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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS- DCET
GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

ALAN CHAGAS COLARES


EDUARDO ROBSON CARDOSO GUEDES
JOSÉ GASPAR TELES FILHO

Intensidade de Campo Elétrico – Eletricidade e Magnetismo

Macapá- AP
2024
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I - INTRODUÇÃO

Documentos de pelo menos 600 a.C, mostram evidências de conhecimento sobre


a eletricidade estática pelo povo grego. Eles passavam muitas horas esfregando um
pequeno pedaço de âmbar nas suas roupas e observavam como ele atraía pequenos
pedaços de penugem.

Dr. Gilbert, físico de sua majestade a Rainha da Inglaterra, foi o primeiro a fazer
algum trabalho realmente experimental abordando esse efeito.

Mas foi o Coronel Charles Coulomb, Oficial da Engenharia do Exército Françês,


após uma série de experimentos utilizando uma balança de torção, que estabeleceu que a
força entre dois objetos muito pequenos, separados pelo vácuo ou espaço livre por uma
distância grande se comparada com seus tamanhos, é proporcional à carga de cada um
deles e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre os mesmos.

A lei da Força Eletrostática de Coulomb pode ser formulada, de forma geral,


pela teoria de campo.

Nos trabalhos em que o objetivo for avaliar as forças entre cargas elétricas ou
determinar a intensidade de campo elétrico (associado a qualquer distribuição de cargas
estáticas, seja em campos no vácuo ou no espaço livre), deve-se utilizar ferramentos
matemáticas adequadas para o desenvolvimento das expressões.

II – DESENVOLVIMENTO

II-1 FORÇA ELÉTRICA

A força eletromagnética consiste em uma força elétrica (Fe) e uma magnética


(Fm). A força elétrica (Fe) é similar à força gravitacional, porém com uma diferença
importante: a fonte do campo gravitacional é a massa e a fonte do campo elétrico é a
carga elétrica. Considerando que os dois campos variam inversamente com o quadrado
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da distância a partir de suas respectivas fontes, a carga elétrica pode ter polaridade
positiva ou negativa, ao passo que uma massa não apresenta tal propriedade.

Sabemos a partir da física atômica que toda matéria contém uma mistura de
nêutrons, prótons com carga positiva e elétrons com carga negativa, sendo que a
quantidade fundamental de carga corresponde à carga de um elétron indicado pela letra
e. A unidade pela qual a carga elétrica é medida é o Coulomb (C).

O módulo da carga e é:

−19
e=1 , 6 x 10 (C )

A carga de um único elétron é q e =−e e um proton tem carga igual em modulo


mas de polaridade oposta: q p=e . Os experimentos de Coulomb mostraram que:

a) Duas cargas semelhantes (de mesmo sinal) se repelem, enquanto duas cargas
de poloridade oposta se atraem;
b) A força age ao longo de uma linha que une as cargas, e
c) Sua intensidade é proporcional ao produto dos módulos das duas cargas e
inversamente proporcional ao quadrado da distância entre elas.

Essa propriedades constituem a Lei de Coulomb, que pode ser expressa


matematicamente pela seguinte equação:

q1q2
F e21= 2
a R 12 (C)
4 π ε 0 R12

Onde:

F e21, é a força elétrica que age na cargra q 2 em função da cargaq 1;

R12, é a distância entre as duas cargas;

a R 12, é um vetor unitário que aponta da carga q 1 para a carga q 2;

ε 0, é uma constante universal denominada permissividade elétrica do espaço


−12 F
livre [ε 0=8,854 x 10 farad por metro( )].
m
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Considera-se que as duas cargas estejam no espaço livre (vácuo) e isoladas de


todas as outras cargas. A força F e12 age na carga q 1 devido a carga q 2 e é igual ao modulo
da força F e21, porém na direção oposta: F e12=−F e 21.

II-2 INTENSIDADE DE CAMPO ELÉTRICO

Assim, a expressão,

q1q2
F e21= 2
a R 12 (C)
4 π ε 0 R12

para a força elétrica descreve o campo induzido por uma carga elétrica quando está no
espaço livre, e é análoga a expressão para a força gravitacional, sendo que podemos
estender mais a analogia pela definição da existência de uma intensidade de campo
elétrico (vetor E) devido a uma carga q da seguinte forma:

q
E= a
2 R (V/m) (no espaço livre)
4 π ε0 R

Onde:

E , é o vetor campo elétrico;


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R , é a distância entre a carga e o ponto de observação;

a R , é o vetor unitário radial que aponta para for a da carga.

