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E-BOOK

PRIMEIROS SOCORROS
Primeiros Socorros

APRESENTAÇÃO

Em casa, no ambiente de trabalho ou durante um passeio em via pública ou particular, qualquer


pessoa está sujeita a acidentes clínicos ou traumáticos. Logo, o conhecimento sobre práticas de
primeiros socorros torna-se imprescindível.

É necessário orientar as pessoas sobre as medidas de primeiros socorros que preservem o bem-
estar e, sobretudo, a vida humana até a chegada de profissionais especializados para o
atendimento de urgência e emergência.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender o que é primeiros socorros, determinar
quais ações são necessárias em uma avaliação primária, além de descrever as intervenções e as
limitações no atendimento às vítimas.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Explicar o conceito de primeiros socorros.


• Determinar as ações de avaliação primária.
• Descrever as ações e limitações na prestação de primeiros socorros.

DESAFIO

É comum, no ambiente de trabalho, a ocorrência de acidentes ou emergências clínicas


envolvendo trabalhadores. Algumas situações podem ser fatais, caso o socorro não seja
realizado imediatamente, principalmente quando envolvem os sistemas cardiovascular,
respiratório e neurológico.

Por essa razão, o serviço de Engenharia e Segurança no Trabalho precisa estar capacitado para
prestar atendimento adequado até a chegada da equipe de Atendimento Pré-Hospitalar, no
sentido de aumentar a sobrevida do paciente e evitar sequelas. Essa pronta aplicação do Suporte
Básico de Vida é essencial para manter a vida e prevenir agravos à saúde.
A seguir, leia o caso que descreve uma situação de acidente em trabalho.

Com base na situação encontrada na cena, responda:

a) O que pode ter acontecido com o colaborador?

b) Quais decisões imediatas você e sua equipe precisam tomar nesse caso?

INFOGRÁFICO

Geralmente, as pessoas se confundem quanto ao significado e ao uso das palavras emergência e


urgência. Embora sejam descritas no dicionário como sinônimas, na prática, na área da saúde,
elas apresentam não apenas significados, mas também hierarquias diferentes.

A emergência é vista como uma ameaça à continuidade da vida, há existência real de risco de
morte. Já a urgência não necessariamente oferece risco à vida do paciente, o risco está ausente,
mas necessita ser considerado (Portaria 354/2014). Os termos emergência e urgência não
caracterizam estados, mas, sim, processos.

Neste Infográfico, você vai observar algumas situações que caracterizam emergências e
urgências em primeiros socorros. Com base nisso, ao prestar primeiros socorros à vítima de
acidentes, você deverá ter em mente se há ou não risco de vida.
CONTEÚDO DO LIVRO

Buscando restaurar o bem-estar e a saúde das vítimas de acidentes, foram desenvolvidos


procedimentos básicos que podem garantir pronto atendimento a todos aqueles que foram
vítimas, repentinamente, de algum tipo de acidente.

Assim, considerando a aplicação de alguns procedimentos, os primeiros socorros são processos


de emergência que devem ser aplicados a vítimas de acidentes, com a finalidade de manter seus
sinais vitais, fato que evita o agravamento do seu estado de saúde.

No capítulo Primeiros Socorros, da obra Higiene e Segurança do Trabalho, você vai aprender
a definição de primeiros socorros, aplicados principalmente a vítimas de acidentes, mal súbito
ou em perigo de vida. Além disso, vai poder determinar as ações necessárias em uma avaliação
primária e descrever as intervenções e as limitações no atendimento às vítimas.

Boa leitura!
HIGIENE E
SEGURANÇA DO
TRABALHO

Ana Elizabeth Lopes de Carvalho


Primeiros socorros
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Explicar o conceito de primeiros socorros.


„ Determinar as ações de avaliação primária.
„ Descrever as ações e limitações na prestação de primeiros socorros.

Introdução
Vários são os problemas para os quais a sociedade atual necessita estar
preparada. Um deles é o crescente número de acidentes que ocorrem
em todos os âmbitos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS),
acidente é todo acontecimento não intencional que pode provocar
uma lesão corporal, produzindo sequelas temporárias, permanentes ou
até a morte. A Classificação Internacional de Doenças (CID-10) define os
acidentes como: acidentes de trânsito, intoxicações, queimaduras, quedas,
traumas, afogamentos, entre outros.
Segundo Santos et al. (2008), os acidentes no Brasil são a segunda
causa de morte, seguida das doenças cardiovasculares. Eles também são
considerados um grande problema de saúde pública devido ao elevado
número de mortes.
Os primeiros socorros referem-se àquele atendimento realizado a
qualquer pessoa que, repentinamente, sofra uma ferida ou mal súbito.
Ele deve ser realizado por quem perceba a situação de fragilidade ou
vulnerabilidade do próximo. Vários acidentes podem vulnerabilizar os
cidadãos a necessitarem de primeiros auxílios. Assim, é fundamental
que todos tenham acesso às informações sobre os principais acidentes,
como preveni-los e como agir diante deles.
Neste capítulo você irá compreender o conceito de primeiros socorros,
aprenderá a realizar uma avaliação primária diante de um acidente e, por
último, conseguirá saber quais condutas deverá tomar frente a alguns
acidentes.
2 Primeiros socorros

Conceito de primeiros socorros


Segundo Brasil (2013), primeiros socorros são os cuidados imediatos presta-
dos a uma vítima de acidente ou mal súbito cujo estado físico põe em perigo
a vida. Ao prestar os primeiros socorros, você, socorrista, busca manter as
funções vitais da vítima compatíveis com a condição de vida até a chegada
do socorro especializado.
Uma das primeiras observações que você, como socorrista, deve fazer ao
se deparar com uma vítima que necessite de primeiros socorros é identificar se
essa situação se caracteriza com uma emergência ou uma urgência. Segundo
a Portaria 354/2014, caracterizam-se como emergências as situações que
impliquem em um sofrimento intenso ou em um risco real de morte. Essas
situações exigem um tratamento imediato (BRASIL, 2014). Já as situações de
urgência são evidenciadas por não ameaçarem a continuidade de vida, embora
necessitem de assistência.
Toda pessoa, devidamente treinada, está apta a prestar os primeiros socor-
ros. Eles sempre deverão ser realizados com responsabilidade e bastante aten-
ção, pois a vida humana está em questão. O Código Penal Brasileiro (BRASIL,
2017) em seu art. 135 caracteriza como omissão de primeiros socorros deixar
de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança
abandonada ou extraviada ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparado ou
em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade
pública, sob pena de detenção de um a seis meses, ou multa.
Para a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (2005), cada acidente
é diferente. Sendo assim, apenas ao observar as características do acidente
é que se pode falar na melhor maneira de prestar o socorro. Entretanto, a
sequência das ações, possívelmente será a mesma, a saber: manter a calma;
garantir a segurança; pedir socorro; controlar a situação; verificar a gravidade
da vítima; preservar a vida.
A seguir estão listados os cuidados que devem ser prestados nos primeiros
socorros (TOLDO, [201-?]).

„ Prestar assistência apenas dentro dos seus limites de treinamento.


„ Pedir permissão para ajudar.
„ Agir sempre de boa-fé.
„ Não ser irresponsável ou negligente.
„ Agir prudentemente.
„ Nunca abandonar a vítima após iniciar a assistência, exceto caso ne-
cessite se proteger de um perigo iminente.
Primeiros socorros 3

Avaliação primária do paciente


A avaliação primária é a etapa crucial ao socorrer qualquer pessoa vítima de
acidente. Nela você definirá, por meio do levantamento dos sinais e sintomas,
quais as reais necessidades da vítima. Ela vai permitir que você (socorrista)
defina quais as manobras e técnicas mais necessárias naquele primeiro mo-
mento, a fim de garantir a continuidade da vida. É nela, ainda, que o socorrista
deve acionar o serviço de emergência e urgência.
As novas diretrizes da American Heart Association (2015) preconizam
a seguinte sequência para priorizar o atendimento as vítimas de acidentes.

1. Avaliar o estado de consciência da vítima.


2. Avaliar o pulso da vítima.
3. Iniciar as compressões torácicas.
4. Realizar a abertura de via aérea em casos clínicos.
5. Realizar a abertura de via aérea em casos de traumas.
6. Realizar a respiração boca a boca.

Avaliação do estado de consciência da vítima


Para realizar a análise do estado de consciência da vítima, o socorrista deve:

„ tocar o ombro da vítima;


„ tentar se comunicar com a vítima falando alto próximo ao seu ouvido;
ele pode, por exemplo, fazer a seguinte pergunta: “posso ajudar?”.

Caso a vítima esteja consciente, o socorrista deve tentar tranquilizá-la.


Nesse sentido é importante passar bastante segurança. Porém, caso a vítima
esteja inconsciente, será necessário colocá-la em uma superfície dura, firme e
plana. Vale destacar que a vítima deve ser manuseada de forma que sua cabeça,
pescoço e tronco sejam movidos simultaneamente (Figura 1).
4 Primeiros socorros

Figura 1. Avaliação do estado de consciência da vítima.


Fonte: Portugal (2017).

Avaliação do pulso da vítima


O pulso deve ser verificado o mais rápido possível. Será necessário que se
estenda o pescoço da vítima e coloque os dedos indicador e médio sobre a
proeminência laríngea (popularmente conhecida como pomo-de-adão, maçã-
-de-adão ou gogó). Logo em seguida deve-se deslizar lateralmente os dedos
sobre o pescoço buscando sentir a pulsação (Figura 2). Quando ocorre de não
encontrar o pulso, o socorrista deve iniciar, imediatamente, as compressões
torácicas.
A massagem cardíaca deve ser realizada na linha mamilar. A mão deve ser
colocada sobre o esterno, sem que haja contato entre o os dedos do socorrista
e o tórax do paciente. Durante toda a massagem, os braços do socorrista
devem ser estendidos, sem dobrar os cotovelos. Essa posição garantirá que
a pressão exercida pelo peso dos ombros do socorrista seja transmitida ao
tórax do paciente.
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Proeminência
laríngea

Figura 2. Avaliando o pulso da vítima.


Fonte: Fernandes (2009).

Compressões torácicas
Você, socorrista, deve buscar seguir os seguintes passos.

1. Fique de joelhos ao lado da vítima.


2. Comece a Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) na frequência de 100
a 120 vezes por minuto.
3. Procure colocar a base de uma mão no centro do tórax da vítima e a
outra mão sobre a primeira. Lembre-se que os seus dedos não devem
tocar o tórax da vítima.
4. Garanta que os seus ombros estejam acima do centro do tórax da vítima.
5. Cada vez que você pressionar para baixo, deixe que o tórax retorne à
posição inicial. Isso permitirá que o sangue flua de volta ao coração.
6. Nunca pare a manobra sem que chegue ajuda (Figura 3).
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Figura 3. Posicionamento para realização das compressões torácicas.


Fonte: Gonzalez et al. (2013).

Tenha em mente que a função da RCP não é despertar a vítima, mas estimular a
oxigenação e a circulação do sangue até que seja iniciado o tratamento definitivo.

Abertura de vias aéreas em caso clínico:


Nos casos de parada cardiorrespiratória (PCR) clínica, deve-se estender o
pescoço da vítima.

Em caso de vítima de PCR pós trauma, a causa da PCR no momento dos primeiros
socorros pode ainda não ser evidente. Nesses casos, não se deve nunca estender o
pescoço da vítima, sob risco de agravamento de lesões já existentes ou mesmo a morte.
Primeiros socorros 7

Sempre deve-se colocar uma das mãos sobre a testa da vítima e a outra com
as pontas dos dedos no queixo. A mão que estiver espalmada na testa será a
responsável pela maior parte da força, apenas para apoio e direção (Figura 4).

Figura 4. Manobra de abertura de vias aéreas.


Fonte: Unasus ([201-?]).

Abertura de vias aéreas em caso de traumas


Neste caso, o socorrista deve se colocar atrás da cabeça do acidentado. Buscará
apoiar seus cotovelos na superfície onde a vítima está deitada. Caso a boca
da vítima esteja fechada, o queixo e o lábio inferior devem ser retraídos com
o auxílio dos dedos polegares.

Respiração boca a boca


Para executar a respiração boca a boca (Figura 5), siga os passos listados a seguir.

1. Após confirmar a ausência de trauma na coluna, incline a cabeça da


vítima para trás e eleve-lhe o queixo. Nesse momento, coloque a sua
mão na testa da vítima e comprima seu nariz;
2. Com a outra mão livre, mantenha o queixo da vítima elevado e deixe
que a boca se abra; inspire, incline-se para frente e coloque a sua boca
sobre a boca da vítima;
3. Insufle ar para dentro da boca da vítima, buscando ao mesmo tempo
verificar se ocorre a expansão torácica da vítima;
4. Inspire normalmente e faça novamente;
5. Continue com mais 30 compressões torácicas.
8 Primeiros socorros

Figura 5. Respiração boca a boca.


Fonte: Isastur (2010).

A literatura atual não recomenda a respiração boca a boca devido ao risco do contato
com secreções digestivas e respiratórias. Recomenda-se sempre o uso de uma barreira
de proteção (máscara) apropriada para essa manobra.

Prestando os primeiros socorros: ações e limites


do socorrista
Estar preparado para prestar os primeiros socorros não é uma missão fácil,
tendo em vista a grande variedade de eventos com os quais você, socorrista,
pode se deparar. Tendo consciência disso, elencamos algumas situações de
primeiros socorros.
Primeiros socorros 9

Ferimentos
De acordo com o Protocolo de Cuidados de Feridas (FLORIANÓPOLIS,
2007), os ferimentos são tidos como quaisquer lesões que interrompam a
continuidade da pele. De acordo com a sua gravidade, eles podem atingir a
epiderme, a derme, o tecido subcutâneo e o muscular, chegando a expor, ou
não, estruturas profundas. Ao socorrer uma vítima com ferimentos é necessário
tentar identificar que tipo de lesão a pessoa sofreu.
Para efeito didático, as lesões são divididas em superficiais (escoriações
e contusões) e profundas (todas as demais). Nesta unidade abordaremos as
lesões superficiais.

Escoriações

Conjunto de arranhões superficiais que são resultantes de atrito violento entre


o corpo e uma superfície irregular, áspera (Figura 6). Nesse tipo de lesão,
normalmente o sangramento é pequeno, sendo possível parar apenas com
uma compressão local.
Deve-se realizar a limpeza do local com bastante água e sabão. Após a
lavagem mecânica, pode-se fazer uso de uma solução antisséptica no objetivo
de inibir ao máximo a proliferação de bactérias no local.

Figura 6. Escoriação.
Fonte: Saúde em dia ([201-?]).
10 Primeiros socorros

Deve-se evitar talcos ou pós antissépticos, que ressecam a crosta, e evitar também o
uso de água oxigenada após o quinto dia da lesão.

Contusões

Caracterizadas por lesão não penetrante, de profundidade variável (Figura 7).


Nelas não ocorre contaminação do meio externo nem sangramento visível. Seu
tratamento imediato é a aplicação de compressa fria local, com a finalidade
de diminuir o inchaço, prevenir a formação de hematomas (coleção de sangue
num órgão ou tecido) e cessar a dor. Caso haja a formação de hematomas,
faz-se necessário uma avaliação médica.

Figura 7. Contusão.
Fonte: Saúde Descomplicada (2016).
Primeiros socorros 11

Hemorragias
Segundo Brasil (2013), a hemorragia é caracterizada como a perda de sangue
através de ferimentos. Tratando-se em primeiros socorros, é importante obser-
var a natureza do sangramento. Assim poderemos classificar as hemorragias de
natureza arterial ou venosa. As hemorragias arteriais (saem das artérias) são
caracterizadas porque o sangue que dela origina sai em jato pulsátil e possuem
coloração vermelho vivo. Já as hemorragias venosas têm uma coloração mais
escura e saem das veias de formas lenta e continua.
O principal e imediato cuidado necessário em um paciente com hemorragia
é a compressão do ferimento com um pano limpo ou gaze, fazendo uma pressão
firme (Figura 8). Mantenha a vítima na posição horizontal, que facilitará a
circulação. Mantenha a vítima aquecida e calma e evite oferecer alimentos.

Figura 8. Compressão hemorrágica.


Fonte: WA Mídia (2018).

Queimaduras
A Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ) as define como feridas trau-
máticas que podem ser causadas por agentes: térmicos, químicos, elétricos ou
radioativos. Esses agentes atuam sobre os tecidos do corpo humano provocando
destruição parcial ou total da pele e anexos.
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A classificação é realizada de acordo com a profundidade e/ou extensão


(Figuras 9 e 10).

Figura 9. Classificação das queimaduras quanto à profundidade.


Fonte: Dicas de Enfermagem (2014).

Segundo Brasil (2012), ao realizar os primeiros socorros a vítimas de


queimaduras, o socorrista deve ter em mente os seguintes procedimentos:

„ parar o processo da queimadura;


„ lavar a área afetada com água corrente até a dor passar;
„ remover todas as roupas e acessórios das áreas queimadas;
„ não tentar retirar os agentes aderentes;
„ não tentar aplicar nenhum agente neutralizante;
„ proteger com tecido limpo;
„ encaminhar ao serviço de emergência e urgência.
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Figura 10. Classificação das queimaduras quanto a extensão.


Fonte: Dicas de Enfermagem (2014).

Choques elétricos
Nesses casos de acidentes a rapidez do socorro é imprescindível. A vítima
às vezes pode apresentar queimaduras que sinalizam o percurso da corrente
elétrica. Além disso, existe uma grande possibilidade de sofrer arritmias
(Figura 11).
Diante de uma vítima de choques elétricos, você, como socorrista, deve
realizar as seguintes intervenções: deite a vítima e estenda a cabeça dela para
trás, de modo a facilitar a respiração; se constatar a parada cardiorrespiratória,
haja imediatamente, aplicando massagem cardíaca; caso a vítima esteja respi-
rando, observar se há alguma queimadura e o grau da sua extensão; procure
ajuda de profissionais.
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Figura 11. Choque elétrico.


Fonte: Prometal (2018).

AMERICAN HEART ASSOCIATION. Destaques da American Heart Association 2015: atua-


lização das diretrizes de RCP e ACE. Estados Unidos, 2015. Disponível em: https://ecc-
guidelines.heart.org/wp-content/uploads/2015/10/2015-AHA-Guidelines-Highlights-
-Portuguese.pdf. Acesso em: 30 jul. 2019.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MEDICINA DE TRÁFEGO. Noções de primeiros socorros no
trânsito. São Paulo: ABRAMET, 2005.
BRASIL. Código Penal Brasileiro. Brasília, DF: Senado Federal, 2017. Disponível em: http://
www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/529748/codigo_penal_1ed.pdf. Acesso
em: 30 jul. 2019.
BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2003.
Disponível em: http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/manuais/biosseguranca/
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BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 354, de 10 de março de 2014. Publica a proposta
de Projeto de Resolução "Boas Práticas para Organização e Funcionamento de Servi-
ços de Urgência e Emergência". Brasília, DF, 2014. Disponível em: http://bvsms.saude.
gov.br/bvs/saudelegis/gm/2014/prt0354_10_03_2014.html. Acesso em: 30 jul. 2019.
Primeiros socorros 15

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria da Atenção à Saúde. Departamento de Atenção


Especializada. Cartilha para Tratamento de Emergências das Queimaduras. Brasília, DF:
Ministério da Saúde, 2012. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
cartilha_tratamento_emergencia_queimaduras.pdf. Acesso em: 30 jul. 2019.
DICAS DE ENFERMAGEM. Queimaduras. Brasil, 2014. Disponível em: http://dicasparaen-
fermeiros.blogspot.com/2014/09/queimaduras.html. Acesso em: 30 jul. 2019.
FERNANDES, C. Como avaliar o pulso? Brasil, 2009. Disponível em: http://wwwabc-
desporto.blogspot.com/2009/08/como-avaliar-o-pulso.html. Acesso em: 30 jul. 2019.
FLORIANÓPOLIS. Secretaria Municipal de Saúde. Vigilância em Saúde. Protocolo de
cuidados de feridas. Florianópolis: IOESC, 2007. Disponível em: http://www.pmf.sc.gov.
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5d.pdf. Acesso em: 30 jul. 2019.
GONZALEZ, M. M. et al. I Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardio-
vasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arquivos Brasileiros
de Cardiologia, v. 101, n. 2, supl. 3, p. 1−240, 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/
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ISASTUR. Primeiros socorros. Brasil, 2010. Disponível em: https://www.isastur.com/
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PORTUGAL. Serviço Nacional de Saúde. Gestos que salvam!: como avaliar o estado de
consciência? Portugal, 2017. Disponível em: https://www.inem.pt/2017/11/06/gestos-
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PROMETAL. Como evitar acidente de trabalho com rede elétrica?. Pelotas, 2018. Disponível
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-com-rede-eletrica/. Acesso em: 30 jul. 2019.
SANTOS, J. L.G. et al. Acidentes e violências: caracterização dos atendimentos no pronto-
-socorro de um hospital universitário. Saúde e Sociedade, v. 17, n. 3, p. 211−218, 2008.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/sausoc/v17n3/21.pdf. Acesso em: 30 jul. 2019.
SAÚDE DESCOMPLICADA. Contusão muscular: 12 maneiras de aliviar a dor. Brasil, 2016.
Disponível em: http://www.saudedescomplicada.com/clinica-geral/contusao/. Acesso
em: 30 jul. 2019.
SAÚDE EM DIA. 13 maneiras de curar cortes e escoriações. [S. l., 201-?]. Disponível em:
https://www.saudedia.com.br/13-maneiras-de-curar-cortes-e-escoriacoes/. Acesso
em: 30 jul. 2019.
TOLDO, P. R. A. (comp.). Primeiros socorros de emergência. São Paulo, 2016. Disponível
em: http://fcfrp.usp.br/cipa/brigada/curso_primeiros_socorros_de_emergencia_fcfrp.
pdf. Acesso em: 30 jul. 2019.
16 Primeiros socorros

UNASUS. Curso de Especialização em Linhas de Cuidado em Enfermagem. Manobra de


Chin-Lift e manobra de Jaw-Thrust. [S. l., 201-?]. Disponível em: https://unasus2.moodle.
ufsc.br/pluginfile.php/15745/mod_resource/content/5/un03/top01p03.html. Acesso
em: 30 jul. 2019.
WA MÍDIA. Momento da segurança WA: segurança à vida: primeiros socorros em he-
morragias. Brasil, 2018. Disponível em: https://www.wamidia.com.br/CarregarNoticia
?idNoticia=24955. Acesso em: 30 jul. 2019.
DICA DO PROFESSOR

As queimaduras se caracterizam como lesões decorrentes de vários tipos de agentes: térmico


(provocam queimaduras pela utilização de fontes de calor, como fogo, líquidos ferventes,
vapores, objetos quentes e excesso de exposição ao Sol), químico (as lesões são provocadas
quando a pele entra em contato com certas substâncias químicas) e elétrico (as lesões são
provocadas por descargas elétricas).

Essas lesões são capazes de produzir calor ou frio excessivos a ponto de danificar tecidos e
órgãos do corpo humano. Existem importantes aspectos que devem ser considerados na sua
classificação como: o agente causal, a extensão corporal atingida e sua profundidade.

Nesta Dica do Professor, você conhecerá como realizar os primeiros socorros em vítimas de
queimadura por produto químico, tendo em vista a maior incidência desse tipo de lesão nos
atendimentos de primeiros socorros.

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EXERCÍCIOS

1) No Brasil, o Código Penal vigente é baseado no Decreto Lei n. 2.848, de 7 de


dezembro de 1940, assinado pelo então presidente Getúlio Vargas, durante o período
do Estado Novo. Em seu artigo 135, o Código Penal caracteriza como omissão de
socorro o socorrista:

A) deixar de prestar assistência por ter a sua integridade física ameaçada.

B) deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal.

C) prestar assistência a uma pessoa que se encontra em iminente risco de morte.


D) acionar a autoridade pública quando tomar ciência sobre o abandono da pessoa inválida.

E) acionar, indevidamente, as autoridades públicas ao perceber o abandono de crianças.

2) A Sociedade Brasileira de Queimaduras as define como feridas traumáticas que


podem ser causadas por agentes térmicos, químicos, elétricos ou radioativos. Sobre
esse tema, assinale a alternativa correta:

A) As queimaduras são classificadas segundo a sua profundidade em cinco graus .

B) A queimadura de 2o grau é aquela que atinge a epiderme (a camada superficial da pele).

C) A queimadura de 1o grau atinde a epiderme, a camada superficial da pele, apresenta


vermelhidão sem bolhas e discreto inchaço local. Existe a presença de dor.

D) São as queimaduras de 2o grau as únicas que atingem todas as camadas da pele.

E) As queimaduras não danificam a pele.

3) As hemorragias são caracterizadas como a perda de sangue por ferimentos. Um dos


principais e imediatos cuidados necessários em um paciente com hemorragia é:

A) realizar a compressão do ferimento com pano ou compressão limpa.

B) fazer uma compressão logo abaixo do local do ferimento.

C) manter-se aquecido e muito calmo.

D) devido à perda de sangue, deve-se ofertar comida à vítima.


E) é indispensável que a vítima fique em pé.

4) A avaliação primária é indispensável ao socorrer uma vítima de acidente. É nela que


o socorrista definirá, por meio do levantamento dos sinais e sintomas, quais as reais
necessidades da vítima. Marque a alternativa que apresenta a finalidade correta da
avaliação primária:

A) Ela visa garantir a continuidade do acidente.

B) Ela permitirá que o socorrista, ao tomar conhecimento da situação, defina quais manobras
e técnicas devem ser usadas.

C) Ao realizar a avaliação primária, o socorrista pergunta aos demais envolvidos quais


intervenções devem ser realizadas.

D) Ela é apenas um protocolo a ser seguido pelo socorrista.

E) Com as técnicas corretas, o socorrista define como fazer a avaliação primária.

5) De acordo com a portaria 354/2014, a emergência é vista como uma constatação


médica das condições de agravo à saúde, já a urgência caracteriza-se por um agravo
à saúde que não oferece risco, mas que necessita ser tratado. Marque a alternativa
que apresenta a principal diferença entre a emergência e a urgência:

A) As duas provocam risco iminente à vida do paciente.

B) Na emergência, existe um real risco à continuidade da vida. Já na urgência, esse risco é


improvável.

C) A urgência é tida como subclassificação da emergência.


D) A diferença consiste no fato de a emergência não provocar risco à vida do paciente.

E) Não existe diferença entre ambas.

NA PRÁTICA

A obstrução das vias aéreas por corpo estranho no indivíduo consciente ocorre comumente
durante as refeições devido ao engasgo com alimentos. O grau de obstrução pode ser leve
(obstrução parcial da via aérea) ou grave (obstrução total da via aérea). O reconhecimento
precoce dos sinais de sufocação é essencial para prevenção de complicações e garantia da
sobrevida do paciente.

Acompanhe, Na Prática, o caso de um funcionário que, durante o almoço na empresa em que


trabalha, teve obstrução das vias aéreas superiores e foi prontamente atendido pela equipe da
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes da instituição.
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Acidente escorpiônico na sala de urgência

Os escorpiões inoculam o veneno pelo ferrão, localizado no último segmento da sua cauda.
Esses animais são carnívoros, têm preferência por insetos com hábitos noturnos. Os acidentes
com escorpiões (escorpionismo) ocorrem com frequência e são potencialmente graves em
extremos da vida. Os de maior importância médica são: T. serrulatus, T. trivittatus, T. bahiensis
e T. stigmurus. Leia o artigo a seguir para conhecer mais sobre essa temática.

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Primeiros socorros

Pequenas atitudes podem salvar uma vida. No vídeo a seguir, veja quais atitudes você ou seu
companheiro de trabalho deve tomar ao presenciar um acidente com vítima.

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Registros de tentativas de suicídio no Distrito Federal: uma realidade subnotificada

Considerado um dos grandes protagonistas nas emergências do Brasil, a tentativa de suicídio


tem alcançado taxas elevadas de adesão. No artigo a seguir, você conhecerá o porquê de o
suicídio ainda ser uma realidade subnotificada. Boa leitura.

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Noções básicas em primeiros socorros

O restabelecimento da saúde das vítimas de acidentes começa no mesmo local onde ele ocorreu.
Assim, prestar os primeiros socorros com qualidade fará toda a diferença, tendo em vista que o
primeiro atendimento a pessoas que necessitam de primeiros socorros poderá ser um divisor de
águas para a sua recuperação. Veja, neste vídeo, como prestar o atendimento inicial nos
primeiros socorros.

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Abordagem inicial para qualquer situação de emergência

Quais condutas devem ser realizadas em uma situação de emergência ou urgência? Para
responder a essa pergunta assista ao vídeo a seguir.

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Princípios Gerais em Urgências e
Emergências

APRESENTAÇÃO

Você sabia que urgências e emergências são as principais portas de entradas dos serviços de
saúde brasileiros?

Neste contexto, é extremamente importante atentar e reconhecer as principais causas que levam
a população a buscar tais serviços. Além disso, o profissional de saúde deve realizar uma
classificação fidedigna a partir dos sinais e sintomas apresentados pelo paciente.

Conforme definição do Conselho Federal de Medicina: Urgência é uma ocorrência imprevista


de agravo à saúde, com ou sem risco potencial de vida e que necessita de assistência médica
imediata. Já Emergência é a constatação médica de existência de condições de agravo à saúde,
com risco iminente de vida ou de sofrimento intenso, necessitando de tratamento médico
imediato.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer os critérios de classificações de risco,


reconhecimento e as diferenças entre as situações de urgência e de emergência.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Diferenciar os sinais e sintomas de urgências e emergências.


• Identificar singularidades que possam gerar um diagnóstico diferencial nas urgências e
emergências.
• Reconhecer as classificações de risco no atendimento de urgências e emergências.

DESAFIO

Muitas são as situações de emergência relacionadas ao sistema cardiovascular que chegam às


unidades de emergência, conforme o caso abaixo descrito.
Você precisa avaliar o risco de ocorrência de Acidente Vascular Encefálico (AVE) visto que
essa é a complicação mais comum nesses casos. Havendo a necessidade de terapia de
anticoagulação é imprescindível utilizar um modelo de escore específico para o diagnóstico.

A partir das informações apresentadas, qual o diagnóstico mais provável e modelo de escore
para o caso? Ao descobrir o valor do escore para este paciente existe alguma terapia
antitrombótica preferencial?

INFOGRÁFICO

Ao chegar em um atendimento de urgência, a primeira ação é a aferição dos sinais vitais. Com
isso, a aferição da pressão arterial já pode ser indicativo de uma situação de urgência ou de
emergência. Veja a seguir como identificar essas situações:

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CONTEÚDO DO LIVRO
As urgências e emergências são situações desafiadoras que fazem com que o profissional de
saúde desenvolva a capacidade de rápido raciocinio clinico e a tomada de decisão. Esses
contextos demandam também conhecimentos e habilidades fundamentais para garantir a
segurança do paciente e resolução efetiva de suas demandas em saúde. No Capítulo Principios
Gerais em Urgencias e Emergencias você vai conhecer as principais definiçoes envoltas nesses
conceitos tal como a importancia do acolhimento e classificação de risco para um cuidado
equanime e os sinais e sintomas que sinalizam potenciais riscos de morte a pacientes.

Boa Leitura
PRIMEIROS
SOCORROS
Princípios gerais
em urgências e
emergências
Luiza Elena Casaburi

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

> Diferenciar os sinais e sintomas de urgências e emergências.


