Você está na página 1de 449

E-BOOK

INTRODUÇÃO A
ELETROTÉCNICA
Revisão de Grandezas Elétricas Básicas I

APRESENTAÇÃO

Nesta Unidade de Aprendizagem, estudaremos as eletricidades estática e dinâmica, tensão,


corrente, resistência elétrica e a suas correlações. Identificaremos a diferença entre corrente
contínua e corrente alternada.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Definir eletricidade estática e dinâmica.


• Explicar a diferença entre corrente contínua e corrente alternada.
• Diferenciar corrente, tensão e resistência e relacioná-las.

DESAFIO

Com uma fonte de tensão contínua, como uma bateria automotiva ou outra fonte de alimentação,
coloque fios nos terminais negativo e positivo. Pegue uma esponja de aço e encoste os fios
dentro da esponja, com uma separação de alguns centímetros. Quanto maior a tensão, melhor o
efeito.

Você vai notar que a esponja de aço vai incendiar.

Com os conceitos de tensão, corrente e resistência, explique o porquê da combustão.

• Atenção! Tenha cuidado! O ideal é realizar esse experimento em locais abertos e longe de
materiais inflamáveis. Há risco de incêndio.

INFOGRÁFICO

Veja na ilustração o esquema do que veremos nesta Unidade referente ao entendimento dos
conceitos de carga, corrente, tensão, resistência elétrica e a diferença entre tensão contínua (CC)
e alternada (CA).

CONTEÚDO DO LIVRO

Leia o capítulo Revisão de Grandezas Elétricas Básicas I que faz parte da obra Eletrotécnica e é
a base teórica desta Unidade de Aprendizagem.

Boa leitura.
ELETROTÉCNICA

Diogo Braga da
Costa Souza
S719e Souza, Diogo Braga da Costa.
Eletrotécnica [recurso eletrônico] / Diogo Braga da
Costa Souza, Rodrigo Rodrigues. – Porto Alegre :
SAGAH, 2017.

Editado como livro em 2017.


ISBN 978-85-9502-055-9
1. Eletrotécnica. 2. Engenharia elétrica. I. Rodrigues,
Rodrigo. II. Título.

CDU 621.3

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


Revisão de grandezas
elétricas básicas I
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Definir eletricidade estática e dinâmica.


 Explicar a diferença entre corrente contínua e corrente alternada.
 Diferenciar corrente, tensão e resistência e relacioná-las.

Introdução
Neste capítulo, você vai conhecer mais sobre os seguintes conceitos
e aplicá-los: as eletricidades estática e dinâmica, a tensão, a corrente, a
resistência elétrica e as suas correlações. Você também vai identificar a
diferença entre corrente contínua e corrente alternada.

Eletricidade
O elemento fundamental dos sistemas elétricos é o átomo e suas divisões.
Assim, você precisa compreender a estrutura deste elemento para entender
plenamente o funcionamento dos circuitos elétricos.
O átomo possui em seu núcleo prótons e nêutrons. Ao redor do seu núcleo,
em movimento, estão os elétrons divididos em camadas da chamada eletros-
fera. As partes do átomo possuem cargas elétricas: o próton possui carga
positiva; o nêutron, carga neutra; e o elétron, carga negativa. Os prótons e
os elétrons possuem o mesmo módulo de carga elétrica, denominado carga
elementar, dado em coulomb com valor de (BOYLESTAD, 2011):

O equilíbrio de carga elétrica acontece nos átomos elementares, ou em


qualquer molécula que possua a mesma quantidade de prótons e elétrons. Veja
16 Eletrotécnica

um exemplo na Figura 1: um átomo de cobre que possui o mesmo número de


prótons, elétrons e nêutrons, 29.

Figura 1. Átomo de cobre.


Fonte: BlueRingMedia / Shutterstock.com.

Quando há alteração no número de elétrons de um átomo, seu equilíbrio


deixa de existir: este átomo obtém carga elétrica. A perda de elétrons o torna
um átomo com carga positiva; a obtenção de mais elétrons o torna um átomo
com carga negativa. Para que essa carga alcance valores maiores em aplica-
ções reais, essa movimentação de elétrons acontece em moléculas com vários
átomos associados.
A variação de carga em um átomo acontece pela perda ou obtenção de
elétrons, sendo que o valor de prótons e nêutrons em um átomo não varia. Essa
mudança da quantidade de elétrons em um átomo é denominada eletrização
e ocorre por meio de três métodos:

 Eletrização por atrito: em que ocorre o atrito de dois corpos e este


obtém cargas de mesmo valor em módulo, mas sinais contrários.
 Eletrização por contato: que ocorre quando há o contato entre corpos
e um ou os dois corpos estão carregados, sendo que eles trocam cargas
até que haja uma distribuição.
 Eletrização por indução eletrostática: em que ocorre alteração no
posicionamento das cargas elétricas de um corpo devido à presença de
um campo elétrico próximo a ele.
Revisão de grandezas elétricas básicas I 17

Após o processo de eletrização, o corpo adquire uma nova carga elétrica,


que é calculada pela diferença entre o número de elétrons e prótons vezes a
carga elementar:

Onde:
Q = é a carga elétrica do corpo;
n = é o valor da diferença entre o número de elétrons e de prótons no átomo;
e = é a carga elementar e tem o valor de 1,6·10-19.

Eletrostática
O estudo do comportamento das cargas elétricas em repouso é denominado
eletrostática. Quando um corpo é carregado, surge ao seu redor um campo
elétrico, sendo este relativo à seguinte expressão:

Onde:
E = é a intensidade do campo elétrico ao redor do corpo dada em Newtons
por Coulomb (N/C).
m2
K = é a constante elétrica do meio que separa as cargas (K(vácuo) = 9·109 N 2 ).
C
Q = é a carga elétrica do corpo em coulombs (C).
d = é a distância entre os corpos em metros (m).
O campo elétrico proporcionado por um corpo carregado possui diferentes
potenciais elétricos de acordo com a distância: quanto mais distante o campo
elétrico estiver do corpo carregado, menor será o módulo do potencial elé-
trico.
Superfícies que se localizam a mesma distância do corpo carregado estão
submetidas ao mesmo potencial, sendo então denominadas superfícies equi-
potenciais (MARKUS, 2001).
O potencial é calculado pela expressão:

Onde:
V = é o potencial elétrico ao redor do corpo dado em Volts (V).
Ep = é a energia potencial, medida em joules (J).
18 Eletrotécnica

Q = é a carga elétrica medida em Coulombs (C).


O princípio fundamental é a repulsão e a atração de cargas elétricas, o que
acontece seguindo duas máximas:

 Duas cargas com cargas elétricas iguais se repelem.

Figura 2. Repulsão de cargas de mesma polaridade elétrica.


Fonte: Adaptada de Titov Nikolai/ Shutterstock.com

 Duas cargas com cargas elétricas opostas se atraem.

Figura 3. Atração de cargas de polaridade elétrica contrária.


Fonte: Adaptada de Titov Nikolai/ Shutterstock.com

A intensidade das forças de atração e repulsão pode ser determinada pela


lei de Coulomb:

Onde:
F = é a força de interação entre as cargas em Newtons (N).
Revisão de grandezas elétricas básicas I 19

m2
K = é a constante elétrica do meio que separa as cargas (K(vácuo) = 9·109 N ).
C2
Q1 = é a carga elétrica do primeiro corpo em coulombs (C).
Q2 = é a carga elétrica do segundo corpo em coulombs (C).
d = é a distância entre os corpos em metros (m).

Eletrodinâmica
A eletrodinâmica se refere ao estudo das cargas elétricas em movimento, e
explica o princípio de funcionamento dos circuitos elétricos (MARKUS, 2001).
As cargas se movimentam quando uma força elétrica incide sobre elas. Essa
força existe quando há um campo elétrico no meio onde o elétron se localiza.
Esse movimento das cargas é descrito por duas máximas:

 Uma carga negativa submersa em um campo elétrico positivo se apro-


xima da carga positiva geradora do campo.

Figura 4. Movimento de uma carga negativa submersa em um campo elétrico positivo.


Fonte: Adaptada de Titov Nikolai/Shutterstock.com

Assim, as cargas negativas se deslocam de um menor potencial para um


maior potencial.

 Uma carga positiva submersa em um campo elétrico positivo se distancia


da carga positiva geradora do campo.
20 Eletrotécnica

Figura 5. Movimento de uma carga positiva submersa em um campo elétrico positivo.


Fonte: Adaptada de Titov Nikolai/Shutterstock.com

Sendo assim, as cargas positivas se deslocam de um maior potencial para


um menor potencial.
Com essas características de movimentação de cargas elétricas, para que
ocorra o deslocamento de qualquer carga elétrica em um meio condutor,
é necessário que haja variação no potencial elétrico, a qual é denominada
diferença de potencial ou ddp.

A corrente elétrica se torna existente no circuito quando há interligação de uma ddp


ao circuito, de forma a criar uma movimentação dos elétrons nos seus condutores.

Grandezas elétricas
O funcionamento dos circuitos elétricos tem como base a aplicação de potencial
elétrico em cargas por meio de condutores de energia elétrica. Com isso, a
Revisão de grandezas elétricas básicas I 21

carga absorve a energia elétrica do circuito e a transforma em outro tipo de


energia para utilização.

Tensão elétrica
A tensão elétrica é a força de impulsão aplicada aos elétrons livres presentes
nos condutores do circuito. Quando esta força é aplicada a um caminho fechado
de condução, a movimentação de elétrons se inicia.
A tensão elétrica, também denominada diferença de potencial, possui
como unidade o volt (V) e é definida pelo potencial de entrega de trabalho a
um circuito. A ddp de 1 volt equivale a possível troca de 1 joule de energia
por um deslocamento de 1 coulomb de carga elétrica (BOYLESTAD, 2011):

Onde:
V é a tensão elétrica entre dois pontos do circuito em Volts (V).
W é a energia entregue em joules (J).
Q é a carga elétrica deslocada em coulombs (C).

Corrente elétrica
Conforme vimos, as cargas submersas em campos elétricos tendem a se deslocar
em relação aos potenciais do campo elétrico, sendo esse o princípio da corrente
elétrica. Para que ocorra a movimentação de cargas elétricas, é necessário um
caminho que permita esse deslocamento, isto é, um bom condutor elétrico.
Para a área da física, a corrente elétrica é o movimento ordenado de cargas
energizadas que surge quando potenciais elétricos diferentes são aplicados em
um determinado meio que possua íons ou elétrons livres. Já para as aplicações
de energia elétrica, a corrente elétrica é o fluxo ordenado de elétrons em um
determinado condutor elétrico (BOYLESTAD, 2011).
A Figura 6 representa um circuito onde ocorre a passagem de corrente
elétrica: observe que uma bateria alimenta o circuito, há a aplicação de dife-
rença de potencial, e um condutor permite a passagem de corrente elétrica.
22 Eletrotécnica

Figura 6. Circuito elétrico simples.


Fonte: Adaptada de BlueRingMedia/Shutterstock.com

O valor de corrente elétrica de um circuito é definido pela quantidade de


carga, em Coulombs, que passa em uma seção imaginária de referência em
um segundo, conforme ilustrado na Figura 7. Isso é estabelecido na seguinte
expressão:

Onde:
I = é a intensidade de corrente elétrica em ampères (A).
Q = é a quantidade de carga elétrica que atravessou ordenadamente a seção
em Coulombs (C).
t = é o tempo em segundos (s).
Revisão de grandezas elétricas básicas I 23

Figura 7. Corrente elétrica em um condutor elétrico.


Fonte: Adaptada de Boylestad (2011, p. 25).

Resistência elétrica
A resistência elétrica é a grandeza que representa a capacidade do elemento
de se opor à passagem da corrente elétrica. Até os melhores condutores de
eletricidade possuem resistência elétrica, embora com valores bem baixos
(BOYLESTAD, 2011).
Essa grandeza também relaciona a tensão e a corrente em circuitos elétricos.
Essa relação é descrita pela primeira lei de Ohm, expressa por:

Onde:
I = é a intensidade de corrente elétrica em ampères (A).
V = é a tensão elétrica aplicada no circuito em volts (V).
R = é a resistência total do circuito dada em ohms (Ω).
Com essa relação da lei de Ohm, fica evidente que, em uma resistência
fixa, a relação entre tensão e corrente é proporcional.
Veja um exemplo.
24 Eletrotécnica

Vamos fazer uma analogia entre um circuito elétrico e o sistema hidráulico de uma
caixa d’água em uma determinada altura, conforme o exemplo da figura abaixo. A
altura da caixa d’água proporciona uma energia potencial à agua que está no seu
interior, assemelhando-se à tensão elétrica. No caso da abertura de um caminho para
uma altura menor, a água escoará. Os tubos são o caminho da passagem da água,
funcionando como os condutores elétricos. A válvula impede ou permite a passagem
de água, assim como a resistência do circuito, que é quem regula a intensidade da
corrente que passa por ele.
Neste exemplo, como a altura da caixa é constante, a energia potencial também é,
semelhante a um circuito alimentado por uma bateria de tensão constante. Quando
a válvula começa a ser aberta, há a permissão da passagem da água, transformando a
energia potencial contida no fluido em energia cinética, de movimento. Quanto maior
for a abertura da válvula, maior será a quantidade de água que escoa. Na analogia
com o circuito elétrico, quando há uma redução da resistência, há uma elevação na
intensidade da corrente elétrica do circuito (MARKUS, 2001).

Exemplo hidráulico para grandezas elétricas.


Fonte: Fixe1502/Shutterstock.com
Revisão de grandezas elétricas básicas I 25

Uma bateria possui tensão elétrica para alimentação do circuito. Quando ela se encontra
desligada, sem caminho condutor para a passagem de corrente elétrica, existe um
desequilíbrio entre cargas: o polo positivo se encontra com uma grande falta de carga
positiva, e o polo negativo, com um excesso dessa carga. Quando surge um caminho
de passagem de corrente elétrica, ocorre uma tendência de equilíbrio entre as cargas
elétricas da bateria, causando o deslocamento de elétrons do polo negativo para o
polo positivo (BOYLESTAD, 2011).

Corrente contínua x corrente alternada


Você já deve ter notado que algumas aplicações utilizam corrente contínua, e
outras, corrente alternada. No entanto, em qualquer uma delas, há a absorção
de energia elétrica pelas cargas, e daí a possibilidade de realização de trabalho
por elas.

Corrente contínua
A corrente contínua consiste em circuitos onde não há alteração do sentido
da corrente, como na Figura 8, em que a corrente é fornecida por fontes de
tensão contínua, como pilhas e baterias. Estes tipos de fonte nunca variam
a polaridade do potencial de seus terminais: o terminal positivo sempre está
positivo, e o negativo, sempre negativo (MARKUS, 2001). Abreviamos a
corrente contínua como CC (ou, em inglês, DC, que significa Direct Current).

Figura 8. Gráficos de tensão e corrente CC.


Fonte: Adaptada de Markus (2001, p. 17).
26 Eletrotécnica

Figura 9. Simbologia das fontes de alimentação de corrente contínua.

Corrente alternada
A corrente alternada consiste em circuitos nos quais o sentido de circulação
da corrente varia, pois os polos de alimentação se alternam entre positivo e
negativo, como representado na Figura 10. Abreviamos a corrente alternada
como CA (ou, em inglês, AC, que significa Alternate Current). Esse tipo de
corrente é fornecido por fontes de corrente alternada, como em geradores
CA, os quais fornecem tensão senoidal, que alimentam residências e fábricas
(MARKUS, 2001). As frequências da corrente alternada possuem valores de 50
e 60 Hz. Você sabia que no Brasil utilizamos 60 Hz como frequência da rede?
Esse tipo de energia é utilizado pela sua flexibilidade (poisos níveis de
tensão podem ser alterados com mais facilidade do que nos sistemas CC) e
pela eficiência dos geradores trifásicos CA.

Figura 10. Gráficos de tensão CA.


Fonte: Adaptada de teerawat chitprung / Shutterstock.com

A análise de circuitos CA é diferente da de circuitos CC, pois não é possível


a utilização de uma tensão fixa para o cálculo nesse tipo de circuito. Assim, a
equiparação da tensão CA com a tensão CC ocorre por meio da tensão RMS
CA, a qual é obtida pela expressão:
Revisão de grandezas elétricas básicas I 27

Onde:
VRMS é a tensão eficaz para corrente CA em volts (V).
VMÁX é a tensão máxima da senoide dada em volts (V).
A tensão RMS CA equivale ao mesmo valor de tensão CC aplicada a uma
resistência realizando o mesmo trabalho, ou seja, com o mesmo aquecimento.

Para saber mais sobre os circuitos de corrente alternada, consulte o livro Fundamentos
de Circuitos Elétricos (ALEXANDER; SADIKU, 2013).

1. Qual é a unidade da carga b) Volts.


elétrica? c) Ampère.
a) Ampère. d) Ohm.
b) Volt. e) Joule.
c) Ohm. 4. A maior ou menor resistência
d) Coulomb. em um circuito elétrico irá
e) Watt. determinar:
2. Para que exista uma corrente a) Menor ou maior corrente elétrica.
elétrica em um condutor, é b) Maior potência.
necessário que: c) Maior tensão.
a) Exista potência elétrica. d) Menor carga elétrica.
b) Exista uma diferença de e) Menor reatância elétrica.
potencial (tensão). 5. Qual é a unidade de resistência
c) Exista resistência elétrica. elétrica?
d) Exista reatância elétrica. a) Volts.
e) A corrente elétrica não b) Coulomb.
circule em condutores. c) Ampére.
3. A unidade da corrente d) Watt.
elétrica é: e) Ohm.
a) Watt.
28 Eletrotécnica

ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M. N. O. Fundamentos de circuitos elétricos. 5. ed. Porto


Alegre: Bookman, 2013.
BOYLESTAD, R. L. Introdução à análise de circuitos. 10. ed. São Paulo: Pearson Educa-
tion, 2011.
MARKUS, O. Circuitos elétricos: corrente contínua e corrente alternada. São Paulo:
Érica, 2001.

Leitura recomendada
NILSSON, J.; RIELDEL, S.; Circuitos elétricos. 8. ed. São Paulo: Pearson Education, 2009.
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR

A carga elétrica em movimento constitui-se na corrente elétrica, que necessita de uma diferença
de potencial (tensão) para acontecer. A resistência à passagem da corrente elétrica é que vai
definir a própria corrente elétrica.

Para entender melhor, podemos fazer uma analogia hidráulica, baseando-se em um reservatório
com pressão e tubulação de descida. A pressão hidráulica equivale à tensão elétrica, a vazão
hidráulica equivale à corrente elétrica e a resistência hidráulica equivale à resistência elétrica.
Quanto maior a resistência, menor a corrente.

Vamos acompanhar mais detalhes no vídeo.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) Qual a unidade da carga elétrica?

A) Ampére.

B) Volt.

C) Ohm.

D) Coulomb.

E) Watt.

2) Para que exista uma corrente elétrica em um condutor, é necessário que:


A) Exista potência elétrica.

B) Exista uma diferença de potencial (tensão).

C) Exista resistência elétrica.

D) Exista reatância elétrica.

E) A corrente elétrica não circula em condutores.

3) A unidade da corrente elétrica é:

A) Watt.

B) Volts.

C) Ampére.

D) Ohm.

E) Joule.

4) A maior ou menor resistência em um circuito elétrico irá determinar:

A) Menor ou maior corrente elétrica.

B) Maior potência.

C) Maior tensão.
D) Menor carga elétrica.

E) Menor reatância elétrica.

5) Qual a unidade de resistência elétrica?

A) Volts.

B) Coulomb.

C) Ampére.

D) Watt.

E) Ohm.

NA PRÁTICA

Aprenda um pouco mais!


SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Análise de Circuitos Elétricos com Aplicações

Corrente contínua e alternada

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Medições de corrente, tensão, resistência,
potência I

APRESENTAÇÃO

Nesta Unidade de Aprendizagem, estudaremos a medição de corrente e tensão, contínua e


alternada, além de instrumentos analógicos e digitais. Veremos também o multímetro quanto a
características, tipos e medições. Medição de tensão com identificação de polaridade, medição
de corrente (em série) e medição indireta (medição de campo magnético) serão outros conceitos
também estudados aqui.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Definir as técnicas de medição de corrente e tensão, analógica e digital, e indicar a unidade


de medida de cada uma delas.
• Identificar multímetros analógicos e digitais e cuidados no uso e nas medições.
• Construir procedimentos para medições de corrente e tensão, em correntes contínua e
alternada.

DESAFIO

Precisamos medir a potência de consumo elétrico de aparelhos eletroeletrônicos, mas o custo de


um wattímetro está alto e necessitamos de algum dispositivo para fazer a medição com boa
precisão e custos mais em conta. Dispomos de um multímetro digital. Não seria possível fazer
um wattímetro a partir de um multímetro usando um resistor para medir a queda de tensão e,
consequentemente, a corrente. Como temos a tensão, se multiplicarmos, teremos a potência.
Que valor seria interessante adotar para esse resistor de alta potência? Lembre-se de usar
componente de tolerância baixa.

INFOGRÁFICO
O infográfico mostra o que veremos nesta Unidade referente aos conceitos de medição de tensão
e corrente analógica ou digital, funcionamento de medidores analógicos e digitais e medição
indireta de corrente.

CONTEÚDO DO LIVRO

Leia o capítulo Medições de Corrente, Tensão, Resistência, Potência I que faz parte da obra
Eletrotécnica e é a base teórica desta Unidade de Aprendizagem.

Boa leitura.
ELETROTÉCNICA

Rodrigo Rodrigues
S719e Souza, Diogo Braga da Costa.
Eletrotécnica [recurso eletrônico] / Diogo Braga da
Costa Souza, Rodrigo Rodrigues. – Porto Alegre :
SAGAH, 2017.

Editado como livro em 2017.


ISBN 978-85-9502-055-9
1. Eletrotécnica. 2. Engenharia elétrica. I. Rodrigues,
Rodrigo. II. Título.

CDU 621.3

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


Medições de corrente,
tensão, resistência
e potência I
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar os multímetros analógicos e digitais e os cuidados no uso


e nas medições.
 Construir procedimentos para medições de corrente e tensão, em
correntes contínua e alternada.
 Realizar a medição de corrente de forma indireta, com a medição do
campo magnético do condutor.

Introdução
Neste capítulo, você vai estudar a medição de corrente e tensão (contínua
e alternada), conhecendo as características, os tipos e as unidades de
funcionamento dos instrumentos analógicos e digitais mais utilizados,
com destaque para o multímetro. Você vai aprender a realizar medições
de tensão com identificação de polaridade, medições de corrente (em
série) e medições indiretas (medição de campo magnético).

Leitura dos medidores


Os equipamentos utilizados para medir grandezas elétricas são denominados
medidores. Ao tentar fazer uma leitura com qualquer tipo de medidor, é me-
lhor consultar as instruções de operação do fabricante, pois as características
desses instrumentos (como o método usado para a seleção da faixa e o formato
adotado) variam.
30 Eletrotécnica

Medidores analógicos
Os instrumentos analógicos contêm um ponteiro e um sistema mecânico
de movimento. O medidor é formado por uma bobina móvel ou ferro móvel
suspenso entre os polos de um ímã permanente na forma de ferradura. Assim,
a medição é realizada a partir do posicionamento do ponteiro, que se move
sobre uma escala fixa. Os medidores analógicos podem ser usados tanto na
medição de corrente como na de outras grandezas, como tensão e resistência.
A leitura mais precisa da escala de um medidor analógico é obtida quando
sua cabeça é posicionada de modo perpendicular à escala e diretamente sobre
o ponteiro. Alguns medidores analógicos usam um espelho na escala. Um
parafuso de ajuste de zero é utilizado para colocar o ponteiro do medidor em
zero na escala quando não houver corrente circulando.
A leitura de uma escala de medidor de única faixa é similar à leitura da
escala de uma régua (Figura 1). A escala na Figura 1 é lida da seguinte forma:
Valor de cada divisão principal = 1
Valor de cada divisão menor = 0,2
 Leitura = 2,4

Figura 1. Leitura de uma escala de medidor analógico de única faixa.


Fonte: Petruzella (2013, p. 153).

Os medidores de múltiplas faixas são mais difíceis de ler pois geralmente


é usada uma escala com duas ou mais faixas. Para ler esse tipo de medidor,
primeiro determinamos a leitura na escala e, em seguida, aplicamos o fator
multiplicador ou divisor adequado, conforme indicado pelo seletor de faixas
(Figura 2).
Medições de corrente, tensão, resistência e potência I 31

Figura 2. Leitura de uma escala de um medidor analógico de múltiplas faixas.


Fonte: Petruzella (2013, p. 154).

Os ohmímetros são instrumentos empregados para medir a resistência


elétrica de um componente de circuito, bem como para localizar componentes
abertos ou em curto-circuito e determinar a continuidade do circuito. Para
realizar a medição da resistência de um elemento, basta posicionar, em paralelo,
o instrumento sobre o componente. Para que você tenha uma medição correta,
o elemento a ser medido precisa estar isolado dos demais componentes do
circuito. As escalas de ohmímetros analógicos não são marcadas uniforme-
mente, sendo então denominadas não lineares.

Figura 3. A face de um VOM analógico tem uma combinação de escalas.


Fonte: Petruzella (2013, p. 154).
32 Eletrotécnica

Medidores digitais
Os medidores digitais são mais fáceis de ler do que os medidores analógi-
cos. Entre suas partes principais destacamos o display decimal, o circuito
eletrônico digital dedicado e um conversor A/D. Muitos medidores digitais
possuem seleção automática de faixa, isto é, o próprio medidor ajusta a faixa
necessária para a medição determinada. Segundo Petruzella (2013), é normal
que o último dígito (à direita) varie continuamente entre dois ou três valores.
Em geral, não será necessária uma precisão tão elevada, e o último dígito
pode ser ignorado ou arredondado. Com tantas facilidades, não é de admirar
que esses instrumentos ofereçam mais precisão e uma leitura mais confiável,
e a um custo acessível.

Medição de tensão
Para a medição de tensão CC entre dois pontos, é fundamental a utilização
correta de um instrumento para essa finalidade. Você provavelmente terá de
realizar essa medição para verificar a tensão fornecida por uma fonte geradora
de tensão CC.
Há dois tipos de instrumentos para medir a tensão CC: o voltímetro (Figura
4) e o multímetro (Figura 5).

Figura 4. O voltímetro.
Fonte: Fowler (2012, p. 55).
Medições de corrente, tensão, resistência e potência I 33

Figura 5. O multímetro.
Fonte: Fowler (2012, p. 57).

Os voltímetros e milivoltímetros são instrumentos próprios para a medição


de tensão, e apresentam a letra V ou mV na sua escala frontal.
Também existem voltímetros e milivoltímetros específicos para a medição
de tensões contínuas. Eles possuem dois bornes na parte posterior destinados
a receber a tensão cujo valor será indicado na escala. Como os voltímetros têm
polaridade estabelecida para ligação, os sinais + e – identificam os bornes.
Para realizar a medição, conectamos dois condutores, chamados pontas de
prova, aos bornes do instrumento. Há duas pontas de prova: uma vermelha
e uma preta. Colocamos a ponta de prova vermelha no borne positivo (+)
do instrumento. Após a conexão nos bornes do instrumento, conectamos as
extremidades livres das pontas de prova nos pontos onde desejamos medir
a tensão CC. Devemos ligar a ponta de prova vermelha, ou o condutor que
estiver conectado ao borne positivo (+) do instrumento, no ponto positivo a
ser medido, e a outra ponta de prova, no ponto negativo.
Quando conectamos as pontas de prova de modo apropriado nos pontos
de medição, com sua respectiva polaridade, o ponteiro do instrumento sai da
posição de repouso, deslocando-se no sentido horário (sentido correto) em
direção ao fim da escala. O valor da tensão medida é indicado na escala do
instrumento.
34 Eletrotécnica

Caso as pontas de prova sejam ligadas com a polaridade invertida, o ponteiro


irá se deslocar no sentido anti-horário (sentido incorreto), assim, você terá de
inverter as pontas de prova nos pontos de medição.
Em um circuito elétrico, um voltímetro serve para medir a força eletro-
motriz (fem) ou a tensão (diferença de potencial). Esse instrumento pode ser
utilizado ainda para verificar a disponibilidade de uma tensão CA em uma
tomada residencial (Figura 6), a tensão CC por meio dos terminais de uma
bateria ou a tensão CA ou CC entre dois pontos em um circuito.
Ajuste o seletor para a função de tensão adequada, CA ou CC, antes de
realizar a medição. Pegue as pontas de prova e conecte-as ao circuito, de
modo que nenhuma parte do seu corpo entre em contato com alguma parte
energizada (viva) do circuito. Para tensão CC, conecte a ponta de prova preta
ao ponto de polaridade negativa, e a ponta de prova vermelha ao ponto de
teste de polaridade positiva.

Figura 6. Verificando a tensão CA de uma tomada comum.


Fonte: Petruzella (2013, p. 156).

A faixa de medição de tensão do medidor de bobina móvel analógico


básico ou galvanômetro é limitada à faixa de milivolts, devido à natureza
Medições de corrente, tensão, resistência e potência I 35

delicada da bobina e das molas que compõem o medidor de conjunto móvel.


Para aumentar a faixa de tensão, um resistor com um alto valor de resistência
é conectado em série com o medidor de conjunto móvel. O resistor é chamado
multiplicador, porque ele multiplica a faixa do medidor. Ao alterar o valor do
resistor multiplicador, a faixa de tensão pode ser variada (Figura 7).

Figura 7. Voltímetro CC analógico de múltiplas faixas.


Fonte: Petruzella (2013, p. 157).

Quanto maior for o valor da resistência do multiplicador, maior será a faixa de tensão
do medidor.
36 Eletrotécnica

Um diagrama de blocos de um voltímetro CA digital é mostrado na Figura 8.

Figura 8. Voltímetro CA digital.


Fonte: Petruzella (2013, p. 158).

As pontas de prova são conectadas à tensão CA a ser medida, que é transmi-


tida para o circuito condicionador de tensão. O condicionador de tensão atenua
ou amplifica o sinal de tensão para um dado nível com o qual os circuitos de
medição são projetados para trabalhar. A seguir, o sinal é transmitido para um
circuito conversor CA-CC, que converte o sinal de tensão de CA para CC. O
conversor analógico-digital (A/D) recebe essa tensão e transforma-a em um
código digital que representa o valor da tensão. O código digital é usado para
gerar os dígitos numéricos que mostram o valor medido no mostrador digital.
Se a tensão de entrada a ser medida é CC, o circuito de conversão CA-CC é
contornado, e o sinal é transmitido diretamente do condicionador de tensão
para o conversor analógico-digital.
O voltímetro deve ser conectado em paralelo, por meio de carga ou fonte de
alimentação. Ele tem uma resistência elevada e desvia uma pequena quantidade
de corrente para operar o circuito de medição. Se o voltímetro fosse conectado
em série com o circuito, essa resistência elevada reduziria a corrente do cir-
cuito, e o medidor forneceria uma leitura incorreta. Tanto os voltímetros CC
como os CA são selecionados de acordo com o tipo de tensão a ser medida.
Os voltímetros digitais indicam automaticamente a polaridade correta de uma
medição de tensão CC (Figura 9).
Medições de corrente, tensão, resistência e potência I 37

Figura 9. Identificação de polaridade em um multímetro digital CC.


Fonte: Petruzella (2013, p. 159).

Ao conectar o terminal positivo do medidor ao ponto positivo do circuito, o


medidor indica uma polaridade positiva (+) no mostrador digital. Ao conectar
o terminal positivo do medidor ao ponto negativo do circuito, o medidor indica
uma polaridade negativa (–) no mostrador digital. Os voltímetros analógicos
devem ser conectados com a polaridade correta. O terminal negativo (–) do
voltímetro é conectado ao lado negativo (–) do circuito, e o terminal positivo
(+) do voltímetro, ao lado positivo (+) do circuito. Se os terminais forem in-
vertidos, o ponteiro do instrumento defletirá no sentido contrário da escala,
à esquerda do zero, o que poderá́ danificar o medidor.
Conforme Petruzella (2013), a queda de tensão é a “perda de tensão” cau-
sada pelo fluxo de corrente por meio de uma resistência. Quanto maior for a
resistência, maior será a queda de tensão. Para verificar a queda de tensão,
conecte um voltímetro entre os pontos em que a queda de tensão deve ser
medida. Em circuitos CC e circuitos CA resistivos, a soma total de todas as
quedas de tensão por meio das cargas e dos dispositivos conectados em série
deve ser igual à tensão aplicada ao circuito (Figura 10).
38 Eletrotécnica

Figura 10. Medição de quedas de tensão através de carga.


Fonte: Petruzella (2013, p. 159).

Para operar adequadamente, cada carga deve receber sua tensão nominal.
Se não há tensão suficiente disponível, o dispositivo não operará da maneira
como deveria. Você também deve sempre se assegurar de que a tensão que
vai medir não excede a faixa do voltímetro, pois isso pode causar danos ao
instrumento. Se a medida for desconhecida, você deverá começar com a faixa
mais alta de medição do voltímetro. Muitas vezes, você pode precisar medir a
tensão de um ponto específico no circuito em relação ao terra ou a um ponto
de referência comum (Figura 11).

Figura 11. Medição de tensão em relação ao ponto comum ou ao terra do circuito.


Fonte: Petruzella (2013, p. 160).
Medições de corrente, tensão, resistência e potência I 39

Nesses casos, primeiro conecte a ponta de prova preta do voltímetro ao


terra do circuito ou ao ponto comum. Em seguida, conecte a ponta de prova
vermelha a qualquer ponto no circuito que você deseja medir.

Os voltímetros e milivoltímetros para tensões contínuas têm polaridade de ligação


especificada.

O testador de tensão é um tipo especial de voltímetro geralmente usado


por eletricistas (Figura 12).

Figura 12. Testador de tensão.


Fonte: Petruzella (2013, p. 160).

O testador de tensão serve para verificar a presença ou a ausência de tensão


em um dado ponto, e não indica o valor exato de tensão presente. O valor
real de tensão pode estar um pouco abaixo ou acima do valor indicado pelo
40 Eletrotécnica

aparelho. Recomenda-se testá-lo antes em uma fonte de tensão energizada


conhecida para garantir que o medidor está operando adequadamente.

Medição de corrente
Para medir a quantidade de corrente fluindo em um circuito, utilizamos
um amperímetro. Os amperímetros medem o fluxo de corrente em am-
pères. Para faixas menores que 1 ampère, são usados miliamperímetros ou
microamperímetros. Veja na Figura 13 um multímetro com miliamperímetro
CC para medição de corrente.

Figura 13. Miliamperímetro conectado para medir corrente.


Fonte: Petruzella (2013, p. 161).
Medições de corrente, tensão, resistência e potência I 41

A ponta de prova vermelha é ligada ao conector de entrada de alta corrente


(10 A) ou de baixa corrente (300 mA), dependendo da faixa de corrente que
você deseja medir no circuito. Com exceção dos medidores tipo alicate, os
medidores de corrente devem sempre ser conectados em série com a fonte de
alimentação e a carga, nunca em paralelo com elas.

O shunt é um resistor de alta precisão que produz uma pequena queda de tensão
(milivolts) proporcional à quantidade de corrente fluindo através dele. O shunt
pode ser conectado dentro da caixa do medidor de corrente ou no lado externo
da caixa (Figura 14). Os medidores projetados para medir correntes mais altas
normalmente usam shunts externos devido ao seu tamanho e à quantidade de
calor que eles geram.

Figura 14. Resistor shunt externo.


Fonte: Petruzella (2013, p. 163).

O amperímetro possui uma resistência interna muito baixa, logo, ele in-
fluencia muito pouco o fluxo de corrente durante a medição. Desse modo, a
ligação acidental de um amperímetro em paralelo com uma carga ou fonte de
tensão fará o medidor drenar uma corrente elevada, a qual poderá danificar
o medidor. O amperímetro padrão deve sempre ser conectado em série com
o circuito para que a corrente do circuito flua pelo medidor.
42 Eletrotécnica

Você pode usar uma chave para medir a corrente sem afetar o funcionamento
do circuito. A Figura 15 mostra como isso é feito.

Figura 15. Amperímetro tipo alicate.


Fonte: Petruzella (2013, p. 163).

Quando a chave é fechada, o amperímetro registra uma corrente nula,


pois a corrente passa pela chave e não pelo amperímetro. Quando a chave é
aberta, a corrente passa pelo amperímetro. Agora, é possível medir o valor
da corrente. Assim que a medição for realizada, você pode fechar a chave,
remover o amperímetro, e o circuito continuará operando normalmente.
É comum usar um amperímetro tipo alicate (Figura 15) para medir correntes
CA mais elevadas na faixa de ampères, para assim evitar abrir o circuito. Isso é
possível porque o instrumento “abraça” o condutor do circuito e indica o valor
da corrente ao medir a intensidade de campo magnético devido à corrente que
circula pelo condutor. Os amperímetros tipo alicate baseados no efeito Hall
servem para medir tanto correntes CC quanto correntes CA.
Pequenos transformadores podem ser empregados em conjunto com ins-
trumentos de teste e de medição. Um transformador de corrente (Figura 16)
alimenta o instrumento com uma pequena corrente proporcional à corrente
principal.
Medições de corrente, tensão, resistência e potência I 43

Figura 16. Transformador de corrente.


Fonte: Petruzella (2013, p. 166).

Os transformadores de corrente são utilizados também com grandes dispositivos de


sobrecorrente e sobrecarga. Uma tensão muito alta, capaz de produzir um choque
fatal, pode se desenvolver no enrolamento secundário quando ele está aberto. Por isso,
se o medidor for removido, os terminais secundários devem sempre ser conectados
a um amperímetro ou mantidos em curto-circuito.

Multímetro
O multímetro, também conhecido por multiteste, é um instrumento que tem
a possibilidade de realizar medições não só de tensão, mas também de várias
outras grandezas de natureza elétrica. Por isso, ele é o principal instrumento
na bancada de quem trabalha com eletrônica e eletricidade. Sua importância
se deve a sua simplicidade de operação, ao transporte e à capacidade de
possibilitar medições de diversas grandezas elétricas.

Medição de tensão CC com o multímetro


A tensão contínua é uma das grandezas elétricas que podem ser medidas
com o multímetro. Como o multímetro é um instrumento múltiplo, ou seja, é
adequado para diversos tipos de medição, os conhecimentos e procedimen-
44 Eletrotécnica

tos necessários para a sua correta utilização serão apresentados em partes,


iniciando pela medição de tensão contínua.
A Figura 17 mostra o painel de um multímetro ressaltando as partes rela-
cionada à medição de tensão contínua.

Medicação de
tensão CC

Figura 17. Painel de um multímetro.


Fonte: Adaptada de Sadiku, Musa e Alexander (2014, p. 43).

No borne indicado pela abreviatura COM ou pelo sinal negativo (-), que
é comum para qualquer tipo de medição com o instrumento, conectamos a
ponta de prova preta. No outro borne, indicado pela abreviatura DC ou pelo
sinal (+), conectamos a ponta de prova vermelha.
A chave seletora serve para determinar:

 A grandeza elétrica que será medida (exemplo: tensão contínua).


 O valor máximo que o instrumento pode medir nesta posição (por
exemplo: 12V).

As posições da chave seletora destinadas à medição de tensão contínua


são identificadas pela abreviatura DC V ou apenas DC.
Medições de corrente, tensão, resistência e potência I 45

É importante lembrar que o valor indicado pela chave seletora é o máximo


que o instrumento pode medir nesta posição da chave. No exemplo da Figura
18, a tensão contínua máxima que o instrumento pode medir com a chave
seletora nesta posição é 120V.

Figura 18. Chave seletora indicando a tensão máxima que pode ser medida.
Fonte: Adaptada de Sadiki, Musa e Alexander (2014, p. 43).

A escala do multímetro é usada para a leitura do valor medido pelo ins-


trumento. Como o multímetro se destina a inúmeras medições, a sua escala
é múltipla, como mostra a Figura 19.

Figura 19. Painel de um multímetro mostrando diversas escalas.


Fonte: Adaptada de Sadiku, Musa e Alexander (2012, p. 43).
46 Eletrotécnica

Para a medição de tensão contínua com um multímetro, após conectar


as pontas de prova nos bornes do instrumento, você deve posicionar corre-
tamente o seletor de escalas para a realização de uma medição de tensão.
Quando conhecemos aproximadamente o valor que vai ser medido, posi-
cionamos a chave seletora para a escala de tensão imediatamente superior
ao valor estimado.

A chave seletora deve ser sempre posicionada para um valor mais alto do que a tensão
que será medida. Por exemplo, para medir a tensão de uma pilha que tem valor máximo
de 1,5V, selecionamos uma escala de 2,5 ou 3V, ou outras próximas a estas, conforme
disponível no instrumento.

Após a colocação das ponteiras e a correta seleção da escala, conectamos


as extremidades livres das pontas de prova aos pontos de medição. A ponta
de prova vermelha é conectada ao ponto de medida positivo (+), e a preta, ao
negativo (-). Com a conexão correta das pontas de prova, o ponteiro do instru-
mento se moverá no sentido horário, parando em uma posição definida. Para
realizar a leitura corretamente, o observador deve se posicionar frontalmente
ao painel de escalas.
O valor da tensão medida é determinado pela posição do ponteiro e pela
posição da chave seletora.
Medições de corrente, tensão, resistência e potência I 47

1. Os medidores analógicos usam 3. Os multímetros mais


um _________________ e um tradicionais do mercado, de
sistema mecânico de movimento. custo acessível, podem ser:
O medidor consiste em uma a) Voltímetro, amperímetro,
_________________ suspensa entre os ohmímetro.
polos de um _________________ na b) Voltímetro, fasímetro,
forma de ferradura. frequencímetro.
a) Display, bobina fixa, eletroímã. c) Voltímetro, amperímetro,
b) Indicador, bobina capacímetro.
móvel, eletroímã. d) Wattímetro, amperímetro,
c) Ponteiro, bobina fixa, capacímetro.
ímã permanente. e) Voltímetro, luxímetro,
d) Display, bobina fixa, decibelímetro.
ímã permanente. 4. O amperímetro é conectado
e) Ponteiro, bobina móvel, ____________ para medir
ímã permanente. o fluxo da corrente.
2. Os medidores digitais têm um a) Sobre a fonte de tensão.
_________________, um circuito b) Em paralelo.
eletrônico _________ dedicado, c) Entre o ponto e o terra.
um conversor A/D, têm _________ d) Em série.
precisão e custos _________ e têm e) Sobre o componente.
leitura _________ confiável. 5. O ohmímetro é conectado
a) Ponteiro, digital, menor, ___________ para medir a resistência.
maiores, mais. a) Sobre a fonte de tensão.
b) Display decimal, maior, b) Em paralelo com a
menores, menos. fonte de tensão.
c) Display decimal, digital, c) Entre o ponto e o terra.
maior, menores, mais. d) Em série.
d) Ponteiro, analógico, e) Sobre o componente ou
maior, maiores, mais. circuito, em paralelo. Parte
e) Display decimal, analógico, superior do formulário
maior, menores, menos.
48 Eletrotécnica

FOWLER, R. Fundamentos de eletricidade. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. (Corrente


Continua e Magnetismo, v. 1).
PETRUZELLA, F. D. Eletrotécnica I. Porto Alegre: AMGH, 2013. (Série Tekne).
SADIKU, M. N. O.; MUSA, S.; ALEXANDER, C. K. Análise de circuitos elétricos com aplicações.
Porto Alegre: AMGH, 2014.
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR

Os medidores podem ser analógicos ou digitais. Medidores digitais são mais precisos e têm
menor custo. A tensão é uma diferença de potencial, medida de um ponto a outro do
circuito. É uma medição em paralelo. A corrente é um fluxo de elétrons no condutor; para
ser medida, o circuito deve ser aberto . É uma medição em série. Os multímetros têm
várias escalas para a seleção da grandeza a ser medida.

Vamos acompanhar mais detalhes no vídeo preparado para esta Unidade de Aprendizagem.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) Medidores analógicos usam um _____________ e um sistema mecânico de


movimento. O medidor consiste em uma ____________ suspensa entre os pólos de um
____________ na forma de ferradura.

A) Display, bobina fixa, eletroímã.

B) Indicador, bobina móvel, eletroímã.

C) Ponteiro, bobina fixa, ímã permanente.

D) Display, bobina fixa, ímã permanente.

E) Ponteiro, bobina móvel, ímã permanente.

2) Medidores digitais têm ______________, circuito eletrônico _________ dedicado,


conversor A/D, têm ______ precisão e custos _________ e têm leitura ________
confiável.

A) Ponteiro, digital, menor, maiores, mais.

B) Display decimal, maior, menores, menos.

C) Display decimal, digital, maior, menores, mais.

D) Ponteiro, analógico, maior, maiores, mais.

E) Display decimal, analógico, maior, menores, menos.

3) Os multímetros mais tradicionais do mercado, de custo acessível, podem ser:

A) Voltímetro, amperímetro, ohmímetro.

B) Voltímetro, fasímetro, frequencímetro.

C) Voltímetro, amperímetro, capacímetro.

D) Wattímetro, amperímetro, capacímetro.

E) Voltímetro, luxímetro, decibelímetro.

4) O amperímetro é conectado _________ para medir o fluxo da corrente.

A) Sobre a fonte de tensão.

B) Em paralelo.
C) Entre o ponto e o terra.

D) Em série.

E) Sobre o componente.

5) O ohmímetro é conectado _________ para medir a resistência.

A) Sobre a fonte de tensão.

B) Em paralelo com a fonte de tensão.

C) Entre o ponto e o terra.

D) Em série.

E) Sobre o componente ou circuito, em paralelo.

NA PRÁTICA
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Eletricidade Básica - Coleção Schaum [Série Schaum]

Fundamentos de Circuitos Elétricos com Aplicações

Medindo corrente continua

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Como medir Tensão Alternada com Multímetro

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Como medir Resistência, tensão e corrente em um circuito elétrico (Medidores part. 1)


Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Como medir Resistência, tensão e corrente em um circuito elétrico (Medidores part. 3)

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Medições de corrente, tensão, resistência,
potência II

APRESENTAÇÃO

Nesta unidade estudaremos Medição de Resistência (medidores analógicos e digitais).


Segurança em medições. Especificações de multímetros.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Definir a medição de resistência para medidores analógicos e digitais e indicar a unidade


de medida.
• Identificar procedimentos de segurança em medições.
• Realizar medições de resistência com leitura e interpretação de resultados.

DESAFIO

Elaboramos uma atividade com estudo de caso, que vai guiar você para caminho do
conhecimento. Cabe a você encontrar a melhor forma de resolvê-lo. Explore o conteúdo e
pesquise. Use todas as ferramentas disponíveis para solucionar o problema.

Caso: você suspeita que o aterramento de sua edificação não está bom e gostaria de fazer
medições de resistência. Tem no laboratório um multímetro digital de alta qualidade e precisão,
com função de medição de resistência até 200 mega Ohms. Para a medição da resistência de
aterramento este instrumento seria adequado ou você deveria adquirir um instrumento específico
para esta função?

Antes de responder, lembre-se que o multímetro digital mede resistência com precisão.

INFOGRÁFICO
Veja na ilustração o esquema do que veremos nesta unidade referente ao entendimento dos
conceitos sobre Medição de Resistência (medidores analógicos e digitais), segurança em
medições e especificações de multímetros.

CONTEÚDO DO LIVRO

Leia o capítulo Medições de Corrente, Tensão, Resistência, Potência II que faz parte da obra
Eletrotécnica e é a base teórica desta Unidade de Aprendizagem.

Boa leitura.
ELETROTÉCNICA

Rodrigo Rodrigues
S719e Souza, Diogo Braga da Costa.
Eletrotécnica [recurso eletrônico] / Diogo Braga da
Costa Souza, Rodrigo Rodrigues. – Porto Alegre :
SAGAH, 2017.

Editado como livro em 2017.


ISBN 978-85-9502-055-9
1. Eletrotécnica. 2. Engenharia elétrica. I. Rodrigues,
Rodrigo. II. Título.

CDU 621.3

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


Medições de corrente,
tensão, resistência
e potência II
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Definir a medição de resistência para medidores analógicos e digitais


e indicar a unidade de medida.
 Identificar procedimentos de segurança em medições.
 Realizar medições de resistência com leitura e interpretação de
resultados.

Introdução
Neste capítulo, você vai continuar seus estudos relacionados à medição
de grandezas elétricas, com foco agora na resistência, na continuidade e
na potência elétrica, utilizando equipamentos analógicos e digitais, mas
sempre tendo em mente, além da segurança, a confiabilidade de leitura
das medições feitas e o cuidado com esses equipamentos.

Unidade de medida da resistência elétrica


A resistência elétrica é uma propriedade dos materiais que indica o grau de
oposição ao fluxo de corrente elétrica, ou seja, a oposição que um material
apresenta à passagem da corrente elétrica.
Todos os dispositivos elétricos e eletrônicos apresentam certa oposição à
passagem da corrente elétrica. Essa resistência tem origem na sua estrutura
atômica.
Para que a aplicação de uma ddp a um material origine uma corrente
elétrica, é necessário que a estrutura deste material disponibilize cargas elé-
tricas livres para movimentação. Quando um material dispõe de um grande
50 Eletrotécnica

número de cargas livres, a corrente elétrica flui com facilidade por ele, assim,
a sua resistência elétrica é pequena. Veja na Figura 1 a representação dessa
resistência em condutores.

Figura 1. Estrutura atômica de condutores, isolantes e semicondutores.


Fonte: Petruzella (2013, p. 68).

Por outro lado, nos materiais que dispõem de um pequeno número de cargas
livres, a corrente elétrica flui com dificuldade, assim, a resistência elétrica
destes materiais é grande.

A resistência elétrica de um material depende da facilidade ou dificuldade com que


este material libera cargas para a circulação.
Medições de corrente, tensão, resistência e potência II 51

A unidade de medida da resistência elétrica é o Ohm e é representada pelo


símbolo Ω. Essa unidade tem múltiplos e submúltiplos. Entretanto, na prática,
são usados quase que exclusivamente os múltiplos (veja o Quadro 1).

Quadro 1. Múltiplos do Ohm e seus símbolos.

Denominação Símbolo Relação com a unidade

Megohm MΩ 106Ω ou 1.000.000 Ω

Quilohm kΩ 103Ω ou 1.000 Ω

Ohm Ω -

A conversão de valores obedece ao mesmo procedimento de outras unidades.