A direção do campo elétrico define o sentido da força elétrica que surge entre
duas ou mais cargas. A partir dessa característica, o campo elétrico assume o atributo de
radialidade, pelas linhas de força assumirem uma configuração disposta em raios, as
quais podem apontar tanto para dentro quanto para fora da carga, ou seja, cargas de
sinal negativo e positivo, respectivamente.

As cargas elétricas positivas são fontes de campo elétrico e as cargas elétricas


negativas são os sumidouros.

Toda carga elétrica é capaz de influenciar o meio ao redor através do seu campo
elétrico. Quando duas ou mais cargas elétricas são colocadas em uma região próxima de
qualquer carga de prova, seus campos elétricos se somam vetorialmente, o que resulta
na intensidade do campo elétrico no ponto da carga de prova, essa soma resultante
chamamos de módulo de intensidade do campo elétrico e é justificada pelo princípio da
superposição.
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II-2.1 DISTRIBUIÇÃO DE CARGAS

Em escala macroscópica encontramos várias formas de distribuições de cargas


elétricas. Nesse caso, podemos desprezar a natureza descontínua da distribuição de
carga e considerar a carga líquida contida em um volume elementar Δ v como se
estivesse uniformemente distribuída nesse volume. Consequentemente, definimos a
densidade volumétrica de carga ρ v como

Δq d q C
ρ v = lim = ( )
Δv → 0 Δv d v m3

Onde:

Δ q, é a carga contida em Δ v .

A variação de ρ v com a localização no espaço é denominada distribuição


espacial, ou simplesmente distribuição. A carga total contida em um determinado
volume v é dada por

Q=∫ ρv dv (C)
v

Em alguns casos, particularmente quando lidamos com condutores, as cargas


elétricas podem ser distribuídas pela superfície do material, sendo que neste caso a
grandeza relevante é a densidade superficial de cargas ρ s, definida como

Δq d q C
ρ s= lim = ( )
Δ s →0 Δ s d s m2

Onde:

Δ q, é a carga presente em uma área elementar de superfície Δ s .

De forma similar, se a carga for distribuída ao longo de uma linha, que não
precisa ser reta, caracterizamos a distribuição em termos de densidade linear de cargas
ρl , definida como
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Δq d q C
ρl =lim = ( )
Δ l →0 Δl d l m

II-2.2 LEI DE COULOMB

O campo elétrico foi apresentado no item II-2, com base nos resultados
experimentais de Coulomb em relação à força elétrica entre corpos carregados. A lei de
Coulomb, a qual foi apresentada primeiro, considerou cargas elétricas no vácuo ou
espaço livre, diz que

a) Uma carga q isolada induz um campo elétrico (E) em todos os pontos do


espaço, sendo que, para um ponto específico P, E é dado por
q V
E= a ( )
2 R
4 πε R m

Onde:

a R , é um vetor unitário que aponta de q para P;

R , é a distância entre eles;

ε , é a permissividade elétrica do meio que contém o ponto de observação; e

b) Na presença de um campo elétrico (E) em um determinado ponto do espaço,


que pode ser devido a uma única carga ou a uma distribuição de diversas
cargas, a força que atua na carga de teste q’, quando a carga é colocada no
ponto dado, é indicada por
'
F=q E(N )
Com (F) medida em newtons (N) e q’ em coulombs (C), a unidade de (E) é
(N/C), sendo o mesmo que volt por metro (V/m).
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II-2.3 CAMPO ELÉTRICO DEVIDO A MULTIPLAS CARGAS


PONTUAIS

A expressão

q V
E= a ( )
2 R
4 πε R m

Para o campo elétrico (E) devido a uma única carga pode ser estendida para
determinação do campo devido a múltiplas cargas pontuais. Começamos considerando
duas cargas pontuais, q 1 e q 2, localizadas Segundo os vetrores posição R1 e R2 a partir
da origem do sistema de coordenadas dado, conforme a figura abaixo. O campo elétrico
(E) é calculado para o ponto P com o vetor posição (R). Em P, o campo elétrico E1
devido a carga q 1 sozinha é dado pela equação

q1 (R−R1 ) V
E 1= 3
) (
4 πε ⃒ R−R1 ⃒ m

De forma similar, o campo elétrico devido a apenas q 2 é

q2 (R−R2 ) V
E2= ( )
4 πε ⃒ R−R2 3⃒ m

O campo elétrico obedece ao princípio da superposição linear.


