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UNIDADE I: CAMPO ELECTRICO

§1. Carga eléctrica


A experiência nos mostra que todos os corpos têm a capacidade de se electrizarem, quer dizer,
possuir carga eléctrica. Existem dois tipos de cargas eléctricas – positiva e negativa. Cargas de sinais
contrários atraem-se, de sinais iguais repelem-se.
Os portadores de cargas são as partículas elementares. A carga de quase todas as partículas
elementares (se não é igual a zero) é igual pela grandeza absoluta e constituem a mais pequena carga
eléctrica que se encontra na natureza, chamada carga elementar (e).
+e – carga elementar positiva
-e – carga elementar negativa
O valor da carga elementar é: e = 1,6021892x10-19 C
O valor da carga elementar foi medido pela experiência de Millikan.
As partículas elementares são o electrão (que tem carga -e), protão (carga +e) e neutrão (que
tem carga igual a zero). Destas partículas estão constituídos os átomos de qualquer substância, por isso,
a carga eléctrica entra na constituição de todos os corpos. Os electrões e protões estão em quantidades
iguais e estão distribuídos no corpo com a densidade igual. Neste caso, a soma algébrica de cargas em
qualquer volume elementar do corpo é igual a zero, como consequência cada um destes volumes (e
corpo como um todo) é neutro. Se criar no corpo excesso de partículas de um dos sinais, o corpo estará
carregado. Pode-se também provocar uma redistribuição de partículas de tal forma que numa parte do
corpo surge excesso de cargas de um sinal e na outra, cargas de outro sinal.
Os métodos de electrização dos corpos podem ser por fricção, contacto e indução.
Se esfregar uma barra de vidro com um pedaço de seda verifica-se que esta barra fica
electrizada. Isto acontece porque durante a fricção parte de electrões se transferem do vidro para a seda,
criando assim uma falta de electrões no vidro e um excesso de electrões na seda. Este método de
electrização é chamado de fricção.
Tomando uma barra electrizada e metendo-a em contacto com uma esfera condutora neutra
inicialmente esta barra atrai a esfera mas a seguir repele-a. Isto é, ao entrar em contacto a barra e a
esfera, parte de electrões se transferem de um corpo ao outro ficando ambos corpos com excesso ou
falta de electrões. Depois do contacto ambos ficam com a mesma carga do corpo que os electrizou. Este
método de electrização é denominado por contacto.
Se tomarmos um corpo electrizado e lhe aproximamos a um corpo condutor neutro, devido ao
facto de que cargas iguais repelem-se e cargas diferentes atraem-se, pode-se criar uma redistribuição
das cargas eléctricas, fazendo com que as cargas que tem o mesmo sinal do corpo carregados mover-se-
ão para a extremidade mais afastada do corpo carregado as cargas de sinais contrários se moverão para
a extremidade mais próxima. O método de electrização baseado na redistribuição das cargas eléctricas é
conhecido por Indução.
Qualquer carga é constituída por conjunto de cargas elementares, por isso, ela é múltiplo inteiro
de carga elementar e:

Q   Ne (1)

Onde N número inteiro que indica a quantidade de cargas elementares. Por esta razão diz-se que a carga
eléctrica quantifica-se, ou seja, toma valores discretos.
Experimentalmente foi estabelecido que a grandeza da carga não depende da velocidade com
que se movimentam, isto é, a carga eléctrica é invariante relativística. Isto significa que a carga eléctrica
medida em diferentes sistemas inérciais é igual.
As cargas eléctricas podem surgir e desaparecer, mas sempre surgem e desaparecem duas
cargas de sinais contrários. Isto é quando desaparece ou aparece uma partícula também desaparece ou
aparece a sua antipartícula. Por exemplo, o electrão e o positrão quando se chocam eles aniquilam-se,
quer dizer, convertem-se em partículas neutras, chamadas gama-fotões. No decorrer do processo de
nascimento de par, gama-fotões sobrevoando perto do núcleo atómico, transformam-se em par de
partículas (electrão e positrão).

Elaborado por: Pascoal Napoleão


Aqui encontramos a lei de conservação de cargas eléctricas, segundo a qual a soma de cargas
elementares de um sistema isolado não pode mudar. De salientar que a lei da conservação de cargas
eléctricas só tem lugar porque a carga eléctrica é invariante relativista.