120Ω é o mesmo que 0,12kΩ


5,6kΩ é o mesmo que 5.600Ω
2,7MΩ é o mesmo que 2.700kΩ
390kΩ é o mesmo que 0,39MΩ
470Ω é o mesmo que 0,00047MΩ
680kΩ é o mesmo que 0,68MΩ
52 Eletrotécnica

Aplicações da resistência elétrica


O efeito causado pela resistência elétrica, que pode parecer inconveniente,
possui muitas aplicações práticas não só em eletricidade e eletrônica, mas
também no nosso dia a dia. Alguns exemplos práticos de aplicação da elevada
resistência de alguns materiais são:

 Aquecimento: em chuveiros e ferros de passar.


 Iluminação: lâmpadas incandescentes.

Instrumento de medição de resistência elétrica


O voltímetro, o amperímetro e o ohmí metro são instrumentos de testes
elétricos básicos usados para obter informações precisas sobre a tensão,
a corrente e a resistência de um circuito. Eles podem ser analógicos ou
digitais. Os medidores analógicos utilizam uma agulha (ponteiro) e um
conjunto móvel para indicar a medição. O ímã permanente, a bobina mó-
vel e o galvanômetro são os elementos básicos da maioria dos medidores
analógicos. Os medidores digitais usam um mostrador (display) digital
eletrônico. Os medidores digitais têm tido preferência na escolha dos ele-
tricistas, pois esse tipo de medidor, além da maior facilidade de leitura, tem
mais precisão do que o medidor do tipo analógico, o que ajuda na redução
de erros de usuários.
O instrumento destinado à medição de resistência elétrica é o ohmímetro.
É difícil encontrar um instrumento que seja unicamente um ohmímetro,
pois, em geral, as medições de resistência elétrica são realizadas com um
multímetro. O ohmímetro é utilizado para medir a quantidade de resistên-
cia elétrica oferecida por um circuito completo ou por um componente de
circuito. Como você viu há pouco na Tabela 1, as medições de resistência
são feitas em ohms: para faixas superiores a 1.000 ohms, são adotadas as
unidades quilohms (kΩ) e megaohms (MΩ). O ohmímetro analógico básico
é constituído de um medidor de conjunto móvel, uma bateria, um resistor
fixo e um resistor variável, conectados em série (Figura 2).
Medições de corrente, tensão, resistência e potência II 53

Figura 2. Circuito de um ohmímetro analógico básico.


Fonte: Petruzella (2013, p. 167).

Segundo Petruzella (2013), o princípio de sua operação é simples: com a


aplicação de uma tensão, o instrumento força a circulação de uma corrente
através da resistência desconhecida. Em seguida, essa resistência é determi-
nada pela medição do valor da corrente resultante. De acordo com a lei de
Ohm, o valor do fluxo de corrente será inversamente proporcional ao valor
da resistência. Isso quer dizer que o valor da corrente medida pelo medidor é
uma indicação da resistência desconhecida. Então, feitos os devidos ajustes,
a escala do medidor de conjunto móvel pode ser marcada em ohms.
Antes de utilizar o ohmímetro do tipo analógico para efetuar uma medição,
a escala do medidor deve ser ajustada para zero. Para ajustar o ponteiro para
uma leitura de 0 Ω, junte as duas pontas de prova do ohmímetro e atue no
botão de ajuste de zero até que o ponteiro do medidor esteja na marcação
de 0 Ω da escala. Veja como fazer isso na Figura 3.
54 Eletrotécnica

Figura 3. Ajuste de zero de um ohmímetro analógico.


Fonte: Petruzella (2013, p. 168).

Esse procedimento não é necessário para a maioria dos ohmímetros digitais,


já que normalmente eles possuem ajuste de zero automático. Veja na Figura
4 o diagrama de blocos de um ohmímetro analógico.

Figura 4. Ohmímetro digital.


Fonte: Petruzella (2013, p. 168).

O condicionador de sinal de resistência para uma tensão normalmente


utiliza um método de razão para medir o valor da resistência desconhecida. Ao
colocar o resistor desconhecido em série com um resistor interno de referência
Medições de corrente, tensão, resistência e potência II 55

conhecido e com uma fonte de tensão, essa razão de tensão é feita, e, depois,
é aplicada ao circuito conversor A/D. Circuitos extras são projetados dentro
do conversor A/D de modo que ele possa ser usado para medir a razão de
tensão e calcular a resistência desconhecida. A resistência de referência e o
valor da tensão são alterados para diferentes faixas de medição de resistência.

Os ohmímetros analógicos e digitais possuem alimentação própria por meio de uma


bateria localizada dentro do medidor, por isso, podem ser danificados caso sejam
conectados a um circuito energizado.

Para fazer uma medição de resistência fora do circuito com um ohmímetro


(Figura 5a), simplesmente conecte os terminais do ohmímetro no componente
(semelhante à conexão de um voltímetro) e ajuste o medidor para a faixa
adequada de medição de resistência. Por outro lado, quando você utiliza um
ohmímetro para medir um componente dentro de um circuito (Figura 5b), dois
cuidados principais devem ser observados (PETRUZELLA, 2013):

Figura 5. Medição de resistência (a) fora do circuito e (b) dentro do circuito.


Fonte: Petruzella (2013, p. 169).
56 Eletrotécnica

1. Desligue a fonte de alimentação do circuito. Se possível, desconecte o


equipamento da fonte de alimentação.
2. Desconecte, se possível, um dos terminais do componente para abrir
quaisquer caminhos paralelos, de modo que apenas a resistência do
componente isolado seja medida.

Além de medir a resistência, um ohmímetro serve para fazer testes de


continuidade. Esses testes mostram se há ou não um caminho elétrico fechado
de baixa resistência entre um ponto de teste e outro (Figura 6).

Figura 6. Utilização de um ohmímetro para testar a continuidade de um fusível.


Fonte: Petruzella (2013, p. 169).

Ao realizar um teste de continuidade, o ohmímetro é ajustado para sua


faixa de resistência mais baixa. Um caminho condutor completo é indicado
por uma leitura de resistência baixa. O valor da leitura não é importante,
desde que ele seja baixo. Um caminho aberto, ou incompleto, é indicado por
uma leitura de resistência infinita. Se houver continuidade, mas a leitura
de resistência for alta, é porque há uma quantidade excessiva de resistência
no circuito. Em alguns multímetros digitais, a indicação de continuidade
é feita com um sinal sonoro. Se a resistência entre os terminais for menor
do que aproximadamente 150 ohms (Figura 7), um sinal sonoro contínuo
tocará.
Medições de corrente, tensão, resistência e potência II 57

Figura 7. Sinal sonoro de continuidade.


Fonte: Petruzella (2013, p. 170).

O teste de continuidade também é muito utilizado para verificar curtos


e terras. No circuito de teste da Figura 8, uma leitura de resistência nula é
indicada por meio dos dois terminais da bobina de um solenoide CC. Isso
indica que a isolação do fio tornou-se defeituosa, causando um curto-circuito
entre as espiras de fio da bobina, que deverá ser substituída.

Figura 8. Teste de continuidade para curto-circuito.


Fonte: Petruzella (2013, p. 170).
58 Eletrotécnica

No circuito de teste mostrado na Figura 9, uma leitura de resistência nula


é indicada entre o enrolamento do transformador e o núcleo, o que significa
que o invólucro metálico do transformador estará no potencial da terra (ater-
rado). A isolação do fio tornou-se defeituosa em algum ponto e, como essa
condição pode ser perigosa ou fazer o circuito operar de forma inadequada,
o transformador deverá ser substituído.

Figura 9. Teste de continuidade para circuito aterrado.


Fonte: Petruzella (2013, p. 171).

Medição de resistência com o multímetro


Os multímetros têm uma escala no painel e algumas posições da chave seletora
destinadas à medição de resistência elétrica. A Figura 10 mostra um multímetro,
destacando a posição da chave seletora destinada à medição de resistência.
Medições de corrente, tensão, resistência e potência II 59

Ohms

Multímetro (usado como ohmímetro)

R3 R2 R1
Circuito esquemático

R3 R2 R1

Unidades para Unidades para


Resistência Unidade quantidades quantidades
base muito pequenas muito grandes
Símbolo Ω µΩ mΩ kΩ MΩ

Pronunciado como Ohm Microhm Miliohm Quilo-ohm Megaohm

Multiplicador 1 0,000001 0,001 1.000 1.000.000

Figura 10. Medição de resistência com multímetro.


Fonte: Petruzella (2013, p. 96).

Os bornes do multímetro onde são colocadas as pontas de prova para a


medição de resistência são os mesmos utilizados para as medições de tensão.

Em alguns multímetros pode existir um borne específico para a função de ohmímetro,


indicado pelo símbolo Ω.

Para a medição de resistência elétrica com um multímetro, você precisa


obedecer a seguinte sequência de procedimentos para que o valor obtido seja
confiável e o instrumento não seja danificado:
60 Eletrotécnica

 A resistência a ser medida deverá estar desconectada de qualquer fonte


de energia elétrica (pilhas, bateria ou tomada elétrica).
 Selecione a escala ou o fator multiplicativo.
 Ajuste o zero do instrumento.
 Conecte o instrumento à resistência.
 Interprete a medida.

Você vai ver agora de forma detalhada cada um desses procedimentos.

Desconexão da resistência
Devido às suas características internas, os ohmímetros não podem ser utilizados
para medir resistências que estejam em funcionamento. Se a medição é feita
em uma resistência que está energizada, o ohmímetro pode ser danificado.

Seleção da escala ou do fator multiplicativo

A chave seletora dos multímetros, em geral, tem 3 ou 4 posições para a medição


de resistência, conforme ilustrado na Figura 11.

Figura 11. Posição da chave seletora para a medição de resistência.


Fonte: Sadiku, Musa e Alexander (2014, p. 43).
Medições de corrente, tensão, resistência e potência II 61

Quando o valor a ser medido é completamente desconhecido, podemos


iniciar selecionando a escala x1 (ou R x 1).

Ajuste do zero

Para a medição de resistência, o multímetro utiliza uma fonte de energia


interna (pilhas) que fica alojada no seu interior. Como as pilhas sofrem
um desgaste com o passar do tempo, as medições podem ser prejudicadas.
Para solucionar esse problema, os ohmímetros analógicos dispõem de
um controle denominado ajuste do zero, que permite a compensação do
desgaste destas fontes de energia por meio de um ajuste. Para isso, existe
um controle que está colocado no painel frontal do multímetro, conforme
ilustrado na Figura 12.

Figura 12. Controle do ajuste do zero de um multímetro.


Fonte: Sadiku, Musa e Alexander (2014, p. 43).

Para ajustar o zero do instrumento, é preciso unir as pontas de prova e


atuar no controle de ajuste até que o ponteiro fique posicionado exatamente
sobre o “0” da escala de Ohms, conforme ilustrado na Figura 13.
62 Eletrotécnica

Figura 13. Procedimento para o ajuste do zero de um multímetro.


Fonte: Sadiku, Musa e Alexander (2014, p. 43).

As pontas de prova devem permanecer curto-circuitadas somente o tempo


suficiente para a realização do ajuste, evitando o desgaste das pilhas do ins-
trumento. O ajuste do zero deve ser conferido sempre que for executada uma
troca de posição na chave seletora, por exemplo, de R x 1 para R x 10.

O ajuste do zero do instrumento deve ser feito toda vez que você for posicioná-lo para
a leitura de resistência e também a cada troca de escala efetuada. O botão de ajuste
do zero tem influência apenas nas medições de resistência, portanto, não interfere
nas medições das demais grandezas.
Medições de corrente, tensão, resistência e potência II 63

Uma medição de resistência efetuada sem que o zero tenha sido ajustado
indicará um valor incorreto.

Conexão do instrumento à resistência

Após a seleção da escala de resistência e o ajuste do zero, as pontas de prova


são conectadas sobre a resistência que se deseja medir. A ordem de colocação
das pontas de prova não influencia no valor indicado pelo instrumento.

Interpretação da leitura
Como os multímetros possuem apenas uma escala para a resistência, a inter-
pretação da indicação do ohmímetro para determinar o valor ôhmico de uma
resistência é muito simples: basta você fazer a leitura da indicação do ponteiro
na escala e multiplicar pelo fator indicado pela chave seletora (X l, X 10...).
Sempre que possível, a chave seletora deve ser posicionada de forma que,
ao medir a resistência, o ponteiro indicador fique situado na região central da
escala, como mostrado na Figura 14.

Figura 14. Indicação da posição central da escala.


Fonte: Sadiku, Musa e Alexander (2014, p. 43).
64 Eletrotécnica

Wattímetro

A potência elétrica é medida pelo wattímetro (Figura 15) que, basicamente,


consiste em duas bobinas: uma bobina de corrente e uma bobina de tensão.

Figura 15. Um wattímetro analógico.


Fonte: Sadiku, Musa e Alexander (2014, p. 53).

Segundo Sadiku, Musa e Alexander (2014), uma vez que definimos a


potência como o produto entre a tensão e a corrente, qualquer medidor pro-
jetado para medir a potência deve considerar tanto a tensão como a corrente.
Os wattímetros normalmente são projetados tendo como base o movimento
de medidores dinamômetros, que empregam ao mesmo tempo as bobinas de
tensão e de corrente para mover a agulha (veja na Figura 16 a bobina medidora
de corrente na horizontal e a bobina medidora de tensão na vertical).

Figura 16. Um wattímetro conectado a uma carga.


Fonte: Sadiku, Musa e Alexander (2014, p. 53).
Medições de corrente, tensão, resistência e potência II 65

A força de movimento de um wattímetro é gerada pelo campo de sua bobina


de corrente e pelo campo de sua bobina de tensão. A força que atua sobre a
bobina móvel em qualquer instante (tendendo a movê-la) é proporcional ao
produto dos valores instantâneos de corrente e de tensão. Mesmo existindo
wattímetros digitais, a maior parte dos wattímetros usados é analógica. Recen-
temente, com a ênfase na economia de energia, aumentou o uso do wattímetro
digital de pequeno porte. Seu funcionamento é simples: basta conectá-lo na
tomada de parede e ligar nele o aparelho que se deseja medir.

Cuidados com o multímetro


O multímetro é um instrumento utilizado no dia a dia de profissionais que
trabalham com eletrônica e eletricidade. Alguns procedimentos relativos à
segurança, à conservação e ao manejo contribuem para que o equipamento
apresente boas condições de uso durante muito tempo e são apresentados a
seguir.

Procedimentos de segurança
 Mantenha o multímetro sempre longe das extremidades da bancada.
 Nunca coloque o multímetro sobre qualquer outro objeto ou equipa-
mento, devido ao risco de queda.
 Sempre que o instrumento não estiver em uso coloque a chave seletora
de escala na posição desligado (OFF).

Procedimentos de conservação
 Limpe o instrumento apenas com pano limpo e seco.

Procedimentos de manuseio
 A posição da chave seletora deve ser adequada para cada tipo de medição.
 As pontas de prova devem ser introduzidas nos bornes correspondentes.
 Nas medições de tensão CC, sempre deve ser observada a polaridade.
 Na medição da tensão, o valor determinado pela chave seletora do
instrumento não deve ser excedido.
66 Eletrotécnica

1. Medição de continuidade d) Impedância, isolante


também pode ser considerada e) Resistência, condutor
medição de: 4. É importante conhecer os múltiplos
a) Tensão sobre o componente. do Ohm (Ω). Neste caso, 1 megohm
b) Resistência do componente. (MΩ) e 1 quilohm (kΩ) equivalem,
c) Corrente do componente. respectivamente, a:
d) Impedância do componente. a) 10.000 Ω e 1.000.000 Ω
e) Potência do componente. b) 1.000.000 Ω e 1.000 Ω
2. O wattímetro mede: c) 10 Ω e 100 Ω
a) Resistência d) 100Ω e 1.000Ω
b) Potência elétrica e) 1.000.000Ω e 10.000Ω
c) Continuidade 5. Medições de baixa resistência
d) Tensão caracterizam um ______________
e) Corrente e medições de resistência
3. Um material que permite a infinita caracterizam
passagem da corrente elétrica __________________.
com facilidade tem baixa a) Circuito aberto, curto.
______________, sendo denominado b) Descontinuidade, curto.
_______________________. c) Curto, circuito aberto.
a) Tensão, condutor d) Circuito aberto, descontinuidade.
b) Potência, isolante e) Mau contato, curto.
c) Corrente, semicondutor

PETRUZELLA, F. D. Eletrotécnica I. Porto Alegre: AMGH, 2013. (Série Tekne).


SADIKU, M. N. O.; MUSA, S.; ALEXANDER, C. K. Análise de circuitos elétricos com aplicações.
Porto Alegre: AMGH, 2014.

Leitura recomendada
FOWLER, R. Fundamentos de eletricidade: corrente alternada e instrumentos de medição.
7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. (Corrente Alternada e Instrumentos de Medição, v. 2).
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR

A resistência pode ser medida por instrumentos analógicos ou digitais. A medição de resistência
de um condutor ou circuito é feita em paralelo, sobre o componente. Um circuito em curto
apresenta baixa resistência. Um circuito aberto apresenta resistência infinita. Medição de
continuidade é também medição de resistência.

Vamos acompanhar mais detalhes no vídeo.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) Medição de continuidade também pode ser considerada medição de:

A) Tensão sobre o componente.

B) Resistência do componente.

C) Corrente do componente.

D) Impedância do componente.

E) Potência do componente.

2) Medidores analógicos de resistência usam um _____________ e um sistema mecânico


de movimento. O medidor consiste em uma ____________ suspensa entre os pólos de
um ____________ na forma de ferradura.

A) Display, bobina fixa, eletroimã.


B) Indicador, bobina móvel, eletroimã.

C) Ponteiro, bobina fixa, imã permanente.

D) Display, bobina fixa, imã permanente.

E) Ponteiro, bobina móvel, imã permanente.

3) Medidores digitais de resistência tem ______________, circuito eletrônico _________


dedicado, conversor A/D, tem ______ precisão e custos _________, tem leitura
________ confiável.

A) Ponteiro, digital, menor, maiores, mais.

B) Display decimal, maior, menores, menos.

C) Display decimal, digital, maior, menores, mais.

D) Ponteiro, analógico, maior, maiores, mais.

E) Display decimal, analógico, maior, menores, menos.

4) O ohmímetro é conectado _________ para medir a resistência:

A) Sobre a fonte de tensão.

B) Em paralelo com a fonte de tensão.

C) Entre o ponto e o terra.


D) Em série.

E) Sobre o componente ou circuito.

5) Medições de baixa resistência caracterizam um _________ e medições de resistência


infinita caracterizam ______________.

A) Circuito aberto, curto.

B) Descontinuidade, curto.

C) Curto, circuito aberto.

D) Circuito aberto, descontinuidade.

E) Mal contato, curto.

NA PRÁTICA

A medição de resistência é importante para o profissional de manutenção elétrica, pois com o


ohmímetro o profissional rapidamente verifica continuidade de componentes, condutores e
circuitos elétricos. Um solenóide de uma eletroválvula com suspeita de anormalidade pode ser
verificado com a medição de resistência, estimada dentro de valores normais para o
enrolamento. Uma resistência infinita indica componente aberto, queimado, como uma lâmpada.
Se a resistência for baixa, indica curto circuito interno. Motores elétricos também podem ser
verificados pelo mesmo método.
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Conceitos de Tensão, Corrente e Resistência Elétrica

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Medição de corrente

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Amperímetro - Medindo a corrente elétrica alternada do chuveiro

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Conexões elétricas

APRESENTAÇÃO

Nesta unidade estudaremos as conexões elétricas em Eletrotécnica, a importância de conexões


bem feitas e duráveis, tipos de conexões e conectores.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Descrever os efeitos negativos de uma conexão elétrica mal feita.


• Instalar corretamente conectores com terminal tipo parafuso, mecânico e de compressão.
• Explicar os princípios da soldagem e suas vantagens.

DESAFIO

No quadro de comando de sua residência, com tensão de 220 volts monofásico, você tem um
disjuntor exclusivo para o chuveiro de 32 ampéres. A potência do chuveiro é 6000 watts. Está
acontecendo frequentemente queda do disjuntor, após cinco minutos de uso do chuveiro.

INFOGRÁFICO

Veja na ilustração o esquema do que veremos nesta unidade referente ao entendimento dos
conceitos de conexões elétricas em Eletrotécnica, a importância de conexões bem feitas e
duráveis, tipos de conexões e conectores.
Figura 1

CONTEÚDO DO LIVRO

Conexões elétricas que fornecem a máxima condutividade são parte essencial de todo o circuito.
Podem ser o elo mais fraco, por problemas de perda de potência e se bem feitas são duráveis e
seguras, leia o livro Eletrotécnica I, de Frank D. Petruzella, da Série Tekne, serve de base
teórica para a Unidade de Aprendizagem. Inicie a leitura a partir do título "A necessidade de
conexões elétricas adequadas".

Boa leitura.
O autor
Frank D. Petruzella tem uma extensa prática no campo de eletrotécnica, bem como muitos anos de experiência
de ensino e de publicação de livros na área. Antes de se dedicar exclusivamente ao ensino, ele atuou como aprendiz
e eletricista de instalação e manutenção. Mestre em Ciências pela Niagara University e Bacharel em Ciências pela
State University of New York College-Buffalo, tem formação também em Eletrotécnica e Eletrônica pelo Erie County
Technical Institute.

P498e Petruzella, Frank D.


Eletrotécnica I [recurso eletrônico] / Frank D. Petruzella ;
tradução: Rafael Silva Alípio ; revisão técnica: Antonio
Pertence Júnior. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre :
AMGH, 2014.

Editado também como livro impresso em 2014.


ISBN 978-85-8055-287-4

1. Engenharia elétrica. 2. Eletrotécnica. I. Título.

CDU 621

Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052


A necessidade de conexões elétricas adequadas
Quase todas as instalações ou manutenções elétricas consistem na conexão de fios a termi-
nais ou a outros fios. Os cortes, as emendas e as conexões de fios elétricos devem ser feitos
de forma correta ou problemas aparecerão. Uma conexão elétrica mal feita terá uma resistên-
cia mais alta do que a normal. Em circuitos elétricos de corrente mais elevada, isso resulta em
uma quantidade excessiva de calor sendo produzida na conexão quando uma corrente nor-
mal flui através do circuito (Figura 6-1). A conexão
elétrica ruim também reduzirá a energia total nor-
Energia térmica perdida malmente disponível para a carga. Isso acontece
porque uma parte da energia fornecida é usada
para produzir calor indesejável no ponto de cone-
xão defeituoso. Conexões de alta resistência em
junções de fios ou terminais de tomadas podem ser
causadas por: emendas mal feitas, conexões frouxas
Conexão frouxa Conexão corroída
ou intermitentes ou conexões corroídas em algum
Figura 6-1 Conexões de alta resistência. lugar no circuito.
Circuitos eletrônicos, como circuitos de voz e dados, operam com baixos níveis de tensão e de
corrente. Nesses circuitos, conexões de alta resistência podem provocar o enfraquecimento
ou mesmo a perda dos sinais de controle. É importante manter um bom contato elétrico com
esse tipo de conexão de modo a minimizar as perdas devido à resistência. Os conectores de
borda em placas de circuito impresso devem se encaixar sem folga em seus conectores para
minimizar a resistência de contato (Figura 6-2).

sso
pre
o im
uit
circ
de
ca
Pla

or
nect
Co
Eletrotécnica I

Figura 6-2 Os conectores de borda em placas de circuito impresso devem se encaixar sem folga
em seus conectores.
Preparando o fio para conexão
Os fios elétricos utilizados em instalações são totalmente isolados com um tipo aprovado de
material isolante, como plástico ou borracha. Essa cobertura isolante deve ser removida (des-
cascada ou desencapada) antes que o fio possa ser adequadamente conectado a qualquer
coisa. A quantidade de isolação a ser descascada da ponta do fio depende do tipo de conexão
que você vai fazer. Remova isolação suficiente de modo que o condutor entre completamente
no conector e a isolação se ajuste próxima ao conector, mas não dentro dele.
Desencapadores ou descascadores de fio são ferramentas especiais usadas para remover a isola-
ção de fios que vão ser juntados (emendados) ou conectados. Um tipo de descascador (Figura
6-3) tem uma série de aberturas afiadas em sua lâmina de tesoura para descascar fios de di-
ferentes bitolas ou diâmetros. A bitola ou seção do fio deve ser compatível com a abertura no
descascador de fio para evitar cortar o fio internamente e enfraquecê-lo.
Se você estiver desencapando um fio com uma faca, tenha cuidado para não cortar o fio e
enfraquecê-lo. Não corte em linha reta no isolamento. Incline a lâmina de sua faca em um ân-
gulo em direção à extremidade do fio, como você faria se estivesse apontando um lápis (Figura
6-4). Uma vez cortada a isolação, puxe-a do fio usando seus dedos ou um alicate.

1. Insira a extremidade do
fio dentro da abertura de
tamanho apropriado.
2. Feche o descascador
em torno do fio. A ferramenta
deve cortar através da isolação,
mas não do fio.
3. Puxe a isolação da extremidade do fio.

14
Conexões elétricas

Figura 6-3 Utilizando um descascador de fio.

Afunilando
Perpendicular
capítulo 6

Maneira correta Maneira incorreta


Figura 6-4 Utilizando uma faca para remover a isolação.
O calor de um ferro de solda pode remover a isolação de certos fios, incluindo alguns fios mag-
néticos. Fios com vernizes e esmaltes de isolamento têm a isolação removida quimicamente
com um solvente de tinta.

Conexão com terminal tipo parafuso


O tipo mais simples e comum de conexão elétrica é a conexão elétrica com terminal do tipo
parafuso. Quando você está instalando a fiação de dispositivos elétricos, como interruptores
ou suportes de lâmpadas, esse é o tipo de conexão mais usado. As conexões em terminais do
tipo parafuso são feitas formando um laço na extremidade (desencapada) do fio e ajustando-o
em volta da cabeça do parafuso (Figura 6-5).
Para condutores de alumínio, os terminais são feitos de alumínio ou ligas de alumínio para
fornecer o melhor meio-termo entre condutividade elétrica e resistência mecânica. Em geral,
para condutores de cobre, os terminais são feitos ou de cobre puro ou de ligas de bronze e

Dobre na
forma de
laço

Maneira correta Maneira incorreta

Prenda o fio

1. Remova apenas isolação suficiente para fazer um laço de fio


desencapado em volta do terminal parafuso (cerca de ¾ de polegada).
Se o condutor é formado por vários filamentos (encordoado),
os filamentos desencapados devem ser bem torcidos
e, em seguida, estanhados.
2. Use um alicate de bico fino para dobrar o fio desencapado na
forma de um laço.
3. Afrouxe o parafuso com uma chave de fenda, mas
não o remova de seu furo.
4. Enganche o fio no topo do parafuso no sentido horário. Desse modo, o
fio vai se acomodar em torno do parafuso e não ser empurrado para
fora dele à medida que o parafuso é apertado.
Eletrotécnica I

5. Feche o laço em torno do parafuso com o alicate e aperte o parafuso.


6. Não deve haver fio desencapado se estendendo além da cabeça do
parafuso. Se isso acontecer, você retirou muita isolação e o fio
desencapado deve ser encurtado.

Figura 6-5 Conexão em terminais do tipo parafuso.


latão. Nunca misture condutores de cobre e alumínio
no mesmo terminal, a menos que eles sejam especi- CU/AL Uma classificação
ficados para essa finalidade. Sempre use dispositivos dupla indica que o interruptor
é projetado para uso tanto
especificados para cobre se estiver utilizando condu- CU/AL
com fios de cobre quanto de
tores de cobre, e dispositivos especificados para alu- alumínio
mínio se estiver utilizando condutores de alumínio.
Uma razão para isso é que, quando a isolação é remo-
vida do fio de alumínio e ele é exposto ao ar, um filme
de isolação ou óxido se forma imediatamente sobre o
fio. Isso significa que talvez tenhamos uma conexão
ruim e um sobreaquecimento no interruptor ou no
receptáculo, a menos que o terminal ou o dispositivo
seja construído com os contatos corretos projetados Figura 6-6 Conectores de dupla classificação.
para romper o filme e garantir uma boa conexão no
dispositivo. Compostos antioxidantes podem ser colocados nos condutores de alumínio a
fim de garantir uma boa conexão elétrica a longo prazo. Conectores de dupla classificação
construídos de ligas de alumínio banhadas podem ser usados para realizar emendas ou ter-
minações com condutores de cobre. Esses dispositivos costumam ser marcados com uma
indicação do tipo CU/AL ou similar, e são especificamente projetados e aprovados para ga-
rantir uma boa conexão com o uso de uma área de contato maior e materiais compatíveis
(Figura 6-6).
Marcadores de fio (Figura 6-7) são frequentemente empregados para identificar fios e unir as
extremidades terminais (isso é útil para identificar cada lado de um fio, ou seja, por onde ele
entra e por onde ele sai). Além de possibilitar a rápida localização dos fios em um circuito, a
marcação de fios e extremidades é importante na realização de testes em determinados circui-
tos e na reposição de fios e de componentes ligados a eles.

NO DO
CONTEÚDO
CATÁLOGO
45 Cada: 0-9 45-101

Marcadores
de fio
Conexões elétricas

e
marcadores
de terminais
correspondentes

Identificação positiva
Autoaderente
Permanente
Resistente a óleo e água
capítulo 6

Figura 6-7 Marcadores de fio.


Conectores de compressão e conectores de aperto
mecânico tipo parafuso
O método mais utilizado para fazer uma conexão elétrica é pela criação e manutenção de
uma pressão externa. Isso é feito utilizando ou conectores de compressão ou conectores de aper-
to mecânico do tipo parafuso. Em ambos os casos, para garantir uma conexão boa e durável,
deve-se limpar e preparar adequadamente as superfícies e aplicar uma força de aperto (ou de
compressão) suficiente.
Um conector de compressão serve para juntar duas extremidades (também chamado butt-type
connector). Os fios são inseridos em uma luva especial, isolada ou não, para a retenção dos
condutores. Um alicate de compressão (ou alicate de crimpagem ou crimpador) é então usado
para comprimir (crimpar) os fios na luva (Figura 6-8). Diferentes formas de terminais próprios
para crimpagem estão disponíveis (Figura 6-9). Esses terminais podem ser usados para a cone-
xão de fios a um dado tipo de terminação.

1. Selecione o conector de
Conector de compressão compressão de tamanho
não isolado adequado para encaixar os fios.
2. Retire uma pequena quantidade de
isolação das extremidades dos fios a
serem juntados.
Conector de compressão 3. Insira um dos fios até metade do
pré-isolado conector e comprima (“crimpe”) o
conector para prender o fio.
Área de descascar os fios
4. Insira o outro fio na outra
extremidade do conector e
comprima o conector para
prender o fio.
5. Puxe os fios para ter certeza de que
Área de Área de corte
eles estão firmemente presos.
crimpagem
6. Para conectores sem isolação,
Alicate de crimpagem envolva a conexão com fita
isolante ou use uma seção de
tubo termocontrátil para
proteger a conexão contra
sujeira e umidade.

Crimpagem final
achatada

Garra
superior
Abas dos
Fio
terminais
Eletrotécnica I

Bigorna abas giradas


comprimido
Processo de crimpagem

Figura 6-8 Processo de crimpagem de um conector de compressão.


Terminal fêmea Terminal macho

Terminal em anel

Terminal espada

Figura 6-9 Diferentes formas de terminais para crimpagem.

A compressão de um conector em um cabo com o uso de um alicate de compressão fornece


uma conexão melhor e mais durável, tendo em conta os métodos existentes (Figura 6-10).
Esses conectores sem solda são feitos na forma de uma peça tubular para a instalação com
uma ferramenta de compressão manual ou com um alicate hidráulico. Para garantir uma boa
conexão, você deve selecionar o tamanho e o estilo corretos de conector e de ferramenta e
descascar o condutor de acordo com as recomendações do fabricante. É importante que o
Conexões elétricas

cabo e o conector estejam limpos e livres de corrosão e oxidação. Os fios do cabo são então
comprimidos dentro do tubo de cobre pela ferramenta de compressão até que eles formem
uma massa sólida de cobre. Um cabo de cobre pode ser instalado em um conector de com-
pressão de cobre (conectores americanos desse tipo são classificados como “CU”) ou em um
conector de dupla classificação (ou seja, especificado para uso com cobre e alumínio – co-
nectores americanos desse tipo são classificados como “AL9CU”). Cabos de alumínio podem
ser instalados apenas em conectores de compressão de alumínio ou de dupla classificação
capítulo 6

(conectores americanos desse tipo são classificados como “AL”, “AL7CU” ou “AL9CU”). Cabos de
alumínio nunca devem ser instalados em um conector de cobre. O processo de oxidação é
acelerado quando dois materiais diferentes estão em contato um com o outro. Isso pode ser
DICA DO PROFESSOR

Conexões elétricas, quando são inadequadas ou com mal contato, frouxas e com oxidação,
resultam em perda de potência pelo aumento de resistência que ela implica. Vamos acompanhar
mais detalhes no vídeo.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) Os principais tipos de conexão elétrica são:

A) Colagem, soldagem, aperto mecânico e compressão.

B) Aperto mecânico tipo parafuso, soldagem e parafuso.

C) Parafuso, compressão, aperto mecânico tipo parafuso e soldagem.

D) Emenda, soldagem e compressão.

E) Crimpagem, parafuso e torção.

2) Quais são os meios mais utilizados para fazer uma conexão elétrica em fiação de
quadros de comando industriais?

A) Parafuso e soldagem.

B) Emenda e crimpagem.
C) Torção e soldagem.

D) Conectores de compressão e conectores de aperto mecânico tipo parafuso.

E) Parafuso e torção.

3) A ferramenta mais adequada para remover a isolação dos fios é:

A) Alicate de bico fino.

B) Desencapadores ou descascadores de fio.

C) Canivete.

D) Alicate de bico chato.

E) Estilete.

4) A ferramenta mais adequada para comprimir (crimpar) fios nos terminais é:

A) Alicate universal.

B) Morsa.

C) Prensa.

D) Alicate de bico fino.

E) Alicate de compressão ou crimpagem.


5) Para fazer reparos de isolamento de união de fios usamos:

A) Fita isolante ou tubo termocontrátil.

B) Fita adesiva e durex.

C) Fita isolante e fita vedante.

D) Tubo termocontrátil e fita adesiva.

E) Fios elétricos podem ficar sem isolamento.

NA PRÁTICA

Figura 2
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Conectores elétricos.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Como instalar um chuveiro elétrico.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Conectores de torção.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

FERRAMENTAS - Alicate desencapador de fios e crimpador de terminais.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Resistores e Aplicações em Eletrotécnica

APRESENTAÇÃO

Nesta unidade, estudaremos sobre resistores: tipos, utilizações, especificações, código de cores,
configurações.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar os diferentes tipos de resistores e as maneiras como são especificados.


• Utilizar o código de cores dos resistores para determinar o valor da resistência.
• Calcular a resistência total de diferentes configurações de resistores em série e em
paralelo.

DESAFIO

Explore o conteúdo e pesquise. Use todas as ferramentas disponíveis para solucionar o


problema.

Vamos ao desafio!

Você tem um equipamento de som tipo mini-system de três canais: um subwoofer (graves) de 5
Watts e 8 Ohms, e dois canais estéreo de 2,5 Watts cada. No caso de você não utilizar o
subwoofer, você tem de ligar um resistor de carga no lugar do alto-falante para não queimar o
circuito de saída. Você tem dois resistores de 4,7 Ohms de resistência e 3 Watts de potência de
dissipação. Como você vai fazer a ligação desses resistores de modo a atender a necessidade do
equipamento?

INFOGRÁFICO

Veja, na ilustração, um esquema do que veremos nesta unidade referente ao entendimento dos
conceitos de resistor: tipos, aplicações, especificações, código de cores, usos como divisores de
tensão e corrente.

CONTEÚDO DO LIVRO

Leia o capítulo Resistores e Aplicações em Eletrotécnica que faz parte da obra Eletrotécnica e é
a base teórica desta Unidade de Aprendizagem.

Boa leitura.
ELETROTÉCNICA

Diogo Braga da
Costa Souza
S719e Souza, Diogo Braga da Costa.
Eletrotécnica [recurso eletrônico] / Diogo Braga da
Costa Souza, Rodrigo Rodrigues. – Porto Alegre :
SAGAH, 2017.

Editado como livro em 2017.


ISBN 978-85-9502-055-9
1. Eletrotécnica. 2. Engenharia elétrica. I. Rodrigues,
Rodrigo. II. Título.

CDU 621.3

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


Resistores e aplicações
em eletrotécnica
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar os diferentes tipos de resistores e as maneiras como são


especificados.
 Utilizar o código de cores dos resistores para determinar o valor da
resistência.
 Calcular a resistência total de diferentes configurações de resistores
em série e em paralelo.

Introdução
Neste capítulo, você vai saber mais sobre os resistores, conhecendo seus
principais tipos, suas utilizações, suas especificações, seu código de cores
e suas configurações.

Os resistores comerciais
Os resistores são utilizados para regular o nível de corrente nos circuitos ele-
trônicos. Como é inviável produzir todos os valores de resistência, há valores
comerciais de resistores os quais estão disponíveis na Tabela 1:
68 Eletrotécnica

Tabela 1. Valores comerciais de resistores.

1,0 1,1 1,2 1,3 1,5 1,6

1,8 2,0 2,2 2,4 2,7 3,0

3,3 3,6 3,9 4,3 4,7 5,1

5,6 6,2 6,8 7,5 8,2 9,1

Fonte: Adaptada de Boylestad (2011).

Os múltiplos e submúltiplos dos valores presentes na Tabela 1 são os valores


de resistências dos resistores comerciais.
Como há uma vasta variedade de utilização dos resistores, há também
diferentes tipos, e cada tipo possui especificações que atendem a utilizações
específicas.

Resistores de resistência fixa


Os resistores de resistência fixa estão presentes em diversos circuitos ele-
trônicos. Sua principal característica é seu valor constante de resistência
quando utilizado em suas condições nominais. Seus tipos são diferenciados
pelas possíveis aplicações, pela potência nominal e pelo seu nível de tolerância
(MARCUS, 2001). Você vai ver agora alguns dos mais utilizados:

 Resistor de filme de carbono: É o tipo de resistor mais antigo do mercado


e comumente o mais barato. Sua composição é com grãos de carvão
misturados com um material isolante (antigamente era a borracha vul-
canizada, mas ela foi substituída pela cerâmica), conforme mostrado na
Figura. Possui valores de tolerância que variam entre 5 e 10%, sendo
um tipo de resistor de baixa precisão.
Resistores e aplicações em eletrotécnica 69

Figura 1. Ilustração de composição de um resistor de filme de carbono.


Fonte: Mundo da Elétrica (2017).

 Resistor de filme metálico: São resistores que constituem filmes me-


tálicos enrolados junto a um bastão de cerâmica, conforme a Figura 2.
Seu valor de resistência é definido pela espessura do filme metálico,
conforme a segunda lei de Ohm. Estes resistores possuem valores de
tolerância menores que os dos resistores de filme de carbono, variando
de 1 a 5%.

Figura 2. Ilustração de composição de um resistor de filme metálico.


Fonte: Mundo da Elétrica (2017).

 Resistores de fio: São resistores aplicados em circuitos de potências


maiores, pois são o tipo de resistor fixo que suporta os maiores níveis
de potência. Os resistores de fio são constituídos por um longo fio
70 Eletrotécnica

condutor, normalmente de nicromo, conforme a Figura 3. Seu valor de


resistência é determinado pelo comprimento e pela seção do fio utili-
zado, conforme a segunda lei de OHM. Diferentemente dos outros tipos
descritos, este resistor não é especificado pelo código de cores, mas,
sim, por um código impresso no dispositivo. Estes resistores possuem
altos níveis de tolerância, que variam entre 5 e 20%.

Figura 3. Ilustração de composição de um resistor de fio.


Fonte: Mundo da Elétrica (2017).

 Resistores SMD: Todos os outros resistores citados anteriormente são


do tipo PTH, os quais necessitam de furos na placa para fixação. Já os
componentes SMD não necessitam destes furos, possibilitando uma
menor ocupação de espaço físico, reduzindo muito o tamanho dos
circuitos. Estes resistores possuem baixas tolerâncias, que variam entre
1 e 5%, devido a sua aplicação.
Resistores e aplicações em eletrotécnica 71

Figura 4. Resistores SMD.


Fonte: Szasz-Fabian Jozsef / Shutterstock.com.

Resistores de resistência variável


São resistores que variam o seu valor de resistência mesmo em condições
nominais de acordo com um estímulo externo (MARCUS, 2001). Os tipos de
resistores variáveis manualmente são:

 Potenciômetros: São resistores variáveis manuais que podem ser rota-


tivos ou deslizantes. Estes dispositivos são utilizados como interface
de equipamentos com o usuário, como no controle de volume de equi-
pamentos sonoros.

Figura 5. Potenciômetro rotativo.


Fonte: Optimarc / Shutterstock.com.
72 Eletrotécnica

 Trimpot: Possui funcionamento similar ao dos potenciômetros, mas com


intuitos diferentes. Os trimpots são utilizados em aplicações que exigem
ajustes internos, realizados apenas por profissionais qualificados, não
sendo acessíveis ao usuário.

Figura 6. Trimpots.
Fonte: Lefteris Papaulakis/ Sutterstock.com.

 Reostato: É um tipo de resistência variável manualmente que se diferen-


cia dos potenciômetros e dos trimpots pelos seus altos níveis de potências
nominais. Este equipamento é utilizado para controle em motores.

Figura 7. Reostato.
Fonte: Egorcos / Shutterstock.com.
Resistores e aplicações em eletrotécnica 73

 Década resistiva: É um equipamento que possui vários ajustes para a


determinação de valores de resistência com muita precisão. Este tipo
de equipamento é utilizado em laboratórios de calibração.

Figura 8. Década resistiva.


Fonte: Bagarel (c2006-2017).

Para conhecer mais sobre a aplicação de décadas resistivas nos processos de calibração
de equipamentos de medição de resistência, consulte o Manual de instruções técnicas
(COPEL, 2007).

Código de cores
Para determinar as características do resistor, é impresso em cada componente
um código que representa os seus valores nominais. Um dos tipos mais comuns
de código para resistores é o código de cores, em que cada cor representa um
valor, conforme a Figura 9. Com a leitura correta, é possível determinar a
especificação do resistor (MARCUS, 2001).
74 Eletrotécnica

Para visualizar os códigos


de cores de resistores com
mais detalhes, utilize o
código abaixo.

Figura 9. Valores correspondentes às cores.


Fonte: Fouad A. Saad / Shutterstock.com

No comércio existem resistores de 4 faixas, 5 faixas e 6 faixas, sendo que


cada um destes possui uma leitura adequada. Com base na Figura 8, você vai
ver agora como é feita essa leitura.

Resistores de 4 faixas
Os resistores de 4 faixas possuem os maiores valores de tolerância de seus
valores de resistência, de 5 a 10%, e o menor preço. Assim, essas características
o tornam o tipo mais utilizado em equipamentos simples, com baixa precisão
(BOYLESTAD, 2011).
Sua leitura é realizada de acordo com os seguintes passos:

1. As cores das duas primeiras faixas são lidas juntas, formando um


número de dois algarismos decimais.
2. A cor da terceira faixa é o expoente de 10, o qual representará o fator
multiplicador para o valor encontrado nas duas primeiras faixas.
Resistores e aplicações em eletrotécnica 75

3. A cor da quarta faixa representa o valor de tolerância da resistência do


resistor. Se o resistor possuir apenas 3 faixas, isso significa que não
há faixa de tolerância, considerando-se, assim, +/-20% como valor de
tolerância.

1ª Faixa: marrom = 1
2ª Faixa: vermelho = 2
3ª Faixa: dourado = -1
4ª Faixa: prata = 10%

4. Unimos os valores das duas primeiras faixas:

5. Aplicamos o expoente de 10, presente na terceira faixa, para formar o


fator multiplicador:

6. Aplicamos o valor da tolerância, representado pela cor da quarta faixa:

Com a leitura realizada, o valor da resistência do resistor do exemplo é


1,2 Ω, com tolerância de +/-10%. Assim, este resistor pode possuir qualquer
valor de resistência entre 1,08 e 1,32 Ω.

Resistores de 5 faixas
Esses resistores possuem maior precisão (daí sua classificação como “resis-
tores de precisão”), e seu valor de tolerância comumente é menor, de 1 a 2%.
76 Eletrotécnica

As aplicações desse tipo de resistor incluem os equipamentos utilizados em


instrumentação e os equipamentos hospitalares, que exigem alta precisão
(BOYLESTAD, 2011).
A leitura do seu valor de resistência é realizada de acordo com os seguintes
passos:

1. As cores das três primeiras faixas são lidas juntas, formando um número
de três algarismos decimais, o que possibilita uma maior precisão do
valor de resistência.
2. A cor da quarta faixa é o expoente de 10, o qual representará o fator
multiplicador para o valor encontrado nas duas primeiras faixas.
3. A cor da quinta faixa representa o valor de tolerância da resistência do
resistor. Se o resistor possuir apenas 3 faixas, isso significa que não
há faixa de tolerância, considerando-se, assim, +/-20% como valor de
tolerância.

1ª Faixa: azul = 6
2ª Faixa: prata = 8
3ª Faixa: preto = 0
4ª Faixa: vermelho = 2
5ª Faixa: dourado = 5%

4. Unimos os valores das três primeiras faixas:

5. Aplicamos o expoente de 10, presente na quarta faixa, para formar o


fator multiplicador:
Resistores e aplicações em eletrotécnica 77

6. Aplicamos o valor da tolerância, representado pela cor da quinta faixa:

7. Com a leitura realizada, o valor da resistência do resistor do exemplo


é 68 kΩ, com tolerância de +/-5%. Assim, este resistor pode possuir
qualquer valor de resistência entre 64,6 e 71,4 kΩ.

Resistores de 6 faixas
Estes resistores são muito parecidos com os de 5 faixas, mas com uma informação
que torna o seu valor de resistência mais preciso. A sexta faixa determina a
variação de resistência referente à variação de temperatura (BOYLESTAD, 2011).
A leitura desse tipo de resistor é feita de acordo com os seguintes passos:

1. As cores das três primeiras faixas são lidas juntas, formando um número
de três algarismos decimais, o que possibilita uma maior precisão do
valor de resistência;
2. A cor da quarta faixa é o expoente de dez, o qual representará o fator
multiplicador ao valor encontrado nas duas primeiras faixas;
3. A cor da quinta faixa representa o valor de tolerância da resistência do
resistor. Se o resistor possuir apenas 3 faixas significa que não há faixa de
tolerância, sendo assim, considera-se +/-20% como valor de tolerância.
4. A cor da sexta faixa representa o coeficiente de temperatura da resis-
tência cuja unidade representa parte por milhão por grau Kelvin.

1ª Faixa: verde = 5
2ª Faixa: azul = 6
3ª Faixa: preto = 0
4ª Faixa: alaranjado = 3
5ª Faixa: dourado = 5%
6ª Faixa: vermelho = 50 ppm
78 Eletrotécnica

1. Unimos os valores das três primeiras faixas:

2. Aplicamos o expoente de 10, presente na quarta faixa, para formar o


fator multiplicador:

3. Aplicamos o valor da tolerância, representado pela cor da quinta faixa:

4. Aplicamos o valor do coeficiente de temperatura sobre o valor do re-


sistor, representado pela cor da sexta faixa. Isso significa que, com a
variação de temperatura, sua resistência variará:

5. Haverá variação de 28 Ω a cada grau Kelvin de variação de temperatura.

Com a leitura realizada, o valor da resistência do resistor do exemplo é


560 kΩ, com tolerância de +/-5%. Assim, este resistor pode possuir qualquer
valor de resistência entre 532 e 588 kΩ, com uma variação de 28 Ω/K (isto é,
uma variação de 0,005% por grau Kelvin).

Para saber mais sobre a influência da variação de temperatura na resistência dos


resistores, consulte o livro Introdução à Análise de Circuitos (BOYLESTAD, 2011).
Resistores e aplicações em eletrotécnica 79

Associação de resistores
Os resistores podem ser associados de diversas formas, possibilitando a ob-
tenção de circuitos cuja resistência equivalente seja um valor diferente dos
valores comerciais de resistências. A associação de resistores é feita de duas
formas básicas: associação série e associação paralela. Qualquer outra as-
sociação diferente consiste na junção das duas, e é denominada associação
mista (BOYLESTAD, 2011).

Associação série
Os resistores estão em série se estiverem no mesmo ramo, não havendo nós
entre eles, conforme o circuito da Figura 10. A mesma corrente circula em
todos os resistores (BOYLESTAD, 2011).

Figura 10. Circuito de associação série de resistores.

O cálculo da resistência total dos circuitos em série é realizado por meio


da soma dos valores de resistência dos resistores associados. Para o circuito
da Figura 10, obtemos o valor de resistência total, Rab, por:
80 Eletrotécnica

Veja um exemplo:

No circuito da Figura 10, considerando os valores dos resistores R1, R2, R3, R4 e R5 como
4,7 kΩ, 5,1 kΩ, 10 kΩ, 2,2kΩ e 300 Ω, respectivamente, qual será o valor da resistência
equivalente, Rab, do circuito?
Resolução: como as resistências estão em série, o valor de resistência total é obtido
pela soma das resistências dos resistores. Assim:

Associação paralela
Nesse tipo de associação, os resistores estão em paralelo, e todos eles estão
ligados nos mesmos nós, como mostrado na Figura 11. Observe que todos os
resistores estão ligados diretamente aos pontos “a” e “b” (BOYLESTAD, 2011).

Figura 11. Circuito de associação paralela de resistores.

O cálculo da resistência total do circuito de associação paralela é realizado


por meio da seguinte expressão:
Resistores e aplicações em eletrotécnica 81

Essa expressão calcula a resistência total de qualquer circuito paralelo que


tenha qualquer quantidade de resistores.
Veja um exemplo.

No circuito da Figura 11, considerando os valores dos resistores R1, R2, R3, R4 e R5 como
4,7 kΩ, 5,1 kΩ, 10 kΩ, 2,2kΩ e 300 Ω, respectivamente, qual será o valor da resistência
total, Rab, do circuito?
Resolução: Como as resistências estão em paralelo, o valor do inverso da resistência
total é obtido pela soma dos inversos das resistências dos resistores.