Consequentemente, o campo elétrico total (E) em qualquer ponto do espaço é igual ao
vetor soma dos campos elétricos induzidos por todas as cargas individuais.
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E=E1 + E2

1 q1 ( R−R 1 ) q 2 ( R−R2 ) V
E= [ + ]( )
4 πε ⃒ R−R 1 3⃒ 3
⃒ R−R2 ⃒ m
Generalizando o resultado anterior para o caso de N cargas pontuais, o campo
elétrico (E) no vetor posição (R) provocado pelas cargas q 1 , q 2 , … , q N localizadas nos
pontos com vetores posição R1 , R 2 , … , R N , é dado por

1
N
qi ( R−R i ) V
E= ∑
4 πε i=1 ⃒ R−R i 3⃒ m
( )

II-2.4 CAMPO ELÉTRICO DEVIDO A UMA DISTRIBUIÇÃO DE


CARGAS

Considere o volume v’ mostrado na figura abaixo. Ele contém uma distribuição


de cargas elétricas caracterizada por uma densidade volumétrica de carga ρ v, cujo
modulo pode variar com a posição no espaço dentro de v ' . O campo elétrico diferencial
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no ponto P devido a uma quantidade diferencial de carga d q =ρv d v ' contida em um


volume diferencial d v é
'

dq ρ v d v' V
dE= 2
a R= 2
aR ( )
4 πε R 4 πε R m

Onde:

R ' , é o vetor a partir do volume diferencial d v até o ponto P;


'

Aplicando o princípio da superposição linear, o campo elétrico total (E) pode ser
obtido pela integração dos campos gerados por todas as cargas que compõem a
distribuição de cargas. Portanto,
❑ ❑
1 ρv d v '
E=∫ d E = ∫ a
v' 4 πε v' R ' 2 R

(distribuição volumétrica)

É importante notar que, em geral, tanto R ' quanto a R ' variam como uma função
da posição ao longo do volume de integração v ' .
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Se a carga for distribuída por uma superficie S ' com uma densidade superficial
de carga ρ s' então d q =ρs d s ' , e caso a carga seja distribuída ao longo de uma linha l '
com uma densidade linear de carga ρl ' então d q =ρl d l '. Consequentemente,


1 ρS d S '
E= ∫
4 πε S ' R ' 2 R
a

(distribuição superficial)


1 ρ l dl '
E= ∫
4 πε l ' R ' 2 R
a

(distribuição linear)

III BLINDAGEM ELETROSTÁTICA

Trata-se do fenômeno físico que faz com que o campo elétrico seja sempre nulo
no interior dos materiais condutores. Isso ocorre devido à forma como as cargas
elétricas distribuem-se ao longo da superfície dos condutores em equilíbrio eletrostático.

Este recurso é bastante utilizado para proteger componentes eletrônicos.

III-1 COMO FUNCIONA A BLINDAGEM ELETROSTÁTICA

A blindagem eletrostática ocorre quando o excesso de cargas em um condutor


distribui-se uniformemente em sua superfície e o campo elétrico em seu interior fica
nulo.

Por exemplo, quando um corpo condutor é eletrizado por meio de algum dos
processos de eletrização, as cargas elétricas são distribuídas uniformemente em sua
superfície. Isso acontece porque as cargas elétricas tendem a afastar-se, de acordo com o
princípio da repulsão entre cargas de mesmo sinal, até atingirem uma condição de
repouso, o equilíbrio eletrostático.
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VI INTERFERÊNCIA ELETROMAGNÉTICA

A Interferência Eletromagnética (EMI) refere-se à interferência indesejada ou


perturbação nos sinais elétricos ou eletromagnéticos de um sistema, causada pela
presença de campos elétricos ou magnéticos externos.
Essa interferência pode ocorrer em sistemas eletrônicos, redes de comunicação,
equipamentos elétricos e outros dispositivos sensíveis que operam com sinais elétricos.
Existem duas formas principais de interferência eletromagnética:
Interferência Eletromagnética Conduzida (CEI): Refere-se à interferência
que ocorre através de condutores elétricos, como fios ou cabos. Isso pode acontecer
quando correntes indesejadas são induzidas nos condutores, causando distorções nos
sinais elétricos.
Interferência Eletromagnética Irradiada (IEI): Refere-se à interferência que
se propaga pelo espaço, muitas vezes na forma de ondas eletromagnéticas. Isso pode
afetar dispositivos eletrônicos sensíveis que estão próximos, capturando essas ondas
eletromagnéticas indesejadas.

