eφ (5.45) podemos es-


crever
2 h i
Zφ /Z0 = − 2 2 3 − 3 + 3ik1 r − k12 r2 e−ik1 r

(5.63)
k1 r
em que Eφp = −z0 mz /(4πr2) = −iµ0 ωmz /(4πr2) .
Lembrando-se que
r
ωµ0 σ1 1
k1 = (1 − i) = (1 − i) ,
2 δ
r
ik1 r = (1 + i) = rs (1 + i) ,
δ
−i2r2
k12 r2 = = −i2rs2 ,
δ2
resulta
i h 2
 −rs (1+i) i
Zφ /Z0 = − 3 − 3 + 3rs (1 + i) + 2irs e (5.64)
rs2

In[1]:= fDVmdZzEphi0[freq_, rho_, r_] := Module[{},


nfreq = Length[freq];
vmdEphi0 = Table[0, {i, nfreq}];
Do[skin = 500./Pi Sqrt[10. rho/freq[[i]]];
rs = r/skin;
rsI = (rs + I rs);
vmdEphi0[[i]] = -I/rs^2 (3 - (3 + 3 rsI + 2 I rs^2)*
Exp[-rsI]),
{i, nfreq}]]

A razão de impedância Zφ /Z0 também pode ser calculada a partir da in-


tegral (5.36) usando-se os filtros lineares apresentados na seção 4.5. Fazendo
g = kr δ, a integral (5.36) se reduz a

2g 2
Z
Zφ /Z0 = rs2 p J1 (grs ) dg (5.65)
0 g + g 2 + 2i

In[2]:= fDVmdZzEphi1[kfun_, freq_, rho_, r_] :=


Module[{i, g},
nfreq = Length[freq];
vmdEphi1 = Table[0, {i, nfreq}];
Do[skin = 500./Pi Sqrt[10. rho/freq[[i]]];
96 5 Dipolo Magnético Vertical

rs = r/skin;
j1Trans47[kfun, rs];
vmdEphi1[[i]] = rs conv,
{i, nfreq}]]

em que o código do kernel é dado por

In[2]:= kernelVmdEphi1[g_] := Module[{},


2 g^2/(g + Sqrt[g^2 + 2 I])]

Exemplo 5.1: Comparar as soluções numérica e exata da componente


Eφ sabendo-se que o meio superior é o ar e o inferior tem resistividade igual
a 50 Ohm-m. A distâcia entre o dipolo e o ponto de observação toma os
valores 50, 100 e 200 metros. Os períodos são dados pela seguinte lista:

In[2]:= período = {10, 15.8489, 25.1189, 39.8107, 63.0957, 100,


158.489, 251.189, 398.107, 630.957, 1000,
1584.89, 2511.89, 3981.07, 6309.57, 10000,
15848.9, 25118.9, 39810.7, 63095.7, 100000};

In[2]:= {rho, r} = {100, 50};


fDVmdZzEphi0[freq, rho, r];
p1 = vmdEphi0;
fDVmdZzEphi1[kernelVmdEphi1, freq, rho, r];
p2 = vmdEphi1;
{rho, r} = {100, 100};
fDVmdZzEphi0[freq, rho, r];
p3 = vmdEphi0;
fDVmdZzEphi1[kernelVmdEphi1, freq, rho, r];
p4 = vmdEphi1;
{rho, r} = {100, 200};
fDVmdZzEphi0[freq, rho, r];
p5 = vmdEphi0;
fDVmdZzEphi1[kernelVmdEphi1, freq, rho, r];
p6 = vmdEphi1;
q1 = plotAmpFase6[freq, p1, p2, p3, p4, p5,
p6, {10, 100000}, {-.01, 1.21}, {-150.1, 50.1}, {100, 1000, 10000},
”Ephi”];
5.5 Avaliação numérica 97

Procesendo do mesmo modo com respeito à componente Hz do campo


magnético (5.47) vem,
2 h 2 2 3 3
 −ik1 r i
Zz /Z0 = − 9 − 9 + 9ik1 r − 4k 1 r − ik1 r e (5.66)
k12 r2

em que Hzp = −mz /4πr3 .


Lembrando-se que
r
ωµ0 σ1 1
k1 = (1 − i) = (1 − i) , (5.67)
2 δ
resulta
i h 2 3
 −rs (1+i) i
Zz /Z0 = − 9 − 9 + 9rs (1 + i) + 8ir s − 2rs (1 − i) e (5.68)
rs2

In[1]:= fDVmdZzHz0[freq_, rho_, r_] := Module[{},


nfreq = Length[freq];
vmdHz0 = Table[0, {i, nfreq}];
Do[skin = 500./Pi Sqrt[10. rho/freq[[i]]];
rs = r/skin;
rsI = (rs + I rs);
vmdHz0[[i]] = -I/
rs^2 (9 - (9 + 9 rs I + 8 I rs^2 - 2rs^3(1 - I )) Exp[-rsI]),
{i, nfreq}]]

A razão de impedância Zz /Z0 também pode ser calculada a partir da in-


tegral (5.18) usando-se os filtros lineares apresentados na seção 4.5. Fazendo
g = kr δ, a integral (5.18) se reduz a
Z ∞
2 2g 3
Zz /Z0 = rs p J0 (grs ) dg (5.69)
0 g + g 2 + 2i

In[2]:= DVmdZzHz1[kfun_, freq_, rho_, r_] :=


Module[{i, g},
nfreq = Length[freq];
vmdHz1 = Table[0, {i, nfreq}];
Do[skin = 500./Pi Sqrt[10. rho/freq[[i]]];
rs = r/skin;
j0Trans61[kfun, rs];
98 5 Dipolo Magnético Vertical

vmdHz1[[i]] = -rs^2 conv,


{i, nfreq}]]

O código do kernel

In[2]:= kernelVmdZzHz1[g_] := Module[{i},


2 g^3/(g + Sqrt[g^2 + 2 I])]

Exemplo 5.2: Com os mesmo dados do problema anterior, comparar as


soluções numérica e exata da componente Hz .

In[2]:= {rho, r} = {100, 50};


fDVmdZzHz0[freq, rho, r];
p1 = vmdHz0;
fDVmdZzHz1[kernelVmdZzHz1, freq, rho, r];
p2 = vmdHz1;
{rho, r} = {100, 100};
fDVmdZzHz0[freq, rho, r];
p3 = vmdHz0;
fDVmdZzHz1[kernelVmdZzHz1, freq, rho, r];
p4 = vmdHz1;
{rho, r} = {100, 200}; fDVmdZzHz0[freq, rho, r];
p5 = vmdHz0;
fDVmdZzHz1[kernelVmdZzHz1, freq, rho, r];
p6 = vmdHz1;
q1 = plotAmpFase6[freq, p1, p2, p3, p4, p5, p6,
{10, 100000}, {-.01, 2.01}, {-150.1, 50.1}, {100, 1000, 10000}, ”Hz”];
Finalmente, vejamos agora a componente horizontal do campo magnético
Hr . De (5.60) podemos escrever
        
2 2 ik1 r ik1 r ik1 r ik1 r
Zx /Z0 = k1 r I1 K1 − I2 K2 (5.70)
2 2 2 2

Sabendo-se que k1 = (1 − i) /δ temos

h r  r 
s s
Zx /Z0 = k12 r2 I1 (1 + i) K1 (1 + i)
r 2  r 2 i
s s
− I2 (1 + i) K2 (1 + i) (5.71)
2 2

In[1]:= fDVmdZzHr0[freq_, rho_, r_] := Module[{},


5.5 Avaliação numérica 99

nfreq = Length[freq];
vmdHr0 = Table[0, {i, nfreq}];
Do[skin = 500./Pi Sqrt[10. rho/freq[[i]]];
rs = r/skin;
rsI = (rs + I rs)/2.;
vmdHr0[[i]] =
2 rs^2 I(BesselI[1, rsI] BesselK[1, rsI] -
BesselI[2, rsI] BesselK[2, rsI]),
{i, nfreq}]]

A razão de impedância Zx /Z0 também pode ser calculada a partir da in-


tegral (5.15) usando-se os filtros lineares apresentados na seção 4.5. Fazendo
g = kr δ, a integral (5.15) se reduz a
p 
Z ∞ g2 g 2 + 2i − g
Zx /Z0 = rs2 p J1 (grs ) dg (5.72)
0 g + g 2 + 2i

In[1]:= fDVmdZzHr1[kfun_, freq_, rho_, r_] := Module[{i, g},


nfreq = Length[freq];
vmdHr1 = Table[0, {i, nfreq}];
Do[skin = 500./Pi Sqrt[10. rho/freq[[i]]];
rs = r/skin;
j1Trans47[kfun, rs];
vmdHr1[[i]] = rs^2 conv,
{i, nfreq}]]

O código do kernel

In[1]:= kernelVmdHr1[g_] := Module[{i},


2 g^2 Sqrt[g^2 + 2 I]/(g + Sqrt[g^2 + 2 I])]

Exemplo 5.3: Com os mesmo dados do problema do Exemplo 5.1,


comparar as soluções numérica e exata da componente Hrs .

In[1]:= {rho, r} = {100, 50};


fDVmdZzHr0[freq, rho, r];
p1 = vmdHr0;
fDVmdZzHr1[kernelVmdHr1, freq, rho, r];
p2 = vmdHr1;
100 5 Dipolo Magnético Vertical

{rho, r} = {100, 100};


fDVmdZzHr0[freq, rho, r];
p3 = vmdHr0;
fDVmdZzHr1[kernelVmdHr1, freq, rho, r];
p4 = vmdHr1;
{rho, r} = {100, 200};
fDVmdZzHr0[freq, rho, r];
p5 = vmdHr0;
fDVmdZzHr1[kernelVmdHr1, freq, rho, r];
p6 = vmdHr1;
q1 = plotAmpFase6[freq, p1, p2, p3, p4, p5, p6.
{10, 100000}, {-.51, 1.51}, {-100.1, 150.1}, {100, 1000, 10000}, ”Hr”];

5.5.1 Avaliação das integrais



Aplicando a normalização r̄ = r/δ, h̄0 = h/δ, g = kr δ, ū = uδ em (5.20) po-
demos escrever
Z ∞ 
(0)
ZEφ /Z0 = 2 1 + RT E eū0 h̄0 J1 (gr̄) g 2 dg (5.73)
0

(0)
em que o coeficiente de reflexão RT E é dado por

Y0 − F1 Y1
(0)
RT E = , (5.74)
Y0 + F1 Y1
onde o fator de estratificação é obtido por meio do seguinte algoritmo:
µj uj+1 Fj+1 + µj+1 uj tanh[uj hj ]
Fj = (5.75)
µj+1 uj + µj uj+1 Fj+1 tanh[uj hj ]
FN = 1

Note que ZEφ /Z0 é calculado na superfície do terreno (z = 0) .