> Identificar singularidades que possam gerar um diagnóstico diferencial nas
urgências e emergências.
> Reconhecer as classificações de risco no atendimento de urgências e emer-
gências

Introdução
Independentemente do nível de atenção, todos os profissionais de saúde podem
se deparar com eventos agudos, que podem ser caracterizados como urgências ou
emergências. Por isso, é fundamental que estejam preparados para identificá-los
e agirem de maneira rápida e resolutiva.
Neste capítulo, você vai conhecer os sinais e sintomas de urgências e emer-
gências com base no acolhimento humanizado. Vai estudar os acometimentos
médicos mais comuns e que demandam maior atenção nas instituições de saúde,
os principais sinais e sintomas de alertas e suas possíveis causas. Por fim, vai
conferir como é realizada a classificação de risco no atendimento de urgências
e emergências.
2 Princípios gerais em urgências e emergências

Sinais e sintomas em urgências e


emergências
As situações de urgência e emergência apresentam diferenças entre si. Motta,
Mena e Piacsek (2017) explicam que o termo “urgência” pode ser utilizado para
a ocorrência imprevista de um agravo à saúde, com ou sem risco potencial
de vida, que necessita de atendimento médico rápido. Já o termo “emergên-
cia” refere-se a uma condição de agravo à saúde que coloca em risco a vida
do indivíduo, resultando em sofrimento intenso e necessidade de atenção
imediata. Portanto, na emergência, o paciente precisa de uma intervenção
imediata para que sua morte seja evitada.
Para classificar a situação do paciente, ele deve ser devidamente acolhido.
O acolhimento é uma postura ética que implica na escuta ativa do usuário
em sua demanda e deve fazer parte de todos os níveis de atenção à saúde.
Além disso, pode ser considerado uma ação tecnoassistencial, que propõe
uma mudança nas formas de relacionamento profissional-paciente, ofertando
condições para que o usuário do serviço de saúde seja reconhecido como
sujeito ativo do seu tratamento. Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL,
2004, p. 5), o acolhimento:

É um modo de operar os processos de trabalho em saúde de forma a atender a todos


que procuram os serviços de saúde, ouvindo seus pedidos e assumindo no serviço
uma postura capaz de acolher, escutar e pactuar respostas mais adequadas aos
usuários. Implica prestar um atendimento com resolutividade e responsabilização,
orientando, quando for o caso, o paciente e a família em relação a outros serviços
de saúde para a continuidade da assistência e estabelecendo articulações com
esses serviços para garantir a eficácia desses encaminhamentos.

O acolhimento, portanto, é mais do que uma recepção do paciente. Ele


reorganiza os processos de trabalho, a fim de promover uma melhor resoluti-
vidade, identificando as necessidades de saúde em seus aspectos biológicos,
socais, emocionais e ambientais. Dada sua importância, o acolhimento é uma
diretriz da Política Nacional de Humanização e deve fazer parte do cotidiano
de todos os serviços de saúde, independentemente do espaço. Essa exigência
se dá pelo fato de que o acolhimento não é uma triagem ou uma etapa do
processo, mas um compartilhamento de saberes, necessidades, possibili-
dades, angústias e invenções. É uma postura de escuta e compromisso com
a resolutividade das necessidades de saúde apresentadas pelos usuários,
considerando sua singularidade cultural, étnica e racial.
Princípios gerais em urgências e emergências 3

Contudo, essa postura sozinha não garante um atendimento integral e


equânime, pois existem necessidades de saúde que demandam diferentes
densidades tecnológicas e especialidades. Os profissionais de saúde tam-
bém devem estar qualificados para uma adequada avaliação de risco, sendo
possível direcionar de maneira ética e segura o fluxo do usuário da rede de
atenção à saúde. O acolhimento com uma avaliação/classificação de risco
auxilia na tomada de decisão e na agilidade do atendimento, podendo ser
efetivado com o uso de protocolos preestabelecidos que avaliam o grau de
necessidade do usuário, fazendo com que o atendimento foque em ações
para os casos de maior complexidade e risco, não mais na ordem de chegada.
Por mais que acolhimento e a avaliação/classificação de risco tenham ob-
jetivos diferentes, são ações complementares, porque reorganizam o trabalho
em saúde, coexistindo em todos os níveis de atenção, como prontos socorros,
ambulatórios e unidades básicas de saúde. Essas ações vão subsidiar os pro-
cessos decisórios no tratamento e nas ações de referência e contrarreferência.
Mesmo que não haja protocolos que norteiem os profissionais de saúde na
avaliação/classificação de risco nas instituições, o profissional deve estar apto
para o reconhecimento rápido dos sinais de urgência e emergência frente a
um evento agudo de saúde. Esse reconhecimento precoce pode, muitas vezes,
evitar a ocorrência de complicações e até a perda de vidas.
Veja no Quadro 1 a proposta de identificação de sinais e sintomas de
urgência e emergência feita por Santos Júnior et al. (2008), considerando as
situações médicas mais comuns nos serviços de saúde, como cefaleia, dor
torácica, dor abdominal, hipertensão arterial e dispneia.

Quadro 1. Sinais e sintomas de urgências e emergências nas situações clínicas


mais comuns nos serviços de saúde

Situação Sinais de emergência


Sinais de urgência
médica (risco iminente de morte)

Cefaleia „ Sinais vitais alterados. „ Sinais vitais normais.


„ Dor intensa (8–10/10). „ Dor moderada
„ Rigidez de nuca. (4–7/10) com náuseas
„ Alteração do nível de consciência. e/ou vômitos.
„ Sinais neurológicos focais: „ Quadro de crise
paresia, parestesias, disfasia, hipertensiva.
afasia, ataxia, distúrbio do
equilíbrio.
„ Pressão arterial sistólica (PAS)
≥ 190 ou pressão arterial
diastólica (PAD) ≥ 120 mmHg.
(Continua)
4 Princípios gerais em urgências e emergências

(Continuação)

Situação Sinais de emergência


Sinais de urgência
médica (risco iminente de morte)

Dor „ Sinais vitais alterados. „ Sinais vitais normais.


torácica „ Dor intensa (8–10/10). „ Dor moderada
„ Dor, desconforto, queimação ou (4–7/10).
sensação opressiva na região „ Dor ventilatório-
precordial ou retroesternal, -dependente ou que
podendo irradiar para o ombro piora com tosse,
ou braço esquerdo, pescoço acompanhada de
e mandíbula, acompanhada febre, tosse ou
frequentemente de sudorese, expectoração.
náuseas, vômitos ou dispneia (dor „ História de pirose ou
isquêmica). dispepsia.
„ História pregressa de infarto
agudo do miocárdio (IAM) ou
angina, diabetes, hipertensão, etc.

Dor „ Dor intensa (8–10/10) e „ Sinais vitais normais


abdominal progressiva. ou levemente
„ Sinais vitais nitidamente alterados.
alterados. „ Dor moderada
„ Dor sugestiva de peritonite (4–7/10).
química ou infecciosa. „ Distensão
„ Dor sugestiva de isquemia, etc. abdominal, vômitos
e/ou diarreia
com sinais de
desidratação.
„ Diarreia intensa.
„ Febre ou relato de
febre. Retenção
urinária com
bexigoma.
„ Disúria intensa
com polaciúria
e/ou hematúria,
prostração,
palidez cutânea ou
sudorese.

Hiperten- „ PAS ≥ 220 ou PAD ≥ 130 mmHg com „ PAS ≥ 220 ou PAD
são arterial qualquer sintoma. Alteração do ≥ 130 mmHg sem
nível de consciência. sintomas.
„ Dor torácica sugestiva de „ PAS entre 190 e 220
isquemia. ou PAD entre
„ Sinais neurológicos focais: 120-130 mmHg
paresia, parestesias, disfasia, com sintomas.
afasia, ataxia. Epistaxe franca.
(Continua)
Princípios gerais em urgências e emergências 5

(Continuação)

Situação Sinais de emergência


Sinais de urgência
médica (risco iminente de morte)

Dispneia „ Frequência respiratória (FR) „ FR entre 28 e 35 irpm.


≥ 36 irpm. „ Sat O2 entre 93%
„ Sat O2 ≤ 92%. e 94%, dispneia
„ Grande esforço respiratório. aos esforços.
Estridor laríngeo. „ Dor torácica
„ Cianose e possível confusão ventilatório-
mental. -dependente com
ou sem febre.
„ Dor de garganta
com febre, placas e
toxemia.

Fonte: Adaptado de Santos Júnior et al. (2008).

De acordo com Portaria do Ministério da Saúde nº. 2.048, de 5 de novembro


de 2002 (BRASIL, 2002), a rede assistencial de urgências e emergências é com-
posta por unidades básicas de saúde, ambulatórios especializados, serviços
diagnósticos e terapias, unidades não hospitalares, SAMU (Serviço de Aten-
dimento Móvel de Urgências), resgate, ambulâncias e rede hospitalar de alta
complexidade. Como as situações de urgências e emergências podem ocorrer
em qualquer nível de atenção à saúde, é necessário que todos os profissionais
estejam preparados para sua identificação e seu reconhecimento precoce.
No entanto, segundo a Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN)
nº. 661/2021, “Art. 1º No âmbito da Equipe de Enfermagem, a classificação de
Risco e priorização da assistência é privativa do Enfermeiro, observadas as
disposições legais da profissão” (COFEN, 2021, documento on-line). Além disso,
para execução, o enfermeiro deve estar dotado dos conhecimentos, compe-
tências e habilidades que garantam rigor técnico-científico ao procedimento.

A solicitação para atendimento de urgência pode ser realizada pelo


serviço de saúde após a estabilização do quadro de urgência apre-
sentado e pela identificação da necessidade de continuidade no tratamento
em outro serviço de maior complexidade. Esse tipo de atendimento (quando o
paciente recebeu o primeiro atendimento) é denominado “atendimento secun-
dário” (BRASIL, 2011, documento on-line).
6 Princípios gerais em urgências e emergências

Diagnóstico diferencial nas urgências e


emergências
Como vimos, uma habilidade elementar a qualquer profissional de saúde é a
capacidade de identificar e diferenciar situações de urgência e emergência,
já que podem ocorrer em qualquer local de trabalho e a qualquer momento.
O profissional de saúde tem a responsabilidade de se manter capacitado para
prestar os primeiros socorros onde quer que se encontre e deve reconhecer
situações de risco iminente à vida e à integridade física. Em adultos, os prin-
cipais eventos agudos que podem ameaçar a vida incluem dores torácicas,
dores abdominais e sintomas neurológicos (MELO; SILVA, 2011).

Dor torácica aguda


Pode advir de diversas patologias (que podem ser ou não ser ameaçadoras
à vida) e, consequentemente, apresenta diagnósticos diferenciais, exigindo
intervenções diferentes.
O diagnóstico necessita ser rápido e preciso, visando garantir a assis-
tência necessária e, ao mesmo tempo, evitar encaminhamentos ou inter-
venções desnecessárias. Seja por falta de experiência, insegurança, medo
ou dificuldade de assumir responsabilidades, muitos profissionais acabam
realizando encaminhamentos, internações, acionamento do SAMU, prescri-
ções e intervenções desnecessárias frente a um paciente com queixa de dor
torácica aguda. É claro que deixar de reconhecer uma situação de urgência
ou emergência pode ser fatal para o paciente, mas a falsa urgência e a falsa
emergência também podem resultar em prejuízos.
A dor torácica aguda pode estar relacionada a causas:

„ cardíacas: angina estável, angina instável, infarto agudo do miocárdio


e pericardite;
„ vasculares: dissecção aórtica e tromboembolismo pulmonar;
„ pulmonares: pleurite, pneumonia e pneumotórax espontâneo;
„ gastrointestinais: refluxo esofágico e ruptura de esôfago;
„ psiquiátricas: transtorno do pânico e quadros de ansiedade aguda.

A coleta de uma boa história clínica e de um exame físico criterioso são mais
importantes do que a realização de exames complementares em pacientes
com queixa de dor torácica. Segundo Teixeira (2013), as seguintes questões
de alta prioridade devem ser avaliadas.
Princípios gerais em urgências e emergências 7

„ Estabilidade clínica: o paciente está precisando de uma intervenção


imediata de colapso circulatório ou insuficiência respiratória? Sinais,
sintomas, instabilidade clínica e necessidade de intervenção imediata
incluem alterações do estado mental, rebaixamento do nível de cons-
ciência, pulso não palpável, cianose grave, respiração agônica (ou em
gasping) ou ausente?
„ Prognóstico imediato: se o paciente está com um quadro clínico está-
vel, qual é a probabilidade de risco para que possa ter uma patologia
ameaçadora à vida, como síndrome coronariana aguda, embolismo
pulmonar, aneurisma dissecante de aorta ou ruptura de esôfago?
„ Segurança das opções de triagem: uma vez que os riscos de patologias
ameaçadoras à vida são pequenos, é correto dar alta ao paciente para
tratamento ambulatorial, ou ele deve ficar em análise e fazer testes
adicionais para seguir com o tratamento?

A seguir, estão listados os elementos da história essenciais na avaliação


de um paciente com queixa de dor torácica aguda (DYNAMED, c2021b).

„ Caracterizar a dor: tipo de dor (dor em pontada, queimação ou aperto,


localizada, difusa), localização (retroesternal, precordial, outras), dura-
ção, irradiação, gravidade/intensidade (em escala subjetiva de 1 a 10).
„ Sintomas associados à dor: dispneia, lipotimia, síncope, palpitações,
diaforese, náusea e vômito.

Uma vez colhidos tais dados, é fundamental que o profissional de saúde


saiba reconhecer as características da dor definitivamente anginosa, que
ocorre como consequência de síndromes coronarianas agudas e exige atenção
imediata. Suas características são dor ou desconforto retroesternal/precordial
em queimação ou em opressão/aperto, podendo irradiar para mandíbula,
ombro, face interna do braço esquerdo (ou ambos os braços), com duração
de alguns minutos, melhoria com repouso e com uso de nitrato. A dor prova-
velmente anginosa tem a maioria, mas não todas as características listadas
acima. Já a dor definitivamente não anginosa não apresenta nenhuma das
características da dor definitivamente anginosa (LOPES et al., 2011).
Além da história clínica, diversos sinais do exame físico contribuem para
o diagnóstico diferencial (DYNAMED, c2021b), como os seguintes.

„ Diferença no pulso (cheio ou fraco) e/ou pressão arterial no braços


esquerdo e direito são sugestivos de aneurisma dissecante de aorta.
8 Princípios gerais em urgências e emergências

„ Hipóxia, taquipneia e taquicardia são sugestivos de pneumotórax


espontâneo.
„ Ausculta de atrito pericárdico sugere pericardite aguda.
„ Dor bem-localizada e que piora com a palpação sugere dor do sistema
musculoesquelético.
„ Dor torácica unilateral e dor pleurítica associadas à dispneia, taqui-
cardia e hipoxemia sugerem pneumotórax espontâneo.
„ Dispneia de esforço, ortopneia, edema de membros inferiores, pressão
venosa jugular elevada e estertores no exame físico são sugestivos de
insuficiência cardíaca aguda.

Dor abdominal aguda


A dor abdominal aguda pode ser definida como uma dor localizada no abdome
de origem não traumática e duração máxima de cinco dias (GANS et al., 2015).
Possui múltiplas causas e gravidades, exigindo que o profissional de saúde
reconheça os sinais de gravidade, como anormalidade em sinais vitais, febre,
vômito, hipotensão, constipação, tontura, síncope, alteração no nível de
consciência, ausência de ruídos hidroaéreos, dor desproporcional no exame
físico, dor a descompressão brusca e distensão abdominal. Para avaliar o
quadro de dor abdominal, o profissional de saúde deve realizar anamnese
incluindo os seguintes questionamentos (DYNAMED, c2021a).

„ Localização da dor: quadrante superior ou inferior, direito ou esquerdo,


localizada ou difusa.
„ Características da dor: em ondas agudas e em aperto (cólica biliar ou
renal), ondas de dor persistente com vômito (obstrução intestinal), dor
em cólica que se torna estável (apendicite, isquemia mesentérica ou
obstrução intestinal estrangulante), dor aguda constante e agravada
pelo movimento (peritonite), dor dilacerante (aneurisma dissecante),
dor persistente (apendicite, pielonefrite e diverticulite).
„ Dor inédita ou recorrente: se recorrente, sugere cálculo biliar, doença
ulcerosa ou diverticulite.
„ Velocidade de instalação: se de início súbito, em fração de segundo,
sugere úlcera perfurada, cálculo renal, gestação ectópica rota, torção
ovariana ou testicular ou aneurisma roto.
„ Intensidade da dor: dores intensas sugerem cálculo renal, peritonite,
pancreatite, víscera perfurada e isquemia mesentérica.
Princípios gerais em urgências e emergências 9

„ Irradiação da dor: para púbis ou vagina, sugere dor renal; para costas,
sugere aneurisma de aorta rompida, pancreatite e úlcera perfurada;
para ombro esquerdo, sugere ruptura de baço e pancreatite; para
escápula direita, sugere vesícula biliar.
„ O que alivia a dor: deitar de forma imóvel é sugestivo de peritonite;
melhoria com antiácido sugere úlcera péptica.
„ Sintomas associados: vômitos e diarreia sugerem gastroenterite; au-
sência de evacuação e flatos sugere obstrução intestinal aguda.

Sintomas neurológicos
O acidente vascular cerebral (AVC) está entre as principais causas de morte
e incapacidade no mundo. Desses eventos, 85% são isquêmicos, e a artéria
cerebral média é a mais acometida (KOTTAPALLY; JOSEPHSON, 2016). Cabe ao
profissional reconhecer os sinais mais comuns de AVC, como hemiparesia
contralateral (normalmente mais intensa em face e membro superior do
que em inferior), hemianestesia, fala disártrica, afasia ou apraxia. Havendo
suspeita de AVC, o paciente deve receber suporte básico imediato e ser
encaminhado o mais rápido possível para um serviço de referência, porque
quanto maior for o tempo sem tratamento maior será o risco de vida ou de
sequelas motoras e psíquicas.
As crises convulsivas manifestam-se por alteração da consciência e ati-
vidade motora involuntária, ocorrendo por descargas elétricas rápidas e
repetitivas de um grupo de neurônios ou do cérebro como um todo (MELO;
SILVA, 2011). O tipo mais grave é chamado status epilepticus, caracterizado
por uma convulsão contínua de mais de cinco minutos, ou convulsões re-
correntes em que o paciente não recupera a consciência entre as crises
(KOTTAPALLY; JOSEPHSON, 2016). Tal quadro é especialmente grave pelo poten-
cial de comprometer a oxigenação cerebral, levando a sequelas permanentes
ou à parada cardiorrespiratória. Porém, mesmo crises convulsivas parciais/
focais (que resultam em manifestações em parte do corpo, mas não em todo
o corpo e podem ou não alterar a consciência) e crises generalizadas (que se
manifestam em todo o corpo e sempre afetam a consciência) representam
emergências, sendo necessários assistência imediata e encaminhamento
para um serviço de referência, onde são investigadas as causas e instituído
o tratamento (MELO; SILVA, 2011).
10 Princípios gerais em urgências e emergências

Uma queixa neurológica comum e que pode representar urgência ou


emergência é a cefaleia. Como existem múltiplas causas de cefaleia, cabe
ao profissional de saúde conhecer os sinais e sintomas classificados como
sinais de alerta, que indicam ocorrência de cefaleia secundária, que pode ser
causada por hipertensão intracraniana, hemorragia intracraniana ou infecções.
Veja a seguir quais são esses sinais de alerta (DO et al., 2019).

„ Sintomas sistêmicos (febre ou perda de peso): sugerem infecção ou


distúrbio intracraniano não vascular, carcinoide ou feocromocitoma.
„ Histórico de neoplasia: considere a possibilidade de neoplasia cerebral
ou metástase.
„ Sintomas neurológicos (confusão, atenção ou consciência prejudicada)
e sintomas focais: considere dores de cabeça atribuíveis a doenças
intracranianas vasculares ou não vasculares, abscesso cerebral ou
outras infecções.
„ Início súbito, abrupto ou em fração de segundo: considere hemor-
ragia subaracnoide e outras dores de cabeça atribuíveis a doenças
vasculares.
„ Idade mais avançada no início (> 50 anos).
„ Mudança de padrão ou início recente de dor de cabeça: considere
neoplasias, dores de cabeça atribuíveis a distúrbios intracranianos
vasculares ou não vasculares.
„ Cefaleia posicional: considere hipertensão intracraniana ou hipotensão.
„ Cefaleia precipitada por espirros, tosse ou exercício: considere mal-
formações da fossa posterior ou malformação de Chiari.
„ Papiledema: considere neoplasias e outras doenças intracranianas
não vasculares.
„ Cefaleia progressiva e apresentações atípicas: considere as neoplasias
e outras doenças intracranianas não vasculares.
„ Cefaleia na gravidez ou no puerpério: considere dores de cabeça atri-
buíveis a distúrbios vasculares cranianos ou cervicais, dor de cabeça
de punção pós-dural, distúrbios relacionados à hipertensão (como
pré-eclâmpsia), trombose do seio cerebral, hipotireoidismo, anemia
ou diabetes.
„ Olho dolorido com características autonômicas: considere a patologia
na fossa posterior, região pituitária ou seio cavernoso, síndrome de
Tolosa-Hunt ou causas oftálmicas.
Princípios gerais em urgências e emergências 11

O atendimento à demanda espontânea e, em especial, às urgências


e emergências, envolve ações que devem ser realizadas em todos os
pontos de atenção à saúde, entre eles, os serviços de atenção básica. Confira
no Caderno de Atenção Básica nº. 28, “Acolhimento à demanda espontânea:
queixas mais comuns na Atenção Básica”, do Ministério da Saúde, para conhecer
mais sobre as boas práticas de atenção nesse contexto e as condutas frente a
diferentes condições clínicas.

Classificação de risco de urgências e


emergências
A classificação de risco pode ser realizada por enfermeiros, de acordo com
critérios preestabelecidos com a equipe multiprofissional ou de protocolos
institucionais. Ela não tem como objetivo definir quem vai ser atendido ou
não (pois todos têm direto a atendimento), mas definir a prioridade dos aten-
dimentos afim de evitar o sofrimento do paciente e diminuir o risco de morte.
A literatura aponta alguns modelos de avaliação de risco no contexto
das urgências e emergências. Essa linguagem padronizada permite uma
melhor comunicação entre os profissionais e serviços de saúde, assim como
a ampliação e a qualificação do acesso humanizado e integral aos usuários
em situação de urgência e emergência. Visa, além disso, a atenuar riscos de
danos oriundos das desigualdades de atendimento de saúde tradicionalmente
orientadas pela ordem de chegada.
Sacoman et al. (2019) afirmam que o processo de classificação de risco
estruturado permite que os indivíduos em adoecimento grave possam re-
ceber atenção de forma prioritária, além de reduzir risco de agravamento,
aumentando a satisfação do usuário e dos profissionais de saúde, além de
racionalizar os recursos.
Segundo Mendes (2011), os seguintes modelos de triagem são os mais
utilizados em redes de serviços ao redor do mundo.

„ Australasian Triage Scale (ATS): modelo australiano, que utiliza tempos


de espera de acordo com a gravidade.
„ Emergency Severity Index (ESI): modelo americano, que trabalha com
um único algoritmo e tem um maior foco na necessidade de recursos
para o atendimento.
12 Princípios gerais em urgências e emergências

„ Model Andorrà del Triage (MAT): modelo de Andorra, que se baseia


em sintomas, discriminantes e algoritmos, sendo seu uso complexo
e demorado.
„ Manchester Triage System (MTS): modelo de Manchester, adotado em
vários países europeus e no Brasil, que opera com algoritmos e deter-
minantes, associados a tempos de espera. O grau de gravidade nesse
sistema é simbolizados por cores.

O Sistema de Classificação de Risco de Manchester foi criado para permitir


aos profissionais médico e enfermeiro a habilidade de atribuir rapidamente a
prioridade clínica do doente em situação aguda. Foi implantado inicialmente
em 1997, sendo um protocolo baseado em categorias de sinais e sintomas que
contém 52 fluxogramas selecionados com a coleta de dados iniciais de sinais
e sintomas do paciente. Nesse protocolo, o paciente é classificado em uma
das cinco prioridades, identificadas por número, nome, cor e tempo-alvo para
a observação médica inicial, como demonstrado na Figura 1.

EMERGENTE – Requer atendimento imediato.

1 - Vermelho

MUITO URGENTE – Necessário atendimento em


10 minutos.
2 - Laranja

URGENTE – Atendimento em até 1 hora.

3 - Amarelo

POUCO URGENTE – Atendimento em até


2 horas.
4 - Verde

NÃO URGENTE – Atendimento em até 4 horas.

5 - Azul

Figura 1. Sistema Manchester de classificação de risco.


Fonte: Oliveira, Araújo e Garcia (2018, documento on-line).
Princípios gerais em urgências e emergências 13

Segundo a Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS


(BRASIL, 2009), além de organizar a fila de espera e propor uma ordem de
atendimento diferente da ordem de chegada, a classificação de risco também
garante o atendimento imediato do paciente com grau de risco elevado.
Ademais, informa o usuário sobre sua condição real de saúde, diminuindo a
sensação de apreensão e angústia, promove trabalho em equipe por meio
da avaliação contínua do processo, oferta melhores condições de trabalho
para os profissionais, pela discussão da ambiência em saúde e cuidado ho-
rizontalizado, aumenta a satisfação dos usuários e possibilita a pactuação
de redes internas e externas de atendimento.
O método de classificação de riscos promove a tomada de decisão ba-
seada em fundamentação científica, garantindo segurança dos usuários
dos sistemas de saúde e dos profissionais ali atuantes, além de garantir
critérios uniformes ao longo do tempo e com diferentes equipes de saúde.
Contudo, segundo Souza (2017), a classificação de risco, por si só, não garante
a gestão adequada dos tempos de espera para atendimento. É necessário
que os serviços estejam organizados em fluxos assistenciais que garantam
a continuidade do atendimento no serviço de urgência e que os enfermeiros
estejam devidamente capacitados para desempenhar tal função. Além disso,
o atendimento seguro ao paciente em unidades de urgência e emergência
é influenciado por diferentes fatores, como a necessidade de o enfermeiro
utilizar corretamente o protocolo direcionador da classificação de risco e a
confiabilidade do protocolo direcionador.
A fim de otimizar o uso e a qualidade do Protocolo de Manchester, o Grupo
Brasileiro de Classificação de Risco tem como missão promover, divulgar,
formar, implementar, manter, auditar e garantir controle médico do Protocolo
de Manchester no Brasil, e os enfermeiros são fundamentais em todo esse
processo. Enfermeiros são profissionais decisivos para o alcance central do
acolhimento com classificação de risco, executando com excelência o reco-
nhecimento precoce dos riscos clínicos nas entradas dos serviços de urgência
e emergências. Sua atuação, segundo Lacerda et al. (2019, p. 1573), exige:

[…] além de conhecimentos técnicos-científicos, o desenvolvimento do senso crí-


tico para avaliação do estado dos usuários, que inclui acesso aos conhecimentos
adquiridos, capacidade de cada profissional realizar relações e uma espécie de
capacidade metacognitiva, bem como conhecimento de suas possibilidades e
limites frente ao protocolo.
14 Princípios gerais em urgências e emergências

Portanto, a missão do acolhimento com classificação de risco, além de


determinar a prioridade de atendimento e a hierarquização conforme a gra-
vidade do paciente, promove humanização e escuta qualificada. É importante
que haja também uma sistematização da assistência para assegurar maior
eficácia da terapêutica e da continuidade do cuidado. O Protocolo de Aco-
lhimento com Classificação de Risco do Sistema Único de Saúde (SUS) dos
hospitais municipais de São Luís/MA sugere um fluxo de coleta de dados do
protocolo que inicie com queixa principal (contendo início, evolução e tempo
de doença), estado físico do paciente, escala de dor e de Glasgow, classifi-
cação de gravidade, mediações em uso, doenças preexistentes, alergias e
vícios. Deve finalizar com dados da análise dos sinais vitais (pressão arterial,
frequência cardíaca, frequência respiratória, temperatura e saturação de
oxigênio) (SÃO LUÍS, [2021]).
Segundo a Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS
(BRASIL, 2009), o protocolo deve ser apropriado por toda a equipe que atua na
urgência, como enfermeiros, técnicos de enfermagem, médicos, psicólogos,
assistentes sociais e funcionários administrativos, explicitando com clareza
qual encaminhamento deve ser dado uma vez que o risco é classificado.
Contudo, para que haja melhorias e correções de possíveis lacunas, são
necessários o acompanhamento, o monitoramento e a avaliação sistemática
das ações por uma equipe de gestão interna da instituição de saúde.
Como vimos, os serviços de urgência e emergência podem ser considerados
instituições de saúde com demandas complexas e, muitas vezes, maiores
do que sua capacidade de absorção. Por isso, a classificação de risco surge
como uma possibilidade de organização na rede de urgências e emergências
e a plena efetivação do princípio da equidade do sistema único de saúde.

Maria, mulher de 37 anos, chega ao serviço de urgência e emergên-


cia ao mesmo tempo que Joana, uma senhora de 92 anos. Ambas
procuram o serviço médico com demandas diferentes de saúde. Maria está
apresentando um quadro de dispneia intensa, dor torácica que irradia para os
braços e uma forte dor de estômago. Joana tem a queixa de dispneia e cansaço
aos grandes esforços e tosse seca há duas semanas. Graças à classificação de
risco, Maria, independentemente de ser mais jovem que Joana, passará por
atendimento médico de maneira prioritária. Por mais que Joana seja muito mais
velha e também apresente alguns sintomas preocupantes de saúde, seu quadro
perante a classificação de risco apresenta prioridade inferior ao quadro de Maria.
Princípios gerais em urgências e emergências 15

Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Acolhimento e classificação de risco nos serviços de
urgência. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2009. (Série B. Textos Básicos de Saúde).
Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/acolhimento_classifi-
caao_risco_servico_urgencia.pdf. Acesso em: 15 mar. 2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. HumanizaSUS: acolhimento com avaliação e classificação
de risco: um paradigma ético-estético no fazer em saúde. Brasília, DF: Ministério da
Saúde, 2004. (Série B. Textos Básicos de Saúde). Disponível em: https://bvsms.saude.
gov.br/bvs/publicacoes/acolhimento.pdf. Acesso em: 15 mar. 2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.600, de 7 de julho de 2011. Brasília, DF:
Ministério da Saúde, 2011. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/
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BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.048, de 5 de novembro de 2002. Brasília, DF:
Ministério da Saúde, 2002. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/
gm/2002/prt2048_05_11_2002.html. Acesso em: 15 mar. 2021.
COFEN. Resolução COFEN Nº 661/2021. Brasília, DF: COFEN, 2021. Disponível em: http://
www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-661-2021_85839.html. Acesso em: 15 mar. 2021.
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MOTTA, M. V.; MENA, H.; PIACSEK, G. Urgência e emergência: os conceitos frente às
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16 Princípios gerais em urgências e emergências

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Prefeitura, 2008. Disponível em: http://www.pbh.gov.br/smsa/biblioteca/protocolos/
AcolhimentoClassificacaodeRiscodasUpasdeBH.pdf. Acesso em: 15 mar. 2021.
SÃO LUÍS. Protocolo de acolhimento com classificação de risco: Política Municipal de
Humanização – PMH. São Luís: Prefeitura, [2021]. Disponível em: http://bvsms.saude.
gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_acolhimento_classificacao_risco.pdf. Acesso em:
15 mar. 2021.
SOUZA, C. C. Atuação do enfermeiro na classificação de risco em serviços de urgência
e emergência e a segurança do paciente. Revista de Enfermagem do Centro-Oeste
Mineiro, v. 7, p. 1-2, 2017. Disponível em: http://www.seer.ufsj.edu.br/index.php/recom/
article/view/2552. Acesso em: 15 mar. 2021.
TEIXEIRA, J. C. G. Dor torácica: abordagem na unidade de emergência. In: TEIXEIRA,
J. C. G. Unidade de emergência: condutas em medicina de urgência. 3. ed. São Paulo:
Atheneu, 2013. p. 7-19.

Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos


testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da
publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas
páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores
declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou
integralidade das informações referidas em tais links.
DICA DO PROFESSOR

Observe no vídeo os principais protocolos de classificação de risco em urgência e emergência.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) Define-se por choque séptico aquele que:

A) Se caracteriza pela diminuição da volemia por hemorragia, diarreia e/ou trauma.

B) Se caracteriza pela queda abrupta do débito cardíaco, com consequente piora da perfusão
tecidual.

C) Se caracteriza pelo estado hiperdinâmico, apresentando fase inicial de vasodilatação


periférica e extremidades quentes, seguida de vasoconstrição periférica.

D) Se caracteriza pela vasoplegia com perda do controle vasomotor.

E) Pode ocorrer pela pré-existência de arritmias cardíacas.

2) Observe os sintomas descritos em um atendimento de urgência:

Indivíduo jovem, com dificuldades respiratórias, não fumante, com história pessoal
de transplante de medula óssea. Essa apresentação de sintomas é sugestiva de:

A) Asma.
B) Insuficiência cardíaca congestiva (ICC).

C) Bronquiolite obliterante.

D) Tuberculose.

E) Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).

3) A fibrilação atrial é um tipo de arritmia supraventricular com despolarização rápida


e caótica, fazendo com que os átrios percam a capacidade de controle da sístole atrial.
Conforme a evolução clínica, a etiologia e os mecanismos fisiopatológicos, podemos
classificar a fibrilação atrial de várias formas. Aquela fibrilação em que o episódio
cessa espontaneamente em um prazo de 48h é classificada como:

A) Fibrilação atrial de novo diagnóstico.