VI-1 ORIGENS
A interferência eletromagnética pode ter diversas origens, incluindo
equipamentos eletrônicos próximos, fontes de radiofrequência, descargas atmosféricas,
motores elétricos, entre outros. Se não for devidamente controlada, a EMI pode causar
falhas em dispositivos, perda de qualidade de sinal em sistemas de comunicação e
interferência prejudicial em operações eletrônicas.

VI-2 IRRADIAÇÃO, CONDUÇÃO E INDUÇÃO


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O conhecimento sobre irradiação, condução e indução é crucial para


implementar estratégias eficazes de mitigação da interferência eletromagnética.
IRRADIAÇÃO
A irradiação, refere-se à propagação de energia eletromagnética através do espaço,
muitas vezes na forma de ondas eletromagnéticas.
CONDUÇÃO
A condução de interferência eletromagnética ocorre através de condutores
elétricos, como fios ou cabos.
INDUÇÃO
A indução refere-se à geração de correntes elétricas em um condutor devido à
variação de um campo magnético próximo.

VI-3 PRINCIPAIS CAUSAS


Equipamentos Eletrônicos Próximos: Dispositivos eletrônicos operando em
proximidade física uns dos outros podem gerar EMI devido à irradiação eletromagnética
de seus circuitos. Isso é comum em escritórios, residências e ambientes industriais.

Motores Elétricos e Equipamentos de Potência: A operação de motores


elétricos, transformadores e outros equipamentos de potência pode gerar campos
magnéticos intensos, causando EMI em dispositivos sensíveis próximos.

Comutações Elétricas: O ato de ligar e desligar dispositivos elétricos pode criar


picos de corrente e tensão, gerando EMI conduzida através dos fios de alimentação.

Descargas Atmosféricas: Raios e tempestades elétricas podem gerar campos


magnéticos intensos, resultando em EMI que pode afetar dispositivos eletrônicos
sensíveis.

Linhas de Energia Elétrica: Flutuações na rede elétrica, incluindo surtos e


picos de voltagem, podem induzir EMI em dispositivos conectados à mesma rede
elétrica.
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Transmissões de Rádio e TV: Sinais de transmissão de rádio e TV podem


interferir em dispositivos eletrônicos próximos, especialmente se estiverem operando
em frequências semelhantes.

Equipamentos de Comunicação sem Fio: Dispositivos sem fio, como telefones


celulares, roteadores Wi-Fi e outros dispositivos de comunicação sem fio, podem gerar
EMI que interfere em outros dispositivos eletrônicos próximos.

Cabos e Conexões Inadequados: Cabos de baixa qualidade, conexões soltas ou


danificadas podem aumentar a susceptibilidade à interferência eletromagnética.

Equipamentos Médicos: Equipamentos médicos avançados, como ressonância


magnética, podem gerar EMI que interfere em dispositivos eletrônicos próximos.

Iluminação Fluorescente: Lâmpadas fluorescentes podem gerar EMI devido ao


reator utilizado para controlar o funcionamento da lâmpada.

O controle eficaz da interferência eletromagnética envolve a identificação dessas


fontes potenciais e a implementação de medidas de mitigação, como o uso de
blindagem, aterramento adequado, filtros e o design cuidadoso de sistemas eletrônicos.

VI-4 INTERFERÊNCIA INTERNA E EXTERNA

Tanto a interferência interna quanto a externa são considerações críticas no


projeto e na manutenção de sistemas eletrônicos, e abordagens específicas são adotadas
para minimizar seus impactos e garantir a confiabilidade e a integridade dos sinais em
um ambiente eletromagneticamente desafiador.

Interferência eletromagnética interna


A interferência eletromagnética interna refere-se à interferência que ocorre
dentro de um sistema ou dispositivo eletrônico devido às interações entre seus próprios
componentes.
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Isso pode incluir a irradiação de campos eletromagnéticos a partir de circuitos


internos, acoplamento capacitivo ou indutivo entre componentes, e outros fenômenos
relacionados à operação interna do dispositivo.
Interferência eletromagnética externa
A interferência eletromagnética externa ocorre quando campos elétricos ou
magnéticos provenientes de fontes externas afetam um dispositivo ou sistema
eletrônico. Essas fontes externas podem incluir outros dispositivos eletrônicos, linhas de
transmissão de energia elétrica, equipamentos industriais, transmissões de rádio e TV,
entre outros.