Associação mista
Na associação de resistores mista, utilizamos parte do circuito em série, e
parte em paralelo, formando um circuito diferente dos tipos série e paralelo
(BOYLESTAD, 2011).

Figura 12. Circuito de associação mista de resistores.


82 Eletrotécnica

O melhor método para a resolução desse tipo de associação é utilizaras


expressões de solução dos métodos básicos, série e paralelo, unindo as resis-
tências. Assim, primeiro calculamos as resistências equivalentes série; depois,
calculamos as resistências paralelas, até que o circuito seja reduzido a apenas
um valor de resistência, a resistência total.
Veja um exemplo.

No circuito da Figura 12, considerando os valores dos resistores R1, R2, R3 e R4 como
4,7 kΩ, 5,1 kΩ, 10 kΩ, 2,2kΩ, respectivamente, qual será o valor da resistência total,
Rab, do circuito?
Resolução: Iniciamos a análise dos circuitos mistos por meio da associação de resis-
tores em série, como os resistores R3 e R4:

O valor equivalente à associação série de R34 é 12,2 kΩ, reduzindo o circuito inicial
ao circuito equivalente 1, mostrado a seguir.

A partir do circuito equivalente 1, é possível verificar a associação paralela entre R2


e R34.Assim, o próximo passo é calcular R234:
Resistores e aplicações em eletrotécnica 83

O valor equivalente à associação série de R234 é 3596,53 Ω, reduzindo o circuito


equivalente 1 ao circuito equivalente 2, mostrado a seguir.

A partir do circuito equivalente 2, é possível determinar a última associação necessária


ao exemplo. Neste caso, é uma associação série entre R1 e R234.

O resultado do cálculo do valor da resistência total do circuito representa um valor


de resistência que pode substituir todos os resistores do circuito, possuindo a mesma
resposta de corrente se aplicado o mesmo nível de tensão nos dois circuitos.
84 Eletrotécnica

1. O valor da resistência elétrica de c) 800 Ohms.


um condutor ôhmico não varia se d) 590 Ohms.
mudarmos somente: e) 120 Ohms.
a) O material de que ele é feito. 4. Um resistor tem as cores amarelo,
b) Seu comprimento. violeta, vermelho e dourado.
c) A diferença de potencial Determine a resistência e a
a que ele é submetido. tolerância desse resistor.
d) A área de sua seção reta. a) 3300 Ohms e 10% de tolerância.
e) A sua resistividade. b) 4300 Ohms e 10% de tolerância.
2. Dispõe-se de três resistores de c) 5300 Ohms com 20
resistência 300 Ohms cada um. Para % de tolerância.
obter uma resistência de 450 Ohms, d) 3900 Ohms com 10%
utilizando os três resistores, como de tolerância.
devemos associá-los? e) 4700 Ohms com 5%
a) Dois em paralelo, ligados de tolerância.
em série com o terceiro. 5. Temos quatro alto-falantes de 8
b) Os três em paralelo. Ohms e 50 Watts de potência. Para
c) Dois em série, ligados em termos uma associação total dos
paralelo com o terceiro. quatro alto-falantes também de 8
d) Os três em série. Ohms, como devemos ligar e qual é
e) Nenhuma resposta anterior. a potência resultante?
3. Temos três resistores ligados a) Série, 100 Watts
em série com as resistências b) Série/paralelo, 200 Watts
de 120, 330 e 470 Ohms. Qual é c) Paralelo, 100 Watts
a resistência total? d) Paralelo, 200 Watts
a) 450 Ohms. e) Nenhuma das respostas
b) 920 Ohms. anteriores.
Resistores e aplicações em eletrotécnica 85

BAGAREL. Década Resistiva MDR-611 Minipa. Bagarel, c2006-2017. Disponível em: <http://
loja.bagarel.com.br/decada-resistiva-mdr-611-minipa-p186>. Acesso em: 03 fev. 2017.
BOYLESTAD, R. L. Introdução à análise de circuitos. 10. ed. São Paulo: Pearson Educa-
tion, 2011.
COPEL DISTRIBUIÇÃO. Manual de instruções técnicas. [S.l.]: Copel, 2007. Disponível
em: <http://www.copel.com/hpcopel/root/pagcopel2.nsf/0/CFBB161F21D48B8103
2574F1005C9003/$FILE/MIT_161705-Procedimentos_de_Ensaios_Mecanicos_de_
Equipamentos_e_Ferramentas.pdf>. Acesso: 27 jan. 2017.
MARKUS, O. Circuitos elétricos: corrente contínua e corrente alternada. São Paulo:
Érica, 2001.
MUNDO DA ELÉTRICA. Resistores fixos. [S.l.]: Munda da elétrica, 2017. Disponível em:
<https://www.mundodaeletrica.com.br/resistores-fixos/>. Acesso em: 01 fev. 2017.

Leitura recomendada
NILSSON, J.; RIELDEL, S.; Circuitos elétricos. 8. ed. São Paulo: Pearson Education, 2009
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR

Resistores são componentes elétricos especificamente projetados para oferecer resistência à


passagem da corrente elétrica, limitando a corrente e dividindo a tensão (circuitos divisores de
tensão).

Servem para representar uma carga resistiva, e a teoria da eletricidade pode ser aplicada em
fórmulas, como a Lei de Ohm e a Lei da Potência.

O resistor, ao oferecer resistência à passagem da corrente elétrica, gera calor, que tem de ser
dissipado (chamado de Efeito Joule). O tamanho físico de um resistor vai definir a potência
dissipada pelo mesmo.

Vamos acompanhar mais detalhes no vídeo.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) O valor da resistência elétrica de um condutor ôhmico não varia se mudarmos


somente:

A) O material de que ele é feito

B) Seu comprimento

C) A diferença de potencial a que ele é submetido

D) A área de sua secção reta

E) A sua resistividade
2) Dispõe-se de três resistores de resistência 300 Ohms cada um. Para obter uma
resistência de 450 Ohms, utilizando os três resistores, como devemos associá-los?

A) Dois em paralelo, ligados em série com o terceiro.

B) Os três em paralelo.

C) Dois em série, ligados em paralelo com o terceiro.

D) Os três em série.

E) Nenhuma resposta acima

3) Temos três resistores ligados em série com as resistências de 120, 330 e 470 Ohms.
Qual a resistência total?

A) 450 Ohms

B) 920 Ohms

C) 800 Ohms

D) 590 Ohms

E) 120 Ohms

4) Um resistor tem as cores: amarelo, violeta, vermelho e dourado. Qual a resistência e


a tolerância?
A) 3300 Ohms e 10% de tolerância

B) 4300 Ohms e 10% de tolerância

C) 5300 Ohms com 20 % de tolerãncia

D) 3900 Ohms com 10% de tolerância

E) 4700 Ohms com 5% de tolerância.

5) Temos quatro alto-falantes de 8 Ohms e 50 Watts de potência. Para termos uma


associação total dos quatro alto-falantes também de 8 Ohms, como devemos ligar e
qual a potência resultante?

A) Série, 100 Watts

B) Série/paralelo, 200 Watts

C) Paralelo, 100 Watts

D) Paralelo, 200 Watts

E) Nenhuma das respostas acima.

NA PRÁTICA
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Conhecendo o Resistor
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Associação de Resistores

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Física: Leis de Ohm e Resistores

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Condutores de circuitos e seções de fios

APRESENTAÇÃO

Nesta unidade de aprendizagem, estudaremos os condutores de circuitos e seções de fios. Os


condutores devem ser capazes de conduzir a corrente elétrica de maneira contínua, sem perdas
por resistência e aquecimento, e devem ser isolados para segurança.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar utilizações para diferentes tipos de condutores.


• Comparar os tamanhos AWG e os diâmetros de condutores em mm.
• Determinar o diâmetro de fio adequado para determinada carga.

DESAFIO

Você necessita fazer uma extensão elétrica de 5 metros para uma carga de 2200 Watts em uma
tensão de 220 Volts. Pesquise na Internet uma tabela de diâmetros versus corrente. Lembre-se
de selecionar a bitola mínima do fio de cabo paralelo para alimentar esta carga, sem perdas, de
acordo com as tabelas de fiação. Você encontra tabelas em vários sites da Internet como, por
exemplo:

Veja aqui

INFOGRÁFICO

Veja, na ilustração a seguir, um esquema do que veremos nesta unidade referente aos
condutores de circuitos, seções de fio, materiais de isolação, montagem de cabos,
eletrodutos para proteção da fiação e perdas de carga em condutores.
Figura 1

CONTEÚDO DO LIVRO

Os condutores são muito importantes em qualquer sistema elétrico. Devem ser capazes de
conduzir a corrente elétrica de maneira contínua, sem perdas por resistência, e com segurança
decorrente de uma isolação adequada. Além disso, devem ser instalados dentro de eletrodutos.

Boa leitura!
EQUIPAMENTOS
ELÉTRICOS

Patrícia
Sebajos Vaz
Condutores de circuitos
e seções de fios
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Identificar utilizações para diferentes tipos de condutores.


„ Comparar os tamanhos AWG e os diâmetros de condutores em mi-
límetros (mm).
„ Determinar o diâmetro de fio adequado para determinada carga.

Introdução
Neste capítulo, você vai estudar sobre condutores elétricos e fios, os quais
são primordiais para o sistema elétrico de distribuição de energia no Brasil.
Estudá-los é fundamental para todos aqueles que almejam trabalhar
como engenheiros eletricistas, projetistas e técnicos elétricos, portanto,
a seguir, apresentaremos conceitos referentes à constituição dos cabos e
dos fios elétricos, sua formação, características técnicas, aplicações, tipos
de condutores e principais métodos de dimensionamento.
Ao longo do texto, será possível especificar e definir as seções e
conhecer quais materiais são utilizados para a fabricação, do que são
constituídos e as normas técnicas aplicáveis para esse assunto. Você ainda
vai visualizar, por meio de figuras, tabelas e gráficos, as especificidades
e características.

Tipos de condutores e possíveis utilizações

Conceitos básicos
Os condutores elétricos são responsáveis pelo transporte da energia elétrica, ou
seja, são produtos metálicos cuja a propriedade é conduzir sinais elétricos. De
forma geral, o condutor é circular e de comprimento extenso. São classificados
2 Condutores de circuitos e seções de fios

em fios e/ou cabos elétricos, conforme as características técnicas do material


utilizado e da forma como são fabricados.
Fios elétricos são produtos metálicos com forma cilíndrica e seção maciça
circular, comprimento maior que a dimensão da seção transversal. Podem ter
isolação ou proteção metálica e também podem ser utilizados como produto
semiacabado na fabricação de cabos elétricos. Cabo elétrico é o produto
metálico composto de fios encordoados justapostos, que podem ter ou não
isolação externa. Também podem ter proteção mecânica ou não e têm maior
flexibilidade que os fios. Podem ser unipolares ou multipolares. Tanto os
fios como os cabos elétricos têm seção transversal invariável. As principais
características técnicas dos materiais utilizados na fabricação de condutores
são a resistividade do material e a condutividade elétrica.
O processo de fabricação de fios e cabos elétricos geralmente utiliza ma-
teriais condutores, para que sejam responsáveis pelo transporte da energia
elétrica da origem ao destino, e materiais isolantes, para garantir a integridade
da energia elétrica transportada. A proteção mecânica permite que tanto o
material condutor como o material isolante possam cumprir as suas funções,
evitando toques acidentais ou situações indesejáveis, como a falta de energia
elétrica.
Os materiais que apresentam as melhores propriedades elétricas e mais
utilizados na fabricação de condutores elétricos são o cobre e o alumínio. O
cobre é mais frequentemente utilizado em condutores nus ou isolados aplicados
em instalações de baixa tensão, circuitos residenciais, prediais e industriais,
circuitos aterramento e SPDA. O alumínio é mais aplicado em condutores
nus para transmissão e distribuição de longas distâncias. Pode também ter
isolação, mas em escala muito inferior ao cobre.
De acordo com Cavalin e Cervelin (2006), os condutores encordoados
são os condutores que, ao serem construídos, têm a forma de uma corda,
ou seja, são reunidos e torcidos entre si, constituindo, então, o condutor. Há
cinco tipos de variações: normal, compactado, setorial compactado, flexível
ou extraflexível e Conci.
O condutor encordoado normal tem a formação concêntrica e regular,
composto de um fio central e longitudinal que reúne ao seu redor o restante
dos fios. Nessa constituição, todos os fios têm o mesmo diâmetro do fio central
e normalmente as formações são padronizadas.
O condutor encordoado compactado é muito similar ao normal, porém,
a construção é realizada onde os espaços entre os fios são reduzidos, ou seja,
como o próprio nome se refere, compactando a formação, o que resulta em
um condutor de diâmetro externo menor. Com isso, a flexibilidade é menor
Condutores de circuitos e seções de fios 3

em relação ao normal. A uniformidade da superfície externa aumenta com a


deformação das coroas de fios elementares.
O condutor encordoado setorial compactado é fabricado por meio de
uma formatação setorial, compactando os fios elementares com a passagem em
jogos de calandras. Também reduz o diâmetro externo do cabo e economiza
materiais de enchimento e proteção.
Condutores encordoados flexível e extraflexível também são realizados
de forma semelhante ao encordoamento normal. A diferença está em se utilizar
um grande número de fios redondos sólidos de diâmetro reduzido, resultando
num condutor com maior flexibilidade.
Condutor encordoado Conci, cujo núcleo é oco, é constituído de um
canal para o óleo impregnante, formado por uma ou várias coroas anulares,
encordoadas helicoidalmente, e sua aplicação se restringe apenas para cabos
OF. Sua construção pode ser por condutor segmentado, condutor Milikan e
condutor anular.
De acordo com a norma da ABNT NBR NM 280, são definidos, para
condutores de cobre, seis classes de encordoamento, com graus crescentes
de flexibilidade (Quadro 1).

Quadro 1. Classes de encordoamento

Classe 1 Condutores sólidos (fios)

Classe 2 Condutores encordoados


compactados ou não

Classe 3 Condutores encordoados


não compactados

Classe 4, 5, e 6 Condutores flexíveis

Fonte: Adaptado de Prysmian (2010).

Isolação
A isolação é um termo utilizado para isolar eletricamente, confinando o campo
elétrico gerado pelo condutor, com a finalidade de proteger mecanicamente
o fio do meio que o circunda, do contato com outros condutores, com a terra,
toques acidentais ou do ambiente em que esteja instalado.
4 Condutores de circuitos e seções de fios

Para realizar a isolação, são utilizados materiais isolantes com alta resisti-
vidade e devem ter alta rigidez dielétrica, especialmente quando empregados
em tensões elétricas superiores a 1 kV. Como exemplo, podemos observar a
Figura 1 a seguir. Nela, podemos observar que o condutor, além de apresentar
a isolação, tem também uma cobertura externa com a função de proteger o fio
ou o cabo contra influências externas. Esse invólucro externo é não metálico e
contínuo. O fio que apresentar apenas a cobertura é chamado de cabo coberto,
pois não tem a camada de isolação.
Denominamos condutor isolado o fio ou o cabo dotado apenas de isolação.
Observe-se que a isolação não precisa necessariamente ser constituída por
uma única camada (p.ex., podem ser usadas duas camadas do mesmo material,
sendo a camada externa especialmente resistente à abrasão) de acordo com a
fabricante Prysmian (Figura 2).

Cobertura Isolação Condutor


Figura 1. Cobertura, isolação e condutor.
Fonte: Adaptada de Prysmian (2010, p. 19).

Condutor isolado (fio)

Condutor isolado (cabo)


Figura 2. Condutor isolado.
Fonte: Adaptada de Prysmian (2010, p. 19).
Condutores de circuitos e seções de fios 5

O Quadro 2 apresenta os tipos de isolação e os materiais empregados. Os


principais são: PVC, EPR e XLPE.

Quadro 2. Tipos de isolação e materiais empregados

Cloreto de polivinila (PVC)

Polietileno (PE ou PET)


Termoplásticos
Polipropileno

Isolantes sólidos Polivinil antiflam


(extrudados) Polietileno reticulado (XLPE)

Termofixos Borracha etileno


(vulcanizados) Propileno (EPR)

Borracha de silicone

Papel impregnado com massa


Estratificados
Papel impregnado com óleo fluido sob pressão

Fibra de vidro
Outros materiais
Verniz

Fonte: Adaptado de Cavalin e Cervelin (2006).

De acordo com o fabricante Prysmian, as características principais dos


condutores conforme o tipo de isolação são as seguintes.
Os condutores com isolação de PVC (cloreto de polivinila), que têm como
atributos: são facilmente coloridos por cores vivas; transmitem mal o fogo,
entretanto produzem fumaça, gases corrosivos e tóxicos; têm boas resistências
químicas à água; e têm rigidez dielétrica elevada, sendo possível utilizá-los
em cabos isolados até tensão de 6 kV.
Os condutores com isolação de EPR (borracha etileno-propileno), que
apresentam como propriedades: flexibilidade muito grande; alta rigidez die-
létrica; excelente resistência mecânica e ionização; e temperatura máxima
admissível elevada.
Os condutores com isolação de XLPE (polietileno reticulado), que têm
como particularidades: alta rigidez dielétrica; excelente resistência mecânica
6 Condutores de circuitos e seções de fios

e baixa resistência à ionização; temperatura máxima admissível elevada; e


baixas perdas dielétricas.

Características de dimensionamento para a isolação


A isolação é dimensionada de acordo com a tensão e a corrente elétrica, ou seja,
a capacidade de confinar o campo elétrico e a temperatura a que o condutor
será submetido. São definidos os valores limites de corrente que a isolação
pode operar, de acordo com a temperatura em regime permanente, sobrecarga
e curto-circuito, conforme pode ser visto na Tabela 1.
A tensão está muito associada com a espessura da isolação. Por exemplo,
os condutores de PVC normalmente estão limitados à tensão de no máximo
6 kV, o que os torna recomendados para condutores de baixa tensão.

Tabela 1. Temperaturas

Temperatura Temperatura Temperatura


Tipo de máxima para limite de limite de
isolação serviço contínuo sobrecarga curto-circuito
(condutor) ºC (condutor) ºC (condutor) ºC

Policloreto 70 100 160


de vinila
(PVC) até
300 mm²

Policloreto 70 100 140


de vinila
(PVC) maior
que 300
mm²

Borracha 90 130 250


etileno-
-propileno
(EPR)

Polietileno 90 130 250


reticulado
(XLPE)

Fonte: Adaptada de Cavalin e Cervelin (2006).


Condutores de circuitos e seções de fios 7

Tensão de isolamento
Os sistemas elétricos são previstos para várias classes de tensão. Conforme:

V0/V — tensão fase-neutro / tensão fase-fase

Os valores comerciais utilizados são:

0,6/1kV — 0,75/1kV — 1,8/3 kV — 3,6/6 kV — 6/10 kV — 8,7/15 kV

Assim, a norma divide a escolha da tensão de isolamento do cabo em duas


categorias.

Categoria 1: abrange os sistemas que, sob condição de falta de uma fase-


-terra, são previstos para continuar operando por um curto período, desde
que somente com uma fase-terra. Esse período, em geral, não deve excede
uma hora. Entretanto, em um período maior, pode ser tolerado para um campo
elétrico radial e em circunstâncias especiais. Todavia, em nenhuma condição
esse período pode exceder oito horas.

Categoria 2: compreende todo sistema que não se enquadre na categoria 1.

A Tabela 2 pode ser utilizada para dimensionar um cabo de acordo com


a isolação elétrica, conforme a sua tensão de isolamento. Os fabricantes nor-
malmente seguem esta tabela.

Blindagem
Conforme os autores Cavalin e Cervelin (2006), a blindagem são as camadas
de materiais semicondutores, aplicada sobre o condutor ou as partes metálicas
aplicadas sobre a segunda camada semicondutora que recobre a isolação,
cuja finalidade é concentrar o campo elétrico ou facilitar o escoamento das
correntes de curto-circuito e das correntes induzidas. Existem dois tipos de
blindagem: a interna e a externa.
A blindagem interna, cuja aplicação do material semicondutor é direta-
mente sobre o condutor por meio de processos de extrusão e vulcanização,
tem as funções de uniformizar a distribuição das linhas de campo elétrico e
impedir a ionização.
8 Condutores de circuitos e seções de fios

Tabela 2. Dimensão de um cabo de acordo com a isolação térmica, a partir de sua tensão
de isolamento

Tensão de isolamento
Tensão Tensão máxima
do cabo Vo (kV)
nominal do de operação do
sistema (kV) sistema (kV)
Categoria 1 Categoria 2

1 1,2 — 0,6

3 3,6 — 1,8

6 7,2 3,6 6

10 12 6 8,7

15 17,5 8,7 12

20 24 12 15

25 30 15 20

35 42 20 27

Fonte: Adaptada de Associação Brasileira de Normas Técnicas (2004).

A blindagem sobre a isolação (blindagem externa) é formada por uma parte


metálica e por uma parte não metálica. Na parte metálica, a constituição é por
uma camada concêntrica de frios ou fita de cobre nu (não estanhado) aplicada
helicoidalmente sobre a camada semicondutora da isolação. Tem como finalidade
confinar o campo elétrico nos limites da isolação e tem as seguintes vantagens:
em situação de curto-circuito, propicia um caminho de baixa impedância para
o retorno da corrente, em razão do baixo valor da resistência elétrica. Quando é
convenientemente aterrado, proporciona maior segurança, eliminando os riscos
de choques elétricos em caso de contato direto ou com a cobertura do cabo.
Parte não metálica: trata-se de uma camada de material semicondutor
aplicado sobre a isolação pelos processos de extrusão e vulcanização. A
aplicação dessa camada semicondutora possibilita uma distribuição uniforme
e radial do campo elétrico na isolação e elimina os espaços vazios ionizáveis
entre as camadas (isolação e blindagem metálica).
A principal função da blindagem é estar presente em cabos de média e alta
tensões, nos quis o condutor central é revestido com uma camada de material
condutor não metálico (também chamado de primeira camada semicondutora).
Observe a Figura 3.
Condutores de circuitos e seções de fios 9

Figura 3. Blindagem. (1) condutor; (2) blindagem do condutor; (3) isolação; (4) blindagem da
isolação (camada semicondutora); (5) blindagem da isolação (fios de cobre nu); (6) cobertura.
Fonte: Adaptada de Walpa (2018).

Para cabos de baixa tensão, a isolação mais utilizada é o PVC, por ser mais econômico,
apesar de suas características serem apenas regulares. Para cabos de média tensão,
em que se deseja maior confiabilidade, se utiliza EPR e XLPE. Nos cabos de alta tensão,
a escolha recai sobre o XLPE, por apresentar melhor desempenho (elevado gradiente
de descarga e baixas perdas dielétricas) e melhor viabilidade econômica.

Tamanhos AWG e diâmetros de condutores


em mm

Seção nominal × AWG


Os condutores elétricos são caracterizados por sua seção nominal, grandeza
referente ao condutor respectivo. A seção nominal corresponde à área estri-
tamente geométrica (área da seção transversal do condutor). Na prática, esse
valor da seção nominal é determinado por um valor medido de resistência
a 20 °C em Ω/km. As seções nominais são dadas em milímetros quadrados
(mm2), de acordo com uma série definida pela International Electrotechnical
Comission (IEC) e seguida pela ABNT no Brasil. Na Tabela 3 podem ser
vistas as seções nominais utilizadas comercialmente.
10 Condutores de circuitos e seções de fios

Tabela 3. Seções nominais utilizadas comercialmente

0,5 2,5 16 70 185 500

0,75 4,0 25 95 240 630

1,0 6,0 35 120 300 800

1,5 10 50 150 400 1.000

Fonte: Adaptada de Prysmian (2010, p. 52).

Antigamente, no Brasil, usava-se a escala American Wire Gauge – circular


mil (AWG/CM). A AWG é baseada numa progressão geométrica de diâmetros
expressos em polegadas até a bitola 0000 (4/0). Acima dessa bitola, as seções
são expressas em circular mil (CM) ou múltiplo de mil circular mil (MCM).
Um mil é a abreviatura de 1 milionésimo de polegadas:

1 CM = 5,067 × 106 cm2

A partir de dezembro de 1982, a escala AWG/CM caiu em desuso, pois


a Norma Brasileira NB-3 da ABNT foi reformulada, recebendo do Instituto
Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) a
designação de NBR 5410 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2004). Nessa norma em vigor, os condutores elétricos são especi-
ficados por sua seção em mm2, segundo a escala padronizada da tabela anterior.
A seção nominal de um cabo multipolar é igual ao produto da seção do
condutor de cada veia pelo número de veias que constituem o cabo.

Tipos e aplicações dos condutores elétricos


Os condutores elétricos são fabricados em diversos tipos, em muitos mate-
riais e conforme a tensão e/ou corrente elétrica em que serão utilizados. São
produzidos para as instalações em baixa tensão (BT), média tensão (MT) e
alta tensão (AT).
Condutores de circuitos e seções de fios 11

Os condutores para baixa tensão

São os mais utilizados em razão da variedade de aplicação que podem ter


nessa modalidade de tensão. Estão classificados em condutores de uso geral
e condutores de uso específico.

Condutores de uso geral: são os mais utilizados em razão da grande di-


versidade de aplicações em instalações elétricas. Aplicados em circuitos
de alimentação e distribuição de energia elétrica, em edifícios residenciais,
comerciais e industriais, subestações transformadoras, em instalações fixas, etc.

Condutores para uso específico: são fabricados conforme as necessidades


especiais exigidas pela condição de uso e/ou aplicação. Exemplos: conduto-
res de comando, controle e sinalização, para instrumentação, circuitos de
segurança, CFTV, automação, informática, elevadores, uso móvel, navios,
solda, veículos, etc.

Características dos cabos quanto ao comportamento


em caso de incêndio

Propagadores de chama: entram em combustão sob ação direta da chama e a


mantém após a retirada da chama (EPR-etilenopropileno e XLPE-polietileno
reticulado).

Não propagadores de chama: removida a ação das chamas, a combustão


cessa (PVC-cloreto de polivinila).

Resistentes à chama: a chama não se propaga ao longo do material isolante


do cabo.

Resistentes ao fogo: condutores especiais que permitem o funcionamento do


circuito mesmo na presença de um incêndio.

Tipos de condutores

Os tipos de condutores que existem no mercado, definidos pelos fabricantes,


são apresentados no Quadro 3.
12 Condutores de circuitos e seções de fios

Quadro 3. Condutores existentes no mercado

Condutor isolado Condutor sólido ou encordoado + isolação

Cabo unipolar Condutor isolado + cobertura (no mínimo)

Cabo multipolar Dois ou mais condutores isolados


(veias) + cobertura (no mínimo)

Cordão Condutores isolados de pequena seção


(dois ou três) paralelos ou torcidos

Cabo multiplexado Condutores isolados ou cabos unipolares (dois ou


mais) dispostos helicoidalmente (sem cobertura)

Cabo pré-reunido Cabo multiplexado + condutor de sustentação

Fonte: Adaptado de Prysmian (2010, p. 20).

Temperatura

Os cabos providos de isolação são caracterizados por três temperaturas, me-


didas no condutor propriamente dito, em regime permanente, em regime de
sobrecarga e em regime de curto-circuito.
A temperatura no condutor em regime permanente (ou em serviço contínuo)
é a temperatura alcançada em qualquer ponto do condutor em condições estáveis
de funcionamento. Para cada tipo (material) de isolação há uma temperatura
máxima correspondente para serviço contínuo, designada por θ z. No caso de
um condutor encordoado de 10 mm², classe 2, para condutor isolado (p.ex.,
cabo Superastic), a norma especifica que ele deve ter, no mínimo, sete fios
(no caso de condutor não compactado circular) e apresentar uma resistência
máxima de 1,83 Ω/km a 20 °C.
A temperatura no condutor em regime de sobrecarga é a temperatura
alcançada em qualquer ponto do condutor em regime de sobrecarga. Para os
cabos de potência, se estabelece que a operação em regime de sobrecarga, para
temperaturas máximas especificadas em função da isolação, designadas por
θ sc, não deve superar 100 horas durante 12 meses consecutivos nem superar
500 horas durante a vida do cabo.
A temperatura no condutor em regime de curto-circuito é a temperatura
alcançada em qualquer ponto do condutor durante o regime de curto-circuito.
Para os cabos de potência, a duração máxima de um curto-circuito, no qual
Condutores de circuitos e seções de fios 13

o condutor pode manter temperaturas máximas especificadas em função da


isolação, designadas por θ cc, é de 5 segundos.

Classificação dos cabos em relação à tensão

„ Cabos de baixa tensão: V ≤ 1 kV


„ Cabos de média tensão: 1 kV < V ≤ 35 kV
„ Cabos de alta tensão: V > 35 kV

Escolher adequadamente o tipo da bitola dos condutores em função da instalação e


da aplicação, para que não haja desperdício de material, tampouco sobreaquecimento
dos condutores, deve ser um compromisso entre custo e segurança das instalações
elétricas como um todo.

Diâmetro de fio adequado para


determinada carga
Para realizar a instalação de um condutor elétrico é necessário, primeiramente,
dimensionar tecnicamente a seção dos condutores a ser utilizado, a norma NBR
5410 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004) define
procedimentos e critérios a serem atendidos no dimensionamento por meio de
tabelas, fórmulas e valores referenciais a serem adotados. A seguir, apresenta-
remos um roteiro que auxiliará na especificação e nos requisitos técnicos que
normalmente são seguidos pelos engenheiros, projetistas e calculistas técnicos
na especificação e determinação dos condutores elétricos de baixa tensão.
Para o dimensionamento dos condutores, este deve ser realizado com base na
corrente elétrica que irá circular, também devem ser analisados fatores como:
instalação, queda de tensão permitida, fator de agrupamento, temperatura, tipo
de cabo a ser utilizado no condutor, frequência, temperatura, ventilação do
local, tipo de acionamento. A norma NBR 5410 estabelece alguns critérios que
podem ser adotados para esse dimensionamento, sendo que cada critério pode
resultar em um valor diferente de seção. Na prática, sempre adotamos o valor
maior de seção obtida por meio dos cálculos (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
14 Condutores de circuitos e seções de fios

DE NORMAS TÉCNICAS, 2004). Os critérios a serem estudados são: seção


mínima, capacidade de condução de corrente, queda de tensão, proteção contra
sobrecargas e proteção contra curtos-circuitos, os quais veremos a seguir.

Seção mínima
A seção mínima é o critério mais simples e é utilizado para determinar a seção
mínima do condutor a ser empregado em uma determinada aplicação. Esse mé-
todo é mais utilizado em situações em que a capacidade de corrente necessária
é pequena, geralmente em instalações residenciais, porque, se observarmos
a tabela definida pela norma NBR 5410 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 2004), na prática os valores mais utilizados são: a
seção mínima para condutores em circuitos de iluminação ser de cobre e de
1,5 mm² e a seção mínima para circuitos de força, que incluem tomadas de
uso geral, ser de cobre e de 2,5 mm².

Capacidade da corrente elétrica


O método da capacidade de condução de corrente dos condutores deve ser
determinado por meio do dimensionamento da corrente de projeto do circuito,
que deve suportar em regime normal de temperatura a corrente solicitada pela
carga. Para atingir esse objetivo, utiliza-se as tabelas indicadas pela NBR
5410 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004) e
os passos a seguir.
O primeiro passo é definir o método de instalação dos condutores, ou seja,
a maneira de instalar ocasiona influência na troca térmica entre os condutores
e o meio ambiente, o que pode alterar o valor da capacidade de corrente no
condutor, por exemplo, instalar condutores em eletrodutos, eletrocalhas ou
leitos, pois, dependendo do tipo de instalação, os valores podem mudar. O
segundo passo é determinar o número de condutores carregados, ou seja, definir
quantos condutores efetivamente serão utilizados, por exemplo, monofásico
a dois fios, trifásico com neutro, etc. O terceiro passo é calcular a corrente de
carga ou corrente nominal, que indica o quanto o condutor deve suportar em
relação a circuitos monofásicos e trifásicos. O quarto passo é determinar os
fatores de correção de temperatura ambiente e do solo e resistividade térmica
do solo. O quinto passo é definir os fatores de agrupamento dos condutores
Condutores de circuitos e seções de fios 15

em relação a circuitos, números de circuitos e tipos de cabos e, por último,


calcular a corrente corrigida após as sequências anterior.

Queda de tensão
Para calcular a seção do condutor por esse critério, devemos compreender
que no valor da tensão de ponto de entrega (p.ex., entrada de energia) até o
ponto de utilização, isto é, o circuito terminal, ocorre uma redução do valor
de tensão em relação à tensão nominal da instalação, ocasionada por diversos
motivos, dentre eles a própria passagem de corrente nos demais componentes
da instalação, tais como chaves, interruptores, conexões, disjuntores, dis-
tância a ser percorrida, etc. Para que essa queda de tensão não interferisse
no funcionamento dos equipamentos elétricos e na própria instalação como
um todo, a norma NBR 5410 (ASSOCIAÇÂO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2004) definiu, por meio de tabela, valores máximos para essa
queda de tensão, conforme apresentado na Tabela 4.

Tabela 4. Valores máximos para queda de tensão

Instalações Iluminação Outros usos

A Instalações alimentadas diretamente 4% 4%


por um ramal de baixa tensão, a
partir de uma rede de distribuição
pública de baixa tensão

B Instalações alimentadas diretamente 7% 7%


por subestação de transformação
ou transformador, a partir de
uma instalação de alta tensão

C Instalações que têm fonte própria 7% 7%

Nos casos B e C, as quedas de tensões nos circuitos terminais


não devem ser superiores aos valores indicados em A.
Nos casos B e C, quando as linhas tiverem um comprimento superior a 100 m,
as quedas de tensão podem ser aumentadas de 0,005% por metro de linha
superior a 100 m, sem que, no entanto, essa suplementação seja superior a 0,5%.

Fonte: Adaptada de Associaçâo Brasileira de Normas Técnicas (2004).


16 Condutores de circuitos e seções de fios

Conforme Cavalin e Cervelin (p. 252), pode-se adotar este roteiro para o
cálculo da queda de tensão:

1. Definir o tipo de isolação do condutor a ser utilizado


2. Definir o método de instalação
3. Definir o material do eletroduto (magnético ou não magnético)
4. Definir o tipo do circuito monofásico ou trifásico
5. Determinar a tensão do circuito (v ou V)
6. Calcular a corrente de projeto (Ip)
7. Definir o fator de potência, cos Ø do circuito
8. Definir o comprimento (ℓ) do circuito em km
9. Definir de tensão admissível e(%)
10. Calcular a queda de tensão unitária (∆Vunit)
11. Optar pelo condutor por meio das tabelas definidas pelos fabricantes
de condutores elétricos

A fórmula para o cálculo da queda de tensão unitária é:

e(%) · V
∆Vunit =
Ip · ℓ

Proteção contra sobrecargas e curtos-circuitos


Este critério está relacionado à proteção dos condutores contra correntes
de sobrecargas e contra curtos-circuitos. Os itens da norma que descrevem
esses dois itens são o 5.3.3 e o 5.3.4, recomendando que devem ser previstos
dispositivos de proteção para interromper todas as correntes de sobrecarga nos
condutores dos circuitos antes que esse evento possa provocar um aquecimento
prejudicial à isolação, as conexões. Para que isso seja atendido, a característica
de funcionamento de um dispositivo protegendo um circuito contra sobrecargas
deve satisfazer as duas condições seguintes:

Ib≤In≤Iz
I 2 ≤ 1,45 I z

Onde:
I b: corrente de projeto do circuito
I z: capacidade de condução de corrente dos condutores
Condutores de circuitos e seções de fios 17

I n: corrente nominal do dispositivo de proteção (ou corrente de ajuste para


dispositivos ajustáveis)
I 2: corrente convencional de atuação, para disjuntores, ou corrente con-
vencional de fusão, para fusíveis

„ A condição I 2 ≤ 1,45I z é aplicável quando for possível assumir que a temperatura


limite de sobrecarga dos condutores não seja mantida por um tempo superior a
100 horas durante 12 meses consecutivos ou por 580 horas ao longo da vida útil do
condutor. Quando isso não ocorrer, essa condição deve ser substituída por I 2 ≤ I z.
„ Corrente convencional de atuação é o valor especificado de corrente que provoca
a atuação do dispositivo dentro do tempo convencional. Para o caso de disjuntores
em geral até 50A, essa corrente é igual a 1,35 I n, sendo o tempo convencional igual
a 1 hora. Para disjuntores com corrente nominal maior do que 50A, essa corrente
é de 1,35 I n, com tempo convencional de atuação de 2 horas.

Exemplo
Dimensionamento dos condutores para um chuveiro.

Dados:

„ P = 5400 W
„ V = 220 V
„ fator de potência = 1
„ isolação de PVC
„ eletroduto de PVC embutido em alvenaria
„ temperatura ambiente em 40 ºC
„ comprimento do circuito = 30 m
18 Condutores de circuitos e seções de fios

Solução:
Pelo critério da capacidade de condução de corrente, utilizando as tabelas
da norma NBR 5410 (ASSOCIAÇÂO BRASILEIRA DE NORMAS TÉC-
NICAS, 2004).

a) Tipo de isolação: PVC


b) Método de instalação: 7 – B1
P 5400
Obtendo a potência aparente: S = FP = 1 = 5400VA

S 5400
Obtendo a corrente de projeto: Ip = = = 24,5 A
V 220

Número de condutores carregados: 2 (duas fases)


Número de circuitos agrupados: 1

Cálculo da corrente corrigida Ic:

Iz — Consultar a Tabela 5 que consta na NBR 5410 (ASSOCIAÇÃO BRA-


SILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004) na Coluna 7 (B1), IE = 32 A.
Fator de correção de temperatura (FCT) na Tabela 6, 30 ºC = 1.
Fator de correção de agrupamento (FCA) na Tabela 7, um circuito em
eletroduto de PVC = 1.
Ie 32
Ic = = = 36,80A
FCT × FCA 0,87 × 1

Ao final dos cálculos do condutor: consultado a Tabela 5, a opção do valor


de corrente escolhido deve ser superior ou igual ao calculado. O valor que
melhor se adequa é 41A, portanto, a seção nominal dos condutores (fases,
neutro e proteção) deve ser igual a 6 mm 2 e como referência, nas Tabelas 6 e
7, também estão assinalados os valores de FCA e FCT selecionados.
Tabela 5. Capacidades de condução de corrente, em ampères, para os métodos de referência A1, A2, B1, B2, C e D

Condutores: cobre e alumínio


Isolação: PVC
Temperatura no condutor: 70 °C
Temperatura de referência do ambiente: 30 °C (ar) e 20 °C (solo)

Seções A1 A2 B1 B2 C D
nominais
Número de condutores carregados
mm2
2 3 2 3 2 3 2 3 2 3 2 3

(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10) (11) (12) (13)

Cobre

0,5 7 7 7 7 9 8 9 8 10 9 12 10

0,75 9 9 9 9 11 10 11 10 13 11 15 12

1 11 10 11 10 14 12 13 12 15 14 18 15

1,5 14,5 13,5 14 13 17,5 15,5 16,5 15 19,5 17,5 22 18

2,5 19,5 18 18,5 17,5 24 21 23 20 27 24 29 24

4 26 24 25 23 32 28 30 27 36 32 38 31

(Continua)
Condutores de circuitos e seções de fios
19
20

(Continuação)

Tabela 5. Capacidades de condução de corrente, em ampères, para os métodos de referência A1, A2, B1, B2, C e D

Seções A1 A2 B1 B2 C D
nominais
Número de condutores carregados
mm2
2 3 2 3 2 3 2 3 2 3 2 3

6 34 31 32 29 41 36 38 34 46 41 47 39
Condutores de circuitos e seções de fios

10 46 42 43 39 57 50 52 46 63 57 63 52

16 61 56 57 52 76 68 69 62 85 76 81 67

25 80 73 75 68 101 89 90 80 112 96 104 86

35 99 89 92 83 125 110 111 99 138 119 125 103

50 119 106 110 99 151 134 133 118 168 144 148 122

70 151 136 139 125 192 171 168 149 213 184 183 151

95 182 164 167 150 232 207 201 179 258 223 216 179

120 210 188 192 172 269 239 232 206 299 259 246 203

150 240 216 219 196 309 275 265 236 344 299 278 230

185 273 245 248 223 353 314 300 268 392 341 312 258

(Continua)
(Continuação)

Tabela 5. Capacidades de condução de corrente, em ampères, para os métodos de referência A1, A2, B1, B2, C e D

Seções A1 A2 B1 B2 C D
nominais
Número de condutores carregados
mm2
2 3 2 3 2 3 2 3 2 3 2 3

240 321 286 291 261 415 370 351 313 461 403 361 297

300 367 328 334 298 477 426 401 358 530 464 408 336

400 438 390 398 355 571 510 477 425 634 557 478 394

500 502 447 456 406 656 587 545 486 729 642 540 445

630 578 514 526 467 758 678 626 559 843 743 614 506

800 669 593 609 540 881 788 723 645 978 865 700 577

1000 767 679 698 618 1012 906 827 738 1125 996 792 652

Fonte: Adaptada de Associação Brasileira de Normas Técnicas (2004).


Condutores de circuitos e seções de fios
21
22 Condutores de circuitos e seções de fios

Tabela 6. Fatores de correção para temperaturas ambientes diferentes de 30 °C para li-


nhas não subterrâneas e de 20 °C (temperatura do solo) para linhas subterrâneas

Isolação
Temperatura (°C)
PVC EPR ou XLPE

Ambiente

10 1,22 1,15

15 1,17 1,12

20 1,12 1,08

25 1,06 1,04

35 0,94 0,96

40 0,87 0,91

45 0,79 0,87

50 0,71 0,82

55 0,61 0,76

60 0,50 0,71

65 — 0,65

70 — 0,58

75 — 0,50

80 — 0,41

(Continua)
Condutores de circuitos e seções de fios 23

(Continuação)

Tabela 6. Fatores de correção para temperaturas ambientes diferentes de 30°C para linhas
não subterrâneas e de 20°C (temperatura do solo) para linhas subterrâneas

Isolação
Temperatura (°C)
PVC EPR ou XLPE

Do solo

10 1,10 1,07

15 1,05 1,04

25 0,95 0,96

30 0,89 0,93

35 0,84 0,89

40 0,77
Fonte: Adaptada de Associação Brasileira de Normas Técnicas (2004).
0,85

45 0,71 0,80

50 0,63 0,76

55 0,55 0,71

60 0,45 0,65

65 — 0,60

70 — 0,53

75 — 0,46

80 — 0,38
24

Tabela 7. Fatores de correção aplicáveis a condutores agrupados em feixe (em linhas abertas ou fechadas) e a condutores agrupados num mesmo plano,
em camada única

Ref. Forma de Número de circuitos ou de cabos multipolares Tabelas dos


agrupamento métodos de
1 2 3 4 5 6 7 8 9a 12 a 16 a ≥ 20
dos condutores referência
11 15 19

1 Em feixe: ao ar 1,00 0,380 0,70 0,65 0,60 0,57 0,54 0,52 0,50 0,45 0,41 0,38 36 a 39
livre ou sobre (métodos
Condutores de circuitos e seções de fios

superfície; A a F)
embutidos; em
conduto fechado

2 Camada única 1,00 0,85 0,79 0,75 0,73 0,72 0,72 0,71 0,70
sobre parede,
piso ou em
bandeja não 36 e 37
perfurada ou (método C)
prateleira

3 Camada única 0,95 0,81 0,72 0,68 0,66 0,64 0,63 0,62 0,61
no teto

(Continua)
(Continuação)

Tabela 7. Fatores de correção aplicáveis a condutores agrupados em feixe (em linhas abertas ou fechadas) e a condutores agrupados num mesmo plano,
em camada única

Ref. Forma de Número de circuitos ou de cabos multipolares Tabelas dos


agrupamento métodos de
1 2 3 4 5 6 7 8 9a 12 a 16 a ≥ 20
dos condutores referência
11 15 19

4 Camada única 1,00 0,88 0,82 0,77 0,75 0,73 0,73 0,72 0,72 38 e 39
em bandeja (métodos
perfurada E e F)

5 Camada única 1,00 0,87 0,82 0,80 0,80 0,79 0,79 0,78 0,78
sobre leito,
suporte, etc.
Notas:
– Esses fatores são aplicáveis a grupos homogêneos de cabos, uniformemente carregados.
– Quando a distância horizontal entre cabos adjacentes for superior ao dobro de seu diâmetro externo, não é necessário aplicar nenhum fator de redução.
– O número de circuitos ou de cabos com o qual se consulta a tabela refere-se à quantidade de grupos de dois ou três condutores isolados ou cabos unipolares, cada grupo
constituindo um circuito (supondo-se um só condutor por fase, isto é, sem condutores em paralelo), e/ou à quantidade de cabos multipolares que compõe o agrupamento,
qualquer que seja essa composição (só condutores isolados, só cabos unipolares, só cabos multipolares ou qualquer combinação).
– Se o agrupamento for constituído, ao mesmo tempo, de cabos bipolares e tripolares, deve-se considerar o número total de cabos como sendo o número de circuitos e, de
posse do fator de agrupamento resultante, a determinação das capacidades de condução de corrente (ver Tabela 5) deve ser então efetuada na coluna de dois condutores
carregados, para os cabos bipolares e na coluna de três condutores carregados, para os cabos tripolares.
– Um agrupamento com N condutores isolados, ou N cabos unipolares, pode ser considerado composto tanto de N/2 circuitos com dois condutores carregados quanto de
N/3 circuitos com três condutores carregados.
– Os valores indicados são médios para a faixa usual de seções nominais, com dispersão geralmente inferior a 5%.

Fonte: Adaptada de Associação Brasileira de Normas Técnicas (2004).


Condutores de circuitos e seções de fios
25
26 Condutores de circuitos e seções de fios

1. Quais são os tipos mais b) Flexíveis — portáteis — finos.


comuns de condutores? c) Maleáveis — pesadas — grossos.
a) Condutor, cabo e extensão. d) Rígidos — pesadas — grossos.
b) Fio, extensão e cabo. e) Condutores — de alto
c) Fio, cabo e cordão. consumo — finos.
d) Conduíte, cordão e eletroduto. 4. Se a carga elétrica tem uma corrente
e) Eletroduto, cabo e condutor. de carga de 25 ampères e se a
2. As tabelas de fiação resistência da fiação é 0,1 Ohm,
mais utilizadas são: calcule a queda de tensão na fiação.
a) AWG e IEC. a) 250 Volts.
b) NR-10 e NR-12. b) 0,25 Volts.
c) SAE e DIN. c) 2,5 Volts.
d) RMS e DIN. d) 0,1 Volts.
e) Inmetro e ABNT. e) 10 Volts.
3. Cordão é o nome dado a cabos 5. Se a tensão da fonte é 127 Volts e se
muito usados para a carga que chega pela fiação é 105
fornecer corrente aos aparelhos e Volts, qual é o percentual de perda?
às ferramentas . São feitos a) 10,5%.
de filamentos muito , b) 15%.
que são torcidos em conjunto. c) 18,5%.
Assinale a alternativa que preenche d) 25%.
corretamente as lacunas. e) 20,95%.
a) Rígidos — pesadas — finos.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5410: instalações elétricas de


baixa tensão. Rio de Janeiro, 2004.
CAVALIN, G.; CERVELIN, S. Instalações elétricas prediais: conforme norma NBR 5410:2004.
14. ed. São Paulo: Érica, 2006.
PRYSMIAN CABLES & SYSTEMS. Manual Prysmian de instalações elétricas. Santo André,
2010. 73 p. Disponível em: <https://br.prysmiangroup.com/sites/default/files/atoms/
files/Manual_Instalacoes_Eletricas.pdf>. Acesso em: 26 jun. 2018.
WALPA Distribuidora e Instaladora Elétrica. Produtos. Disponível em: <http://www.
walpa.com.br/produtos.php?c=9>. Acesso em: 27 jun. 2018.
Condutores de circuitos e seções de fios 27

Leituras recomendadas
CARVALHO, M. R. L. Instalações elétricas de baixa tensão. Rio de Janeiro: Universidade
Estácio de Sá, 2000. (Apostila).
COTRIN, A. A. M. B. Instalações elétricas. 5. ed. São Paulo: Pearson, 2009.
ELETRICIDADE MODERNA. Guia EM da NBR 5410. Aranda, São Paulo, dez. 2001.
NISKIER, J.; MACINTYRE, A. J. Instalações elétricas. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR

Em um sistema elétrico, uma das partes mais importantes é a fiação condutora que liga todos os
componentes. Os condutores devem ser capazes de fornecer energia necessária, sem perdas por
resistência ou aquecimento. Também devem ter isolamento adequado e devem ser instalados
dentro de conduítes de proteção (eletrodutos). O diâmetro da fiação deve ser compatível com a
carga, sem perdas. As tabelas definem a área da secção transversal, corrente máxima. Além
disso, devemos avaliar as perdas de carga com a fiação.

Vamos acompanhar mais detalhes no vídeo.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) Quais são os tipos mais comuns de condutores?

A) Condutor, cabo e extensão.

B) Fio, extensão e cabo.

C) Fio, cabo e cordão.

D) Conduíte, cordão e eletroduto.

E) Eletroduto, cabo e condutor.

2) As tabelas de fiação mais utilizadas são:

A) NBR 5410
B) NR-10 e NR-12

C) SAE e DIN

D) RMS e DIN

E) AWG e IEC

3) Cordão é o nome dado a cabos muito __________ usados para fornecer corrente aos
aparelhos e ferramentas ____________. São feitos de filamentos muito __________,
que são torcidos em conjunto.

A) Rígidos, pesadas, finos.

B) Flexíveis, portáteis, finos.

C) Maleáveis, pesadas, grossos.

D) Rígidos, pesadas, grossos.

E) Condutores, de alto consumo, finos.

4) Se a carga elétrica tem uma corrente de carga de 25 ampères e se a resistência da


fiação é 0,1 Ohm, calcule a queda de tensão na fiação.

A) 250 Volts

B) 0,25 Volts
C) 2,5 Volts

D) 0,1 Volts

E) 10 Volts

5) Se a tensão da fonte é 127 Volts e se a carga que chega pela fiação é 105 Volts, qual é
o percentual de perda?

A) 10,5%

B) 15 %

C) 18,5 %

D) 25 %

E) 17,32%

NA PRÁTICA
Figura 2

SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Fios e Cabos: saiba como dimensionar.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Eletricidade: Cada circuito requer fio neutro próprio.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Como calcular bitola de fios condutores.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Relés e contatores

APRESENTAÇÃO

Nesta unidade estudaremos os relés e as suas aplicações, além dos contatores (relés de potência)
e suas aplicações na Eletrotécnica.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar os símbolos e funções de relés e contatores usados nos diagramas esquemáticos.