B) Fibrilação atrial paroxística.

C) Fibrilação atrial persistente.

D) Fibrilação atrial persistente de longa duração.

E) Fibrilação atrial permanente.

4) São características do choque hipovolêmico de classe III:

A) Frequência cardíaca > 100bpm; sem alterações de pressão arterial; Frequência respiratória
de 20 a 30 irpm.

B) Frequência cardíaca > 100bpm; sem alterações de pressão arterial; débito urinário de 20-30
mL/h.

C) Frequência cardíaca < 100bpm; sem alterações de pressão arterial; Frequência respiratória
< 20 irpm.

D) Frequência cardíaca > 140bpm; hipotensão arterial; débito urinário desprezível.

E) Frequência cardíaca > 120bpm; hipotensão arterial; frequência respiratória de 30 a 40


irpm.

5) As escalas de classificação de risco apresentam maneiras singulares para a


classificação dos pacientes. Dentre essas escalas, duas apresentam a classificação de
risco dividas em cinco níveis de prioridade e estabelecendo, para cada um desses,
uma e um tempo máximo de espera pelo atendimento. Das principais escalas, quais
apresentam essas características?

A) Escala de Triagem Australiana (AUSTRALASIAN TRIAGE SCALE -ATS) e Escala de


Triagem Canadense (CANADIAN TRIAGE ACUITY SCALE -CTAS).

B) Escala de Triagem Canadense (CANADIAN TRIAGE ACUITY SCALE -CTAS) e Índice de


Gravidade de Emergência (EMERGENCY SEVERITY INDEX -ESI).

C) Índice de Gravidade de Emergência (EMERGENCY SEVERITY INDEX -ESI) e Sistema de


Triagem de Manchester (MANCHESTER TRIAGE SYSTEM (MTS).

D) Sistema de Triagem de Manchester (MANCHESTER TRIAGE SYSTEM (MTS) e Escala de


Triagem Canadense (CANADIAN TRIAGE ACUITY SCALE -CTAS).

E) Protocolo do Sistema Único de Saúde (SUS) e Escala de Triagem Australiana


(AUSTRALASIAN TRIAGE SCALE -ATS).
NA PRÁTICA

Acompanhe o diagnóstico de uma doença caracterizada como atendimento de urgência.

A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é caracterizada pela obstrução crônica do fluxo
aéreo e não é totalmente reversível. A exacerbação da DPOC é um evento agudo, com piora dos
sintomas respiratórios, normalmente necessitando atendimento de urgência.

Por se tratar de uma doença respiratória, é importantíssimo estar atento à apresentação da


sintomatologia do paciente, para que se possa realizar uma efetiva avaliação com diagnóstico
diferencial de outras doenças pulmonares, como: asma, insuficiência cardíaca congestiva,
bronquiectasia, tuberculose, bronquiolite obliterante e panbronquiolite difusa.

SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Diferenças entre urgência e emergência. Diferenças entre pronto socorro e pronto


atendimento

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Uma visão assistencial da urgência e emergência no sistema de saúde

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Crise hipertensiva: definição, epidemiologia e abordagem diagnóstica

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Sistematização da assistência de enfermagem em serviços de urgência e emergência:


viabilidade de implantação

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

AT/UE - Atualização Terapêutica de Felício Cintra do Prado, Jairo de Almeida Ramos,


José Ribeiro do Valle - Urgências e Emergências
Etapas Básicas nos Primeiros Socorros

APRESENTAÇÃO

Acidentes causam vítimas todos os dias, que podem apresentar diferentes gravidades e
necessidades de atendimento. Porém, em todos os casos, é sempre importante aplicar
procedimentos corretos de primeiros socorros. Os primeiros socorros são de suma importância
em situações graves, podendo fazer a diferença entre a vida e a morte da pessoa acidentada. Esse
atendimento deve ser feito no local do acidente, com o objetivo de manter a vítima viva para
receber o atendimento médico especializado. Primeiros socorros podem e devem ser de
conhecimento não apenas de profissionais de saúde, mas de toda a sociedade.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai identificar os princípios básicos do atendimento em


primeiros socorros, aprender a avaliar corretamente um local de acidente e conhecer os
procedimentos a serem aplicados com a pessoa que sofreu um acidente.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar as etapas básicas aplicadas aos primeiros socorros.


• Analisar as características do local onde ocorreu o acidente.
• Descrever ações de cuidados e proteção com a pessoa que sofreu o acidente.

DESAFIO

Os acidentes representam 80% das internações (RIBEIRO; SOUZA; BAHIA, 2016). Por esse
motivo, conhecer procedimentos de primeiros socorros é de extrema importância para todas as
pessoas, uma vez que esse conhecimento pode salvar muitas vidas. Avaliar o local do acidente é
a primeira coisa que deve ser feita, com o intuito de manter a segurança do socorrista e verificar
possíveis riscos à vítima.

Sabendo disso, imagine que você presenciou o acidente da imagem a seguir e deve observar
alguns aspectos para prestar os primeiros socorros e acionar o serviço de urgência.
A partir dessa cena, realize a avaliação do local do acidente seguindo os passos:

a) Segurança.

b) História do trauma.

c) Número de vítimas.

d) Bioproteção.

e) Apoio.

INFOGRÁFICO

O atendimento de Urgência e Emergência deve ser feito com a maior velocidade possível, uma
vez que, nesses casos, o tempo de espera pode ser determinante. Pensando nesse fator, o
Protocolo P.A.S foi criado, buscando nortear o atendimento da maneira mais eficiente possível.

No Infográfico, você irá aprofundar seus conhecimentos sobre esse protocolo de atendimento.
CONTEÚDO DO LIVRO

Os primeiros socorros podem e devem ser de conhecimento não apenas de profissionais de


saúde, mas de toda a sociedade. Esse tipo de atendimento é de suma importância em situações
graves, tendo o poder de salvar uma vida.

No capítulo Etapas básicas nos primeiros socorros, da obra Primeiros socorros, você vai
identificar os princípios básicos do atendimento em primeiros socorros, saber como avaliar
corretamente um local de acidente e conhecer os procedimentos a serem aplicados na pessoa que
sofreu um acidente.

Boa leitura!
PRIMEIROS
SOCORROS

Beatriz Paulo Biedrzycki


Etapas básicas nos
primeiros socorros
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Identificar as etapas básicas aplicadas aos primeiros socorros.


„ Analisar as características do local onde ocorreu o acidente.
„ Descrever ações de cuidados e proteção com a pessoa que sofreu
o acidente.

Introdução
Acidentes são a maior causa de internações em hospitais, causando
vítimas diariamente. Esses acidentes podem ter diferentes gravidades,
podendo não causar nenhuma lesão à vítima ou evoluir a óbito. Por isso,
saber reconhecer a gravidade de um acidente e do estado de saúde da
pessoa acidentada é muito importante.
Os primeiros socorros devem ser prestados em todas as situações
de acidente, independente da complexidade, podendo ser cruciais,
principalmente em acidentes graves, onde o socorro imediato pode ser
a diferença entre a vida e a morte. Para tal, o atendimento de primeiros
socorros deve ser feito no local do acidente, com o objetivo de manter a
vítima do acidente ou agravo de saúde viva para receber o atendimento
médico especializado. Esse tipo de atendimento pode e deve ser de
conhecimento não apenas de profissionais de saúde, mas de toda a
sociedade.
Neste capítulo, você vai identificar os princípios básicos do atendi-
mento em primeiros socorros, bem como aprender a avaliar corretamente
um local de acidente e apontar os procedimentos a serem aplicados à
pessoa que sofreu um acidente.
2 Etapas básicas nos primeiros socorros

Causas dos acidentes


No Brasil, de 2010 a 2015, os acidentes representaram 80% das internações
realizadas no Sistema Único de Saúde (SUS). Desses acidentes, as quedas repre-
sentam 45% das hospitalizações, e os acidentes de transporte, 22% (RIBEIRO;
SOUZA; BAHIA, 2016). As quedas são a sexta maior causa de mortalidade
entre idosos, sendo que 70% dos idosos acometidos por elas evoluem ao óbito
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA, 2008).
Já os acidentes de transporte são a nona maior causa de morte, responsáveis
por acometer 3 mil pessoas por dia em todo o mundo (WHO, 2009).
Tais acidentes e mortes podem ser entendidos como evitáveis, uma vez que
são causados por causas externas que podem ser evitadas através de campanhas
de conscientização. Além de afetar predominantemente os jovens, adultos e
idosos, também incidem sobre as faixas etárias de crianças e adolescentes.
Segundo o dicionário Michaelis da Língua Portuguesa, a palavra “acidente”
significa aquilo que é casual, fortuito e imprevisto. Um acontecimento que
envolve dano, estrago, sofrimento ou morte, desastre, desgraça. Quando
analisamos apenas esse significado da palavra acidente, fica fácil imaginar
que os acidentes não podem ser evitados, o que é um grande equívoco! O
acidente possui causa, origem e determinantes epidemiológicos como qualquer
outra doença e, em consequência, pode ser evitado e controlado. Quando sua
importância é reconhecida, os programas específicos voltados para a segu-
rança, e não direcionados para o tratamento das lesões, como, por exemplo,
treinamentos em primeiros socorros, atingirão os alvos corretos na cadeia das
causas dos acidentes (FRANÇOSO; MALVESTIO, 2007).
Todo acidente possui fases (antes, durante ou depois do acidente). Esse
acidente é sofrido por uma ou mais pessoas, que podem ser chamadas de
sujeitos. No caso dos acidentes, o agente é o causador, o que fez com que
esse acidente ocorresse. E acidentes acontecem sempre em algum lugar,
ou seja, estão sempre inseridos em um contexto físico e/ou geográfico e
socioambiental, que envolve hábitos e costumes; sendo essas as dimensões
epidemiológicas dos acidentes. Observe o Quadro 1.
Etapas básicas nos primeiros socorros 3

Quadro 1. Dimensão epidemiológica dos acidentes

Ambiente Ambiente
Fases Sujeito Agente
físico socioeconômico

Pré-acidente Campanhas Reduzir a Separar Modificações


de quantidade o agente ambientais
prevenção da vítima

Acidente Estabilizar Inibir a causa Afastar Disponibilidade


e reparar outros de barreiras ou
agentes proteções

Pós- Reabilitar Centros de Suporte e


acidente trauma treinamento de
atendimento de
emergência

Fonte: Adaptado de Françoso e Malvestio (2007).

Todo acidente é causado por um agente externo, acompanhado de um


desequilíbrio que ocorre entre o indivíduo e o seu ambiente, o que permite que
certa quantidade de energia seja transferida do ambiente para o indivíduo, o
que gera um dano. A energia transferida pode ser mecânica (quedas e tromba-
das), térmica (queimaduras), elétrica (choques) ou química (envenenamentos).
Entender esses fatores nos auxilia em compreender como esses fenômenos
ocorrem (FRANÇOSO; MALVESTIO, 2007).
Agora que você já sabe como os acidentes se constituem, podemos passar
para a próxima etapa, que é o atendimento ao sujeito acidentado, também
compreendido como primeiros socorros.

Primeiros socorros: princípios básicos


O tema primeiros socorros é, atualmente, considerado de grande relevância,
tendo em vista que muitos agravos à saúde acontecem diariamente no trânsito,
nos domicílios, no ambiente de trabalho, nas escolas e em diversos lugares
(VARELLA; JARDIN, 2011), podendo ter diferentes gravidades e diferentes
necessidades de atendimento.
Em 1979, o termo primeiros socorros era definido como o tratamento
imediato e provisório dado em caso de acidente ou enfermidade imprevista,
geralmente prestado no local do acidente e, com exceção de certos casos leves,
4 Etapas básicas nos primeiros socorros

até que a pessoa que realiza o atendimento possa pôr o sujeito a cargo de um
médico para o tratamento definitivo (HAMMERLY, 1979).
Curiosamente, mesmo tendo-se passado 40 anos desde que esse conceito
foi concebido, ele ainda é bastante atual, parecendo-se muito com o conceito
apresentado por Brasil (2003, documento on-line):

Podemos definir primeiros socorros como sendo os cuidados imediatos que


devem ser prestados rapidamente a uma pessoa, vítima de acidentes ou de mal
súbito, cujo estado físico põe em perigo a sua vida, com o fim de manter as
funções vitais e evitar o agravamento de suas condições, aplicando medidas
e procedimentos até a chegada de assistência qualificada.

Mesmo que algumas técnicas e nomenclaturas tenham mudado ao longo


do tempo, é unanime, tanto nos manuais de 1979 quanto nos mais modernos,
que dar um atendimento adequado à vítima de qualquer acidente o mais breve
possível aumenta suas chances de recuperação da saúde, podendo, por vezes,
ser de suma importância para salvar uma vida.
Cabe ressaltar que os primeiros socorros podem e devem ser de conheci-
mento não apenas dos profissionais da área da saúde, mas da sociedade como
um todo. Mas, apesar de sua importância, no Brasil o ensino de primeiros
socorros tem sido pouco divulgado, preponderando o desconhecimento sobre o
tema nos diversos segmentos da sociedade (VERONESE et al., 2010). Mesmo
com estudos que apontam o despreparo dos professores de educação física
quanto a essa temática, o ensino de procedimentos de primeiros socorros parece
ser a melhor maneira de reverter o quadro (ESTEVES et al., 2015). Outros
estudos mostram que incorporar os conhecimentos de primeiros socorros entre
os estudantes auxilia na redução de acidentes nas escolas (FIORUC et al., 2017).

Quando realizar um atendimento de primeiros socorros, é importante guiar-se pelo


sistema P.A.S., em que as três letras norteiam o atendimento de urgência. Observe a
seguir:
„ Prevenir: afastar o perigo do acidentado ou o acidentado do perigo.
„ Alertar: contatar diretamente o atendimento emergencial informando dados e
características do acidente.
„ Socorrer: após avaliações.
Etapas básicas nos primeiros socorros 5

Para que tal atendimento seja prestado com excelência, é importante ob-
servar alguns passos para um atendimento de primeiros socorros de qualidade
(BRASIL, 2003):

„ Manter a calma: a pessoa que sofreu o acidente, ou teve um agravo


súbito de saúde, já está nervosa o suficiente, sendo imprescindível que
a pessoa que irá prestar atendimento mantenha a tranquilidade.
„ Ligar para o serviço de emergência: é necessário ter ciência de que o
atendimento de primeiros socorros é para manter a vítima do acidente
viva até que chegue o socorro médico especializado; logo, é primor-
dial que o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU) seja
acionado imediatamente pelo número 192.
„ Manter o acidentado vivo até a chegada do serviço de urgência: o ob-
jetivo do atendimento de primeiros socorros é permitir que a vítima esteja
viva quando o SAMU chegar para prestar o atendimento especializado.
„ Aplicar os procedimentos de primeiros socorros com segurança:
é importante que a pessoa que está prestando atendimento realize os
procedimentos de primeiros socorros que tem conhecimento e segurança
para realizar, com a certeza de que não irá colocar em risco a sua vida
nem a do acidentado.
„ Não remova a vítima do local do acidente: não é recomendado que se
manuseie ou remova a vítima do local do acidente, pois pode-se causar
uma lesão também conhecida como segundo trauma e agravar ainda
mais o estado de saúde da vítima do acidente.
„ Não medicar o acidentado: não é recomendado que se medique a pessoa
que sofreu o acidente, uma vez que não se sabe o histórico de saúde
desse sujeito, nem todos os efeitos que um determinado medicamento
pode ter em determinada situação. Deixe que o serviço especializado
ministre a medicação adequada ao caso.

O termo segundo trauma refere-se a quando, durante uma remoção inadequada da


vítima do acidente, acaba-se, por fim, a ocasionar novas lesões ou, ainda, agravar as
lesões já existentes. Por exemplo, uma lesão na coluna que, com a movimentação
equivocada, pode gerar uma lesão na medula espinhal, ocasionando um caso de
paraplegia.
6 Etapas básicas nos primeiros socorros

Após observar esses seis passos para um atendimento de primeiros socorros


adequado, é importante observar os dois princípios básicos que norteiam
esse atendimento, que são a avaliação do local do acidente e a avaliação do
acidentado, que você verá a seguir.

Primeiros socorros: local do acidente


Essa etapa é a primeira a ser feita diante de uma situação de acidente, sendo
fundamental antes de iniciar qualquer procedimento de primeiros socorros.
Essa etapa consiste em assegurar que o ambiente não forneça risco à sua
segurança, evitando, assim, que o socorrista se torne uma nova vítima, bem
como agravos a situação do acidentado.
Informar detalhes sobre o motivo do acidente, o espaço físico, o número
de vítimas, a situação das vítimas (se estão desacordadas, com sangramentos,
etc.) auxilia o SAMU a planejar o seu atendimento e/ou resgate, dependendo
da situação. Sempre que a cena do acidente oferecer riscos, a pessoa que está
prestando atendimento deve manter-se afastado do local e acionar imedia-
tamente o SAMU (192), descrevendo com detalhes a situação, para que a
Central de Atendimento de Emergência providencie o acionamento de equipes
adequadas para o resgate da(s) vítima(s) com segurança.

As palavras urgência e emergência, na Língua Portuguesa, apresentam o mesmo


significado, mas, quando levadas para o contexto biomédico e do atendimento de
primeiros socorros, elas apresentam diferenças extremamente importantes, que são
cruciais para um bom atendimento ao acidentado, podendo inclusive, ser diferencial
quando se fala em salvar vidas. Vamos a elas.
Emergência refere-se a um estado de saúde muito grave, onde corre-se real e sério
risco de vida eminente, devendo o atendimento ser imediato, tendo sempre o seu
atendimento prioritário. Já a urgência refere-se a um estado de saúde que oferece
algum risco à saúde, mas não necessita de um atendimento imediato, podendo ter
um tempo de espera para o atendimento maior, mas ainda assim, deve ser atendido
o mais breve possível (GIGLIO-JACQUEMOT, 2005).
Etapas básicas nos primeiros socorros 7

Para avaliar o local do acidente, deve-se seguir alguns passos, que são:
segurança, história do trauma, número de vítimas, bioproteção e apoio. Ob-
serve a seguir.

Segurança: é necessário assegurar-se de que a cena é segura para ser abordada,


procurando tornar o ambiente adequando para o atendimento. É imprescindível
que a pessoa que irá prestar atendimento tenha extremo cuidado primeiramente
com a sua vida e segurança, priorizando-as. É importante observar rapidamente
se existem perigos para o acidentado e para quem estiver prestando o socorro
nas proximidades da ocorrência. Por exemplo: quando há fios elétricos soltos e
desencapados é importante desligar a corrente elétrica. Em caso de acidentes
de trânsito, é importante sinalizar a área, evitando assim novos acidentes, ou
um agravo do acidente que já aconteceu (BRASIL, 2003).

História do trauma: verificar como o acidente ocorreu; seja perguntado para


o acidentado — se estiver consciente — ou para alguém que esteja próximo
— familiares ou até mesmo curiosos que estejam no local. Em caso de acome-
timentos de saúde, buscar informações sobre o histórico de saúde do sujeito.

Número de vítimas: antes de iniciar o atendimento de primeiros socorros,


é importante verificar quantas pessoas estão envolvidas na situação e qual a
gravidade que elas se encontram, iniciando o atendimento por prioridade de
gravidade, ou seja, atendendo primeiro o acidentado que estiver mais grave. É
importante também buscar entender o tipo de lesão que o sujeito foi acometido,
para, aí sim, iniciar os procedimentos de primeiros socorros.

Bioproteção: deve-se procurar maneiras de evitar a infecção por doenças


transmissíveis. É imprescindível que o socorrista se proteja contra doenças
transmissíveis devido a contato com o sangue ou à secreção da vítima, de-
vendo, se possível, utilizar-se de luvas, avental, óculos de proteção e máscara.
No caso da inexistência de tais materiais, deve-se utilizar lenços ou sacolas
plásticas ou outro material que evite o contato, lembrando de sempre realizar
a higienização das mãos ou de outras partes do corpo que tenham tido contato
com o acidentado e suas secreções (FRANÇOSO; MALVESTIO, 2007).
8 Etapas básicas nos primeiros socorros

Apoio: procurar auxílio das pessoas próximas ao local do acidente para dar o
espaço para que o socorrista realize as manobras ou para chamar o SSAMU
e controlar o trânsito (caso seja necessário). No caso de não haver pessoas
por perto, isso deve ser feito com o máximo de agilidade e tranquilidade pela
própria pessoa que presta o socorro inicial. Também, deve-se tentar manter a
calma dos demais e, se possível, isolar a área, afastando as pessoas do local
do acidente, uma vez que essa movimentação pode dificultar a prestação dos
primeiros socorros (BRASIL, 2003).

Trauma pode ser definido como a lesão caracterizada por alterações estruturais ou
desequilíbrio fisiológico causada pela exposição aguda a diferentes formas de energia:
mecânica, térmica, elétrica, química e irradiações, podendo afetar superficialmente o
corpo ou lesar estruturas nobres e profundas do organismo (FRANÇOSO; MALVESTIO,
2007).

Cabe ressaltar que se deve mexer na cena do acidente apenas o necessário


para realizar o atendimento, uma vez que, dependendo da situação, o local
pode ser alvo de perícias policiais. A análise do socorrista sobre o local do
acidente deve, principalmente, buscar preservar a sua integridade e das demais
vítimas envolvidas no acidente, bem como das pessoas que estiverem ao redor.
Para realizar a avaliação da cena corretamente, existem algumas fontes
rápidas de informação da cena que podem ser bastante úteis. Vamos a elas:

„ Observar a cena com calma e atenção, buscando entender a situação


e como ela aconteceu.
„ Conversar com a pessoa acidentada, familiares e testemunhas.
„ A posição em que a pessoa acidentada está, bem como buscar visu-
alizar alguma lesão muito aparente ou óbvia e verificar se apresenta
uma posição corporal muito incomum.
„ Observar com cuidado sinais que indiquem uma urgência no
atendimento.
„ O mecanismo do trauma, ou seja, o que gerou a lesão ou o agravo de
saúde. Ele é um indicador fundamental para avaliar lesões. Como, por
exemplo, observar o movimento que produziu a lesão (uma corrida,
Etapas básicas nos primeiros socorros 9

colisão, queda); lesões aparentes (sangramentos, cortes, inchaços); qual


parte do corpo da vítima sofreu a primeira colisão (cabeça, pé, coluna);
sinais de impacto (som da batida); em caso de queda, de qual altura
e sobre qual estrutura a vítima caiu (grama, cimento) (FRANÇOSO;
MALVESTIO, 2007).

Além de todos esses fatores listados, é necessário manter a calma. Não


somente a pessoa que está prestando o atendimento, mas também é dever do
socorrista tranquilizar o acidentado, transmitindo-lhe segurança e conforto.
Manter o acidentado calmo desempenha um papel muito importante na pres-
tação dos primeiros socorros, podendo interferir diretamente no seu estado
de saúde; que pode agravar se ele estiver com medo, ansioso ou ainda não
sentir confiança na pessoa que está prestando socorro.
Seguir estes passos de avaliação do local do acidente garante a segurança
do acidentado e do socorrista, sendo possível então passar para a próxima
etapa, que é a avaliação da pessoa acidentada, que também é de grande
importância para uma boa aplicação dos procedimentos de primeiros socorros,
não devendo nunca ser esquecida. É uma etapa de enorme importância, da
qual falaremos mais a seguir.

Primeiros socorros: avaliação da pessoa


acidentada
Avaliar a vítima de um acidente ou agravo de saúde é um procedimento rápido
que auxilia na identificação dos riscos à vida e ajuda os socorristas a tomar
decisões sobre cuidados urgentes mais adequados. Para realizar tal avaliação, é
importante, segundo o Protocolo de Suporte Básico de Vida (BRASIL, 2014):

„ Avaliar a responsividade (chamar a vítima) e expansão torácica:


deve-se chamar a pessoa pelo nome (se for informado) ou usando pro-
nomes de tratamento, podendo bater de leve em seus ombros, com voz
clara e firme repetindo esse processo por três vezes, e esperar se ela
irá responder a esse estímulo. Também é importante avaliar se existe
o movimento do tórax subindo e descendo, que indica que há entrada
e saída de ar que caracteriza a respiração. É importante verificar a
velocidade em que esse movimento está acontecendo.
10 Etapas básicas nos primeiros socorros

„ Avaliar o estado circulatório: verificar se a vítima apresenta sangra-


mentos e/ ou hematomas, se a sua pulsação está com frequência e ritmos
adequados e também a temperatura e coloração da pele.

Após essa avaliação inicial, Françoso e Malvestio (2007), no Manual de


prevenção de Acidentes e Primeiros Socorros nas escolas, propõem que a
avaliação da vítima de trauma deve seguir a abordagem ABCDE, que envolve
as seguintes etapas:

A abordagem ABCDE tem essa sigla pois as suas etapas foram desenvolvidas nos
Estados Unidos e sigla corresponde a palavras na língua inglesa:
A: airway (via aérea).
B: breathing (respiração).
C: circulation (circulação).
D: disability (incapacidade).
E: exposure (exposição).

A: estabilizar manualmente a coluna cervical avaliar a


consciência e realizar a abertura das vias aéreas

Estabilização manual da coluna cervical: para realizar esta manobra é


necessária a presença de uma segunda pessoa, além daquela que irá prestar
os primeiros socorros. Dessa forma, o segundo socorrista deverá permanecer
próximo da cabeça da vítima e posicionar suas mãos nas laterais da cabeça
para manter a estabilização manual da coluna cervical, procurando evitar que
a vítima realize qualquer movimentação do pescoço. Essa pessoa não deve
abandonar essa posição até o término do atendimento ou até ser substituída
por um profissional da saúde. Essa manobra deve ser feita em todas as vítimas
inconscientes (Figura 1).
Etapas básicas nos primeiros socorros 11

Figura 1. Estabilização manual da coluna cervical.


Fonte: Françoso e Malvestio (2007).

Avaliação da consciência: esta etapa consiste em verificar se a vítima está


consciente, evitando movimentá-la. Caso não haja resposta, chamar o SAMU.

Abertura das vias aéreas: é feita de maneira diferente quando a vítima está
consciente e inconsciente.

„ Vítima consciente: quando a vítima está consciente, ou seja, falando


e respondendo a estímulos, ela necessariamente está respirando. É
importante verificar se há sinais de vômito, secreções ou até mesmos
objetos, insetos, ou qualquer outra forma de corpo estranho na cavidade
oral ou nasal. Caso haja presença de algum desses, devem ser removidos
para que não obstruam as vias aéreas.
„ Vítima inconsciente: quando uma pessoa está inconsciente, ela perde
o tônus muscular, ou seja, toda a sua musculatura está relaxada, o que
pode causar a obstrução de vias aéreas, inclusive pela própria língua. A
cavidade oral deve ser inspecionada, observando a presença de vômitos
ou outras secreções e de corpos estranhos. Para tal deve-se:
■ Colocar uma das mãos na testa da vítima e os dedos indicador e médio
da outra mão perto da ponta do queixo, empurrando levemente a
mandíbula para cima e para fora, inclinando a cabeça levemente para
trás. Este movimento deve ser feito de maneira lenta e cuidadosa,
evitando movimentos bruscos.
■ O pescoço é ligeiramente estendido.
12 Etapas básicas nos primeiros socorros

■ Ter cuidado para não fechar a boca ou pressionar a parte que fica
abaixo do queixo, pois isso pode obstruir as vias aéreas.
■ Se um corpo estranho, vômito ou outras secreções estiverem visíveis
na cavidade oral, devem ser cuidadosamente removidos.

Figura 2. Manobra de inclinação da cabeça e elevação do queixo.


Fonte: Françoso e Malvestio (2007).

B: verificar a respiração

Esta etapa consiste em observar se a vítima está respirando. Para isso, a análise
deve ser feita durante 10 segundos. Deve-se aproximar bem a orelha do rosto
da vítima de maneira que o olhar fique na direção do seu tórax e executar
a técnica de ver, ouvir e sentir, da seguinte forma: ver se há movimento do
tórax e do abdômen; ouvir se existe ruído do ar entrando e saindo pela boa
ou nariz e sentir o ar saindo da boca ou nariz.

C: circulação

Consiste em verificar se há circulação sanguínea através dos batimentos


cardíacos, que podem ser verificados através da pulsação na região do pulso
e do pescoço. Sangramentos devem ser controlados através de compressões,
utilizando-se gases, ataduras ou panos limpos.
Etapas básicas nos primeiros socorros 13

D: avaliar disfunções neurológicas

As funções neurológicas indicam se a vítima do acidente permanece com


o seu cérebro funcionando perfeitamente, sem nenhuma lesão. Para tal, é
recomendado tocar na mão da vítima, chamando-a pelo nome, e pedindo
para ela movimentar as extremidades do corpo. Dependendo do que a vítima
apresentar, ela pode ser enquadrada em uma das classificações da escala
AVDN. Vamos a ela:

„ A — A vítima do acidente encontra-se alerta.


„ V — A vítima do acidente responde a estímulos verbais.
„ D — A vítima do acidente responde a dor.
„ N — A vítima do acidente não responde.

E: Exposição e controle do ambiente

É importante, mesmo quando a pessoa vítima do acidente está desacordada,


evitar expô-la a situações constrangedoras e vexatórias. Por esse motivo, deve-
-se realizar a exposição do corpo da mesma somente quando for indispensável
para identificar lesões e fazer compressões em cortes somente nas partes e
situações que forem extremamente indispensáveis. Em casos de lesões, é
comum que a temperatura corporal caia, então, se possível, é interessante
cobrir a vítima – o que, além de manter a sua temperatura corporal, também
a protege de olhares curiosos – e mantê-la protegida da chuva e sol direto.

Acesse o link a seguir e veja este vídeo sobre a Abordagem ABCDE explicada pelo
especialista em primeiros socorros Maicon Rodrigo.

https://qrgo.page.link/qfQMD
14 Etapas básicas nos primeiros socorros

Outro fator importante é não movimentar a vítima ou deslocá-la sem o uso


de técnicas e materiais adequados para tal. Se a pessoa que sofreu o acidente
estiver consciente, ou caso o acidente tenha acontecido na escola, com uma
criança, deve-se avisar responsáveis e ou familiar sobre o acontecido, não
esquecendo de acionar imediatamente o SAMU.
Esses procedimentos devem ser seguidos em qualquer atendimento de
qualquer tipo de acidente, tanto os mais graves quanto acidentes complexos.
É importante salientar que esses cuidados devem ser direcionados a todas as
idades, lembrando sempre que um bom atendimento de primeiros socorros
é de suma importância para o bom prognóstico e recuperação do sujeito que
sofreu o acidente ou o agravo de saúde.

BRASIL. Ministério da Saúde. Fiocruz. Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro:


FIOCRUZ, 2003. Disponível em: http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/manuais/
biosseguranca/manualdeprimeirossocorros.pdf. Acesso em: 28 jun. 2019.
ESTEVES, D. et al. Avaliação do conhecimento dos professores de educação física para
reagirem a situações de emergência. Motricidade, v. 11, n. 1, p. 39–52, mar. 2015. Disponí-
vel em: http://www.scielo.mec.pt/pdf/mot/v11n1/v11n1a05.pdf. Acesso em: 28 jun. 2019.
FIORUC, B. et al. Educação em saúde: abordando primeiros socorros em escolas públicas
no interior de São Paulo. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 10, n. 3, p. 695−702, 2017.
Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fen/article/view/46619/22885. Acesso em:
28 jun. 2019.
FRANÇOSO, L. A.; MALVESTIO, M. A. Manual de prevenção de acidentes e primeiros socorros
nas escolas. São Paulo: Secretaria Municipal de Saúde, 2007. Disponível em: https://
www.amavi.org.br/arquivo/colegiados/codime/2016/Primeiros_Socorros_Manual_
Prev_Acid_Escolas.pdf. Acesso em: 28 jun. 2019.
GIGLIO-JACQUEMOT, A. Definições de urgência e emergência: critérios e limitações. In:
URGÊNCIAS e emergências em saúde: perspectivas de profissionais e usuários. Rio de
Janeiro: Fiocruz, 2005. p. 15–26. Disponível em: http://books.scielo.org/id/zt4fg/pdf/
giglio-9788575413784-02.pdf. Acesso em: 28 jun. 2019.
HAMMERLY, M. A. Técnica moderna de primeiros socorros. 20. ed. São Paulo: Casa Publi-
cadora Brasileira, 1979.
RIBEIRO, A. P.; SOUZA, E. R.; BAHIA, C. A. Eventos acidentais: desafios para as políticas
públicas, de vigilância e de prevenção. Ciência & Saúde Coletiva, v. 21, n. 12, p. 2646,
2016. Disponível em: https://www.scielosp.org/pdf/csc/2016.v21n12/3646-3646/pt.
Acesso em: 28 jun. 2019.
Etapas básicas nos primeiros socorros 15

SOCIEDADE BRASILEIRA DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA. Quedas em idosos: Prevenção.