Observando a integral (5.74) nota-se que ela apresenta a seguinte estru-


tura, Z ∞
I (rs ) = K (g) J1 (grs ) dg. (5.76)
0
e por conseguinte, pode-se usar o mesmo esquema dos filtros lineares usado
no quarto capítulo. Assim, podemos escrever
N
X h i
rs I (rs ) = K e− ln rs +(s1 +n∆s) wn (5.77)
n=0
5.5 Avaliação numérica 101

sendo os coeficientes e as abscissas os mesmos usados anteriormente.


A tradução de (5.77) em liguagem do Mathematica é como segue:

In[7]:= fdDMvZzEphi[kfun_, freq_, rho_, mu_, h_, h0_, r_] := Module[{i,


g},
nfreq = Length[freq];
nlayer = Length[rho];
zZEphi = Table[0, {i, nfreq}];
Do[
skin = 500./Pi Sqrt[10. rho[[1]]/freq[[i]]];
h0B = h0/skin;
rB = r/skin;
hB = h/skin;
j1Trans47[kfun, rB];
zZEphi[[i]] = rB conv,
{i, nfreq}]]

A seguir o código do kernel K (g) de (5.73)

In[12]:= kernelcDmvEphi[g_] := Module[{i, u, fj, th},


u = Table[0, {j, nlayer}];
Do[
u[[j]] = Sqrt[g^2 + 2. I mu[[j]] rho[[1]]/rho[[j]]], {j, nlayer}];
fj = 1.;
Do[th = Tanh[u[[j]] hB[[j]]];
fj = (mu[[j]] u[[j + 1]] fj +
mu[[j + 1]] u[[j]] th)/(mu[[j + 1]] u[[j]] +
mu[[j]] u[[j + 1]] fj th), {j, nlayer - 1, 1, -1}];
2 mu[[1]] g ^2 Exp[-g h0B]/(g mu[[1]] + fj u[[1]])];

5.5.2 Aplicações Eφ
In[12]:= rho = {50, 50, 50};
mu = {1, 1, 1};
h = {10, 10};
{h0, r} = {0, 200};
fdDMvZzEphi[kernelcDmvEphi, freq, rho, mu, h, h0, r]
p1 = zZEphi;
{h0, r} = {0, 500};
fdDMvZzEphi[kernelcDmvEphi, freq, rho, mu, h, h0, r]
102 5 Dipolo Magnético Vertical

p2 = zZEphi;
{h0, r} = {0, 1000};
fdDMvZzEphi[kernelcDmvEphi, freq, rho, mu, h, h0, r]
p3 = zZEphi;
q1 = plotAmpFase3[freq, p1, p2,
p3, {1, 10000}, {-.51, 1.51}, {-150.1, 50.1}, {10, 100, 1000}, ”Ephi”];

In[12]:= rho = {50, 50, 50};


mu = {1, 1, 1};
h = {10, 10};
{h0, r} = {0, 200};
fdDMvZzEphi[kernelcDmvEphi, freq, rho, mu, h, h0, r]
p1 = zZEphi;
{h0, r} = {0, 500};
fdDMvZzEphi[kernelcDmvEphi, freq, rho, mu, h, h0, r]
p2 = zZEphi;
{h0, r} = {0, 1000};
fdDMvZzEphi[kernelcDmvEphi, freq, rho, mu, h, h0, r]
p3 = zZEphi;
q1 = plotAmpFase3[freq, p1, p2,
p3, {1, 10000}, {-.51, 1.51}, {-150.1, 50.1}, {10, 100, 1000}, ”Ephi”];

In[12]:= rho = {50, 50, 50};


mu = {1, 1, 1};
h = {10, 10};
{h0, r} = {50, 500, 0};
fdDMvZzEphi[kernelcDmvEphi, freq, rho, mu, h, h0, r]
p1 = zZEphi;
{h0, r} = {100, 500, 0};
fdDMvZzEphi[kernelcDmvEphi, freq, rho, mu, h, h0, r]
p2 = zZEphi;
{h0, r} = {150 , 500};
fdDMvZzEphi[kernelcDmvEphi, freq, rho, mu, h, h0, r]
p3 = zZEphi;
q1 = plotAmpFase3[freq, p1, p2,
p3, {1, 10000}, {-.51, 1.51}, {-150.1, 50.1}, {10, 100, 1000}, ”Ephi”];

In[12]:= rho = {100, 50, 250, 5, 1000};


mu = {1, 1, 1, 1, 1};
h = {10, 25, 100, 50};
5.5 Avaliação numérica 103

{h0, r} = {0, 200};


fdDMvZzEphi[kernelcDmvEphi, freq, rho, mu, h, h0, r]
p1 = zZEphi;
{h0, r} = {0, 500};
fdDMvZzEphi[kernelcDmvEphi, freq, rho, mu, h, h0, r]
p2 = zZEphi;
{h0, r} = {0, 1000};
fdDMvZzEphi[kernelcDmvEphi, freq, rho, mu, h, h0, r]
p3 = zZEphi;
q1 = plotAmpFase3[freq, p1, p2,
p3, {1, 10000}, {-.51, 1.51}, {-150.1, 50.1}, {10, 100, 1000}, ”Ephi”];

In[12]:= rho = {100, 50, 250, 5, 1000};


mu = {1, 2, 1, 3, 1};
h = {10, 25, 100, 50};
{h0, r} = {0, 200};
fdDMvZzEphi[kernelcDmvEphi, freq, rho, mu, h, h0, r]
p1 = zZEphi;
{h0, r} = {0, 500};
fdDMvZzEphi[kernelcDmvEphi, freq, rho, mu, h, h0, r]
p2 = zZEphi;
{h0, r} = {0, 1000};
fdDMvZzEphi[kernelcDmvEphi, freq, rho, mu, h, h0, r]
p3 = zZEphi;
q1 = plotAmpFase3[freq, p1, p2,
p3, {1, 10000}, {-.51, 1.51}, {-150.1, 50.1}, {10, 100, 1000}, ”Ephi”];
In[12]:= rho = {100, 50, 250, 5, 1000};
mu = {1, 2, 1, 3, 1};
h = {10, 25, 100, 50};
{h0, r} = {50, 500};
fdDMvZzEphi[kernelcDmvEphi, freq, rho, mu, h, h0, r]
p1 = zZEphi;
{h0, r} = {100, 500};
fdDMvZzEphi[kernelcDmvEphi, freq, rho, mu, h, h0, r]
p2 = zZEphi;
{h0, r} = {150, 500};
fdDMvZzEphi[kernelcDmvEphi, freq, rho, mu, h, h0, r]
p3 = zZEphi;
q1 = plotAmpFase3[freq, p1, p2,
p3, {1, 10000}, {-.51, 1.51}, {-150.1, 50.1}, {10, 100, 1000}, ”Ephi”];
104 5 Dipolo Magnético Vertical

Procedendo de modo interamente análogo, podemos a partir de (5.29)


escrever
Z ∞ 
e−ū0 (z̄−h̄0 ) + RT E eū0 (z̄+h̄0 ) J1 (gr̄) g 2 dg
(0)
ZHr /Z0 = (5.78)
0

In[7]:= fdDmvZzHr[kfun_, freq_, rho_, mu_, h_, h0_, r_, z_] := Module[{i,
g},
nfreq = Length[freq];
nlayer = Length[rho];
zZHr = Table[0, {i, nfreq}];
Do[
skin = 500./Pi Sqrt[10. rho[[1]]/freq[[i]]];
h0B = h0/skin;
rB = r/skin;
hB = h/skin;
zB = -Abs[z]/skin;
j1Trans47[kfun, rB];
zZHr[[i]] = rB^2 conv,
{i, nfreq}]]

A seguir o código do kernel K (g) de (5.78)

In[12]:= kernelDmvHr[g_] := Module[{i, u, fj, th},


u = Table[0, {j, nlayer}];
Do[
u[[j]] = Sqrt[g^2 + 2. I mu[[j]] rho[[1]]/rho[[j]]], {j, nlayer}];
fj = 1.;
Do[th = Tanh[u[[j]] hB[[j]]];
fj = (mu[[j]] u[[j + 1]] fj +
mu[[j + 1]] u[[j]] th)/(mu[[j + 1]] u[[j]] +
mu[[j]] u[[j + 1]] fj th), {j, nlayer - 1, 1, -1}];
g^2(fj u[[1]] - g mu[[1]]) Exp[g (zB - h0B)]/(g mu[[1]] + fj u[[1]])];

5.5.3 Aplicações Hr
In[12]:= rho = {50, 50, 50};
mu = {1, 1, 1};
h = {10, 10};
5.5 Avaliação numérica 105

{h0, r, z} = {0, 200, z};


fdDMvZzHr[kernelcDmvHr, freq, rho, mu, h, h0, r, z]
p1 = zZHr;
{h0, r, z} = {0, 500, 0};
fdDMvZzHr[kernelcDmvHr, freq, rho, mu, h, h0, r, z]
p2 = zZHr;
{h0, r, z} = {0, 1000, 0};
fdDMvZzHr[kernelcDmvHr, freq, rho, mu, h, h0, r, z];
p3 = zZHr;
q1 = plotAmpFase3[freq, p1, p2,
p3, {1, 10000}, {-.51, 1.51}, {-150.1, 50.1}, {10, 100, 1000}, ”Hr”];