VI-5 CONSEQUÊNCIAS PREJUDICIAIS EM UMA REDE


A interferência eletromagnética (EMI) pode ter várias consequências
prejudiciais em uma rede, afetando o desempenho, a confiabilidade e a integridade dos
dados transmitidos. Algumas das principais consequências da interferência
eletromagnética em uma rede incluem:
Perda de Sinal: A EMI pode causar atenuação ou perda de sinal ao longo dos
cabos de transmissão. Isso resulta em uma diminuição da qualidade do sinal, podendo
levar a erros de transmissão e interrupções na comunicação.

Aumento de Erros de Transmissão: Campos magnéticos ou elétricos externos


podem induzir correntes indesejadas nos cabos de transmissão, levando a erros de bits.
Isso pode resultar empacotes de dados corrompidos e exigir retransmissões, impactando
o desempenho da rede.

Degradamento da Largura de Banda: A presença de EMI pode limitar a


largura de banda efetiva da rede, reduzindo a quantidade de dados que podem ser
transmitidos de forma confiável em um determinado período de tempo.

Atrasos na Transmissão: Interferências eletromagnéticas podem causar atrasos


na transmissão de dados, uma vez que pacotes de dados corrompidos podem exigir
retransmissões ou correções, resultando em latências adicionais.
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Interrupções na Conectividade: Em casos extremos, a interferência


eletromagnética pode causar desconexões temporárias ou persistentes na rede. Isso é
especialmente crítico em ambientes onde a conectividade constante é essencial.

Impacto em Dispositivos Sensíveis: Dispositivos sensíveis a EMI, como


sensores, câmeras e equipamentos de medição, podem ter seu desempenho
comprometido, afetando a coleta e a transmissão de dados.

Vulnerabilidades de Segurança: A EMI pode criar oportunidades para ataques


de segurança, como escuta não autorizada, especialmente se a interferência resultar em
vazamento de sinais confidenciais ou informações sensíveis.

Necessidade de Medidas Corretivas: A presença de interferência


eletromagnética pode exigir a implementação de medidas corretivas, como a instalação
de filtros, uso de cabos blindados, reconfiguração da disposição física dos dispositivos e
redes, entre outras ações para mitigar os efeitos da EMI.

Para evitar ou minimizar esses impactos, é fundamental projetar e implementar


redes com considerações adequadas de mitigação da interferência eletromagnética. Isso
inclui o uso de cabos blindados, aterramento eficiente, isolamento de dispositivos
sensíveis e a escolha de equipamentos e componentes eletrônicos que sejam menos
suscetíveis à EMI.

VI-6 SUGESTÕES PARA ELIMINAR A INTERFERÊNCIA


ELETROMAGNÉTICA (EMI)
Eliminar completamente a interferência eletromagnética (EMI) pode ser
desafiador, mas é possível implementar uma série de medidas para reduzir
significativamente seus efeitos e garantir a operação confiável de sistemas eletrônicos.
Aqui estão algumas estratégias para eliminar ou mitigar a interferência eletromagnética:

Blindagem Eletromagnética: Utilizar materiais de blindagem, como folhas de


metal ou malhas condutoras, ao redor de dispositivos eletrônicos para bloquear a
irradiação de campos eletromagnéticos.
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Cabos Blindados: Utilizar cabos blindados para reduzir a interferência


conduzida. Esses cabos possuem camadas de malha ou folha metálica para proteger os
sinais elétricos contra influências externas.

Filtros de EMI: Incorporar filtros de EMI nos circuitos elétricos para atenuar ou
bloquear frequências específicas de interferência. Esses filtros podem ser instalados em
linhas de energia ou em sinais de comunicação.

Aterramento Eficiente: Garantir um sistema de aterramento adequado para


dissipar correntes indesejadas e proporcionar um caminho de baixa resistência para a
terra.

Isolamento de Equipamentos Sensíveis: Isolar dispositivos sensíveis


fisicamente ou eletricamente para reduzir a transmissão de interferência entre eles.

Proteção contra Surtos: Utilizar dispositivos de proteção contra surtos, como


supressores de surto, para prevenir danos aos dispositivos causados por picos de tensão
associados à interferência.