Brasília, DF, 2008. Disponível em: https://sbgg.org.br/wp-content/uploads/2014/10/
queda-idosos.pdf. Acesso em: 28 jun. 2019.
VARELLA, D.; JARDIN, C. Primeiros socorros: um guia prático. São Paulo: Claro Enigma, 2011.
VERONESE, A. M. et al. Oficinas de primeiros socorros: relato de experiência. Revista
Gaúcha de Enfermagem, v. 31, n. 1, p. 179–182, mar. 2010. Disponível em: http://www.
scielo.br/scielo.php?pid=S1983-14472010000100025&script=sci_abstract. Acesso em:
28 jun. 2019.
WHO. Global status report on road safety: time for action. Geneva: World Health Orga-
nization, 2009.

Leituras recomendadas
PERGOLA, A. M.; ARAUJO, I. E. M. O leigo em situação de emergência. Revista da Escola
de Enfermagem da USP, v. 42, n. 4, 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/
v42n4/v42n4a20.pdf. Acesso em: 28 jun. 2019.
SANTINI, G. I. Primeiros socorros e prevenção de acidentes aplicados ao ambiente
escolar. Campo Morão, 2008. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/
portals/pde/arquivos/2104-6.pdf. Acesso em: 28 jun. 2019.
DICA DO PROFESSOR

Os primeiros socorros são compostos por diferentes estágios e processos que devem ser
seguidos, buscando a segurança de quem está prestando o socorro e também a vítima do
acidente.

Dentre estes processos, pode-se verificar a avaliação do acidente como um importante passo
para planejar medidas de socorro eficientes. Esta correta avaliação deve ser informada ao
serviço de atendimento de emergência, uma vez que, mediante esta avaliação é possível
identificar qual a gravidade do acidente.

Neste vídeo da Dica do Professor, você verá os passos para uma correta avaliação do local do
acidente e da vítima.

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EXERCÍCIOS

1) Os primeiros socorros são também conhecidos como atendimento de emergência.

Sabendo disso, esse tipo de atendimento tem como conceito:

A) Primeiros socorros são os cuidados que devem ser prestados rapidamente e no local do
acidente, com o fim de manter as funções vitais da vítima e evitar o agravamento de suas
condições de saúde, aplicando medidas e procedimentos até a chegada de assistência
qualificada.

B) Primeiros socorros são os cuidados imediatos que devem ser prestados rapidamente a uma
pessoa que sofreu um acidente ou mal súbito, até que se reestabeleça a saúde, não sendo
necessária a espera do serviço especializado.
C) Primeiros socorros são os cuidados que são prestados no local do acidente e têm como
objetivo curar a pessoa que sofreu o acidente até que ela possa ir para casa.

D) Primeiros socorros são os cuidados que devem ser prestados no local, não sendo necessário
ter pressa no atendimento, podendo ser realizado enquanto o serviço especializado chega
no local.

E) Primeiros socorros são os cuidados que devem ser prestados rapidamente no local do
acidente, com o fim de manter as funções vitais e evitar o agravamento de suas condições
de saúde, até que a situação se estabilize e a pessoa vá para casa, sem necessidade de
assistência qualificada.

2) As palavras urgência e emergência, na Língua Portuguesa, apresentam o mesmo


significado, mas nas ciências da saúde e, principalmente, nos primeiros socorros,
apresentam conceitos diferentes. Sabendo disso, coloque V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:

( ) Emergência é um estado de saúde muito grave, com real risco de vida.


( ) Urgência necessita de atendimento breve mas não prioritário.
( ) Urgência é um estado de saúde que apresenta certa gravidade, mas não há
eminência de risco de vida.
( ) Uma pessoa que sofreu um acidente e que não está respirando está em um estado
de emergência.
( ) Emergência precisa de atendimento imediato.

Assinale a alternativa que preenche corretamente os parênteses.

A) F-V-V-V-F.

B) V-F-F-F-V.

C) V-V-V-V-V.
D) V-V-F-F-V.

E) F-F-V-V-F.

3) Avaliar a cena do acidente é de suma importância para assegurar a segurança da


pessoa que irá realizar o atendimento de primeiros socorros, bem como informar o
máximo de detalhes possíveis para a equipe médica especializada.

Em virtude disso, relacione as sentenças com as alternativas a seguir sobre as fontes


de informações da cena:

a) Observar a cena.
b) Conversar com a pessoa acidentada.
c) A posição em que a pessoa acidentada está.
d) Urgência no atendimento.
e) Mecanismo do trauma.

( ) Esta etapa auxilia a entender como o acidente ocorreu. Para tal, é necessário estar
calmo para conseguir prestar atenção aos detalhes.
( ) Esta etapa permite coletar informações com testemunhas do evento.
( ) Esta etapa consiste em observar com atenção o corpo da pessoa acidentada,
buscando lesões ou qualquer coisa fora do comum.
( ) Permite identificar a gravidade do estado de saúde da vítima do acidente.
( ) Esta etapa consiste em buscar entender como o acidente gerou a lesão que a pessoa
acidentada tem, facilitando o atendimento da equipe do SAMU.

Assinale a alternativa que preenche corretamente os parênteses.

A) B-C-A-E-D.

B) A-B-C-D-E .

C) D-E-C-B-A.
D) E-A-D-B-C.

E) A-B-C-E-D.

4) Após esta avaliação inicial, Françoso & Malvestio (2007) propõem que a avaliação da
vítima de trauma deve seguir a Abordagem ABCDE. Sobre essa abordagem,
considere as afirmativas a seguir:

I - A abertura de vias aéreas tem diferentes protocolos para quando a vítima está
consciente, e outro para quando a vítima está inconsciente.

II - A verificação da respiração pode ser feita durante o período de 5 segundos,


realizando o protocolo ver, ouvir e sentir.

III - É sempre importante cuidar para não expor o corpo da vítima além do
necessário do atendimento, mantendo-a protegida do sol e da chuva.

IV - Movimentar a vítima de um acidente é um ato perigoso, mas que, por vezes, faz-
se necessário, podendo ser feito por leigos, desde que tenham força para movimentar
a pessoa acidentada.

V - Sempre que verificar alguma espécie de sangramento, é importante que se


estanque o sangramento, realizando compressões e outras técnicas.

Assinale a alternativa que aponta as afirmativas corretas:

A) Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.

B) Apenas as afirmativas I, IV e V estão corretas.

C) Apenas as afirmativas II, III e V estão corretas.

D) Apenas as afirmativas III, IV e V estão corretas.

E) Apenas as afirmativas I, III e V estão corretas.


5) Os primeiros socorros são um conjunto de técnicas e protocolos aplicados em casos
de acidentes e agravos de saúde. Sabendo disso, leia as afirmativas a seguir sobre a
dimensão epidemiológica dos acidentes:

I - Antes que um acidente aconteça, campanhas de prevenção e conscientização


devem ser realizadas.

II - No momento em que aconteceu o acidente, a medida a ser tomada é buscar


estabilizar a vítima do acidente, afastando causas que possam gerar agravos na saúde
da vítima.

III - No período de prevenção de acidentes, não há necessidade de modificações no


ambiente quando localizado um possível gerador de acidentes.

IV - No pós-acidente, somente é possível reabilitar a vítima do acidente.

V - O "agente" de um acidente pode ser entendido como a "causa" de um acidente.

Assinale a alternativa que apresenta as afirmativas corretas:

A) Apenas as afirmativas I, III, IV e V estão corretas.

B) Apenas as afirmativas II, III, IV e V estão corretas.

C) Apenas as afirmativas I, II, IV e V estão corretas.

D) Apenas as afirmativas I, II, III e IV estão corretas.

E) Apenas as afirmativas I, II, III e V estão corretas.

NA PRÁTICA

Acidentes podem acontecer nos mais diferentes locais e momentos. Escolas são espaços
propícios a acidentes por terem crianças que ainda não têm o controle motor plenamente
desenvolvido, além da grande concentração de pessoas.

Confira, Na Prática, uma situação de acidente em uma escola e como os protocolos de


atendimentos de primeiros socorros foram aplicados.
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Mecanismos do trauma

Uma das etapas de avaliação do local do acidente passa pelo que é chamado de mecanismo do
trauma. Ele ajuda a entender como o acidente aconteceu e como se deu a lesão. Assim, também
auxilia pessoas leigas e profissionais a prestarem um melhor atendimento à vítima. Na Dica do
Professor, você irá aprofundar os seus conhecimentos sobre o mecanismo do trauma.

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Primeiros socorros: avaliação inicial da vítima

Assista ao vídeo que traz os procedimentos de abordagem inicial dos primeiros socorros de uma
vítima de agravos.

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Ensino de primeiros socorros nas escolas e sua eficácia

Leia o artigo que mostra a importância do ensino de procedimentos de primeiros socorros entre
os estudantes para a prevenção de acidentes.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Noções de primeiros socorros em ambientes de saúde

Leia a cartilha que busca orientar a todos que desejam se capacitar para atuar na primeira
abordagem de uma vítima de acidente, prestando os primeiros socorros.

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Funções, Sinais Vitais e Sinais de Apoio

APRESENTAÇÃO

O corpo humano é como uma máquina, que tem diversas engrenagens e rolamentos que
precisam estar funcionando adequadamente para estar em bom estado de saúde. Como as
máquinas, o corpo humano também tem um painel de controle, que mostra quando algo não está
funcionando corretamente. No corpo humano, este painel de controle são os sinais vitais e os
sinais de apoio.

Esses sinais indicam as condições de saúde da pessoa e são imprescindíveis para o atendimento
de primeiros socorros. Aferir corretamente esses sinais é tão importante quanto conhecê-los,
uma vez que erros na aferição podem gerar incosistências no diagnóstico e no tratamento da
vítima de acidente.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender quais são as funções vitais e os sinais de
apoio e como aferi-los corretamente, bem como vai ver como avaliar cada um deles.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Descrever as funções vitais.


• Examinar os sinais vitais e de apoio.
• Avaliar os sinais vitais e de apoio.

DESAFIO

Sinais de apoio e funções vitais são os sinais medidos no corpo com o intuito de informar as
condições do funcionamento de órgãos vitais. As funções vitais auxiliam a entender se a vítima
de acidente corre risco de morte ou não; já os sinais de apoio tornam-se mais evidentes à medida
que a pessoa acidentada tem seu quadro piorado.

Imagine que você é professor em uma escola de ensino fundamental.


Diante desta situação, elabore um roteiro de atendimento para a estudante.

INFOGRÁFICO

As funções vitais são as informações fornecidas pelo próprio organismo sobre seu estado de
saúde, por isso são chamadas de "indicadores de vida". Sendo assim, é de extrema importância
saber aferi-las para prestar os primeiros socorros de forma correta.

Neste Infográfico, veja quais são e em que local do corpo devem ser medidas as funções vitais.
CONTEÚDO DO LIVRO

Os sinais vitais e os sinais de apoio são as pistas que o organismo fornece sobre o seu estado de
saúde, como, por exemplo, se há lesões ou órgão que não está em pleno funcionamento. Por
isso, avaliar ambos é tão importante, principalmente em atendimentos de primeiros socorros.

Aferir corretamente é mais importante do que conhecer os conceitos profundos de cada um dos
sinais vitais, uma vez que um dado aferido errôneamente pode ser crucial em um diagnóstico ou
ainda em uma decisão do socorrista.

No capítulo Funções, sinais vitais e sinais de apoio, do livro Primeiros socorros, você vai ver as
funções vitais e de apoio, bem como seus conceitos e suas caracterísiticas. Além disso, você vai
ver os instrumentos e os procedimentos para aferi-los corretamente.

Boa leitura.
PRIMEIROS
SOCORROS

Beatriz Paulo Biedrzycki


Funções, sinais vitais
e sinais de apoio
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Descrever as funções vitais.


„ Examinar os sinais de apoio.
„ Avaliar os sinais vitais.

Introdução
Sinais vitais são medidas que fornecem dados fisiológicos que indicam as
condições de saúde da pessoa, sendo imprescindíveis para o atendimento
de primeiros socorros, juntamente com os sinais de apoio, que são pistas
que o organismo dá sobre seu estado de saúde, podendo ser entendidos
como indicativos de lesões mais graves. Avaliar ambos auxilia a pessoa
que irá prestar os primeiros socorros em ter a noção da gravidade do
acidente e da condição de saúde do acidentado, podendo, assim, realizar
o melhor atendimento possível e passar a informação mais completa e
correta possível para o serviço de saúde de emergência.
Neste capítulo, você vai conhecer quais são as funções vitais, bem
como seus conceitos e características, reconhecendo os sinais de apoio
do organismo e quais as suas comorbidades associadas, além de aprender
como aferir corretamente os sinais vitais.

Funções vitais
As funções vitais ou sinais vitais são funções que são exercidas pelo cérebro
e pelo miocárdio, tais como a frequência cardíaca (FC), pressão arterial (PA),
frequência respiratória (FR) e a saturação de oxigênio. Essas funções dão
condições para que todas as células do nosso corpo continuem operando de
maneira adequada.
2 Funções, sinais vitais e sinais de apoio

Cada tecido é constituído por células, e a união de vários tecidos forma o


corpo humano. A medida dos sinais vitais, conhecidos também como dados
basais, fornece dados para determinar o estado de saúde de uma pessoa. Muitos
fatores, como a temperatura do ambiente, o esforço físico, os efeitos de uma
doença, um acidente, lesão ou trauma causam alterações nos sinais vitais,
podendo inclusive variar fora de um padrão considerado aceitável, gerando
risco para a saúde da pessoa (POTTER; PERRY, 2011).
As funções vitais do corpo humano são controladas pelo Sistema Nervoso
Central, que é estruturado por células muito especializadas, chamadas de
neurônios. Essas células são muito sensíveis à falta de oxigênio, cuja ausência
provoca alterações funcionais, popularmente conhecidas como “sequelas”. Esse
processo de hipóxia pode causar sérios danos se não acontecer a intervenção
correta rapidamente (BRASIL, 2003b).

A hipóxia (falta de ar) pode acabar matando os neurônios do cérebro. Essa morte
pode acontecer total — levando a óbito — ou parcialmente — provocando lesões
no cérebro que interfere na vida da pessoa que sofreu esse mal. A hipóxia é muito
perigosa, devendo ser atendida imediatamente, uma vez que o tempo que o cérebro
consegue suportar sem oxigênio é de três minutos.

Entender como o corpo humano funciona auxilia a entender os sinais


vitais. O sangue que chega aos capilares traz nutrientes e oxigênio, que são
passados continuamente para os tecidos. O sangue arterial é rico em nutrientes;
já o sangue venoso é mais pobre e transporta gás carbônico. O sangue não se
deteriora graças à atividade de órgãos vitais como os pulmões, rins e aparelho
digestivo, que permanentemente recondicionam o sangue arterial. Os rins par-
ticipam do mecanismo de regulação do equilíbrio hidroeletrolítico eliminando
as substâncias tóxicas. O aparelho digestivo incrementa o teor sanguíneo de
substratos orgânicos, íons e outros agentes metabólicos, como as vitaminas,
por exemplo. O fígado age como órgão sintetizador e como modificador da
composição do sangue, participando nos mecanismos da excreção de subs-
tâncias tóxicas. Os pulmões e a porção condutora do aparelho respiratório
Funções, sinais vitais e sinais de apoio 3

têm como função principal fornecer oxigênio e remover dióxido de carbono


resultante da respiração. O pulmão não é apenas um órgão respiratório; ele
desempenha uma função importante no equilíbrio térmico. Os movimentos
ventilatórios são controlados pelo Sistema Nervoso Central e estão parcialmente
sob nossa vontade. A respiração, no entanto, é um mecanismo involuntário e
automático, ou seja, não podemos controlá-la; ela acontece até mesmo quando
estamos inconscientes (BRASIL, 2003b).
Entender os sinais vitais é entender os sinais que o corpo mostra, como a
gravidade do acidente sofrido, o estado de saúde da pessoa que sofreu o acidente
e sua necessidade de atendimento. Esses sinais são entendidos como respostas
ao organismo, necessárias para a manutenção da vida. Por esse motivo, as
funções vitais também são consideradas indicadores de vida (POTTER;
PERRY, 2011); sendo eles temperatura, frequência cardíaca, frequência res-
piratória e pressão arterial.

Temperatura: é entendida como a diferença entre a quantidade de calor


produzida pelo corpo e a quantidade de calor perdido para o ambiente ex-
terno. A temperatura corporal média varia entre 36°C a 37°C. É normal que
o corpo apresente variações de temperatura ao longo do dia, com a atividade
que está sendo realizada e em função da temperatura do ambiente; podendo
variar também dependendo do local da medição e do tipo de equipamento
utilizado. Além dos fatores supracitados, também podem interferir na tempe-
ratura corporal a idade — recém-nascidos apresentam temperatura corporal
mais baixa que adultos — e o estresse, uma vez que ele faz com que o corpo
libere mais hormônios, ficando ansioso, aumentando a frequência cardíaca e,
consequentemente, aumentando sua temperatura corporal (POTTER; PERRY,
2011) (Figura 1).

Frequência cardíaca (FC): também entendida como pulso, é uma onda de


distensão de uma artéria transmitida pela pressão que o coração exerce sobre
o sangue. Essa onda é perceptível pela palpação de uma artéria e se repete
com regularidade, segundo as batidas do coração (BRASIL, 2003b). A FC
tem a unidade de medida de batimentos por minuto (bpm), que simboliza
exatamente o que esta medida busca identificar, que é o número de pulsações
do coração durante o período de 1 minuto. Assim como a temperatura, a FC
também sobre variação da atividade que a pessoa está realizando, medicações,
a própria temperatura corporal, estado emocional e desmaios.
4 Funções, sinais vitais e sinais de apoio

Figura 1. Variação da temperatura corporal ao longo do dia.


Fonte: Potter e Perry (2011).

O pulso pode ser apresentado variando de acordo com sua frequência, regu-
laridade e volume. A regularidade refere-se à alteração de ritmo, podendo ter
um ritmo constante, o considerado normal, ou uma variação do ritmo. O volume
é a “força da pulsação” e pode ser classificado como “pulso cheio” ou “pulso
filiforme”, que é quando a pulsação é muito fraca, difícil de se perceber. Já a
frequência varia de acordo com a idade e o sexo, como veremos no Quadro 1:

Quadro 1. Variação da frequência cardíaca

Faixa-etária Pulso Normal (em repouso)

Homens adultos 60–70 bpm

Mulheres adultas 70–80 bpm

Crianças acima de 7 anos 80–90 bpm

Crianças de 1 a 7 anos 80–120 bpm

Crianças abaixo de 1 ano 110–130 bpm

Recém-nascidos 130–160 bpm

Fonte: Adaptado de Brasil (2003b).


Funções, sinais vitais e sinais de apoio 5

Frequência respiratória (FR): é contada pela quantidade de vezes que uma


pessoa realiza o movimento de respiração completo (inspiração e expiração)
em um minuto. A frequência média por minuto dos movimentos respiratórios
varia com a idade. Se levarmos em consideração uma pessoa em estado normal
de saúde, sendo para um homem adulto um valor médio respiratório de 14–20
respirações por minuto, diferente de uma mulher adulta, em quem a frequência
respiratória varia entre 16–22 respirações por minuto (BRASIL, 2003b).
Todo ato de respirar gera um gasto de energia, podendo ou não gerar
esforço (cansaço); em um indivíduo saudável, a respiração não requer esforço,
enquanto em alguns casos o simples ato de respirar pode gerar um grande
esforço. No Quadro 2 você irá visualizar as diferentes formas de respiração
(POTTER; PERRY, 2011):

Quadro 2. Tipos de respiração

Respiração que se processa por movimentos


Eupnéia regulares, sem dificuldades.
A respiração é normal.

É a ausência dos movimentos respiratórios.


Apnéia
Equivale a parada respiratória.

Dificuldade na execução dos


Dispinéia
movimentos respiratórios.

Diminuição na frequência média


Bradipnéia
dos movimentos respiratórios.

Taquipnéia Aceleração dos movimentos respiratórios.

Ortopnéia O acidentado só respira sentado.

É quando ocorre o aumento da frequência


e da profundidade dos movimentos
Hiperventilação
respiratórios. Respira-se mais vezes,
fazendo longas inspirações.

Fonte: Adaptado de Brasil (2003b).


6 Funções, sinais vitais e sinais de apoio

Pressão arterial (PA): é a pressão que o sangue exerce nos vasos sanguíneos,
dependendo da força de contração do coração, da quantidade de sangue e do
quanto o vaso sanguíneo é capaz de distender para a passagem do volume de
sangue que está circulando no organismo. A aferição da PA é uma excelente
fonte de indicação de funcionamento do organismo de uma pessoa. Para tal,
deve-se utilizar materiais e técnicas adequados (BRASIL, 2003b), sendo
considerado um valor normal de PA para indivíduos adultos o valor de 120/80
mmHg (POTTER; PERRY, 2011). A PA sofre interferência da atividade física,
podendo subir durante sua prática, bem como em função de fatores emocionais,
dor, alimentação e temperatura ambiente.

Quando a atividade muscular requer um suprimento sanguíneo maior e uma quebra


maior de carboidratos e de gordura, ela tende a aumentar o metabolismo, aumentando
assim a produção de calor e a temperatura corporal. Um exercício intenso e prolongado,
como a corrida de longa distância, aumenta temporariamente a temperatura corpórea
até 41°C e os batimentos cardíacos a 180bpm; podendo também, durante a prática
do exercício, elevar a PA a 140/80 mmHg (POTTER; PERRY, 2011).

As funções vitais são importantes para determinar o quadro geral da vítima


de um acidente, podendo ser verificadas tanto por profissionais da área da
saúde como por leigos, desde que tenham as orientações necessárias para tal.
Além dessas funções, também é importante conhecer os sinais de apoio, que
veremos a seguir.

Sinais de apoio
Além dos sinais vitais, existem outros sinais que podem ser observados com o
intuito de ter mais informações sobre o estado de saúde da pessoa que sofreu
um acidente: são os chamados sinais de apoio.
Sinais de apoio são os sinais que o corpo dá e que informam as condições
do funcionamento de seus órgãos vitais; mas é necessário saber ler essas
informações. Esses sinais tornam-se mais evidentes à medida que a pessoa
Funções, sinais vitais e sinais de apoio 7

acidentada tem seu quadro piorado. Os principais sinais de apoio são: dilata-
ção e reatividade das pupilas, cor e umidade da pele, estado de consciência e
motilidade e sensibilidade do corpo (BRASIL, 2003b). Veremos mais sobre
estes sinais abaixo.

Dilatação e reatividade das pupilas: a pupila é uma abertura no centro da


íris (a parte colorida do olho) e tem a função de controlar a exposição de luz no
olho, auxiliando na formação das imagens. Quando a pupila é exposta a luz,
ela se contrai — fica pequena — e quando há pouca luz, ela se dilata, ou seja,
fica grande (BRASIL, 2003b). O tamanho e a reatividade da pupila dependem
da ação de neurônios simpáticos e parassimpáticos. Caso, em um trauma,
aconteça o comprometimento das estruturas que fazem este movimento — os
neurônios — é possível identificar pela falta de reatividade das pupilas. Quando
a pupila está totalmente dilatada, significa que o cérebro não está recebendo
oxigênio. O uso de drogas também pode fazer com que a pupila se dilate ou
fique mais contraída, uma vez que estes psicoativos agem diretamente no cé-
rebro (ANDRADE et al., 2007). Alguns fatores podem provocar alterações na
pupila como: estresse, parada cardíaca, uso de drogas, traumatismo craniano,
intoxicação, colírios. A verificação da reatividade das pupilas pode ser feita
colocando um feixe de luz nos olhos da pessoa acidentada e retirando o feixe
logo em seguida. Quando o feixe de luz é apontado, a resposta esperada é que
a pupila se contraia, e quando a luz for deslocada, a resposta esperada é que
a pupila volte a se dilatar (Figura 2).

Figura 2. Reatividade das pupilas.


Fonte: Leonel (2019, documento on-line).
8 Funções, sinais vitais e sinais de apoio

Cor e umidade da pele: esses sinais de apoio podem ser muito úteis para
entender o quadro geral de saúde do acidentado. A pele pode apresentar-se de
maneira pálida, cianosada (tom de pele azulado) ou hiperemiada (vermelha e
quente), bem como úmida e pegajosa. Cada alteração dessas pode significar
um agravo diferente de saúde, como veremos no Quadro 3 e na Figura 3.

Em um dia muito frio, você encontra uma pessoa acidentada, com o corpo molhado
e com os pés descalços e percebe que a boca e os dedos dos pés e das mãos estão
azulados. Por conta de toda a situação, é fácil pensar que essa pessoa está com uma
hipotermia, que é a quando a temperatura corporal fica muito abaixo do esperado. O
procedimento adequado é tapar essa pessoa com cobertores, casacos, ou seja, o que
estiver disponível no momento pra fazer a sua temperatura voltar ao estágio normal.

Quadro 3. Alterações orgânicas que provocam modificações na cor e na umidade da pele

Alteração Ocorrência

Cianose Exposição ao frio, parada


cardiorespiratória, estado
de choque, morte.

Palidez Hemorragia, parada cardio-


respiratória, exposição ao frio, extrema
tensão emocional, estado de choque.

Hiperemia Febre, exposição a ambientes


quentes, ingestão de bebidas
alcoólicas, queimaduras de
primeiro grau, traumatismos.

Pele fria e viscosa ou Estado de choque.


úmida e pegajosa

Pele amarela Icterícia, hipercarotenemia.

Fonte: Adaptado de Brasil (2003b).


Funções, sinais vitais e sinais de apoio 9

(a) (b)

Figura 3. Da esquerda para direita: mãos com característica de Cianose (a) e pés com
característica de Hiperemia (b).
Fonte: (a) Alterações... ([201-?, documento on-line]); (b) Hanning (2018, documento on-line).

Estado de consciência: esse sinal é de suma importância, pois permite relatar


se a pessoa acidentada se encontra em estado de alerta ou não, ou seja, se
está consciente do que acontece ao seu redor ou não. Para tal, utiliza-se de
estímulos sensoriais, verbais e táteis com a intenção de que a pessoa responda
a tais estímulos (ANDRADE et al., 2007). O perfeito estado de consciência é
quando a pessoa consegue relatar com detalhes o que lhe aconteceu, informar
seu nome e a data corretamente, com tranquilidade, por exemplo. Quando a
vítima está apreensiva, nervosa, com medo e desatenta, consequentemente
ela não estará em seu pleno estado de consciência. Uma pessoa pode estar
inconsciente pois levou um choque, ou teve um desmaio, uma parada cardíaca
ou respiratória, até mesmo o uso excessivo de álcool e outras drogas.

Quando ocorre um desmaio, há uma súbita e breve perda da consciência, juntamente


com a diminuição do tônus muscular e a redução da frequência cardíaca e respiratória.
Esse estado é diferente do coma, que se caracteriza por uma perda de consciência
por um longo período, podendo a pessoa, inclusive, deixar de responder a estímulos
dolorosos, bem como a perder os reflexos.
10 Funções, sinais vitais e sinais de apoio

Motilidade e sensibilidade do corpo: refere-se à capacidade de movimentar ou


sentir determinadas partes do corpo. A falta de mobilidade e/ou sensibilidade
é um sinal muito importante que deve ser observado com grande atenção, pois,
segundo Brasil (2003b, documento on-line):

Quando há incapacidade de uma pessoa consciente realizar certos movimentos,


pode-se suspeitar de uma paralisia da área que deveria ser movimentada. A
incapacidade de mover o membro superior depois de um acidente pode indi-
car lesão do nervo do membro. A incapacidade de movimento nos membros
inferiores pode indicar uma lesão da medula espinhal.

Por esse motivo, pedir que a pessoa acidentada movimente a ponta dos
dedos das mãos e dos pés é tão importante. Às vezes, a pessoa acidentada
apresenta movimento e sensibilidade nos membros, mas há queixa de dormên-
cia e formigamento, podendo isto também ser indicativo de lesão medular,
devendo todas essas informações serem transmitidas para o serviço de saúde
especializado.
Conhecer e verificar rapidamente todos esses sinais é importante para que
o socorro possa ser realizado da melhor e mais assertiva maneira possível.
Mas, para tal, é necessário conhecer as técnicas e métodos adequados para a
verificação de cada um deles, o você poderá acompanhar a seguir.

Aferindo os sinais vitais


Como visto anteriormente, os sinais vitais ou ainda funções vitais, são os
indicadores de vida; são eles que nos mostram o nosso estado de saúde ge-
ral. Por terem tamanha importância, ao longo dos anos foram inventadas e
aprimoradas técnicas para aferir esses sinais da maneira mais fiel e adequada
possível. Entender estas técnicas e procedimentos é imprescindível para um
bom atendimento de saúde, como você verá a seguir.

Temperatura: esse sinal vital é aferido com o auxílio de um termômetro,


podendo ser o de mercúrio ou o digital. Esse instrumento pode ser utilizado
para verificar a temperatura corporal pelos métodos abaixo (BRASIL, 2003a).

„ Oral: o termômetro deve ser de uso individual, ou seja, não pode ser
compartilhado. Ele der ser posicionado abaixo da língua e mantido
Funções, sinais vitais e sinais de apoio 11

firme e com os lábios fechados por 3 minutos. Não se deve utilizar esse
método em crianças, idosos, pessoas inconscientes ou após ingestão
de alimentos.
„ Retal: é a medição mais precisa, ou seja, a que apresenta a temperatura
de maneira mais fidedigna. Para realizar esta aferição, é necessário que
a pessoa esteja em decúbito lateral, inserindo cerca de 3,5 cm, mantendo
o termômetro por 3 minutos. É importante que o termômetro seja de
uso individual.
„ Axilar: esta é a verificação menos invasiva e, por consequência, a mais
utilizada, mesmo não sendo tão precisa. Para que a verificação seja
adequada, é necessário ter o cuidado ao colocar o termômetro na axila,
pois somente a pele deve entrar em contato com o termômetro, bem
como cuidar para que a axila esteja seca, pois o suor pode modificar
o resultado da aferição. Para este procedimento, é indicado deixar o
termômetro de 5 a 7 minutos.

Para realizar esta aferição, o bulbo (ou seja, a parte de metal, que mede
a temperatura) deve ser colocado sob a axila seca, devendo ser colocado o
braço, com o cotovelo flexionado, sobre o peito, com a mão em direção ao
ombro oposto; mantendo o termômetro durante o período indicado. Para ler
o termômetro, o ideal é que o segure na altura dos olhos, principalmente nos
termômetros de mercúrio, para melhor visualização do resultado. Após o uso,
é importante higienizar o equipamento, com álcool a 70%.

Frequência Cardíaca (FC): também conhecida como pulso, ela mede quantos
batimentos o coração está dando em 1 minuto. Para tal, é possível contar,
por 1 minuto, quantos batimentos aconteceram nesse intervalo de tempo,
ou, o mais utilizado, que é contar os batimentos por durante 15 segundos,
multiplicando o número de batimentos por 4, dando assim, a quantidade de
batimentos em 1 minuto.
Mesmo tendo o nome usual de “pulso”, os batimentos podem ser verifica-
dos em diferentes locais do corpo humano (Figura 4), mas, pela praticidade e
eficiência, o local mais utilizado é o pulso. Para fazer a verificação da FC no
pulso, usa-se a ponta dos dedos indicador e médio na parte anterior do punho.
É importante fazer um pouco de pressão, mas sem pressionar demasiadamente.
Para sentir o pulso com mais facilidade, é indicado (BRASIL, 2003b):
12 Funções, sinais vitais e sinais de apoio

1. Procurar acomodar o braço do acidentado em posição relaxada.


2. Usar o dedo indicador, médio e anular sobre a artéria escolhida para
sentir o pulso, fazendo uma leve pressão sobre qualquer um dos pontos
onde se pode verificar mais facilmente o pulso de uma pessoa.
3. Não usar o polegar para não correr o risco de sentir suas próprias
pulsações.
4. Contar no relógio as pulsações num período de 60 segundos. Nesse
período deve-se procurar observar a regularidade, a tensão, o volume
e a frequência do pulso.
5. Anotar em um papel o valor verificado (BRASIL, 2003a).