In[12]:= rho = {50, 50, 50};


mu = {2, 2, 2};
h = {10, 10};
{h0, r, z} = {0, 200, z};
fdDMvZzHr[kernelcDmvHr, freq, rho, mu, h, h0, r, z]
p1 = zZHr;
{h0, r, z} = {0, 500, 0};
fdDMvZzHr[kernelcDmvHr, freq, rho, mu, h, h0, r, z]
p2 = zZHr;
{h0, r, z} = {0, 1000, 0};
fdDMvZzHr[kernelcDmvHr, freq, rho, mu, h, h0, r, z];
p3 = zZHr;
q1 = plotAmpFase3[freq, p1, p2,
p3, {1, 10000}, {-.51, 1.51}, {-150.1, 50.1}, {10, 100, 1000}, ”Hr”];

In[12]:= rho = {50, 50, 50};


mu = {1, 1, 1};
h = {10, 10};
{h0, r, z} = {50, 500, z};
fdDMvZzHr[kernelcDmvHr, freq, rho, mu, h, h0, r, z]
p1 = zZHr;
{h0, r, z} = {100, 500, 0};
fdDMvZzHr[kernelcDmvHr, freq, rho, mu, h, h0, r, z]
p2 = zZHr;
{h0, r, z} = {150, 500, 0};
fdDMvZzHr[kernelcDmvHr, freq, rho, mu, h, h0, r, z];
p3 = zZHr;
q1 = plotAmpFase3[freq, p1, p2,
p3, {1, 10000}, {-.51, 1.51}, {-150.1, 50.1}, {10, 100, 1000}, ”Hr”];

In[12]:= rho = {100, 50, 250, 5, 1000};


mu = {1, 1, 1, 1, 1};
106 5 Dipolo Magnético Vertical

h = {10, 25, 100, 50}};


{h0, r, z} = {0, 300, z};
fdDMvZzHr[kernelcDmvHr, freq, rho, mu, h, h0, r, z]
p1 = zZHr;
{h0, r, z} = {0, 500, 0};
fdDMvZzHr[kernelcDmvHr, freq, rho, mu, h, h0, r, z]
p2 = zZHr;
{h0, r, z} = {0, 1000, 0};
fdDMvZzHr[kernelcDmvHr, freq, rho, mu, h, h0, r, z];
p3 = zZHr;
q1 = plotAmpFase3[freq, p1, p2,
p3, {1, 10000}, {-.51, 1.51}, {-150.1, 50.1}, {10, 100, 1000}, ”Hr”];

In[12]:= rho = {100, 50, 250, 5, 1000};


mu = {1, 2, 1, 3, 1};
h = {10, 25, 100, 50}};
{h0, r, z} = {0, 300, z};
fdDMvZzHr[kernelcDmvHr, freq, rho, mu, h, h0, r, z]
p1 = zZHr;
{h0, r, z} = {0, 500, 0};
fdDMvZzHr[kernelcDmvHr, freq, rho, mu, h, h0, r, z]
p2 = zZHr;
{h0, r, z} = {0, 1000, 0};
fdDMvZzHr[kernelcDmvHr, freq, rho, mu, h, h0, r, z];
p3 = zZHr;
q1 = plotAmpFase3[freq, p1, p2,
p3, {1, 10000}, {-.51, 1.51}, {-150.1, 50.1}, {10, 100, 1000}, ”Hr”];

In[12]:= rho = {100, 50, 250, 5, 1000};


mu = {1, 1, 1, 1, 1};
h = {10, 25, 100, 50}};
{h0, r, z} = {50, 500, z};
fdDMvZzHr[kernelcDmvHr, freq, rho, mu, h, h0, r, z]
p1 = zZHr;
{h0, r, z} = {100, 500, 0};
fdDMvZzHr[kernelcDmvHr, freq, rho, mu, h, h0, r, z]
p2 = zZHr;
{h0, r, z} = {150, 500, 0};
fdDMvZzHr[kernelcDmvHr, freq, rho, mu, h, h0, r, z];
p3 = zZHr;
q1 = plotAmpFase3[freq, p1, p2,
p3, {1, 10000}, {-.51, 1.51}, {-150.1, 50.1}, {10, 100, 1000}, ”Hr”];
Finalmente, de (5.30) segue que
Z ∞ 
e−ū0 (z̄−h̄0 ) + RT E eū0 (z̄+h̄0 ) J1 (gr̄) g 2 dg
(0)
ZHz /Z0 = (5.79)
0
5.5 Avaliação numérica 107

In[7]:= fdDmvZzHz[kfun_, freq_, rho_, mu_, h_, h0_, r_, z_] := Module[{i,
g},
nfreq = Length[freq];
nlayer = Length[rho];
zZHz = Table[0, {i, nfreq}];
Do[
skin = 500./Pi Sqrt[10. rho[[1]]/freq[[i]]];
h0B = h0/skin;
rB = r/skin;
hB = h/skin;
zB = -Abs[z]/skin;
j1Trans47[kfun, rB];
zZHz[[i]] = -rB^2 conv,
{i, nfreq}]]

A seguir o código do kernel K (g) de (5.79)

In[12]:= kernelDmvHz[g_] := Module[{i, u, fj, th},


u = Table[0, {j, nlayer}];
Do[
u[[j]] = Sqrt[g^2 + 2. I mu[[j]] rho[[1]]/rho[[j]]], {j, nlayer}];
fj = 1.;
Do[
th = Tanh[u[[j]] hB[[j]]];
fj = (mu[[j]] u[[j + 1]] fj +
mu[[j + 1]] u[[j]] th)/(mu[[j + 1]] u[[j]] +
mu[[j]] u[[j + 1]] fj th), {j, nlayer - 1, 1, -1}];
g^3 Exp[g (zB - h0B)]/(g mu[[1]] + fj u[[1]])];

5.5.4 Aplicações Hz
In[12]:= rho = {50, 50, 50};
mu = {1, 1, 1};
h = {10, 10};
{h0, r, z} = {0, 300, z};
fdDMvZzHz[kernelcDmvHz, freq, rho, mu, h, h0, r, z]
p1 = zZHr;
{h0, r, z} = {0, 500, 0};
fdDMvZzHz[kernelcDmvHz, freq, rho, mu, h, h0, r, z]
p2 = zZHr;
{h0, r, z} = {0, 1000, 0};
fdDMvZzHz[kernelcDmvHz, freq, rho, mu, h, h0, r, z];
p3 = zZHr;
q1 = plotAmpFase3[freq, p1, p2,
p3, {1, 10000}, {-.51, 1.51}, {-150.1, 50.1}, {10, 100, 1000}, ”Hz”];
108 5 Dipolo Magnético Vertical

In[12]:= rho = {50, 50, 50};


mu = {2, 2, 2};
h = {10, 10};
{h0, r, z} = {0, 300, z};
fdDMvZzHz[kernelcDmvHz, freq, rho, mu, h, h0, r, z]
p1 = zZHr;
{h0, r, z} = {0, 500, 0};
fdDMvZzHz[kernelcDmvHz, freq, rho, mu, h, h0, r, z]
p2 = zZHr;
{h0, r, z} = {0, 1000, 0};
fdDMvZzHz[kernelcDmvHz, freq, rho, mu, h, h0, r, z];
p3 = zZHr;
q1 = plotAmpFase3[freq, p1, p2,
p3, {1, 10000}, {-.51, 1.51}, {-150.1, 50.1}, {10, 100, 1000}, ”Hz”];

In[12]:= rho = {50, 50, 50};


mu = {1, 1, 1};
h = {10, 10};
{h0, r, z} = {50, 500, z};
fdDMvZzHz[kernelcDmvHz, freq, rho, mu, h, h0, r, z]
p1 = zZHr;
{h0, r, z} = {100, 500, 0};
fdDMvZzHz[kernelcDmvHz, freq, rho, mu, h, h0, r, z]
p2 = zZHr;
{h0, r, z} = {150, 500, 0};
fdDMvZzHz[kernelcDmvHz, freq, rho, mu, h, h0, r, z];
p3 = zZHr;
q1 = plotAmpFase3[freq, p1, p2,
p3, {1, 10000}, {-.51, 1.51}, {-150.1, 50.1}, {10, 100, 1000}, ”Hz”];

In[12]:= rho = {100, 50, 250, 5, 1000};


mu = {1, 1, 1, 1, 1};
h = {10, 25, 100, 50};
{h0, r, z} = {0, 300, 0};
fdDMvZzHz[kernelcDmvHz, freq, rho, mu, h, h0, r, z]
p1 = zZHr;
{h0, r, z} = {0, 500, 0};
fdDMvZzHz[kernelcDmvHz, freq, rho, mu, h, h0, r, z]
p2 = zZHr;
{h0, r, z} = {0, 1000, 0};
fdDMvZzHz[kernelcDmvHz, freq, rho, mu, h, h0, r, z];
p3 = zZHr;
q1 = plotAmpFase3[freq, p1, p2,
p3, {1, 10000}, {-.51, 1.51}, {-150.1, 50.1}, {10, 100, 1000}, ”Hz”];
5.5 Avaliação numérica 109

In[12]:= rho = {100, 50, 250, 5, 1000};


mu = {1, 2, 1, 3, 1};
h = {10, 25, 100, 50};
{h0, r, z} = {0, 300, 0};
fdDMvZzHz[kernelcDmvHz, freq, rho, mu, h, h0, r, z]
p1 = zZHr;
{h0, r, z} = {0, 500, 0};
fdDMvZzHz[kernelcDmvHz, freq, rho, mu, h, h0, r, z]
p2 = zZHr;
{h0, r, z} = {0, 1000, 0};
fdDMvZzHz[kernelcDmvHz, freq, rho, mu, h, h0, r, z];
p3 = zZHr;
q1 = plotAmpFase3[freq, p1, p2,
p3, {1, 10000}, {-.51, 1.51}, {-150.1, 50.1}, {10, 100, 1000}, ”Hz”];

In[12]:= rho = {100, 50, 250, 5, 1000};


mu = {1, 1, 1, 1, 1};
h = {10, 25, 100, 50};
{h0, r, z} = {50, 500, 0};
fdDMvZzHz[kernelcDmvHz, freq, rho, mu, h, h0, r, z]
p1 = zZHr;
{h0, r, z} = {10, 500, 0};
fdDMvZzHz[kernelcDmvHz, freq, rho, mu, h, h0, r, z]
p2 = zZHr;
{h0, r, z} = {150, 500, 0};
fdDMvZzHz[kernelcDmvHz, freq, rho, mu, h, h0, r, z];
p3 = zZHr;
q1 = plotAmpFase3[freq, p1, p2,
p3, {1, 10000}, {-.51, 1.51}, {-150.1, 50.1}, {10, 100, 1000}, ”Hz”];

No último congresso da SBGf em Salvador o Antonio Vinício e o Prof. Verma


apresentaram um trabalho muito interessante intitulado ”Geração de Campo Mag-
nético Direcional e Focalização por cobinação de Dipolos Magnéticos ”,?.
Os mapas de direção do campo magnético apresentados nas Figuras 2 e 5 da-
quele trabalho foram re-calculdos aqui para efeito de comparação.