Propriedades da carga eléctrica


1 – As cargas eléctricas existem dois tipos: positiva e negativa
2 – Em qualquer sistema isolado a soma algébrica das cargas não muda (lei de conservação de carga
eléctrica). Por outras palavras, não é possível criar ou destruir carga eléctrica, simplesmente
transferi-la. Isto é consequência de conservação de número de partículas. É possível criar ou destruir
partículas em colisões com energias muito elevadas, mas sempre que se cria ou destrói uma
partícula com carga, também se cria ou destrói a sua antipartícula.
3 – A carga eléctrica é invariante relativística: a sua grandeza não depende de que a carga movimenta-se
ou está em repouso. O valor da carga medida num sistema em movimento é igual ao valor medido no
sistema em repouso.

Isolantes e condutores
Vimos atrás a transferência de carga de um corpo para outro, assim como também falamos da
possibilidade de uma carga movimentar-se de uma posição para outra dentro de um corpo. O movimento
de carga dentro de um corpo é chamado de condução eléctrica. De acordo com habilidade das cargas
movimentarem-se no interior da substâncias, podemos classificar as substâncias em: condutores e
isolantes.
Os Condutores – são materiais nos quais as cargas eléctricas se deslocam de maneira relativamente
livre (cobre, alumínio, prata, ouro, etc). Os isolantes são materiais nos quais as cargas eléctricas não se
deslocam livremente (vidro, borracha).
Os semicondutores são uma terceira classe de materiais e suas propriedades eléctricas estão entre
as dos isolantes e as dos condutores. As cargas podem deslocar-se um tanto livremente em um
semicondutor, mas há bem menos cargas deslocando-se por um semicondutor do que por um condutor
(silício, germano).

§2. Lei de Coulomb


Chamaremos carga pontual aquele corpo carregado cujas suas dimensões podem ser
desprezadas. Entre cargas pontuais actua força de interacção chamada força electrostática. Esta força
electrostática é dada pela lei de Coulomb (1785): a força electrostática entre duas cargas pontuais é
directamente proporcional ao produto dos módulos das cargas e inversamente proporcional ao quadrado
da distância entre elas.
Em termos matemáticos podemos escrever a lei de Coulomb da seguinte forma:
q1q 2 q1 q 2
F12  k (forma escalar) ou F12  k e r (forma vectorial) (2)
r 2 r 2
O vector F12 é a força com que a partícula 1 actua sobre a partícula 2, er é versor ou seja um vector de
módulo unitário, no sentido do ponto 1 ao ponto 2, e r é a distância entre os dois pontos, q 1 e q2 são os
valores das cargas e ε é a permeabilidade eléctrica do meio (varia de substância para substância). A
constante de proporcionalidade k é chamada constante de Coulomb e é obtida experimentalmente. No
sistema internacional de unidades (SI) no qual as cargas são medidas em Coulombs (C), as distâncias
em metros (m) e as forças em Newtons (N) o valor da constante é:
1 N .m 2 (3)
k  9.109
4 o C2
Em que  o  8,85x10 12 C é a constante eléctrica.
2

N .m 2
A força electrostática está dirigida ao longo da linha que liga as duas cargas pontuais. Quando as duas
cargas tiverem o mesmo sinal, a força terá sentido do versor (repulsiva); se os sinais forem opostos, a
força terá sentido contrário ao versor (atractiva).

Elaborado por: Pascoal Napoleão


Se temos um sistema de N cargas, então a força resultante sobre uma carga será a soma
vectorial das forças de exercidas por outras N-1 carga:
N 1
F   Fi (4)
i 1

Esta propriedade permite calcular com ajuda da lei de Coulomb a força de interacção entre cargas,
concentradas nos corpos de dimensões finitas. Para o efeito, é necessário repartir cada uma das cargas
em cargas pontuais pequenas dq para que possamos considera-la como pontual, calcular pela fórmula a
força de interacção entre cargas dqi de um corpo e cargas dqk do outro corpo tomados em par e depois
realizar a soma vectorial destas forças.