Figura 4. Localização das artérias utilizadas para avaliação dos pulsos periféricos.
Fonte: Costa e Eugenio (2014, p. 77).
Funções, sinais vitais e sinais de apoio 13

Frequência respiratória (FR): é a quantidade de vezes que uma pessoa respira


em 1 minuto. Para tal, inicialmente, é necessário e importante verificar se a
pessoa está respirando. Caso a resposta seja positiva, é importante verificar a
frequência da respiração, ou seja, quantas vezes a pessoa completa o movimento
respiratório em 1 minuto.
A contagem pode ser feita observando-se a elevação do tórax e/ou abdômen,
podendo ser feita ainda se contando as saídas de ar quente pelas narinas por
10 segundos. Para isso, deve-se aproximar bem a orelha do rosto da vítima,
de maneira que o olhar fique na direção do seu tórax, e executar a técnica ver,
ouvir e sentir, da seguinte forma: ver se há movimento do tórax e do abdômen;
ouvir se se existe ruído do ar entrando e saindo pela boa ou nariz e sentir o
ar saindo da boca ou nariz.
A frequência média por minuto dos movimentos respiratórios varia com a
idade. Se levarmos em consideração uma pessoa em estado normal de saúde,
por exemplo: um adulto possui um valor médio respiratório de 14–20 respi-
rações por minuto (no homem) ou 16–22 respirações por minuto (na mulher),
enquanto uma criança, nos primeiros meses de vida, 40–50 respirações por
minuto (BRASIL, 2003b).

Ciclo respiratório é como é chamado o movimento completo da respiração, composto


por 1 inspiração + 1 expiração = 1 movimento respiratório.

Pressão Arterial (PA): esse pode ser considerado o procedimento de medição


mais complexo e com o maior número de instrumentos e, por isso, necessita de
uma maior atenção. Para realizar esse procedimento faz-se necessário o uso do
estetoscópio e do esfigmomanômetro. A pessoa da qual se está verificando a
PA deve estar na posição sentada, semi-sentada (reclinada) ou deitada, sendo
esta a melhor posição para realizar o procedimento.
Inicialmente é importante tranquilizar a pessoa, explicando qual procedi-
mento será feito. Com o braço apoiado ao mesmo nível do coração, coloque o
manguito ao redor do braço, a cerca de 4 dedos da dobra do cotovelo e feche-o
14 Funções, sinais vitais e sinais de apoio

de maneira que fique ajustada ao braço. Feche a saída de ar e insufle o manguito


utilizando a pera até que o ponteiro atinja a marca de 200 mm Hg. Posicione-o
na artéria umeral, abaixo do manguito, e ouça se há batimentos. Abra a saída
de ar lentamente; conforme o manguito vai desinflando, é possível ouvir os
batimentos cardíacos. Marque bem o ponto onde eles iniciam pois esta será a
PA sistólica. No ponto onde não for mais possível ouvir será a PA diastólica
(BRASIL, 2003a; BRASIL, 2003b) (Figura 5).

Figura 5. Instrumentos para a aferição da pressão arterial. (A e B) Esfigmomanômetro


aneroide ou de coluna de mercúrio. (C) Estetoscópio clínico. (D) Monitor digital de PA.
Fonte: Costa e Eugenio (2014, p. 84).

Neste vídeo do telessaúde, você pode verificar a técnica de aferição da pressão arterial.
Acesse-o no link a seguir.

https://qrgo.page.link/qJY66

Conhecer corretamente as técnicas de aferição é crucial para se ter consciên-


cia do estado de saúde da pessoa acidentada da maneira correta. Caso você não
se sinta confiável para realizar tais procedimentos, é interessante pedir ajuda
ou, caso os faça, explicar para o Serviço de Atendimento Médico de Urgência
(SAMU) que pode ser que tal aferição não esteja adequada. Compreender as
funções vitais e os sinais de apoio é de grande valia para que o SAMU possa
realizar um atendimento adequado, podendo, assim, salvar uma vida.
Funções, sinais vitais e sinais de apoio 15

ALTERAÇÕES da coloração da pele. Cianose. [S. l.], [201-?]. Disponível em: https://www.
studyblue.com/notes/note/n/alteracoes-da-coloracao-da-pele/deck/20270790. Acesso
em: 21 jul. 2019.
ANDRADE, A. F. et al. Coma e outros estados de consciência. Revista de Medicina, v. 86,
n. 3, p. 123–131, 2007. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revistadc/article/
view/59185/62203. Acesso em: 21 jul. 2019.
BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003b.
Disponível em: http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/manuais/biosseguranca/
manualdeprimeirossocorros.pdf. Acesso em: 21 jul. 2019.
BRASIL. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de
Gestão da Educação na Saúde. Profissionalização de auxiliares de enfermagem. Brasília,
DF: Ministério da Saúde, 2003a. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publi-
cacoes/profae/pae_cad3.pdf. Acesso em: 21 jul. 2019.
COSTA, A. L. J. da; EUGENIO, S. C. F. Cuidados de enfermagem. Porto Alegre: Artmed,
2014. (Série Tekne).
HANNING, C. Hiperemia da pele: o que é isso?: causas de hiperemia da pele. Brasil, 2018.
Disponível em: https://pt.carolchanning.net/zdorove/128292-giperemiya-kozhnyh-
-pokrovov-chto-eto-takoe-prichiny-giperemii-kozhnyh-pokrovov.html. Acesso em:
21 jul. 2019.
LEONEL, C. Pupilas dilatadas pode ser sinal de doença. Brasil, 2019. Disponível em: https://
www.medicinamitoseverdades.com.br/blog/pupilas-dilatadas-pode-ser-sinal-de-
-doenca. Acesso em: 21 jul. 2019.
POTTER, P. A.; PERRY, A. G. Fundamentos de enfermagem. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2011.

Leituras recomendadas
ALCANTARA, P. L et al. Efeito da interação com palhaços nos sinais vitais e na comu-
nicação não verbal de crianças hospitalizadas. Revista Paulista de Pediatria, v. 34, n. 4,
p. 432–438, 2016. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/
S2359348216000324. Acesso em: 21 jul. 2019.
NISHIDAN, J. K.; NASSAR, V.; VIEIRA, M. L. H. Processo interativo para aferição de sinais
vitais de pacientes: proposta de uma pulseira multiparamétrica. Hergodesign e HCI,
v. 4, nesp., p. 85−92, 2016. Disponível em: http://periodicos.puc-rio.br/index.php/
revistaergodesign-hci/article/download/122/158/. Acesso em: 21 jul. 2019.
TEIXEIRA, C. C. et al. Aferição de sinais vitais: um indicador do cuidado seguro em idosos.
Texto & Contexto Enfermagem, v. 24, n. 4, p. 1071-1078, 2015. Disponível em: http://www.
scielo.br/pdf/tce/v24n4/pt_0104-0707-tce-24-04-01071.pdf. Acesso em: 21 jul. 2019.
DICA DO PROFESSOR

Os sinais vitais são funções do organismo, necessárias para o correto funcionamento do


organismo, como a frequência cardíaca, a pressão arterial e a frequência respiratória, que será o
tema deste vídeo.

A frequência respiratória é o número de respirações que se realiza em um determinado período


de tempo. Assim como os demais sinais vitais, a frequência respiratória também possui
variações indicativas do estado de saúde da pessoa.

No vídeo do Dica do Professor de hoje você verá o procedimento para aferição da frequência
respiratória, bem como irá identificar suas diferentes formas de aparição.

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EXERCÍCIOS

1) As funções vitais são funções exercidas pelo cérebro e pelo miocárdio que visam ao
bom funcionamento de todas as estruturas do corpo humano. Sabendo disso, assinale
a alternativa em que aparecem apenas as funções vitais do organismo.

A) Temperatura, pressão arterial e frequência cardíaca.

B) Frequência cardíaca, frequência respiratória, reatividade de pupilas.

C) Cor da pele, temperatura e pressão arterial.

D) Temperatura, frequência respiratória e reatividade das pupilas.


E) Pressão arterial, frequência cardíaca e motilidade do corpo.

2) A frequência cardíaca é compreendida como o número de pulsações do coração


durante o período de 1 minuto. Sabendo disso, considere as assertivas a seguir sobre
frequência cardíaca e, após, assinale a alternativa correta:
I – Tem a unidade de medida bpm, que significa batimentos por minuto.
II – A frequência cardíaca pode sofrer variação em razão de atividade fisíca,
medicações, temperatura corporal ou estado emocional.
III – Também é conhecida como pulso.
IV – Os valores de frequência cardíaca basais variam conforme a idade.
V – Para a aferição, pode-se utilizar os dedos indicador, médio e polegar.

A) Estão corretas I, III, IV e V.

B) Estão corretas I, II, e III.

C) Estão corretas I, III, IV e V.

D) Estão corretas II, III, IV e V.

E) Estão corretas I, II, III e IV.

3) O sinal de apoio "cor e umidade da pele” permite entender o estado de saúde de uma
pessoa, bem como o tipo de lesão que a acometeu. A partir disso, relacione a primeira
coluna com a segunda quanto às diferenças de cor e umidade da pele e, após,
selecione a alternativa correta:
I – Cianose
II – Palidez
III – Hiperemia
IV – Pele amarela
V – Pele fria a viscosa

( ) Pele arroxeada, que pode ser causada por exposição ao frio, parada
cardiorrespiratória e morte.
( ) Pele inchada e avermelhada, que pode ser causada por febre, exposição a
ambientes quentes, ingestão de bebidas alcoólicas, queimaduras de primeiro grau ou
traumatismos.
( ) Estado de choque.
( ) Ausência de cor na pele, deixando a face da pessoa muito branca. Pode ser causada
por hemorragias, parada cardiorrespiratória, exposição ao frio ou extrema tensão
emocional.
( ) Sintoma de icterícia.

A) V, IV, III, II, I.

B) I, III, II, V, IV.

C) I, II, III, IV, V.

D) II, III, I, IV, V.

E) I, III, V, II, IV.

4) A frequência respiratória é entendida como a quantidade de vezes que uma pessoa


realiza o movimento completo de respiração. Sabendo disso, analise as frases a seguir
e selecione a alternativa correta:

I – Um movimento respiratório completo compreende uma inspiração e uma


expiração.

II – A ortopnéia é quando a vítima de um acidente tem a diminuição da frequência


respiratória.

III – Um homem adulto respira, em média, 14 a 20 vezes por minuto.

IV – Pode-se dizer que a apnéia equivale e uma parada cardiorrespiratória.


A) I, III e IV estão corretas.

B) Apenas a IV está correta.

C) I e II estão corretas.

D) I, II e IV estão corretas.

E) II e IV estão corretas.

5) A pressão arterial pode ser considerada um dos principais sinais vitais, com
procedimentos e instrumentos específicos para realizar tal aferição. Sabendo disso,
analise as afirmações abaixo e selecione a alternativa correta:

I – Os dois instrumentos principais para a aferição da pressão arterial são o


esfigmomanômetro e o estetoscópio.

II – A pressão arterial é a pressão que do sangue nos vasos sanguíneos.

III – A pressão arterial sofre interferência da atividade física, podendo subir durante
sua prática.

IV – A melhor maneira de se aferir a pressão arterial é a deitada.

A) I, II e III estão corretas.

B) Todas estão corretas.

C) I, III e IV estão corretas.

D) I e III estão corretas.


E) II e III estão corretas.

NA PRÁTICA

Acidentes acontecem em todos os lugares, todos os dias. Por isso, é necessário ter conhecimento
sobre o atendimento em primeiros socorros, que englobam a aferição e a avaliação correta dos
sinais vitais.

Na Prática, veja como Luciana, uma personal trainer, agiu ao encontrar uma aluna em situação
de acidente.
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Frequência cardíaca

Funções vitais ou sinais vitais são um conjunto de variáveis fisiológicas que indicam o estado de
saúde de uma pesssoa. Caso ela não apresente sinais vitais, pode estar morta. Um dos sinais
vitais mais conhecido é a frequência cardíaca, também conhecida como pulso. Nesta Dica do
Professor, você vai ver as características, as definições e a mensuração da frequência cardíaca.

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Como aferir corretamente a pressão arterial

Neste vídeo, você vai ver o procedimento correto de aferição da pressão arterial para evitar
erros.

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Saiba como verificar a frequência respiratória

Neste vídeo, você vai ver o passo a passo e as dicas de como realizar a avaliação da frequência
respiratória.

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Efeito da interação com palhaços nos sinais vitais e na comunicação não verbal de crianças
hospitalizadas

Por meio de um experimento realizado com crianças internadas, este artigo busca entender como
as emoções interferem nos sinais vitais e nos sinais de apoio.

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Desmaios (síncope)

APRESENTAÇÃO

O desmaio, também chamado cientificamente de síncope, é uma perda transitória da consciência


decorrente de diminuição do fluxo sanguíneo cerebral, caracterizado pelo início rápido, pela
curta duração e pela recuperação espontânea completa. Ele está associada à incapacidade de
manter o tônus postural, fazendo com que o paciente acometido sofra queda. Os sinais e
sintomas da síncope incluem fraqueza muscular generalizada, incapacidade de se manter em pé,
palidez, pulsação fraca, transpiração e perda da consciência.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá aprender a identificar a ocorrência de desmaio além
de saber como se portar diante dessa situação.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar as situações de desmaio.

• Diferenciar os desmaios de outras situações relacionadas à perda de consciência.

• Descrever o atendimento a pacientes vítimas de desmaio.

DESAFIO

De acordo com o Manual de Prevenção de Acidentes nas Escolas da Prefeitura de São Paulo, o
“desmaio é um episódio breve de perda da consciência, que raramente ultrapassa dois minutos,
não acompanhado de outras manifestações. A principal causa é a diminuição rápida e reversível
da circulação sanguínea no cérebro. Pode ocorrer como resultado de dor, medo, excitação,
fadiga, longos períodos em pé em ambientes quentes, nervosismo e exercícios físicos
prolongados. O desmaio geralmente é precedido de mal-estar, embaçamento ou escurecimento
da visão e tonturas. Durante o episódio, ocorre relaxamento dos músculos dos braços e das
pernas e a vítima fica muito pálida e suando frio. A recuperação é rápida, com retorno completo
da lucidez, sem a ocorrência de desorientação após o evento".
Com base nessas colocações, imagine que você está retornando do seu trabalho e indo para casa
quando se depara com um estudante desmaiado na calçada. Próximo a ele não há nenhuma
pessoa que possa oferecer mais informações sobre essa situação.

Além de manter a calma e verificar se o jovem está respirando, quais procedimentos de


primeiros socorros usuais você deve adotar nesse caso?

INFOGRÁFICO

O esclarecimento da causa da síncope é importante para avaliar o risco do indivíduo, permitir


um tratamento direcionado e adequado, bem como para evitar recorrências que são comuns em
até um terço dos pacientes em um período de três anos. Como se não bastasse, a literatura
demonstra que há altas taxas de “síncope não explicada”, as quais, portanto, devem estimular as
estratégias de investigação e diagnóstico.

Veja as principais causas da síncope e sua classificação:


CONTEÚDO DO LIVRO

Para aprofundar seu conhecimento, faça a leitura do capítulo Desmaios (síncope), que faz parte
da obra Primeiros Socorros. O capítulo é a base teórica desta Unidade de Aprendizagem.

Boa leitura.
PRIMEIROS
SOCORROS

Márcio Haubert
Desmaios (síncope)
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Identificar as situações de desmaio.


„ Diferenciar os desmaios de outras situações relacionadas à perda de
consciência.
„ Descrever o atendimento aos pacientes vítimas de desmaio.

Introdução
O desmaio, também chamado cientificamente de síncope, é uma perda
transitória da consciência decorrente da diminuição do fluxo sanguíneo
cerebral, caracterizada pelo início rápido, de curta duração e com recu-
peração espontânea completa. Ele está associado à incapacidade de
manter o tônus postural, o que faz o paciente acometido sofrer queda
da própria altura. Os seus sinais e sintomas incluem fraqueza muscular
generalizada, incapacidade de se manter em pé, palidez, pulsação fraca,
transpiração e perda da consciência.
Neste capítulo, você estudará as situações de desmaio e saberá como
se portar nesses casos.

Desmaios ou síncopes
Segundo a Sociedade Europeia de Cardiologia, a síncope é definida pela
perda de consciência momentânea, devido a uma hipoperfusão cerebral glo-
bal transitória de rápido surgimento e curta duração, com uma recuperação
espontânea total. Em alguns casos, os pacientes apresentam sintomas, que
serão apresentados em breve.
Sua prevalência na população em geral é elevada e acomete principalmente
as mulheres entre 10 e 30 anos. Ela apresenta causas diversas, sendo as mais
comuns relacionadas à síncope reflexa, ou neuromediana, à hipotensão or-
tostática e às síncopes de origem cardíaca.
2 Desmaios (síncope)

Durante uma situação de desmaio, a vítima perde totalmente a consciência,


de forma temporária, súbita e repentina, por isso, ela cai. Desse modo, seus
braços e suas pernas ficam leves, mas, aos poucos, ela vai recuperando a
consciência. Seus sintomas são:

„ fraqueza;
„ mal-estar;
„ palidez;
„ sudorese;
„ vertigens;
„ pulso fraco;
„ queda da pressão arterial;
„ náuseas;
„ transpiração;
„ extremidades frias;
„ alterações visuais.

Principais causas das síncopes


A maioria das síncopes acontece em decorrência de causas benignas, mas
todos os episódios devem ser investigados, pois podem ser manifestações de
graves patologias.
Há muitas causas que desencadeiam desmaios, e a maioria envolve excesso
de emoções, calor intenso ou nervosismo, além de ataques vasovagais e causas
cardíacas. Porém, algumas doenças também podem se manifestar por meio de
desmaios frequentes. Veja a origem das suas principais causas clinicamente
relevantes a seguir:

„ hipoglicemia;
„ hipotensão;
„ anemia, desidratação ou diarreia intensa;
„ cansaço excessivo;
„ nervosismo intenso;
„ emoções súbitas;
„ sustos;
„ acidentes, principalmente os que envolvem perda sanguínea;
„ dor intensa;
„ permanência prolongada em pé;
Desmaios (síncope) 3

„ mudança súbita de posição (de deitado para de pé);


„ ambientes fechados e quentes;
„ disritmias cardíacas, principalmente a bradicardia.

Síncope vasovagal
Estimulações anormais do nervo vago podem levar a desacelerações do coração
e, consequentemente, à queda de pressão arterial, com isso, diminui-se tem-
porariamente o aporte sanguíneo ao cérebro, causando um desmaio. Este tipo
de síncope ocorre comumente em pessoas jovens e sem doenças associadas,
bem como é antecipada por suores frios, palidez e escurecimento da visão.
A indução da síncope vasovagal pode ocorrer por meio de quadros de uma
forte dor, pois o acidentado permaneceu muito tempo em pé, e por medo ou
estados de ansiedade intensa. Ela explica os desmaios dos que têm pânico de
agulha e precisam coletar sangue ou receber medicações, jovens em shows
de música ou guardas que ficam muito tempo em pé sem se movimentar.
Na maioria dos casos, o estímulo vagal não leva ao desmaio e causa apenas
mal-estar, tonturas, enjoos e vômitos que passam em alguns minutos após o
paciente se sentar ou deitar.
Existem, ainda, pessoas com hipersensibilidade no seio carotídeo, no
qual passam as fibras do nervo vago, e o simples fato de massagear a região
lateral do pescoço desencadeia o estímulo excessivo desse nervo, levando-as
à síncope. Por isso, elas podem desmaiar com um simples virar mais rápido
do pescoço ou durante alguns esforços físicos.
Já os pacientes que têm arritmias cardíacas com frequência podem receber
dos médicos uma massagem vigorosa do seio carotídeo, chamada de manobra
vagal, a qual visa controlar as alterações dos batimentos cardíacos por meio
dessa intensa massagem na região lateral do pescoço, pela estimulação vagal.

Hipotensão postural
O ato de se levantar ou de mudar bruscamente a posição deitada ou sentada
para a de pé pode causar um fenômeno fisiológico chamado de hipotensão
postural. Várias pessoas já experimentaram essa sensação, a qual causa ton-
turas e visão turva, mas que, na maioria dos casos, chega no máximo a uma
pré-síncope. A queda mais abrupta da pressão arterial, que desencadeia uma
4 Desmaios (síncope)

síncope, geralmente ocorre em pessoas desidratadas, pacientes diabéticos,


hipertensos ou que consomem álcool de maneira excessiva.

Arritmias cardíacas
Os desmaios comumente podem ser causados por arritmias cardíacas, pois
um coração arrítmico bombeia sangue com ineficiência, causando uma má
oxigenação cerebral e, consequentemente, a síncope. Se elas ainda estiverem
presentes no momento do atendimento médico, o diagnóstico é de fácil es-
tabelecimento. Porém, a maioria das arritmias é intermitente e dura apenas
alguns minutos, por isso, seu diagnóstico fica mais difícil de ser realizado.
Nesse tipo de síncope, o paciente geralmente perde a consciência sem ter
sintomas prévios, surgindo no máximo um quadro de palpitações que precede
o desmaio. Por exemplo, as arritmias como a bradicardia (batimentos abaixo
do normal) e a taquicardia (batimentos acima do normal) provocam desmaios.
Essas síncopes de origem cardíaca têm um potencial perigo, pois podem ser
causadas por arritmias malignas, as quais colocam em risco a vida do paciente,
e evoluir para uma parada cardíaca.

Outras doenças cardíacas


Outras doenças cardíacas também podem estar relacionadas aos quadros de
síncope. Se o coração não tem um bom funcionamento, o resultado gerado
acarreta deficiência no bombeamento, devido ao fornecimento de sangue para
o organismo, causando, assim, uma hipoxigenação cerebral que desencadeia
um desmaio. As doenças valvares (das valvas cardíacas), principalmente da
válvula aórtica, são responsáveis por esses acontecimentos, assim como a
cardiomiopatia hipertrófica e a embolia pulmonar, que causam desmaios.

Teste de inclinação ortostática (tilt table test)


O tilt-test, conhecido como teste da inclinação, é um exame desenvolvido para identificar
uma razão clínica para os casos de desmaio em pacientes de qualquer idade, mas
principalmente entre adolescentes e jovens sem cardiopatia aparente.
Desmaios (síncope) 5

Para que serve?


Ele avalia o comportamento da pressão arterial e da frequência cardíaca do paciente
diante de mudanças na postura, pois seu corpo é submetido a diversas inclinações
durante o exame. Utiliza-se bastante para fazer a diferenciação entre os diferentes
tipos de desmaios.

Como é feito?
Ele pode ter até seis etapas, dependendo do caso. Para iniciá-lo, o paciente é colocado
sobre uma mesa especial (basculante), que se movimenta apoiada em pinos laterais e
permite avaliá-lo em diversas inclinações, captando suas reações a cada movimento.
Durante o exame, algumas medicações poderão ser administradas pelo soro instalado
em uma veia periférica. A pressão arterial é verificada a cada dois minutos por meio
de um equipamento automático; e o coração, monitorado continuamente por um
eletrocardiograma em todas as etapas realizadas.

Preparo e contraindicações
Para a sua realização, não é necessária a internação. O paciente deve estar em jejum
por 4 horas antes do procedimento e trazer exames como Holter, teste ergométrico ou
ecocardiograma, caso já tenha feito algum. O teste é realizado por médicos especializados;
e o paciente, liberado logo após seu término, aguardando-se apenas sua completa recu-
peração, pois não se trata de um exame invasivo que necessite de repouso em seguida.
Ao final, um relatório completo é fornecido ao paciente, com todos os detalhes do
exame e os gráficos com o comportamento da pressão arterial, frequência cardíaca,
posição da pessoa, sinais e sintomas clínicos. Baseado nele, o médico que solicitou
o teste orientará o tratamento, que varia de apenas orientações clínicas ao uso de
medicamentos até cirurgias específicas.
Veja na Figura 1 como é realizado o teste de inclinação ortostática.

Figura 1. Teste de inclinação ortostática.


Fonte: AmazonCor (2018, documento on-line).
6 Desmaios (síncope)

Situações que podem ser confundidas


com síncopes
O desmaio pode originar de simples alterações sistêmicas como já visto, porém,
você deve estar atento, pois outras doenças mais graves também apresentam-
-no como sintoma. Uma das suas causas, por exemplo, é a epilepsia, que
se manifesta apenas com perda da consciência associada ou não aos abalos
motores. Outra causa menos comum está relacionada a um problema sério de
sono, muitas vezes não diagnosticado, que é a narcolepsia, na qual os ataques
de sono também podem simular desmaios.
Você precisa saber como diferenciar as síncopes de eventos graves, como
acidente vascular cerebral (AVC), paradas cardíacas ou mortes súbitas. No
AVC, também conhecido como derrame cerebral, a pessoa pode apresentar
uma queda por perda de força dos membros inferiores, mas, em geral, ela
não desmaia, nem perde a consciência. Nos casos em que ocorre a perda da
consciência, a recuperação não é rápida e quase nunca completa. Se o paciente
desmaia e, posteriormente, acorda apresentando sequelas, como paralisia dos
membros, boca torta, desorientação ou incapacidade de falar, trata-se de um
AVC, e não uma síncope.
Já na parada cardíaca, ou morte súbita, o paciente perde a consciência, cai
e permanece no chão sem respirar e sem batimentos cardíacos perceptíveis.
Caso não sejam imediatamente iniciadas as manobras de ressuscitação, o
paciente evolui para o óbito, portanto, uma parada cardiorrespiratória não é
um desmaio.
Outro fator para se atentar é a diferenciação entre as síncopes verdadeiras
e as histéricas ou simulações, que recebem vários nomes na prática médica,
como distúrbio neurovegetativo, transtorno conversivo ou disfunção autonô-
mica somatoforme. Esses desmaios não são síncopes reais, e o paciente muitas
vezes realiza essas simulações de modo inconsciente, por isso, precisa-se ter
cuidado com julgamentos prévios, pois existem casos em que ele realmente
acredita que desmaiou.
A principal característica da síncope é o fato do paciente desmaiar e acordar
logo em seguida de forma espontânea. Entretanto, se durante a queda ele bater
a cabeça com força no chão ou em alguma quina ou objeto duro, pode não
acordar imediatamente devido ao traumatismo craniano, apresentando uma
síncope seguida de concussão cerebral.
Desmaiar pode ser um sinal de problemas do coração ou de doenças ce-
rebrais, como arritmia, estenose aórtica ou tumores cerebrais, mas outras
patologias também estão associadas às síncopes, por exemplo:
Desmaios (síncope) 7

„ embolia pulmonar;
„ tensão emocional;
„ emoções fortes;
„ ansiedade;
„ doenças vasculares cerebrais;
„ doenças cardíacas;
„ hipertensão pulmonar;
„ hipotensão postural;
„ infecções;
„ crises convulsivas (epilepsia).

Pontos-chave:
„ a síncope resulta da disfunção global do sistema nervoso central, geralmente por
fluxo sanguíneo cerebral insuficiente;
„ a maioria das síncopes resulta de causas benignas;
„ algumas causas menos comuns envolvem arritmias cardíacas ou obstrução da via
de saída do coração e são graves e potencialmente fatais;
„ a síncope vasovagal geralmente tem deflagrador aparente, sinais alarmantes e
alguns minutos ou mais de sintomas após a recuperação;
„ a síncope por arritmias cardíacas tipicamente ocorre de maneira abrupta e tem
recuperação rápida;
„ as convulsões têm tempo de recuperação prolongado, por exemplo, horas;
„ se a etiologia não for esclarecida como benigna, deve-se proibir a direção e a
utilização de máquinas até que ela seja determinada e tratada — a próxima ma-
nifestação de causa cardíaca não reconhecida pode ser fatal.

Procedimento diante de um desmaio


Os primeiros socorros envolvem cuidados com a vítima para que ela fique
confortável e o sangue volte a circular normalmente. Antes de qualquer ação,
verifique se a pessoa está respirando, caso não esteja, nem apresente batimentos
cardíacos, chame imediatamente por ajuda e inicie as manobras de ressuscita-
ção cardiopulmonar. Confira no Quadro 1 algumas dicas de como proceder.
8 Desmaios (síncope)

Quadro 1. Como proceder diante de um desmaio

Remova a vítima, se possível, para um ambiente arejado.

Mantenha sempre as vias aéreas da vítima livres.

Libere, desaperte e afrouxe as roupas da vítima, deixando-a confortável.

Afaste os curiosos.

Coloque a vítima deitada no chão com as costas para baixo, elevando suas
pernas, para que elas fiquem mais altas em comparação ao restante do corpo,
conforme mostra a Figura 2.

Lateralize a cabeça da vítima para evitar o sufocamento se houver vômitos.

Chame por socorro médico se o desmaio durar mais de dois minutos.

Verifique se houve alguma lesão causada pela queda.

Não ofereça nenhum tipo de bebida ou alimento, nem nada para cheirar.

Não dê tapas, nem jogue água sobre a vítima.

Mantenha a vítima deitada por mais cinco minutos assim que ela recuperar a
consciência e não tenha pressa em coloca-la de pé.

Sente a vítima devagar, aos poucos, ajudando-a a ficar de pé, sempre amparando-a.

Figura 2. Posicionamento do paciente desmaiado.


Fonte: Especialista 24 (2013, documento on-line).
Desmaios (síncope) 9

No Quadro 2, você pode ver a diferenciação clínica entre síncope e


convulsão.

Quadro 2. Diferenciação clínica entre síncope e convulsão

Síncope Convulsão

Situação clínica Em ortostase, ambiente Qualquer situação


quente, estresse
emocional, após
micção, defecação,
tosse e deglutição
(neuromediada)
Qualquer situação
(arritmia)

Sintomas Pródromos de Aura (déjà vu, olfatória,


premonitórios palpitação, turvação gustatória ou visual)
visual, náuseas, calor
ou frio, sudorese, etc.

Durante o evento Palidez, sudorese Cianose


Cianose pode Salivação
ocorrer (arritmia) Duração prolongada,
Duração curta, de com mais de 5 minutos
até 5 minutos Mordida da língua
Incontinência Desvio horizontal
esfinctérica e breves dos olhos
movimentos clônicos Incontinência é
são raros, mas mais frequente
podem ocorrer Movimento
tônico-clônico

Sintomas residuais Fadiga prolongada Sintomas residuais


(neuromediada) frequentes (dor
Sem sintomas muscular, fadiga,
residuais (arritmia) cefaleia)
Orientação Recuperação lenta
Desorientação

Fonte: Adaptado de Macatrão-Costa e Hachul (2009, document on-line).


10 Desmaios (síncope)

Aprenda a como agir em caso de desmaio com as dicas simples do Corpo de Bombeiros
Militar do Estado de Goiás, disponíveis no link a seguir.

https://goo.gl/aXQRRg

Veja no link a seguir como esclarecer a condição e, sobretudo, diferenciar as causas


cardíacas e neurológicas das formas mais benignas.

https://goo.gl/jtCQjT

AMAZONCOR. Tilt table test (exame da mesa inclinada). [2018]. Disponível em: <http://
www.amazoncor.com.br/?n=29>. Acesso em: 13 jun. 2018.
ESPECIALISTA 24. Desmaio (síncope): tratamento, causas e sintomas. 2013. Disponível
em: <http://www.especialista24.com/desmaio-sincope/>. Acesso em: 06 jun. 2018.
MACATRÃO-COSTA, M. F.; HACHUL, D. Síncope. 2009. Disponível em: <http://www.
medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/1441/sincope.htm>. Acesso em: 06 jun. 2018.

Leituras recomendadas
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Núcleo de Biossegurança.
Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2003.
DIANTE de episódios de síncope. Fleury Medicina e Saúde, n. 5, 2014. Disponível em:
<http://www.fleury.com.br/medicos/educacao-medica/revista-medica/materias/
Pages/diante-de-episodios-de-sincope.aspx>. Acesso em: 06 jun. 2018.
GIESEL, V. T.; TRENTIN, D. T. (Org.). Fundamentos da saúde para cursos técnicos. Porto
Alegre: Artmed, 2017 (Série Tekne).
MOIA, A. et al. Guidelines for the diagnosis and management of syncope. European
Society of Cardiology, London, v. 30, n. 21, p. 2631-2671, Nov. 2009.
Desmaios (síncope) 11

SHAH, K.; MASON, C. Procedimentos de emergência essenciais. Porto Alegre: Artmed,


2009.
SILVA, D. B. (Org.). Manual de primeiros socorros. Alfenas: UNIFENAS, 2007.
STONE, C. K.; HUMPHRIES, R. L. CURRENT: medicina de emergência: diagnóstico e
tratamento. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.
DICA DO PROFESSOR

Quem já desmaiou ou presenciou um desmaio, sabe o medo que dá. Vulnerabilidade, perigo de
se machucar seriamente, de não saber como agir ou até mesmo de que algo pior aconteça são
sensações comuns de quem passa por esse problema.