Eis o código em Mathematica correspondente à Figura 2:

:
In[2]:= {n, m} = {10, 21};
{freq1, rho1} = {10000, 100};
skin = 500./Pi Sqrt[10. rho1/freq1];
r1 = Table[-.5 + .1 i, {i, 0, m}];
r1[[6]] = .01;
110 5 Dipolo Magnético Vertical

r2 = Table[-1.5 + .1 i, {i, 0, m}];


r2[[16]] = .01;
r3 = Table[-1. + .1 i, {i, 0, m}];
z = Table[.1 i, {i, n}];
hrz = Table[{0, 0}, {i, n}, {j, m}];
kfun[g_] := Module[{ }, g^3/(g + Sqrt[g^2 + 2 I])];
Do[zs = z[[i]]/skin;
kfunz[g_] := kfun[g] Exp[-Sqrt[g^2 + 2 I] zs];
Do[rs = Abs[r1[[j]]]/skin;
j1Trans47[ kfunz, rs];
j0Trans61[ kfunz, rs];
hz1 = -Abs[conv];
rs = Abs[r2[[j]]]/skin;
j1Trans47[ kfunz, rs];
6
Potenciais de Schelkunoff

Os três tipos de fontes até aqui analisados (linha infinita de corrente, bobina circular
e dipolo magnético vertical) possuem um alto grau de simetria com relação ao meio
estratificado. Por isso, apenas o modo TE aparece na solução dos problemas. Em
outras palavras, somente a componente do campo elétrico na direção de simetria da
fonte (Ey no caso da linha infinita de corrente e Eφ nos casos da bobina circular e
do dipolo magnético vertical) foi usada na solução dos problemas. Uma vez obtida
a componente do campo elétrico, o cálculo das componentes magnéticas foi feito
por derivação aplicando as equações (de Maxwell) pertinentes.
Quando um determinado campo, com maior grau de simetria, é usado para se
obter um outro campo, supostamente mais complexo (com menor grau de simetria),
o primeiro é dito um campo potencial em relação ao segundo. Por exemplo, o campo
elétrico Eφ devido a uma bobina sobre um meio estratificado (Ey no caso da linha)
pode ser considerado um campo potencial para se obter as duas componentes (Hr
e Hz ) do campo magnético. É claro que o campo elétrico Eφ , com sua simetria
cilíndrica de uma única componente, é inegavelmente muito mais simples que o
campo magnético, formado por duas componentes (Hr e Hz ) de simetria toroidal.
Na presença de meios estratificados, fontes como o dipolo magnético horizontal,
o dipolo elétrico horizontal, a linha aterrada e a bobina retangular são muito mais
complexas que os três tipos acima citados. Não apenas o modo TE, mas também o
modo TM entra em cena, e por consequência, o campo elétrico apresenta o mesmo
grau de dificuldade do campo magnético, no tocante à simetria. Assim, nenhum dos
dois se presta como campo potencial em relação ao outro. É aí que uma nova classe
de campos potenciais, denominados de potenciais de Shelkunoff, é extremamente
útil. Eles são campos vetoriais de dois tipos, o potencial A, relacionado com o
modo TM e o potencial F, associado ao modo TE. Nas próximas seções estudaremos
detalhadamente cada um desses potenciais e suas aplicações para a modelagem de
fontes geofísicas.

111
112 6 Potenciais de Schelkunoff

6.1 Princípio da dualidade


As equações...

6.2 Potencial A
Para iniciar, consideremos como fonte eletromagnética na forma do campo de den-
sidade de corrente JF situado num meio homogêneo, isotrópico e ilimitado de pro-
priedades z = iωµ e y = σ + iω. Partindo das equações de Maxwell,

∇ · E = 0, (6.1)
∇ × H − yE = JF , (6.2)
∇ · H = 0, (6.3)
∇ × E + zH = 0. (6.4)

Em virtude de (6.3) podemos escrever o campo magnético como o rotacional de um


campo vetorial A, ou seja.
H =∇ × A. (6.5)
Substituindo esta identidade na equação de Faraday (6.4), vem

∇ × (E + zA) = 0. (6.6)

Uma vez que o rotacional é nulo, o campo vetorial pode ser escrito como o gradiente
de um campo escalar, o que implica dizer que

E = −zA − ∇Φe , (6.7)

em que o sinal negativo para o gradiente do potencial Φe é tradicionalmente esco-


lhido para que o esta expressão tenha o campo eletrostático como caso particular,
satisfazendo a definição usual do potencial eletrostático.
Inserindo as expressões dos campos E e H em termos do potencial vetor A na
lei de Ampère (6.2), obtém-se

∇ × ∇ × A + y (zA + ∇Φe ) = JF . (6.8)

Lançando mão da identidade

∇ × ∇ × A = −∇2 A + ∇ (∇ · A) , (6.9)

pode-se escrever
∇2 A − ∇ (∇ · A) − zyA−y∇Φe = −JF . (6.10)
A essa altura é conveniente impor certa restrição aos potenciais A e Φe que
até o momento têm sido totalmente livres, ou seja, completamente arbitrários. A
maneira mais conveniente para isto é definir uma expressão para o divergente do
6.2 Potencial A 113

campo vetorial A (?, Vol. II, 14.1). Repare que a única exigência para o potencial A
é que seu rotacional seja o campo magnético, nada é dito quanto ao seu divergente.
Na verdade, supondo que um campo A0 gera o campo magnético H pretendido,
então sua soma com o gradiente de uma função escalar qualquer ψ
A = A0 + ∇ψ (6.11)
também gera o mesmo H. Acontece que
∇ · A = ∇ · (A0 + ∇ψ) = ∇ · A0 + ∇2 ψ, (6.12)
portanto, escolhendo a função ψ podemos fazer ∇ · A ser qualquer função que
desejarmos. Lembre que a função ψ é absolutamente arbitrária: qualquer que seja
ψ, se pudermos calcular seu gradiente ela será uma função válida para compor
com o potencial vetor, pois o rotacional de seu gradiente será sempre nulo. Esta
escolha do divergente do campo potencial é chamada de condição de calibre. Na
prática, ψ não entra nos problemas: a condição de calibre se expressa diretamente
na escolha do divergente do campo vetorial A. Dependendo da aplicação, podemos
escolher funções bem diferentes para este divergente, de acordo com a conveniência
matemática de cada problema. Nos problemas de fontes dipolares de que trataremos
adiante, a melhor escolha é o calibre de Lorentz, ...REF...
∇ · A = −yΦe , (6.13)
que tem como objetivo simplificar a equação (6.10) na seguinte equação de Helmholtz,
∇2 A + k 2 A = −JF . (6.14)
em que k 2 = −zy.
A equação (6.14) é uma equação vetorial que corresponde a três equações es-
calares, uma para cada componente cartesiana do campo potencial A. De posse
de sua solução, as componentes do campo eletromagnético são obtidas a partir das
relações (6.5) e (6.7):
H = ∇ × A, (6.15)
1
E = −zA + ∇ (∇ · A) . (6.16)
y
Até aqui, ainda não encontramos a verdadeira vantagem de usar o campo po-
tencial A. Simplesmente substituímos um campo vetorial por outro. Na verdade,
o ponto crucial está na grande liberdade que temos de escolher a forma mais apro-
priada para o potencial, que facilite a formulação de cada problema. Mais adiante,
aproveitaremos esta liberdade para poder separar o campo eletromagnético nos
modos de propagação, mesmo em problemas sem a simetria adequada que já en-
contramos nos capítulos anteriores.
Estamos construindo uma estrutura que nos permitirá resolver os problemas de
dipolos elétricos e magnéticos horizontais que aparecem frequentemente na Geofí-
sica. Já temos uma ferramenta importante para este objetivo, o potencial A, que
é relacionado ao campo magnético, falta seu dual, o potencial associado ao campo
elétrico.
114 6 Potenciais de Schelkunoff

6.3 Potencial F
Em muitas situações, é conveniente descrever matematicamente uma fonte do campo
eletromagnético através de uma distribuição de corrente magnética, ainda que a
existência de cargas magnéticas nunca tenha sido comprovada experimentalmente.
Um exemplo é o dipolo magnético no domínio da frequência, que descrevemos
no capítulo 5 como o limite de uma bobina de raio tendendo a zero. Primeiro
tivemos que resolver o problema completo da bobina para depois deduzir os limites
das expressões resultantes. Ao invés deste procedimento, poderíamos, com mais
simplicidade, admitir a existência de uma fonte dipolar magnética a partir de uma
corrente magnética concentrada em um ponto e incluir a representação matemática
desta fonte na lei de Ampére para obter exatamente os mesmos campos, como
mostraremos mais adiante.
Uma apresentação sucinta e muito clara da dualidade entre os campos elétrico
e magnético que dá base ao estudo apresentado aqui é encontrada em ?. Por
dualidade, de um ponto de vista puramente matemático, se admitimos a presença
de cargas magnéticas ρm , com unidade Wb/m3 , e de um campo de densidade
de corrente magnética M, com unidade V/m2 , podemos escrever as equações de
Maxwell com fontes magnéticas da seguinte maneira:

∇ · E = 0, (6.17)
∇ × H − yE = 0, (6.18)
∇ · H = 0, (6.19)
∇ × E + zH = −M, (6.20)

em que aplicamos a condição de o meio ser condutivo (ρ = ρm = 0). O sinal


negativo no campo de densidade de corrente magnética garante a simetria perfeita
nas equações.
Procedendo do mesmo modo como no caso do dipolo elétrico, podemos, em
Explicar o sinal. virtude de (6.17), escrever
E = −∇ × F (6.21)
Substituindo esta identidade na equação de Ampére (6.18), vem

∇ × H + y∇ × F = 0, (6.22)

ou
∇ × (H + yF) = 0, (6.23)
o que implica
H = −yF − ∇Φm , (6.24)
visto que o rotacional do gradiente de um potencial escalar é identicamente nulo.
Inserindo esta última expressão em (6.20), obtem-se

∇ × ∇ × F + z (yF + ∇Φm ) = M (6.25)


6.3 Potencial F 115

Lançando mão da identidade

∇ × ∇ × F = −∇2 F + ∇ (∇ · F) (6.26)

pode-se escrever
∇2 F − ∇ (∇ · F) − zyF−z∇Φm = −M. (6.27)
Aplicando-se a condição de calibre de Lorentz

∇ · F = −zΦm (6.28)

a equação acima se reduz a

∇2 F + k 2 F = −M. (6.29)

em que se usou k 2 = −zy.