§3. Campo eléctrico


A interacção de cargas pontuais imóveis realiza-se por intermédio de campo eléctrico. Qualquer
carga Q excita no espaço a volta de si um campo eléctrico. O campo eléctrico em qualquer ponto P é um
vector E que pode ser medido por meio de uma carga de prova qo. O campo eléctrico produzido pela
carga Q no ponto P, define-se como a força que actua na carga de prova, dividida pelo valor da carga de
prova.
F
E (intensidade de campo eléctrico) (5)
qo
A lei de Coulomb conduz a que o campo eléctrico E num dado ponto depende apenas da carga que o
produz (Q) e da posição do ponto (r), relativa a carga Q:
Er   k
Q
er
r 2
(6)
A definição dada do campo eléctrico estende-se a qualquer conjunto de cargas imóveis. A
posição das cargas que excitam o campo podem mudar sob influência da carga de ensaio (deslocamento
livre das cargas nos limites do condutor), por isso para não introduzir mudanças é necessário que a carga
de prova seja suficientemente pequena.
O campo eléctrico está dirigido do ponto da fonte para o ponto do campo se a carga é positiva e
do ponto do campo para o ponto da fonte se a carga é negativa. Assim o sentido de E coincide com o
sentido de F se a carga de prova é positiva, se a carga de prova é negativa E e F tem sentidos opostos.

Como unidade de intensidade de campo eléctrico toma-se a intensidade naquele ponto em que
na carga de 1 C actua força de 1 N. Esta unidade tem o nome de volt por metro (V/m) ou (N/C).

§4. Linhas de campo eléctrico


As linhas de campo eléctrico (ou linhas de força eléctrica) são uma família de curvas contínuas
que preenchem o espaço, de tal forma que a tangente em cada ponto de cada linha, aponta na direcção
do campo eléctrico nesse ponto. Cada linha está orientada no sentido do campo eléctrico. O sentido das
linhas de campo eléctrico é sempre de cargas positivas (mananciais) para cargas negativas (sumidores
ou solventes). Nenhuma linha de campo eléctrico pode ser fechada porque o campo eléctrico é
conservativo. As linhas de campo não se cruzam nunca a excepção nos pontos onde o campo é nulo ou
existe uma carga pontual. As linhas de campo sempre são perpendiculares a superfície de condutores. A
distribuição das linhas determina o carácter do campo. O campo pode ser radial, homogéneo (se as

Elaborado por: Pascoal Napoleão


linhas são paralelas) e heterogéneo (se as linhas não são paralelas). Nos pontos onde as linhas se
adensam o campo é maior e onde se rarefazem o campo é menor. Na presença de outra carga as linhas
se curvam. Se a carga vizinha é de sinal contrário, as linhas campo juntam-se na direcção da carga
vizinha e afastam-se na direcção oposta.

§5. Princípio de superposição de campos


As forças que têm origem em cargas são aditivas. Assim, quando temos um sistema de cargas
eléctricas, a intensidade de campo resultante será igual a soma vectorial das intensidades criadas por
cada uma das cargas no dado ponto em separado. Esta sobreposição permite desenvolver a partir da lei
de Coulomb toda a teoria de campo e potencial.
As cargas que criam o campo eléctrico podem ser distribuídas, no espaço, numa forma discreta
ou continua. No caso de distribuição discreta, a intensidade do campo eléctrico do sistema de N cargas
pontuais num ponto é igual a:
N
E   Ei  k 
N qi
(7)
2e r
i 1 i 1 ri
A relação (7) é conhecida como princípio de sobreposição dos campos eléctricos.
Na maioria das situações praticas, a separação média entre as cargas-fonte é pequena
comparada com suas distâncias do ponto no qual o campo deve ser calculado. Nesses casos, o sistema
de cargas muito juntas é equivalente a uma carga total que esteja distribuída continuamente em algum
volume, superfície ou linha.
Para calcular o campo eléctrico de uma distribuição contínua de carga, é utilizado o seguinte
procedimento: primeiramente, dividimos a distribuição de carga em elementos pequenos, cada um
contendo um pouco de carga ∆q. Em seguida, modelando o elemento como uma carga pontual, achamos
o campo eléctrico ∆E em um ponto P devido a um desses elementos. Finalmente, calculamos o campo
total em P devido à distribuição de carga realizando a soma vectorial das contribuições de todos os
elementos de carga (aplicando o principio de superposição).
Para caracterizar a distribuição contínua de cargas eléctricas introduz-se a noção de densidade
de carga eléctrica. Se as cargas estiverem distribuídas continuamente por um fio (linha) de comprimento l
emprega-se a chamada densidade linear de carga λ:
dq
 , (8)
dl
sendo dq a carga eléctrica de uma parte infinitesimal do fio de comprimento dl.
Se as cargas eléctricas estiverem distribuídas continuamente por uma superfície S de área A
emprega-se a chamada densidade superficial de carga σ:
dq
 , (9)
dA

Elaborado por: Pascoal Napoleão


Se as cargas eléctricas estiverem distribuídas continuamente por um espaço de volume V
emprega-se a chamada densidade volumétrica de carga ρ:
dq
 , (10)
dV
Em conformidade com o princípio de superposição de campos eléctricos a intensidade da campo criado
pelas cargas continuamente distribuídas é igual:
dq
E   dE  k  2 e
r
(11)
(q) r
Em que dE é a intensidade do campo criado pela carga infinitesimal dq enquanto a integração se
realiza em relação a todas as cargas continuamente distribuídas.