Assista ao vídeo da Dica do Professor e veja quais são os principais aspectos que envolvem as
situações de desmaio.

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EXERCÍCIOS

1) Os desmaios ocorrem pela diminuição de sangue no cérebro, que pode ser causada
por diversos fatores, tais como a0 falta de alimentação, fadiga, permanência em
lugares abafados, emoção forte ou perda de sangue. Considerando-se essa
informação, em caso de desmaio, deve-se:

A) Posicionar as mãos sobre o peito da vítima, fazendo cinco compressões para dentro e para
cima.

B) Abraçar a vítima fortemente pelas costas, posicionando as mãos acima do umbigo dela.

C) Colocar a vítima em decúbito dorsal com as pernas mais elevadas em relação ao restante
do corpo.
D) Dar tapas de leve no rosto da vítima, chamando pelo seu nome.

E) Aplicar compressa fria ou saco de gelo sobre a pele.

2) Durante uma situação de desmaio, a vítima perde totalmente a consciência de forma


temporária, súbita e repentina, Devido à perda da consciência, consequentemente, o
acidentado cai. Com isso, seus braços e suas pernas ficam leves e, aos poucos, a
pessoa vai recuperando a consciência gradativamente. Com isso em mente, marque a
alternativa que contenha apenas sintomas de desmaios:

A) Alterações do campo visual, hipotensão, palidez e sudorese intensa.

B) Rubor facial, sudorese, vertigens, queda da pressão arterial e alterações visuais.

C) Palidez, sudorese, vertigens, aumento da pressão arterial e alterações visuais.

D) Palidez, sudorese, vertigens, queda da pressão arterial e cegueira.

E) Palidez, frio excessivo, vertigens, queda da pressão arterial e alterações visuais.

3) A síncope, ou o desmaio, tem várias motivações, sendo as principais os ataques vaso-


vagais e as causas cardíacas. Marque a alternativa que aborda de forma correta a
origem das principais causas de desmaio clinicamente relevantes:

A) Cansaço extremo, emoções súbitas, calma, dores fortes e permanência prolongada em


espaços abertos e ventilados.

B) A única causa de desmaio são as doenças cardiovasculares, que podem provocar arritmias,
distúrbios hemodinâmicos e paradas cardiorrespiratórias. Elas comprometem o fluxo
normal do sangue para os tecidos, em especial para o cérebro.
C) Distúrbios metabólicos como a hiperglicemia (falta de açúcar no sangue causada por jejum
prolongado ou diabetes descompensado), a anemia intensa, as hemorragias, a desidratação
e o desequilíbrio na composição dos sais minerais da corrente sanguínea.

D) Hipotensão ortostática: o aumento brusco da pressão arterial provocado pela mudança


repentina de posição (a pessoa estava sentada ou deitada e fica em pé de repente). A
hipotensão ortostática frequentemente está associada à desidratação, ao uso de diuréticos a
aos distúrbios cardiovasculares.

E) Doenças cardiovasculares; distúrbios metabólicos; uso de medicações que podem provocar


desmaios; hipotensão ortostática e outras causas como cansaço extremo, emoções súbitas,
nervosismo intenso, dores fortes e permanência prolongada em lugares fechados e quentes.

4) Pessoas que sofrem de desmaios de causa indeterminada, sem evidências ou histórico


de doenças cardíacas, geralmente são acometidas pela síndrome vasovagal (SVV).
Marque a alternativa que define a SVV:

A) A Síndrome Vaso Vagal é definida pelo desmaio, que ocorre em função da diminuição do
sistema parassimpático.

B) A síndrome vasovagal é definida por um problema neurovascular causado pelo mau


funcionamento do hipotálamo, na base do cérebro, com reflexos no coração. A glândula
não consegue manter o nível adequado e eficaz da pressão arterial e da circulação
sanguínea do corpo.

C) A síndrome vasovagal é definida por um problema muscular que causa reflexos danosos
ao coração, diminuindo a frequência cardíaca.

D) A síndrome vasovagal é definida por um processo no qual há hiperexcitação do


hipotálamo, na base do cérebro, com reflexos no coração.
E) A síndrome vasovagal é definida por um defeito genético que acomete o nervo vago
interfirindo nas terminações nervosas que inervam o coração.

5) Os primeiros socorros envolvem cuidados com a vítima para que ela fique confortável e o
sangue volte a circular normalmente. Com isso, as medidas de primeiros socorros
dispensadas às vítimas devem garantir:

A) Assistência médica precoce.

B) Que a vítima seja levantada do chão o mais rapidamente possível.

C) Alimentação e hidratação imediata da vítima, pois o desmaio pode ter sido causado por
hipoglicemia ou desidratação.

D) Medidas que facilitem sua livre respiração, seu conforto, sua privacidade e o retorno do
fluxo cerebral adequado.

E) Movimentos vigorosos, como fortes batidas e tapas no rosto para a vítima recobrar logo a
consciência.

NA PRÁTICA

Pessoas que sofrem de desmaios de causa indeterminada, sem evidências ou histórico de


doenças cardíacas, geralmente são acometidas pela síndrome vasovagal (SVV).

Veja aqui um caso clínico que fala sobre a SVV.


SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Síncope

Neste vídeo, saiba mais sobre a Avaliação Inicial da Síncope realizada pela medicina.

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Síndromes Neuralmente Mediadas

Confira neste artigo informações sobre a síncope vasovagal ou disautonomia.

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Epidemiologia

Leia um estudo sobre a Epidemiologia e as causas da síncope.

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Queimaduras

APRESENTAÇÃO

As queimaduras são ferimentos traumáticos causados, geralmente, por agentes térmicos,


químicos, elétricos ou radioativos. Elas atuam nos tecidos que vestem nosso corpo, causando
destruição parcial ou total da pele e das demais camadas anexas, podendo, ainda, atingir
camadas mais profundas, como tecido celular subcutâneo, músculos, tendões e ossos. As
queimaduras são classificadas de acordo com a sua profundidade e o seu tamanho, sendo
normalmente medidas pelo percentual da superfície corporal atingida.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá aprender como identificar os tipos de queimaduras,
suas classificações e extensões, além de reconhecer medidas de prevenção de queimaduras e de
como agir em situações que envolvem esse tipo de ferimento.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar os tipos de queimaduras, sua classificação e extensão.


• Reconhecer medidas de prevenção de queimaduras.
• Descrever o atendimento ao paciente com queimaduras.

DESAFIO

As queimaduras são lesões traumáticas provocadas pela temperatura, geralmente, por calor em
excesso, que podem atingir graves proporções de perigo para a vida humana ou para a sua
integridade, dependendo da localização, da extensão e do grau de profundidade.

Você, como profissional da área, recebe a seguinte situação:

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Diante do caso apresentado, responda as seguintes questões:


1 - Qual é a porcentagem de superfície corporal queimada segundo a regra dos 9?

2 - Quanto à extensão da queimadura, qual é a classificação desse paciente?

3 - Existe algum dado da história que sugere lesão inalatória? Quais possíveis achados no exame
físico dariam suporte a essa hipótese?

INFOGRÁFICO

As queimaduras apresentam características que dependem da sua profundidade. Com isso,


sabemos que as queimaduras superficiais de primeiro grau provocam dores por
aproximandamente dois ou três dias, seguidas por escamação da pele nos dias seguintes. Já as
queimaduras mais profundas podem provocar insensibilidade total ao toque.

Confira no Infográfico características de acordo com a profundidade das queimaduras.


CONTEÚDO DO LIVRO

O corpo humano realiza suas funções fisiológicas por meio de vários mecanismos metabólicos
e, para que ele mantenha sua homeostase, a temperatura corpórea deve estar entre 34,4 e 40
graus centígrados. A exposição aos agentes externos que apresentem uma temperatura maior do
que a que ele consegue absorver desencadeia o processo de queimadura.
Para aprofundar seu conhecimento sobre o assunto, faça a leitura do capítulo Queimaduras, da
obra Primeiros Socorros.

Boa leitura.
PRIMEIROS
SOCORROS

Márcio Haubert
Queimaduras
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Identificar os tipos de queimaduras, sua classificação e extensão.


„ Reconhecer as medidas de prevenção de queimaduras.
„ Descrever o atendimento ao paciente com queimaduras.

Introdução
Os traumas causados por queimaduras estão envolvidos nos processos
em que há interação inadequada do corpo humano com objetos ou
substâncias de diferentes temperaturas, ocasionada por calor ou frio,
contato com gases, eletricidade, radiação e produtos químicos. Portanto,
a queimadura é qualquer lesão provocada por agentes externos sobre
o revestimento do corpo, que pode destruir desde a pele até os tecidos
mais profundos, como ossos e órgãos.
Neste capítulo, você estudará os tipos de queimaduras e as suas
classificações, bem como conhecerá as medidas de prevenção e os
primeiros socorros que devem ser prestados às vítimas.

Tipos, causas e classificação de queimaduras


O corpo humano realiza suas funções fisiológicas por meio de vários meca-
nismos metabólicos e, para que ele mantenha sua homeostase, a temperatura
corpórea deve estar entre 34,4 e 40 graus centígrados. A sua exposição aos
agentes externos com uma temperatura maior do que ele consegue absorver
desencadeia o processo de queimadura.
2 Queimaduras

As queimaduras são lesões traumáticas provocadas pela temperatura,


geralmente, por calor em excesso, que podem atingir graves proporções de
perigo para a vida humana ou para a sua integridade, dependendo da loca-
lização, da extensão e do grau de profundidade. Essas lesões, por sua vez,
causam desnaturação de proteínas e consequente lesão ou morte celular, por
isso, as queimaduras têm o potencial de desfigurar e provocar incapacitações
temporárias ou permanentes, chegando à morte em casos mais severos.
Além de ser o maior órgão do corpo humano, a pele é a barreira protetora
contra infecções e perda de água e calor. Os queimados que possuem extensas
lesões de pele afetada tendem a perder temperatura e líquidos com grande
facilidade, ficando mais propensos às complicações e infecções. Indepen-
dentemente da extensão e da profundidade, todo tipo de queimadura requer
atendimento médico após a prestação dos primeiros socorros.
As queimaduras podem ser classificadas da seguinte maneira.

Quanto à profundidade
„ 1º grau: tipo de queimadura que atinge a epiderme, a camada superficial
da pele. Apresenta lesões hiperemiadas e sem bolhas, com discreto
edema e dor no local.
„ 2º grau: tipo de queimadura que atinge a epiderme e parte da derme, pri-
meira e segunda camadas da pele. Apresenta bolhas, e a dor é acentuada.
„ 3º grau: tipo de queimadura que atinge todas as camadas da pele,
músculos e ossos. Apresenta necrose da pele, a qual fica com cor es-
branquiçada ou escura. A dor é ausente, devido à sua profundidade,
lesando todas as terminações nervosas responsáveis pela condução da
sensação de dor.

No Quadro 1, você pode ver com detalhes a classificação das queimaduras


quanto à sua profundidade; já a Figura 1 mostra o que acontece com a pele
dependendo da profundidade da queimadura.
Queimaduras 3

Quadro 1. Profundidade das queimaduras

Grau Causa Profundidade Cor Enchimento Sensação


capilar de dor

1º Luz solar ou Epiderme Eritema Presente Dolorosa


grau chamuscação
pouco
intensa

2º Chamuscação Epiderme Eritema Presente Dolorosa


grau ou líquidos e derme e
ferventes bolhas

3º Chama direta Todas as Branca, Ausente Pouca dor,


grau camadas preta anestesiada
ou
marrom

Fonte: Brasil (2003, p. 129).

QUEIMADURAS

Queimadura de Queimadura de Queimadura de


Pele normal
primeiro grau segundo grau terceiro grau

Figura 1. Profundidade das queimaduras.


Fonte: Associação Médica do Rio Grande do Sul (2016, documento on-line).

Quanto à extensão
A extensão de uma queimadura é representada em percentagem da área corporal
queimada. Sua gravidade será determinada pela profundidade, a extensão e
a área afetada, observe a classificação a seguir.
4 Queimaduras

„ Leves ou pequeno queimado: quando as queimaduras atingem menos


de 10% da superfície corporal, ou queimaduras de segundo grau com
menos de 15% da superfície corporal atingida, ou de terceiro grau com
menos de 2% da superfície corporal atingida.
„ Médias ou médio queimado: quando as queimaduras atingem de 10
a 20% da superfície corporal, ou queimaduras de primeiro grau que
tenham atingido mais de 50% da superfície corporal, ou de segundo
grau com mais de 20% da superfície corporal atingida, ou de terceiro
grau que tenham atingido até 10% da superfície corporal, sem chegarem
a face, mãos e pés.
„ Graves ou grande queimado: quando as queimaduras atingem mais de
20% da área corporal, ou se causarem complicação por lesão do trato
respiratório, ou queimaduras de terceiro grau em face, mãos e pés, ou de
segundo grau que tenham atingido mais de 30% da superfície corporal.

Existem duas regras que podem ser utilizadas para medir a extensão das
queimaduras em relação à área corporal, como você verá a seguir.

Regra dos nove

É a mais usada pelas instituições de saúde e atribui o valor nove (ou um


múltiplo dele) a cada segmento corporal:

„ cabeça — 9%;
„ tronco frente — 18%;
„ tronco costas — 18%;
„ membros superiores — 9% cada;
„ membros inferiores — 18% cada;
„ genitais — 1%.

Veja na Figura 2 como funciona a regra dos nove para medir a extensão
das queimaduras.
Queimaduras 5

REGRA DOS 9 Adulto


9%
EXTENSÃO DE QUEIMADURAS 6 anos
12%
3 anos 9% 9%
15%
9% 9%
Menor de 1 ano 36%
9% 9%
18% 35%
36%
9% 9%
36%
18% 18%
17% 17%
14% 14% 15,5% 15,5%

Figura 2. Regra dos nove.


Fonte: Andretta et al. (2013, documento on-line).

Regra da palma da mão

É a menos utilizada pelas instituições de saúde e pode estimar a extensão


de uma queimadura calculando o número de palmas — considerando que,
geralmente, a palma da mão de um indivíduo representa 1% de sua superfície
corporal.
As queimaduras de mãos, pés, face, períneo, pescoço e olhos, quaisquer
que sejam a profundidade e a extensão, necessitam de tratamento hospitalar.

Quanto à causa
Agentes físicos:

„ térmicos — líquidos quentes, gordura quente, ferro quente, vapor e fogo;


„ elétricas — corrente de baixa voltagem (eletrodomésticos), alta tensão
e raio;
„ radiantes — exposição à luz solar ou às fontes nucleares.

Agentes químicos: substâncias químicas industriais e produtos de uso domés-


tico (solvente, soda cáustica, alvejante ou qualquer ácido ou álcalis).
6 Queimaduras

Agentes biológicos: seres vivos, animais, insetos e plantas (taturana, água-


-viva, urtiga, etc.).

Em casos de incêndio, é comum ocorrer apenas queimaduras das vias aéreas, causadas
pela inalação de vapores quentes, e os pacientes tendem a não receber uma assistência
imediata, porque não apresentam lesões visíveis.
A inalação de fumaça é a principal causa de óbito precoce após a queimadura, pois os
gases superaquecidos podem causar uma alta obstrução de vias aéreas por edema da
hipofaringe — raramente ocorre lesão nos pulmões, já que a traqueia absorve o calor.
Como suspeitar de queimaduras de vias aéreas:
„ queimadura de face;
„ sobrancelhas queimadas;
„ pelos nasais queimados
„ queimaduras na boca;
„ escarro carbonáceo (negro);
„ lábios inchados;
„ rouquidão (sinal precoce);
„ estridor pulmonar (sinal tardio que demonstra 85% de obstrução);
„ queimaduras em espaço confinado.

Prevenção de queimaduras
A maioria dos acidentes que causam queimaduras pode ser evitada, para isso,
cuidados básicos devem ser tomados, tanto em casa como no local de trabalho.
As queimaduras ocorrem, geralmente, por descuido da pessoa envolvida ou
dos indivíduos próximos a ela. Já as suas medidas preventivas requerem atos
simples que podem facilmente ser incorporados ao dia a dia. Veja algumas
precauções necessárias para evitá-las:

„ utilize sempre, se necessário, os equipamentos de proteção individual


(EPI) no local de trabalho, principalmente eletricistas, distribuidores
de gás, trabalhadores de construção civil e outros que envolvam risco;
„ mantenha tomadas elétricas protegidas, utilizando protetores e passa
fio para não deixar fios elétricos expostos e ao alcance das mãos;
Queimaduras 7

„ evite acender velas próximas aos equipamentos que possam facilitar


a combustão;
„ afaste-se da prática de estourar fogos de artifício;
„ não deite com o cigarro aceso;
„ não fume perto de quaisquer produtos inflamáveis;
„ evite deixar cabos de panelas para fora do fogão;
„ acondicione adequadamente líquidos inflamáveis, como álcool, gasolina,
thinner, etc.;
„ verifique sempre a temperatura da água antes do banho;
„ tome todas as medidas necessárias para assegurar o funcionamento
adequado do botijão de gás, das válvulas, mangueiras e conexões;
„ mantenha o botijão de gás em um local onde exista circulação de ar e evite
que a mangueira passe por lugares quentes que causem derretimento;
„ tome cuidado ao utilizar álcool ou óleos para acender a churrasqueira;
„ não permita que crianças fiquem na cozinha sem uma supervisão
adequada;
„ mantenha o registro do gás fechado quando não estiver utilizando o
fogão;
„ não deixe fósforos e isqueiros ao alcance de crianças;
„ tenha cuidado ao manusear o ferro de passar roupas, bem como após
seu uso até esfriar;
„ evite fazer manutenções no quadro de força por conta própria e consulte
sempre um profissional eletricista;
„ não sobrecarregue uma tomada com vários equipamentos ligados ao
mesmo tempo;
„ não tente recuperar algo que foi pendurado em postes, pois as queima-
duras em fios de alta tensão são muito graves;
„ evite o uso de bronzeadores caseiros;
„ evite exposição prolongada ao sol e use sempre filtro solar.

Para saber mais sobre a prevenção de queimaduras, acesse o link a seguir.

https://goo.gl/285vHM
8 Queimaduras

Primeiros socorros
Antes de qualquer ação, é essencial que seja observada a segurança pessoal.
Após a certeza de isenção de risco, deve-se conduzir os primeiros socorros,
conforme apresentado no Quadro 2.

Quadro 2. Como proceder com os primeiros socorros

Aplique os métodos de prestação de primeiros socorros somente depois


da realização de manobras de suporte básico de vida, hemostasia,
prevenção de choque e assistência às outras lesões que possam
colocar em risco a vida do acidentado ou piorar seu estado clínico.

Afaste o acidentado da origem da queimadura — esse é o passo


inicial e tem prioridade sobre todos os outros tratamentos.

Encaminhe a vítima ao atendimento especializado assim que possível.

Limite-se, nas queimaduras identificadas como primeiro grau, à lavagem


com água corrente na temperatura ambiente para o resfriamento
do local, interrompendo a atuação do agente causador da lesão,
aliviando a dor e evitando o aprofundamento da queimadura.

Nunca aplique gelo no local, pois causa vasoconstrição e diminuição da irrigação


sanguínea, favorecendo também a queimadura por resfriamento excessivo.

Ofereça água ao acidentado, porém, lentamente.


Se ele estiver inconsciente, não lhe dê água.

Fique atento, em todos os casos de queimaduras, mesmo as de primeiro grau,


para a necessidade de manter o local lesado limpo e protegido contra infecções.

Dê outros tipos de cuidados às queimaduras de segundo grau, os quais


incluem lavar o local lesado (procedimento imediato) e protegê-lo com
compressa de gaze, ou pano limpo umedecido, ou papel alumínio.

Nunca fure ou estoure as bolhas que surjam no local.

Nunca aplique pomadas, cremes ou unguentos de qualquer tipo. É


comum a crendice de aplicação de creme dental, manteiga, graxa, etc.,
porém, a sua retirada durante o atendimento hospitalar causa lesão e
dano muito maior que aquele causado apenas pela queimadura.

Proteja o acidentado com cobertor ou algo similar para prevenir


o seu estado de choque e coloque-o em local confortável, com
as pernas elevadas cerca de 30 cm em relação à cabeça.

(Continua)
Queimaduras 9

(Continuação)

Quadro 2. Como proceder com os primeiros socorros

Remova, se possível, joias e vestes do acidentado para evitar


constrição com o desenvolvimento do edema.

Não tente retirar roupas que estejam grudadas no corpo da vítima, nem mesmo
objetos estranhos que tenham ficado na queimadura após a lavagem inicial.

Não deixe a vítima correr em casos de fogo no vestuário, deite-a no chão


abafando as chamas com a ajuda de cobertor, tapete, toalhas, casaco ou
assemelhados e, em seguida, molhe as suas roupas, desde que as chamas
não tenham sido ocasionadas por gasolina, óleo ou querosene.

Lave imediatamente a área atingida com água em casos de


queimaduras químicas, até mesmo sem esperar a retirada do vestuário
— a melhor opção é a lavagem debaixo de um chuveiro.

Priorize os casos de queimaduras oculares. Lave os olhos com


água em abundância por no mínimo 15 minutos, depois,
providencie o seu fechamento delicado, usando curativo macio,
e um transporte imediato para a assistência especializada.

Garanta o transporte do acidentado para um local aquecido nos casos


de queimadura por frio ou geladuras; aqueça as partes congeladas
com água quente, mas não fervente, ou com panos molhados com
água quente, realizando massagens delicadas para ativar a circulação
nas partes próximas ao membro congelado; ofereça bebidas quentes,
nunca alcoólicas; e peça a ele para movimentar os pés e as mãos
a fim de ajudar na recuperação da circulação sanguínea.

Observe sinais de choque, como inquietação, confusão,


sonolência, pulso rápido, sudorese, oligúria e hipotensão.

Lave e proteja o local da lesão no caso de queimaduras de terceiro grau


— se possível, com papel alumínio, para separá-la efetivamente do meio
externo, diminuir a perda de calor e proteger contra microrganismos.

Confira no link a seguir algumas dicas de primeiros socorros para queimaduras.

https://goo.gl/GSuKtj
10 Queimaduras

ANDRETTA, I. B. et al. Perfil epidemiológico das crianças internadas por queimadu-


ras em hospital do sul do Brasil, de 1998 a 2008. Revista Brasileira de Queimaduras,
2013. Disponível em: <http://www.rbqueimaduras.com.br/details/140/pt-BR/perfil-
epidemiologico-das-criancas-internadas-por-queimaduras-em-hospital-do-sul-do-
brasil-de-1998-a-2008>. Acesso em: 06 jun. 2018.
ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO RIO GRANDE DO SUL. Entrevista: prevenção e trata-
mento de queimaduras. 2016. Disponível em: <http://www.amrigs.org.br/index.
php?p=noticia&id=2892>. Acesso em: 06 jun. 2018.
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Núcleo de Biossegurança.
Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2003.

Leituras recomendadas
GIESEL, V. T.; TRENTIN, D. T. (Org.). Fundamentos da saúde para cursos técnicos. Porto
Alegre: Artmed, 2017 (Série Tekne).
LIMA JÚNIOR, E. M. Tratado de queimaduras no paciente agudo. Rio de Janeiro: Athe-
neu, 2008.
NAZÁRIO, N. O.; LEONARDI, D. F. Queimaduras: atendimento pré-hospitalar. Tubarão:
Unisul, 2012.
SERRA, M. C.; EDEMAR, M. Tratado de queimaduras. Rio de Janeiro: Atheneu, 2004.
SHAH, K.; MASON, C. Procedimentos de emergência essenciais. Porto Alegre: Artmed,
2009.
SILVA, D. B. (Org.). Manual de primeiros socorros. Alfenas: UNIFENAS, 2007.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE QUEIMADURAS. Site. c2015. Disponível em: <http://sb-
queimaduras.org.br/categoria/prevencao/>. Acesso em: 06 jun. 2018.
STONE, C. K.; HUMPHRIES, R. L. CURRENT: medicina de emergência: diagnóstico e
tratamento. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.
VIBRA SAÚDE. Primeiros socorros para queimadura: veja o que fazer nessa situação!
2017. Disponível em: <http://www.vibrasaude.com/saude/primeiros-socorros-para-
queimadura/>. Acesso em: 06 jun. 2018.
DICA DO PROFESSOR

As lesões por queimaduras são a terceira causa de morte acidental em todas as faixas etárias,
sendo que 75% dessas lesões resultam da ação da vítima e ocorrem no ambiente domiciliar. A
maioria dos acidentes por queimaduras poderia ser prevenida, entretanto, no Brasil, programas
de prevenção desse tipo são escassos.

Assista na Dica do Professor às sugestões de como prevenir os acidentes mais recorrentes com
queimaduras.

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EXERCÍCIOS

1) Além de ser o maior órgão do corpo humano, a pele é nossa barreira protetora contra
infecções, contra perda de água e de calor. Com isso, marque a alternativa que
melhor completa essa afirmativa:

A) Pequenos queimados que possuem extensas lesões de pele afetada tendem a perder
temperatura e líquidos com grande facilidade, ficando mais propensos a complicações em
decorrência desse fato e com mais facilidade de adquirir infecções.

B) Grandes queimados que possuem pequenas lesões de pele afetada tendem a perder
temperatura e líquidos com grande facilidade, ficando mais propensos a complicações em
decorrência desse fato e com mais facilidade de adquirir infecções.

C) Grandes queimados que possuem extensas lesões de pele afetada tendem a ganhar
temperatura e líquidos com grande facilidade, ficando menos propensos a complicações
em decorrência desse fato e com mais facilidade de adquirir infecções.

D) Grandes queimados que possuem extensas lesões de pele afetada tendem a perder
temperatura e líquidos com grande facilidade, ficando mais propensos a complicações em
decorrência desse fato e com mais facilidade de adquirir infecções.

E) Alguns queimados que possuem extensas lesões de pele afetada tendem a perder
temperatura e líquidos com grande facilidade, ficando mais propensos a complicações em
decorrência desse fato e com mais facilidade de adquirir infecções.

2) De que maneira as queimaduras podem ser classificadas? Qual é a profundidade que


elas atingem respectivamente?

A) Primeiro grau, segundo grau e terceiro grau superficial.


Epiderme, epiderme e derme ou ainda todas as camadas.

B) Primeiro grau, segundo grau e terceiro grau.


Epiderme, epiderme e derme e todas as camadas.

C) Primeiro grau superficial, segundo grau médio e terceiro grau profundo.


Epiderme, epiderme e derme e todas as camadas.

D) Primeiro grau, segundo grau e terceiro grau.


Epiderme, mesoderme e derme e todas as camadas.

E) Primeiro grau profundo, segundo grau e terceiro grau.


Epiderme, epiderme e derme e todas as camadas.

3) A extensão de uma queimadura é representada pela percentagem da área corporal


queimada. A gravidade da queimadura será determinada pela profundidade,
extensão e área afetada. Nesse contexto, podemos classificar as queimaduras da
seguinte forma:

A) Leves ou pequeno queimado; médias ou médio queimado; graves ou grande queimado.


B) Leves ou pouco queimado; médias ou médio queimado; graves ou imenso queimado.

C) Leves; médias ou grande queimado.

D) Leves ou suave queimado; médias ou médio queimado; graves ou grande queimado.

E) Leves ou pequeno queimado; médias ou parcial queimado; graves ou grande queimado.

4) Quanto à causa, as queimaduras podem ser classificadas em:

A) Agentes físicos, agentes solares e agentes biológicos.

B) Agentes físicos, agentes químicos e agentes biológicos.

C) Agentes abrasivos, agentes químicos e agentes biológicos.

D) Agentes físicos, agentes químicos e agentes incandecentes.

E) Agentes reativos, agentes químicos e agentes biológicos.

5) Dentre as diversas ações que devem ser dispensadas às vítimas de queimaduras,


marque a alternativa que contempla apenas ações corretas de procedimentos de
primeiros socorros:

A) Ofereça água para o acidentado, porém lentamente - independentemente se ele estiver


inconsciente ou não.

B) Sempre fure ou estoure as bolhas que venham a surgir no local das queimaduras para
aliviar a pressão e a dor local.
C) Não tente retirar roupas que estejam grudadas no corpo da vítima, nem mesmo objetos
estranhos que tenham ficado na queimadura após a lavagem inicial.

D) Casos de queimaduras oculares não devem ser encarados como emergência prioritária,
afinal, basta lavar bem os olhos da vítima com água em abundância por no mínimo 15
minutos.

E) Sempre que possível, aplique cremes hidratantes para garantir a hidratação da pele no local
da queimadura e também procure aplicar creme dental para pormover refrescância e alívio
à vítima.

NA PRÁTICA

As queimaduras estão entre as mais graves lesões que o organismo pode suportar, não só pela
forte dor, mas pela possibilidade de choques hipovolêmicos e sépticos proporcionais à extensão
e profundidade da área atingida.
Confira no Na Prática o caso clínico de um menino de 13 anos que sobreviveu a uma
queimadura superior a 60% da superfície corporal.
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Algumas publicações sugeriram que a taxa de sobrevida chega a 50% em jovens adultos com
superfície corporal queimada de 80%, sem lesão inalatória. Já dados norte-americanos recentes
indicam 69% de mortalidade em paciente com queimaduras superiores a 70% de área corporal
queimada.

SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Fatores de risco e medidas de prevenção das queimaduras infantis: revisão integrativa da


literatura
Confira no artigo mais informações pertinentes ao tema estudado.

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Sociedade Brasileira de Queimaduras

Acesse o site para conferir dicas úteis para evitar e tratar queimaduras.

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Webpalestra: Queimaduras - Urgências na APS

Assista à webpalestra na qual você verá exemplos e casos discutidos sobre os tipos de
queimaduras.

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Choques

APRESENTAÇÃO

O choque é um estado de hipoperfusão celular generalizada, no qual a liberação de oxigênio


para as células é insuficiente, e a retirada de substâncias tóxicas também fica comprometida,
causando um desequilíbrio sistêmico e metabólico.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você reconhecerá as situações de choque, identificando seus


diferentes tipos, e também aprenderá sobre os primeiros socorros dispensados a pacientes em
estado de choque.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Reconhecer situações de choques hemodinâmicos e clínicos.


• Identificar os diferentes tipos de choques.
• Descrever o atendimento a pacientes em choque.

DESAFIO

O estado de choque é um evento de extrema gravidade que coloca em risco a vida do paciente.
Com base nessa informação, imagine a seguinte situação hipotética:

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Diante do caso apresentado, responda:

1 - Qual o provável distúrbio hemodinâmico está sendo apresentado pela vítima?

2 - Qual a consequência comum do estado de choque e quando ele ocorre?

3 - O que você pode fazer para ajudar a vítima?


INFOGRÁFICO

O estado de choque é um grave estado patológico que se caracteriza fundamentalmente por


sofrimento celular súbito, intenso, persistente e generalizado. As causas podem ser várias:
traumatismo externo ou interno, perfuração súbita de órgãos, emoção, frio, queimaduras,
intervenções cirúrgicas, etc.

Veja, no infográfico, a classificação dos estados de choque.


CONTEÚDO DO LIVRO

Dependendo da gravidade do choque, a vítima pode morrer na hora. Portanto, trata-se de


uma emergência clínica que deve ser manejada o quanto antes.

Para aprofundar seu conhecimento, faça a leitura do capítulo Choques, da obra Primeiros
socorros, base teórica desta Unidade de Aprendizagem.
PRIMEIROS
SOCORROS

Márcio Haubert
Choques
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Reconhecer as situações de choques hemodinâmicos e clínicos.


„ Identificar os diferentes tipos de choques.
„ Descrever o atendimento aos pacientes em choque.

Introdução
A síndrome do choque circulatório, também chamada apenas de choque,
é um estado de falência circulatória aguda que prejudica a oferta de
oxigênio e dificulta a retirada de toxinas de órgãos e tecidos do corpo
humano. Para o paciente receber um atendimento adequado, é funda-
mental reconhecer qual tipo de choque está acometendo seu sistema,
a fim de que tenha o tratamento apropriado, pois cada choque deve ser
tratado de uma forma diferente.
Neste capítulo, você conhecerá as situações de choque, identificando
seus diferentes tipos, e aprenderá sobre os primeiros socorros dispensados
aos pacientes nesse estado.