Uma vez obtido o potencial F por intermédio de (6.29) pode-so calcular facil-
mente os campos elétrico e magnético via

E = −∇ × F, (6.30)

e
1
H = −yF+ ∇ (∇ · F) . (6.31)
z
Os potenciais, A e F, são conhecidos como potenciais de Schelkunoff.
Os potenciais
1
E = −∇ × F − zA+ ∇ (∇ · A) . (6.32)
y
e
1
H = ∇ × A − yF+ ∇ (∇ · F) . (6.33)
z
Resta agora decidir como separar os campos elétrico e magnético entre A e F.
Para isso vamos considerar dois casos particulares que servirão de base para a sepa-
ração dos campos. Suponhamos, por exemplo, que o potencial F seja identicamente
nulo e que o potencial A tenha apenas a componente Az , isto é,

A = (0, 0, Az ) (6.34)

Neste caso, (6.32) e (6.33) se reduzem, respectivamente, em

1 ∂ 2 Az
Ex = , (6.35)
y ∂x∂z
1 ∂ 2 Az
Ey = , (6.36)
y ∂y∂z
 2 
1 ∂ 2
Ez = + k Az , (6.37)
y ∂z 2
116 6 Potenciais de Schelkunoff

e
∂Az
Hx = , (6.38)
∂y
∂Az
Hy = − (6.39)
∂x
Hz = 0 (6.40)

que corresponde, em virtude de Hz = 0, a um campo magnético transversal z, ou


seja, um campo TMz.
Se, por outro lado, o potencial A fosse nulo e o potencial F tivesse apenas a
componente Fz , isto é,
F = (0, 0, Fz ) (6.41)
então (6.32) e (6.33) se reduziriam, respectivamente, em

∂Fz
Ex = − , (6.42)
∂y
∂Fz
Ey = , (6.43)
∂x
Ez = 0, (6.44)

e
1 ∂ 2 Fz
Hx = , (6.45)
z ∂x∂z
1 ∂ 2 Fz
Hy = (6.46)
z ∂y∂z
1 ∂2
 
2
Hz = + k Fz (6.47)
z ∂z 2

que correspondem a um campo transversal elétrico (Ez = 0) ou seja um campo


TEz .
Suponhamos, agora, um campo eletromagnético arbitrário (não necessaria-
mente TE ou TM) em que são conhencidas as componentes Ez e Hz . De (6.37) e
conhecendo Ez podemos determinar Ax por meio da a equação diferencial

∂ 2 Az
+ k 2 Az = yEz (6.48)
∂z 2
De acordo com (6.40) esta componente Az especifica um campo TM. Supondo
que se conheça também a componente Hz do campo original, segue que a diferença
entre este e a componente TM é um campo TE. Para se determinar a componente
TE usa-se a equação (6.47), ou seja,

∂ 2 Fz
+ k 2 Fz = zHz . (6.49)
∂z 2
6.3 Potencial F 117

Resumindo, podemos dizer que um campo arbitrário desprovido de fonte num


meio homogêneo pode se expresso como a soma de um campo TE e um campo TM
de acordo com as fórmulas (6.35 - 6.40) e (6.42 - 6.47)
Convém enfatizar que na ausência das componentes Ez e Hz , as equações de
Helmholtz (6.48) e (6.49) se reduzem a sua forma homogênea, ou seja.
∂ 2 Az
+ k 2 Az = 0 (6.50)
∂z 2
e
∂ 2 Fz
+ k 2 Fz = 0 (6.51)
∂z 2
É claro que estas duas últimas equações não se aplicam na interface de dois
meios homogêneos.de propriedades físicas distintas. Neste caso, é preciso determi-
nar as condições de continuidade dos potenciais nessas interfaces. Reescrevendo
(6.35 - 6.36) e (6.38 - 6.39) em coordenadas cilíndrica

1 ∂ 2 Az
Er = ,
y ∂r∂z
∂Az
Hr =
∂r
e lembrando-se que as componentes tangenciais do campos elétrico e magnético na
interface de dois meios de propriedades y1 e y2 são contínuas, resulta
1 ∂ 2 Az1 1 ∂ 2 Az2
= ,
y1 ∂r∂z y2 ∂r∂z
∂Az1 ∂Az2
=
∂r ∂r
Integrando ambos os lados dessas expressões com relação a variável r e levando
em consideração que a componente Az é limitada e contínua em relação à variável
r, para qualquer r, chegamos a conclusão que a componente Az e a componente
normal do fluxo de Az são contínuas na interface dos dois meios. Simbolicamente,

Az1 = Az2 , (6.52)


1 ∂Az1 1 ∂Az2
= . (6.53)
y1 ∂z y2 ∂z
Procedendo da mesma naneira com relação à componente Fz , chegaremos a
conclusão que

Fz1 = Fz2 , (6.54)


1 ∂Fz1 1 ∂Fz2
= , (6.55)
z1 ∂z z2 ∂z
na interface de dois meios de propriedades elétricas distintas.
118 6 Potenciais de Schelkunoff

6.4 Meios estratificados


De posse das equações diferenciais (6.48 - 6.51) que governam os potenciais de
Schelkunoff em meios homogêneos sem fontes e das condições de continuidade na
interfaces de dois meios homogêneos (6.52 - 6.55) estamos prontos para resolver o
problema de multicamadas.
Em virtude de (6.50) e (6.51) podemos usar a metodologia das ondas pla-
nas empregada com tanto sucesso nos problemas da linha infinita e da bobina
circular.Lebre-se que isto só foi possível com a colaboração da transformada de
Fourier, no caso da linha infinita, e da transformada de Hankel, no caso da bobina
circular.Assim, para se usar a mesma metodologia, é preciso encontrar um tipo de
transformada que faça o mesmo papel com relação aos potenciais de Shelkunoff, ou
seja, que transforme os potenciais no espaço tridimensional para o espaço unidimen-
sional dependente apenas da variável z. Em outras palavras, é preciso transformar
(j) (j)
do domínio (x, y, z) para o domínio (kx , ky, z) os potenciais Az e Fz associados a
camada j-ésima. Isto é feito por meio da transformada dupla de Fourier com relação
às variáveis x e y. Com isto as equações (6.50) e (6.51) se transformam em

ˆ(j)
d2 Âz ˆ
− u2 Â(j)
z =0 (6.56)
dz
e
ˆ (j)
d2 F̂z ˆ
− u2 F̂z(j) = 0 (6.57)
dz
ˆ ˆ
em que Âz (kx, ky, z) = F [Ax (x, y, z)], F̂z (kx, ky, z) = F [Fx (x, y, z)] e u2 = kx2 +
ky2 − kj2 .
Analogamente, de (6.52) – (6.53) tem-se

ˆ ˆ(j+1)
Â(j)
z = Âz (6.58)

ˆ(j) ˆ(j+1)
1 ∂ Âz 1 ∂ Âz
= . (6.59)
yj ∂z yj+1 ∂z
e de (6.54) – (6.55)
ˆ ˆ
F̂z(j) = F̂z(j+1) (6.60)

ˆ (j) ˆ (j+1)
1 ∂ F̂z 1 ∂ F̂z
= . (6.61)
zj ∂z zj+1 ∂z
De posse das equações (6.56) – (6.61) podemos afirmar que estamos de frente de
ˆ
dois problemas de ondas planas desacopladas, o primeiro associado ao potencial Âz
ˆ
e o segundo ligado ao potencial F̂z .Enfatizamos ainda que o primeiro corresponde
ao modo TM e o segundo ao modo TE.
6.4 Meios estratificados 119

Feitas essas considerações e repetindo ipsis litteris o mesmo procedimento usado


no terceiro e quarto capítulos, podemos escrever para o modo TM
ˆ
 
−u0 z (0) u0 z
Â(0)
z = A 0 e + R TM e , z <= 0 (6.62)

ˆ
 
−uj (z−zj ) (j)
Â(j)
z = Aj e + RT M euj (z−zj ) , j = 1, 2 . . . N − 1 (6.63)

ˆ )
Â(N
z = AN e−uN (z−zN ) , (6.64)
em que os coeficientes Aj são calculados com a fórmula de recorrência descendente
a partir de A0
 
(j−1)
1 + RT M e−uj hj
Aj = Aj−1 (j)
, j = 1, 2 . . . N − 1 (6.65)
1 + RT M e−2uj hj
 
(N −1)
AN = AN −1 1 + RT M , (6.66)
(j)
sendo os coeficientes de reflexão RT M dados por