§6. Potencial eléctrico


Consideramos o campo criado pela carga pontual Q em repouso. Em qualquer ponto deste
campo sobre uma carga pontual q posta nele actua uma força:
Qq
Fk e r  F (r )e r (12)
r2
(15)
Onde r é a distância desde a carga Q criadora do ponto até ao ponto do campo em que se encontra a
carga q.

A força é central, pois depende simplesmente do raio. O campo de força central é conservativo.
Portanto o trabalho que realizam as forças de campo sobre a carga q ao transladá-la de um ponto a
outro, não depende do caminho percorrido mas sim das posições inicial e final.
Assim o trabalho realizado pela força de campo ao transladar a carga q desde o ponto 1 até ao
ponto 2 será:
2 2 2
dr  Qq Qq 
A12   F (r )e r dl   F (r )dr  kQq  k    (13)
1 1 1 r 2
 r1 r2 
Por outro lado a trabalho das forças conservativas se pode representar como uma perda de
energia potencial:
A12  WP1  WP 2
(17)
Comparando (8) e (9) conduz-nos a seguinte expressão de energia potencial da carga q no
campo da carga Q:
Qq
WP  k  const (r → ∞, const = 0) (14)
r
Assim temos:
Qq
WP  k (15)
r

Elaborado por: Pascoal Napoleão


Se considerar q – carga de prova para estudar o campo, de acordo (19) a energia potencial que possui a
carga de prova não só depende de q, como também das grandezas Q e r que determinam o campo. Esta
energia pode utilizar-se para definir o campo, analogamente como se empregam para este fim a força
que actua sobre a carga de prova.
A magnitude igual a energia potencial do campo dividida pela carga de prova recebe o nome de
potencial eléctrico do campo no ponto dado.
WP Q
 k (16)
q r
O potencial eléctrico numericamente é igual a energia potencial que teria no ponto dado do campo uma
carga unitária positiva. O potencial eléctrico φ juntamente com a intensidade de campo E se utilizam para
definir os campos eléctricos.
O potencial eléctrico assim como a intensidade de campo eléctrico é independente da carga de
teste (prova).
O potencial eléctrico criado por um sistema de cargas é igual a soma algébrica dos potenciais
criados por cada uma das cargas em separado. As intensidades dos campos quando se sobrepõe se
somam vectorialmente, os potenciais se somam algebricamente. Por esta razão o cálculo de potenciais
resulta geralmente muito mais fácil que o de intensidade de campo eléctrico.
N
qi
  k - (potencial de sistema de partículas) (17)
i 1 ri
Da equação (19) temos:
WP  q (18)
Portanto, o trabalho das forças de campo sobre a carga q ao deslocar-se de ponto 1 para ponto 2, pode
ser expresso mediante a diferença de potenciais:
A12  WP1  WP 2  q(1   2 ) (19)
O trabalho que sobre a carga realizam as forças de campo é igual ao produto da grandeza da carga pela
diferença de potencial entre os pontos inicial e final (ou seja pela diminuição do potencial).
Se a carga q do ponto com potencial φ se desloca até ao infinito (onde o potencial é nulo), o
trabalho de forças de campo será:
A  q (20)
Daqui conclui-se que o potencial é numericamente igual ao trabalho que realizam as forças do campo
sobre a carga unitária positiva ao desloca-la desde o ponto dado até ao infinito. Um trabalho igual há que
realizar contra as forças do campo eléctrico para transladar uma carga unitária positiva desde o infinito
até ao ponto dado do campo.
1J
A unidade de potencial eléctrico é o volt (V): 1V  . Em física empregam-se
1C
unidade de trabalho denominada electrão-volt (eV). Se entende por electrão-volt o trabalho que realizam
as forças de campo sobre uma carga igual ao electrão (q.d. carga elementar e), ao recorrer esta uma
diferença de potencial de 1V.
1 eV =1,602x10-19 J
1 keV (quilo electrão-volt) = 103 eV
1 MeV (mega electrão-volt) = 106 eV
1 GeV (giga electrão-volt) = 109 eV
1 TeV (Terá electrão-volt) = 1012 eV