• Descrever as diferentes maneiras que os relés e os contatores são utilizados.
• Explicar como os relés e os contatores são especificados.

DESAFIO

Você necessita dimensionar um sistema automático de acionamento de um motor de piscina de


clube, o qual tem potência de 5 CV trifásico em 127 Volts. Um temporizador digital irá acionar
a bomba em horários programáveis. A saída do temporizador é em contato seco de relé, com
capacidade de um ampére, na tensão de 127 Volts.

Calcule quantos KiloWatts este motor pode gerar. Depois, analise catálogos de contatoras
e diga qual o modelo aconselhado pela fabricante WEG.

INFOGRÁFICO

Veja na ilustração o esquema do que veremos nesta unidade, no que se refere aos relés e suas
aplicações em chaveamento, aos contatores (relés de potência) e suas aplicações no
acionamento de cargas de maior potência.
CONTEÚDO DO LIVRO

O relé é um dispositivo para executar funções de chaveamento (liga/desliga) de cargas. Executa


a mesma função de uma chave ou interruptor, exceto pelo fato de ser acionado eletricamente. O
contator é um relé de maior potência, com os mesmos princípios de funcionamento.

Boa leitura!
EQUIPAMENTOS
ELÉTRICOS

Delmonte
Friedrich
Relés e contatores
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Identificar os símbolos e as funções de relés e contatores usados nos


diagramas esquemáticos.
„ Descrever as diferentes maneiras com que relés e contatores são
utilizados.
„ Explicar como relés e contatores são especificados.

Introdução
Neste capítulo, você vai identificar os símbolos e as funções de relés e
contatores usados nos diagramas esquemáticos, que são símbolos gráficos
usados para representar componentes e equipamentos elétricos em uma
instalação elétrica ou parte de uma instalação. Além disso, você vai saber
como os relés e os contatores são utilizados e como são especificados.

Símbolos e funções de relés e contatores


usados nos diagramas esquemáticos
No campo da engenharia elétrica, utilizamos diagramas esquemáticos, que
são símbolos gráficos para representar componentes e equipamentos elétricos
em uma instalação elétrica ou parte de uma instalação. Esses diagramas
esquemáticos têm a função de padronizar essa instalação para que todos os
profissionais envolvidos em um projeto da área elétrica tenham uma visão
padronizada do que se pretende executar.
O profissional da área deverá saber ler e interpretar de forma correta esses
diagramas esquemáticos, pois eles garantem uma linguagem padrão comum
a todos os profissionais indiferentemente da cidade ou do país onde será rea-
lizada a instalação ou a manutenção elétrica. Essa padronização é realizada
a partir de normas nacionais e internacionais, como as simbologias brasileira
(ABNT), internacional (IEC), alemã (DIN) e norte-americana (ANSI). Esses
2 Relés e contatores

diagramas seguem um padrão mundial e seu objetivo é estabelecer símbolos


gráficos em desenhos técnicos ou diagramas esquemáticos de circuitos de
comandos eletromecânicos, ou seja, se uma máquina foi projetada na China,
podemos instalar perfeitamente no Brasil ou vice-versa, assim como fazer sua
manutenção posterior seguindo esses diagramas esquemáticos padronizados
internacionalmente.
Confira a relação de normas relacionadas aos comandos elétricos:

„ ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas)


„ IEC (Internacional Electrotechnical Commission)
„ EN (Europaische Norm)
„ ANSI (American National Standards Institute)
„ NEMA (National Electrical Manufactures Association)
„ UL (Underwriters Laboratories)
„ DIN (Deutsches Institut fur Normung)
„ VDE (Verband Deutscher Elektrotechniker)

A norma utilizada para dispositivo de manobra e comando de baixa tensão é a ABNT


NBR IEC 60947-1:2013.

Agora que conhecemos algumas normas nacionais e internacionais dos


diagramas esquemáticos elétricos, vamos identificar os símbolos e as funções
de dois componentes elétricos muito importantes, os contatores e os relés.

Funções dos contatores


Apesar de poder ser utilizado em vários comandos elétricos, sua maior utili-
zação é em circuitos de manobra em partidas de motores elétricos, desde as
mais simples montagens, como a partida direta e com reversão, até as mais
complexas, como a partida estrela-triângulo e com chave compensadora.
Esse componente pode ser utilizado tanto em motores monofásicos como em
motores trifásicos, pois seus contatos permitem a comutação de correntes
elevadas acionadas por simples comandos e controles remotos.
Relés e contatores 3

Simbologia dos contatores


O conjunto dos contatos principais e dos contatos auxiliares com a bobina é
visto na Figura 1 com as suas simbologias.

NA NA NF NF
1 2 3
13 23 31 41

4 5 6 C 14 24 32 42

Contatos Contatos
principais auxiliares

Figura 1. Simbologia do contator (bobina), contatos principais e contatos auxiliares.


Fonte: Adaptada de AndyPositive/Shutterstock.com.

Notamos, na figura anterior, que há uma linha tracejada indicando que


quando o contator está energizado, os contatos auxiliares e os contatos de
potência mudam de posição de forma simultânea.
4 Relés e contatores

Sistema de acionamento dos contatores


O acionamento dos contatores pode ser realizado com corrente alternada (CA)
ou contínua (CC), por serem dotados de sistemas específicos (bobina e núcleo)
para cada tipo de corrente.
Segundo a ABNT NBR IEC 60947-4, a identificação de terminais de
contatores e de relés associados fornece informações sobre a função de cada
terminal ou de sua localização em relação a outros terminais e demais aplica-
ções. As bobinas são identificadas de forma alfanumérica com A1 e A2. Os
terminais do circuito principal devem ser identificados por números unitários
e por um sistema alfanumérico. Os terminais 1L1, 3L2 e 5L3 voltam-se para
a rede (fonte) e os terminais 2T1, 4T2 e 6T3, para a carga.
Os terminais dos circuitos auxiliares devem ser marcados ou identificados
nos diagramas por meio de figura com dois números, a saber: a unidade re-
presenta a função do contato e a dezena representa a sequência de numeração
(Figura 2).

Número de sequência (1º contato) Número de função (NA)

13 14
Sequência (2º contato) Função (NF)

21 22

Figura 2. Representação dos contatos auxiliares.

Número de função e número de sequência


Os números de função 1,2 são próprios de contatos normalmente fechados, e
3,4 são próprios de contatos normalmente abertos. A norma diz que terminais
pertencentes a um mesmo elemento de contato devem ser marcados com o
mesmo número de sequência. Na Figura 3, notamos as sequências (da esquerda
para a direita) 1 (contato NA), 2 (contato NA), 3 (contato NF) e 4 (contato NF).
Relés e contatores 5

Figura 3. Sequência de contatos.


Fonte: Adaptada de AndyPositive/Shutterstock.com.

Funções dos relés


Quando utilizamos os relés em uma instalação elétrica, uma das suas principais
funções é que o funcionamento de outros aparelhos conectados ao circuito
que estejam ligados ao relé se alterem pela passagem da corrente elétrica
dependendo das características que se deseja alterar nestes sistemas. Esses
dispositivos também têm como função, em alguns tipos e modelos, proteger
o sistema elétrico de sobrecargas e falta de fase.
6 Relés e contatores

Simbologias dos relés de sobrecarga


Os terminais do circuito principal dos relés de sobrecarga (Figura 4) devem
ser marcados da mesma forma que os terminais de potência dos contatores.
Os terminais dos circuitos auxiliares de relé devem ser marcados da mesma
forma que os de contatores, com funções específicas. O número de sequência
deve ser o 9, e se existir uma segunda sequência, será identificada com o zero.

Figura 4. Nomenclatura de um relé de sobrecarga com a sua simbologia.


Fonte: Adaptada de Wichien Tepsuttinun/Shutterstock.com.
Relés e contatores 7

Simbologia dos relés de temporização


Alguns relés têm simbologia própria, como é o caso dos temporizadores e dos
de sobrecorrente térmicos. As chaves desses relés, quando separadas de seu
atuador, também têm símbolos específicos. Observe a Figura 5.

(a)

(b)

(c)

Figura 5. (a) Símbolo de relé temporizado com retardo na energização. (b) Símbolo de relé
temporizado com retardo na desenergização. (c) Símbolo de relé térmico.

Como utilizar relés e contatores?

Utilização dos contatores


Contatores são dispositivos elétricos de manobra utilizados de maneira a esta-
belecer, conduzir e interromper correntes em condições normais do circuito,
inclusive as sobrecargas, quando instalado juntamente com outros disposi-
tivos, como relés de proteção (Figura 6). Esses dispositivos de manobra são
utilizados para automatizar o trabalho de fechamento dos contatos, evitando,
8 Relés e contatores

dessa forma, a ida desnecessária até a máquina para realizar trabalhos que
possam colocar em risco a segurança do trabalhador.
Outra maneira de utilizar esse importante componente é a possibilidade
de ligar e energizar equipamentos a distância, ou seja, de forma que não haja
contato direto com a corrente elétrica da máquina e, dessa forma, fazendo com
que operadores de máquinas e eletricistas de manutenção possam executar
seu trabalho sem que haja risco a sua segurança.

Figura 6. Utilização de contatores.


Fonte: Kalabi Yau/Shutterstock.com.

O princípio de funcionamento desses dispositivos de manobra é o acio-


namento por meio de efeito eletromagnético, quando energizamos a bobina,
que, por sua vez, acionam os três contatos de carga, alimentando diretamente
os motores, assim como os contatos auxiliares, dependendo do modelo do
contator. No caso de contatos normalmente fechados, ao energizar a bobina,
estes passam ao estado normalmente aberto, já nos contatos normalmente
abertos acontece o inverso, eles passam ao estado normalmente fechado até
desenergizar a bobina novamente.
Os principais elementos construtivos de um contator são os contatos, o
núcleo, a bobina, as molas e a carcaça. No contator, temos os contatos princi-
pais e auxiliares. O contato principal é aquele componente de ligação que, em
Relés e contatores 9

estado fechado, conduz a corrente do circuito principal. Os contatos principais


de um contator são dimensionados com o objetivo principal de estabelecer e
interromper correntes de motores, podendo, ainda, acionar cargas resistivas,
capacitivas e outras. Os itens de um contator são:

„ parte superior da carcaça;


„ núcleo fixo;
„ anel de curto-circuito;
„ entreferro;
„ bobina;
„ mola de curso;
„ cabeçote;
„ núcleo móvel;
„ terminal da bobina;
„ contato fixo principal;
„ capa lateral;
„ contato móvel principal;
„ mola do contato principal;
„ contato fixo auxiliar — NA;
„ contato móvel auxiliar — NA;
„ mola de contato auxiliar;
„ contato móvel auxiliar — NF;
„ contato fixo auxiliar — NF;
„ capa frontal;
„ parte inferior da carcaça.

Já os contatos auxiliares são dimensionados para a comutação de circuitos


auxiliares para comando, sinalização e intertravamento elétrico, entre outras
aplicações. O formato dos contatos auxiliares está de acordo com a função:
normalmente aberto (NA) ou normalmente fechado (NF), podendo ser ainda
adiantados ou retardados, dependendo da linha e do modelo do contator utilizado.

Utilização dos relés


Os relés são dispositivos elétricos que têm como principal função produzir
modificações súbitas e predeterminadas nos circuitos elétricos de saída quando
alcançadas determinadas condições no circuito de controle dos relés, ou seja,
o circuito de entrada.
10 Relés e contatores

Esses dispositivos têm um circuito de comando que, a partir do momento


em que é energizado, aciona um eletroímã que, por sua vez, faz a mudança
de posição de outro par de contatores, que estão ligados a um circuito ou
comando secundário. Em um conjunto de contatos, geralmente, ao energizar
os relés, teremos uma inversão entre os contatos. Esse dispositivo elétrico
também pode ser configurado como um contato que abre e fecha de acordo
com algum determinado fator ou configuração (Figura 7).

Figura 7. Esquema de contatos dos relés.


Fonte: Fouad A. Saad/Shutterstock.com.

Os modelos de relés podem ser classificados conforme sua utilização em


três grandes grupos: relés eletromecânicos, relés de estado sólido e relés
digitais.

Relé eletromecânico

Assim como o contator, o relé é um componente eletromecânico, ou seja, ele


conta com uma parte mecânica de contato e o acionamento ocorre por meio
da corrente elétrica em uma bobina. A parte principal do relé é a bobina de
cobre que envolve um núcleo de ferrite, uma espécie de eletroímã. O princípio
Relés e contatores 11

de funcionamento se dá no momento em que você acionar a bobina. O núcleo


atrairá o induzido, que, ao mesmo tempo em que se desloca em direção a
bobina, também acionará o contato do relé na direção, fechando, dessa forma,
esse contato.
Os relés eletromecânicos subdividem-se em tipos e modelos conforme
suas aplicações. Dentre essas aplicações, podemos citar os de proteção, os
térmicos e os de temporização.
Relés temporizadores (Figura 8) são dispositivos eletrônicos que permitem,
em função de tempos ajustados, comutar um sinal de saída de acordo com a sua
função. Muito utilizados em automação de máquinas e processos industriais
como partidas de motores, quadros de comando, fornos industriais, injetoras,
entre outros, esse componente permite, em função do tempo ajustado, comutar
um sinal de saída de acordo com a sua função.

Figura 8. Relés temporizadores.


Fonte: Bigbubblebee99/Shutterstock.com; AndyPositive/Shutterstock.com.

Relés de sobrecarga (Figura 9) são dispositivos de proteção de sobrecarga


elétrica utilizados em motores elétricos. Sua função é evitar o superaquecimento
e são dispositivos baseados no princípio de dilatação de partes termoelétricas
(bimetálicos). A operação de um relé está baseada nas diferentes dilatações
que os metais apresentam, quando submetidos a uma variação de temperatura.
Relés de sobrecarga são usados para proteger equipamentos elétricos, como
motores e transformadores, de um possível superaquecimento.
12 Relés e contatores

Figura 9. Relés de sobrecarga.


Fonte: AndyPositive/Shutterstock.com.

Relés de proteção (Figura 10) trabalham sob o funcionamento de correntes


elétricas e podem criar campos eletromagnéticos que podem provocar mudanças
de estados dos contatos para ligar ou desligar dispositivos. Esses componentes
conseguem medir grandezas de tensão, isolamento, temperatura, sequência
de fase e outros.

Figura 10. Relés de proteção.


Fonte: Kalabi Yau/Shutterstock.com.
Relés e contatores 13

O relé fotoelétrico é um dos mais comuns e mais utilizados. Ele tem como função
principal o acionamento ou o desligamento automático de um determinado circuito
por meio da quantidade de luz. Com isso, permite uma infinidade de configurações
para uma instalação. Um exemplo clássico de utilização do relé fotoelétrico é a ligação
das lâmpadas dos postes, que acendem automaticamente quando escurece.

Relé de estado sólido

O relé de estado sólido é um dispositivo eletrônico totalmente em estado


sólido, ou seja, não tem elementos mecânicos ou qualquer tipo de peça móvel.
É utilizado para chaveamento de cargas resistivas ou indutivas (Figura 11).
Podemos afirmar que o relé de estado sólido substitui, em alguns casos, os
relés eletromecânicos e os contatores. As principais vantagens desses com-
ponentes em relação ao relé eletromecânico é que são menores que os relés
eletromecânicos convencionais de mesma potência, têm uma vida útil muito
maior, têm maior velocidade de comutação, exigem baixa potência, não geram
ruídos sonoros e, como não geram arco voltaico, também produzem bem menos
ruídos eletromagnéticos. A alta velocidade de comutação citada como um dos
benefícios favorece uma resposta a comandos de disparo de maior frequência
e, com isso, há um aumento em seu campo de aplicações.

Figura 11. Relé de estado sólido.


Fonte: NIKCOA/Shutterstock.com.
14 Relés e contatores

Relé digital

Também conhecido como relé programável (Figura 12), caracteriza-se pelo seu
tamanho compacto e pela excelente relação custo-benefício. É, sobretudo, um
equipamento idealizado para aplicações de pequeno e médio porte em tarefas
de intertravamento, temporização e contagem. Substitui com vantagens con-
tatores auxiliares, temporizadores e contadores eletromecânicos, reduzindo o
espaço necessário e facilitando significativamente as atividades de manutenção.

Figura 12. Relé digital ou programável.


Fonte: AndyPositive/Shutterstock.com.

Como relés e contatores são especificados?

Especificação dos contatores


Os contatores elétricos são um dos principais componentes na área de comandos
elétricos e eletromecânicos em um sistema de força e controle (Figura 13).
Eles são responsáveis pela manobra dos motores e deverão ser dimensionados
segundo a carga a ser aplicada.
Relés e contatores 15

Figura 13. Especificação dos contatores.


Fonte: DarioZg/Shutterstock.com.

Para que você escolha corretamente os contatores que utilizará, precisa


entender alguns critérios importantes:

Categoria de emprego: determina as condições para a ligação e a interrupção


da corrente e da tensão nominal de serviço correspondente para a utilização
normal do contator, nos mais diversos tipos de aplicação para CA e CC.

Tensão de comando: critério empregado após a definição do tipo de contator a


ser utilizado, juntamente com a frequência da rede. Diferencia-se pelo sistema
utilizado, sendo usual a tensão em corrente alternada e com menor incidência
em corrente contínua.

Frequência de manobras: informa o número de manobras por hora que o


contator deve realizar. Essa é uma informação importante, pois quanto maior
esse valor, menor será a vida dos contatos.

Quantidade de contatos auxiliares: a quantidade depende das necessidades


de comando intertravamento e sinalizações constantes do circuito.

Categoria de empregos de contatores conforme IEC 60947: um dos critérios


de especificação mais importantes é a categoria de empregos de contatores.
Confira a relação:
16 Relés e contatores

„ AC-1 Cargas não indutivas ou de baixa indutividade (resistores);


„ AC-2 Motores com rotor bobinado (anéis);
„ Partida com desligamento na partida e regime nominal:
■ AC-3 Motores com rotor em curto-circuito (gaiola).
„ Partida com desligamento em regime nominal:
■ AC-4 Motor com rotor em curto-circuito (gaiola).
„ Partida com desligamento na partida, partida com inversão de rotação
e manobras intermitentes:
■ AC-5a Lâmpadas de descarga em gás (fluorescentes, vapor de mer-
cúrio e vapor de sódio);
■ AC-5b Lâmpadas incandescentes;
■ AC-6a Transformadores;
■ AC-6b Banco de capacitores;
■ AC-7a Cargas de aparelhos residenciais ou similares de baixa
indutividade;
■ AC-7b Motores de aparelhos residenciais;
■ AC-8 Motores-compressores para refrigeração com proteção de
sobrecarga;
■ DC-1 Cargas não indutivas ou de baixa indutividade (resistores);
■ DC-3 Motores de derivação (shunt).
„ Partidas normais, partidas com inversão de rotação, manobras inter-
mitentes e frenagem:
■ DC-5 Motores série, partidas normais, partidas com inversão de
rotação, manobras intermitentes e frenagem;
■ DC-6 Lâmpadas incandescentes.

Contatores auxiliares, categorias de emprego – ABNT NBR IEC 60947-4:

„ Corrente alternada, especificação das cargas:


■ AC-12 Cargas resistivas e eletrônicas;
■ AC-13 Cargas eletrônicas com transformador de isolação;
■ AC-14 Cargas eletromagnéticas = 72 VA;
■ AC-15 Cargas eletromagnéticas > 72 VA.
„ Corrente contínua, especificação das cargas:
■ DC-12 Cargas resistivas e eletrônicas;
■ DC-13 Cargas eletromagnéticas;
■ DC-14 Cargas eletromagnéticas com resistores de limitação.
Relés e contatores 17

Especificação dos relés


Os relés são especificados como abertos, fechados ou selados. O que determina
a especificação de um relé em uma aplicação são as suas características de
aplicação e o entendimento dessas características. No caso de equipamentos
fechados, que não estejam sujeitos a elementos que prejudiquem o componente,
como umidade ou sujeira, podem ser utilizados os relés abertos. A maioria das
aplicações comuns utilizam os relés fechados, que são normalmente envoltos
por caixas plásticas. Os selados são blindados e utilizados em aplicações que
ficam em atmosferas combustíveis, em que há o perigo de explosão. Observe
na Figura 14 um quadro de relés.

Figura 14. Quadro de relés.


Fonte: Roman Nerud/Shutterstock.com.

Um relé pode ser dividido em dois modelos:

Para circuitos principais ou de potência: é composto por uma carcaça de


material isolante, três bimetais de aquecimento, alavanca de desarme, terminais
de entrada (1L1, 3L2 e 5L3) e terminais de saída (2T1, 4T2 e 6T3).
18 Relés e contatores

Para circuitos auxiliares ou de comando: consiste basicamente em conta-


tos auxiliares (NA e NF) por onde circula a corrente de comando, botão de
regulagem, botão de rearme (reset), botão de seleção (manual e automático) e
bimetal de compensação da temperatura (dá condições ao relé de operar na faixa
de -20 °C a 50 °C sem modificação da curva de desarme). Com a circulação
da corrente nominal do motor (para a qual o relé está regulado), os bimetais
curvam-se. Isso acontece porque o bimetal é uma liga de dois materiais com
coeficientes de dilatação diferentes. A curvatura do bimetal se dá para o lado
do material de menor coeficiente.
O relé não deve ser dimensionado com a corrente nominal, pois, se houver
a necessidade de o motor ser utilizado com fator de serviço acima de 1, o relé
não permitirá tal corrente, mesmo que o motor suporte essa situação. O ajuste
da corrente deve ser do seguinte modo:

Ir = 1,15 até 1,25 . In

Sendo:
Ir = corrente do relé de sobrecarga
In = corrente nominal

Características de operação

Corrente nominal do motor: é a característica básica de escolha da faixa


de corrente de um relé. Serve inclusive para seu ajuste por meio do botão de
regulagem.

Características da rede: a influência da frequência sobre os valores de desarme


pode ser desprezada. O maior valor de tensão admissível para o relé é a sua
tensão nominal de isolação.

Número de manobras: a correta proteção é garantida para operação contínua


ou uma frequência de manobras de até 15 man./hora. Após cada manobra,
os bimetálicos do relé deverão ter tempo para resfriar, voltando à posição
original (repouso).
Relés e contatores 19

A queima de relés nos processos industriais é muito comum — normalmente em


razão do dimensionamento incorreto. Alguns cuidados ao escolher o modelo para
seu processo aumentam a vida útil desses equipamentos, como a correta escolha
do sinal de controle, a tensão máxima admissível e, principalmente, a corrente de
acionamento dos relés.

1. Quais são as partes constituintes de um relé eletromecânico?


a) Indutor, tiristor e contatos normalmente fechados.
b) Bobina, armadura, mola e contatos físicos NA e/ou NF.
c) Bobina, tiristor e contato NF.
d) Armadura, estator e indutor.
e) Bobina, defletor e carregador.
2. Para acionamento de cargas maiores, eletricamente e a distância, como motores,
utilizamos:
a) contator.
b) relés eletromecânicos.
c) relés eletrônicos.
d) interruptores manuais.
e) solenoides.
3. Um relé ou contator apresenta uma isolação entre e . Assinale
a alternativa que preenche corretamente as lacunas.
a) Circuito de controle — circuito de carga.
b) Circuito de parada — circuito isolador.
c) Circuito interruptor — circuito amplificador.
d) Circuito de temporização — circuito de carga.
e) Circuito de carga — circuito temporizador.
4. Para a especificação de um relé, quais são os principais parâmetros?
a) Resistência, impedância e potência.
b) Potência, resistência e tensão.
c) Corrente nominal dos contatos, tensão da bobina CC ou CA e tipos de
contatos.
d) Contatos, potência e resistência.
e) Bobina, contatos e resistência.
20 Relés e contatores

5. Analisando o circuito a seguir, o que se constata?

a) CR desenergizada, R desenergizada e G desenergizada.


b) CR energizada, R energizada e G desenergizada.
c) CR energizada, R desenergizada e G desenergizada.
d) CR energizada, R energizada e G energizada.
e) Nenhuma das alternativas está correta.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR IEC 60947-4-1:2018. Dis-


positivo de manobra e comando de baixa tensão Parte 4-1: Contatores e chaves de
partidas de motores - Contatores e chaves de partidas de motores eletromecânicos.
Rio de Janeiro: ABNT, 2018.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR IEC 60947-4-2:2011. Dis-
positivos de manobra e comando de baixa tensão Parte 4-2: Contatores e partida
de motores - Controladores de partida de motores c.a. a semicondutores. Rio de
Janeiro: ABNT, 2018.
WEG. Automação: catálogo geral contatores e relés de sobrecarga. [2012]. Disponível
em: <http://ecatalog.weg.net/files/wegnet/WEG-contatores-e-reles-de-sobrecarga-
catalogo-geral-50026112-catalogo-portugues-br.pdf>. Acesso em: 26 jun. 2018.

Leitura recomendada
ALEXANDER, C.; SADIKU, M. N. O. Fundamentos de circuitos elétricos. 5. ed. Porto Alegre:
AMGH, 2013.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR

Relé eletromecânico é uma chave controlada remotamente, que liga ou desliga uma carga por
energização de um eletroímã, que abre ou fecha os contatos do circuito, normalmente abertos
(NA) ou fechados (NF). Tem larga aplicação em eletroeletrônica, pois permite isolamento de
circuitos e maior segurança nos acionamentos. Possui uma bobina acionada por tensão CC ou
CA, que aciona contatos NA ou NF.

O contator é um relé de potência, bastante similar ao relé, permitindo acionamento de cargas


maiores, como motores elétricos, resistências.

Vamos acompanhar mais detalhes no vídeo.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) São partes constituintes de um relé eletromecânico:

A) Indutor, tiristor, contatos normalmente fechados

B) Bobina, armadura, mola, contatos físicos NA e/ou NF

C) Bobina, tiristor, contato NF

D) Armadura, estator, indutor

E) Bobina, defletor, carregador

2) Para acionamento de cargas maiores, eletricamente e a distância, como motores,


utilizamos:

A) Contator

B) Relés eletromecânicos

C) Relés eletrônicos

D) Interruptores manuais

E) Solenoides

3) Um relé ou contator apresenta uma isolação entre _______________ e


_____________.

A) Circuito de controle; circuito de carga.

B) Circuito de parada; circuito isolador

C) Circuito interruptor; circuito amplificador

D) Circuito de temporização; circuito de carga

E) Circuito de carga;circuito temporizador

4) Para a especificação de um relé, os principais parâmetros são:

A) Resistência, impedância, potência


B) Potência, resistência, tensão

C) Corrente nominal dos contatos, tensão da bobina CC ou CA, tipos de contatos.

D) Contatos, potência e resistência

E) Bobina, contatos, resistência

5) Para o circuito anexado, constatamos que


A) CR desenergiza, R desenergiza, G desenergiza.

B) CR energizada, R energizada, G desenergizada

C) CR energizada, R desenergizada, G desernegizada.

D) CR energizada, R energizada, G energizada

E) nenhuma resposta acima.

NA PRÁTICA

Os relés fizeram a história da automação nos seus primórdios. Através de bobinas e contatos,
pode-se fazer lógica de comando e intertravamento em painéis de comando e controle de
equipamentos e sistemas. Confira na imagem:
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Como funciona o relé

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Mini aula sobre contactores

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Como ligar um contator

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Energia e Potencia em eletrotécnica

APRESENTAÇÃO

Nesta Unidade de Aprendizagem, estudaremos os meios de geração e transmissão de energia


elétrica e a cogeração.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Descrever os vários métodos de geração de energia elétrica: hidrelétricas, termelétricas,


nuclear, eólica e solar fotovoltaica.
• Entender o método usado na transmissão de energia a longas distâncias.
• Descrever as etapas de produção de energia elétrica até o consumidor final.

DESAFIO

Vamos supor que você mora próximo de uma grande empresa que produz autopeças, com cerca
de 500 funcionários. Entre os equipamentos, a empresa possui: injetoras, prensas, tornos e
fresadoras CNC. Defina para esse consumidor de energia a maneira como a concessionária irá
atendê-lo para entrega de energia elétrica. O consumidor irá receber baixa tensão trifásica
(127/220 V) ou a concessionária irá atendê-lo com alta tensão, necessitando de subestação?

Antes de iniciar, lembre-se do estudo das cargas.

INFOGRÁFICO

O infográfico apresenta o esquema do que veremos nesta Unidade referente aos meios de
geração e transmissão de energia elétrica e cogeração.
CONTEÚDO DO LIVRO

Leia o capítulo Energia e Potência em Eletrotécnica que faz parte da obra Eletrotécnica e é a
base teórica desta Unidade de Aprendizagem.

Boa leitura.
ELETROTÉCNICA

Diogo Braga da
Costa Souza
S719e Souza, Diogo Braga da Costa.
Eletrotécnica [recurso eletrônico] / Diogo Braga da
Costa Souza, Rodrigo Rodrigues. – Porto Alegre :
SAGAH, 2017.

Editado como livro em 2017.


ISBN 978-85-9502-055-9
1. Eletrotécnica. 2. Engenharia elétrica. I. Rodrigues,
Rodrigo. II. Título.

CDU 621.3

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


Energia e potência
em eletrotécnica
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Descrever os vários métodos de geração de energia elétrica: hidrelé-


tricas, termelétricas, nuclear, eólica e solar fotovoltaica.
 Entender o método usado na transmissão de energia a longas
distâncias.
 Descrever as etapas de produção de energia elétrica até o consumidor
final.

Introdução
Neste capítulo, você vai estudar os meios de geração e de transmissão
de energia elétrica, conhecendo suas principais funções e característi-
cas, além dos mecanismos envolvidos na cogeração. Você também vai
conhecer um pouco mais sobre a matriz energética brasileira (a mais
renovável do planeta), com destaque para o funcionamento da usina
hidrelétrica de Itaipu.

Caracterização geral do sistema elétrico


Os sistemas elétricos são concebidos para possibilitar a entrega de energia
elétrica para todas as pessoas, já que este é um direito fundamental de todos
os cidadãos. Estes sistemas abrangem desde a geração da energia até a entrega
aos consumidores finais. Como o armazenamento de energia elétrica é inviável,
devido ao seu custo, os sistemas elétricos devem ser capazes de fornecer a
energia necessária em cada instante, atendendo a demanda momentânea dos
2 Eletrotécnica

consumidores. Assim, esta característica exige um potencial do sistema que


atenda ao seu máximo consumo.
Para que a energia gerada seja entregue aos consumidores, os sistemas
elétricos possuem três partes:

 Geração, a qual se destina à conversão de energia proveniente de alguma


fonte em energia elétrica.
 Transmissão, que interliga o sistema de geração ao de distribuição,
sendo capaz de transportar altos níveis de energia.
 Distribuição, a qual é destinada à entrega de energia a consumidores
de grande, médio e pequeno porte.

Explicando de forma simples: o transporte de energia começa nos gera-


dores, que, pela conversão de energia, injetam energia elétrica na rede. Essa
energia passa por uma subestação de elevação, a qual eleva a tensão a níveis
de transmissão. A energia percorre os condutores de transmissão e chega a
subestações abaixadoras, que reduzem o valor da tensão a níveis de distribuição
primária. As redes de distribuição levam a energia aos consumidores. Essa
energia percorre as ruas das cidades até chegar ao ponto de entrega, onde
ocorre novamente uma redução do nível de tensão, alcançando valores de
distribuição secundária. Os níveis mais utilizados no Brasil são 220 e 127 V.
Os consumidores de grande e médio porte podem estar ligados às redes de
distribuição primária (KAGAN; OLIVEIRA; ROBBA, 2005).

Termelétrica

Linhas de
distribuição
Linhas de transmissão

Figura 1. Sistema elétrico simplificado.


Fonte: MSSA / Shutterstock.com.
Energia e potência em eletrotécnica 3

Geração de energia elétrica


A geração de energia acontece pela conversão de algum outro tipo de energia
em energia elétrica. A função da fonte de energia de entrada é girar o eixo
de uma máquina elétrica rotativa, a qual converte o torque aplicado a ela em
potência elétrica de saída (KAGAN; OLIVEIRA; ROBBA, 2005). A energia
elétrica pode ser obtida de diversas maneiras. Neste capítulo, vamos abordar
e conceituar as energias hidrelétrica, termelétrica, eólica, solar fotovoltaica
e nuclear.

Hidrelétricas
As usinas hidrelétricas utilizam a energia potencial ou cinética presente na
água de rios para a geração de energia elétrica.

Figura 2. Hidrelétrica.
Fonte: Christos Georghiou / Shutterstock.com

Em uma hidrelétrica que utiliza uma barragem de água, uma grande represa
é construída. Isso aumenta a profundidade do rio, aumentando também a
energia potencial devido à altura da água. Na barragem são instalados grandes
tubos com muita inclinação, que transportam a água até as turbinas geradoras.
A energia potencial antes contida na água, devido à barragem, se torna energia
cinética, a qual movimenta o eixo das máquinas síncronas, que convertem a
energia cinética da água em energia elétrica. Depois de passar pelas turbinas,
a água volta ao seu curso normal no rio, sem sofrer danos.
4 Eletrotécnica

O grande fator negativo das hidrelétricas de barragem é a necessidade de


alagamento de áreas para sua construção, o que provoca um grande impacto
ambiental à fauna e à flora local.
A base da matriz energética brasileira são as hidrelétricas: cerca de 60%
da energia consumida no país é proveniente dessa fonte. A hidrelétrica
com maior potência instalada é a de Itaipu, com 14.000 MW, possuindo 20
unidades geradoras (10 em 50 Hz e 10 em 60 Hz). Essa divisão de tecno-
logias na hidrelétrica de Itaipu se deve à binacionalidade da usina, já que
ela foi construída a partir de um acordo entre Brasil e Paraguai (ITAIPU
BINACIONAL, 2017).

Termelétricas
A energia térmica produz energia elétrica a partir da queima de combustíveis,
como óleo, carvão, gás natural e, em algumas usinas, biomassa. O fator de
atração desse tipo de usina é que ela pode ser instalada localmente, ou seja,
perto de centros consumidores, o que possibilita a redução de custos de trans-
missão de energia. A fonte primária desse tipo de geração é considerada não
renovável, devido à reação química da combustão dos materiais.
O grande fator negativo dessas fontes é a liberação de grandes quantidades
de gases, que causam impactos ambientais.
O processo de geração em termelétricas começa na queima do combustível,
o que libera uma grande quantidade de energia térmica. A água, ao absorver
essa energia, muda seu estado físico para vapor. Esse vapor então é pressurizado
para que movimente as pás de uma turbina conectada ao eixo da máquina
geradora (MAMEDE FILHO, 2012).
No Brasil, as termelétricas são utilizadas como segundo tipo de geração,
sendo acionadas somente quando a quantidade de energia gerada por fontes
hídricas não é suficiente para o atendimento da demanda energética. Essa
situação ocorreu em 2016, quando a falta de chuvas ocasionou a redução do
nível das barragens, diminuindo temporariamente o potencial de geração
hídrica. Os acionamentos das usinas térmicas elevam o custo da energia, o
que acaba sendo repassado aos consumidores por meio de tarifas de bandeiras:
quanto maior for a quantidade de energia gerada por fontes térmicas, maior
será o custo da energia.
Energia e potência em eletrotécnica 5

Figura 3. Termelétrica.
Fonte: Christos Georghiou / Shutterstock.com

Parques eólicos
A geração eólica converte a energia cinética dos ventos em energia elétrica.
Os aerogeradores são formados por grandes pás que, quando atingidas por
fortes correntes de ar, começam a se mover, girando o eixo da máquina elétrica
geradora (PETRUZELLA, 2013).
No ano de 2015, o Brasil atingiu um potencial instalado de geração de 6,4
GW de energia eólica, o que representa 4,7% do potencial brasileiro.
A energia eólica é um tipo de fonte complementar à fonte hídrica no Brasil,
pois seu grande potencial de geração de energia ocorre no período de estiagem,
considerado o mais crítico em termos de abastecimento energético.

Figura 4. Parque eólico.


Fonte: Christos Georghiou/Shutterstock.com
6 Eletrotécnica

Solar fotovoltaica
A geração fotovoltaica consiste na captação da radiação solar por placas
semicondutoras capazes de converter essa energia em energia elétrica. Para
maior eficiência de utilização, estas placas devem ser instaladas em locais onde
haja o maior tempo de incidência direta de radiação solar. Em alguns casos,
são utilizados sensores de posicionamento solar para o direcionamento das
placas. No entanto, os altos custos dessa tecnologia de geração desestimulam
sua aplicação (PETRUZELLA, 2013).
No Brasil, esse é um tipo de fonte com um imenso potencial não explorado,
pois o país é tropical e possui radiação de sol em grande parte do ano. Apesar
do alto custo de implantação, cada vez mais os consumidores de energia vêm
instalando estes sistemas para redução de custos do consumo de energia elétrica.
A ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) lançou a Resolução
Normativa n.º 414/2010, que permite a interligação de fontes de geração insta-
ladas por consumidores à rede de distribuição, ou seja, o consumidor gerador
não precisa armazenar a energia gerada, ele injeta o excedente de energia na
rede de distribuição, recebendo, assim, um crédito de energia, o qual poderá
consumir quando seu consumo ultrapassar a capacidade geradora de sua
instalação. Essa normatização incentiva a instalação de fontes de geração
distribuída, pois reduz o custo de aplicação destes sistemas, eliminando a
necessidade da aquisição de baterias.

Figura 5. Parque fotovoltaico.


Fonte: Christos Georghiou / Shutterstock.com
Energia e potência em eletrotécnica 7

A geração de energia por meio de energia solar fotovoltaica ocorre pela conversão
da radiação luminosa solar em energia elétrica, logo, esse não é um tipo de geração
térmica, na qual se converte temperatura em energia elétrica. Aliás, quanto mais
quentes forem as placas solares, menores se tornam seus rendimentos.

Usinas nucleares
As usinas nucleares são consideradas térmicas porque o processo básico de
geração ocorre a partir da geração de energia elétrica para a vaporização da
água, tracionando as turbinas pela pressão desse vapor. A grande diferença
entre as usinas térmicas de combustão e as usinas nucleares é o processo de
obtenção da energia térmica, o qual ocorre pela reação em cadeia da fissão de
elementos radioativos por reatores nucleares. O elemento radioativo utilizado
é o urânio enriquecido.
O Brasil possui três usinas nucleares que se localizam na cidade de Angra
dos Reis (no Rio de Janeiro), denominadas Angra I, Angra II e Angra III (que
ainda não está operando). Juntas, elas possuem um potencial instalado de cerca
de 3.400 MW (ELETROBRÁS, 2017a).

Figura 6. Usina nuclear.


Fonte: Christos Georghiou/Shutterstock.com
8 Eletrotécnica

Para saber mais sobre o processo de geração nuclear no Brasil, leia o Capítulo 8 do
Atlas da Energia Elétrica no Brasil (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2008).

Cogeração
A utilização de combustíveis fósseis em processos possui um rendimento muito
baixo, devido, entre outros motivos, à perda térmica. A cogeração consiste no
processo de reaproveitamento do calor que seria desperdiçado pelo processo.
Essa reutilização reduz as perdas do sistema e o custo da energia (MAMEDE
FILHO, 2012).
A grande limitação dos sistemas de cogeração está no fato de as usinas de
conversão da energia térmica residual precisarem estar localizadas próximas
ao processo produtor dessa energia, sendo que a grande maioria possui pouco
potencial de geração.
Um exemplo da aplicação da cogeração é a utilização do ar quente liberado
em geradores de energia a partir de gás natural, sendo que a principal função
do gerador é a produção de energia elétrica, e a utilização da energia térmica
residual é considerada geração secundária ou cogeração.

Figura 7. Distribuição de energia em uma usina a ciclo fechado.


Fonte: GALP Energia (2015).
Energia e potência em eletrotécnica 9

Transmissão e distribuição de energia elétrica


Os sistemas de transmissão e de distribuição de energia são formados ba-
sicamente pelos condutores e transformadores, que conduzem a corrente
elétrica do sistema das fontes geradoras aos centros de consumo. Os fatores
que diferenciam essas redes são seus níveis de tensão e suas aplicações (ELE-
TROBRÁS, 2017b).

Redes de transmissão
As gerações de energia elétrica por meio de fontes naturais requerem que as
instalações dos centros de geração sejam em locais nos quais haja o potencial
necessário para a produção de energia suficiente ao atendimento da demanda de
consumo. No caso do Brasil, como a maior quantidade de geração de energia
é proveniente de hidroelétricas, as fontes de geração com alto potencial de
geração, ficam distantes dos centros consumidores, exigindo que essa alta
quantidade de energia seja transportada.
Esse transporte de grandes montantes de energia elétrica das fontes gera-
doras até próximo dos centros consumidores é de responsabilidade das redes
de transmissão. Para a redução das seções dos cabos, são utilizados altos
níveis de tensão, o que permite o transporte de um alto valor de potência
com valores de corrente relativamente baixos, conforme mostrado na Figura
8. Atualmente, a energia é transmitida em linhas de transmissão operando
com tensões próximas a 1.000 kV (KAGAN; OLIVEIRA; ROBBA, 2005).

Figura 8. Relação entre a redução da corrente nas linhas de transmissão pela elevação
da tensão.

Como os sistemas em corrente contínua não possuem perdas devido


aos efeitos reativos dos condutores, as linhas de transmissão CC são um
método que reduz as perdas gerais do sistema. Como os sistemas de geração
e consumo são em corrente alternada, a utilização de redes de transmissão
10 Eletrotécnica

CC é condicionada ao uso de conversores CA/CC próximos das usinas


geradoras e de conversores CC/CA próximos dos centros de consumo. Estes
conversores são equipamentos de alto custo e que possuem perdas (mesmo
que pequenas nos conversores atuais). Assim, a utilização de transmissão
CC é viável somente quando as economias devido à redução de perdas por
efeitos reativos superam o custo e as perdas dos conversores. As linhas
de transmissão CC são viáveis em transmissões de grandes distâncias
(acima de 600 km), enquanto as linhas CA são utilizadas em transmissões
a distâncias menores.
Um exemplo de utilização de transmissão CC são as linhas que interligam
a hidrelétrica de Belo Monte ao município de Anapu (no Pará), que têm
extensão de 2.086,9 km e tensão de transmissão de 800 kV (BMTE, 2014).
A usina hidrelétrica de Itaipu possui geradores 60 Hz e 50 Hz. Toda a
energia 60 Hz é transmitida por linhas CA, três delas com tensão de 765
kV e uma com 500 Kv. A energia gerada em 50 Hz, como não pode ser
interligada diretamente à rede 60 Hz, é transmitida por duas linhas CC
com tensão de 600 kV (ITAIPU BINACIONAL, 2017). Veja estas linhas
na Figura 9.

Figura 9. Sistemas de transmissão de Itaipu.


Fonte: Itaipu Binacional (2017).
Energia e potência em eletrotécnica 11

O Brasil possui uma rede de transmissão formada por uma complexa rede
com cerca de 116.000 km (ELETROBRÁS, 2017b), sendo considerada a maior
do mundo. Essa característica se deve à extensão do território nacional e à
interligação de todo o sistema elétrico brasileiro.

Redes de distribuição
Essa parte é a mais diversificada do sistema, sendo composta por diferentes
níveis de tensão. A distribuição é dividida em subtransmissão, distribuição
primária e distribuição secundária, as quais são interligadas por subestações
abaixadoras, que reduzem os níveis de tensão e capacidade de transporte de
potência. As principais funções são descritas a seguir (KAGAN; OLIVEIRA;
ROBBA, 2005):

 Os sistemas de subtransmissão transferem a energia das subestações


abaixadoras da transmissão para as subestações de distribuição, ope-
rando em tensões de 138 ou 69 kV, com capacidade de transmissão de
20 a 150 MW.
 Os sistemas de distribuição primária (também denominada média
tensão) são as redes que levam a energia das subestações de distribuição
para os centros de consumo, operando em tensões de 13,8 Kv, com
capacidade de transporte de potência de até 12 MVA. Esses sistemas
alimentam os consumidores de médio porte, como pequenas indústrias
e centros comerciais.
 Os sistemas de distribuição secundária são as redes que operam com
tensões 220 V/127 V ou 380 V/ 220 V, consideradas baixa tensão. Essa
rede recebe a energia das redes de distribuição primárias e alimentam
consumidores residenciais, pequenos comércios e indústrias.

As interligações das linhas de distribuição são realizadas formando malhas com a


intenção da continuidade do fornecimento, garantindo a entrega da energia ao con-
sumidor final (KAGAN; OLIVEIRA; ROBBA, 2005).
12 Eletrotécnica

1. Qual dos seguintes meios de 4. Qual dos seguintes componentes


produção de energia converte de um sistema de transmissão
a energia do sol diretamente e distribuição de energia é
em energia elétrica? usado para levantar e abaixar
a) Turbina a vapor. os níveis de tensão?
b) Turbina hidráulica. a) Isolador.
c) Turbina eólica. b) Transformador.
d) Painel fotovoltaico. c) Disjuntor.
e) Termelétrica. d) Inversor.
2. Cogeração é a produção combinada e) Interruptor.
de _________________ , utilizando um 5. A instalação elétrica
combustível primário. mostrada a seguir é:
a) Energia hidrelétrica e solar.
b) Térmico, elétrico e energia eólica.
c) Calor de recuperação de perdas
térmicas e energia elétrica.
d) Nuclear e potência de
célula de combustível.
e) Termelétrica e energia eólica.
3. A transmissão de energia elétrica da
estação geradora para o consumidor
geralmente ocorre em: a) Uma unidade inversora.
a) Alta tensão CA e b) Uma unidade que recebe a
correntes médias CC. energia em baixa tensão.
b) Baixa tensão CA e baixas c) Uma unidade elevadora
correntes CC. de tensão.
c) Baixa tensão CA e altos d) Uma subestação abaixadora, que
níveis de corrente CA. recebe energia em alta tensão.
d) Média tensão CC e e) Nenhuma alternativa.
médias correntes CA.
e) Alta tensão CA e baixos
níveis de corrente CA.
Energia e potência em eletrotécnica 13

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Resolução normativa nº 414, de 9 de se-


tembro de 2010. Brasília: ANEEL, 2010. Disponível em: <http://www2.aneel.gov.br/
arquivos/PDF/atlas3ed.pdf>. Acesso em: 13 fev. 2017.
AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. ANEEL, Atlas da energia elétrica no Brasil.
3. ed. Brasília: ANEEL, 2008. Disponível em: <http://www2.aneel.gov.br/arquivos/PDF/
atlas3ed.pdf>. Acesso em: 08 de fev. 2017.
BMTE. Relatório de impacto ambiental. [S.l.]: BMTE, 2014. Disponível em: <http://www.
bmte.com.br/wp-content/uploads/2016/06/RIMA.pdf>. Acesso em: 08 de fev. 2017.
ELETROBRÁS. Como a energia elétrica é gerada no Brasil. [S.l.]: Eletrobrás, 2017a. Dispo-
nível em: <http://www.eletrobras.com/elb/natrilhadaenergia/energia-eletrica/main.
asp?View={61D475A6-BBFC-41CE-98E3-2BA4FD90DB2F}>. Acesso em: 08 de fev. 2017.
ELETROBRÁS. Como a energia elétrica é transmitida no Brasil. [S.l.]: Eletrobrás, 2017b.
Disponível em: < http://www.eletrobras.com/elb/natrilhadaenergia/energia-eletrica/
main.asp?View={05778C21-A140-415D-A91F-1757B393FF92}>. Acesso em: 08 de fev.
2017.
GALP ENERGIA. Definição de cogeração. [S.l.]: GALP Energia, 2015. Disponível em:
<http://www.galpenergia.com/PT/investidor/ConhecerGalpEnergia/Os-nossos-
-negocios/Gas-Power/Power/Cogeracao/Paginas/Definicao-de-cogeracao.aspx>.
Acesso em: 13 fev. 2017.
ITAIPU BINACIONAL. Sistemas de transmissão de Itaipu. [S.l.]: Itaipu Binacional, 2017a.
Disponível em: < http://www.eletrobras.com/elb/natrilhadaenergia/energia-eletrica/
main.asp?View={05778C21-A140-415D-A91F-1757B393FF92}>. Acesso em: 08 de fev.
2017.
KAGAN, N.; OLIVEIRA, C. C. B.; ROBBA E. J. Introdução aos sistemas de distribuição de
energia elétrica. São Paulo: Edgard Blucher, 2005.
MAMEDE FILHO, J. Instalações elétricas industriais. 8. ed. Rio de Janeiro: Edição Editora
LTC, 2012.
PETRUZELLA, F. D. Eletrotécnica I. Porto Alegre: AMGH, 2013.
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR

As primeiras usinas geradoras de energia elétrica utilizavam corrente contínua (CC).


Atualmente, as grandes usinas geradoras de energia utilizam corrente alternada (CA) e linhas de
transmissão com menores perdas. O principal objetivo das usinas geradoras de energia é
alimentar cargas dos consumidores, sejam residências, comércio ou indústria. As cargas utilizam
essa energia para trabalho útil, atendendo nossas necessidades e nosso conforto. Na matriz
energética, temos hidrelétricas, termelétricas, nucleares e, mais recentemente, eólicas e solares.

As linhas de transmissão de energia são importantes, pois as perdas podem ser significativas em
longas distâncias. As concessionárias utilizam meios de medição de consumo e tarifação dos
custos de energia. Vamos acompanhar mais detalhes no vídeo.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) Qual dos seguintes meios de produção de energia converte a energia do sol


diretamente em energia elétrica?

A) Turbina a vapor.

B) Turbina hidráulica.

C) Turbina eólica.

D) Painel fotovoltaico.

E) Termelétrica

2)
Cogeração é a produção combinada de _____________, utilizando um combustível
primário.

A) Energia hidrelétrica e solar.

B) Térmico, elétrico e energia eólica.

C) Calor de recuperação de perdas térmicas e energia elétrica.

D) Nuclear e potência de célula de combustível.

E) Termelétrica e energia eólica.

3) A transmissão de energia elétrica da estação geradora para o consumidor geralmente


ocorre em:

A) Alta tensão CA e correntes médias CC.

B) Baixa tensão CA e baixas correntes CC.

C) Baixa tensão CA e altos níveis de corrente CA.

D) Média tensão CC e médias correntes CA.

E) Alta tensão CA e baixos níveis de corrente CA.