(j) Zj − Zj+1
RT M = , (6.67)
Zj + Zj+1

em que a impedância aparente Zj na superfície da camada j é obtida por meio da


fórmula de recorrência ascendente
Zj+1 + Zj tanh uj hj
Zj = Z j , (6.68)
Zj + Zj+1 tanh uj hj

iniciando com ZN = ZN na última camada. A impedância intrínceca da camada j


é
uj
Zj = (6.69)
yj
em que u2j = kx2 + ky2 − kj , sendo kj = −zj yj = −iωµj (σj + iωj ).
Procedendo-se de maneira interamente análoga, podemos escreve para o modo
TE,
ˆ
 
(0)
F̂z(0) = F0 e−u0 z + RT E eu0 z , (6.70)

ˆ
 
(j)
F̂z(j) = Fj e−uj (z−zj ) + RT E euj (z−zj ) , (6.71)

ˆ
F̂z(N ) = FN e−uN (z−zN ) , (6.72)
em que os coeficientes Fj são calculados com a fórmula de recorrência descendente
a partir de F0
120 6 Potenciais de Schelkunoff

 
(j−1)
1 + RT E e−uj hj
Fj = Fj−1 (j)
, j = 1, 2 . . . N − 1 (6.73)
1 + RT E e−2uj hj
 
(N −1)
FN = FN −1 1 + RT E (6.74)
(j)
sendo os coeficientes de reflexão RT E dados por

(j) Yj − Yj+1
RT E = (6.75)
Yj + Yj+1

em que a admitância aparente Yj na superfície da camada j é obtida por meio da


fórmula de recorrência ascendente
Yj+1 + Yj tanh uj hj
Yj = Zj (6.76)
Yj + Yj+1 tanh uj hj

iniciando com YN = YN na última camada. A admitância intrínceca da camada j


é
uj
Yj = (6.77)
zj
em que u2j = kx2 + ky2 − kj , sendo kj = −zj yj = −iωµj (σj + iωj ).
Chegamos à conclusão que dada uma fonte qualquer sobre um meio estratifi-
cado, podemos, no espaço (kx , ky , z), considerar dois problemas distintos de ondas
ˆ
planas propagando-se na direção z; um associado ao potencial Âz (modo TM) e o
ˆ
outro relacionado ao potencial F̂ (modo TE). Entretanto, é preciso saber de ante-
mão as expressões dos potenciais incidentes A0 e F0 da fonte em consideração. A
título de ilustração, na próxima seção, será resolvido o problema do dipolo mag-
nético vertical, já estudado no capítulo anterior. Neste caso apenas o modo TE
é excitado e portanto só será usado o potencial F.Nos próximos capítulos, os po-
tenciais F e A serão usados simultaneamente para analisar as respostas de dipolos
magnéticos e elétricos horizontais sobre meios estratificados..É ai que os potenciais
de Shelkunoff se mostram uma ferramenta matemática extremamente valiosa na
solução de problemas complexos de eletromagnetismo.

6.5 Dipolo Magnético Vertical


No capítulo anterior a resposta de um dipolo magnético vertical sobre um meio
estratificado foi obtida a partir do limite da resposta da bobina circular, fazendo-se
ˆ
o raio da bobina suficientemente pequeno. Agora, usaremos o potencial F̂ para en-
contrar a mesma resposta. O objetivo aqui é mostrar como funciona a metodologia
dos potenciais de Shelkunoff, a ser empregada nos próximos capítulos em toda sua
plenitude.
6.5 Dipolo Magnético Vertical 121

Como foi dito acima, a primeira providência que deve ser tomada é determinar
ˆ
o potencial incidente.F̂zimc .
ˆ
Como o diplo magnético vertical excita apenas o modo TE, o potencial Âz ,
ˆ
associado ao modo TM, é identicamente nulo. Por isso apenas o potencial F̂z é
usado na solução do problema.
Se o dipolo magnético vertical se encontra a uma altura hT x < 0 no semi-espaço
acima do meio acamado, podemos a partir de (??) escrever

euhT x −u0 z
 
ˆ
F̂z (kx , ky , z) = z0 mx e (6.78)
2u

sendo 0 > z > h0 .


ˆ
Concluimos dai que o potencial incidente F̂zimc se comporta como uma onda
plana no espaço (kx , ky , z). Simbolicamente,

ˆ
F̂zinc (kx , ky , z) = F0 e−uT x z (6.79)

em que
euhT x
F0 = z0 mx (6.80)
2u
é a amplitude da onda incidente.
De posse de F0 estamos prontos para aplicar a metodologia dos potenciais de
Shelkunoff. Com efeito, substituíndo (6.80) em (6.70) podemos escrever

ˆ euhT x  −u0 z (0)



F̂z(0) (kx , ky , z) = z0 mx e + RT E eu0 z (6.81)
2u0
Voltamos ao espaço (x, y, z) com a transformada dupla inversa de Fourier. Por-
tanto,

Z ∞ Z ∞
ˆ z0 mz 1  −u0 (z−hT x ) (0)

F̂z(0) = e + RT E eu0 (z+hT x ) ei(kx x+ky y) dkx dky
8π 2 −∞ −∞ u0
(6.82)
e em 0 > h0 > z0, e

z0 mz ∞ ∞ 1  −u0 (z−hT x )
Z Z
ˆ

(0) u0 (z+hT x )
F̂z(0) = e + R TE e ei(kx x+ky y) dkx dky
8π 2 −∞ −∞ u0
(6.83)
em 0 > z < h0 .
Usando-se a identidade
Z ∞Z ∞ Z ∞
i(kx x+ky y)
f (kx , ky ) e dkx dky = 2π f (kr ) J0 (kr r) kr dkr (6.84)
−∞ −∞ 0

em que kr2 = kx2 + ky2 e r2 = x2 + y 2 ,?, podemos escrever


122 6 Potenciais de Schelkunoff

Z ∞
z0 m z kr  −u0 (z−hT x ) (0)

Fz(0) (x, y, z) = e + RT E eu0 (z+hT x ) J0 (kr r) dkr (6.85)
4π 0 u0
(0)
De posse do potencial Fz podemos agora aplicar (6.42) e (6.43) para determi-
nar a componente radial do campo elétrico,

z0 mz ∞ 1  −u0 (z−hT x )
Z 
(0) (0)
Eφ (x, y, z) = − e + RT E eu0 (z+hT x ) J1 (kr r) kr2 dkr
4π 0 u0
(6.86)
Note que esta expressão é absolutamente idênticas à fórmula (5.73) da compo-
(0)
nente Eφ desenvolvida a partir da resposta de umma bobina de raio infinitamente
pequeno.
(0) (0) (0)
De posse da componente Eφ é fácil obter as componentes Hr e Hz .
7
Dipolo Magnético Horizontal

7.1 Introdução
Ao contrário do dipolo magnético vertical que na presença de um meio estratificado
excita apenas o modo TE, o dipolo magnético horizontal polariza os dos modos, o
TE e o TM, simultaneamente.
Seguindo a metodologia apresentada no capítulo anterior, o primeiro passo a
ser dado é determinar os potenciais incidentes de Shelkunoff do dipolo magnético
horizontal. Para tanto, precisamos, primeiro, determinar as componentes Ez e Hz
do dipolo magnético horizontal, orientado na direção x.
Considerando em (6.32) e (6.33) F = (Fx , 0, 0) e A = 0, podemos escrever1

∂Fx
Ez =
∂y
e
1 ∂ 2 Fx
Hz =
z ∂y∂z
No domínio (kx , ky , z) estas duas expressões se tornam, respectivamente:

ˆ ˆ
Êz = iky F̂x (7.1)

e
ˆ
ˆ ikx ∂ F̂x
Ĥz = (7.2)
z ∂z
Aplicando 7.1 em (??) vem
1
Lembre-se que a orientação do eixo z é postiva para baixo.

123
124 7 Dipolo Magnético Horizontal

 ik
 zmx 2uy eu(z−h0 ) , 0 > h0 > z ou 0 < z < h0 ,
ˆ
Êz (kx , ky , z) = (7.3)
 iky −u(z−h0 )
zmx 2u e , 0 > z > h0 ou 0 < h0 < z,
e, do mesmo modo, aplicando 7.2, resulta

 −mx ik2x eu(z−h0 ) ,



0 > h0 > z ou 0 < z < h0 ,
ˆ
Ĥz (kx , ky , z) = (7.4)
−mx ik2x e−u(z−h0 ) , 0 > z > h0 ou 0 < h0 < z,

ˆ
De posse da fórmula (7.3) da componente Êz (kx , ky , z) vamos agora substituí-la
ˆ
no lado direito de (6.37) para calcular o potencial incidente Âinc
z . Então,
 ik
 2

  yzmx 2uy eu(z−h0 ) , 0 > h0 > z ou 0 < z < h0 ,
2 ˆinc
+ k0 Â z = (7.5)
∂z 2 ik
yzmx 2uy e−u(z−h0 ) ,

0 > z > h0 ou 0 < h0 < z,
Como a função do lado lado direito é uma exponencial em z, segue que o poten-
ˆ
cial Âinc
z também o é. Observando-se ainda que derivar a função e−uz em relação a
z equivale multiplicá-la por −u e que a segunda derivada equivale multiplicar por
u2 , podemos reescrever o lado direito da equação acima da seguinte maneira,
 2 
∂ 2
= u + k2 .

2
+ k
∂z
Sabendo-se ainda que u2 = kx2 + ky2 − k 2 , resulta
 2 

+ k = kx2 + ky2
2

∂z 2
e por conseqüência, podemos escrever (7.5) assim,
 iky
−k 2 mx 2u k2 +k eu(z−h0 ) , 0 > h0 > z ou 0 < z < h0 ,
( x y2 )


ˆ

Âinc
z (kx , ky , z) =
iky
 −k 2 mx e−u(z−h0 ) , 0 > z > h0 ou 0 < h0 < z,


2u(kx y)
2 +k 2

(7.6)
em que k 2 = −yz
ˆ
Procedendo de modo análogo com relação ao potencial incidente F̂zinc , segue de
(6.47) e (7.4) que

−zmx 2 kik eu(z−h0 ) ,


 x
0 > h0 > z ou 0 < z < h0 ,
 ( x2 +ky2 )
ˆ inc

F̂z (kx , ky , z) =
 −zmx ikx e−u(z−h0 ) , 0 > z > h0 ou 0 < h0 < z,

2(kx y)
2 +k 2

(7.7)
7.2 Meio estratificado 125

De posse dos potenciais incidentes estamos prontos para calcular as compo-


ˆ(j) ˆ (j)
nentes dos potenciais de Schelkunoff Âz e F̂z em qualquer camada do meio
estratificado e por conseqüência as componentes dos campos elétrico e magnético,
também.