Choque circulatório
O estado de choque é uma anomalia fisiológica que se instala quando o sistema
circulatório não consegue manter a oxigenação e a retirada de metabólicos
de células e órgãos do corpo humano. Para o organismo e sua homeostase
funcionarem corretamente, deve-se ter o bom desempenho do sistema car-
diocirculatório, responsável pelas trocas celulares e, consequentemente, pelo
adequado funcionamento sistêmico. Assim, as situações que prejudicam
essas trocas de gases, nutrientes e hormônios causam um colapso sistêmico
denominado de choque.
2 Choques

Os choques são causados pelo estado de hipotensão severa, o qual não


permite que as trocas celulares ocorram com eficiência, levando o organismo à
exaustão e ao colapso sistêmico. Todos eles têm como resultado a hipoperfusão
sanguínea, porém, as causas desta definirão o tipo que está acontecendo.
Para entender o estado de choque, independentemente do seu tipo, você
precisa relembrar da circulação sistêmica, também chamada de grande circu-
lação, a qual necessita dos seguintes elementos para um bom funcionamento:
bomba cardíaca, sistema arterial de resistência, sistema venoso de capacitância
e rede capilar.

„ O coração age como uma bomba hidráulica que tem como função produ-
zir pressão para vencer a resistência imposta pelo atrito de escoamento,
acelerando a coluna de sangue em direção aos tecidos.
„ O sistema arterial abriga cerca de 30% de todo o volume sanguíneo do
organismo e produz pressão na coluna de sangue. Essa pressão, por sua
vez, é produzida devido ao tônus arterial, um estado de semicontração
constante da musculatura lisa das artérias.
„ O sistema venoso é considerado de capacitância por possuir alta com-
placência (capacidade de acomodar volume), pois abriga cerca de 70%
do volume de sangue, funcionando como um verdadeiro reservatório.
„ A rede capilar constitui o quarto componente e encontra-se distribuída
em paralelo, sendo responsável pelo processo de troca de nutrientes e
gases respiratórios com os tecidos, o qual é conhecido como perfusão
tecidual ou tissular. Dá-se o nome de microcirculação à circulação que
ocorre nos capilares.

O choque é uma condição patológica caracterizada por alterações no local


da microcirculação, por isso, deve-se saber que o coração ejeta o sangue sob
pressão e velocidade. À medida que ele flui em direção à rede capilar, tanto sua
pressão como sua velocidade vão decaindo, devido ao seu atrito com a parede
das artérias e ao atrito entre as próprias células que o compõem, assim, ele
chega à rede sob baixa pressão e velocidade. Caso o sangue chegasse sob alta
pressão, os capilares se romperiam, porque a parede capilar é muito delgada,
paralelamente, se ele chegasse sob alta velocidade, não haveria tempo suficiente
para que as trocas gasosas e de nutrientes acontecessem de forma satisfatória.
Apesar de a pressão nos capilares ser baixa, sua existência é fundamental,
caso contrário, não ocorreria essa troca entre o sangue e os tecidos, levando
a um quadro de má perfusão tecidual.
Choques 3

Após relembrar esses aspectos, fica mais fácil de compreender que a sín-
drome do choque circulatório é o conjunto de sinais e sintomas que caracterizam
a falência circulatória aguda. Esse quadro pode advir de diversas causas e, por
isso, ter fisiopatologias distintas, mas a má perfusão tecidual define qualquer
tipo de choque.
Independentemente da causa, o choque resulta em deterioração tecidual caso
não haja intervenção, pois quando atinge um estado em que os mecanismos
compensatórios do organismo não são mais suficientes, ele gera mais choque,
uma vez que a má perfusão afeta de forma geral os tecidos corporais, inclusive
o sistema cardiovascular. Com o sistema comprometido, a perfusão se tornará
cada vez mais insuficiente, formando um ciclo vicioso e, se não houver inter-
venção nesse momento, o choque se tornará irreversível, e a morte, inevitável.

Principais causas do estado de choque:


„ hemorragias intensas (internas ou externas);
„ infarto;
„ taquicardias;
„ bradicardias;
„ queimaduras graves;
„ processos inflamatórios do coração;
„ traumatismos do crânio e traumatismos graves de tórax e abdômen;
„ envenenamentos;
„ afogamento;
„ choque elétrico;
„ picadas de animais peçonhentos;
„ exposição aos extremos de calor e frio;
„ septicemia.

No Quadro 1, você pode ver os sinais clínicos de disfunção orgânica nos


diversos casos de choque.
4 Choques

Quadro 1. Sinais clínicos de disfunção orgânica nos diversos sistemas devido à má per-
fusão tecidual

Sistema nervoso Alterações do nível de consciência (rebaixamento,


central agitação, quadros confusionais).

Sistema circulatório Hipotensão arterial, preenchimento


vascular capilar lentificado, extremidades frias,
elevação dos níveis de lactato.

Sistema digestório Estase, hipomotilidade, obstrução


intestinal, elevação das enzimas hepáticas,
perda de função hepática.

Sistema urinário Oligúria (débito urinário < 0,5 mL/kg/h


por mais de 2 h consecutivas), elevação de
escórias nitrogenadas, insuficiência renal
aguda (IRA), necrose tubular aguda.

Sistema hematológico Plaquetopenia, tromboses, alargamento dos


tempos de coagulação, tendência à hemorragia.

Sistema respiratório Desconforto respiratório (taquipneia, dispneia),


hipóxia, hiperventilação ou hipoventilação.

Pele Pegajosa, fria, livedo reticular.

Fonte: Adaptado de Santos (2017, documento on-line).

Tipos de choques
Os tipos de choques recebem vários esquemas propostos para sua classifica-
ção. Neste capítulo, você verá uma baseada em quatro grupos etiológicos do
choque circulatório e seu substrato fisiológico, que podem ser subdivididos
em hipovolêmico, cardiogênico, distributivo (o qual se subdivide em séptico,
anafilático, neurogênico e crise adrenal) e obstrutivo.

Choque hipovolêmico
Hipovolemia se trata do estado de baixa quantidade de volume sanguíneo
circulante no organismo, logo, o choque hipovolêmico, ou hemorrágico, é
causado por uma redução desse volume — além de ser o tipo mais frequente,
na maioria das vezes ocasionado por hemorragias, nas quais há perda tanto de
Choques 5

eritrócitos como de plasma sanguíneo, ou existe uma perda isolada de plasma


por meio de desidratação, sequestro de líquidos, queimaduras e drenagem de
grandes volumes.
De uma forma ou de outra, o que ocorre é uma queda na pressão de en-
chimento capilar ou hidrostática, sendo que a hemorragia pode ser externa,
causada por traumas e acidentes; e interna, por úlcera perfurada ou qualquer
outro fato que cause sangramento interno.
Para recuperar a perfusão tecidual, o organismo utiliza estratégias fisio-
lógicas, como a ativação simpática que desencadeia três respostas principais:

„ contração das arteríolas — que aumenta a resistência vascular


periférica;
„ contração das veias — que aumenta o retorno venoso e, consequen-
temente, a pré-carga;
„ efeitos cardíacos diretos — que aumenta a frequência cardíaca e a força
de contração do coração. Tais efeitos atuam em conjunto, contribuindo
para o aumento da pressão arterial.

O choque hipovolêmico é facilmente diagnosticado se houver sinais clíni-


cos visíveis de instabilidade hemodinâmica ou for evidente a fonte de perda
de volume sanguíneo, caso contrário, pode ser confundido com outro tipo
ou, até mesmo, nem identificado. Seus principais sinais e sintomas incluem
taquicardia, hipotensão arterial, taquipneia, palidez, hipotermia, ansiedade,
agitação, confusão e oligúria.
Para tratar esse choque, busca-se retornar a perfusão tissular, a restauração
da oferta e o consumo adequado de oxigênio aos tecidos, por meio de proce-
dimentos que retardem a perda de volume corrigindo a causa primária e pela
reposição volêmica intravascular com cristaloides isotônicos ou hipertônicos,
coloides ou hemocomponentes.

Choque cardiogênico
O choque cardiogênico é causado pela má perfusão tecidual resultante do
baixo débito cardíaco, oriundo de uma patologia cardíaca. Sua principal causa
é o infarto agudo do miocárdio (IAM), pois há falência da bomba cardíaca
ocasionada pela necrose da parede ventricular produzida por ele, porém, ainda
existem as mecânicas, como as doenças valvares, que podem comprometer
de forma significativa o débito cardíaco e levar ao choque. Assim como o
6 Choques

hipovolêmico, o cardiogênico terá ativação simpática compensatória, mas


nele, a bomba de propulsão (o coração) está comprometida, porque o IAM, por
exemplo, se desenvolve exatamente por uma diminuição da oferta de oxigênio
pelas artérias coronárias, que nutrem o músculo cardíaco — com esses efeitos
simpáticos sobre o coração, o quadro se agrava. Além de a oferta diminuir, a
demanda metabólica do miocárdio aumentará, pois a contração e a frequência
cardíaca aumentadas consumirão ainda mais oxigênio.
Seus sinais e sintomas incluem hipotensão, taquicardia, palidez cutânea,
enchimento capilar lento, pulso fino, sudorese, taquipneia, insuficiência respi-
ratória, congestão pulmonar, agitação, confusão e coma. Já como tratamento,
deve-se concentrar na reversão e no atendimento da causa do choque, seja do
IAM ou da doença cardíaca que desenvolveu esse choque.

Choque distributivo
No choque distributivo, ocorre a má perfusão decorrente de vasodilatação
periférica global, a qual causa a drástica redução da pressão de enchimento
capilar, comprometendo o fornecimento de oxigênio pelos capilares e a sua
captura pelos tecidos. Nesse caso, o débito cardíaco encontra-se preservado,
pois não há qualquer problema com a bomba cardíaca, nem com o volume
circulante de sangue. Esse tipo é a única modalidade em que ocorre vaso-
dilatação; em todos os outros, acontece uma vasoconstrição reflexa, como
mecanismo compensatório determinado pela ativação simpática.
Esse mecanismo compensatório não consegue atuar no choque, porque a
musculatura lisa arteriolar se encontra seriamente lesada, não respondendo
ao estímulo simpático e, por isso, o choque distributivo é o tipo mais grave,
apresentando o pior prognóstico e os maiores índices de mortalidade. Já a
vasodilatação periférica que o ocasiona tem quatro causas distintas, as quais
dão nome aos quatro principais subtipos de choque distributivo: o séptico, o
anafilático, o neurogênico e o decorrente de crise adrenal.

Choque séptico

Este tipo de choque ocorre devido a uma grave infecção, disseminada para todo
o organismo, e é também conhecido como uma infecção generalizada. Acontece
geralmente em ambiente hospitalar e acomete os indivíduos com o sistema
imunológico comprometido ou que realizaram procedimentos invasivos.
Choques 7

Nesse choque, uma infecção local é transmitida aos outros tecidos pela cor-
rente sanguínea, adquirindo caráter sistêmico e ocasionando sepse. Os agentes
causadores da infecção, na maior parte por bactérias, são produtores de toxinas
que induzem a produção de mediadores inflamatórios como interleucinas, bem
como a síntese de óxido nítrico, que têm uma potente ação vasodilatadora.
Essa resposta inflamatória é crucial para o combate às infecções locais, e a
vasodilatação local não causa grandes prejuízos, porém, em uma infecção que
acomete todo o organismo, a vasodilatação generalizada diminui a resistência
vascular periférica e, consequentemente, a pressão arterial e a de enchimento
capilar. Além disso, a venodilatação causa a diminuição da pré-carga e do
retorno venoso, diminuindo o débito cardíaco. Como resultado, há a ativação
da resposta simpática, que causa taquicardia nos estágios iniciais do choque,
mas não consegue reverter a vasodilatação, uma vez que a microcirculação
se encontra seriamente afetada.
Os mediadores inflamatórios liberados durante a sepse condicionam a um
aumento da permeabilidade vascular, o que resulta em uma perda de plasma
para os espaços intersticiais e uma perda concomitante de proteínas. Esta
última diminui a pressão coloidosmótica nos capilares e induz a uma perda
ainda maior de plasma, agravando o choque. Já as endotoxinas podem atuar
como um veneno metabólico, intoxicando a musculatura lisa das arteríolas e
produzindo uma vasodilatação generalizada e refratária a qualquer mecanismo
compensatório e de tratamento.
Entre seus sinais e sintomas, destacam-se hipertermia, hipotensão arterial,
pele quente e rosada, pulsos cheios, congestão pulmonar, edema periférico
e taquicardia. O tratamento desse choque consiste em tratar a sepse e os
sintomas produzidos por ele.

Choque anafilático

Trata-se do choque desencadeado por uma reação alérgica quando se expõe


o corpo a um antígeno a que previamente é sensível. Assim, a má perfusão
tecidual também resulta de uma vasodilatação generalizada e tem hemodi-
nâmica semelhante ao choque séptico.
A interação entre antígeno e anticorpo, mediada pela imunoglobulina E,
é muito significativa e provoca a degranulação de mastócitos com liberação
de histamina e outros mediadores. A histamina, por sua vez, produz veno-
dilatação, diminuindo o retorno venoso; causa vasodilatação arteriolar, com
diminuição da resistência vascular periférica; e aumenta a permeabilidade
8 Choques

vascular, causando extravasamento de plasma e proteínas dos capilares para


os espaços intersticiais. O grande aumento da permeabilidade pode produzir o
edema de glote, o qual, muitas vezes, leva ao óbito antes mesmo que o choque
circulatório se instale.
Nem toda reação alérgica produz choque anafilático, sua intensidade e
distribuição dependerão do grau de hipersensibilidade do indivíduo a um
determinado antígeno. No entanto, há casos em que essa reação é tão signi-
ficativa que leva o paciente à morte em poucos minutos.
Várias substâncias podem ser o fator desencadeador de uma reação ana-
filática, as mais comuns são:

„ comidas derivadas de leite, ovos, peixes e frutos do mar, soja, amêndoas


e amendoim — as mais descritas;
„ picadas de insetos;
„ antibióticos derivados da penicilina — os mais comuns;
„ anti-inflamatórios — quem tem alergia a um tipo, costuma ter a todos,
inclusive aspirina e dipirona (metamizol) que não são propriamente do
mesmo grupo;
„ anti-hipertensivos — inibidores da enzima conversora da angiotensina
(ECA), por exemplo, captopril e enalapril;
„ látex;
„ iodo, incluindo contrastes para exames radiológicos e antissépticos
para pele.

Ainda existe a anafilaxia idiopática, uma forma de reação alérgica grave


que ocorre sem causa definida. Seus sintomas mais comuns incluem urticária,
angioedema, dificuldade respiratória, conjuntivite, náuseas, vômitos, tontura,
síncope e hipotensão. Já seu tratamento consiste na administração de medi-
camentos antialérgicos, como a adrenalina e os corticoides, além de bronco
dilatadores e anti-histamínicos.

Choque neurogênico

Este choque é causado pela má perfusão tecidual devido à súbita perda do


tônus vascular e ocorre devido à alteração no centro vasomotor no sistema
nervoso central (SNC). Essa alteração pode ser proveniente de anestesia geral
profunda, excessiva depressão do centro vasomotor, uso de drogas ou fármacos
que deprimem o SNC, anestesia espinhal, bloqueio da descarga simpática acima
Choques 9

da medula espinhal, ou lesão cerebral difusa que cause paralisia vasomotora.


Seus dois primeiros sintomas mais importantes incluem a diminuição rápida
da pressão arterial e o abrandamento do batimento cardíaco. No entanto, tam-
bém são frequentes outros sinais, como diminuição da temperatura corporal,
abaixo de 35,5 ºC; respiração rápida e superficial; pele fria e azulada; tonturas
e sensação de desmaio; excesso de suor; e dor no peito.

Crise adrenal

Nas glândulas suprarrenais, produz-se o hormônio cortisol, o mais importante


para a manutenção do tônus vascular. Além disso, a presença de seus níveis
adequados é indispensável para que a adrenalina consiga atuar, assim, se
houver uma insuficiência desses níveis, ocorrerá uma vasodilatação genera-
lizada com redução da pressão de enchimento capilar. Essa situação acontece,
principalmente, em pacientes usuários crônicos de corticosteroides, pois há
uma inibição crônica do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) que leva a
uma atrofia da zona fasciculada do córtex adrenal.
Outras causas de crise adrenal seriam a hemorragia global das adrenais,
a qual ocorre eventualmente na sepse, e os defeitos congênitos que afetam a
síntese de esteroides adrenais, a chamada hiperplasia adrenal congênita, que
pode acometer recém-nascidos. Nesses casos, a situação se torna ainda mais
grave, pois a zona glomerular também é acometida, levando a um déficit de
androsterona com redução da reabsorção de sódio e água, podendo produzir
um choque hipovolêmico, somado ao distributivo já instalado pela falta do
cortisol. Seus principais sinais e sintomas incluem vômitos, dores abdominais,
fraqueza, febre, confusão e desmaios.

Choque obstrutivo
É um choque causado por obstrução ou por compressão dos grandes vasos
do coração. Seus sintomas são semelhantes aos do hipovolêmico, porém, há
distensão das veias jugulares. Já entre suas diversas causas, três merecem
destaque, conforme você verá a seguir.
10 Choques

Pneumotórax hipertensivo

Pode levar ao choque obstrutivo por ser uma situação aguda de aumento da
pressão intratorácica, em que grandes veias sofrem pressão em sua superfície
externa, diminuindo seu calibre nos trechos sensíveis. No entanto, há casos
em que o calibre é muito diminuído ou o vaso, colapsado. A passagem da
veia cava inferior pelo diafragma, na parte direita do centro tendíneo é um
bom exemplo, sendo que o pneumotórax poderia desviar todas as estruturas
torácicas lateralmente, inclusive a veia cava, mas como ela encontra-se fixa
no forame da veia cava inferior, ao desviar-se, sofre estrangulamento. Nesse
caso, o retorno venoso estaria seriamente comprometido, diminuindo o débito
cardíaco e ocasionando o choque.

Tamponamento cardíaco

Neste caso, por algum motivo, há um acúmulo de líquido entre as lâminas


parietal e visceral do pericárdio seroso do coração. Como o pericárdio fibroso
(externo ao seroso) tem uma consistência firme, formado por esqueleto de
fibras elásticas entrelaçado com uma camada densa de fibras colágenas, impede
que o acúmulo de líquido no pericárdio seroso aumente o seu volume como
um todo. Logo, ocorre seu aumento concêntrico, o que comprime o coração,
comprometendo sua dilatação na diástole e o volume diastólico final — o
sangue que se encontra no ventrículo esquerdo ao final da diástole. Com esse
volume baixo, o débito sistólico também se comprometerá, diminuindo o
débito cardíaco e levando ao choque.

Tromboembolismo pulmonar

A existência de um trombo na circulação venosa, geralmente em membros


inferiores, pode ser o ponto de partida para a ocorrência deste choque. O atrito
entre esse trombo e o fluxo sanguíneo destaca pequenos êmbolos, os quais
seguem para o coração direito, ganham as artérias pulmonares e chegam aos
capilares pulmonares. O pequeno calibre dos vasos faz os êmbolos ficarem
estacionados, formando microtrombos e obstruindo esses capilares — caso esse
fenômeno ocorresse com poucos capilares, não haveria maiores repercussões,
porém, acontece com milhares deles. Com a rede capilar significativamente
obstruída, não existe uma quantidade considerável de sangue para retornar
Choques 11

ao coração, assim, pouco sangue chegará ao átrio esquerdo, será entregue ao


ventrículo esquerdo e, consequentemente, bombeado para o organismo. Essa
situação hemodinâmica provoca o choque.
Veja no Quadro 2 os sinais clínicos dos choques.

Quadro 2. Sinais clínicos dos choques

Sinais Neurogênico Hipovolêmico Séptico Cardiogênico

Pressão Diminuída Diminuída Diminuída Diminuída


arterial

Nível de Mantido Alterado Alterado Alterado


consciência

Enchimento Normal Alterado Alterado Alterado


capilar

Coloração Rosada Pálida, Pálida, Pálida,


da pele cianótica rendilhada cianótica

Temperatura Quente e seca Fria e pegajosa Fria e Fria e pegajosa


da pele pegajosa

Fonte: Adaptado de Caubi (2010, documento on-line).

Primeiros socorros
Ao atender uma vítima cujo acidente possa desencadear o estado de choque,
o socorrista deve estar muito atento aos sintomas gerais, como:

„ pele pálida, úmida, pegajosa e fria;


„ cianose de extremidades, orelhas, lábios e pontas dos dedos;
„ suor intenso na testa e nas palmas das mãos;
„ fraqueza geral;
„ pulso rápido e fraco;
„ sensação de frio e calafrios;
„ respiração rápida, curta, irregular ou muito difícil;
„ expressão de ansiedade ou olhar indiferente e profundo com pupilas
dilatadas, agitação;
„ medo, ansiedade;
12 Choques

„ sede intensa;
„ visão nublada;
„ náuseas e vômitos;
„ respostas insatisfatórias aos estímulos externos;
„ perda total ou parcial de consciência;
„ taquicardia.

Em todos os casos de reconhecimento dos sinais e sintomas do estado de


choque, deve-se providenciar imediatamente assistência especializada. A
vítima necessitará de tratamento complexo, que somente pode ser feito por
profissionais e recursos especiais para intervir neles.

Prevenção do choque
Algumas providências podem ser tomadas para evitar o estado de choque,
porém, infelizmente, não há muitos procedimentos de primeiros socorros
para tirar a vítima dele. Veja, no Quadro 3, as providências que devem ser
memorizadas com o intuito permanente de prevenir o agravamento e retardar
a instalação desse estado:

Quadro 3. Como proceder diante do estado de choque.

Deite a vítima em posição horizontal, preferencialmente de costas, e com as


pernas a um nível cerca de 25 a 30 cm mais elevadas do que a cabeça.

Eleve os membros inferiores em relação ao corpo, colocando-os sobre uma


almofada, um cobertor dobrado ou qualquer outro objeto. Esse procedimento
deve ser feito apenas se não houver fraturas desses membros e serve para
melhorar o retorno sanguíneo e levar o máximo de oxigênio ao cérebro —
não os erguer a mais de 30 cm do solo. No caso de ferimentos no tórax que
dificultem a respiração ou na cabeça, os membros inferiores não devem ser
elevados.

Afrouxe as roupas da vítima no pescoço, no peito e na cintura e, em seguida,


verificar se há presença de prótese dentária, objetos ou alimento na boca e os
retirar.

Deite a vítima na posição lateral de segurança para evitar asfixia, no caso de


estar inconsciente, ou se estiver consciente, mas sangrando pela boca ou pelo
nariz.

(Continua)
Choques 13

(Continuação)

Quadro 3. Como proceder diante do estado de choque.

Verifique quase que simultaneamente se a vítima está respirando e esteja


preparado para iniciar manobras de ressuscitação cardiopulmonar se ela não
estiver.

Observe o pulso da vítima enquanto as providências já indicadas são executadas


— no choque, ele apresenta-se rápido e fraco.

Cubra a vítima com uma manta, para evitar a perda de calor e o consequente
arrefecimento corporal, sem, porém, aquecê-la excessivamente.

Não dê comida ou qualquer bebida à vítima caso ela esteja obnubilada,


porque pode provocar a passagem de alimentos para as vias respiratórias.

Tranquilize a vítima, mantendo-a calma sem demonstrar apreensão quanto ao


seu estado, se o socorro médico estiver demorando. Permaneça junto a ela para
dar-lhe segurança e monitorar alterações em seu estado físico e de consciência.

Assista a um vídeo sobre os tipos de choques no link a


seguir ou no código ao lado.

https://goo.gl/3EwmBk

CAUBI, F. Choque neurogênico. [2010]. Disponível em: <http://gerardocristino.com.


br/novosite/aulas/Neuroanatomia/Casos/C7_Choque_Neurogenico.pdf>. Acesso
em: 19 jun. 2018.
SANTOS, L. S. C. Assistência ao paciente crítico: choque. 2017. Disponível em: <https://
edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4136762/mod_resource/content/2/Aula%20Cho-
que%20EEUSP%202.2017.pdf>. Acesso em: 19 jun. 2018.
14 Choques

Leituras recomendadas
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Núcleo de Biossegurança. Manual de primeiros socorros.
Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2003.
HALL, J. E. Guyton & Hall: tratado de fisiologia médica. 12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2011.
KOEPPEN, B. M.; STANTON, B. A. Berne & Levy: fisiologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2009.
MOURÃO JÚNIOR, C. A.; ABRAMOV, D. M. Fisiologia essencial. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2011.
PORTH, C. M.; MATFIN, G. Fisiopatologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
SILVA, D. B.. Manual de primeiros socorros. Alfenas: UNIFENAS, 2007.
SMELTZER, S. C. et al. Choque e síndrome da disfunção de múltiplos orgãos. In: CHE-
EVER, K. H.; HINKLE, J. L. Brunner & Suddart: tratado de enfermagem médico-cirúrgica.
13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR

O estado de choque, também conhecido como choque circulatório, é uma alteração


fisiológica caracterizada pela incapacidade do coração e dos vasos sanguíneos irrigarem todos
os tecidos do corpo com oxigênio e demais substâncias necessárias para o correto
funcionamento do organismo.

Confira, nesta Dica do Professor, outras informações a respeito do estado de choque.

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EXERCÍCIOS

1) Os choques podem ser classificados de acordo com sua etiologia, independentemente


da causa básica da patologia do paciente. A partir dessas informações, assinale a
opção que indica, corretamente, a causa prevalente e a respectiva classificação do
choque.

A) Neurogênico, ligado ao infarto do miocárdio.

B) Hipovolêmico, ligado a queimaduras extensas.

C) Obstrutivo, ligado à ingestão de alergênicos.

D) Infecção generalizada, choque cardiogênico.

E) Distributivo, ligado a lesões medulares.

2)
Em situações de emergência, é imprescindível que o socorrista proceda a uma
avaliação eficiente dos sinais e sintomas no sentido de identificar problemas e tomar
decisões. Na identificação do choque hipovolêmico, é mais comum observar os
seguintes sinais.

A) Bradicardia e elevação da pressão arterial.

B) Nível de consciência alterado e pele normocorada.

C) Taquicardia e palidez cutânea.

D) Pele pegajosa e quente.

E) Enchimento capilar alterado e pele seca.

3) Tanto o choque cardiogênico como o obstrutivo podem colocar em risco a vida de


uma pessoa. Com relação a esses dois tipos de choque, é possível afirmar que:

A) o choque cardiogênico é o mais comum que o choque obstrutivo em acidentes de trânsito.

B) A ocorrência de choque obstrutivo é maior do que a de choque cardiogênico.

C) O choque obstrutivo é mais frequentemente causado por pessoas com temponamento


cardíaco.

D) Tanto o choque obstrutivo como o cardiogênico podem provocar uma falha do coração.

E) O choque obstrutivo pode ser mais facilmente atendido se a causa da obstrução for
resolvida.
4) Ao atender uma vítima que teve qualquer acidente e pode desencadear um estado de
choque, o socorrista deve estar muito atento aos seus sintomas. Se a vítima estiver em
choque, quais sintomas gerais ela poderá apresentar?

A) Rubor facial, cianose, sudorese, taquicardia, sede intensa, hipotensão.

B) Palidez, cianose, pele seca, taquicardia, sede intensa, hipotensão.

C) Palidez, cianose, sudorese, bradicardia, sede intensa, hipotensão.

D) Palidez, cianose, sudorese, taquicardia, sede intensa, hipotensão.

E) Palidez, cianose, sudorese, taquicardia, sede intensa, hipertensão.

5) Podemos dizer que todo o choque é causado pelo estado de hipotensão severa que não
permite que as trocas celulares ocorram com eficiência, levando o organismo à
exaustão e ao colapso sistêmico. Para entender o estado de choque,
independentemente do seu tipo, é necessário compreender os seguintes elementos
para um bom funcionamento circulatório.

A) Bomba neurológica, sistema arterial de resistência, sistema venoso de capacitância e rede


capilar.

B) Bomba cardíaca, sistema arterial de tranferência, sistema venoso de capacitância e rede


capilar.

C) Bomba cardíaca, sistema arterial de resistência, sistema venoso de incapacitância e rede


capilar.

D) Bomba cardíaca, sistema arterial de resistência, sistema venoso de capacitância e rede


vesicular.
E) Bomba cardíaca, sistema arterial de resistência, sistema venoso de capacitância e rede
capilar.

NA PRÁTICA

O choque anafilático é uma reação alérgica grave e de rápida progressão que pode provocar a
morte. Geralmente, esse tipo de choque causa os seguintes sintomas: eritema pruriginoso,
inflamação da garganta ou da língua, falta de ar, vômitos, atordoamento e diminuição da pressão
arterial.

Acompanhe, a seguir, um caso clínico sobre choque anafilático.

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SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Tipo de choque

Neste vídeo, você verá uma apresentação sobre os principais tipos de choque e suas
particularidades.

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Suporte hemodinâmico e terapia em choque séptico

Quais são os principais objetivos da reanimação do choque séptico? Para descobrir, leia este
artigo, clicando neste link.

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Hemorragias

APRESENTAÇÃO

O termo hemorragia se refere a perda de sangue do sistema circulatório, devido ao rompimento


dos vasos sanguíneos. A gravidade da hemorragia deve ser medida pela quantidade e rapidez
com que o sangue é perdido.
São hemorragias típicas aquelas que ocorrem após acidentes ou traumatismos, rompimento de
um aneurisma ou de varizes, esfoladura da pele, entre outras situações, que rompem os vasos
sanguíneos.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender a identificar hemorragias, reconhecendo


seus sinais e sintomas, além de saber como se portar frente a uma situação hemorrágica.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar hemorragias.
• Reconhecer os sinais e sintomas clássicos de hemorragias.
• Descrever o atendimento a pacientes com hemorragias.

INFOGRÁFICO

Para uma melhor organização, as hemorragias são classificadas em arteriais — venosas e


capilares — e, para fins de primeiros socorros, em internas e externas. As hemorragias graves
não tratadas ocasionam o desenvolvimento do estado de choque e morte, já as lentas e crônicas,
por exemplo, por meio de uma úlcera, causam anemia.
Acompanhe o Infográfico a seguir que apresenta as principais diferenças entre elas.
CONTEÚDO DO LIVRO

As hemorragias podem desenvolver condições bastante graves. Em geral, as pequenas são


contidas por compressão direta na própria ferida e curativo compressivo, porém, uma grande
não controlada, principalmente se for uma hemorragia arterial, pode levar a vítima à morte em
menos de cinco minutos, devido à redução do volume intravascular e à hipóxia cerebral.

Para aprofundar seu conhecimento, faça a leitura do capítulo Hemorragias, da obra Primeiros
Socorros, base teórica desta Unidade de Aprendizagem.

Boa leitura.
PRIMEIROS
SOCORROS

Márcio Haubert
Hemorragias
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar as hemorragias.
 Reconhecer os sinais e sintomas clássicos de hemorragias.
 Descrever o atendimento aos pacientes com hemorragias.

Introdução
A hemorragia é causada pela perda de sangue em decorrência de um
trauma, corte ou ferimento que acomete a parte interna ou externa do
corpo humano, ocasionando o rompimento de artérias, veias ou capilares.
Com a ocorrência de uma ruptura dos vasos, sem haver a interrupção
desse vazamento, o equilíbrio sanguíneo do corpo fica comprometido,
podendo levar a situações graves e colocando em risco a vida da vítima
acometida.
Neste capítulo, você aprenderá a identificar as hemorragias, seus
sinais e sintomas, e saberá como se portar em uma situação hemorrágica.

Hemorragias
A hemorragia está relacionada diretamente à perda de sangue por meio de
ferimentos, pelas cavidades naturais do corpo, como nariz, boca, ouvido, etc.
e pode ser interna quando resultante de um traumatismo ou do rompimento
de vasos sanguíneos.
As hemorragias graves não tratadas ocasionam o desenvolvimento do
estado de choque e morte, já as lentas e crônicas, por exemplo, por meio de
uma úlcera, causam anemia.
O sangue corresponde a 7 a 8% do peso corporal de uma pessoa, e seu
volume varia conforme a massa corporal. Por exemplo, uma pessoa de 75 kg
tem 5 a 6 litros de sangue. A perda desse volume sanguíneo é importante,
principalmente pela perda de plasma, sendo que todas as pessoas necessitam
2 Hemorragias

de um volume mínimo para manter o aparelho cardiovascular trabalhando de


modo eficiente à vida.