4) Qual dos seguintes componentes de um sistema de transmissão e distribuição de


energia é usado para levantar e abaixar os níveis de tensão?
A) Isolador.

B) Transformador.

C) Disjuntor.

D) Inversor.

E) Interruptor.

5) A instalação elétrica da figura anexada é:

A) Uma unidade inversora.

B) Uma unidade que recebe a energia em baixa tensão.


C) Uma unidade elevadora de tensão.

D) Uma substação abaixadora, que recebe energia em alta tensão.

E) Nenhuma alternativa.

NA PRÁTICA

Vivemos em um momento de crise energética. O aumento da população, da produção e do


consumo reflete no aumento da demanda de energia elétrica. Nossa matriz energética tem 60%
da produção de energia elétrica baseados em hidrelétricas, que, por sua vez, necessitam de
reservatórios cheios. Em épocas de seca, os baixos níveis dos reservatórios comprometem a
produção de energia elétrica. As termelétricas são usinas geradoras que ficam de prontidão no
caso de necessidade e aumento de consumo.

SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Canal livre: crise energética no Brasil

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Como funciona a energia eólica - parte 1

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Geografia da matriz energética brasileira

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Você sabe como funciona a energia eólica?

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Visão Geral de Circuitos e Sistemas
Elétricos

APRESENTAÇÃO

Nesta Unidade de Aprendizagem, construiremos uma visão geral a respeito de circuitos e


sistemas elétricos, abordando circuitos de campainha de porta, porta eletrônica, telefonia e
sistemas de alarme.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Demonstrar um conhecimento prático de circuitos comumente encontrados em instalações


elétricas;
• Interpretar diagramas fundamentais de fiação elétrica;
• Compreender circuitos de campainha de porta, porta eletrônica, telefonia e sistemas de
alarme.

DESAFIO

O bairro onde você mora está com preocupantes casos de roubo a residências. Para você não ser
a próxima vítima da ação da criminalidade, zelando por sua segurança e seu patrimônio, você
vai projetar um moderno sistema de alarme residencial, um investimento em segurança.

INFOGRÁFICO

Veja na ilustração o esquema do que veremos nesta Unidade sobre circuitos e sistemas elétricos,
abordando circuitos de campainha de porta, porta eletrônica, telefonia e sistemas de alarme.
Figura 1

CONTEÚDO DO LIVRO

Vamos abordar uma visão geral dos tipos mais comuns de circuitos e sistemas encontrados nas
modernas instalações atuais. Estudaremos circuitos de campainha de porta, porta eletrônica,
telefonia, sistemas de alarmes, sensores e atuadores.

O livro que servirá de base teórica para esta Unidade de Aprendizagem é: PETRUZELLA, F.D.
Eletrotécnica I. Série Tekne. Porto Alegre: AMGH, 2013. Inicie a leitura a partir do título
"Sistemas de sinal de baixa tensão".

Boa leitura.
O autor
Frank D. Petruzella tem uma extensa prática no campo de eletrotécnica, bem como muitos anos de experiência
de ensino e de publicação de livros na área. Antes de se dedicar exclusivamente ao ensino, ele atuou como aprendiz
e eletricista de instalação e manutenção. Mestre em Ciências pela Niagara University e Bacharel em Ciências pela
State University of New York College-Buffalo, tem formação também em Eletrotécnica e Eletrônica pelo Erie County
Technical Institute.

P498e Petruzella, Frank D.


Eletrotécnica I [recurso eletrônico] / Frank D. Petruzella ;
tradução: Rafael Silva Alípio ; revisão técnica: Antonio
Pertence Júnior. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre :
AMGH, 2014.

Editado também como livro impresso em 2014.


ISBN 978-85-8055-287-4

1. Engenharia elétrica. 2. Eletrotécnica. I. Título.

CDU 621

Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052


Sistemas de sinal de baixa tensão
O significado do termo “baixa tensão” depende do contexto em que ele é usado. Em geral, os cir-
cuitos elétricos de sinal de baixa tensão encontrados em uma casa operam a partir de transforma-
dores abaixadores, cuja tensão primária é 127 V e a tensão secundária máxima é de cerca de 30 V.
Esse nível de tensão mais baixo reduz o perigo de choque elétrico. Os sistemas de sinal de baixa
tensão são empregados em campainhas, fechaduras de porta e sistema de segurança.
A instalação de circuitos de sinal de baixa tensão é, em muitos aspectos, mais barata e mais
simples do que a fiação de um circuito elétrico comum. A alimentação é fornecida por um
transformador aprovado para essa finalidade. Os transformadores aprovados têm embutida
uma proteção contra sobrecorrente e são propositadamente limitados a valores muito bai-
xos de potência. Por essa razão, esses circuitos são às vezes chamados circuitos limitadores de
energia. Admite-se que um curto-circuito nesse tipo de circuito não iniciará um incêndio ou
constituirá qualquer outra ameaça à vida ou à propriedade.
Um transformador de campainha permanentemente conectado à alimentação de 127 VCA é
usado para abaixar a tensão (Figura 16-1). As tensões padrão no secundário de um transfor-
mador de campainha são 6–10 VCA e 12–18 VCA. Eles são geralmente construídos de modo a
serem instalados em um orifício de uma caixa de tomada metálica padrão, com os terminais
primários de 127 V localizados dentro da caixa.
Fios de menor diâmetro são aprovados para uso em circuitos de sinal de baixa tensão. Por
2
causa dos baixos níveis de corrente, um condutor de cobre de 0,75 mm com isolação ter-
moplástica é geralmente utilizado. Os condutores podem ser colocados em um revestimento
(jaqueta) que forma um cabo (Figura 16-2) ou torcidos em conjunto sem um revestimento
global. Os cabos para circuitos de campainha vêm comumente em cabos de dois, três, quatro
e cinco condutores. Cada condutor é codificado por cores para a sua identificação e para faci-
litar a montagem e a manutenção do circuito. Os cabos são suportados por grampos especiais
isolados, uma vez que o uso de grampos de metal pode danificar os condutores. É uma boa
prática passar a fiação da campainha separada dos circuitos de potência e de iluminação para
evitar a transferência acidental de tensão para o circuito de sinal. Além disso, essa fiação deve
ser mantida longe de tubos de água quente, dutos de ar quente e outras fontes de calor que
possam danificar a sua isolação.

Fios de
baixa tensão

127 V

Transformador
Eletrotécnica I

16 V
Fios de 127 V
Caixa
Conexão do transformador Símbolo do transformador

Figura 16-1 Conexão de um transformador de campainha.


Isolamento termoplástico 0,75 mm2

Figura 16-2 Cabo de campainha com dois fios.

Circuito de campainha
A campainha é um dispositivo de sinal muito popular nas residências de modo geral. Uma
campainha de porta típica de dois tons permite identificar sinais de dois lugares. Ela é consti-
tuída por dois solenoides elétricos de 16 V e duas barras de tom (também chamadas barras de
timbre). Um solenoide, como você deve lembrar, é um eletroímã que tem um núcleo móvel.
Quando uma tensão é momentaneamente aplicada ao solenoide frontal (associado à porta
da frente), o seu núcleo móvel se desloca e atinge ambas as barras de tom. Quando uma
tensão é momentaneamente aplicada ao solenoide traseiro (associado à porta de trás), o seu
núcleo móvel atinge apenas uma barra de tom. Assim, um tom duplo (ding-dong) é produ-
zido por um sinal do solenoide frontal e um tom único é produzido pelo solenoide traseiro
(Figura 16-3).
O quadro de terminais da unidade de campainha tem geralmente três terminais de parafuso
(Figura 16-4). O terminal marcado com “F” (frontal ou frontal) é conectado a um dos lados
do solenoide frontal (porta da frente). O terminal marcado com “B” (back ou traseiro) é co-
nectado a um dos lados do solenoide traseiro (porta de trás). O terminal marcado com “T” é
conectado a ambos os terminais restantes dos solenoides. Isso torna o terminal “T” comum
a ambos os solenoides. Visão geral de circuitos e sistemas elétricos

O esquemático completo e uma amostra do quadro de sequência numérica da fiação são apre-
sentados na Figura 16-5. Um transformador 127 V/16 V é usado como fonte de alimentação.
O circuito esquemático pode ser lido facilmente para mostrar como o circuito funciona. Aper-
tando o botão (tipo pushbutton) apropriado, o circuito entre os solenoides frontal e traseiro

Solenoide traseiro Batente

Traseiro
Barra apenas
de tom frontal
Frontal
capítulo 16

Barra de tom Solenoide frontal


frontal e traseira

Figura 16-3 Campainha de porta de dois tons.


F T B

Símbolo da campainha

F T B
Unidade de campainha

Quadro de terminais

Figura 16-4 Quadro de terminais da campainha.

será devidamente fechado. Botões são usados em vez de interruptores de modo que o circuito
permanecerá ativo apenas quando o botão estiver pressionado. Uma campainha de dois tons
indica que o sinal é da porta da frente. Uma campainha de um único tom indica que o sinal é
da porta de trás.
Quando esse circuito é ligado em uma casa, talvez haja diferentes tipos de esquemas de fiação e
de passagem dos cabos para o mesmo esquemático. Aquele desenhado na Figura 16-6 é proje-
tado para simular um circuito típico de um layout residencial. O transformador fica comumente

127 V

Comum,
16 V conectados 1, 3, 5
1 2 juntos
2, 8
F F 4, 7
6, 9
3 4 7
8
B Sequência numérica da fiação
B
Eletrotécnica I

5 6 9

Diagrama esquemático

Figura 16-5 Diagrama esquemático do circuito de campainha de porta.


Campainha
(7) (8) (9) Código de cor da isolação
F T B B – Preto
B R W W – Branco
Campainha
R – Vermelho
frontal
B Campainha traseira
4 6 5
W B

3/C
3
0,75 mm2
W
2/C 2/C
0,75 mm2 0,75 mm2
B B W W
R
W 1 2 B
16V

Transformador

Figura 16-6 Diagrama de fiação típico de um circuito de campainha.

localizado no porão da casa*, com o seu primário de 127 V permanentemente ligado ao sistema
elétrico da casa. Três passagens de cabo são usadas. Um cabo único de dois condutores é instala-
do do transformador para cada uma das portas e um cabo de três condutores vai do transforma-
dor para a campainha. A campainha está localizada em um local central no primeiro andar (ou
no único andar da residência). Observe que os componentes foram enumerados de acordo com
a sequência de numeração adotada no esquema. Os botões e o transformador estão representa-
dos pictoricamente. O diagrama de ligação é completado pela conexão dos terminais de acordo
com o quadro da sequência de numeração da ligação. Use o código de cores da isolação do fio
para identificar de forma correta as extremidades dos fios do cabo. Um cabo de dois condutores
geralmente contém um fio preto e um branco (ou azul). Um cabo de três condutores costuma
ter fios preto, branco (ou azul) e vermelho**. Esse tipo de fiação de sinal normalmente não requer
a utilização de caixas de luz (ou caixas de tomada).

Circuito de porta eletrônica


O circuito de porta eletrônica é usado em alguns edifícios de apartamentos para permitir que
cada apartamento destrave a entrada principal por controle remoto. Uma trava de porta ele-
trônica típica (Figura 16-7) é constituída de um eletroímã com uma armadura que serve como

* N. de T.: Nas residências no Brasil, em que não é tão usual a existência de porões, como é o caso das residências ame-
ricanas, o citado transformador pode estar situado em algum outro ponto da residência, às vezes dentro do próprio
sistema da campainha.
** N. de T.: Observe que a cor dos fios em nada altera as ligações elétricas apresentadas na Figura 16-6.
Eletroímã

Trava da porta

Placa da trava
de liberação

Figura 16-7 Trava da porta eletrônica.

uma placa de trava de liberação. Quando uma corrente flui através do eletroímã, ele atrai a
trava de liberação e permite que a porta seja aberta.
O esquemático com um exemplo de quadro de sequência numérica da fiação para um circuito
simples de porta eletrônica de dois apartamentos é mostrado na Figura 16-8. O fluxo de cor-
rente para o eletroímã da porta eletrônica é controlado por dois botões de pressão conectados
em paralelo. Esses botões (A1 e B1) estão localizados em seus respectivos apartamentos (João
e Pedro). Ao pressionar o botão de qualquer um dos apartamentos, o circuito para o eletroímã
da porta eletrônica é fechado. O fluxo de corrente para a campainha localizada no Apartamen-
to A (João) é controlado pelo botão de pressão A2, que está localizado na entrada (térreo). De

120 V

16 V

Quadro de sequência 1 2
Porta eletrônica A1 (João)
numérica de fiação
1, 11, 7, 9 3 4
11 12 B1 (Pedro)
2, 4, 6, 14, 16
5 6
12, 3, 5 A (João)
A2 (João)
8, 13 13 14

10, 15 7 8
Eletrotécnica I

B (Pedro)
B2 (Pedro)
15 16

9 10

Figura 16-8 Circuito esquemático de porta eletrônica de dois apartamentos.


modo similar, a corrente para a campainha localizada no Apartamento B (Pedro) é controlada
pelo botão B2, que está também localizado na entrada do edifício.
Utilizado em conjunto com um sistema de intercomunicação, os visitantes se identificam a
partir do hall de entrada (ou na parte externa do edifício, em alguns casos) e a porta é des-
bloqueada a partir do apartamento que está sendo chamado. Um esquema de ligações típico
para os circuitos é mostrado na Figura 16-9.
As portas eletrônicas fazem parte dos sistemas de acesso via cartão eletrônico (Figura 16-10).
Ao contrário das chaves utilizadas em uma trava mecânica, cartões de controle de acesso são
empregados. Cada cartão de acesso de plástico contém informações codificadas. Quando um
cartão é apresentado a um leitor, uma pesquisa de tabela (table lookup) é realizada por um con-
trolador baseado em microprocessador para determinar se o cartão está autorizado. Se o cartão
estiver autorizado, o microprocessador emite um sinal para abrir a porta. Quando um cartão
tiver que ser substituído ou for perdido ou roubado, o seu número é simplesmente excluído

Apartamento A Apartamento B
(João) 14 13 (Pedro) 16 15
A1 B1
3 4 5 6

R R
B W B W

Hall de entrada Porta eletrônica


A2 (João) B2 (Pedro) 11
8 7 9 10
B
R 12
Visão geral de circuitos e sistemas elétricos
W
B W

B B
W B
W R W
R W
B R

2 1
capítulo 16

16 V

Figura 16-9 Esquema de ligação de porta eletrônica de dois apartamentos.


DICA DO PROFESSOR

As instalações elétricas evoluíram ao longo dos anos. A fiação elétrica era montada sem padrão
de qualidade, eram usados fios fase e neutro apenas, e eram utilizados fusíveis do tipo cartucho.
Raramente utilizavam caixas de derivação para as conexões elétricas.

Os métodos usuais de cabeamento/fiação utilizam cabos ou dutos que são lançados em


comprimentos contínuos entre as caixas elétricas, e estas caixas devem ser acessíveis para a
inspeção e manutenção. Vamos abordar uma visão geral dos tipos mais comuns de circuitos e
sistemas encontrados nas modernas instalações atuais.

Abordaremos circuitos de campainha de porta, porta eletrônica, telefonia, sistemas de


alarmes, sensores e atuadores para maior segurança e conforto doméstico

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) As atuais normas elétricas (NBR 5014, NR-10 e NR-12) indicam que, por maior
segurança, os acionamentos devem ser feitos em tensão inferior a:

A) 127 Volts.

B) 100 Volts.

C) 60 Volts.

D) 30 Volts.

E) 12 Volts.
2) O equipamento da figura é denominado:

A) Porta eletrônica.

B) Campainha de porta tipo "ding-dong".

C) Sensor por ultrassom.

D) Sensor magnético.

E) Sensor térmico.

3) O circuito esquemático da figura representa:


A) Porta eletrônica de dois apartamentos em baixa tensão de acionamento.

B) Porta eletrônica de dois apartamentos alimentada por 127 Volts.

C) Trava de porta eletrônica.

D) Campainha residencial.

E) Circuito de telefonia.

4) O sistema de proteção da figura é:


A) Proteção de perímetro.

B) Proteção de exteriores.

C) Proteção contra incêndio.

D) Proteção de área.

E) Nenhuma resposta correta.

5) O sensor da figura é do tipo:

A) Sensor magnético.

B) Sensor de movimento infravermelho passivo.

C) Sensor tipo capacitivo.

D) Interruptor de emergência.

E) Sensor indutivo.
NA PRÁTICA

As modernas residências primam por um nível de conforto e segurança. Veja na imagem


como obter segurança na prática:

Uma campainha permite a anunciação de chegada de pessoas no hall de entrada. Uma fechadura
elétrica permite a comodidade de abrir uma porta à distância, sem precisar movimentar-se e com
grande agilidade. O telefone residencial ainda é uma comodidade, em tempos de telefonia
celular e dispositivos móveis.

Figura 6

SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Alarme ( Instalação de Sensores ) 1 de 3.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Alarme ( Instalação de Sensores ) 2 de 3.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Alarme ( Instalação de Sensores ) 3 de 3.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Como instalar campainha.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Instalação de porteiro eletrônico.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

PABX IP Planetfone - Telefonia corporativa integrada.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Interruptores e circuitos de controle

APRESENTAÇÃO

Nesta unidade estudaremos interruptores e circuitos de controle, muito utilizados na


Eletrotécnica e instalações prediais.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Compreender o funcionamento dos interruptores no acionamento e desacionamento de


cargas.
• Entender os interruptores unipolares, bipolares e three-way no acionamento de cargas.
• Diferenciar os interruptores bipolares e acionamento de cargas de maior potência.

DESAFIO

Explore o conteúdo, pesquise. Use todas as ferramentas disponíveis para solucionar o problema.

Vamos ao experimento!
Você necessita fazer um circuito para o acionamento de uma lâmpada através de dois
interruptores, tendo dois interruptores paralelos three-way. Esquematize a ligação. Na
internet você encontra dicas de circuitos e ligações:

Como instalar interruptor three way paralelo.

Assista aqui

INFOGRÁFICO

Nessa unidade de aprendizagem, veremos os conceitos de interruptores, os tipos existentes no


mercado e seus circuitos de controle.

CONTEÚDO DO LIVRO

Interruptor é um dispositivo eletromecânico com a função de ligar ou desligar uma carga


ou circuito. Existem circuitos especiais para acionamento das cargas.

O livro Eletrotécnica I, de Frank D. Petruzella - da Série Tekne - , serve de base teórica para
essa unidade de aprendizagem.

Inicie a leitura a partir do título "Interruptores e circuitos de controle".

Boa leitura
O autor
Frank D. Petruzella tem uma extensa prática no campo de eletrotécnica, bem como muitos anos de experiência
de ensino e de publicação de livros na área. Antes de se dedicar exclusivamente ao ensino, ele atuou como aprendiz
e eletricista de instalação e manutenção. Mestre em Ciências pela Niagara University e Bacharel em Ciências pela
State University of New York College-Buffalo, tem formação também em Eletrotécnica e Eletrônica pelo Erie County
Technical Institute.

P498e Petruzella, Frank D.


Eletrotécnica I [recurso eletrônico] / Frank D. Petruzella ;
tradução: Rafael Silva Alípio ; revisão técnica: Antonio
Pertence Júnior. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre :
AMGH, 2014.

Editado também como livro impresso em 2014.


ISBN 978-85-8055-287-4

1. Engenharia elétrica. 2. Eletrotécnica. I. Título.

CDU 621

Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052


Interruptores e circuitos de controle
O interruptor mais utilizado em circuitos de iluminação é a chave seletora. Os interruptores são
especificados para a corrente máxima que eles podem interromper e para a tensão máxima en-
tre os seus terminais. Por exemplo, uma chave pode ser especificada como “15 A, 127 V” (Figura
16-43), o que significa que o interruptor pode ser usado para abrir um circuito que tem uma
corrente máxima fluindo de 15 A em uma tensão de 127 V. As letras “CA” no interruptor indicam
que ele só pode ser usado em circuitos de corrente alternada. Os interruptores marcados com a
letra “T” (tungstênio) são projetados para suportar os surtos pesados de corrente que ocorrem
quando a tensão é aplicada a um circuito que contém uma lâmpada incandescente.
Atualmente, exige-se que os interruptores sejam aterrados, exceto naqueles casos em que se
substitui um interruptor em uma instalação mais antiga em que um sistema de aterramento não
está disponível. Os interruptores são fabricados com terminais de aterramento, normalmente um
parafuso sextavado verde, para conexão ao condutor de proteção do esquema de aterramento
utilizado (Figura 16-44). Quando uma placa metálica é então instalada, ela será aterrada por meio
de dois parafusos de fixação empregados para fixar a placa. Quando os interruptores são vendi-
dos com arruelas de papelão que mantêm esses parafusos de fixação no lugar, elas devem ser
removidas antes de instalar uma placa metálica, para garantir que a placa esteja aterrada.
Um interruptor unipolar, de única ação, serve para controlar luz(es) a partir de um ponto. Quan-
do o interruptor é colocado na posição ON (LIGADO), o circuito é completado (fechado) entre
os dois terminais do interruptor, permitindo que a corrente flua através dele para o circuito da
lâmpada (Figura 16-45). Na posição OFF (DESLIGADO), o contato entre os dois terminais da cha-
ve é interrompido, abrindo o circuito. Esses interruptores são parafusados à caixa de interruptor
(caixa de luz) de modo que, normalmente, a chave do interruptor é movida para cima para ligar
e para baixo para desligar. (Observe que isso vai depender muito do modelo de interruptor utili-
zado. Essa descrição se refere ao interruptor ilustrado na Figura 16-45.)
A Figura 16-46 mostra o diagrama esquemático e de fiação para duas lâmpadas controladas
por um único interruptor. Em geral, em todos os circuitos com interruptores, o chaveamento

Especificação de
corrente máxima
Especificação 15 A
Eletrotécnica I

especial “T” T Para uso


127 VCA em circuitos
Especificação de CA apenas
tensão máxima

Figura 16-43 Especificações de uma chave seletora.


Terminal de aterramento
do equipamento

Condutor de
aterramento do
equipamento

Conector de aterramento

Parafuso de aterramento

Figura 16-44 Aterramento do interruptor.

Contatos fechados Contatos abertos

Posição “ON” Posição “OFF”


Visão geral de circuitos e sistemas elétricos
Figura 16-45 Interruptor unipolar, de única ação.

Disjuntor

Barramento de neutro

(Observação: os fios terra não estão representados)

Para o quadro
de painéis

Diagrama esquemático Diagrama de fiação


capítulo 16

Figura 16-46 Diagramas esquemático e de fiação para duas lâmpadas controladas por um único
interruptor.
deve ocorrer nos fios fase (condutores não aterrados) e nunca nos condutores aterrados (neu-
tro). Com isso em mente, o interruptor deve ser ligado em série com o fio fase, enquanto o fio
neutro aterrado é ligado diretamente em cada suporte de lâmpada. Ao conectar as lâmpadas
em paralelo, temos 127 V através de cada uma quando o interruptor é fechado. Ao conectar
duas lâmpadas idênticas em série, teríamos uma tensão inferior à tensão de operação normal
de 127 V em cada uma delas. Uma segunda vantagem da conexão paralela de lâmpadas é
que elas operam de forma independente uma da outra, de modo que se uma delas queima, a
operação da outra não é afetada.
Um interruptor bipolar, de dupla ação, é usado para circuitos de 220 V. Essa tensão requer
dois fios fase e um interruptor que possa abrir ambos os fios ao mesmo tempo. O interruptor
bipolar é semelhante em termos construtivos a um par de interruptores unipolares. Dois con-
juntos de parafusos terminais marcados com “linha” e “carga” são fornecidos e as posições do
interruptor são identificadas como “ON” e “OFF”. A Figura 16-47 mostra um interruptor bipolar
empregado para energizar um aquecedor elétrico de 220 V.
Um par de interruptores unipolares, de dupla ação, chamados interruptores de três vias, in-
terruptor paralelo, ou ainda, three-way, precisa ser utilizado para controlar luz(es) de dois lo-
cais diferentes. Exemplos desse tipo de controle de iluminação incluem luzes de um salão ou
escada e luzes em uma sala com duas entradas. O circuito interno desse dispositivo permite
que a corrente flua através do interruptor em qualquer das suas duas posições (Figura 16-
48). Por essa razão, não há indicações “ON/OFF” no interruptor. O interruptor paralelo possui
três terminais. Um terminal é chamado “comum” e é de cor mais escura do que os outros dois
terminais. Os outros dois terminais são chamados “terminais de retorno”.
A Figura 16-49 mostra o diagrama esquemático e de fiação para uma lâmpada comandada de
dois locais diferentes com um interruptor paralelo. Os condutores neutros em ambas as caixas
de luz seguem diretamente para a lâmpada. Os dois condutores vermelhos que passam entre

Para a fonte de 220 V


do quadro de painéis

Linha
(Observação: os fios terra
não estão representados)
Carga Contatos abertos Contatos fechados

Aquecedor
de 220 V
Eletrotécnica I

Figura 16-47 Interruptor bipolar, de dupla ação, empregado para energizar um aquecedor
elétrico de 220 V.
Retorno

Comum

Retorno

Posição “para cima”

Retorno
Comum
Comum

Retorno

Posição “para baixo”

Figura 16-48 Interruptor paralelo (three-way).

Disjuntor

Barramento de neutro
Diagrama esquemático
Retorno
Visão geral de circuitos e sistemas elétricos

Comum Comum

Retorno

Preto
Diagrama de fiação

Vermelho
Preto

Para a fonte do
quadro de painéis
capítulo 16

(Observação: os fios terra não estão representados)

Figura 16-49 Diagrama esquemático e de fiação para uma lâmpada comandada de dois locais
diferentes com um interruptor paralelo (three-way).
as duas caixas de luz são os “condutores de retorno”. O condutor preto (fase) a partir da fonte é
ligado ao terminal “comum” do primeiro interruptor, e o condutor preto indo para a lâmpada
é conectado ao terminal “comum” do segundo interruptor. Sempre que utilizarmos qualquer
um dos interruptores three-way, a luz vai mudar o seu estado – se estiver ligada, ela desligará;
se estiver desligada, ela ligará.
Dois interruptores paralelos podem ser usados em conjunto com um número qualquer de
interruptores de quatro vias (também chamados interruptores intermediários ou four-way)
para comandar uma lâmpada (ou lâmpadas) de um número qualquer de lugares diferentes.
O interruptor de quatro vias conta com quatro terminais e, assim como o interruptor de três
vias, permite que a corrente flua através do interruptor em qualquer das suas duas posições.
Por essa razão, não há indicações “ON/OFF” no interruptor. A Figura 16-50 mostra o esquema
interno de um interruptor four-way.
A Figura 16-51 mostra o diagrama esquemático e de fiação para uma lâmpada comandada a
partir de três pontos diferentes com um interruptor intermediário (four-way) em combinação
com dois interruptores paralelos (three-way). O interruptor intermediário está conectado aos
“condutores de retorno” entre os dois interruptores paralelos. Quando conectado corretamen-
te, a atuação de qualquer um dos interruptores vai mudar o estado da lâmpada (ligá-la ou
desligá-la). Os “condutores de retorno” devem ser conectados ao “pares” de terminais adequa-
dos no interruptor intermediário; caso contrário, a sequência de chaveamento não funcionará
corretamente. Para mais de três locais de comando, interruptores paralelos (three-way) são
instalados nas duas primeiras posições e, em seguida, um interruptor intermediário (four-way)
é instalado em cada ponto de comando adicional.
Não há uma regra especificando se a fonte de alimentação para os interruptores deve estar
na caixa de luz do interruptor ou no equipamento controlado (por exemplo, uma lâmpada).
A Figura 16-52 mostra um circuito de iluminação ligado com a alimentação de energia che-
gando diretamente na caixa de luz da lâmpada e um cabo de dois fios usado para o circuito
do interruptor. Neste caso, o fio azul (normalmente a cor do fio neutro) pode ser empregado
como fonte para o interruptor, mas não como o fio de retorno do interruptor para a caixa de luz
da lâmpada. O fio azul deve, então, ser permanentemente reidentificado, o que costuma ser

Par de terminais

’’Posição para cima’’


Eletrotécnica I

Par de terminais
’’Posição para baixo’’

Figura 16-50 Interruptor intermediário (four-way).


Disjuntor

Barramento de neutro
Diagrama esquemático
4-way

3-way 3-way

3-way 4-way 3-way


Preto
Diagrama de fiação

Preto

Para a fonte do
quadro de painéis
(Observação: os fios terra não estão representados)

Figura 16-51 Diagrama esquemático e de fiação para uma lâmpada comandada de três locais
diferentes.

Visão geral de circuitos e sistemas elétricos


Fio azul pode
ser empregado
como fonte para
o interruptor Alimentação
de energia

O fio azul deve


ser permanentemente
reidentificado

On

(Observação: os fios terra não estão representados)


capítulo 16

Figura 16-52 Circuito de iluminação ligado com a alimentação de energia chegando diretamente
na caixa de luz da lâmpada.
DICA DO PROFESSOR

Vamos acompanhar mais detalhes sobre interruptores e circuitos de controle no vídeo.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) Os principais parâmetros para especificação de interruptores são:

A) condutância e tensão

B) tensão e resistência

C) corrente e tensão

D) corrente e resistência

E) corrente contínua e impedância

2) O tipo de interruptor mais utilizado para atuação de simples cargas é

A) unipolar

B) bipolar

C) tripolar
D) bipolar de dupla ação

E) paralelo three-way

3) O diagrama de fiação para uma carga comandada de dois locais diferentes utiliza
dois interruptores do tipo:

A) unipolar

B) paralelo three-way

C) bipolar

D) intermediário four-way

E) nenhuma alternativa acima

4) O diagrama de fiação para uma carga comandada de três locais diferentes utiliza
dois interruptores do tipo ___________ e um interruptor tipo ________________.

A) Intermediário four-way; paralelo three-way

B) Paralelo three-way; unipolar

C) Unipolar; bipolar

D) Paralelo three-way; intermediário four-way

E) Intermediário four-way; unipolar


5) A finalidade primordial de um interruptor é:

A) Acionamento indireto de carga

B) Proteção de cargas

C) Isolamento de cargas

D) Ligar e desligar cargas

E) Nenhuma das alternativas acima

NA PRÁTICA

Os interruptores podem ser do tipo unipolar (ação única), como para o caso de acionamento de
uma lâmpada. Já os interruptores bipolares podem acionar duas fases, como cargas maiores em
220 Volts.
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Video-aula 1 - interruptor simples.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Como instalar interruptor three-way paralelo.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Interruptor Bipolar Paralelo + Intermediário (220v)

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Transformadores

APRESENTAÇÃO

Nesta Unidade de Aprendizagem estudaremos as relações de tensão, corrente e potencia dos


transformadores em eletrotécnica.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Relacionar as características de operação de transformadores.


• Escrever as relações de espiras, de tensão e corrente de um transformador.
• Diferenciar tipos e aplicações de transformadores elétricos.

DESAFIO

Explore o conteúdo, pesquise. Use todas as ferramentas disponíveis para solucionar o problema.

Vamos ao experimento!

Você teve que se mudar de cidade. Onde você morava, a tensão local monofásica era 127 Volts,
e na sua nova cidade é 220 Volts. A maioria de seus eletrodomésticos têm tensão de 127 Volts.

- Você deve trocar todos os seus eletrodomésticos?

- Em termos de ligações elétricas, algo pode ser feito na instalação elétrica para a ligação
de seus eletrodomésticos?

- Existe algum tipo de equipamento que permita ligar seus aparelhos na nova instalação?

INFOGRÁFICO

Veja na ilustração o esquema referente a um transformador básico.


CONTEÚDO DO LIVRO

Leia o capítulo Transformadores que faz parte da obra Eletrotécnica e é a base teórica desta
Unidade de Aprendizagem.

Boa leitura.
ELETROTÉCNICA

Rodrigo Rodrigues
S719e Souza, Diogo Braga da Costa.
Eletrotécnica [recurso eletrônico] / Diogo Braga da
Costa Souza, Rodrigo Rodrigues. – Porto Alegre :
SAGAH, 2017.

Editado como livro em 2017.


ISBN 978-85-9502-055-9
1. Eletrotécnica. 2. Engenharia elétrica. I. Rodrigues,
Rodrigo. II. Título.

CDU 621.3

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


Transformadores
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Relacionar as características de operação de transformadores.


 Escrever as relações de espiras, de tensão e de corrente de um
transformador.
 Diferenciar os tipos e as aplicações de transformadores elétricos.

Introdução
Neste capítulo, você vai estudar as relações de tensão, corrente e po-
tência dos transformadores em eletrotécnica. Você vai aprender mais
sobre as características de operação dos transformadores, as perdas,
as especificações e a importância dos transformadores nas redes de
distribuição de energia.

Operação do transformador
Um transformador é um dispositivo estático (sem partes móveis) utilizado
para transferir energia de um circuito CA para outro, o que pode envolver um
aumento ou uma diminuição da tensão, permanecendo a mesma frequência
em ambos os circuitos. Quando a transformação é realizada com um aumento
da tensão, estamos diante deum transformador elevador. Quando a tensão
é reduzida, estamos diante de um transformador abaixador. Essa mudança
na tensão CA é feita com perdas muito baixas de potência.
Com os transformadores, é possível gerar energia em um nível de tensão
conveniente, e logo elevar essa tensão para níveis bastante elevados, adequados
à transmissão a longas distâncias. Em seguida, é possível abaixar novamente
essa tensão para realizar a sua distribuição de forma prática e segura.
Um transformador básico (Figura 1) é constituído por duas bobinas en-
roladas (enrolamentos) em torno de um núcleo de ferro e ligadas entre si
por meio do fluxo magnético. A corrente variável associada à energia CA é
84 Eletrotécnica

necessária para produzir um fluxo magnético variável (no tempo) no núcleo


de ferro, de modo que a energia elétrica de um enrolamento é induzida no
outro. O enrolamento primário é o que recebe a energia da alimentação, e
o secundário é o que fornece energia para a carga. Ao aplicar uma tensão
CA sobre o enrolamento primário, o fluxo de corrente resultante estabelece
um campo magnético que varia constantemente. À medida que esse campo
aumenta e diminui (seguindo as variações da corrente CA), ele induz uma
tensão CA no enrolamento secundário, com a mesma frequência da tensão
CA aplicada no primário.

Figura 1. Transformador básico.


Fonte: Petruzella (2013, p. 364).

Segundo Petruzella (2013), o princípio de operação de um transformador


tem como base a indução mútua. Ela ocorre quando o campo magnético,
associado a um condutor, enlaça um segundo condutor e induz nele uma
tensão. Ao agrupar os condutores na forma de bobinas e enrolá-los em um
núcleo magnético comum, esse efeito é intensificado. Quando o enrolamento
primário de um transformador está conectado a uma tensão alternada, haverá
uma corrente no enrolamento primário chamada corrente de excitação, que
estabelece um fluxo magnético alternado que enlaça as espiras e induz uma
tensão em ambos os enrolamentos. A tensão autoinduzida no enrolamento
primário é uma força contraeletromotriz, oposta em polaridade e quase igual
em módulo à tensão aplicada, o que limita a corrente de excitação a um valor
Transformadores 285

relativamente baixo. A corrente de excitação primária está atrasada da tensão


aplicada de aproximadamente 90º, porque o enrolamento é essencialmente
indutivo e tem um baixo valor de resistência.
A indutância mútua resulta na tensão induzida no enrolamento secun-
dário. Como um transformador de potência típico tem um fluxo enlaçado
de praticamente 100% (ou seja, quase todo o fluxo é confinado ao núcleo
magnético; poucas linhas de fluxo são dispersas para o meio no entorno do
núcleo), basicamente a mesma tensão é induzida em cada espira do enrolamento
secundário. Assim, a tensão induzida total será́ diretamente proporcional ao
número de espiras dos enrolamentos primário e secundário (Figura 2).

Figura 2. Tensões induzidas no transformador.


Fonte: Petruzella (2013, p. 365).

Os enrolamentos dos transformadores são envolvidos em núcleos feitos


com pilhas, ou lâminas de chapas de aço. O núcleo garante uma boa “ligação
magnética” entre os enrolamentos primário e secundário. Correntes parasitas
são geradas pela corrente alternada que induz uma tensão no núcleo do próprio
transformador. Como o núcleo de ferro é um condutor, a tensão nele induzida
produz uma corrente. Laminando o núcleo, os caminhos para a circulação
dessas correntes parasitas são bastante reduzidos, daí diminuindo as perdas
de potência e o aquecimento do núcleo. As correntes parasitas são impedidas
de fluir de uma lâmina para a outra por meio de uma camada fina de material
isolante sobre as superfícies planas das lâminas (veja a Figura 3).
86 Eletrotécnica

Figura 3. Correntes parasitas no núcleo de um transformador.


Fonte: Petruzella (2013, p. 366).

As correntes parasitas em um núcleo laminado são muito pequenas e


representam a perda de energia dissipada na forma de calor no núcleo. O
núcleo envolvente e o núcleo envolvido são as duas configurações gerais de
núcleo e enrolamento (veja a Figura 4).

Figura 4. Configurações de núcleo e enrolamento de transformadores.


Fonte: Petruzella (2013, p. 366).

Em geral, os transformadores menores são do tipo núcleo envolvente. O


núcleo envolve os enrolamentos, com o enrolamento de baixa tensão sendo
colocado mais próximo do núcleo, e o de alta tensão sendo enrolado por
Transformadores 287

cima dele. Na configuração de transformador do tipo núcleo envolvido, os


enrolamentos envolvem o núcleo e ambos os enrolamentos, primário e secun-
dário, são colocados em cada perna do núcleo. Os transformadores de núcleo
envolvido, por serem mais fáceis de isolar e refrigerar, são muito utilizados
em transformadores de alta tensão maiores.

Relações de tensão, corrente e potência


Os transformadores, além de elevar e abaixar a tensão, ainda permitem que
a tensão permaneça a mesma entre os enrolamentos primário e secundário,
sem uma grande perda de potência. A potência de saída do transformador é
igual à potência de entrada do transformador menos as perdas internas, e é
igual ao produto da tensão pela corrente. Especificamos os transformadores
em kVA nominal (em vez de kW), porque essa potência nominal independe do
fator de potência. Atente para a relação de espiras dos enrolamentos primário
e secundário de um transformador, pois é ela que vai estabelecer o fator pelo
qual a tensão será elevada ou abaixada. Muitas vezes essa relação de espiras é
denominada relação de transformação de um transformador e é assim definida
(PETRUZELLA, 2013):

Em que:
NP é o número de espiras do enrolamento primário.
NS é o número de espiras do enrolamento secundário.
EP é a tensão no primário.
ES é a tensão no secundário.
Podemos calcular qualquer um dos valores, desde que os outros três sejam
conhecidos, simplesmente rearranjando a fórmula. A tensão aumenta ou abaixa
por meio do transformador de forma proporcional à relação de espiras. Por
exemplo, se o número de espiras do secundário for o dobro do número de espiras
do primário, a tensão no secundário será duas vezes a tensão no primário.
Do mesmo modo, se o número de espiras do primário for o dobro do número
de espiras do secundário, a tensão no secundário será a metade da tensão no
primário. Em um transformador elevador, a tensão de saída no enrolamento
secundário é maior do que a tensão de entrada no enrolamento primário. Esse
tipo de transformador tem mais espiras no enrolamento secundário do que no
88 Eletrotécnica

enrolamento primário. A relação entrada-saída de tensão do transformador é


definida pela relação de espiras do primário para o secundário.

O transformador elevador (mostrado na figura abaixo) tem 50 espiras no enrolamento


primário e 100 espiras no enrolamento secundário. Vamos determinar:
(a) a relação de espiras;
(b) a tensão no enrolamento secundário se a tensão no primário é 120V.

Fonte: Petruzella (2013, p. 367).

Solução:

Indicando a existência de uma espira no enrolamento primário para cada duas


espiras no enrolamento secundário.
(b) Uma vez que a relação de espiras é 1:2, EP é elevada por um fator de 2, igualando
ES a 240 V (2 × 120). Ou:

Já no transformador abaixador a tensão de saída no enrolamento secun-


dário é menor do que a tensão de entrada no enrolamento primário. Esse tipo
de transformador tem menos espiras no enrolamento secundário do que no
enrolamento primário. Novamente, é a relação de espiras do primário para o
secundário que estipula a relação entrada-saída de tensão do transformador.
Transformadores 289

Para atender às exigências de sua saída ou da corrente de carga, o transfor-


mador ajusta automaticamente sua corrente de entrada. Quando não há carga
ligada ao seu enrolamento secundário, não flui corrente no primário, com
exceção da corrente de excitação. A corrente de excitação (ou corrente de mag-
netização) é necessária para criar o fluxo no núcleo. Seu valor é determinado,
principalmente, pela reatância indutiva do enrolamento primário, que pode
ser bastante elevada e, ainda assim, não absorver muita potência ativa, porque
a tensão e a corrente estão muito defasadas entre si (praticamente de 90o).
Ao energizar um transformador pela primeira vez, flui uma corrente de
energização ou de partida transitória. O valor dessa corrente é tão elevado
que pode ser até 15 vezes maior do que a corrente nominal, dependendo do
estado magnético do núcleo e do ponto da forma de onda de tensão no qual o
transformador é energizado. Essa corrente decai exponencialmente ao longo
de vários ciclos até tender para o fluxo normal da corrente de magnetização.
As características de operação se alteram quando uma carga é ligada por meio
do secundário de um transformador. Veja a seguir uma breve descrição da
série de eventos (PETRUZELLA, 2013):

 A tensão induzida no enrolamento secundário gera uma corrente de


carga que flui por meio da carga e do enrolamento secundário.
 A corrente de carga fluindo por meio do enrolamento secundário cria
um fluxo magnético no núcleo, que se opõe ao fluxo produzido pela
corrente de magnetização no enrolamento primário (lei de Lenz).
 A fcem (força contraeletromotriz) do primário, portanto, diminui, de
modo que a corrente no primário se eleva (para compensar essa redução).
 O aumento da corrente primária corresponde ao necessário para forta-
lecer o campo magnético do enrolamento primário e superar os efeitos
do fluxo magnético oposto do enrolamento secundário. Se o circuito
do secundário do transformador torna-se um curto-circuito, a corrente
elevada resultante origina uma grande oposição ao fluxo do enrolamento
primário. Assim, a fcem do primário cai muito, e há um grande aumento
da corrente primária. Isso explica por que um fusível ou um disjuntor
conectado em série com o enrolamento primário protege tanto o circuito
primário quanto o secundário contra correntes excessivas. Quanto ao
primário, uma carga conectada por meio do enrolamento secundário
do transformador parece ter uma resistência que não é necessaria-
mente igual à resistência real da carga. A carga real se “reflete” para o
primário de acordo com a relação de espiras. Essa carga refletida é o
que a fonte de fato enxerga e acaba determinando o valor da corrente
90 Eletrotécnica

no primário. A corrente nos dois enrolamentos segue uma proporção


inversa à relação de tensão e/ou de espiras. Ou seja, o enrolamento com
o valor mais elevado de tensão terá a corrente mais baixa – expresso
em forma de equação, temos:

O transformador abaixador da pistola de solda (mostrado na figura a seguir) tem uma


relação de espiras de 200:1 e uma corrente de aquecimento no secundário de 400 A.
Determine: (a) o valor da corrente no primário; (b) o valor da tensão no secundário
se o primário é alimentado por uma fonte CA de 120V.

Fonte: Petruzella (2013, p. 370).

(a) Uma vez que a relação de espiras é 200:1, a corrente no primário será reduzida
por um fator de 200, igualando IP a 2 A (400 ÷ 200). Ou:

(b) Uma vez que a relação de espiras é 200:1, a tensão no secundário (ES) é abaixada
por um fator de 200, igualando ES a 0,6 V (120 ÷ 200).
Transformadores 291

A relação de espiras não influencia a potência ou os volt-ampères (VA) nos


enrolamentos. A potência nominal de um transformador é igual ao produto
da tensão nominal pela corrente nominal. No entanto, não expressamos
o resultado em watts, pois nem todas as cargas são puramente resistivas.
Assim, dependendo do tamanho do transformador, especificamos sua po-
tência nominal em volt-ampères (VA) ou quilovolt-ampères (kVA). Apenas
a resistência consome potência em watts, mas, na prática, o aumento de
temperatura de um transformador está diretamente relacionado à potência
aparente que atravessa os seus enrolamentos. Ou seja, um transformador de
250 kVA vai ficar tão quente alimentando uma carga indutiva de 250 kVA
como ficaria alimentando uma carga resistiva de 250 kVA. Pressupondo
perdas nulas para o transformador, a potência no secundário é igual à po-
tência no primário: EP × IP = ES × IS.
Alguns transformadores são fabricados com derivações (taps) no enro-
lamento para permitir o ajuste da tensão do transformador para a tensão
de entrada ou saída correta, ou a seleção de várias tensões para diversas
aplicações. Veja na Figura 5 um enrolamento secundário com três terminais
para a conexão da carga. Em operação normal, a chave conecta o terminal
B à carga. Com essa conexão, suponha que a relação de espiras é 1:10.
Se necessário, a chave pode conectar a derivação A à carga, mas isso vai
mudar a relação de espiras, afinal, temos menos espiras no secundário para
o mesmo número de espiras no primário e, com isso, a tensão é reduzida
no secundário. Do mesmo modo, se a derivação C for conectada à carga, a
relação de tensão se alterará, afinal, vamos ter mais espiras no secundário
para o mesmo número de espiras no primário e, portanto, a tensão será
aumentada no secundário.
92 Eletrotécnica

Figura 5. Transformador com derivações (taps) no secundário.


Fonte: Petruzella (2013, p. 373).

A maioria dos transformadores de pequeno e médio porte possui co-


mutadores de derivação (tap) que operam apenas na condição sem carga.
Ou seja, a alimentação precisa ser desligada e as derivações alteradas no
transformador quando ele estiver desenergizado. Em transformadores de
grande porte, ou em unidades especialmente projetadas, a mudança de
derivação (tap) é feita automaticamente. Esse método, além de ser um tanto
caro, normalmente não é empregado em transformadores de potência igual
a 1000 kVA ou inferior.
Em um transformador de dois enrolamentos, os enrolamentos primário e
secundário são isolados eletricamente um do outro. Por isso, toda a transfe-
rência de energia por meio do transformador é feita por ação transformadora.
Os transformadores de isolação especiais em geral são empregados para
fornecer correção de tensão pelas derivações do primário, para estabelecer
um terra isolado no lado secundário, e para isolar eletricamente as linhas
de energia de entrada das cargas conectadas no secundário. A isolação do
primário para o secundário em um transformador de isolação auxilia na
redução dos transitórios e dos ruídos de alta frequência à medida que eles
tentam passar pelo transformador.
Veja na Figura 6 a aplicação de um transformador de isolação para
instalar um terra flutuante isolado em uma peça de equipamento eletrônico.
Essa configuração às vezes é utilizada em equipamentos eletrônicos para
isolar os circuitos primário e secundário, sem mudar a corrente e a tensão
Transformadores 293

nominais. A relação de espiras do transformador é 1:1, sinalizando que não


haverá mudança na tensão ou na corrente entre o primário e o secundário.
Para isolar a carga da fonte de tensão, empregamos um transformador de
isolação, para que não haja a possibilidade de que o chassi porventura fique
energizado devido a uma colocação inadequada da tomada.

Figura 6. Transformador de isolação.


Fonte: Petruzella (2013, p. 374).

Já os autotransformadores têm os seus enrolamentos primário e secun-


dário ligados eletricamente um ao outro. Entre as vantagens dos autotrans-
formadores estão o tamanho menor e o custo mais em conta. Entre as suas
desvantagens está o fato de os enrolamentos do primário e do secundário
estarem ligados entre si e as suas relações de tensão serem baixas. Com
os dois enrolamentos ligados juntos, o enrolamento de baixa tensão fica
sujeito a uma alta tensão no caso de ruptura da isolação. Você precisa
considerar essas questões de segurançaquando for tomar a decisão de usar
um autotransformador para uma determinada aplicação. Veja na Figura 7
um autotransformador com uma relação de tensão de 2:1. O enrolamento
primário, entre L1 e L2, é alimentado com 120 V. Os terminais são marcados
com as tensões obtidas a partir deles, para ambas as conexões elevadoras
e abaixadoras.
94 Eletrotécnica

Figura 7. Autotransformador.
Fonte: Petruzella (2013, p. 374).

Perdas e eficiência de um transformador


De acordo com Gussow (2009), os transformadores reais apresentam perdas
no cobre e perdas no núcleo. A perda no cobre é representada pela potência
perdida nos enrolamentos do primário e do secundário devido à resistência
ôhmica dos enrolamentos. A perda no cobre é dada em watts e é calculada
por meio da fórmula:
Perda no cobre = I2PRP + I2SRS
Em que
Ip = corrente do primário (em A)
Is = corrente do secundário (em A)
Rp = resistência do enrolamento do primário (em Ω)
Rs = resistência do enrolamento do secundário (em Ω)
As perdas no núcleo são ocasionadas por dois fatores: as perdas por histerese
e as perdas por correntes parasitas. A perda por histerese ocorre quando a
energia é perdida pela inversão do campo magnético no núcleo à medida que
a corrente alternada de magnetização aumenta e diminui e muda de sentido.
Já a perda por correntes parasitas ou correntes de Foucault é resultado das
correntes induzidas que circulam no material do núcleo.
A perda no cobre dos dois enrolamentos é medida por meio de um wattímetro,
que é inserido no circuito do primário do transformador enquanto o secundário
Transformadores 295

é curto-circuitado. A tensão aplicada ao primário é então aumentada até que a


corrente especificada para a carga máxima flua pelo secundário em curto-circuito.
Neste ponto, o wattímetro indicará a perda total no cobre. A perda no núcleo
também é verificada por meio de um wattímetro colocado no circuito do primário,
aplicando-se a tensão especificada ao primário, com o circuito secundário aberto.
A eficiência de um transformador real é expressa da seguinte forma:

Um transformador abaixador de 10:1 de 5 kVA tem uma especificação para a corrente do


secundário com carga máxima de 50 A. Em um teste de curto-circuito, para determinar
a perda no cobre com carga máxima, ele apresenta uma leitura no wattímetro de 100
W. Se a resistência do enrolamento do primário for de 0,6 Ω, calculamos a resistência do
enrolamento do secundário e a perda de potência no secundário da seguinte forma:
Perda no cobre = I2PRP + I2SRS
Para calcular Ip com carga máxima, utilizamos a seguinte equação:

a partir do que

Agora vamos determinar o valor de Rs, a partir da equação para a perda no cobre
dada anteriormente.