7.2 Meio estratificado


Para se determinar as componentes dos campos elétrico e magnético devido ao
dipolo magnético horizontal sobre um meio estratificado é necessário se ter, de
ˆ(0) ˆ (0) ˆ(0)
antemão, os potenciais Âz e F̂z .Vamos iniciar, então, com o potencial Âz .
Após substituir (7.6) na equação (6.62) e em seguida realizando a transformada
inversa dupla de Fourier, podemos escrever

−k02 mx ∞ ∞
Z Z
ˆ(0)
Âz (x, y, z) = KT M (kx , ky ) ei(kx x+ky y) dkx dky (7.8)
8π 2 −∞ −∞

sendo h
(0)
i iky
KT M (kx , ky ) = e−u0 (z+h0 ) + RT M eu0 (z−h0 ) 
u0 kx2 + ky2
em que u20 = kx2 + ky2 − k02 .
ˆ (0)
De modo análógo, empregando (7.7) podemos escrever F̂z assim,

−z0 mx ∞ ∞
Z Z
ˆ (0)
F̂z (x, y, z) = KT E (kx , ky ) ei(kx x+ky y) dkx dky (7.9)
8π 2 −∞ −∞

sendo h
(0)
i ikx
KT E (kx , ky ) = e−u0 (z+h0 ) + RT E eu0 (z−h0 ) .
kx2 + ky2
Por questão computacional é vantajoso substituir as transformadas duplas de
Fourier por transformadas de Hankel. Assim, empregando-se a identidade
Z ∞Z ∞ Z ∞
f (kx , ky ) ei(kx x+ky y) dkx dky = 2π f (kr ) J0 (kr r) kr dkr . (7.10)
−∞ −∞ 0

(0)
em que kr2 = kx2 + ky2 e r2 = x2 + y 2 , o potencial Az (7.8) torna-se

−k02 mx ∂
Z
A(0)
z (r, z) = KT M (kr ) J0 (kr r) dkr (7.11)
4π ∂y 0

sendo h
(0)
i 1
KT M (kr ) = e−u0 (z+h0 ) + RT M eu0 (z−h0 ) ,
u0 kr
e u20 = kr2 − k02 . Note que para se usar a identidade (7.10) foi necessário substituir
iky , no domínio (kx , ky , z), por ∂/∂y no domínio (kr , z).
126 7 Dipolo Magnético Horizontal

(0)
Procedendo analogamente com relação ao potencial Fz (7.9), vem

−z0 mx ∂
Z
Fz(0) (r, z) = KT E (kr ) J0 (kr r) dkr (7.12)
4π ∂x 0

em que
h i 1
(0)
KT E (kr ) = e−u0 (z+h0 ) + RT E eu0 (z−h0 ) , (7.13)
kr
onde foi feita a substituição de ikx por ∂/∂x.
(0) (0) (0)
De posse dos potenciais Az e Fz , a determinação da componente Hx do
campo magnético é muito simples. Basta aplicar (7.11) em (6.38, após trocar
x por z) correspondentes ao modo TM e (7.12) em (6.45, após trocar x por z),
correspondem ao modo TE. Portanto,

Z ∞
k0 mx ∂ 2
Hx(0) = − KT M (kr ) J0 (kr r) dkr
4π ∂y 2 0
Z ∞
mx ∂ 2
+ KT0 E (kr ) J0 (kr r) dkr (7.14)
4π ∂x2 0

em que a função kernel KT M é dada por


h i
(0)
KT M (kr ) = e−u0 (z+h0 ) + RT M eu0 (z−h0 ) (7.15)

e a função kernel KT0 E (kr ) é expressa por


h i 1
(0)
KT0 E (kr ) = e−u0 (z+h0 ) − RT E eu0 (z−h0 ) . (7.16)
kr

Procedendo de forma inteiramente análoga, e empregando, agora, a fórmula


(6.36, após trocar x por z) e (6.46, após trocar x por z) podemos escrever a
(0)
componente Hy

Z ∞
k0 mx ∂ 2
Hy(0) = − KT M (kr ) J0 (kr r) dkr
4π ∂x∂y 0
Z ∞
mx ∂ 2
+ KT0 E (kr ) J0 (kr r) dkr (7.17)
4π ∂x∂y 0

em que aas funções kernel KT M e KT0 E são dadas por (7.15) e (7.16).
(0)
Finalmente, seguindo o mesmo caminho podemos escrever a componente Hz .
Logo,
Z ∞
mx ∂
Hz(0) = KT0 E (kr ) J0 (kr r) kr dkr (7.18)
4π ∂x 0
7.2 Meio estratificado 127

Aplicando as relações
∂J0 (kr r) x
= − kr J1 (kr r)
∂x r
∂ 2 J0 (kr r) 1 2x2 x2

= − − 3 kr J1 (kr r) − 2 kr2 J0 (kr r)
∂x2 r r r
2
∂ J0 (kr r) 2xy xy 2
= kr J1 (kr r) − 2 kr J0 (kr r) (7.19)
∂x∂y r3 r
podemos reescreve as expressões (7.14), (7.17) e (7.18) da seguinte maneira
Z ∞h
k0 mx 1 2y 2
 i
(0)
Hx(0) = − 3 e−u0 (z+h0 ) − RT M eu0 (z−h0 ) J1 (kr r) kr dkr
4π r r 0
2 Z ∞h
k0 m x y −u0 (z+h0 ) (0) u0 (z−h0 )
i
+ e − R TM e J0 (kr r) kr2 dkr
4π r2 0
Z ∞h
mx 1 2x2
 i
(0)
− − 3 e−u0 (z+h0 ) − RT E eu0 (z−h0 ) J1 (kr r) kr dkr
4π r r 0
2 Z ∞h
mx x (0)
i
− 2
e−u0 (z+h0 ) − RT E eu0 (z−h0 ) J0 (kr r) kr2 dkr (7.20)
4π r 0

k0 mx xy ∞ h −u0 (z+h0 )
Z i
(0)
Hy(0) = − 3
e − RT M eu0 (z−h0 ) J1 (kr r) kr dkr
2π r 0
k0 mx xy ∞ h −u0 (z+h0 )
Z i
(0) u0 (z−h0 )
+ e − R TM e J0 (kr r) kr2 dkr
4π r2 0
mx xy ∞ h −u0 (z+h0 )
Z i
(0) u0 (z−h0 )
e − R TE e J1 (kr r) kr dkr
2π r3 0
Z ∞h
mx xy −u0 (z+h0 ) (0) u0 (z−h0 )
i
− e − R TE e J0 (kr r) kr2 dkr (7.21)
4π r2 0

Z ∞
mx x h
(0)
i
Hz(0) = − e−u0 (z+h0 ) + RT E eu0 (z−h0 ) J1 (kr r) kr2 dkr (7.22)
4π r 0

Como sempre, estas integrais são computadas numericamente. Todavia, no caso


particular em que o meio é um semi-espaço condutivo, homogêneo, isotrópico e não
magnético pode-se obter soluções exatas se o regime for quase-estático (k0 = 0) e o
transmissor e o receptor estiverem na superfície ( z = h0 = 0).

7.2.1 Semi-espaço condutivo


Com as restrições mencionadas acima a integral (7.20) se reduz a

mx ∂ x ∞ kr u1
 Z 
Hx = − J1 (kr r) dkr
2π ∂x r 0 kr + u1
128 7 Dipolo Magnético Horizontal

Multiplicando o numerador e denominador por (kr − u1 ) vem

 Z ∞ Z ∞
mx ∂ x 2 x
Hx = − k J
r 1 (k r r) dkr − kr3 J1 (kr r) dkr
2π ∂x rk12 0 rk12 0
x ∞
Z 
+ kr J1 (kr r) dkr
r 0

Usando a integral de Somerfeld e, em seguida, derivando Hx com respeito a r e


duas vezes com respeito a z e supondo z = 0, resulta

mx y 2
3 + k12 r2 − 3 + 3ik1 r − k12 r2 e−ik1 r
  
Hx (r, 0) = −
2πk12 r7
mx x2
12 + 2k12 r2 − 12 + 12ik1 r − 5k12 r2 − ik13 r3 e−ik1 r
  
+
2πk12 r7
(7.23)

Procedendo do mesmo modo com a componente Hy (7.22) vem

mx xy 
3 + k12 r2 − 3 + 3ik1 r − k 2 r2 e−ik1 r
 
Hy (r, 0) = 2 7
2πk1 r
mx xy 
12 + 2k12 r2 − 12 + 12ik1 r − 5k12 r2 − ik13 r3 e−ik1 r
 
− 2 7
2πk1 r
(7.24)

De modo análogo, a componente Hz (7.22) torna-se


Z ∞ 
mx x ∂ kr − u1
Hz (r, 0) = − J0 (kr r) kr dkr
4π r ∂r 0 kr + u1

Com exceção do sinal e do termo x/r essa expressão é idêntica a (??) e portanto
de (5.60) podemos escrever

mx k12 x
        
ik1 r ik1 r ik1 r ik1 r
Hz (r, 0) = − I1 K1 − I2 K2 (7.25)
4π r 2 2 2 2

Impeância mútua
Iniciando com a componente Hr (7.25) podemos escrever a impedância mútua de
duas bobinas coaxiais (y = 0) da seguinte maneira

1 
12 + 2k12 x2 − 12 + 12ik1 x − 5k12 x2 − ik13 x3 e−ik1 x
 
(Z/Z0 )cx =
k12 x2

em que Hxp = mx / 2πx3 .
7.2 Meio estratificado 129

Lembrando-se que
r
ωµ0 σ1 1
k1 = (1 − i) = (1 − i) ,
2 δ
r
ik1 x = (1 + i) = x̄ (1 + i) ,
δ
−i2x2
k12 x2 = = −i2x̄2 ,
δ2
ik13 x3 = 2x̄3 (1 − i)

resulta
i h 2 2 3
 −x̄(1+i) i
(Z/Z0 )cx = 12 − i4x̄ − 12 + 12x̄ (1 + i) + i10x̄ − 2x̄ (1 − i) e
2x̄2
(7.26)