§7. Relação entre o vector campo eléctrico E e o escalar potencial eléctrico φ


Sabemos dos parágrafos anteriores que o campo eléctrico pode ser definido pela grandeza vectorial E ou
escalar φ. É evidente que entre estas duas grandezas deve existir uma relação determinada. Se tivermos
em conta que E ~ F e que φ é o potencial da dita carga, é fácil compreender que esta relação deve ser
análoga a que existe entre energia potencial e a força.
F  WP
(25)
Combinando as equações (5), (15) e (18), obtemos:

Elaborado por: Pascoal Napoleão


qE  (q )  q  E   (21)
  
Onde  é o operador de Laplace e define-se como:   i  j k (22)
x y z
A formula (19) permite achar a intensidade de campo em cada ponto pelos valores conhecidos de φ.
Também pode resolver-se o problema inverso, ou seja, dados os valores de E em cada ponto, achar a
diferença de potencial entre dois pontos quaisquer do campo pela fórmula:
2
1   2   Edl (23)
1
Se o campo eléctrico encontra-se entre duas placas paralelas de potenciais φ1 e φ2 separadas
por uma distancia d, então a relação entre E e φ será:
Ed  1   2 (24)

Elaborado por: Pascoal Napoleão


§9. Capacidade eléctrica de um condutor
Se a um condutor transmitir carga q ela vai distribuir-se uniformemente por toda a superfície do
condutor, de tal forma que a intensidade do campo dentro dele seja nula. Esta distribuição é única. Por
isso, se ao condutor que tem carga q lhe transmitir outra carga de igual grandeza, esta segunda distribuir-
se-á pelo condutor exactamente da mesma forma que a primeira, de contrário no interior do condutor
criar-se-ia um campo diferente de zero. Isto é valido para um condutor isolado de outros.
As cargas de grandezas diferentes distribuem-se analogamente em um condutor isolado. Daqui
conclui-se que o potencial de um condutor isolado é proporcional a carga que existe nele. O aumento em
certo número de vezes da carga, conduz ao crescimento em mesmo número de vezes da intensidade de
campo em cada ponto do espaço que rodeia o condutor. Consequentemente o número de vezes aumenta
o trabalho de translação de uma carga unitária desde o infinito até a superfície do condutor, quer dizer,
aumenta o potencial do condutor. Portanto para um condutor isolado temos:
q  C (25)
O coeficiente de proporcionalidade C entre a carga e o potencial eléctrico se chama capacidade eléctrica
do condutor.
q
C (26)

A capacidade é numericamente igual a carga que comunicada a um condutor eleva o seu
potencial em uma unidade.
Como unidade se toma a de um condutor cujo potencial varia em 1 volt quando se lhe comunica
a carga de 1 coulomb. Esta unidade chama-se farad (F). O farad é uma unidade muito grande, por isso,
na prática se utilizam unidades fraccionadas do farad:
1 mF (milifarad) = 10-3 F
1 μF (microfarad) = 10-6 F
1 nF (nanofarad) = 10-9 F
1 pF (picofarad) = 10-12 F

§10. Condensadores
Os condutores isolados têm pouca capacidade. Uma esfera de ferro de dimensões da Terra tem
somente 700 μF de capacidade. Na prática se podem necessitar de dispositivos que com um potencial
pequeno relativamente aos corpos circundantes acumulem (condensem) cargas de valor apreciável.
Experimentalmente demonstrou-se que se a um condutor isolado aproximar outro condutor a sua
capacidade aumenta consideravelmente. Assim, constroem-se dispositivos constituídos por dois
condutores próximos uns dos outros para armazenamento de cargas eléctricas. Estes dispositivos são
chamados de condensadores. Os condutores que formam o condensador são chamados de armaduras.
Para evitar que os corpos exteriores não exerçam influencia sobre a capacidade do condensador, as
armaduras se dispõem de tal forma uma em relação a outra que o campo que criam as cargas que neles
se acumulam se encontre dentro do condensador. Esta condição cumprem as lâminas paralelas próximas
entre si, dois cilindros coaxiais e duas esferas concêntricas. Respectivamente existem condensadores
planos, cilíndricos e esféricos.
Quando se diz que o condensador tem carga q, isto significa que a armadura de potencial mais
alto tem carga +q e a armadura de potencial mais baixo tem carga –q.
A característica principal do condensador é a sua capacidade que se entende como a grandeza
proporcional a carga q e inversamente proporcional a diferença de potencial entre as armaduras:
q q
C  (27)
1   2 U
Onde U  1   2 - chama-se diferença de potencial (d.d.p.) ou queda de tensão (tensão).
Apesar de determinarmos a capacidade de condensador pela fórmula ( ), ela não depende da
carga armazenada. A capacidade é determinada pela geometria do condensador (forma, dimensões das
armaduras e espaço entre elas) e pelas propriedades dieléctricas do meio que enche o espaço entre as
armaduras. Assim a capacidade determina-se:
1. Condensador plano