Perda de potência no secundário = I2SRS = 502 (0,034) = 85W ou perda de potência


no secundário = 100 - I2SRS = 100 – 52 (0,6) = 85W
96 Eletrotécnica

Especificações dos transformadores


Preste atenção: a instalação de um transformador com uma tensão, corrente
ou potência nominal incorreta pode causar danos ou ferimentos graves. Para
utilizar um transformador em um determinado circuito, você precisa levar em
consideração as especificações de tensão, corrente e potência nos enrolamentos
primário e secundário do transformador, pois elas representam o ponto médio
dos respectivos valores máximo e mínimo. Determinamos a tensão máxima
que pode ser aplicada com segurança a qualquer enrolamento pelo tipo e pela
espessura do isolamento utilizado. Se a isolação usada entre os enrolamentos
for de melhor qualidade, podemos aplicar uma tensão maior aos enrolamentos.
Estabelecemos a corrente máxima que pode circular pelo enrolamento de
um transformador pela seção do fio usado no enrolamento. Se a corrente é
excessiva em um enrolamento, uma quantidade de potência maior do que a
normal será dissipada no enrolamento na forma de calor. É possível que esse
calor seja suficientemente elevado para provocar a ruptura do isolamento em
torno do fio. Por isso, para manter a temperatura do transformador em um
nível aceitável, é necessário definir limites, tanto para a tensão aplicada como
para a corrente absorvida pela carga. A especificação dos transformadores
é em volt-ampères (VA) ou quilovolts-ampères (kVA). Isso significa que o
enrolamento primário e o enrolamento secundário são projetados para suportar
a potência aparente (em VA ou kVA) indicada na placa de identificação do
transformador. Geralmente não são dadas as correntes à plena carga do primário
e do secundário, mas podemos calculá-las a partir da potência nominal (VA
ou kVA) conforme a seguir:
Transformadores 297

Considere um transformador monofásico com uma tensão no primário de 480 V e


uma tensão no secundário de 120 V. Supondo que o transformador possui potência
nominal de 25 kVA, vamos determinar:
(a) a corrente à plena carga do primário;
(b) a corrente à plena carga do secundário.
Solução:

Veja na Figura 10 uma típica placa de identificação de transformador. Suas in-


formações são normalizadas (normas da ABNT) e representam um resumo das
características do equipamento. Algumas das principais informações que devem
constar na placa são:
 Nome do fabricante
 Potência nominal em kVA
 Frequência nominal
 Impedância de curto-circuito em porcentagem
 Tipo de óleo isolante e volume necessário, em litros
 Designação do método de resfriamento
 Diagrama de ligações, contendo todas as tensões nominais e de derivações (com
identificação das derivações)
 Limite de elevação de temperatura dos enrolamentos
98 Eletrotécnica

Figura 10. Placa típica de identificação de transformador.


Fonte: Petruzella (2013, p. 379).

Conforme Petruzella (2013), a principal causa de falhas nos transforma-


dores é a elevação excessiva da temperatura. O calor gerado na operação do
transformador eleva a temperatura nas estruturas internas do transformador.
Os transformadores mais eficientes costumam ter um aumento menor da
temperatura. A elevação da temperatura do transformador é definida como
o aumento médio da temperatura dos enrolamentos acima da temperatura
ambiente, quando o transformador está carregado com a sua potência nominal
especificada na placa de identificação. Esse valor em geral tem como base
uma temperatura ambiente de 40ºC.
Uma refrigeração adequada deve ser garantida a fim de evitar a deterio-
ração dos materiais de isolação dentro de um transformador e permitir a sua
expectativa de vida longa. Os transformadores são resfriados utilizando ar,
água, óleo ou convecção natural ou forçada. Basicamente, temos dois tipos
de transformadores: a seco e a óleo (Figura 11).
Transformadores 299

Figura 11. Método de refrigeração de transformadores.


Fonte: Petruzella (2013, p. 380).

Para seu pleno funcionamento, os transformadores a seco precisam da


circulação de ar sobre ou através do seu invólucro. Os transformadores a óleo
têm os enrolamentos e o núcleo do transformador submersos em um líquido
isolante, normalmente um óleo mineral ou sintético para fins de refrigeração.
Segundo as normas, os transformadores têm de ser instalados de modo que
as aberturas projetadas para fins de resfriamento não sejam bloqueadas ou
obstruídas. Além disso, é obrigatório marcar os transformadores com uma
distância mínima da parede ou de outras obstruções para facilitar a dissipação
de calor. Veja agora os métodos mais utilizados para remover o calor provocado
por perdas no núcleo e perdas no cobre:

 Disponibilizar um fluxo normal de ar em volta do invólucro do


transformador.
 Instalar tubos ou aletas adicionais na montagem do invólucro para
aumentar a área da superfície de resfriamento.
 Utilizar furos de ventilação para transformadores refrigerados a ar.
 Fazer a circulação forçada de ar (ventiladores).
 Utilizar enrolamentos e núcleo submersos em um líquido isolante, tal
como um óleo mineral ou um fluido sintético.
00 Eletrotécnica

 Disponibilizar circulação natural de óleo com refrigeração à água.


 Oferecer circulação forçada de óleo por meio de um trocador de calor.

Definimos como impedância de um transformador as suas características


de limitação de corrente. Normalmente expressamos a impedância como
uma porcentagem, que é a tensão nominal primária normal a ser aplicada ao
transformador para provocar a circulação da corrente nominal no secundário
curto-circuitado.

Assim como outros dispositivos eletromagnéticos, os transformadores produzem um


“zumbido” quando energizados. Esse zumbido ocorre devido às vibrações geradas no
interior da estrutura do núcleo de aço laminado.

O desenvolvimento de equipamentos elétricos e eletrônicos tem como


base a operação com tensão de alimentação padrão. Quando a tensão está
muito baixa ou muito alta (em geral mais do que ±5%), de modo constante, o
equipamento não terá eficiência máxima no seu funcionamento. Os seguintes
tópicos vão guiá-lo na seleção de um transformador para cumprir os requisitos
de uma instalação específica (PETRUZELLA, 2013):

 A tensão de alimentação nominal corresponde à tensão nominal do


enrolamento primário do transformador.
 A tensão do secundário do transformador condiz com as exigências
de tensão da carga.
 A potência (VA ou kVA) nominal do transformador é igual ou maior do
que a potência exigida pela carga que será́ alimentada por ele.
Transformadores 301

Transformadores trifásicos
versus monofásicos
Utilizar um único transformador trifásico, em vez de três transformadores
monofásicos, traz as seguintes vantagens. A primeira delas é a operação
mais eficiente de um transformador trifásico em comparação às três unidades
monofásicas necessárias para o seu lugar. A segunda é a maior facilidade de
instalação e a menor complexidade em termos de disposição da estrutura de
barramento, dos comutadores e da fiação para um transformador trifásico em
comparação a um banco de transformadores constituído por três transforma-
dores monofásicos. A terceira vantagem é que os transformadores trifásicos
pesam menos e exigem menos espaço em relação às três unidades monofásicas.
E, por fim, em termos de custos, um único transformador trifásico é mais
barato, porque menos material de núcleo é necessário para a potência nominal
(kVA nominal), o que equivale a três unidades monofásicas.

Sistemas de distribuição
A existência de um sistema de energia CA depende da disponibilidade de
transformadores. Sem eles, o sistema de energia não poderia operar. De um
modo mais amplo, o sistema de distribuição de energia elétrica refere-se à
forma como a energia elétrica é transmitida dos geradores para os diversos
pontos de utilização. Ou seja, o sistema de distribuição diz respeito às redes
e aos circuitos pelos quais a energia passa ao longo das ruas das cidades ou
das estradas rurais em direção ao consumidor final.
A transmissão de energia na tensão de utilização é conhecia como distri-
buição secundária. O sistema de linhas e circuitos alimentando o sistema de
distribuição secundário é o sistema de distribuição primário ou principal. O
elo entre o sistema de distribuição primário e o secundário é o “transformador
de distribuição”: ele permite aumentar a tensão alternada e reduzir a corrente
e as perdas. Sem os transformadores, a ampla transmissão e distribuição de
energia elétrica não seria possível.
02 Eletrotécnica

1. Os transformadores elétricos 4. Na construção de um transformador,


são utilizados para: o que permite aumentar ou
a) Converter CC em CA. diminuir a tensão?
b) Aumentar ou diminuir a) Tamanho do secundário.
a tensão CC. b) Relação de espiras do
c) Aumentar ou diminuir primário ou secundário.
a tensão CA. c) Número de fases do
d) Converter o nível de tensão CC transformador.
e) Nenhuma das alternativas d) Bitola dos fios do primário
anteriores. e secundário.
2. Autotransformador é um tipo de e) Nenhuma das alternativas
transformador que: anteriores.
a) Tem um só enrolamento e 5. Por que temos transformadores
tomadas (taps) de derivação. trifásicos nas redes?
b) É um adaptador de impedâncias. I. Transformadores trifásicos
c) Tem primário e secundário têm melhor rendimento.
separados. II. Os motores industriais e as
d) Tem relação de espiras definida. cargas na sua maioria são
e) É um isolador de tensões. trifásicos, melhor rendimento.
3. Para uso em linhas de transmissão III. Rede trifásica tem menor fiação e
de energia elétrica, por que são maior rendimento.
usados transformadores? a) Somente a I.
a) Permitem tensões menores. b) Somente a II.
b) Permitem maior segurança c) Somente a III.
contra-choques elétricos. d) Todas as alternativas
c) Permitem transformar CA em CC. estão corretas.
d) Permitem maior e) Nenhuma das alternativas
velocidade de envio. anteriores.
e) Permitem aumentar a
tensão alternada e reduzir
a corrente e as perdas.
Transformadores 303

GUSSOW, M. Eletricidade básica. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009. (Coleção Schaum).
PETRUZELLA, F. D. Eletrotécnica II. Porto Alegre: AMGH, 2013. (Série Tekne).
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR

A distribuição de energia elétrica para a população só se tornou viável economicamente com o


uso de geração em corrente alternada. Geradores de corrente contínua apresentavam grandes
perdas pela alta resistência elétrica na transmissão do gerador ao consumidor.

Os transformadores permitiram aumentar a tensão do gerador para o transporte de energia pela


rede de alta tensão, e também rebaixar a tensão a níveis adequados aos consumidores, sejam
indústria, comércio ou residências. Transformadores também são utilizados em fontes de
alimentação, rebaixando a tensão local para níveis menores para alimentação de equipamentos
eletrônicos.

Vamos acompanhar mais detalhes no vídeo.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) Transformadores elétricos são utilizados para:

A) Converter CC em CA.

B) Aumentar ou diminuir a tensão CC.

C) Aumentar ou diminuir a tensão CA.

D) Converter o nível de tensão CC

E) Nenhuma das alternativas.

2) Autotransformador é um tipo de transformador que:


A) Tem um só enrolamento e tomadas (taps) de derivação.

B) É um adaptador de impedâncias.

C) Tem primário e secundário separados.

D) Tem relação de espiras definida.

E) É um isolador de tensões.

3) Para uso em linhas de transmissão de energia elétrica, por que são usados
transformadores?

A) Permitem tensões menores.

B) Permitem maior segurança contra choques elétricos.

C) Permitem transformar CA em CC.

D) Permitem maior velocidade de envio.

E) Permitem aumentar a tensão alternada e reduzir a corrente e as perdas.

4) Na construção de um transformador, o que permite aumentar ou diminuir a tensão?

A) Tamanho do secundário.

B) Relação de espiras do primário ou secundário.


C) Número de fases do transformador.

D) Bitola dos fios do primário e secundário.

E) Nenhuma das alternativas.

5) Por que temos transformadores trifásicos nas redes?

I - Transformadores trifásicos têm melhor rendimento.


II - Os motores industriais e cargas na sua maioria são trifásicos, melhor rendimento.
III - Rede trifásica tem menor fiação e maior rendimento.

A) Somente a I.

B) somente a II.

C) Somente a III.

D) Todas as alternativas estão corretas.

E) Nenhuma das alternativas.

NA PRÁTICA

Transformadores são muito utilizados em nosso cotidiano, e muitas vezes nem


percebemos. Necessitamos receber energia, e estamos longe normalmente das usinas
geradoras de energia elétrica, que podem ser hidrelétricas, termelétricas, eólicas, solares.

Como os condutores apresentam resistência elétrica, e a potência de distribuição é elevada para


toda a população consumidora (indústrias, comércio, serviços públicos e residências), é
necessária uma alta tensão, com menores correntes, para a transmissão com menores perdas.
Cada consumidor necessita níveis diferentes de tensão.

A indústria possui equipamentos diversificados, que têm alimentação de energia diferenciada. Já


o comércio, a rede pública e os consumidores residenciais têm necessidades específicas de
suprimento de energia, em níveis de tensão e corrente.

SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Transformadores

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

TRA01 - Transformadores - Introdução

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

TRA03 - Relações de Transformação

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Medidas Elétricas I

APRESENTAÇÃO

APRESENTAÇÃO Olá! Nesta unidade, estudaremos Medidas Elétricas: instrumentos de


medições de variáveis elétricas: tensão, corrente, resistência, etc. Bons estudos! Ao final desta
unidade você deve apresentar os seguintes aprendizados:

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar classes e categoria de instrumentos de medição.


• Diferenciar os métodos de medição de tensão, corrente, resistência e instrumentos de
bancada.
• Identificar usos e aplicações de osciloscópios, geradores de frequências, frequencímetros.

DESAFIO

• Explore o conteúdo, pesquise. Use todas as ferramentas disponíveis para solucionar o


problema.

Um motor trifásico, ligado a um quadro de comando, está com superaquecimento, e você


suspeita de problemas de alimentação ou sobrecarga do mesmo.

Qual seria a maneira mais prática e imediata de avaliar o problemas para a sua solução ? Qual
instrumento de medição permitiria uma rápida medição para monitoramento de parâmetros
elétricos? O que fazer para reparar esta situação anormal?

INFOGRÁFICO

Vamos perceber no Infográfico que temos categorias de instrumentos, tendo que escolher o
instrumento mais adequando para o serviço que iremos realizar, assim realizando um trabalho de
qualidade e com segurança.
CONTEÚDO DO LIVRO

Instrumentos de medição elétrica são ferramentas importantes para avaliar grandezas como
tensão, corrente, resistência, etc.

O livro Eletrotécnica I, de Frank D. Petruzella, da Série Tekne, serve de base teórica para a
unidade de aprendizagem.

Inicie a leitura a partir do título Dispositivos de Medição

Boa Leitura.
O autor
Frank D. Petruzella tem uma extensa prática no campo de eletrotécnica, bem como muitos anos de experiência
de ensino e de publicação de livros na área. Antes de se dedicar exclusivamente ao ensino, ele atuou como aprendiz
e eletricista de instalação e manutenção. Mestre em Ciências pela Niagara University e Bacharel em Ciências pela
State University of New York College-Buffalo, tem formação também em Eletrotécnica e Eletrônica pelo Erie County
Technical Institute.

P498e Petruzella, Frank D.


Eletrotécnica I [recurso eletrônico] / Frank D. Petruzella ;
tradução: Rafael Silva Alípio ; revisão técnica: Antonio
Pertence Júnior. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre :
AMGH, 2014.

Editado também como livro impresso em 2014.


ISBN 978-85-8055-287-4

1. Engenharia elétrica. 2. Eletrotécnica. I. Título.

CDU 621

Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052


Dispositivos de medição
Há vários tipos de instrumentos usados para a medição de grandezas elétricas. A maioria dos
dispositivos elétricos de medição é bastante cara e delicada. Ao usar qualquer dispositivo de
medição elétrica, você deve:
• Verificar o dispositivo para ter certeza de que não há riscos de segurança óbvios.
• Manusear o dispositivo com cuidado.
• Certificar-se de que o dispositivo está corretamente conectado ao circuito.
• Certificar-se de que as especificações nominais de tensão e de corrente do dispositivo de
medição não são excedidas.
• Ler e entender as instruções de operação fornecidas pelo fabricante.
A Comissão Eletrotécnica Internacional (IEC – International Electrotechnical Commission) pu-
blicou normas internacionais que definem quatro categorias de nível de energia. As categorias
de medição de I a IV são definidas de acordo com a quantidade de energia elétrica que poderia
estar presente durante uma condição transiente (falta ou curto-circuito). Os instrumentos de
teste devem atender tanto a IEC como os requisitos ditados pelos órgãos nacionais competen-
tes. Tais requisitos são concebidos para proteção contra o nível mais elevado e mais perigoso
de sobretensão transitória que você pode vir a encontrar em um serviço de energia para uma
instalação. As categorias de medição estão relacionadas com a área e o tipo de trabalho que se
espera fazer e são resumidas a seguir:
Categoria de medição IV, o nível de alimentação primária, é o mais alto nível de energia e
abrange as redes de distribuição, os transformadores e as linhas que entram em uma
construção. Este é o nível mais perigoso de sobretensão que os trabalhadores da área
elétrica provavelmente encontrarão enquanto trabalham com serviços de energia para
uma instalação. Para esta categoria, a IEC pede proteção de sobretensão de até 12.000 V.
Categoria de medição III é o próximo nível mais alto que um trabalhador elétrico enfrentará.
Essa categoria inclui alimentadores, circuitos com ramificações curtas, dispositivos de pai-
nel de distribuição ou equipamentos pesados com conexões curtas à entrada de serviço.
Para esta categoria, a IEC pede proteção de sobretensão de até 8.000 V.
Categoria de medição II é o nível local para dispositivos elétricos fixos e não fixos. Saídas que es-
tejam a uma certa distância de uma fonte de categoria de medição IV ou III são classificadas
como categoria de medição II. A proteção necessária contra sobretensão é de até 6.000 V.
Categoria de medição I é o nível de sinal para equipamentos eletrônicos e de telecomunica-
ções. Instrumentos especificados apenas para a categoria de medição I não são adequa-
dos para medições em um sistema de distribuição elétrica. Eles são indiciados para uso
apenas com aparelhos eletrônicos e outros equipamentos de baixo consumo de energia
com proteção contra transitórios.
Eletrotécnica I

Voltímetros ou amperímetros individuais são por vezes usados para medir a tensão e a corrente
em um painel elétrico. Para testes no local de trabalho e solução de problemas, um único multí-
metro digital é geralmente usado para medir com precisão a tensão, corrente ou resistência
(Figura 2-1). Os medidores analógicos usam um ponteiro ligado a um medidor de conjunto móvel
para indicar a medida, enquanto os medidores digitais usam um mostrador (display) digital eletrô-
Amperímetro analógico Multímetro digital

Figura 2-1 Medidores analógico e digital. (2.1a: © Tom Pantages; 2.1b: Reproduzido com a permissão de Fluke
Corporation).

nico. Lembre-se: sempre que precisar de proteção contra sobretensão, procure uma certificação
independente e escolha a categoria apropriada para o tipo de trabalho que você espera realizar.
Uma variedade de dispositivos de teste de tensão pode ser utilizada para confirmar que todas as
tensões foram removidas do circuito no qual você está trabalhando. O testador de tensão (Figura
Instrumentos, ferramentas e fixadores

2-2) é frequentemente utilizado para medir de forma aproximada as tensões de operação do


circuito. Sua construção robusta o torna ideal para o manuseio diretamente no local de trabalho.
capítulo 2

Figura 2-2 Testador de tensão.


Os detectores de tensão sem contato estão entre os instrumentos mais seguros e fáceis de utilizar
(Figura 2-3). Esse tipo de indicador de tensão não requer contato físico com o circuito. A presen-
ça de tensão é detectada por sensoriamento do campo elétrico que circunda qualquer condutor
energizado. Quando a extremidade da sonda isolada do testador é colocada próxima de um ter-
minal CA e o interruptor do dispositivo é fechado, o LED acenderá e um sinal sonoro será ouvido
se uma tensão CA estiver presente. Ele detecta a presença de tensão por meio da isolação do con-
dutor e pode ser usado para determinar quais fios estão energizados em uma caixa de derivação,
sem a necessidade de interromper as conexões. Especificações e instruções detalhadas para os
detectores de tensão sem contato são encontradas nos manuais dos fabricantes.
Ao realizar um teste para detecção de presença de tensão, você deve verificar todos os con-
dutores expostos para garantir que não há tensão presente. A seguir estão alguns pontos que
você deve ter em mente em um procedimento de verificação de tensão:
• Ao verificar um painel de energia, certifique-se de testar a tensão entre os condutores
fase de entrada, bem como entre todos os condutores fase e a terra. A razão para isso é a
possibilidade de um ou mais dos condutores fase estarem desenergizados, enquanto os
outros condutores fase ainda estão quentes (energizados). Para verificar a tensão para a
terra, basta colocar uma sonda do testador em contato com um condutor aterrado ou
uma peça metálica exposta, que você saiba que está aterrada, e colocar a outra sonda de
teste em contato com o condutor exposto ou terminal em questão.
• Os invólucros devem ser verificados para se certificar de que eles estão devidamente ater-
rados, antes de verificar a tensão da terra para o condutor exposto.
• Ao verificar os condutores de uma saída, tal como um interruptor ou uma tomada, esteja
ciente do tipo de invólucro utilizado. Por vezes, esses dispositivos são envolvidos por uma
caixa de fibra ou de plástico, que são não condutoras. Todas as caixas de metal devem ser
obrigatoriamente aterradas em instalações mais recentes, porém elas podem não ter sido
aterradas em construções mais antigas.
O amperímetro do tipo alicate (ou simplesmente alicate amperímetro) é usado para medir o
fluxo de corrente. Esse dispositivo é capaz de medir a corrente sem qualquer contato direto

Interruptor do dispositivo LED


Eletrotécnica I

Sonda

Figura 2-3 Detector de tensão sem contato. (Cortesia de Greenlee Textron)


com o circuito elétrico, por meio da medição do campo magnético produzido em torno do
condutor quando uma corrente flui por ele (Figura 2-4). Os alicates amperímetros são usados
para verificações periódicas de corrente fixando-os em torno dos cabos de alimentação.

Figura 2-4 Alicate amperímetro.

O megôhmetro, comumente referido como megger (Figura 2-5), é usado principalmente para
a verificação da qualidade do isolamento em equipamentos elétricos. A qualidade da isolação
de um equipamento varia com a idade, o teor de umidade e a tensão aplicada. À medida que a
isolação vai se deteriorando, o equipamento muitas vezes começa a funcionar de forma incor-
reta ou mesmo não funcionar. O megôhmetro é semelhante a um ohmímetro típico (encon-
trado no multímetro para a medição de resistência elétrica), exceto que ele utiliza uma fonte
Instrumentos, ferramentas e fixadores

de tensão de energia muito mais elevada.

Escala
Manivela
capítulo 2

Figura 2-5 Megôhmetro de 500 volts usado para verificar a resistência de isolação.
O osciloscópio (Figura 2-6) serve para solucionar problemas e verificar as entradas e saídas de
dispositivos eletrônicos, podendo ser usado para medir a tensão, como um voltímetro. Além
disso, um osciloscópio fornece informações sobre a forma, o período de tempo e a frequência
de formas de onda de tensão.
Outros equipamentos de teste elétrico mais especializados, mostrados na Figura 2-7, incluem:
• Testador de circuito baseado em microprocessador usado para rastrear locais de fiações es-
condidas, localizar as caixas de derivação e encontrar disjuntores para circuitos energiza-
dos e desenergizados.
• Testador de circuito e de GFCI permite o teste imediato de tomadas de GFCI ou de circuitos
protegidos por disjuntor GFCI. Também permite a verificação de tomadas de 120 VCA ater-
radas com relação à fiação correta/incorreta.
• Classificador de fios permite que uma única pessoa identifique até 10 fios de uma vez.
Também indica fio aberto, curto para a terra, eletrodutos e outros fios.
• Indicador de sequência de fase identifica as fases L1, L2 e L3 e indica a rotação do motor
antes da instalação.
Eletrotécnica I

Figura 2-6 Osciloscópio.


Rastreador de circuito baseado em microprocessador Testador de circuito e de GFCI

Instrumentos, ferramentas e fixadores

Classificador de fio Indicador de sequência de fase

Figura 2-7 Equipamentos de teste especializados. (Cortesia da Greenlee Textron)

Questões de revisão
1. Liste quatro coisas a serem observadas quando se usa um instrumento de teste elétrico.
capítulo 2

2. Cite duas organizações independentes que publicaram normas de segurança para dispositivos
de medição elétrica.
3. Explique como as categorias de medição de I a IV são definidas.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
DICA DO PROFESSOR

As grandezas elétricas mais importantes, como tensão, corrente, resistência, potência,


precisam ser medidas e monitoradas

Instrumentos de medição analógicos ou digitais permitem avaliar a grandeza destas variáveis.


Dependendo do uso ou aplicação, temos de avaliar as categorias de medidores analógicos ou
digitais, para a proteção do operador ou usuário. Testers são instrumentos mais simples para
avaliar se tem ou não tensão.

Os multímetros, em um único aparelho, permitem a medição de diversas variáveis. Alicates


amperimétricos permitem medir a corrente sem abrir o circuito (indução magnética).
Osciloscópios permitem monitorar a forma de onda. Geradores de frequência permitem injetar
frequências diversas em circuitos. Frequencímetros permitem medir frequência.

Vamos acompanhar mais detalhes no vídeo.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) , 1) Categorias de instrumentos elétricos servem para:

A) Justificar o custo.

B) Definir utilização do instrumento.

C) Definir a proteção contra níveis de tensão e segurança de uso do instrumento.

D) Definir uso em CC ou CA.

E) Nenhuma das alternativas.


2) , 2) Para uso de um simples indicador de nível aproximado de tensão utilizamos:

A) Testers.

B) Amperímetros.

C) Osciloscópios.

D) Ohmímetro.

E) Frequencímetros.

3) , 3) O instrumento mais versátil para o técnico em eletrotécnica, que permite várias


medições é?

A) Osciloscópio.

B) Testers ou indicadores de tensão.

C) Frequencímetros.

D) Ohmímetro.

E) Multímetros ou multitesters.

4) , 4) O alicate amperimétrico é utilizado para?

A) Apenas mede tensão.


B) Medir corrente elétrica sem abrir o circuito.

C) Medir resistência.

D) Indica a presença de tensão somente.

E) Nenhuma das alternativas.

5) , 5) Para que servem os osciloscópios?

A) Medem a forma de onda, amplitude e frequência do sinal.

B) Permitem medir resistência.

C) Medem a potência elétrica.

D) Permite apenas mostrar a forma de onda.

E) Nenhuma das alternativas.

NA PRÁTICA

Instrumentos de medição são ferramentas de apoio logístico à manutenção


eletroeletrônica. Se você suspeita que a rede elétrica está com problemas de ruídos elétricos,
por exemplo, necessita de instrumentos para monitoração. Um bom osciloscópio permite a
visualização de surtos, transientes, ruídos elétricos e interferências na rede. Pode-se através de
filtros neutralizar ou diminuir estes surtos e melhorar a qualidade da alimentação de energia
elétrica. Da mesma forma, sobrecargas em motores podem ser rapidamente quantificadas com a
simples medição de corrente de alimentação com um alicate amperimétrico. Sobre e sub tensões
podem ser medidas com voltímetros. A falta de uma fase, por exemplo, pode ser monitorada por
testers.

SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Física - Instrumentos de Medidas Elétricas:

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Medidas Elétricas Voltímetro e Amperímetro Detalhes Teóricos:

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Amperímetro e voltímetro - Eletrodinâmica | Física:

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Motores Elétricos I

APRESENTAÇÃO

Nesta unidade estudaremos Motores Elétricos Parte I: Motores CC - Introdução. Na Unidade de


Aprendizagem iremos demonstrar os princípios de funcionamento do motor e motores de
corrente contínua.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar o princípio de funcionamento de um motor elétrico.


• Relacionar as características de diferentes tipos de motores CC.
• Diferenciar conceitos como torque, potência e rotação de motores elétricos.

DESAFIO

A partir de agora vamos propor um desafio.

Explore o conteúdo e pesquise. Use todas as ferramentas disponíveis para solucionar o


problema.

Vamos ao experimento!

Você necessita automatizar uma esteira de linha de produção de modo a controlar a


velocidade com boa precisão. Para esta aplicação, qual tipo de motor é mais indicado, CC
ou CA e por quê?

INFOGRÁFICO

Veja na ilustração o esquema do que veremos nesta unidade referente a motores elétricos.
CONTEÚDO DO LIVRO

Leia o capítulo Motores Elétricos I que faz parte da obra Eletrotécnica e é a base teórica desta
Unidade de Aprendizagem.

Boa leitura.
ELETROTÉCNICA

Diogo Braga da
Costa Souza
S719e Souza, Diogo Braga da Costa.
Eletrotécnica [recurso eletrônico] / Diogo Braga da
Costa Souza, Rodrigo Rodrigues. – Porto Alegre :
SAGAH, 2017.

Editado como livro em 2017.


ISBN 978-85-9502-055-9
1. Eletrotécnica. 2. Engenharia elétrica. I. Rodrigues,
Rodrigo. II. Título.

CDU 621.3

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


Motores elétricos I
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar o princípio de funcionamento de um motor elétrico.


 Relacionar as características de diferentes tipos de motores CC.
 Diferenciar conceitos como torque, potência e rotação de motores
elétricos.

Introdução
Neste capítulo, você vai estudar a primeira parte sobre motores elétricos:
você vai aprender a identificar o princípio de funcionamento de um motor
elétrico, relacionar as características de diferentes tipos de motores CC e
conhecer conceitos como torque, potência e rotação de motores elétricos.

Princípio de funcionamento
Os motores elétricos são capazes de transformar energia elétrica em energia
mecânica, o que permite a movimentação de cargas (como em esteiras), a
ventilação de ambientes, entre outras aplicações. Para que isso aconteça, o
motor elétrico possibilita o giro de seu eixo pela interação magnética dos
campos magnéticos da parte girante, denominada rotor, e da parte estática,
denominada estator.
Os campos magnéticos presentes nos motores elétricos surgem pelo
princípio de Ampère, que diz que, quando uma corrente circula em um
determinado condutor, no seu entorno é gerado um campo magnético de
intensidade proporcional à intensidade de corrente e à quantidade de espiras
dos enrolamentos (UMANS, 2014).
As interações entre campos magnéticos são possíveis pela força eletro-
magnética, isto é, a repulsão ou atração de corpos, o que depende do tipo de
polaridade magnética: polos iguais se repelem e polos diferentes se atraem
(veja a Figura 1). Essa força de interação magnética, quando aplicada a corpos
06 Eletrotécnica

móveis, possibilita a sua movimentação. Nos motores elétricos, o eixo se


encontra móvel, girante, e a interação magnética de atração e repulsão entre
os campos magnéticos o movimenta.

Figura 1. Interação de polos magnéticos.

O comportamento da força física ocasionada no campo magnético se rela-


ciona com o vetor da tensão aplicada às bobinas e o vetor campo magnético,
sendo que a força magnética é sempre perpendicular ao plano desses dois
vetores, como pode ser visualizado na Figura 2 (UMANS, 2014).

Figura 2. Regra da mão direita para o sentido da força magnética.


Fonte: Borges e Nicolau (2011).
Motores elétricos I 307

A Figura 3 representa o princípio de funcionamento de um motor CC,


onde o campo da parte estática é sempre fixo. Para que haja a mudança de
polos, possibilitando um giro constante do motor, o campo da parte girante
modifica sua polaridade por meio de uma reversão da alimentação realizada
pelo comutador. A força magnética que proporciona o giro pode ser visualizada
pelo vetor vertical, ocasionado pelo sentido da corrente que passa na bobina
móvel e pelos polos de interação instantâneos (KOSOW, 2005).

Figura 3. Funcionamento simplificado do motor CC.


Fonte: photoiconix/Shutterstock

Na Figura 4 conseguimos identificar os estados de atração e repulsão de


interação entre os campos do estator e do rotor, o que possibilita o movimento
de giro destes motores (SIEMENS, 2006).
08 Eletrotécnica

Figura 4. Princípio de funcionamento do motor CC.


Fonte: Siemens (2006).

Os motores elétricos de corrente alternada não necessitam de comutadores para


inverter as polaridades magnéticas das bobinas do rotor do motor, conforme acontece
nos motores de corrente contínua, pois há inversão do sentido da corrente proveniente
da alimentação elétrica que provoca a inversão dos polos magnéticos.

Motores elétricos de corrente contínua


Os motores de corrente contínua são aplicados em sistemas onde é necessária
a utilização de um controle de velocidade preciso, pois, ao variar sua tensão
de alimentação, é possível modificar a velocidade na qual o motor se encontra.
No passado este tipo de motor era o único a proporcionar uma variação de
Motores elétricos I 309

velocidade com baixo índice de queda de torque, com a variação do nível de


tensão. Hoje existem métodos assertivos de controle de velocidade em motores
de corrente CA que inviabilizam grande parte das aplicações dos motores CC.
Os motores CC possuem basicamente as seguintes partes (WEG, 2013):

1. No estator:
■ Carcaça, a qual protege as partes internas e conduz o fluxo magnético.
■ Polos de excitação, que são formados por bobinas, as quais são
enroladas em chapas de aço laminadas, e são conhecidas como
sapatas polares.
■ Enrolamentos de compensação, que são elementos distribuídos
sobre a sapata polar de forma a distribuir uniformemente a indução
magnética no entreferro do estator.
■ Escovas, que são elementos estáticos que conectam a fonte de energia
à parte girante do motor, de forma a alimentar as bobinas do rotor.
2. No rotor:
■ Enrolamentos, que são bobinas enroladas em chapas de aço lamina-
das, as quais criam o campo magnético do rotor. Esses enrolamentos
são interligados ao comutador.
■ Comutador, que é o elemento que inverte a polaridade de campo
magnético do rotor, de forma a possibilitar o giro contínuo do eixo.
■ Eixo, que é o elemento interligado mecanicamente à carga, transmi-
tindo a potência mecânica desenvolvida pelo motor.

Tipos de excitação em motores CC


Os motores CC possuem dois tipos de bobinas enroladas ao estator: a bobina
série e a bobina paralela, sendo que elas interagem com o campo criado pelo
rotor de formas diferentes. A bobina série proporciona controles de torque,
enquanto a bobina paralela proporciona o controle de velocidade do eixo
(WEG, 2013).
O enrolamento da armadura se refere às bobinas do rotor (parte móvel),
sendo que estas produzirão campos magnéticos de interação com o campo do
estator. Veja na Figura 5 um esquema em que RA representa a resistência da
bobina da armadura, e E, a força contraeletromotriz na armadura.
10 Eletrotécnica

Figura 5. Máquina CC ligação independente.


Fonte: WEG (2013).

Com a alimentação dessas bobinas, conseguimos diferenciar o funcio-


namento do motor CC. As possíveis interligações são apresentadas a seguir:

 Excitação independente: entre as bobinas do estator, alimenta-se somente


a bobina paralela, a qual proporciona ao motor um controle de veloci-
dade, desde que não haja sobrecargas ao motor, ou seja, desde que seu
conjugado varie até o valor máximo do conjugado nominal. Esse tipo
de excitação permite o controle de tensão na armadura, a variação de
potência em relação à velocidade, mantendo o torque constante; ou, no
campo, a variação do torque inversamente proporcional à velocidade,
mantendo o valor da potência (WEG, 2013).

Figura 6. Máquina CC ligação independente.


Fonte: WEG (2013).
Motores elétricos I 311

Figura 7. Conjugado x velocidade em máquina CC ligação independente.


Fonte: WEG (2013).

 Excitação série: entre as bobinas do estator, é alimentada somente a


bobina série, conforme a Figura 8, o que proporciona ao motor uma
capacidade de sobrecarga sem uma elevação drástica de consumo ener-
gético, mas com uma redução quadrática do valor da velocidade. Essa
característica pode ser analisada na Figura 9, que representa grafica-
mente a relação entre conjugado e velocidade (WEG, 2013).

Figura 8. Máquina CC ligação série.


Fonte: WEG (2013).
12 Eletrotécnica

Figura 9. Conjugado x velocidade em máquina CC ligação série.


Fonte: WEG (2013).

 Excitação composta: As duas bobinas do estator são alimentadas,


de forma a aplicar o controle de velocidade e o controle de torque,
sendo que a variação de conjugado interfere menos na velocidade em
comparação à excitação série. Essa ligação é identificada na Figura
10 (WEG, 2013).

Figura 10. Máquina CC ligação composta.


Fonte: WEG (2013).
Motores elétricos I 313

Figura 11. Conjugado x velocidade em máquina CC ligação composta.


Fonte: WEG (2013).

Para saber mais sobre a especificação dos motores elétricos, leia Motores Elétricos: Guia
de Especificação (WEG, 2016).

Grandezas mecânicas dos motores elétricos


Para a caracterização mecânica dos motores elétricos, é necessária a associação
de suas grandezas mecânicas, descritas a seguir (WEG, 2016):

 Torque: também denominado momento, é a medida do esforço ne-


cessário para girar o eixo e a carga acoplada a ele. Pode ser calculado
pela força vezes o comprimento da alavanca, sendo que quanto maior
for essa alavanca, maior será a força transversal possível aplicando o
mesmo torque.
14 Eletrotécnica

 Potência: é a grandeza que interliga as energias, sendo que esta é o valor


da demanda de energia elétrica transformada para energia mecânica
pelo motor elétrico.
 Velocidade: é a grandeza relativa à velocidade do eixo, sendo normal-
mente identificada em rotações por minuto (rpm);

Os motores elétricos exercem trabalho mecânico a partir do consumo de


energia elétrica, sendo assim, possuem torque no eixo referente à potência
ativa entregue ao eixo e na velocidade na qual esse eixo se encontra, o que é
representado pela seguinte expressão:

Onde:
τ = é o torque no eixo do motor;
P = é a potência mecânica do motor;
ω = é a velocidade do eixo do motor.
Com essa relação é possível associar essas três grandezas mecânicas a fim
de determinar que o torque nos motores elétricos é diretamente proporcional
à potência mecânica e inversamente proporcional à velocidade do motor.
Isso determina suas limitações: esse tipo de máquina elétrica tende a acionar
cargas de alto torque em baixas velocidades. Se esse tipo de carga necessitar
alta velocidade de trabalho, deverão ser utilizados motores que possuam alta
potência mecânica.

Os motores elétricos de corrente contínua até hoje são muito utilizados na produção
têxtil, pois qualquer esforço maior aplicado ao tecido pode danificá-lo. Assim, aplica-
-se um sistema de controle, com sensores que monitoram esse esforço, variando a
velocidade dos motores: aumentando-a em caso de afrouxamento, e reduzindo-a se
o tecido estiver muito esticado (SIEMENS, 2006).
Motores elétricos I 315

1. Os motores elétricos: 4. As principais vantagens dos motores


a) Transformam energia de corrente contínua são:
mecânica em elétrica. a) Menor custo e maior velocidade.
b) Permitem gerar potência elétrica. b) Velocidades mais precisas
c) Transformam energia e possibilidade de variação
elétrica em mecânica. de velocidade.
d) Geram tensões elétricas. c) Maior velocidade e
e) Nenhuma das alternativas menor consumo.
anteriores. d) Maior torque e maior
2. Os motores elétricos basicamente rendimento.
são constituídos por: e) Menores custos e
a) Rotor e estator. maiores rendimentos
b) Indutor e rotor. 5. O que são servomotores CC
c) Coletor e estator. e para que servem?
d) Comutador e indutor. a) São motores CC de precisão,
e) Capacitor e estator. apresentam velocidades
3. São parâmetros mecânicos constantes e maior torque.
importantes para os motores b) Motores CC para
elétricos: elevadas rotações.
a) Número de fases, c) Motores CC de baixo custo.
velocidade e tensão. d) Motores CC de velocidade única.
b) Torque, corrente e e) Nenhuma das alternativas
número de fases. anteriores.
c) Tensão, velocidade e corrente.
d) Torque, potência e velocidade.
e) Número de fases, frequência
da rede e velocidade.
16 Eletrotécnica

BORGES; NICOLAU. Cursos do Blog – Eletricidade: voltando ao segundo fenômeno


eletromagnético. [S.l.]: Os Fundamentos da Física, 2011. Disponível em: <http://os-
fundamentosdafisica.blogspot.com.br/2011/11/cursos-do-blog-eletricidade.html>.
Acesso em: 23 fev. 2017.
KOSOW I. L. Maquinas elétricas e transformadores. 15. ed. São Paulo: Globo, 2005.
SIEMENS. Motores de corrente contínua: guia rápido para uma especificação precisa.
[S.l.]: Siemens, 2006. Disponível em: <http://marioloureiro.net/tecnica/electrif/Mo-
tores_CC_ind1.pdf>. Acesso em: 18 fev. 2017.
UMANS, S. D. Máquinas elétricas de Fitzgerald e Kingsley. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.
WEG. DT – 3: características e especificações de motores de corrente contínua e conversores
CA/CC. Jaraguá do Sul: WEG, 2013. Disponível em: <http://ecatalog.weg.net/files/
wegnet/WEG-curso-dt-3-caracteristicas-e-especificacoes-de-motores-de-corrente-
-continua-conversores-ca-cc-artigo-tecnico-portugues-br.pdf>. Acesso em: 18 fev.
2017.
WEG. Motores elétricos guia de especificação. Jaraguá do Sul: WEG, 2016. Disponível
em: <http://ecatalog.weg.net/files/wegnet/WEG-guia-de-especificacao-de-motores-
-eletricos-50032749-manual-portugues-br.pdf>. Acesso em: 18 fev. 2017.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR

Um motor elétrico converte energia elétrica em energia mecânica usando campos magnéticos
que interagem entre si. Os motores elétricos são utilizados para uma variedade nas áreas
residenciais, comerciais e industriais. Cerca de cinquenta por cento da energia produzida é
utilizada em motores elétricos, como atuadores. Iremos abordar o principio de funcionamento
dos motores CC.

Vamos acompanhar mais detalhes no vídeo.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) Os motores elétricos:

A) Transformam energia mecânica em elétrica.

B) Permitem gerar potência elétrica.

C) Transformam energia elétrica em mecânica.

D) Geram tensões elétricas.

E) Nenhuma das alternativas.

2) Os motores elétricos basicamente são constituídos por:

A) Rotor e estator.
B) Indutor e rotor.

C) Coletor e estator.

D) Comutador e indutor.

E) Capacitor e estator.

3) Como parâmetros mecânicos importantes para motores elétricos temos:

A) Número de fases, velocidade e tensão.

B) Torque, corrente e número de fases.

C) Tensão, velocidade e corrente.

D) Torque, potência e velocidade.

E) Número de fases, frequência da rede e velocidade.

4) As principais vantagens dos motores de corrente contínua são:

A) Menor custo e maior velocidade.

B) Velocidades mais precisas e possibilidade de variação de velocidade.

C) Maior velocidade e menor consumo.

D) Maior torque e rendimento.


E) Menores custos e maiores rendimentos

5) O que são servomotores CC e para que servem?

A) São motores CC de precisão, apresentam velocidades constantes e maior torque.

B) Motores CC para elevadas rotações.

C) Motores CC de baixo custo.

D) Motores CC de velocidade única.

E) Nenhuma das alternativas.

NA PRÁTICA

Motores elétricos permitem ao homem a execução de trabalho útil a partir da eletricidade. As


tarefas do dia-a-dia são facilitadas com o uso de motores elétricos nas mais variadas áreas, desde
a doméstica até a industrial. O padeiro poderia sovar a massa com a força das mãos, mas como o
volume de produção de pão é muito grande, motores elétricos adaptados a misturadores fazem
esta função com um mínimo de esforço. Para a montagem de móveis, uma parafusadeira elétrica
irá permitir a montagem com grande precisão e com o mínimo esforço, com grande economia de
tempo e esforço. O abastecimento de água de um prédio com alguns andares seria inviável sem
as bombas de recalque. Hoje veículos elétricos têm como vantagem o uso de uma energia não
poluente e ecologicamente correta.
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Princípio do Motor Elétrico

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

4/6 O Princípio do Motor

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Funcionamento de um motor CC

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Motores Elétricos II

APRESENTAÇÃO

Nesta unidade estudaremos os motores elétricos - parte II: motores CC e CA monofásicos.


Iremos retomar os motores de corrente contínua de forma aprofundada, observando as suas
principais características.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar o princípio de funcionamento de motor corrente contínua de enrolamento de


campo em série e paralelo.
• Diferenciar os motores de corrente contínua e alternada.
• Identificar as partes componentes de um motor em corrente alternada: rotor, estator e
bobinas de campo.

DESAFIO

Explore o conteúdo, pesquise e use todas as ferramentas disponíveis para solucionar o problema.

Vamos ao experimento!

Você necessita, para uma simples aplicação industrial de agitação de líquido num tanque, de um
motor. Deverá ter custo mais acessível e ser usado com redutor para a correta velocidade de
agitação das pás.

Para esta aplicação você iria usar um motor de corrente contínua ou alternada? Justifique.

INFOGRÁFICO

Veja na ilustração o esquema do que estudaremos nesta unidade referente a motores de


corrente contínua e alternada monofásicos.

CONTEÚDO DO LIVRO

Leia o capítulo Motores Elétricos II que faz parte da obra Eletrotécnica e é a base teórica desta
Unidade de Aprendizagem.

Boa leitura.
ELETROTÉCNICA

Diogo Braga da
Costa Souza
S719e Souza, Diogo Braga da Costa.
Eletrotécnica [recurso eletrônico] / Diogo Braga da
Costa Souza, Rodrigo Rodrigues. – Porto Alegre :
SAGAH, 2017.

Editado como livro em 2017.


ISBN 978-85-9502-055-9
1. Eletrotécnica. 2. Engenharia elétrica. I. Rodrigues,
Rodrigo. II. Título.

CDU 621.3

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


Motores elétricos II
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar o princípio de funcionamento de motor corrente contínua


de enrolamento de campo em série e paralelo.
 Diferenciar os motores de corrente contínua e alternada.
 Identificar as partes componentes de um motor em corrente alternada:
rotor, estator e bobinas de campo.

Introdução
Neste capítulo, você vai estudar a segunda parte sobre motores elétricos:
motores CC e CA monofásicos.
Você vai retomar os conhecimentos sobre motores de corrente contí-
nua de forma um pouco mais aprofundada, observando as suas principais
características.

Motores elétricos de corrente contínua


Os motores de corrente contínua possuem enrolamentos com diferentes fun-
ções, o que garante a sua utilização em diversas aplicações, modificando a
sua interligação para se adequar a cada uma delas. Estas interligações são
denominadas tipos de excitação, que nada mais são do que os métodos de
alimentação das bobinas de campo (que são as bobinas do estator) e da bobina
da armadura (que é a bobona do rotor) (KOSOW, 2005).

Tipos de excitação em motores CC


Os motores CC possuem dois tipos de bobinas enroladas ao estator, que in-
teragem de maneiras diferentes com o campo criado pelo rotor: a bobina
série, que proporciona controles de torque; e a bobina paralela, que oferece
o controle de velocidade do eixo (WEG, 2013).
18 Eletrotécnica

O enrolamento da armadura se refere às bobinas do rotor (parte móvel),


sendo que estas produzem campos magnéticos de interação com o campo do
estator. Veja na Figura 1um esquema em que R A representa a resistência da
bobina da armadura e E é a força contraeletromotriz na armadura (KOSOW,
2005).

Figura 1. Máquina CC ligação independente.


Fonte: WEG (2013).

Com a alimentação dessas bobinas é possível diferenciar o funcionamento


do motor CC, sendo as possíveis interligações:

 Excitação independente: entre as bobinas do estator, alimenta-se somente


a bobina paralela, a qual proporciona ao motor um controle de veloci-
dade, desde que não haja sobrecargas ao motor, ou seja, desde que seu
conjugado varie até o valor máximo do conjugado nominal. Esse tipo
de excitação permite o controle de tensão na armadura, a variação de
potência em relação à velocidade, mantendo o torque constante; ou, no
campo, a variação do torque inversamente proporcional à velocidade,
mantendo o valor da potência (WEG, 2013).
Motores elétricos II 319

Figura 2. Máquina CC ligação independente.


Fonte: WEG (2013).

Quebra de
comutação

Rotação

Rotação
(Rotação basica)
máxima
Controle pela Controle pelo
armaruda campo

Figura 3. Conjugado X Velocidade em Máquina CC ligação independente.


Fonte: WEG (2013).

 Excitação paralela ou shunt: Entre as bobinas do estator é alimentada


somente a bobina paralela ou shunt, conforme a Figura 4. Essa interliga-
ção proporciona uma velocidade do motor CC praticamente constante,
mesmo com a variação de carga. É possível variar a velocidade ao
variar a corrente no enrolamento shunt, sendo aplicada por meio de um
reostato em série a esse enrolamento. Veja na Figura 4 que a resistência
variável é representada por R’.
20 Eletrotécnica

Figura 4. Máquina CC ligação paralela ou shunt.


Fonte: Adaptada de WEG (2013).

 Excitação série: entre as bobinas do estator, é alimentada somente


a bobina série, conforme a Figura 5, o que proporciona ao motor
uma capacidade de sobrecarga sem uma elevação drástica de con-
sumo energético, mas com uma redução quadrática do valor da
velocidade. Essa característica pode ser analisada na Figura 6, que
representa graficamente a relação entre conjugado e velocidade
(WEG, 2013).

Figura 5. Máquina CC ligação série.


Fonte: WEG (2013).
Motores elétricos II 321

Rotação

Conjugado

Figura 6. Conjugado X Velocidade em Máquina CC ligação série.


Fonte: WEG (2013).

 Excitação composta: As duas bobinas do estator são alimentadas,


de forma a aplicar o controle de velocidade e o controle de torque,
sendo que a variação de conjugado interfere menos na velocidade em
comparação à excitação série. Essa ligação é identificada na Figura 7
(WEG, 2013).

Figura 7. Máquina CC ligação composta.


Fonte: WEG (2013).
22 Eletrotécnica

Rotação

Conjugado

Figura 8. Conjugado X Velocidade em Máquina CC ligação composta.


Fonte: WEG (2013).

Definimos o tipo de excitação do motor CC pela aplicação: quando há necessidade


de torque constante, devemos utilizar o enrolamento série, e quando há necessidade
de constância na velocidade, utilizamos o enrolamento paralelo.