In[1]:= fDHmdZZ0cxE[freq_, rho_, x_] := Module[{xB, xBi},


nfreq = Length[freq];
hmdHrExt = Table[0, {i, nfreq}];
Do[
skin = 500./Pi Sqrt[10. rho/freq[[i]]];
xB = x/skin;
xBi = (xB + I xB);
hmdHrExt[[i]] = I/(2 xB^2) (12 - I 4 xB^2 -
(12 + 12 xBi + I 10 xB^2 - 2 xB^3 (1 - I) )Exp[-xBi]),
{i, nfreq}]]

Novamente usando-se (7.25),podemos escrever a impedancia mútua de duas


bobinas verticais coplanares (x = 0) do seguinte modo
2
3 + k12 y 2 − 3 + 3ik1 y − k12 y 2 e−ik1 y
  
(Z/Z0 )cp =
k12 y 2

Normalizando,vem
i h i
3 − i2ȳ 2 − 3 + 3ȳ (1 + i) + i2ȳ 2 e−ȳ(1+i)

(Z/Z0 )cp = 2
(7.27)

In[1]:= fDHmdZZ0cpE[freq_, rho_, y_] := Module[{yB, yBi},


nfreq = Length[freq];
hmdHrExt = Table[0, {i, nfreq}];
Do[
skin = 500./Pi Sqrt[10. rho/freq[[i]]];
yB = y/skin;
yBi = (yB + I yB);
hmdHrExt[[i]] = I/(2 yB^2) (3 - I 2 yB^2 -
130 7 Dipolo Magnético Horizontal

(3 + 3 yBi + I 2 yB^2)Exp[-yBi]),
{i, nfreq}]]

Finalmente, usando-se (??) e H0 = −mx / 4πr3 obtem-se a impedância mútua
do sistema de bobinas perpendiculares
        
2 2 ik1 x ik1 x ik1 x ik1 x
(Z/Z0 )pp = k1 x I1 K1 − I2 K2
2 2 2 2

Substituindo ik1 x por x̄ (1 + i) /2 vem

(Z/Z0 )pp = −I2x̄2 [I1 (x̄ (1 + i) /2) K1 (x̄ (1 + i) /2)


− I2 (x̄ (1 + i) /2) K2 x̄ (1 + i) /2] (7.28)

In[3]:= fDHmdZZ0ppE[freq_, rho_, x_] := Module[{xB, xBi2},


nfreq = Length[freq];
hmdHzExt = Table[0, {i, nfreq}];
Do[
skin = 500./Pi Sqrt[10. rho/freq[[i]]];
xB = x/skin;
xBi2 = (xB + I xB)/2;
hmdHzExt[[i]] =
I 2 xB^2 (BesselI[1, xBi2] BesselK[1, xBi2] -
BesselI[2, xBi2] BesselK[2, xBi2]),
{i, nfreq}]]

Do mesmo modo como foi feito para o dipolo magnético vertical é instrutivo
comparar graficamente as impedâncias mútuas de forma exata (7.26), (7.27), e
(7.28) com as impedâncias mútuas calculadas numericamente por meio das integrais
(7.20), (7.21) e (7.22).
Supondo y = 0, a componente Hx (7.20) se simplifica em

mx 1 ∞ h −u0 (z+h0 )
Z i
(0)
Hx(0) (x, 0, z) = e − RT E eu0 (z−h0 ) J1 (kr r) kr dkr
4π r 0
mx ∞ h −u0 (z+h0 )
Z i
(0)
− e − RT E eu0 (z−h0 ) J0 (kr r) kr2 dkr
4π 0

Na superfície do semi-espaço h0 = z = 0,

mx 1 ∞ 2u1
Z
Hx(0) (x, 0, 0) = J1 (kr r) kr dk
4π r 0 k1 + u1
mx ∞ 2u1
Z
− J0 (kr r) kr2 dk
4π 0 k1 + u1
7.2 Meio estratificado 131


Normalizando pelo campo primário Hrp = mx / 2πr3 .e fazendo-se g = kr δ e
r̄ = r/δ, podemos escrever a impedância mútua de duas bobinas verticais coaxiais
assim
Z ∞ p 2 Z ∞ 2p 2
2 g g + 2i 3 g g + 2i
(Z/Z0 )cx = r̄ p J1 (gr̄) dg − r̄ p J0 (gr̄) dg
2
g + g + 2i g + g 2 + 2i
0 0
(7.29)

In[4]:= kernelHmdZZ0cx1[g_] := Module[{i},


g Sqrt[g^2 + 2 I]/(g + Sqrt[g^2 + 2 I])]

In[5]:= kernelHmdZZ0cx0[g_] := Module[{i},


g^2 Sqrt[g^2 + 2 I]/(g + Sqrt[g^2 + 2 I])]

In[6]:= fDHmdZZ0cx[kfun1_, kfun0_, freq_, rho_, x_] :=


Module[{i, g, xB, intJ1, intJ0},
nfreq = Length[freq];
hmdZZ0cx = Table[0, {i, nfreq}];
Do[
skin = 500./Pi Sqrt[10. rho/freq[[i]]];
xB = x/skin;
j1Trans27[kfun1, xB];
intJ1 = xB conv;
j0Trans37[kfun0, xB];
intJ0 = xB^2 conv;
hmdZZ0cx[[i]] = intJ1 - intJ0,
{i, nfreq}]]

Para efeito de comparação gráfica consideremos um semi-espaço homogêneo de


resistividade 100 Ωm. A separação entre o transmissor e receptor são 150, 500 e
1500 m. e as freqüências são dadas pela seguinte lista:

In[7]:= {10, 15.8489, 25.1189, 39.8107, 63.0957, 100, 158.489, 251.189,


398.107, 630.957, 1000, 1584.89, 2511.89, 3981.07, 6309.57, 10000,
15848.9, 25118.9, 39810.7, 63095.7, 100000};

Supondo x = 0, a componente Hx (7.21) se simplifica em

mx 1 ∞ h −u0 (z+h0 )
Z i
(0) (0)
Hx (0, y, z) = − e − RT E eu0 (z−h0 ) J1 (kr y) kr dkr
4π y 0

sendo r = y.
Na superfície do semi-espaço, h0 = z = 0,

mx 1 ∞ 2u1
Z
Hx(0) (0, y, 0) = − J1 (kr y) kr dk
4π y 0 k1 + u1
132 7 Dipolo Magnético Horizontal


Normalizando pelo campo primário Hxp = −mx / 4πy 3 .e fazendo-se g = kr δ e
ȳ = y/δ, a impedância mútua de duas bobinas verticais coplanares se escreve assim
Z ∞ p
2 2g g 2 + 2i
(Z/Z0 )cp = ȳ p J1 (g ȳ) dg (7.30)
0 g + g 2 + 2i

In[8]:= kernelHmdZZ0cp[g_] := Module[{i},


2 g Sqrt[g^2 + 2 I]/(g + Sqrt[g^2 + 2 I])]

In[9]:= fDHmdZZ0cp[kfun_, freq_, rho_, y_] :=


Module[{i, g, yB},
nfreq = Length[freq];
hmdZZ0cp = Table[0, {i, nfreq}];
Do[
skin = 500./Pi Sqrt[10. rho/freq[[i]]];
yB = y/skin;
j1Trans27[kfun, yB];
hmdZZ0cp[[i]] = yB conv,
{i, nfreq}]]

Com os mesmos dados do exemplo anterior, temos

Supondo y = 0, a componente Hz (7.22) se simplifica para

mx ∞ h −u0 (z+h0 )
Z i
(0)
Hz(0) (x, 0, z) = e + RT E eu0 (z−h0 ) J1 (kr x) kr2 dkr
4π 0
sendo r = x.
Na superfície do semi-espaço h0 = z = 0
mx ∞ 2g
Z
Hz(0) (x, 0, 0) = J1 (kr x) kr2 dk
4π 0 k1 + u1

Normalizando pelo campo primário Hzp = −mx / 4πx3 .e fazendo-se g = kr δ e
x̄ = x/δ é fácil obter aa impedância mútua de duas bobinas perpendiculares,
Z ∞
2g 3
(Z/Z0 )pp = −x̄3 p J1 (gx̄) dg (7.31)
0 g + g 2 + 2i

In[10]:= kernelHmdZZ0pp[g_] := Module[{i},


2 g^3/(g + Sqrt[g^2 + 2 I])]

In[11]:= fDHmdZZ0pp[kfun_, freq_, rho_, x_] :=


Module[{i, g, xB},
nfreq = Length[freq];
7.2 Meio estratificado 133

hmdZZ0pp = Table[0, {i, nfreq}];


Do[
skin = 500./Pi Sqrt[10. rho/freq[[i]]];
xB = x/skin;
j1Trans27[kfun, xB];
hmdZZ0pp[[i]] = -xB^2 conv,
{i, nfreq}]]

Usando-se ainda os mesmos dados dos dois últimos exemplos, vem


Referências Bibliográficas

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Dover Publication, Inc.
Almeida, F. L. d., 2002, Filtros otimizados para transformadas seno, co-seno e de
hankel J0 , J1 e J2 : Master’s thesis, Universidade Federal do Pará.
Cagniard, L., 1953, Basic theory of the magneto–telluric method of geophysical
prospecting: GEOPHYSICS, 18, 605–635.
Harrington, R. F., 2001, Time-harmonic electromagnetic fields: IEEE-Press. IEEE
Press Series on Electromagnetic Wave Theory.
Markushevich, A. I., 1977, Theory of functions of a complex variable: Chelsea
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Parasnis, D. S., 1987, 4, in Large-layout harmonic field systems: SEG, volume 2 of
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——–, 1991, 8, in The Magnetotelluric Method: Society of Exploration Geophysi-
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