Elaborado por: Pascoal Napoleão


 o S (28)
C
d
é constante eléctrica,  – permissividade dieléctrica da substância
2
Onde  o  8,85x10 12 C
N .m 2
entre armaduras, S – área das armaduras e d – distancia entre as armaduras
2. Condensador cilíndrico
2 o  .l
C (29)
R2
ln
R1
Onde l – comprimento do cilindro, R1 e R2 – são respectivamente os raios interior e exterior do
cilindro.
3. Condensador esférico
R1 R2
C  4 o  (30)
R2  R1
Onde R1 e R2 – são respectivamente os raios interior e exterior das esferas.
Pela sua capacidade cada condensador é caracterizado pela tensão máxima Umax que se pode
aplicar as armaduras sem temer a sua destruição.
Os condensadores têm ampla aplicação em esquemas de construção de aparelhos de rádio,
televisão, gravadores, assim como a maior parte de dispositivos electrónicos.

Em muitos esquemas eléctricos para obter o nominal de condensador requerido é necessário


recorrer a associação deles. Assim encontramos associação em paralelo e em série.
Na associação em paralelo de condensadores a tensão da bateria U é igual a tensão em cada
um dos condensadores, e a carga da bateria é igual a soma das cargas armazenadas em cada um dos
condensadores.
A capacidade equivalente da bateria de condensadores ligados em paralelo será:
n
C  C1  C 2  ...  C n   C i (31)
i 1
Onde n – numero de condensadores.

Na associação em série de condensadores a tensão da bateria U é igual a soma das tensões em


cada um dos condensadores, e a carga da bateria é igual a carga em cada um dos condensadores.
A capacidade equivalente da bateria de condensadores ligados em série será:
n
1 1 1 1 1
   ...   (32)
C C1 C 2 C n i 1 Ci
Onde n – numero de condensadores.

§11. Energia de condensador carregado


As aplicações práticas de um condensador, estão ligadas a sua capacidade de armazenar
energia. A energia potencial eléctrica armazenada em um condensador é igual ao trabalho realizado para
carregá-lo, ou seja, o trabalho necessário para separar cargas opostas e depositá-las em diferentes
condutores.
Seja q a carga e u a diferença de potencial em uma dada etapa intermediária durante o processo
q
de armazenamento da carga, então u  . O trabalho necessário para carregar será:
C
Q Q Q
1 Q2
W   dW   udq   qdq  (33)
0 0
C0 2C

Elaborado por: Pascoal Napoleão


Considerando que a energia potencial armazenada é igual ao trabalho realizado para carregar o
condensador e tendo em conta as relações ( ) e ( ) a energia potencial EP armazenada em um
condensador se pode calcular utilizando uma das fórmulas:
CU 2 qU Q 2
EP    (34)
2 2 2C

Referências bibliográficas
1. Hugh D.Young, Roger A. Freedman. Física III: Electromagnetismo. Ed. Pearson Addison Wesley,
São Paulo. 2003.
2. Raymond A. Serway, John W. Jewett Jr. Princípios de Física. Vol. 3 Electromagnetismo. Ed.
Thomson, São Paulo, 2006.
3. Frederick J. Bueche, Eugene Hecht. Física. Ed. McGraw-Hill, Portugal. 2001
4. Jaime E. Villate. Electromagnetismo. Ed. McGraw-Hill, Portugal. 1999.
5. Cassatkina I.L. Repetidor de Física. Ed. Fenix. Rostov-na-Danu. 2000
6. Trubetscova S.V. Física: Electricidade e magnetismo. Ed. Fismatlit, Moscovo. 2004

Elaborado por: Pascoal Napoleão


Elaborado por: Pascoal Napoleão

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