Projeto Adequado de Layout: Planejar o layout físico dos dispositivos e


circuitos para minimizar a proximidade de fontes de EMI e reduzir o acoplamento
indutivo e capacitivo.

Utilização de Ferritas: Incorporar ferritas (núcleos magnéticos) nos cabos de


alimentação e sinais para absorver interferências eletromagnéticas.

Utilização de Tecnologias de Modulação e Codificação: Em sistemas de


comunicação, adotar tecnologias de modulação e codificação robustas que possam lidar
melhor com a interferência e recuperar dados perdidos.

Testes e Monitoramento Contínuo: Realizar testes regulares para identificar e


avaliar possíveis fontes de EMI. Implementar monitoramento contínuo para identificar
mudanças nas condições que possam levar a interferências.
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É importante notar que a abordagem para eliminar ou mitigar a interferência


eletromagnética pode variar dependendo do contexto específico e da natureza dos
dispositivos e sistemas envolvidos. Em muitos casos, uma combinação de várias dessas
estratégias é necessária para alcançar resultados eficazes.

VI-7 QUAL MEIO FÍSICO É IMUNE A INTERFERÊNCIA


ELETROMAGNÉTICA?
Não há um meio físico totalmente imune à interferência eletromagnética (EMI),
pois a EMI pode se manifestar em diversos ambientes e contextos. No entanto, alguns
meios físicos são menos suscetíveis à interferência eletromagnética do que outros. Aqui
estão alguns exemplos:

Fibra Óptica: A fibra óptica é menos suscetível à interferência eletromagnética


porque ela transmite dados usando luz, em vez de sinais elétricos. A imunidade à EMI é
uma das vantagens significativas da fibra óptica em comparação com meios de
transmissão elétricos, como cabos de cobre.

Meios Infravermelhos e por Micro-ondas: Transmissões sem fio utilizando


meios como infravermelho ou micro-ondas podem ser menos afetadas por interferências
eletromagnéticas do que transmissões de rádio convencionais. Isso se deve ao uso de
frequências mais altas e técnicas de modulação mais avançadas.

Comunicação por Satélite: Sistemas de comunicação via satélite, que utilizam


o espaço livre para transmissão de sinais, podem ser menos impactados por interferência
terrestre, embora ainda possam estar sujeitos a interferências provenientes do espaço.

Cabos de Fibra Óptica Submarinos: Em ambientes submarinos, os cabos de


fibra óptica são preferíveis, pois não estão sujeitos a interferências eletromagnéticas da
mesma forma que os cabos elétricos.

Embora esses meios físicos sejam menos suscetíveis à interferência


eletromagnética em comparação com outros, é importante notar que nenhum meio é
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totalmente imune. Em situações específicas, mesmo a fibra óptica pode enfrentar


desafios, como interferência óptica coerente (OCI).
Além disso, a eficácia na redução da interferência depende da implementação
correta e do ambiente em que os meios são utilizados.

VI-8 COMO FUNCIONA A BLINDAGEM ELETROMAGNÉTICA?


A blindagem eletromagnética é um método projetado para reduzir ou bloquear a
interferência eletromagnética (EMI) que pode afetar dispositivos eletrônicos ou
sistemas.
Ela envolve o uso de materiais condutores para criar uma barreira que protege
contracampos elétricos e magnéticos indesejados. Aqui estão os princípios fundamentais
de como funciona a blindagem eletromagnética:

Reflexão e Absorção: A blindagem eletromagnética pode funcionar através da


reflexão e absorção de campos eletromagnéticos. Os materiais utilizados na blindagem,
geralmente metais condutores como alumínio ou cobre, refletem as ondas
eletromagnéticas incidentes, impedindo-as de penetrar na área protegida. Além disso,
parte da energia pode ser absorvida pelos materiais condutores.

Gaiola de Faraday: Um conceito central na blindagem eletromagnética é a


Gaiola de Faraday, que é uma estrutura completamente fechada e condutora que impede
a entrada de campos eletromagnéticos. Se um dispositivo eletrônico estiver contido
dentro de uma gaiola de Faraday, os campos externos não conseguem penetrar
efetivamente, proporcionando um ambiente isolado e protegido.

Camadas Condutoras: Os materiais de blindagem geralmente são aplicados em


camadas. Uma camada externa serve como superfície condutora para refletir a radiação
eletromagnética, enquanto camadas internas ou revestimentos podem ajudar na
absorção. Essa abordagem em camadas é eficaz em bloquear interferências em uma
ampla gama de frequências.