Motores de corrente alternada


Os motores de corrente alternada (CA) funcionam com alimentação em ten-
são alternada, dispensando o uso de comutadores para a inversão do campo
magnético do rotor, pois a própria alimentação já providencia essa inversão
de campo. Esses motores são classificados como síncronos e assíncronos.
As máquinas síncronas possuem velocidade angular constante sincronizada
com a frequência de alimentação do motor. Essa velocidade se torna possível
pela polaridade fixa das bobinas do rotor, que não depende da alimentação.
As máquinas assíncronas são as mais aplicadas porque têm menor custo em
relação às máquinas síncronas. Além disso, as máquinas assíncronas possuem
Motores elétricos II 323

velocidade não síncrona em relação à alimentação, pois nesse tipo de motor


ocorre um fenômeno denominado escorregamento, que diferencia as veloci-
dades síncronas das assíncronas (KOSOW, 2005).

Onde:
nS = velocidade síncrona;
n A = velocidade assíncrona;
s = escorregamento.
Os motores de corrente alternada também são classificados pelo tipo de
alimentação (monofásica ou trifásica), o que determina a quantidade de fases de
alimentação que chegam ao motor. Uma característica funcional que diferencia
esses dois tipos de motores é quanto à constância do torque, que só acontece
em motores trifásicos e não em motores monofásicos (KOSOW, 2005).

Para saber mais sobre os motores trifásicos, leia o capítulo “Como tornar um transporte
eficiente” do livro Máquinas elétricas de Fitzgerald e Kingsley (UMANS, 2014).

Motores CA monofásicos
Os motores de indução monofásicos são máquinas CA do tipo assíncronas
utilizadas para diversas finalidades que exigem motores de baixas potências,
sendo encontrados em aplicações residenciais e comerciais.
Os motores monofásicos são constituídos de um campo magnético do
estator que é criado por apenas um potencial. Assim, não existe diferença
entre a variação do campo no sentido horário e anti-horário desse campo,
o que impossibilita a partida desse motor pela indeterminação do sentido
de variação do campo magnético girante, como representado na Figura 9.
Observe que a força de repulsão para os dois sentidos é a mesma, o que trava
o eixo (KOSOW, 2005).
24 Eletrotécnica

Figura 9. Interação entre campos do rotor e do estator de um motor monofásico.

Para que esse tipo de problema seja solucionado, utilizamos no motor


monofásico bobinas auxiliares que possuem a função de eliminar o equi-
líbrio magnético, iniciando o movimento. Esse enrolamento cria mais um
campo magnético, o que determina o sentido de giro, sendo que a inversão
de sua alimentação provoca a inversão do sentido de giro do motor (veja
a Figura 10).

Figura 10. Representação esquemática do campo criado pela bobina auxiliar no motor
monofásico.
Motores elétricos II 325

Comumente esses motores são compostos de três enrolamentos dispostos


na caixa de interligação dos motores, representados na Figura 11, disponibi-
lizando ao usuário a possibilidade de acionamento do motor em dois níveis
de tensão (KOSOW, 2005).

Figura 11. Motor de indução monofásico.


Fonte: Vieira (2013).

Os enrolamentos do motor monofásico são determinados por:

 1/3 e 2/4, que são os enrolamentos principais onde é criado o campo


magnético do estator;
 5/6, que é o enrolamento com a função da polarização magnética que
determinará o sentido de giro do motor em sua partida. O campo mag-
nético principal não determina o sentido de giro. Quando o motor inicia
o movimento de giro, esse enrolamento é desativado, pois não possui
função após a partida do motor. Essa desativação é realizada por uma
chave denominada centrífuga, que abre seus contatos pelo movimento
do eixo do motor.

É possível realizar dois tipos de ligação do motor monofásico (uma para


menor tensão e outra para maior tensão): basta manter aplicada em cada
enrolamento sua tensão nominal. Você vai ver agora mais detalhes de cada
um desses tipos de ligação:

 Ligação menor tensão: consiste na interligação dos enrolamentos


principais do motor em paralelo, sendo que a tensão nos dois enrola-
mentos será a mesma. Em um sistema de alimentação 127V, utiliza-se
essa interligação para um motor 110/220V.
26 Eletrotécnica

Figura 12. Ligação de um motor monofásico na menor tensão.


Fonte: Vieira (2013).

 Ligação maior tensão: consiste na interligação dos enrolamentos princi-


pais do motor em série, sendo que a tensão de alimentação será dividida
entre os dois enrolamentos. Assim, os dois enrolamentos possuirão
tensão nominal aplicada, evitando sua danificação. Em um sistema de
alimentação 220V utiliza-se essa interligação para um motor 110/220V.

Figura 13. Ligação de um motor monofásico na menor tensão.


Fonte: Vieira (2013).

Os esmeris são equipamentos que servem para realizar acabamentos de rebarbas em


peças. Eles são constituídos por motores elétricos CA, podendo ser monofásicos ou
trifásicos. Um defeito muito comum nos esmeris é a falha na partida do equipamento,
sendo que este não inicia seu movimento de giro. Esse problema é solucionado pela
substituição do capacitor de partida, o qual se encontra danificado, e não está pro-
porcionando a defasagem necessária do ângulo da tensão para que haja polarização
magnética suficiente para a partida do motor.
Motores elétricos II 327

1. Os motores elétricos CC de 4. Para aplicações de um


enrolamento de campo são: eletrodoméstico com variação
a) Série, paralelo e de passo. de velocidade escalonada, como
b) Shunt, composto e trifásico. em um liquidificador, qual tipo de
c) Série, composto e de partida. motor é mais utilizado?
d) Indução, paralelo e composto. a) Servomotores.
e) Série, paralelo e composto. b) Motores de indução.
2. Para a variação de velocidade de c) Motores trifásicos.
motores CC é necessário: d) Motor universal-série.
a) Variar a tensão de alimentação. e) Nenhuma das alternativas
b) Variar a resistência da carga. anteriores.
c) Variar a frequência do motor. 5. Qual tipo de motor é utilizado em
d) Utilizar capacitores. uma furadeira com maior torque
e) Utilização de moto-freio. e menor tamanho?
3. Para a aplicação de um motor de a) São motores CC de precisão.
esteira com variação de velocidade e b) Motores CC para
torque constante, qual tipo de motor elevadas rotações.
é mais recomendado? c) Motores CC de baixo custo.
a) Motores de indução CA. d) Motores CC de velocidade única.
b) Motor universal. e) Nenhuma das alternativas
c) Motor rotor gaiola de esquilo. anteriores.
d) Servomotor CC ou CA.
e) Motor série CA.

KOSOW I. L. Máquinas elétricas e transformadores. 15. ed. São Paulo: Globo, 2005.
UMANS, S. D. Máquinas elétricas de Fitzgerald e Kingsley. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.
VIEIRA, F. Motores elétricos. [S.l.]: Ensinando Elétrica, 2013. Disponível em: <https://
ensinandoeletrica.blogspot.com.br/2011/04/motores-eletricos.html>. Acesso em:
02 mar. 2017.
WEG. DT – 3: características e especificações de motores de corrente contínua e conversores
CA/CC. Jaraguá do Sul: WEG, 2013. Disponível em: <http://ecatalog.weg.net/files/
wegnet/WEG-curso-dt-3-caracteristicas-e-especificacoes-de-motores-de-corrente-
-continua-conversores-ca-cc-artigo-tecnico-portugues-br.pdf>. Acesso em: 18 fev.
2017.
28 Eletrotécnica

Leitura recomendada
WEG. Motores elétricos guia de especificação. Jaraguá do Sul: WEG, 2016. Disponível
em: <http://ecatalog.weg.net/files/wegnet/WEG-guia-de-especificacao-de-motores-
-eletricos-50032749-manual-portugues-br.pdf>. Acesso em: 18 fev. 2017.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR

Motores em corrente contínua têm princípios de funcionamento diferentes. Os motores CC


têm imã permanente e rotor bobinado com escovas e anéis coletores e requerem maior
manutenção. Motores em corrente alternada têm um estator, que é formado por bobinas
de campo, e um rotor, que pode ser do tipo gaiola de esquilo. Têm custos menores e
manutenção mais simplificada.

Os motores de corrente contínua têm indicação para velocidades constantes, variação de


velocidade e maior torque, e são mais caros. Os motores de corrente alternada têm maior
aplicação, por serem mais fáceis de ligar na alimentação de corrente alternada e têm menores
custos.

Vamos acompanhar mais detalhes no vídeo.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) Os motores elétricos CC de enrolamento de campo são:

A) Série, paralelo e de passo.

B) Shunt, composto e trifásico.

C) Série, composto e de partida.

D) Indução, paralelo e composto.

E) Série, paralelo e composto.

2) Para a variação de velocidade de motores CC é necessário:


A) Variar a resistência da carga.

B) Variar a tensão de alimentação.

C) Variar a frequência do motor.

D) Utilizar capacitores.

E) Utilização de moto-freio.

3) Para a aplicação de um motor de esteira com variação de velocidade e torque


constante, qual tipo de motor é mais recomendado?

A) Motores de indução CA.

B) Motor universal.

C) Motor rotor gaiola de esquilo.

D) Servomotor CC ou CA.

E) Motor série CA.

4) Para aplicações de um eletrodoméstico com variação de velocidade escalonada, como


em um liquidificador, qual tipo de motor é mais utilizado?

A) Servomotores.

B) Motores de indução.
C) Motores trifásicos.

D) Motor universal-série.

E) Nenhuma das alternativas.

5) Qual tipo de motor se utiliza em uma furadeira com maior torque e menor tamanho?

A) São motores CC de precisão.

B) Motores CC para elevadas rotações.

C) Motores CC de baixo custo.

D) Motores CC de velocidade única.

E) Nenhuma das alternativas.

NA PRÁTICA

Muitas vezes, no dia-a-dia, passamos trabalho desnecessariamente.


Veja como produzir o seu esmeril de baixo custo, no link do Saiba +.

SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Esmeril / Disco de Corte com a Furadeira

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Efeitos da corrente elétrica no motor de corrente contínua

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Motor de Indução - Princípio de Funcionamento

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Princípio de funcionamento dos motores elétricos CA

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Eletrônica Industrial I

APRESENTAÇÃO

Nesta unidade, estudaremos Eletrônica Industrial I: Semicondutores. Na Unidade de


Aprendizagem, examinaremos a física dos semicondutores, identificando como componentes
eletrônicos são projetados com diferentes tipos de materiais semicondutores.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar o principio de funcionamento de uma junção semicondutora.


• Diferenciar semicondutores diodo, transistor, aplicações básicas.
• Identificar em circuitos eletroeletrônicos diodos, transistores, circuitos integrados.

DESAFIO

Explore o conteúdo, pesquise. Use todas as ferramentas disponíveis para solucionar o problema.

Vamos ao experimento!

Você necessita de tensão contínua para carregar uma bateria, e possui um transformador na
tensão de 12 Volts próprio para a carga, porém, em corrente alternada. Que componente você
deve utilizar para transformar a corrente alternada em contínua pulsante para poder carregar a
bateria?

Você pode consultar na internet em circuitos básicos de carregadores de baterias com


transformador.

INFOGRÁFICO

No infográfico a seguir veremos o circuito integrado, diodos e transistores.


CONTEÚDO DO LIVRO

Os semicondutores revolucionaram o mundo! Os diodos, depois os transistores, e os modernos


circuitos integrados permitem aos circuitos eletrônicos custos acessíveis e tamanhos diminutos!

O livro Introdução à Mecatrônica e aos Sistemas de Medições, de David Alciatore e Michael


Histand, serve de base teórica para a unidade de aprendizagem.

Inicie a leitura a partir do título Física dos semicondutores como base para o entendimento dos
dispositivos eletrônicos.

Boa leitura.
DAVID G. ALCIATORE & MICHAEL B. HISTAND 4a EDIÇÃO
A352i Alciatore, David G.
Introdução à mecatrônica e aos sistemas de medições
[recurso eletrônico] / David G. Alciatore, Michael B. Histand
; tradução: Aniel Silva de Morais, Márcio José da Cunha ;
revisão técnica: Antonio Pertence Júnior. – 4. ed. – Dados
eletrônicos. – Porto Alegre : AMGH, 2014.

Capítulos 6 e 11, apêndices B e C disponíveis apenas


online.
Editado como livro impresso em 2014.
ISBN 978-85-8055-341-3

1. Mecatrônica. 2. Sistemas de medição. I. Histand,


Michael B. II. Título.

CDU 621

Catalogação na publicação: Suelen Spíndola Bilhar – CRB 10/2269


76 Introdução à mecatrônica e aos sistemas de medições

3.1 Introdução
Examinaremos alguns materiais excepcionais transformados por cientistas e en-
genheiros em invenções que afetaram todos os aspectos da vida no século XXI.
Para compreender essas invenções, precisamos entender as características físicas
de uma classe de materiais conhecidos como semicondutores, os quais são utiliza-
dos extensivamente nos circuitos eletrônicos contemporâneos. Vamos examinar a
física dos semicondutores, discutir como componentes eletrônicos são projetados
utilizando diferentes tipos de materiais semicondutores, aprender os símbolos dos
circuitos esquemáticos dos diferentes tipos de diodos e de transistores semicondu-
tores e utilizar os dispositivos no projeto de circuitos.

3.2 Física dos semicondutores como base para o


entendimento dos dispositivos eletrônicos
Os metais possuem um grande número de elétrons fracamente ligados no que é
denominado banda condutora. Quando um campo elétrico é aplicado ao metal,
os elétrons migram livremente, produzindo uma corrente através dele. Devido à
facilidade com a qual grandes correntes podem fluir nos metais, eles são chama-
dos condutores. Por outro lado, outros materiais possuem átomos com elétrons
de valência fortemente ligados e, quando um campo elétrico é aplicado, os elé-
trons não se movem facilmente. Esses materiais são denominados isoladores e
geralmente não sustentam altas correntes elétricas. Além dessas, uma outra classe
muito utilizada de materiais, que compreende elementos do grupo 4 da tabela
periódica, tem propriedades entre condutores e isoladores. Eles são denominados
semicondutores. Semicondutores como o silício e o germânio têm características
de transporte de corrente que dependem da temperatura ou da quantidade de luz
que incide sobre eles. Como ilustrado na Figura 3.1, quando a tensão é aplicada
através de um semicondutor, alguns dos elétrons de valência facilmente saltam
para a banda condutora e então se movem no campo elétrico para produzir uma
corrente, embora menor que aquela que seria produzida em um condutor.
Em um cristal semicondutor, um elétron de valência pode saltar para a ban-
da condutora, e a sua ausência na banda de valência é chamada lacuna. Um elé-
tron de valência de um átomo vizinho pode se mover para a lacuna, deixando ou-
tra lacuna no seu antigo lugar. Essa cadeia de eventos pode continuar, resultando
em uma corrente que pode ser interpretada como o movimento das lacunas em um
sentido ou de elétrons no outro. O efeito final é o mesmo. Talvez Ben Franklin
não estivesse completamente errado ao pensar que a corrente era o movimento de
cargas positivas, convenção que é utilizada hoje.
As propriedades de um cristal semicondutor puro podem ser significativa-
mente modificadas pela inserção de pequenas quantidades de elementos dos grupos
3 ou 5 da tabela periódica na estrutura do cristal semicondutor. Esses elementos,
conhecidos como dopantes, podem ser difundidos ou implantados nos semicondu-
tores. Um fino cristal de silício, frequentemente denominado de chip, pode ter um
padrão mínimo de dopantes depositados e difundidos sobre a sua superfície, resul-
tando em dispositivos que são a base de todos os eletrônicos modernos.
Capítulo 3 ♦ Semicondutores eletrônicos 77

Banda
condutora
Grande
lacuna
de energia
Banda de
Condutor valência Isolador
V
1

I
Pequena
lacuna
de energia
Semicondutor

Semicondutor com tensão aplicada


Figura 3.1 Banda de valência e de condução de materiais.

As propriedades se tornam realmente interessantes quando diferentes quan-


tidades e diferentes tipos de dopantes são adicionados aos semicondutores. Consi-
dere o que acontece se dopantes são incorporados na estrutura do cristal de silício.
O silício tem quatro elétrons na camada de valência que formam ligações quími-
cas simétricas na rede cristalina. Entretanto, se arsênio ou fósforo do grupo 5 for
adicionado à estrutura do cristal, um dos cinco elétrons da camada de valência
em cada átomo dopante permanece mais livre para se movimentar. Nesse caso,
o dopante é chamado de elemento doador porque aumenta a condutividade de
elétrons do semicondutor. O semicondutor resultante é chamado silício tipo n
devido aos elétrons disponíveis na rede cristalina serem transportadores de carga.
Inversamente, se o silício é dopado com boro ou gálio do grupo 3, formam-se
lacunas devido à falta de elétrons na rede onde o denominado átomo dopante
receptor substituiu os átomos de silício. Isso ocorre porque o átomo dopante tem
apenas três elétrons valentes. Uma lacuna pode saltar de átomo para átomo, pro-
duzindo efetivamente uma corrente positiva. O que realmente acontece é que os
elétrons se movem para ocupar as lacunas, dando a ilusão de que as lacunas estão
em movimento. O semicondutor resultante é chamado silício tipo p devido às
lacunas, que são efetivamente transportadores de cargas positivas. Em síntese, o
propósito de dopar um semicondutor como o silício é elevar e controlar o número
de transportadores de cargas no semicondutor. Em um semicondutor tipo n, os
transportadores de cargas são elétrons, e em um semicondutor tipo p, são lacunas.
Como veremos em breve, a interação entre materiais semicondutores tipo n e tipo
p é a base para a maioria dos dispositivos eletrônicos semicondutores.

3.3 Diodo de junção


Dispositivos eletrônicos contemporâneos são produzidos através da criação de
microscópicas interfaces entre diferentes áreas dopadas em um material semicon-
dutor. Se uma região tipo p do silício é criada adjacente a uma região tipo n, uma
junção pn é o resultado. O lado do tipo p do diodo é referido como ânodo, e o
78 Introdução à mecatrônica e aos sistemas de medições

lado do tipo n é denominado cátodo. Como ilustrado no topo da Figura 3.2, na


junção pn, elétrons do silício tipo n podem se difundir para ocupar as lacunas no
silício tipo p, criando o que é chamado de região de depleção. Um pequeno cam-
po elétrico é desenvolvido através dessa fina região de depleção devido à difusão
dos elétrons. Isso resulta em uma diferença de tensão ao longo da região de deple-
ção chamada de potencial de contato. Para o silício, o potencial de contato é na
ordem de 0,6-0,7 V. O lado positivo do potencial de contato está na região tipo n,
e o lado negativo está na região tipo p, devido à difusão dos elétrons. Observe que
ainda não conectamos a junção a um circuito externo.
Contudo, como mostrado no canto inferior esquerdo da Figura 3.2, se uma
fonte de tensão é conectada à junção pn com o lado positivo da fonte de tensão
conectado ao ânodo e o lado negativo conectado ao cátodo, formando um circuito
completo, o diodo é dito ser diretamente polarizado. A tensão aplicada supera o
potencial de contato e reduz a região de depleção. O ânodo de fato se torna uma
fonte de lacunas, e o cátodo se torna uma fonte de elétrons, então as lacunas e
elétrons são continuamente repostos na junção. À medida que a tensão aplicada
se aproxima do valor do potencial de contato (0,6-0,7 V para o silício), a corrente
aumenta exponencialmente. Esse efeito é quantitativamente descrito pela equa-
ção do diodo:

(3.1)

onde ID é a corrente através da junção, I0 é a corrente de saturação reversa, q é a carga


219 223
de um elétron (1,60 3 10 C), k é a constante de Boltzmann (1,381 3 10 J/K),
VD é a tensão de polarização direta sobre a junção e T é a temperatura absoluta da
junção em Kelvin.
Se, como mostrado no canto inferior direito da Figura 3.2, o ânodo for co-
nectado ao silício tipo n e o cátodo ao silício tipo p, a região de depleção será
aumentada, inibindo a difusão de elétrons e, assim, a corrente. Nesse caso, diz-se
que a junção é polarizada reversamente. Circulará uma corrente de saturação
29 215
reversa (I0), mas é extremamente pequena (na ordem de 10 a 10 A).

Potencial de contato
Ânodo Cátodo Nenhum campo interno
– – aplicado 21 –
p – n – p 21 n –
21
– – 21 –
Lacunas Elétrons Região de
Fluxo de Campo aplicado depleção
elétrons V V
1 1

– – –
p – n – p n–
– – –

Polarização direta ou condução Polarização reversa


Figura 3.2 Características da junção pn.
Capítulo 3 ♦ Semicondutores eletrônicos 79

Portanto, uma junção pn permite a passagem de corrente em apenas um sen-


tido. Ela é conhecida como diodo de silício e, algumas vezes, é referida como re-
tificador. O símbolo esquemático do diodo de silício está incluído na Figura 3.3.
A Figura 3.4 e o Vídeo 3.1 mostram exemplos de vários diodos comuns. O vídeo Vídeo demonstrativo
apresenta, ainda, um pequeno diodo de sinal, um pequeno diodo de potência e vários
3.1 Diodos
tipos de diodos emissores de luz (light-emitting diodes – LEDs). Os LEDs serão
aprofundados na Seção 3.3.3, e os displays de sete segmentos serão apresentados na
Seção 6.12.1. O diodo é análogo a uma válvula de controle de fluido, a qual permite
ao fluido fluir em um único sentido, como ilustrado na Figura 3.5. Veremos em breve
que junções pn também existem em dispositivos mais avançados, como transistores
e circuitos integrados. Como veremos a seguir, a ação liga-desliga (on-off) da junção
pn proporciona a base para todos os dispositivos digitais.

Ânodo Cátodo
p n

1 2
Símbolo
esquemático
1 2
Componente
IN314
de exemplo

Sentido da corrente
para polarização direta
I
Figura 3.3 Diodo de silício.

Diodo Diodo de Diodos emissores de luz Display LED de


de sinal potência (LEDs) 7 segmentos e 2 dígitos

Figura 3.4 Exemplos de diodos comuns.


80 Introdução à mecatrônica e aos sistemas de medições

Bola Mola

Aberto Fechado
Figura 3.5 Analogia de um diodo como uma válvula de retenção.

Região de Região de
Região de polarização I polarização
ruptura reversa direta
* Falha
20 mA
Diodo
ideal

10 mA Aproximação de
um diodo real

Diodo
real
V
2100 V 250 V 0,7 V 1 V
Diodo
real
Falha *
Figura 3.6 Curvas ideais, reais e aproximadas de um diodo.

Como descrito pela Equação 3.1, a curva característica de corrente-tensão


de um díodo semicondutor é exponencial e é mostrada graficamente no primeiro
quadrante da Figura 3.6 (a curva identificada como “diodo real”). Existe um con-
siderável aumento não linear na corrente quando a tensão de polarização direta se
aproxima de 0,7 V. Note as diferentes escalas utilizadas para os lados negativo e
positivo do eixo de tensão. Em uma primeira análise, aproximamos o comporta-
mento do diodo semicondutor utilizando o que é denominado modelo de diodo
ideal. A curva característica corrente-tensão de um diodo ideal é apresentada pe-
las linhas sólidas escuras na Figura 3.6. Esse modelo sugere que o diodo esteja
conduzindo completamente para qualquer tensão maior ou igual a 0. Já quando
é reversamente polarizado, assume-se que a corrente de saturação reversa seja
igual a 0. Em projetos de circuitos reais, uma boa primeira aproximação para o
diodo real é dada por linhas tracejadas, já que ela replica a queda de tensão de 0,6
a 0,7 V medida sobre o diodo de silício quando polarizado diretamente. Em resu-
mo, um diodo ideal tem resistência zero quando estiver diretamente polarizado,
e resistência infinita quando estiver reversamente polarizado. Para fins analíticos,
ele pode ser substituído por um curto-circuito, se estiver diretamente polarizado,
e por um circuito aberto, se for reversamente polarizado. Um diodo real requer
cerca de 0,7 V de polarização direta para permitir uma circulação significativa de
corrente. Quando um diodo real é reversamente polarizado, pode resistir a uma
tensão reversa de até um limite conhecido como tensão de ruptura, em que o
Capítulo 3 ♦ Semicondutores eletrônicos 81

diodo falhará e a corrente reversa aumentará abruptamente. Veremos na próxima


seção que existe também uma classe de diodos, denominados diodos zener, pro-
jetados para aplicações especiais que operam na região de polarização reversa.
Os diodos são úteis como retificadores, pois permitem somente a passagem
do semiciclo positivo ou do negativo de um sinal de corrente alternada. O Exem-
plo 3.1 ilustra como analisar um circuito com um único diodo ideal, denominado
retificador de meia-onda. Circuitos retificadores são utilizados no projeto de fon-
tes de alimentação, onde a tensão CA deve ser transformada em tensão CC, para
ser utilizada em componentes eletrônicos e circuitos digitais.
As especificações mais importantes para diferenciar os diodos são a corrente
contínua e a tensão máxima de polarização reversa onde ocorre a ruptura. A cor-
rente de surto instantânea e a corrente média são, geralmente, especificadas, e os
valores calculados para um circuito não devem exceder esses limites. Você também
deve se certificar de que a tensão de polarização reversa no seu circuito não exceda
a tensão de ruptura especificada. Retificadores e diodos de potência são capazes de
conduzir elevadas correntes. Eles são concebidos para serem fixados aos dissipa-
dores de calor, a fim de dissipar totalmente o calor produzido na junção. Os diodos
requerem nanossegundos para alternar entre os estados ligado e desligado. Esse
tempo de transição é rápido o suficiente para a maioria das aplicações, porém, ao
se projetar circuitos de alta velocidade, ele pode representar uma restrição.

Exemplo 3.1 Circuito retificador de meia onda considerando um diodo ideal


Dado o seguinte circuito contendo um diodo, será ilustrado como determinar a tensão
de saída Vout dada uma entrada senoidal Vin.

R
Vin
1
1
Vin Vout t
2

Uma boa abordagem para resolver esse problema é analisar separadamente a


resposta quando Vin . 0, e depois quando Vin , 0. Quando Vin for positiva, o diodo é
reversamente polarizado e, portanto, equivalente a um circuito aberto. Nenhuma cor-
rente circula através do resistor, e a saída Vout é igual a Vin. Quando Vin for negativa, o
diodo é diretamente polarizado e, portanto, equivalente a um curto-circuito. Portanto,
não existe queda de tensão sobre o diodo, e Vout é 0 V. Combinando esses dois casos, a
forma de onda resultante na saída mantém os picos positivos na onda senoidal e perde
os picos negativos (veja a figura abaixo). Como apenas o semiciclo positivo da onda
permanece, esse circuito é conhecido como retificador de meia onda. A Questão 3.6
ao final do capítulo aborda um retificador de onda completa.

Vout

t
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
DICA DO PROFESSOR

Antes existiam as válvulas termoiônicas, que consumiam mais energia e tinham tamanho maior,
exigindo tensões alternadas. O diodo semicondutor foi feito a partir de uma junção PN, com
material semicondutor (germanio, selênio, silício) com acréscimo de impurezas, que permitiam
material com excesso de elétrons (material tipo N) e falta de elétrons (material tipo P). Era um
componente passivo, não amplificava. Com a invenção do transistor, com duas junções e três
materiais (NPN ou PNP), foi possível a amplificação de sinais. O transistor consome muito
menos energia que a válvula termoiônica, trabalha com tensões contínuas de menor valor, tem
tamanho e custo muito menor. A evolução do transistor permitiu chegar em circuitos mais
complexos com integração em larga escala, surgiram no mercado os circuitos integrados, com
os preços caindo cada vez mais. Hoje temos os microprocessadores, de tamanho reduzido, que
permitem a popularização dos telefones celulares, tablets, PCs!

Vamos acompanhar mais detalhes no vídeo.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) São exemplos de componentes semicondutores:

A) Capacitores, diodos, circuitos integrados.

B) Resistores, indutores, transistores.

C) Diodos, transistores, circuitos integrados.

D) Diodos, fusíveis, transformadores.

E) Transistores, tiristores, baterias


2) 2) Os diodos são constituídos por:

A) Junção PN.

B) Junção PNP.

C) Junção NPN.

D) Dopagem.

E) LEDs.

3) O que são LEDs e qual a sua vantagem?

A) Diodos retificadores.

B) Diodos emissores de luz, apresentam menor consumo de energia.

C) Diodos Schotky.

D) Válvula Diodo.

E) Nenhuma das alternativas.

4) Por que os transistores são importantes na eletrônica?

A) São utilizados para bloqueio de sinais.

B) São componentes passivos.


C) São componentes eletrônicos que não precisam de alimentação elétrica.

D) Amplificam sinais, corrente e tensão.

E) São utilizados como filtros elétricos.

5) Dentre os componentes eletrônicos semicondutores, quais são os mais avançados,


modernos e com muitas aplicações?

A) Diodos.

B) Transistores.

C) Tiristores.

D) Capacitores.

E) Circuitos integrados.

NA PRÁTICA

Impossível viver sem os semicondutores! Fazem parte do nosso cotidiano, em muitas


aplicações. A invenção dos transistores permitiu o rádio portátil, circuitos menores e mais
baratos. A alimentação com corrente contínua permite o uso de pilhas e baterias, compactas, e
com longa vida.

Com o avanço das técnicas de miniaturização de componentes semicondutores, cada vez mais
foram colocando mais componentes em pastilhas de silício, com isto surgiam no mercado os
circuitos integrados, contendo centenas, milhares e até milhões de componentes dentro! Um
exemplo são os microprocessadores, cada vez mais potentes, rápidos e com menores custos. Os
computadores pessoais, notebooks, telefones celulares, tablets e tantos "gadjets" fazem nossa
vida mais confortável, na era da informação e do mundo na ponta dos dedos.

SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Eletrônica Industrial - Princípios Básicos - Aula 2

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Eletrônica Industrial - SCR - Automação residencial - Tiristores

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Eletrônica Industrial II

APRESENTAÇÃO

Nesta unidade, estudaremos Eletrônica Industrial II: Sensores e Atuadores. Sensores e atuadores
são importantes em automação e controle. Os sensores monitoram as variáveis, e os atuadores as
controlam.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar tipos de sensores como monitoradores de variáveis físicas.


• Diferenciar sensores dos atuadores, com suas aplicações em automação e controle.
• Apontar atuadores como elementos de controle e atuação, bem como aplicações .

DESAFIO

A partir de agora vamos propor um desafio.


Explore o conteúdo, pesquise. Use todas as ferramentas disponíveis para solucionar o problema.
Vamos ao experimento!

Você adquiriu um lindo aquário, com peixes tropicais sensíveis, que precisam de temperatura
controlada em torno de 26 graus centígrados. Pesquise no mercado qual aparelho existe e como
funciona para esta função que permita o controle de temperatura nos níveis desejados.
INFOGRÁFICO

Veja na ilustração o esquema sobre o Encoder óptico, que é um dispositivo que converte
movimento em uma sequência de pulsos digitais. Pela contagem de um único bit ou pela
decodificação de um conjunto de bits, os pulsos podem ser convertidos em medições de posição
relativa ou absoluta.
CONTEÚDO DO LIVRO

Sensores e atuadores são importantes em automação e controle.


Os sensores monitoram as variáveis, e os atuadores as controlam.
O livro Introdução à Mecatrônica e aos Sistemas de Medições, de David Alciatore e Michael
Histand, serve de base teórica para a unidade de aprendizagem.
Inicie a leitura a partir do título Sensores - Introdução.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


DICA DO PROFESSOR

Um sensor em um sistema de automação é um dispositivo que detecta a magnitude de um


parâmetro físico e o modifica para um sinal que pode ser processado pelo sistema. Também são
chamados de transdutores. Temos como exemplo sensores de temperatura, nível, vazão, força,
velocidade, posição, etc.

Um atuador é um elemento que permite controlar, atuar sobre estas variáveis de controle. Ele
modifica a variável para parâmetros desejáveis. Assim, a temperatura pode ser controlada por
uma resistência elétrica de aquecimento, o nível pode ser modificado por uma bomba de fluido,
a vazão pode ser controlada por válvulas proporcionais, a força pode ser modificada por
motores, cilindros, a velocidade por motores. Vamos acompanhar mais detalhes no vídeo.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) , 1) Sensores são elementos utilizados em automação que permitem:

A) Controlar a potência de cargas.

B) Controle de motores e atuadores.

C) Medir e analisar variáveis físico-químicas.

D) Definir tempos precisos para controle.

E) Contagem de eventos.

2) , 2) Um robot de linha de produção tem sensores e atuadores para:


A) Sensores monitoram posição, velocidade, força e atuadores permitem controlar estas
variáveis.

B) Sensores controlam a velocidade e atuadores monitoram o sistema.

C) Atuadores apenas para controle de parâmetros como posição e velocidade.

D) Sensores apenas para monitoração de variáveis.

E) Nenhuma das alternativas.

3) , 3) Para controle automático de acesso de uma porta com teclado codificado e


abertura de porta, qual seria o sensor e atuador?

A) Sensor: trava da porta. Atuador: teclado codificado.

B) Sensor: sensor de abertura de porta. Atuador: solenoide de abertura da lingueta da porta.

C) Sensor: teclado codificado. Atuador: solenoide de abertura da porta.

D) Sensor: sensor de abertura de porta. Atuador: teclado codificado.

E) Nenhuma das alternativas.

4) , 4) São exemplos de sensores:

A) Temperatura, nível, solenoide, controle de acesso.

B) Velocidade, força, motor, contatora.


C) Pressão, posição, servomotor, relé.

D) Temperatura, posição, nível, pressão.

E) Controle de acesso, servomotor, relé, solenoide.

5) , 5) Um sistema em automação necessita de:

A) Sensores, sistema de controle.

B) Atuadores e sistema de controle.

C) Sensores e atuadores.

D) Sensores e controladores de posição.

E) Sensores, atuadores e sistema de controle.

NA PRÁTICA

A automação hoje é uma realidade em todas as áreas. A eletrônica evoluiu muito,


permitindo uma significativa redução de custos em dispositivos automatizados. Um
exemplo bastante comum no dia a dia são os automóveis modernos e a eletrônica
embarcada. Todos os motores dos automóveis possuem injeção eletrônica de combustível,
que na maioria dos casos têm combustível flex, podendo ser etanol ou gasolina, e a mistura
destes.

Sensores especiais analisam o combustível e/ou a mistura dos dois combustíveis, e em função
desta análise e ainda do sensor de queima de combustível (sonda lambda), fazem um
mapeamento da injeção e adaptando o motor para o melhor aproveitamento do combustível.
Para automação de soldagem, existem no mercado robôs de solda, que têm sensores de posição,
velocidade, aceleração, e com um programa, executam uma soldagem perfeita graças a
atuadores elétricos ou hidráulicos de precisão. Uma montadora de automóveis utiliza muitos
robôs pela necessidade de precisão, rapidez e segurança. Trabalham em qualquer tipo de
ambiente, carga horária e ritmo de trabalho. Tornam os automóveis mais competitivos no
mundo de crescente automação.

SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Sensores e Atuadores

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

SENAI/SC Miniaula - Sensores

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Tipos de sensores

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Revisão de Grandezas Elétricas Básicas
II

APRESENTAÇÃO

Nesta unidade, estudaremos tensão, corrente, resistência, potência e energia elétrica, e


aprenderemos como fazer a medição dessas grandezas físicas.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Definir as grandezas corrente, tensão, resistência, potência e energia elétrica e indicar a


unidade de medida de cada uma delas.
• Identificar as partes essenciais de um circuito e estabelecer a função de cada uma delas.
• Construir procedimentos para medições de corrente, tensão, resistência e potência.

DESAFIO

Elaboramos uma atividade com estudo de caso que vai lhe guiar no caminho do conhecimento.
Cabe a você encontrar a melhor forma de resolver o desafio.

Explore o conteúdo e pesquise. Use todas as ferramentas disponíveis para solucionar o


problema.

Vivemos uma crise mundial de produção de energia elétrica. Existe o risco de "apagões", no
futuro, se a produção de energia não aumentar na proporção do aumento de consumo. O uso
racional de energia é fundamental.

No que diz respeito à iluminação, temos, no mercado, lâmpadas incandescentes que têm baixo
rendimento e grande aquecimento. Também dispomos de lâmpadas compactas fluorescentes,
que têm maior rendimento e menor consumo energético. Atualmente, temos também a lâmpada
LED, feita com diodos semicondutores de luz, com grande rendimento e menor consumo
energético.
As lâmpadas incandescentes têm baixo custo e alto consumo, além de durarem cerca de 1.000
horas. As lâmpadas fluorescentes compactas têm médio custo e consumo, e também duram
cerca de 1.000 horas. As lâmpadas LED têm maior custo inicial, menor consumo e vida útil de
20.000 horas.

INFOGRÁFICO

Veja, na ilustração, um esquema do que veremos nesta unidade - conceitos de tensão,


corrente, resistência e potência, suas correlações e como fazer as medições dessas
grandezas físicas.

Figura 1

CONTEÚDO DO LIVRO

Os conceitos de tensão, corrente, resistência e potência elétrica podem ser encontrados no


capítulo Revisão de Grandezas Elétricas Básicas II, da obra Análise de circuitos elétricos. Esse
livro serve de base teórica para essa unidade de aprendizagem.

Boa leitura!
Revisão de grandezas
elétricas básicas II
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Definir as grandezas corrente, tensão, resistência, potência e energia


elétrica e respectivas unidades de medida.
 Identificar as partes essenciais de um circuito e sua função.
 Construir procedimentos para medições de corrente, tensão, resis-
tência e potência.

Introdução
Os circuitos elétricos são geralmente compostos por elementos passivos,
como resistores, indutores e capacitores, alimentados por uma fonte in-
dependente de tensão ou de corrente. É na análise destes circuitos que
normalmente calculamos o valor da tensão, corrente ou potência elétrica.
Dessa forma, é de extrema importância conhecer as grandezas que fazem
parte do universo dos circuitos elétricos, assim como as suas unidades.
As grandezas mais utilizadas em circuitos são: corrente elétrica, tensão,
resistência, potência e energia elétrica.
Neste capítulo, você vai estudar as grandezas corrente, tensão, resis-
tência, potência e energia elétrica e vai conhecer as unidades de medida
de cada uma delas.

As grandezas e suas unidades de medida


Em geral, um circuito elétrico é baseado em um modelo composto por elemen-
tos ideais, como uma bateria ou uma lâmpada elétrica. O componente ideal
utilizado no modelo deve representar o comportamento do componente elétrico
real com um grau de precisão aceitável (NILSSON, 2009). A capacidade de
2 Revisão de grandezas elétricas básicas II

modelar sistemas elétricos reais com elementos ideais de circuitos torna a teoria
de circuitos muito útil para os engenheiros. Dessa forma, com a interconexão
de elementos ideais de circuitos, podemos analisar o comportamento de um
sistema, descrevendo a interconexão por meio de equações matemáticas. Para
que as equações matemáticas sejam úteis, devemos escrevê-las em termos de
grandezas mensuráveis. Tratando-se de circuitos, essas grandezas são tensão
e corrente. Basicamente, o estudo da análise de circuitos envolve compreender
o comportamento de cada elemento ideal de circuito em termos de sua tensão
e de sua corrente.
As grandezas mais utilizadas em circuitos elétricos, juntamente com suas
unidades e seus símbolos, são apresentadas no Quadro 1.

Quadro 1. Grandezas mais utilizadas em circuitos elétricos

Grandezas Unidade básica Símbolo

Corrente ampère A

Tensão volt V

Resistência ohm Ω

Potência watt W

Energia ou trabalho joule J

Sistema internacional de unidades (SI)


Engenheiros do mundo inteiro trabalham em conjunto em projetos e só podem
colaborar e divulgar os seus resultados de forma adequada empregando as mesmas
unidades de medida. Chamado de sistema internacional de unidades (SI), ele
conta com sete unidades básicas, e todas as outras unidades são derivadas destas.
Quatro dessas unidades básicas — metro (comprimento), quilograma (massa),
segundo (tempo) e coulomb (carga) — são importantes para a teoria de circuitos
elétricos. As outras três unidades básicas são o mol (quantidade de substância),
o grau Kelvin (temperatura termodinâmica) e a candela (intensidade luminosa),
importantes para as áreas de química, física dos dispositivos eletrônicos, enge-
nharia de iluminação, entre outras.
Revisão de grandezas elétricas básicas II 3

Na maioria dos resultados, a unidade do SI é muito pequena ou muito grande para ser
utilizada de forma conveniente. Dessa forma, prefixos baseados na potência de 10 são
aplicados para a obtenção de unidades maiores e menores em relação às unidades
básicas, como mostra a tabela abaixo.

Quadro 2. Prefixos SI

Multiplicadores Prefixo Símbolo


1012 tera T
109 giga G
106 mega M
103 quilo k
102 hecto h
10 deca da
10 -1 deci d
10 -2 centi c
10 -3 mili m
10 -6 micro µ
10 -9 nano N
10 -12 pico p

Fonte: Adaptado de Sadiku, Alexander e Musa (2014).

Todos esses prefixos estão corretos, mas os engenheiros costumam utilizar com mais
frequência os prefixos que representam potências divisíveis por 3. Já os prefixos centi,
deci, deca e hecto são raramente utilizados. Por exemplo, a maioria dos engenheiros
descreveria 10 –5 s ou 0,00001 s como 10 µs, em vez de 0,01 ms ou 10.000.000 ps.

Corrente
Ao utilizar um circuito elétrico, cargas são transferidas entre partes diferentes
de um circuito; pelo princípio da conservação da carga, não podemos criar ou
4 Revisão de grandezas elétricas básicas II

destruir elétrons (ou prótons) quando utilizamos um circuito. Por definição,


de acordo com Sadiku (2014), a corrente elétrica é a variação no tempo da
quantidade de carga medida em ampères (A). A corrente (i), a carga (q) e o
tempo estão relacionadas matematicamente, assim:

(1)

Onde:
i = corrente elétrica em ampère (A)
q = carga em coulombs (C)
t = tempo em segundos (s)
A corrente é considerada uma grandeza contínua, mesmo sendo composta
por inúmeros elétrons discretos em movimento. A Figura 1 ilustra a definição
de uma corrente fluindo através de um fio. Um ampère corresponde a 1 cou-
lomb de carga atravessando uma seção transversal arbitrariamente escolhida
em um intervalo de 1 segundo.

Seção transversal

Direção
do movimento
das cargas
Cargas individuais

Figura 1. Corrente fluindo através de um fio.


Fonte: Hayt Jr., Kemmerly e Durbin (2014, p. 11).

Tensão
As cargas em um condutor, ou elétrons livres, podem mover-se aleatoriamente.
Entretanto, se quisermos um movimento orientado de cargas, denominado
corrente elétrica, devemos aplicar uma diferença de potencial (ddp), ou tensão,
nos terminais desse condutor. Portanto, um trabalho é realizado sobre as
cargas. A tensão sobre um elemento é definida como um trabalho (em joule)
realizado para mover uma unidade de carga (1 C) através do elemento, de um
Revisão de grandezas elétricas básicas II 5

terminal ao outro. A unidade de tensão, ou diferença de potencial, é o volt


(V). Expressamos essa razão em forma diferencial como:

(2)

Onde:
v = tensão em volts (V)
w = energia em joules (J)
q = carga em coulombs (C)

Quando um fio condutor é conectado a uma bateria, as cargas negativas (elétrons) são
induzidas a se deslocarem para o polo positivo da bateria (Figura 2). Não são as cargas
positivas (os prótons) que se deslocam, como imaginavam antigamente na teoria dos
circuitos. Tal convenção havia sido estabelecida por Benjamin Franklin (1706-1790), que
acreditava que a corrente elétrica (fluxo de cargas positivas) trafegava do polo positivo
para o negativo, definido como o sentido real da corrente. O nosso conceito de corrente
será o da corrente convencional, ou seja, a corrente elétrica (o deslocamento de cargas
negativas, os elétrons) do polo positivo da bateria para o polo negativo da bateria.

I – –
– –

+ −
Bateria
Figura 2. Corrente elétrica devido ao fluxo de cargas elétricas em um condutor.
Fonte: Sadiku, Alexander e Musa (2014, p. 9).

Resistência
O elemento mais simples e utilizado em circuitos chama-se resistor. Um con-
dutor elétrico apresenta propriedades que são características de um resistor, ou
seja, quando uma corrente flui por ele, os elétrons colidem com os átomos no
condutor; isso impede ou cria resistência ao movimento dos elétrons. Quanto
maior o número de colisões, maior será a resistência do condutor. Basicamente,
6 Revisão de grandezas elétricas básicas II

um resistor pode ser considerado como sendo qualquer dispositivo que apre-
senta resistência. Por sua vez, resistência é, por definição, a habilidade do
elemento em resistir ao fluxo de corrente elétrica; ela é medida em ohms (Ω).
A resistência R para qualquer material com área uniforme de seção trans-
versal A e comprimento l é diretamente proporcional ao comprimento e in-
versamente proporcional à área da seção transversal. Na forma matemática,

(3)

Onde:
ρ = resistividade do material (Ω-m)
l = comprimento (m)
A = área (m2)
A Figura 3 apresenta um condutor com seção transversal uniforme, com
área A, comprimento l e resistividade ρ do material.

Material com
resistividade ρ
Área da seção
transversal A

Figura 3. Um condutor com seção transversal uniforme.


Fonte: Sadiku, Alexander e Musa (2014, p. 22).

Potência e energia elétrica


Os cálculos de potência e energia também são importantes na análise de
circuitos, porque muitas vezes o resultado útil do sistema não é expresso em
termos de tensão e corrente, mas em termos de potência ou energia.
Encontrar a potência e a energia em análise de circuitos é tão importante
quanto conhecer a tensão e a corrente. Especialmente, quando desejamos
calcular o consumo de energia elétrica em determinado período de tempo
Revisão de grandezas elétricas básicas II 7

em nossa residência. Nesse caso, utilizar as variáveis tensão e corrente não


é suficiente.
Segundo Sadiku (2014), energia é a habilidade de fazer trabalho. O termo
potência fornece uma indicação da quantidade de trabalho que pode ser re-
alizado em um determinado período de tempo, assegura Boylestad (2012).
Matematicamente, a potência é determinada assim:

(4)

Onde:
p = potência em watts (W)
w = energia em joules (J)
t = tempo em segundos (s)
Dessa forma, 1 W é equivalente a 1 J/s.
A potência associada ao fluxo de carga decorre diretamente da definição
de tensão e corrente nas Equações 1 e 2, ou

(5)
Podemos, portanto, expressar a fórmula da potência em termos de tensão
(v) e corrente (i), ou seja,

(6)
Onde:
p = potência em watts (W)
v = tensão em volts (V)
i = corrente em ampère (A)
8 Revisão de grandezas elétricas básicas II

O sentido da corrente e a polaridade da tensão desempenham um papel fundamental


na determinação do sinal da potência. Se uma corrente positiva entra no terminal
positivo, então uma força externa deve estar excitando a corrente e, logo, fornecendo
energia ao elemento. Nesse caso, o elemento está absorvendo energia. Se uma cor-
rente positiva sai pelo terminal positivo (entra pelo negativo), então o elemento está
entregando energia ao circuito externo, conforme mostra a Figura 4.

Figura 4. Polaridades referenciais para potência usando a conversão do sinal passivo:


(a) absorção de potência; (b) fornecimento de potência.
Fonte: Sadiku, Alexander e Musa (2014, p. 10).

Partes essenciais de um circuito


Na engenharia elétrica, estamos interessados na comunicação ou na transmissão
de energia de um ponto a outro e, para isso, é necessária uma interconexão de
dispositivos elétricos. Essa interconexão é conhecida como circuito elétrico e
cada componente do circuito é chamado elemento. Há dois tipos de elementos
encontrados em circuitos elétricos: elementos passivos e elementos ativos. Um
elemento ativo é capaz de gerar energia; já o elemento passivo não é capaz.
Os típicos elementos ativos são as baterias, os geradores e os amplificadores
operacionais. Como elementos passivos, podemos citar os resistores, os ca-
pacitores e os indutores.
Os circuitos elétricos estão presentes em dispositivos e máquinas elétricas
que são alimentados por corrente elétrica. A corrente flui no circuito enquanto
ele estiver fechado; caso contrário, se aberto, a corrente não flui pelo circuito,
como ilustrado na Figura 5. As partes essenciais de um circuito elétrico são:
Revisão de grandezas elétricas básicas II 9

fonte de alimentação, condutores, cargas, dispositivos de controle e dispositivos


de proteção (PETRUZELLA, 2014).

Circuito fechado

Fluxo de
Dispositivo de controle corrente
(interruptor) elétrica

Fonte de Dispositivo
alimentação ou carga
Condutor
(bateria) (lâmpada)
(fio)
Dispositivo de proteção
(fusível)
Circuito esquemático
Sem
fluxo de
corrente

Circuito aberto

Figura 5. Componentes básicos de um circuito elétrico.


Fonte: Petruzella (2014, p. 100).

Fonte de alimentação
Uma fonte de alimentação produz energia elétrica a partir da energia quí-
mica, mecânica, magnética ou outra fonte (PETRUZELLA, 2014). Para um
leigo, a fonte de alimentação CC (corrente contínua) mais comum é a bateria
[Boylestad, 2012]. Basicamente, ela apresenta em seus terminais uma tensão
CC ou ddp (diferença de potencial) para alimentar um circuito elétrico ou
componentes eletrônicos.

Condutores
Segundo Petruzella (2014), a função dos condutores é oferecer o percurso de
baixa resistência da fonte de alimentação para a carga. Condutor é a denomina-
ção geralmente atribuída, segundo Boylestad (2012), ao material que permite
a passagem de um fluxo intenso de elétrons com a aplicação de uma tensão
relativamente pequena. O cobre é o condutor mais utilizado, principalmente
na distribuição de energia elétrica.
10 Revisão de grandezas elétricas básicas II

Carga
A carga, define Petruzella (2014), é um dispositivo que utiliza a energia elétrica
ou transforma essa energia em outras formas de energia. Por exemplo, uma
lâmpada converte a energia elétrica da fonte em energia luminosa e térmica
(calor); já um motor elétrico converte a energia elétrica em energia mecânica.
Caso o circuito não tenha algum tipo de carga para limitar o fluxo de corrente,
torna-se um curto-circuito.

Dispositivos de controle
Uma forma de controlar o fluxo de corrente de um circuito é utilizar disposi-
tivos de controle para ligar e desligar os circuitos, ensina Petruzelaa (2014).
Um exemplo de dispositivo de controle comum é o interruptor. Um circuito
está fechado ou ativo quando o interruptor está na posição “ligado” (on, em
inglês) e está aberto ou interrompido quando o interruptor está na posição
“desligado” (off, em inglês).