Frequência de Blindagem: A eficácia da blindagem pode variar dependendo da


frequência da interferência que se deseja bloquear. Certos materiais e designs de
blindagem podem ser mais eficientes em certas faixas de frequência. É importante
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escolher materiais de blindagem e projetos que se alinhem com as frequências


específicas que precisam ser bloqueadas.

Blindagem Eletrostática vs. Eletromagnética: A blindagem pode ser projetada


para proteger contra componentes eletrostáticos (campos elétricos) ou eletromagnéticos
(campos magnéticos). A blindagem eletrostática geralmente envolve materiais
condutores que bloqueiam campos elétricos, enquanto a blindagem eletromagnética é
mais abrangente elida tanto com campos elétricos quanto magnéticos.

Blindagem Flexível: Além de estruturas rígidas, a blindagem eletromagnética


também pode ser implementada usando materiais flexíveis, como tecidos condutores ou
revestimentos flexíveis com propriedades de blindagem.

A escolha dos materiais de blindagem, o design da estrutura e a instalação


adequada são fundamentais para garantir uma blindagem eficaz contra interferências
eletromagnéticas. A aplicação correta dessas técnicas pode ser crucial para manter a
integridade de sinais e o funcionamento adequado de dispositivos eletrônicos em
ambientes sujeitos a EMI.

V CONCLUSÃO

A interferência eletromagnética (EMI) representa um desafio significativo em


ambientes eletrônicos, podendo comprometer o desempenho e a confiabilidade de
sistemas e dispositivos.
A compreensão dos conceitos fundamentais da eletricidade e do magnetismo,
como força e campo elétrico, assim como da EMI, como irradiação, condução e
indução, é essencial para implementar estratégias eficazes de mitigação.
A interferência eletromagnética pode surgir de diversas fontes, desde
dispositivos eletrônicos próximos até fenômenos naturais, como descargas atmosféricas.
A identificação e compreensão dessas fontes são cruciais para a implementação de
medidas de proteção adequadas.
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Ao instalar redes elétricas e sistemas de proteção contra EMI, é fundamental


seguir boas práticas, como aterramento adequado, utilização de cabos blindados,
escolha cuidadosa de componentes e a implementação de blindagem eficaz.
A fibra óptica, meios de transmissão por infravermelho e micro-ondas, e a
comunicação via satélite são meios físicos que oferecem alguma resistência à EMI.
A instalação de sistemas de proteção contra EMI demanda cuidados específicos,
incluindo a escolha adequada de componentes, instalação correta de ferritas,
aterramento eficiente e a realização de testes e verificações regulares.
Em última análise, a busca por ambientes eletrônicos mais resilientes à
interferência eletromagnética envolve uma abordagem holística, combinando
conhecimento técnico, seleção cuidadosa de equipamentos e implementação de práticas
de instalação e manutenção eficazes.
Ao adotar essas medidas, é possível criar sistemas eletrônicos mais confiáveis e
resistentes às influências indesejadas da EMI.

VI REFERÊNCIAS

EDMINISTER, Joseph A. Teoria e Problemas de Eletromagnetismo - Coleção


Schaum. 2. ed Porto Alegre: Bookman, 2006.

BASTOS, João P. A. Eletromagnetismo para Engenharia: Estática e Quase Estática


– Coleção Didática. 3. ed. rev. Florianopólis: Ed. da UFSC, 2012;

HAYT, W.H.; BUCK, J.A. Eletromagnetismo. 8. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2008.

ULABY, F. T. Eletromagnetismo para Engenheiros. 8. ed. Porto Alegre: Bookman,


2007.

SADIKU, M. N. O. Elementos de Eletromagnetismo. 3. ed. Porto Alegre: Bookman,


2004.

https://www.vivaceinstruments.com.br/pt/artigo/emi-interferencia-eletromagnetica-em-
instalacoes-industriais-e-muito-mais, em 19 de janeiro de 2024, às 21h02min

https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/fisica/o-que-e-blindagem-eletrostatica.htm, em
19 de janeiro de 2024, às 21h02min
22

https://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/blindagem-eletrostatica.htm, em 19 de janeiro
de 2024, às 21h04min

https://adequada.eng.br/interferencia-eletromagnetica/, em 19 de janeiro de 2024, às


21h10min

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