Dispositivos de proteção
Quando o fluxo de corrente excede o valor permitido, um dispositivo de
proteção pode entrar em ação. Os fusíveis e os disjuntores são exemplos de dis-
positivos de proteção. Correntes elevadas podem causar danos aos condutores
e às cargas conectadas aos circuitos. No caso de níveis de correntes intensas
em níveis perigosos, o fusível derrete e abre o circuito automaticamente.

Medição de corrente, tensão, resistência e


potência
Atualmente encontramos os instrumentos de medida voltímetro, amperí-
metro e ohmímetro reunidos em um único instrumento de medida chamado
multímetro. O multímetro se tornou um instrumento prático e econômico, se
comparado à obtenção e ao transporte dos três medidores ao mesmo tempo
(PETRUZELLA, 2014).
O multímetro mais utilizado pelos eletricistas é o digital, ilustrado na
Figura 6. A leitura digital é a principal saída do medidor, indicando o valor
numérico da medição, facilitando a visualização e evitando erros de leitura
pelo usuário. Ele apresenta seletores de função, faixa e conectores de entrada
Revisão de grandezas elétricas básicas II 11

para receber as pontas de prova, da mesma forma que os multímetros analó-


gicos. Os multímetros digitais precisam apenas de baterias para alimentar os
circuitos eletrônicos internos, para auxiliar nas medições de tensão, corrente
e resistência.

Voltímetro

Amperímetro

Ohmímetro

Figura 6. Multímetro digital.


Fonte: Petruzella (2014, p. 152).

Medição de tensão
O voltímetro é um instrumento destinado a medir a tensão (diferença de
potencial) em um circuito elétrico. A diferença de potencial entre dois pontos
de um circuito é medida ligando as pontas de prova do voltímetro aos dois
pontos em paralelo [Boylestad, 2012]. O instrumento é utilizado para medir
tanto a tensão CA como a tensão CC por meio dos terminais de um circuito
ou de uma bateria. Antes, deve-se verificar se o circuito é alimentado com
tensão CA ou CC. A Figura 7 ilustra a ligação.
12 Revisão de grandezas elétricas básicas II

VCA

Selecione
tensão CA
na chave
seletora
de funções

Plugue as pontas de prova nos conectores de entrada:


Comum (COM) e Tensão (V)

Figura 7. Verificando a tensão CA de uma tomada comum.


Fonte: Petruzella (2014, p. 156).

Medição de corrente
O amperímetro é destinado a medir correntes fluindo em um circuito elétrico
(PETRUZELLA, 2014). Sempre é ligado em série com o elemento do circuito
cuja corrente se deseja medir; isso significa que um condutor deverá ser “aberto”
no ponto de inserção do instrumento. A Figura 8 ilustra um multímetro com
miliamperímetro CC para medição de corrente.
Revisão de grandezas elétricas básicas II 13

Seleciona
– Bateria +
corrente CC
na chave
seletora de
funções

Ligue as pontas de prova em Comum (COM)


e no conector de 300 mA

Figura 8. Miliamperímetro conectado para medir corrente.


Fonte: Petruzella (2014, p. 161).

Medição de resistência
O ohmímetro é um instrumento de medida utilizado para realizar geralmente
as seguintes tarefas: (1) medir resistência de um elemento individual ou a com-
binação destas; (2) detectar circuitos abertos, no caso de resistência elevada,
e curto-circuito, no caso de resistência baixa; (3) verificar se há continuidade
nas conexões de um circuito e identificar fios em um cabo com múltiplas vias;
(4) testar alguns dispositivos eletrônicos por exemplo, os semicondutores
(BOYLESTAD, 2012). O seu funcionamento é simples: no instrumento circula
uma corrente que passa por uma resistência desconhecida; essa resistência é
determinada pela medição do valor da corrente resultante (PETRUZELLA,
2014).
14 Revisão de grandezas elétricas básicas II

Para realizar uma medição de resistência fora do circuito com o ohmímetro


(Figura 9a), primeiramente conecte os terminais do medidor por meio do
componente e ajuste-o para medir na faixa adequada. Para medir a resistência
de um componente dentro de um circuito (Figura 9b), atenção aos seguintes
cuidados (PETRUZELLA, 2014):

 desligue a fonte de alimentação do circuito; e


 desconecte um dos terminais do componente para garantir a medição
do mesmo isoladamente.

O ohmímetro serve também para realizar testes de continuidade, para


verificar se há continuidade em um caminho elétrico de baixa resistência de
uma conexão a outra extremidade.

Abra para
desconectar
a alimentação
Desconecte para
abrir os caminhos
paralelos
OFF


Selecione a faixa Bateria
de resistência

Conecte as pontas
Motor
de prova nos terminais
Comum e de Resistência
A. Medição fora do circuito B. Medição dentro do circuito

Figura 9. Medição de resistência.


Fonte: Petruzella (2014, p. 169).

Medição de potência elétrica


O instrumento de medida utilizado para medir a potência elétrica é o wattíme-
tro. Ele é composto pelos instrumentos de medida voltímetro e amperímetro
com quatro terminais de conexão: duas conexões para o voltímetro e duas para
o amperímetro. O seu funcionamento básico é medir a tensão e corrente simul-
taneamente e apresenta o resultado da potência resultante (PETRUZELLA,
2014). A Figura 10 exibe um wattímetro conectado a um circuito elétrico,
Revisão de grandezas elétricas básicas II 15

observe que a conexão V (voltímetro) é conectada da mesma maneira que


um voltímetro, ou seja, em paralelo com o elemento (ou carga). E a conexão
A (amperímetro) é também conectada da mesma forma que no amperímetro,
ou seja, em série com elemento do circuito .

Figura 10. Conexão de um wattímetro no circuito elétrico.


Fonte: Petruzella (2014, p. 345).

HAYT JR., W. H.; KEMMERLY, J. E.; DURBIN, S. M. Análise de circuitos em engenharia. 8.


ed. Porto Alegre: Bookman, 2014.
BOYLESTAD, R. L. Introdução a análise de circuitos. 12. ed. São Paulo: Pearson, 2012.
NILSSON, J. W.; RIEDEL, S. A. Circuitos elétricos. 8. ed. São Paulo: Pearson, 2009. PETRU-
ZELLA, F. D. Eletrotécnica. Porto Alegre: Bookman, 2014. (Série Tekne).
SADIKU, M. N. D.; ALEXANDER, C. K.; MUSA, S. Análise de circuitos elétricos com aplicações
Porto Alegre: Bookman, 2014.

Leituras recomendadas
JOHNSON, D. E.; HILBURN, J. L.; JOHNSON, J. R. Fundamentos de análise de circuitos
elétricos. Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil, 1994.
NAHVI, M.; ADMINISTER, J. A. Circuitos elétricos. 5. ed. Porto Alegre: Bookmann, 2014.
(Coleção Schaum).
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR

A corrente elétrica necessita de uma diferença de potencial (tensão) para ocorrer.

A resistência da passagem da corrente elétrica é o que vai definir a própria corrente elétrica.
Quanto maior a resistência, menor a corrente.

A potência elétrica é o produto da tensão pela corrente. Vamos acompanhar mais detalhes no
vídeo.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) A força que causa o fluxo de elétrons através de um condutor é?

A) Potência

B) Tensão

C) Corrente

D) Resistência

E) Impedância

2) O amperímetro é conectado _________ para medir o fluxo da corrente:

A) Sobre a fonte de tensão

B) Em paralelo
C) Entre o ponto e o terra

D) Em série

E) Sobre o componente

3) Para que exista uma corrente elétrica em um condutor é necessário que:

A) Exista potência elétrica

B) Exista uma diferença de potencial (tensão)

C) Exista resistência elétrica

D) Exista reatância elétrica

E) A corrente elétrica não circula em condutores

4) Resistência é a oposição à:

A) Corrente

B) Tensão

C) Potência

D) Polaridade

E) Resistividade
5) A potência é o produto da:

A) Resistência e tensão

B) Tensão e impedância

C) Energia e corrente

D) Corrente e tensão

E) Energia e tensão

NA PRÁTICA

Os conhecimentos básicos de eletrotécnica - corrente, tensão, resistência e potência - em muito


auxiliam o profissional no dia a dia.

Por exemplo, para quem gosta de chimarrão e viaja de carro, uma alternativa para o
aquecimento de água na garrafa térmica é o uso de um aquecedor tipo "rabo quente" em
12 volts. Esses aquecedores existem no mercado, mas o preço é superior ao dos
aquecedores de corrente alternada.
Figura 2

Visto que o fabricante do veículo define a potência máxima da tomada de tensão contínua
disponível ( em torno de 150 Watts máximos) e sabendo que a tensão do veículo é 12 volts, é
possível definir uma resistência - que facilmente pode ser feita com fio de níquel cromo e que
pode ser aproveitada de chuveiro elétrico - praticamente sem custo. Um pedaço de fio que
suporte a corrente (em torno de 12,5 ampéres), uma tomada para ligar no carro (em torno de R$
5,00), e temos um aquecedor, que pode ser feito por um preço seis vezes menor que o do
mercado!

Quem tem o conhecimento, economiza!

SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Tensão, Corrente e Resistência - Circuitos Elétricos


Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Conceitos de Tensão, Corrente e Resistência Elétrica

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Revisão de Grandezas Elétricas Básicas
III

APRESENTAÇÃO

Nesta unidade estudaremos tensão, corrente, resistência, potência e energia elétrica. Além disso,
aprenderemos como medir essas grandezas físicas.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Definir as grandezas corrente, tensão, resistência, potência e energia elétrica e indicar a


unidade de medida de cada uma delas.
• Identificar as partes essenciais de um circuito e estabelecer a função de cada uma delas.
• Fazer medições de corrente, tensão, resistência e potência.

DESAFIO

A partir de agora, vamos propor um desafio.

Elaboramos uma atividade com estudo de caso que vai lhe guiar no caminho do conhecimento,
cabe a você encontrar a melhor forma de resolver o desafio.

Explore o conteúdo e pesquise. Use todas as ferramentas disponíveis para solucionar o


problema.

Considerando esses fatores, você deve fazer o projeto de iluminação de uma residência
com dois dormitórios, banheiro, sala conjugada com a cozinha, para quatro pessoas,
levando em consideração os três tipos de lâmpadas, aspectos econômicos e ambientais,
investimento inicial, retorno do investimento e sustentabilidade.

Pesquise custos, consumo energético e eficiência de iluminação.


INFOGRÁFICO

Veja, na ilustração, um esquema do que veremos nesta unidade - conceitos de tensão, corrente,
resistência e potência, suas correlações e como medir essas grandezas físicas.

CONTEÚDO DO LIVRO

O deslocamento dos elétrons é a corrente elétrica (eletricidade dinâmica). Tensão é uma


diferença de potencial (ddp) ou força eletromotriz. Resistência é a oposição à passagem da
corrente elétrica. Potência é o produto da tensão pela corrente.

O livro Eletrotécnica I, de Frank D. Petruzella, da Série Tekne, serve de base teórica para essa
unidade de aprendizagem. Inicie a leitura a partir do título Unidades Elétricas Básicas.

Boa leitura.
O autor
Frank D. Petruzella tem uma extensa prática no campo de eletrotécnica, bem como muitos anos de experiência
de ensino e de publicação de livros na área. Antes de se dedicar exclusivamente ao ensino, ele atuou como aprendiz
e eletricista de instalação e manutenção. Mestre em Ciências pela Niagara University e Bacharel em Ciências pela
State University of New York College-Buffalo, tem formação também em Eletrotécnica e Eletrônica pelo Erie County
Technical Institute.

P498e Petruzella, Frank D.


Eletrotécnica I [recurso eletrônico] / Frank D. Petruzella ;
tradução: Rafael Silva Alípio ; revisão técnica: Antonio
Pertence Júnior. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre :
AMGH, 2014.

Editado também como livro impresso em 2014.


ISBN 978-85-8055-287-4

1. Engenharia elétrica. 2. Eletrotécnica. I. Título.

CDU 621

Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052


Carga elétrica
Como observado no Capítulo 4, há uma pequena carga negativa em cada elétron. Para fins
práticos, os cientistas decidiram combinar várias dessas cargas de modo que eles fossem ca-
pazes de medi-las. A unidade prática de carga elétrica é o coulomb. Um coulomb de carga é o
18
total de carga em 6,25 × 10 elétrons. Essa é uma unidade importante usada para descrever
ou definir outras unidades da eletricidade.

Corrente
A taxa de fluxo de elétrons através de um condutor é chamada corrente e a letra I (que significa
intensidade) é o símbolo usado para representá-la. A corrente é medida em ampères (A). O
termo ampère se refere ao número de elétrons passando por um dado ponto em um segundo.
Se pudéssemos contar os elétrons individuais, descobriríamos que aproximadamente 6,25 ×
18
10 (6.250.000.000.000.000.000) elétrons passam por um dado ponto no circuito durante 1
segundo para um fluxo de corrente de 1 ampère (Figura 5-1). O fluxo de corrente elétrica pode
ser comparado ao fluxo de água em uma tubulação. Enquanto a corrente elétrica é dada em
elétrons por segundo, em um sistema de fluxo de água o fluxo é dado em litros por minuto ou
litros por segundo.
Quando os elétrons começam a fluir, o efeito é sentido instantaneamente ao longo de todo
o condutor, de modo semelhante à força que é transmitida através de uma fileira de bolas de
bilhar (Figura 5-2). A corrente elétrica é, na realidade, o impulso de energia elétrica que um

= Um ampère

Elétrons

Ponto de
medição
Eletrotécnica I

Figura 5-1 Fluxo de corrente em um condutor.


Figura 5-2 Transmissão de um impulso.

elétron transmite para outro à medida que ele muda de órbita. O primeiro elétron repele o
outro para fora da órbita, transmitindo sua energia para ele. O segundo elétron repete a ação
e esse processo continua através do condutor.
Embora os elétrons individuais não se desloquem mais do que alguns centímetros por segun-
do, a corrente efetivamente viaja através do condutor com uma velocidade próxima à da luz
(300.000 quilômetros por segundo). Como os átomos estão próximos e as órbitas praticamen-
te se sobrepõem, o elétron libertado não tem de viajar muito para encontrar uma nova órbita.
Essa ação é quase instantânea de modo que, mesmo que os elétrons se movam de forma rela-
tivamente lenta, a corrente elétrica viaja na velocidade da luz.
Um ampère é igual a um coulomb de carga passando por um dado ponto em um segundo. Um
instrumento chamado amperímetro é usado para medir o fluxo de corrente em um circuito
(Figura 5-3). O amperímetro é inserido no caminho do fluxo de corrente, ou em série, para
medir a corrente. Isso significa que o circuito deve ser aberto e os terminais do medidor
colocados entre os dois pontos abertos. Embora o amperímetro meça o fluxo de elétrons
em coulombs por segundo, ele é calibrado ou marcado em ampères. Para a maior parte das
aplicações práticas, o termo ampère é usado em vez de coulombs por segundo quando nos

Amperímetro analógico

Amperímetro Amperímetro digital

2 A
Unidades elétricas básicas

Circuito esquemático

Unidades para Unidades para


Corrente Unidade
quantidades quantidades
base
muito pequenas muito grandes
Símbolo A µA mA kA MA

Pronunciado como Ampère Microampère Miliampère Quiloampère Megampère


capítulo 5

Multiplicador 1 0,000001 0,001 1.000 1.000.000

Figura 5-3 Medição de corrente.


referimos ao valor do fluxo de corrente elétrica. Observe o uso dos prefixos micro e mili para
representar quantidades muito pequenas de corrente e quilo e mega para representar quan-
tidades muito grandes.

Tensão
Tensão (V, fem ou E) é uma pressão elétrica, uma força potencial ou uma diferença em cargas
elétricas entre dois pontos. A tensão, ou diferença de potencial entre dois pontos, impulsiona
a corrente através de um fio de maneira similar à diferença de pressão que empurra a água em
uma tubulação. O nível ou o valor de tensão é proporcional à diferença na energia potencial
elétrica entre dois pontos. A tensão é medida em volts (V). Uma tensão de um volt é necessária
para forçar um ampère de corrente através de um ohm de resistência (Figura 5-4). A letra E,
que representa fem* (força eletromotriz), ou a letra V, que representa volt, são comumente
usadas para representar tensão em fórmulas algébricas.
Uma tensão, ou uma diferença de potencial, existe entre quaisquer duas cargas que não são
exatamente iguais uma à outra. Mesmo um corpo descarregado tem uma diferença de poten-
cial com relação a um corpo carregado; essa diferença de potencial é positiva com relação a
uma carga negativa e negativa com relação a uma carga positiva. Também existe uma tensão
entre duas cargas positivas desiguais ou entre duas cargas negativas desiguais. Portanto, a
tensão é puramente relativa e não é usada para expressar a quantidade real de carga, mas sim,
para comparar uma carga com outra e indicar a força eletromotriz entre as duas cargas sendo
comparadas.

Diferença de potencial
entre duas cargas
elétricas em
dois pontos
1 Volt

1 ampère de
fluxo de corrente

1 ohm de
resistência
Eletrotécnica I

Figura 5-4 Tensão – diferença de potencial entre duas cargas elétricas em dois pontos.

* N. de T.: A letra E advém da primeira letra da sigla em inglês para fem, que é emf (Electromotive Force).
Um voltímetro é usado para medir a tensão ou a diferença de energia potencial de uma carga
ou fonte. Uma tensão existe entre dois pontos e não flui através de um circuito como a corren-
te. Como resultado, um voltímetro é conectado em paralelo com os dois pontos. Quantidades
muito pequenas de tensão são medidas em milivolts e microvolts, enquanto altas tensões são
expressas em quilovolts e megavolts (Figura 5-5).

Chave fechada
Voltímetro no 1
1,5 V

Bateria

Bateria
Chave
Voltímetro no 1
1,5 V (mostra a queda de
tensão na lâmpada)
Voltímetro no 2
Circuito esquemático Voltímetro no 2
(lê a tensão
aplicada)

Unidades para Unidades para


Tensão Unidade quantidades quantidades
base
muito pequenas muito grandes
Símbolo V mV µV kV MV

Pronunciado como Volt Milivolt Microvolt Quilovolt Megavolt

Multiplicador 1 0,001 0,000001 1.000 1.000.000

Figura 5-5 Medição de tensão.


Unidades elétricas básicas

Resistência
Resistência (R) é a oposição ao fluxo de elétrons (corrente). Ela é como um atrito elétrico que
dificulta o fluxo de corrente. A resistência é medida em ohms. O símbolo grego Ω (ômega) é
geralmente utilizado para representar ohms.
A resistência se deve, em parte, a cada átomo resistindo à remoção de um elétron pela sua atra-
ção para o núcleo positivo. As colisões de incontáveis elétrons e átomos, à medida que os elétrons
se movem através do condutor, também criam uma resistência adicional. A resistência criada pro-
voca um aquecimento do condutor quando uma corrente flui por ele; é por isso que um fio torna-
-se quente quando uma corrente circula por ele. Quanto maior a resistência, maior é a oposição
capítulo 5

ao fluxo de corrente. Os elementos de aquecimento de um fogão elétrico tornam-se quentes e o


filamento de uma lâmpada incandescente torna-se extremamente quente porque eles têm uma
resistência muito maior do que os condutores que conduziram a corrente para eles.
Cada componente elétrico tem resistência e essa resistência transforma energia elétrica em
outra forma de energia – calor, luz ou movimento.
Um medidor especial chamado ohmímetro consegue medir a resistência de um dispositivo
em ohms quando não há corrente fluindo (Figura 5-6). Um multímetro padrão contém um oh-
mímetro que opera por uma bateria localizada dentro do instrumento. Por essa razão, ohmíme-
tros nunca devem ser conectados a circuitos energizados! A facilidade com que uma corrente elé-
trica flui através de um material depende da existência (ou não) de um número relativamente
grande de elétrons livres. Um material com poucos elétrons livres apresenta uma resistência ou
oposição significativa à circulação de corrente elétrica.

Ohms

Multímetro (usado como ohmímetro)

R3 R2 R1
Circuito esquemático

R3 R2 R1

Unidades para Unidades para


Resistência Unidade quantidades quantidades
base muito pequenas muito grandes
Símbolo Ω µΩ mΩ kΩ MΩ

Pronunciado como Ohm Microhm Miliohm Quilo-ohm Megaohm

Multiplicador 1 0,000001 0,001 1.000 1.000.000

Figura 5-6 Medição de resistência.

Questões de revisão
1. Qual é a unidade prática de carga elétrica?
Eletrotécnica I

2. Dê uma definição para corrente elétrica.


3. Indique a unidade básica usada para medir a corrente elétrica.
4. Descreva como um amperímetro é conectado em um circuito para medir a corrente.
5. O que é tensão?
6. Indique a unidade básica usada para medir tensão.
7. Como um voltímetro é conectado para medir a tensão de operação de uma lâmpada?
8. Dê uma definição para resistência elétrica.
9. Indique a unidade básica usada para medir a resistência.
10. Quando se utiliza um ohmímetro para medir a resistência, qual precaução deve ser observada?

Potência
Potência elétrica (P) refere-se à quantidade de energia elétrica que é convertida em outra for-
ma de energia em um dado intervalo de tempo. Potência é o trabalho realizado por um circui-
to elétrico e é medida em watts (W). A potência em um circuito elétrico é igual a:

Potência = Tensão × Corrente


Watts = Volts × Ampères
P = EI
onde: P é a potência em watts
E é a tensão em volts
I é a corrente em ampères
Ferros elétricos, torradeiras e rádios são exemplos de dispositivos elétricos especificados
em watts [Figura 5-7(a)]. Nem sempre o dispositivo elétrico é especificado simplesmente
em termos de watts. As especificações podem ser dadas em termos de tensão e corrente
ou tensão e potência. Quando a especificação é dada em watts e volts, a corrente nominal
pode ser calculada dividindo-se a potência nominal pela tensão nominal (veja fórmula an-
terior).
Em circuitos CC, e em circuitos CA com cargas resistivas, a potência pode ser determinada
com o auxílio de um voltímetro e um amperímetro, sendo igual ao produto entre a tensão
e a corrente medidas [Figura 5-7(b)]. A potência elétrica também pode ser medida por um
instrumento chamado wattímetro [Figura 5-7(c)]. O wattímetro (contendo quatro terminais) é
Unidades elétricas básicas

basicamente um voltímetro e um amperímetro combinados. Os terminais do amperímetro são


conectados em série e os terminais do voltímetro são conectados em paralelo com o circuito
no qual a potência está sendo medida.
A potência nominal de uma lâmpada indica a taxa na qual o dispositivo pode converter ener-
gia elétrica em luz. Quanto mais rapidamente a lâmpada converter energia elétrica em luz,
maior será o seu brilho. Por exemplo, uma lâmpada de 100 W emitirá mais luz do que uma
lâmpada de 40 W (Figura 5-8). De modo similar, ferros de solda elétricos são produzidos com
vários valores nominais de potência. Os ferros de potência mais elevada transformam energia
elétrica em calor mais rapidamente e, portanto, operam em temperaturas mais altas do que
aqueles de potência mais baixa.
capítulo 5
DICA DO PROFESSOR

Veremos, no vídeo, fundamentos de tensão, corrente, resistência, potência e energia elétrica e


veremos como medir essas grandezas físicas.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) , 1) Imagine um aparelho eletrodoméstico com tensão de 127 VCA com corrente de


10 Ampéres. Qual sua potência nominal em Watts?

A) 1000 Watts

B) 1100 Watts

C) 1270 Watts

D) 1400 Watts

E) 2000 Watts

2) , 2) Um chuveiro elétrico, com potência de 5000 Watts, se ligado meia hora por dia,
30 dias por mês, em um mês consumirá quantos KWh?

A) 100 KW

B) 150 KW

C) 50 KW
D) 75 KW

E) 50 KW

3) , 3) A corrente elétrica é diretamente proporcional à ___________ e inversamente


proporcional à ______________.

A) Potência e resistência

B) Resistência e tensão

C) Resistência e potência

D) Potência e tensão

E) Tensão e resistência

4) , 4) Um painel fotovoltaico é formado por 36 células, com tensão de 0,5 Volts com
corrente de 7 Ampéres, ligadas em série. A tensão e a corrente resultante são:

A) 36 Volts e 7 Ampéres

B) 18 Volts e 7 Ampéres

C) 7 Volts e 18 Ampéres

D) 28 Volts e 7 Ampéres

E) 18 Volts e 18 Ampéres
5) , 5) A geração de energia alternativa solar conectada direto à rede elétrica é
denominada:

A) Off Tie

B) Inversores

C) Grupos geradores

D) Grid Tie

E) Eólica

NA PRÁTICA

O pleno conhecimento e domínio dos conceitos de tensão, corrente, resistência, potência e


energia permite projetos em áreas alternativas. Como exemplo, temos os sistemas off-grid de
geração de energia fotovoltaica, muito utilizados em regiões remotas não cobertas por redes de
distribuição de energia, como a Amazônia.
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Tensão, Corrente e Resistência

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Tensão e Potência Elétricas

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Ferramentas em eletrotécnica

APRESENTAÇÃO

Nesta unidade, estudaremos ferramentas utilizadas em Eletrotécnica, como alicates diversos,


chaves de fenda e phillips, descascadores de fio, furadeiras, aparafusadeiras e soldadores.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar e definir o uso de ferramentas comuns empregadas em eletrotécnica.


• Descrever o procedimento a ser seguido para o uso e o cuidado adequado das ferramentas.

DESAFIO

A partir de agora, vamos propor um desafio.

Explore o conteúdo, pesquise. Use todas as ferramentas disponíveis para solucionar o problema.

Vamos ao experimento!
INFOGRÁFICO

Veja na ilustração o esquema de alguns tipos de chaves de fenda que usaremos nos nossos
trabalhos de campo.
CONTEÚDO DO LIVRO

As ferramentas, manuais ou elétricas, são muito importantes em eletrotécnica.

O livro Eletrotécnica I, de Frank D. Petruzella, da Série Tekne, serve de base teórica para a
unidade de aprendizagem.

Inicie a leitura a partir do título Ferramentas comuns.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

DICA DO PROFESSOR

Uma grande variedade de ferramentas, manuais ou elétricas, foi desenvolvida para ajudar os
profissionais qualificados na realização de suas tarefas de forma eficaz. A ferramenta certa, na
hora certa, permite significativos ganhos de tempo em manutenção e instalação de fiação,
quadros de comando e controle. O profissional deve selecionar, operar e conservar ferramentas
básicas e dispositivos de medição.
Vamos acompanhar mais detalhes no vídeo.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) As ferramentas em eletrotécnica servem para:

A) Definir a complexidade da instalação.

B) Facilitar o trabalho do profissional nas instalações elétricas.

C) Definem custo do serviço prestado.

D) Permitem medições elétricas.

E) Nenhuma resposta acima.

2) Para uma boa conexão elétrica é necessário:

A) Baixa resistência elétrica, durabilidade da conexão.

B) Fita isolante.

C) Soldagem.

D) Identificação do terminal.

E) Apenas a resistência elétrica da conexão.


3) Para que se utiliza o alicate de crimpagem?

A) Para facilitar a soldagem dos terminais.

B) Aumenta a segurança.

C) Tem menor custo apenas.

D) Servem para identificação de terminais.

E) Permitem melhor conexão, com menor resistência e maior durabilidade.

4) Para aperto de parafusos em conectores usamos:

A) Alicate de crimpagem.

B) Chaves de fenda e Philips.

C) Chave Allen.

D) Descascadores de fios.

E) Alicate de corte.

5) Para manuseio de condutores (corte e dobra), são utilizadas as ferramentas:

A) Alicates universal, corte, bico fino.

B) Alicates de crimpagem.
C) Descascadores de fios.

D) Soldadores.

E) Nenhuma das respostas acima.

NA PRÁTICA

Mesmo na área do hobby, sabemos que a ferramenta certa faz a diferença! Improvisações e
adaptações tornam a tarefa pouco produtiva e até perigosa! O mercado tem a disponibilidade de
um completo ferramental, manual ou elétrico, para facilitar o manejo em campo, em qualquer
área. Veja o exemplo de um montador de móveis, com uma aparafusadeira elétrica consegue
muita rapidez, precisão e comodidade, para a sua tarefa. Ganha tempo considerável, além de
esforço bem menor. Da mesma maneira, para quadros de comando e fiação, existem bornes e
conectores que permitem a ligação elétrica perfeita, segura, e com baixa resistência, que
necessitam de alicates especiais de crimpagem, chaves de fenda ou phillips, para uma rápida
intervenção.

O acabamento deste tipo de instalação demonstram a competência do profissional.


SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Segurança no Uso de Ferramentas Elétricas DEWALT

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

541 - FERRAMENTAS - Alicate desencapador de fios e crimpador de terminais

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Lista de ferramentas do eletricista predial e instalador

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Sistemas trifásicos equilibrados

APRESENTAÇÃO

Você sabia que os sistemas trifásicos são utilizados nos processos de geração, transmissão e
distribuição de energia elétrica? As cargas de grande potência são tendencialmente trifásicas,
assim ocasionando o equilíbrio de consumo entre as fases, o que proporciona um funcionamento
assertivo do fornecimento da energia elétrica.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer os sistemas trifásicos equilibrados a fim de
interpretar suas características e suas peculiaridades.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Caracterizar os sistemas trifásicos e seus componentes funcionais.


• Diferenciar os possíveis métodos de fechamentos trifásicos e suas características.
• Obter os valores de potências de circuitos trifásicos equilibrados.

DESAFIO

Em uma indústria fabricante de revestimento cerâmico se utiliza água aquecida a uma


temperatura de 42 °C nos processos de fundição das peças. O aquecimento da água é realizado
por uma resistência trifásica cuja especificação é 30.000W/220V.
Descreva se há possibilidade de substituição de uma resistência trifásica por resistências
monofásicas, mantendo a carga equilibrada, e, em caso afirmativo, determine o valor da
resistência elétrica, em Ω, de cada uma das resistências monofásicas e qual a ligação a ser
realizada entre essas resistências para que a nova carga suporte o nível de tensão utilizado.

Observação: A resistência trifásica queimada está ligada em triângulo.

INFOGRÁFICO

Você sabia que a aplicação dos sistemas trifásicos garante uma série de vantagens se comparada
com a de sistemas como os monofásicos e de corrente contínua?

Para ilustrar as vantagens de cada nível de aplicação, o Infográfico exemplifica e descreve as


características dos sistemas trifásicos. Confira!
CONTEÚDO DO LIVRO

Os sistemas trifásicos são utilizados nos processos de


geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. Normalmente, as cargas de grande
potência são trifásicas, propiciando, assim, o equilíbrio de consumo entre as fases. Isso garante
um funcionamento eficiente do fornecimento da energia elétrica.

No capítulo Sistemas trifásicos Equilibrados, do livro Instalações elétricas, você vai conhecer
os sistemas trifásicos equilibrados a fim de interpretar suas características e peculiaridades.

Boa leitura.
ELETROTÉCNICA

Eliane Dalla Coletta


Sistemas trifásicos
equilibrados
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Caracterizar os sistemas trifásicos e seus componentes funcionais.


„ Diferenciar os possíveis métodos de fechamentos trifásicos e suas
características.
„ Obter os valores de potências de circuitos trifásicos equilibrados.

Introdução
Você sabia que os sistemas trifásicos são utilizados nos processos de geração,
transmissão e distribuição de energia elétrica? As cargas de grande potência
são tendencialmente trifásicas, ocasionando, assim, o equilíbrio de consumo
entre as fases. Isso proporciona um funcionamento assertivo do fornecimento
da energia elétrica. Neste capítulo você vai conhecer os sistemas trifásicos
equilibrados a fim de interpretar suas características e peculiaridades.

Características e componentes do
sistema trifásico
Os sistemas trifásicos são utilizados nos processos de geração, transmissão
e distribuição de energia. O sistema possui três fases, cujas tensões possuem
formato senoidal e são defasadas 120° entre si.
Este tipo de sistema proporciona várias vantagens, como a mudança de
nível de tensão de aplicação pela mudança da ligação no gerador ou na carga, e
2 Eletrotécnica

a possibilidade de transmissão/distribuição de energia com apenas três cabos,


sem a utilização de condutor neutro.
Um sistema trifásico é considerado equilibrado se:

„ no sistema de geração, as três fases forem geradas com as mesmas


características de amplitude e frequência.
„ os cabos que levam energia da fonte geradora às cargas tiverem a mesma
impedância.
„ as cargas conectadas ao sistema de alimentação tiverem o mesmo valor
de impedância nas três fases.

Você pode verificar essas características na Figura 1, em que um sistema


trifásico é representado por meio de fontes geradoras ligadas em estrela. A carga
também está ligada em estrela, sendo as impedâncias de linha representadas
por ZL, e as impedâncias da carga, por ZC.

Figura 1. Circuito trifásico com suas componentes.

Geração trifásica
A geração de energia é comumente realizada por meio de três fases de tensão
alternada, as quais são obtidas utilizando um gerador trifásico.
Você vai ver agora detalhes importantes do funcionamento de um gerador
trifásico, começando pela definição de suas partes principais. O rotor do gerador
trifásico nada mais é do que as bobinas elétricas presentes no eixo da máquina
elétrica. O rotor é excitado por alimentação em corrente contínua externa,
emitindo um fluxo magnético fixo ao seu redor. Quando este rotor inicia o seu
Sistemas trifásicos equilibrados 3

movimento, surge uma variação de campo magnético referente ao movimento,


em relação às partes estáticas do motor. De acordo com o princípio de Faraday
da indução eletromagnética, em um condutor de corrente elétrica submerso em
um campo magnético variante, surge uma força eletromotriz entre seus terminais.
Os condutores, nos quais as tensões são induzidas no gerador trifásico, se
encontram no estator, que nada mais é do que o conjunto de bobinas presentes
na parte fixa da máquina elétrica, isto é, da máquina geradora. Os condutores são
denominados enrolamentos de armadura, sendo que a defasagem de 120° entre
as tensões das fases é criada a partir da posição das bobinas no rotor. Lembre-se de
que essas bobinas estão localizadas no estator com uma distância geométrica de
120° (UMANS, 2014). Você pode observar as características descritas na Figura 2.

c a b
Bobina azul Bobina vermelha Bobina amarela

Vermelho Amarelo Azul

b’ a’ c’
Bobina amarela Bobina vermelha Bobina azul

Figura 2.
Fonte: Fouad A. Saad / Schutterstock.com
4 Eletrotécnica

Figura 3. Representação esquemática das bobinas.


Fonte: Fitzgerald, Kingsley Jr. e Umans (2006, p. 594).

Os geradores possuem três bobinas. São essas bobinas que fornecerão as


três fases com tensões defasadas 120° estre si. O diagrama fasorial da Figura
4 representa essas três fases.

Figura 4. Representação dos fasores das tensões de fase geradas.

As tensões representadas são tensões obtidas diretamente dos terminais


de cada bobina do gerador, conforme a Figura 3, e são denominadas tensões
de fase (MARCOS, 2001).
Essas tensões são definidas matematicamente por seus fasores:
Sistemas trifásicos equilibrados 5

Vaa' = Vp  0°

Vbb' = Vp  –120°

Vcc' = Vp  120°

Cargas trifásicas balanceadas


Para que as cargas trifásicas ligadas no sistema trifásico sejam balan-
ceadas, é necessário que suas três impedâncias possuam valores de
módulo e fase iguais. As cargas industriais comumente são trifásicas, pos-
sibilitando uma facilidade de equilíbrio do sistema de consumo de energia
(MARCOS, 2001).
Um exemplo típico é o motor trifásico de indução, em que as impedâncias
dos seus enrolamentos devem estar balanceadas para permitir seu correto
funcionamento (WEG, 2015).

Para saber mais sobre geradores síncronos trifásicos, consulte o livro Máquinas elétricas
de Fitzgerald e Kingsley (UMANS, 2014).

Tipos de ligação em sistemas trifásicos


Para a ligação de cargas e fontes geradoras trifásicas no sistema trifásico,
é possível conexões dos tipos estrela e triângulo. São essas ligações que
possibilitam a aplicação de equipamentos de níveis de tensão diferentes ao
mesmo sistema.
Para a análise das ligações dos sistemas trifásicos, é necessário diferenciar
as grandezas de fase das grandezas de linha. A seguir você vai saber como
realizar essa análise.
As grandezas de fase estão relacionadas a apenas uma das três impedâncias
(no caso de cargas), ou a apenas uma das três fontes geradoras (no caso de
geradores). Outros conceitos importantes são os seguintes:
6 Eletrotécnica

„ Tensão de fase: Tensão presente em apenas uma das impedâncias (no


caso de cargas), ou a apenas uma das três fontes geradoras (no caso
de geradores).
„ Corrente de fase: corrente que percorre as impedâncias (no caso de
cargas), ou que percorre as três fontes geradoras (no caso de geradores).

As grandezas de linha são as grandezas presentes nas linhas de transporte


de energia. Outros conceitos importantes são os seguintes:

„ Tensão de linha: diferença de potencial entre fases.


„ Corrente de linha: corrente que percorre as linhas de transporte de
energia.

Ligação estrela
Considerando os terminais das bobinas de acordo com a Figura 3, para realizar
o fechamento estrela é necessária a união dos terminais a’, b’ e c’. A conexão
das fases é realizada por meio dos terminais a, b e c. Você consegue ver essa
ligação na Figura 5.
Essa ligação possibilita uma elevação da tensão entregue ao sistema, pois a
tensão de fornecimento é a diferença de potencial entre as fases. Como vimos
há pouco nos conceitos importantes, as tensões entre fases são denominadas
tensão de linha (UMANS, 2014).

. . . . .
Vab = Vaa' – Vbb' Vab = (VF  0°) – (VF  –120°) Vab = VF ∙ √3  30°
. . . . .
Vca = Vcc – Vaa' Vca = (VF 120°) – (VF  0°) Vca = VF ∙ √3  150°
. . . . .
Vbc = Vbb' – Vcc Vbc = (VF  –120°) – (VF  120°) Vbc = VF ∙ √3  –900

O que não acontece em se tratando das correntes. A corrente que passa


na bobina do gerador é igual à corrente que circula nas linhas. Essa situação
também é ilustrada na Figura 5.

A obtenção da tensão de linha pelo cálculo da diferença dos potenciais pode


ser confirmada pela análise fasorial das tensões de fase. Isso é demonstrado
na Figura 6.
Sistemas trifásicos equilibrados 7

Figura 5. Conexão trifásica estrela.


Fonte: Fitzgerald, Kingsley Jr. e Umans (2006, p. 595).

Uma fonte de tensão trifásica equilibrada conectada em Estrela (Y) possui tensão de
fase Van = 127<30𝑜V. Essa fonte está conectada a uma carga equilibrada conectada
em Y com impedância de (6,35+j1) Ω por fase. Determine as tensões de fase e as
correntes de linha do sistema.
Solução:
8 Eletrotécnica

Figura 6. Aplicação da regra do paralelogramo para obtenção das tensões de linha.


Fonte: Adaptada de Marcos (2001, p. 256).

Sendo assim, os equipamentos trifásicos ligados em estrela possibilitam


a utilização de níveis de tensão de linha superiores em relação à tensão de
fase, modificando o ângulo dessa tensão em mais 30°, e mantendo o valor da
corrente de linha igual à corrente de fase.
Sistemas trifásicos equilibrados 9

Ligação triângulo

A ligação de componentes trifásicos em triângulo é realizada por meio da


união entre bobinas conectando os terminais a com c’, b com a’ e c com b’,
não havendo o surgimento de um terminal comum. A disponibilização das
fases se dá por meio dos terminas a, b e c. Essa ligação é demonstrada na
Figura 7 (UMANS, 2014).
Neste tipo de ligação, a tensão de linha é igual à tensão de fase:

Mas, a corrente que circula na linha é maior que a corrente que circula
na fase:
. . . . .
Ia = Iab – Ica Ia = (IF  0°) – (IF  120°) Ia = IF ∙ √3  30°
. . . . .
Ib = Ibc – Iab Ib = (IF  –120°) – (IF  120°) Ib = IF ∙ √3  150°
. . . . .
Ic = Ica – Ibc Ic = (IF  0°) – (IF  120°) Ic = IF ∙ √3  –90°

Figura 7. Conexão trifásica triângulo.


Fonte: Umans (2014, p. 595).
10 Eletrotécnica

Uma fonte de tensão trifásica equilibrada conectada em Delta (Δ) possui tensão de
fase Vab = 220<30𝑜V. Essa fonte está conectada a uma carga equilibrada conectada
em Δ com impedância de (19,02+j3) Ω por fase. Determine as correntes de fase e as
correntes de linha do sistema.
Solução:
Sistemas trifásicos equilibrados 11

Figura 8. Aplicação da regra do paralelogramo para obtenção das correntes de linha.


Fonte: Adaptada de Marcos (2001, p. 256).

Assim, os equipamentos trifásicos ligados em triângulo possibilitam a


utilização do nível de tensão trifásica de linha igual à tensão de fase.A elevação
ocorre no nível da corrente de linha em relação à corrente de fase, modificando
o ângulo dessa tensão em mais 30° (MARCOS, 2001).

As cargas que possuem características reativas criam defasagens entre a tensão de


linha e a corrente de linha. Mas, mesmo em cargas puramente resistivas, é comum uma
defasagem de 30º entre a tensão e a corrente de fase, devido à variação de apenas uma das
grandezas de fase para linha, à tensão na ligação estrela e à corrente na ligação triângulo.

Cálculo de potências para os sistemas


trifásicos equilibrados
Os sistemas trifásicos são capazes de alimentar cargas de consumo três vezes
maiores que os sistemas monofásicos. Isso se deve aos métodos de ligação das
impedâncias da carga. As expressões de potência evidenciam essa caracterís-
tica. A potência total trifásica é obtida pela soma das potências individuais
das impedâncias da carga (MARCOS, 2001).
12 Eletrotécnica

Figura 9. Esquemático de demonstração das grandezas de fase em ligações estrela e


triângulo.
Fonte: Adaptada de Marcos (2001, p. 260).

O valor da potência aparente de cada impedância pode ser obtido a partir da


relação entre a tensão aplicada e a corrente que a percorre. Os valores aplicados
individualmente nas impedâncias da carga trifásica são denominados tensão
e corrente de fase. A partir disso, é possível determinar o valor da potência
aparente utilizando a seguinte fórmula:

Para o cálculo da potência trifásica, você soma os valores das potências


monofásicas, ou seja, as potências de cada impedância:

Como os circuitos trifásicos equilibrados possuem os mesmos valores de


impedância de carga nas três fases, e os mesmos valores de tensão aplicada em
cada uma delas, o valor da potência aparente em cada uma das impedâncias
é igual:

Com isso, é possível obter a potência trifásica das cargas trifásicas balan-
ceadas, levando em consideração a potência de apenas uma das impedâncias
da carga:

Para o cálculo das potências ativa e reativa, você vai utilizar o valor do ângulo
do fator de potência das impedâncias da carga. Como todas as impedâncias de
uma carga balanceada possuem mesmo módulo e mesmo ângulo, temos que:
Sistemas trifásicos equilibrados 13

Para calcular a potência ativa, você pode utilizar a seguinte fórmula:

E, para calcular a potência reativa, use a seguinte expressão:

Para utilizar as grandezas de linha para o cálculo das potências trifásicas,


as quais normalmente são fornecidas ao usuário nas placas dos equipamentos,
você deve prestar atenção aos seguintes itens.

„ Em cargas trifásicas ligadas em triângulo, a tensão aplicada em cada


impedância é a tensão entre fases, denominada tensão de linha. Assim
VF = VL , e a corrente que circula nas linhas é maior que a corrente que
passa em cada impedância da carga, sendo que IF = .

„ Em cargas trifásicas ligadas em estrela, a tensão aplicada em cada


impedância é menor que a tensão entre fases. Assim, VF = , e a corrente
que circula nas linhas é igual à corrente que passa em cada impedância
da carga, sendo que IF = IL .

Com essas demonstrações, fica claro que o cálculo da potência aparente


utilizando as grandezas de linha deve ser realizado por meio da seguinte
fórmula:

Para o cálculo das potências ativa e reativa com a tensão e corrente de


linha, você vai usar a mesma expressão da potência aparente, considerando
o ângulo do fator de potência. A potência ativa é calculada pela seguinte
expressão:

Para calcular a potência reativa, você utiliza a seguinte fórmula:


14 Eletrotécnica

Os motores trifásicos de acionamentos de cargas de necessidade de alta potência, como


os moinhos utilizados em cimenteiras, são alimentados pelos sistemas trifásicos que
possibilitam a entrega desse alto nível de energia. Para economizar no investimento
em cabeamentos para a alimentação destes motores, estes sistemas utilizam altos
níveis de tensão. Isso mantém a potência de entrega com a redução da corrente que
circula no circuito do acionamento (WEG, 2015).

FITZGERAL, A. E.; KINGSLEY JR., C.; UMANS, S. D. Máquinas elétricas com introdução à
eletrônica de potência. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.
MARCOS, O. Circuitos elétricos: corrente contínua e corrente alternada. São Paulo:
Érica, 2001.
UMANS, S. D. Máquinas elétricas de Fitzgerald e Kingsley. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.
WEG. DT-6: motores elétricos assíncronos e síncronos de média tensão – especificação,
características e manutenção. Jaraguá do Sul: WEG, 2015. Disponível em: <http://
ecatalog.weg.net/files/wegnet/WEG-curso-dt-6-motores-eletricos-assincrono-de-
-alta-tensao-artigo-tecnico-portugues-br.pdf>. Acesso em: 27 dez. 2016.

Leituras recomendadas
ELETROBRÁS ELETRONORTE. Alternativas não convencionais para transmissão de energia.
Brasília: Eletrobrás Eletronorte, [2016]. Disponível em: <http://www.eln.gov.br/open-
cms/opencms/pilares/tecnologia/pepd/Alternativas_Nao-Convencionais_para_Trans-
missao_de_Energia_Eletrica.html>. Acesso em: 28 dez. 2016.
NAHVI, M.; EDMINISTER, J. A. Circuitos elétricos. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014.
(Coleção Schaum).
DICA DO PROFESSOR

Nesta Dica do Professor, você vai ver uma abordagem das principais características dos sistemas
trifásicos equilibrados, como: suas vantagens em relação aos sistemas monofásicos e aos de
corrente contínua; seus tipos de ligações e as peculiaridades de cada uma delas; o cálculo de
potências nesses circuitos e suas aplicações. Assista e confira!

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) Uma fonte de tensão trifásica equilibrada conectada em Estrela (Y) possui tensão de
fase Van = 110∠45°V. Esta fonte é conectada a uma carga trifásica balanceada
conectada em Delta com 5-j8 Ω por fase. Determine respectivamente, a corrente de
fase IAB e a corrente de linha Ia.

A) 20,20∠133° A, 34,98∠103° A

B) 30,90∠100° A, 17,84∠70° A

C) 25,30∠90° A, 14,60∠60° A

D) 15,60∠75° A, 9∠45° A

E) 50,60∠45° A, 29,20∠15° A

2) Três impedâncias iguais de Z = (6,35 + j10) Ω são conectadas em triângulo ao sistema


trifásico de tensão equilibrada 220V por fase. Marque a opção que contenha,
respectivamente, o módulo da corrente de linha e o fator de potência do circuito.
A) 10A; 0,52.

B) 32,5A; 0,73.

C) 28,15A; 0,866.

D) 32,1A; 0,88.

E) 52,33A; 0,63.

3) Três impedâncias iguais de Z = (6,35 + j10) Ω são conectadas em estrela ao sistema


trifásico de tensão equilibrada 220V por fase. Marque a opção que contenha,
respectivamente, o módulo da corrente de linha e o fator de potência do circuito.

A) 18,58 A; 0,53.

B) 32,5A; 0,73.

C) 28,15A; 0,866.

D) 34,26A; 0,93.

E) 52,33A; 0,63.

4) Os sistemas trifásicos possibilitam a variação do nível de tensão a partir da


modificação das interconexões entre as partes do circuito. Para que se utilize um
motor trifásico alimentado por seu maior nível de tensão, ele deve ser conectado a
qual tipo de ligação?

A) Na conexão estrela, pois nesse tipo de ligação a tensão de linha é igual à tensão de fase.
B) Na conexão triângulo, pois nesse tipo de ligação a tensão de linha é igual à tensão de fase.

C) Na conexão estrela, pois essa conexão possibilita que os elementos da carga estejam em
série, possibilitando assim, a aplicação do dobro da tensão de alimentação suportada pelas
bobinas do motor.

D) Na conexão estrela, pois que nesse tipo de ligação a tensão de linha é maior que a tensão
de fase.

E) Na conexão triângulo, pois nesse tipo de ligação a tensão de linha é maior que a tensão de
fase.

5) Uma carga está sendo alimentada por um sistema trifásico de tensão equilibrada 380V. O
módulo da corrente, medida "Ia", dessa carga foi de 152A atrasada 60° em relação à tensão
Vab, sendo que essa medição foi realizada em um dos três cabos de alimentação do motor.
De acordo com os dados fornecidos, marque a opção que contenha, respectivamente, os
valores das potências ativa, reativa e aparente do motor.
A) 86,64 KW; 50,02 KVAr; 100,04 KVA.

B) 50,02 KW; 86,64 KVAr; 100,04 KVA.

C) 150,06 KW; 86,64 KVAr; 173,28 KVA.

D) 50,02 KW; 28,88 KVAr; 57,76 KVA.

E) 100,0 KW; 0 KVAr; 100,04 KVA.

NA PRÁTICA

O sistema elétrico alimenta cargas de diferentes características, sendo que, para o


funcionamento correto do sistema, todas as interferências devem ser controladas ou, no mínimo,
atenuadas. A utilização de energia elétrica residencial se faz por cargas predominantemente
monofásicas, pendento para o desequilíbrio do sistema trifásico.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Circuitos Trifásicos (Sistemas Equilibrados e Desequilibrados, Grandezas de Fase e


Linha)

Neste vídeo você encontrará uma explicação para grandezas de fase e de linha, circuito trifásico
equilibrado e desequilibrado. Confira!

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Tensão de linha e tensão de fase: o que são?

Assista às definições sobre tensão de linha e tensão de fase. Confira!

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Circuitos Elétricos - Aula 8 - Regime Permanente Senoidal

Nesta aula você revisará o conteúdo sobre sinais senoidais e verá uma introdução ao conceito de
fasores, conceitos fundamentais para o estudo de sistemas trifásicos.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Você também pode gostar