Classificação
Para uma melhor organização, as hemorragias são classificadas em arteriais,
venosas e capilares e, para fins de primeiros socorros, em internas e externas.

 Hemorragia arterial: o sangue oxigenado apresenta coloração verme-


lho vivo e, com a pressão das batidas do coração, sai do ferimento em
jatos, que as acompanham. Uma artéria lesada pode produzir grandes
jatos de sangue, esvaziando rapidamente o suprimento necessário à
circulação no organismo. Esta hemorragia é menos frequente, porém,
mais grave e precisa de atendimento imediato para sua contenção e
seu controle.
 Hemorragia venosa: o sangue venoso, já destituído de oxigênio, é
vermelho-escuro e tem menos pressão do que o arterial, mas, como as
paredes das veias possuem grande capacidade de distensão, ele pode
acumular-se dentro delas. Com isso, o sangue de uma veia calibrosa
rompida pode jorrar em profusão. Esta hemorragia ocorre com maior
frequência, mas é de controle mais fácil, pois o sangue sai com menor
pressão e mais lentamente.
 Hemorragia capilar: o sangramento sai em gotas e ocorre em todos
os ferimentos. Embora seja abundante no início, a perda de sangue é,
em geral, desprezível. Por exemplo, uma pancada brusca pode romper
os capilares sob a pele, causando sangramento no interior dos tecidos,
chamados de hematoma.
 Hemorragia interna: trata-se de sangramentos que não são visíveis,
por vazarem em uma cavidade, como intestino ou interior do crânio. Ela
pode ser causada por lesões como fraturas ou ferimentos profundos ou,
também, espontaneamente, por exemplo, um sangramento proveniente
de uma úlcera de estômago perfurada. É uma situação muito grave,
porque, embora não saia do corpo, o sangue deixa de fazer parte da
circulação, podendo evoluir para choque ou exercer pressão, quando
acumulado, lesando órgãos como pulmões e cérebro. Essa hemorragia
pode, ainda, ter alguns sinais e sintomas, por exemplo, hematomas
extensos sobre o abdome; tosse com expectoração espumosa e san-
guinolenta; vômitos com sangue vivo ou “borra de café”; fezes com
Hemorragias 3

sangue vivo ou “cor de piche”; urina avermelhada ou marrom; além


de sintomas sistêmicos, como dor, palidez, suores abundantes, pulso
fraco, pele fria, confusão mental e agitação, que refletem a intensidade
do sangramento.
 Hemorragia externa: trata-se de quando o sangue é eliminado para o
exterior do organismo, como acontece em qualquer ferimento externo,
ou quando se processa nos órgãos internos que se comunicam com o
exterior, por exemplo, o tubo digestivo, os pulmões ou as vias urinárias.

Na hemorragia interna, a perda de sangue não é evidente, mas pode ser vista pelos
sinais que o paciente apresenta, como palidez, suor frio, tontura, pulso fraco, lábios
e dedos arroxeados e sede. As vítimas de acidentes automobilísticos, por exemplo,
podem apresentar lesões internas causadas pelo impacto do veículo e, por não terem
sangramentos externos, são subestimadas.

Sinais e sintomas hemorrágicos


As hemorragias podem desenvolver condições bastante graves. Em geral,
as pequenas são contidas por compressão direta na própria ferida e curativo
compressivo, porém, uma grande não controlada, principalmente se for uma
hemorragia arterial, pode levar a vítima à morte em menos de cinco minutos,
devido à redução do volume intravascular e à hipóxia cerebral.
Os sinais e sintomas apresentados em casos de hemorragia variam de acordo
com quantidade de sangue perdido, velocidade do sangramento, estado prévio
de saúde e idade da vítima, como você pode observar no Quadro 1.

 Quantidade de sangue perdido: quanto maior for a quantidade, mais


graves serão as hemorragias. Geralmente, essa perda de sangue não
pode ser medida, mas estimada por meio da avaliação do acidentado,
que demonstra sinais de choque compensado ou descompensado.
 Velocidade hemorrágica: quanto mais rápidas forem as hemorragias,
menos eficientes serão os mecanismos compensatórios do organismo.
Um indivíduo pode suportar a perda de um litro de sangue que ocorre
em período de horas, mas não tolera essa mesma perda se ela acontecer
4 Hemorragias

em minutos. Ela não pode ser medida, mas estimada por meio de dados
clínicos do acidentado.
 Estado prévio de saúde: os pacientes desidratados e com outras pato-
logias circulatórias, hematológicas ou sistêmicas têm um maior risco
de apresentarem piores prognósticos em relação aos indivíduos hígidos.
 Idade da vítima: as pessoas que se encontram nos extremos das idades,
como crianças e idosos, têm um maior risco de apresentarem quadros
mais graves associados às hemorragias.

Quadro 1. Quadro clínico apresentado nas hemorragias

Quantidade de sangue perdido Alterações

Hemorragia classe 1: perdas Em geral, não causam alterações e


de até 15% (aproximadamente são totalmente compensadas pelo
750 mL em adultos). corpo (p. ex., doação de sangue).

Hemorragia classe 2: perdas Geralmente, causam estado de


maiores que 15% e menores choque, ansiedade, sede, taquicardia
que 30% (aproximadamente (com frequência cardíaca entre 100 e
750 a 1.500 mL). 120/min), pulso radial fraco, pele fria,
palidez, suor frio, frequência respiratória
maior que 20/min e enchimento
capilar lentificado (maior que 2 seg).

Hemorragia classe 3: Levam ao choque descompensado


perdas acima de 30% com hipotensão, alterações das
(maiores que 1.500 mL). funções mentais, agitação, confusão
ou inconsciência, sede intensa, pele
fria, palidez, suor frio, taquicardia
superior a 120/min, pulso radial ausente
(queda da pressão arterial), taquipneia
importante e enchimento capilar lento.

Hemorragia classe 4: perdas de Choque irreversível, parada


mais de 50% do volume sanguíneo. cardiorrespiratória e morte.

Fonte: Adaptado de Brasil (2003).

As hemorragias externas podem não estar visíveis, ocultadas pela roupa ou


pela posição do acidentado, seja por uso de roupas grossas, cuja absorção do
sangue é completa, ou por ferimentos nas costas quando ele estiver deitado de
Hemorragias 5

costas. O sangue pode ainda ser absorvido pelo solo ou tapetes e lavado pela
chuva, dificultando a avaliação do socorrista, por isso, deve-se examiná-lo
completamente para averiguar se há sinais de sangramento.
Os locais em que mais ocorrem hemorragias internas são tórax e abdome,
por isso, observar a presença de lesões perfurantes, equimoses ou contusões
na pele sobre estruturas vitais é de grande valia. Os órgãos abdominais, por
sua vez, que mais frequentemente produzem sangramentos graves são fígado e
baço — a presença de distensão abdominal com dor após traumatismo sugere
esse tipo de hemorragia.
Deve-se sempre suspeitar de hemorragia interna se o acidentado estiver
envolvido em:

 acidente violento, sem lesão externa aparente;


 queda de altura;
 contusão contra volante ou objetos rígidos;
 queda de objetos pesados sobre o corpo.

Atente-se, ainda, à avaliação das extremidades com deformidades dolorosas


e estabilidade pélvica, pois algumas fraturas, sobretudo as de bacia e fêmur,
podem produzir hemorragias internas graves e estado de choque. Outras
hemorragias internas se exteriorizam, por exemplo, as do tórax, produzindo
hemoptise. Já o sangramento de esôfago, estômago e duodeno podem se
exteriorizar pela hematêmese ou, dependendo do volume da perda de sangue,
por meio de melena.
Confira a seguir os sinais e sintomas das hemorragias mais importantes.

Hemorragia interna
Mesmo que, a princípio, o acidentado não reclame e tente dispensar o socorro,
é importante observar os seguintes sintomas:

 pulso fraco e rápido;


 pele fria;
 sudorese;
 palidez intensa e mucosas descoradas;
 sede acentuada;
 apreensão e medo;
 vertigens;
6 Hemorragias

 náuseas;
 vômito de sangue;
 calafrios;
 estado de choque;
 confusão mental e agitação;
 “abdome em tábua” (duro não compressível);
 dispneia;
 desmaio.

Hemorragia nasal (epistaxe ou rinorragia)


Trata-se da perda de sangue pelo nariz, uma emergência comum que, geral-
mente, resulta de um distúrbio local, mas pode decorrer de uma grave desordem
sistêmica. Em muitos casos, a epistaxe não tem causa aparente e surge devido a:

 manipulação excessiva no plexo vascular com rompimento dos vasos


por meio das unhas;
 diminuição da pressão atmosférica;
 locais altos;
 viagem de avião;
 saída de câmara pneumática de imersão ou sino de mergulho;
 contusão;
 corpo estranho;
 fratura da base do crânio;
 altas temperaturas;
 crise hipertensiva.

Otorragia
Ela é caracterizada por sangue que sai pelo conduto auditivo externo e causada
por ferimento no ouvido externo, contusão por corpo estranho ou trauma. Os
traumatismos cranianos podem provoca-la, quando, geralmente, o sangue vem
acompanhado de liquor — nesse caso, não se deve estancar a hemorragia,
mas, sim, procurar socorro médico imediatamente.
Hemorragias 7

Hemoptise
É a perda de sangue que vem dos pulmões, por meio das vias respiratórias,
em que o sangue flui pela boca, precedido de tosse, em pequena ou grande
quantidade, de cor vermelho vivo e espumoso. Ela representa um dos mais
alarmantes sinais de emergência e, ao contrário da hemorragia externa, sua
fonte e sua causa exatas são, muitas vezes, desconhecidas pelas vítimas e
contribuem para acentuar o medo. As causas mais frequentes de hemoptise são:

 bronquiectasia;
 tuberculose;
 abscesso pulmonar;
 tumor pulmonar;
 estenose da válvula mitral;
 embolia pulmonar;
 traumatismo;
 alergia (poeiras, vapores, gases).

Além dos sintomas anteriormente descritos, o acidentado pode apresentar


palidez intensa, sudorese e expressão de ansiedade e angústia, o que caracteriza
a entrada em estado de choque.

Hematêmese
Trata-se da perda de sangue por vômito de origem gástrica ou esofagiana,
comum em enfermidades como varizes do esôfago, úlcera, cirrose e esquis-
tossomose. A coloração do sangue é de um vermelho rutilante (raro) ou, após
ter sofrido ação do suco gástrico, escura, chamada de hematêmese em “borra
de café”. Ela tem, ainda, causas mecânicas, tóxicas (arsênico, sulfureto de
carbono, mercúrio) ou inflamatórias. Toda hemorragia interna que demora
para se exteriorizar pode ser identificada pelos seguintes sinais:

 palidez intensa;
 distensão abdominal;
 extremidades frias e úmidas;
 pulso rápido e fraco.
8 Hemorragias

Quando o sangramento de origem gástrica se exterioriza, os sinais são


iguais, porém, incluem sintomas como fraqueza, tontura, enjoo, náusea antes
da perda de sangue, vômitos com sangue escuro e desmaio.

Melena e enterorragia
Melena se trata da perda de sangue escuro, brilhante, fétido e com aspecto de
petróleo pelo orifício anal, geralmente provocada por hemorragia no aparelho
digestivo alto; já enterorragia é a perda de sangue vivo pelo ânus, indicando
sangramento no aparelho digestivo baixo. Assim como a hematêmese, esses
tipos de sangramento se originam por doença gástrica ou devido a rompimento
de varizes esofagogástricas, cirrose hepática, febre tifoide, perfuração intesti-
nal, gastrite hemorrágica, retocolite ulcerativa inespecífica, tumores malignos
do intestino e do reto, hemorroidas, etc.

Metrorragia
É a perda anormal de sangue pela vagina e pode ter causas variadas, como:

 abortamento;
 hemorragias do primeiro trimestre da gravidez (gravidez ectópica, etc.);
 traumatismos causados por violências sexuais e acidentes;
 tumores malignos do útero ou da vulva;
 hemorragia pós-parto, ocasionada pela retenção de membranas pla-
centárias, ruptura e traumatismos vaginais devidos ao parto ou não;
 distúrbio menstrual.

Hematúria
Trata-se da perda de sangue juntamente à urina e ocorre em consequência de
traumatismo com lesão do aparelho urinário (rins, ureter, uretra, bexiga) ou em
caso de doença, como nefropatia, cálculo, infecção, tumor, processo obstrutivo
ou congestivo e após intervenção cirúrgica no trato urinário. Classifica-se em
macroscópica ou microscópica; se é visível a olho nu ou não; e em inicial, total
e terminal, de acordo com a fase de micção em que aparece.
Hemorragias 9

Primeiros socorros
Os primeiros socorros em casos de hemorragia visam a suspensão do san-
gramento e diminuição do risco de desequilíbrio sanguíneo metabólico do
acidentado. O procedimento mais eficaz para estanca-lo, na maioria das vezes,
é manter uma pressão sobre o local que está sangrando.
Conter a hemorragia com pressão direta usando um curativo simples é o
método mais indicado, porém, se não for possível, deve-se utilizar um curativo
compressivo e elevar a parte atingida para que fique em um nível superior ao do
coração. Não se eleva o segmento ferido se produzir dor ou se houver suspeita
de lesão interna ou fratura. Caso não contenha a hemorragia, pode-se optar
pelo método do ponto de pressão, que é uma técnica de pressão que consiste
em comprimir a artéria lesada contra o osso mais próximo, para diminuir a
afluência de sangue na região do ferimento.
Em hemorragias na área do crânio, ao nível da região temporal e parietal,
deve-se comprimir a artéria temporal contra o osso com os dedos indicadores,
médios e anular. Nos casos de ferimento no membro superior, o ponto de
pressão está na artéria braquial, localizada na face interna do terço médio
do braço. Já no membro inferior, o ponto de pressão é encontrado na parte
interna no terço superior, próximo à região inguinal, pela qual passa a artéria
femoral, por trás dos músculos — usa-se compressão muito forte para atingi-la
e diminuir a afluência de sangue. É importante manter o braço esticado para
evitar cansaço excessivo e estar preparado para insistir no ponto de pressão
caso a hemorragia recomece. Deve-se, ainda, manter o acidentado agasalhado
com cobertores ou roupas, evitando o contato com chão frio ou úmido, e não
dar líquidos quando ele estiver inconsciente ou houver suspeita de lesão no
ventre ou abdome.

Torniquete
Existem casos graves em que a hemorragia se torna intensa, com grande
perda de sangue, principalmente se foi seccionada uma artéria. Em grandes
hemorragias, as quais não podem ser contidas pelos métodos de pressão
direta, curativo compressivo ou ponto de pressão, torna-se necessário o uso
do torniquete. Ele deve ser o último recurso usado por quem fará o socorro,
devido aos perigos que surgem por sua má utilização, pois esse método im-
pede totalmente a passagem de sangue pela artéria, interrompendo o fluxo
sanguíneo do membro afetado.
10 Hemorragias

Para a realização da técnica de torniquete, veja a Figura 1 e siga os se-


guintes passos:

 eleve o membro ferido acima do nível do coração;


 use uma faixa de tecido largo, longa o suficiente para dar duas voltas
no membro, deixando um espaço com pontas para amarração;
 aplique o torniquete logo acima da ferida;
 passe a tira ao redor do membro ferido, duas vezes, dando meio nó;
 coloque um pequeno pedaço de madeira (vareta, caneta ou qualquer
objeto semelhante) no meio do nó e, em seguida, dê um nó completo
no pano sobre a vareta;
 aperte o torniquete, girando a vareta;
 fixe as varetas com as pontas do pano;
 afrouxe o torniquete, girando a vareta no sentido contrário, a cada 10
ou 15 minutos.

Figura 1. Torniquete.
Fonte: Mejor con Salud (2018, documento on-line).

Você deve estar consciente dos perigos decorrentes da má utilização do


torniquete, considerando que a sua aplicação por tempo superior a 10 ou 15
minutos resulta em deficiência circulatória de extremidade. Nunca use fios
de arame, corda, barbante, material fino ou sintético, pois eles podem cortar a
Hemorragias 11

pele quando pressionados. Use torniquetes em casos de hemorragias externas


graves, como esmagamento mutilador ou amputação traumática.
Se a hemorragia for contida, deve-se deixar o torniquete frouxo no lugar
para que ele seja reapertado, caso necessário. O acidentado com torniquete
tem prioridade no atendimento e deve ser acompanhado durante o transporte.

Hemorragia interna
Nos casos de suspeita de hemorragia interna, deve-se procurar imediatamente
atendimento especializado, enquanto se mantém o acidentado deitado com a
cabeça mais baixa que o corpo, e as pernas elevadas para melhorar o retorno
sanguíneo — esse procedimento é o padrão para prevenir o estado de choque.
Já se for suspeita de fratura de crânio, lesão cerebral ou dispneia, mantém-se a
cabeça elevada. Além disso, aplica-se compressas frias ou saco de gelo onde
houver suspeita de hemorragia interna.

Outras hemorragias
Existem hemorragias que nem sempre são decorrentes de traumatismos, e
sim provocadas por problemas clínicos. Veja a seguir os principais cuidados
nesses tipos de sangramento.

Hemorragia nasal (epistaxe ou rinorragia)

As medidas para contenção devem ser aplicadas o mais rápido possível, a


fim de evitar a perda excessiva de sangue pelo nariz. Ao atender um caso de
epistaxe, você precisa ter a seguinte conduta:

 tranquilize a vítima para que não entre em pânico, pois o nervosismo


eleva os batimentos cardíacos e a pressão arterial, aumentado o
sangramento;
 afrouxe a roupa que, por ventura, aperte o pescoço e o tórax;
 sente a vítima em local fresco e arejado com o tórax recostado e a
cabeça levantada;
 verifique o pulso, se estiver forte, cheio e apresentar sinais de hiperten-
são, deixe que seja eliminada certa quantidade de sangue;
12 Hemorragias

 faça uma ligeira pressão com os dedos sobre a asa do orifício nasal pela
qual flui o sangue, para que as paredes se toquem e, por compressão
direta, o sangramento seja contido;
 incline a cabeça da vítima para trás e peça que mantenha a boca aberta;
 introduza um pedaço de gaze ou pano limpo torcido na narina que
sangra, fazendo um tamponamento nasal, se a pressão externa não
conter a hemorragia;
 encaminhe o acidentado para receber assistência adequada;
 avise o acidentado para evitar assoar o nariz durante pelo menos duas
horas, a fim de não ter um novo sangramento, em caso de contenção.

Hemoptise

Ao atender um caso de hemoptise, você deve ter a seguinte conduta:

 tranquilize a vítima a fim de amenizar seu medo, pois o nervosismo eleva


os batimentos cardíacos e a pressão arterial, aumentado o sangramento;
 deite-a de lado para prevenir o sufocamento pelo refluxo de sangue;
 promova conforto e repouso;
 oriente-a para que não fale, nem faça esforço;
 não demonstre apreensão;
 encaminhe-a com urgência a um local onde possa receber atendimento
especializado.

Hematêmese

Ao atender um caso de hematêmese, você deve ter a seguinte conduta:

 mantenha a vítima em repouso em decúbito dorsal (ou lateral se estiver


inconsciente) e não utilize travesseiros;
 não permita a ingestão de líquidos e alimentos;
 aplique bolsa de gelo ou compressas frias na área do estômago;
 encaminhe-a imediatamente ao atendimento especializado.
Hemorragias 13

Melena e enterorragia

Ao atender um caso de melena ou enterorragia, você deve ter a seguinte conduta:

 tranquilize a vítima e obtenha sua colaboração;


 coloque-a deitada de costas;
 aplique bolsa de gelo sobre o abdome, na região gástrica e intestinal;
 aplique compressas geladas na região anal se há sangramento por
hemorroidas;
 encaminhe-a ao atendimento especializado com urgência.

Metrorragia

Ao atender um caso de metrorragia em grávidas ou com suspeita de gravidez,


você deve ter a seguinte conduta:

 mantenha a gestante em repouso, deitada, aquecida e tranquila;


 impeça sua deambulação e qualquer forma de esforço;
 conserve a totalidade do sangue e dos produtos expulsos do útero para
mostrar ao médico;
 encaminhe-a imediatamente à assistência especializada;
 leve a vítima com urgência para hospitalização se o sangramento for
acompanhado de forte dor abdominal, pois há suspeita de gravidez
ectópica. O transporte deve ser feito com ela em repouso, se possível
deitada e aquecida;
 não administre alimentos líquidos ou sólidos.

Já em casos de hemorragias não relacionadas à gravidez:

 investigue o mais completamente possível a história para descartar


uma possível gravidez;
 mantenha a vítima em repouso, deitada e procure tranquilizá-la;
 impeça deambulação e qualquer forma de esforço;
 aplique absorvente higiênico externo;
 aplique bolsa de gelo ou compressas geladas sobre a região pélvica;
 encaminhe-a à assistência especializada.
14 Hemorragias

Otorragia

Nas otorragias simples, indica-se introduzir no ouvido um pequeno pedaço de


gaze até que a hemorragia pare. É sempre conveniente encaminhar a vítima
ao atendimento especializado para investigar e avaliar o sangramento.

Hematúria

Os casos clínicos de hematúria geralmente estão relacionados às infecções


urinárias, aos cálculos renais e problemas de próstata, já as hematúrias pós-
-trauma evidenciam danos aos órgãos urinários. Qualquer caso deve ser en-
caminhado ao atendimento especializado.

Saiba mais sobre os primeiros socorros em hemorragias


no link ou no código a seguir.

https://goo.gl/XQz3uq

Brasil, Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. FIOCRUZ. Vice Presidência de


Serviços de Referência e Ambiente. Núcleo de Biossegurança. NUBio Manual de
Primeiros Socorros. Rio de Janeiro. Fundação Oswaldo Cruz, 2003.
MEJOR CON SALUD. Torniquete: cómo se hace y qué efecto tiene. [2018]. Disponível
em: <https://mejorconsalud.com/torniquete-efecto/>. Acesso em: 14 jun. 2018.
Hemorragias 15

Leituras recomendadas
COMITÊ INTERNACIONAL DA CRUZ VERMELHA. Primeiros socorros em conflitos armados
e outras situações de violência. Genebra: CICV, 2006.
GIESEL, V. T.; TREICHEL, D. T. Fundamentos da saúde para cursos técnicos. Porto Alegre:
Artmed, 2017. (Série Tekne).
SÃO PAULO (Município). Secretaria Municipal da Saúde. Manual de prevenção de
acidentes e primeiros socorros nas escolas. 2. ed. São Paulo: SMS, 2007. Disponível em:
<https://www.amavi.org.br/sistemas/pagina/colegiados/codime/arquivos/2016/
Primeiros_Socorros_Manual_Prev_Acid_Escolas.pdf >. Acesso em: 14 jun. 2018.
SHAH, K.; MASON, C. Procedimentos de emergência essenciais. Porto Alegre: Artmed,
2009.
SILVA, D. B. S. Manual de primeiros socorros. Alfenas: UNIFENAS, 2007
STONE, C. K.; HUMPHERIES, R. L. CURRENT: medicina de emergência. 7. ed. Porto
Alegre: AMGH, 2013.
DICA DO PROFESSOR

Os primeiros socorros, em casos de hemorragia, visam a suspensão do sangramento e


diminuição do risco de desequilíbrio sanguíneo metabólico do acidentado. O procedimento mais
eficaz para estancá-lo, na maioria das vezes, é manter uma pressão sobre o local que está
sangrando.

Confira na Dica do Professor como realizar esta técnica.

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EXERCÍCIOS

1) Estancar hemorragias é essencial para o cuidado e a sobrevivência de pacientes em


uma circunstância de emergência. Uma hemorragia que acarreta a redução do
volume sanguíneo circulante é causa primária de choque, situação clínica que exige
conhecimentos para avaliar sinais e sintomas. Com relação a esses sinais e sintomas,
marque a alternativa correta.

A) Pele fria e úmida, aumento da pressão arterial, bradicardia, retardo do enchimento capilar e
volume urinário aumentado.

B) Poliúria, hipertensão, bradipneia e alcalose metabólica.

C) Alteração da consciência, poliúria, polifagia e dislalia.

D) Pele fria e úmida, pressão arterial em queda, frequência cardíaca em elevação, retardo do
enchimento capilar e volume urinário diminuído.
E) Polaciúria, hipertensão, bradipneia e alcalose metabólica.

2) As hemorragias são causadas pela secção dos vasos sanguíneos e respectivo


extravazamento de sangue destes vasos. Os vasos sanguíneos afetados podem ser as
artérias, as veias ou os capilares. Qual das hemorragias abaixo favorece a um quadro
de anemia?

A) Hemorragia arterial.

B) Hemorragia uterina.

C) Hemorragias lentas e crônicas.

D) Hemorragia Interna.

E) Hemorragia nasal.

3) As hemorragias podem desenvolver condições extremamente graves. Muitas


hemorragias pequenas podem ser contidas e controladas por compressão direta na
própria ferida e curativo compressivo. Porém, uma hemorragia grande não
controlada, especialmente se for uma hemorragia arterial, pode levar a vítima à
morte em menos de 5 minutos. Por que isto pode ocorrer?

A) Por causa da redução do volume intravascular circulante e hipóxia cerebral.

B) Por causa da anemia causada e hipóxia cerebral.

C) Por causa da dor causada e pela redução do volume sanguíneo circulante.

D) Por causa da diminuição da frequência cardíaca e hipóxia cerebral.


E) Por causa da redução do volume intravascular circulante e desestabilização hormonal
sistêmica.

4) Após um acidente que causou uma hemorragia, estimou-se que a vítima perdeu cerca
de 950 ml de sangue. Com base neste dado você classifica esta hemorragia como:

A) Hemorragia Classe 1.

B) Hemorragia Classe 2.

C) Hemorragia Classe 3.

D) Hemorragia Classe 4.

E) Hemorragia Classe 5.

5) Os primeiros socorros, em casos de hemorragia, visam a suspensão do sangramento e


com isso a diminuição do risco de desiquilíbrio sanguíneo-metabólico do acidentado.
Conter uma hemorragia com pressão direta usando um curativo simples é o método
mais indicado. Porém, se não for possível, o que está indicado fazer?

A) Usar curativo compressivo e o rebaixamento da parte atingida de modo que fique num
nível inferior ao do coração. Se com isso, ainda não for possível conter a hemorragia,
pode-se optar pelo método do ponto de pressão.

B) Usar curativo compressivo e a elevação da parte atingida de modo que fique num nível
superior ao do coração. Se com isso, ainda não for possível conter a hemorragia use
imediatamente um torniquete.

C) Usar curativo oclusivo e a elevação da parte atingida de modo que fique num nível
superior ao do coração. Se com isso, ainda não for possível conter a hemorragia, pode-se
optar pelo método do ponto de pressão.

D) Usar curativo compressivo e a elevação da parte atingida de modo que fique num nível
superior ao do coração. Elevar o segmento ferido independente se houver suspeita de lesão
interna.

E) Usar curativo compressivo e a elevação da parte atingida de modo que fique num nível
superior ao do coração. Se com isso, ainda não for possível conter a hemorragia, pode-se
optar pelo método do ponto de pressão.

NA PRÁTICA

A Gravidez Ectópica ou tubária é uma gestação que ocorre fora do útero, geralemente dentro das
tubas uterinas. É uma gestação que não pode ser concluída, pois o óvulo não se desenvolve
dentro do útero, causando rompimento da tuba uterina, onde a gestação está se denvolvendo,
causado como principal consequência uma hamorragia interna.

Confira no Caso Clínico a seguir um exemplo de hemorragia interna.

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SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

O que precisamos saber sobre hemorragias?

Acompanhe o artigo a seguir para mais informações sobre diagnóstico e evolução das
hemorragias.

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Hemorragia, sintomas e causas

Acompanhe neste site as explicações sobre como hemorragias internas e externas se


desenvolvem e seus sintomas.

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Tipos de hemorragia

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Crises convulsivas

APRESENTAÇÃO

Há bilhões de neurônios no cérebro humano. Eles se comunicam e executam funções por meio
da geração de impulsos elétricos constantes. A crise convulsiva pode aparecer quando há um
distúrbio na geração desses impulsos elétricos cerebrais, sendo originada por atividades elétricas
cerebrais desorganizadas, excessivas e repetitivas.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá estudar como se identifica uma crise convulsiva,
além de conhecer seus diferentes tipos e saber como prestar os primeiros socorros a uma vítima
em convulsão.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar crises convulsivas.

• Reconhecer os diferentes tipos de crises convulsivas.

• Descrever o atendimento ao paciente com crises convulsivas.

DESAFIO

Imagine que você foi a uma festa de comemoração dos 50 anos de casamento de seus avós. Lá
estão reunidos todos seus parentes e alguns amigos da família. Dentre os amigos do casal de
idosos está Ricardo, um colega do grupo de dança, de 62 anos.

O idoso está conversando com algumas pessoas quando elas percebem que Ricardo está se
comportando de forma diferente. Veja quais são os sintomas de Ricardo:
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Frente a essa situação, responda as seguintes questões:

1 - Quais são os tipos de crises convulsivas que você pode identificar no caso do Ricardo?
Como você poderia definir cada uma delas?

2 - É normal que Ricardo tenha apresentado mais de um tipo de crise convulsiva em um curto
espaço de tempo. Como podemos chamar esse fenômeno?

3 - Como você prestaria os primeiros socorros a Ricardo?

INFOGRÁFICO

O que pode causar uma convulsão?

Diversos fatores podem desencadear uma crise convulsiva, podendo variar desde processos
metabólicos a lesões cerebrais. No entanto, existem casos nos quais nunca se sabe a causa do
transtorno.

Veja no Infográfico quais são as principais causas da convulsão e conheça alguns exemplos de
fatores que podem desencadear essas causas.
CONTEÚDO DO LIVRO

Uma crise convulsiva pode ser parcial ou generalizada, conforme a quantidade de neurônios
afetados. Quando a crise é parcial, o distúrbio elétrico fica restrito a apenas um grupo
determinado de neurônios. Já quando a crise é generalizada, os impulsos anormais se espalham
pelos dois hemisférios cerebrais.

Leia mais no capítulo Crises convulsivas, da obra Primeiros socorros, base teórica para esta
Unidade de Aprendizagem.

Boa leitura.
PRIMEIROS
SOCORROS

Márcio Haubert
Crises convulsivas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Identificar as crises convulsivas.


„ Reconhecer os diferentes tipos de crise convulsiva.
„ Descrever o atendimento ao paciente com crises convulsivas.

Introdução
As convulsões são caracterizadas por sinais e sintomas neurológicos
temporários que duram poucos minutos e resultam em atividade elé-
trica neuronal anormal, paroxística e hipersincrônica no córtex cerebral.
Geralmente, elas se apresentam como inúmeras contrações involuntárias
de vários músculos do corpo, com início súbito causado por alterações
nas funções cerebrais, e são acompanhadas de perda de consciência.
Neste capítulo, você estudará como se identifica uma crise convulsiva,
seus diferentes tipos e os primeiros socorros a uma vítima em convulsão.

Convulsões
O cérebro humano contém bilhões de neurônios que se comunicam e execu-
tam suas funções devido à geração de impulsos elétricos constantes. A crise
convulsiva, por sua vez, aparece quando há um distúrbio nessa geração,
sendo originada por atividades elétricas cerebrais desorganizadas, excessivas
e repetitivas. Basicamente, ela pode ser uma crise parcial, caso o distúrbio
elétrico fique restrito a apenas um grupo de neurônios, ou ser chamada de
crise convulsiva generalizada, se os impulsos anormais se espalharem pelos
dois hemisférios cerebrais.
As convulsões resultam de uma descarga neural excessiva (não sincroni-
zada), e não necessariamente de uma doença em si, quando forem diagnosti-
cadas como doença, receberão o nome de epilepsia, sendo a crise convulsiva
apenas um de seus sinais. Essa crise acontece quando está relacionada a
2 Crises convulsivas

alguns processos fisiológicos e patológicos, como febre, fatores metabólicos,


emocionais e hormonais, ativação sensorial e ritmos circadianos.
As crianças estão mais propensas e vulneráveis às crises convulsivas do
que os adultos, devido à fase de crescimento e desenvolvimento associada ao
período de maturação do sistema nervoso, relacionando-se à falta de sistemas
inibitórios no sistema nervoso central.
Essas crises representam a alteração neurológica mais recorrente das
emergências e correspondem a cerca de 1 a 5% dos atendimentos, excluindo
o trauma. A maior parte delas, aproximadamente 80%, cessa antes do atendi-
mento hospitalar, não sendo necessário um tratamento com anticonvulsivantes
no serviço de emergência. Os episódios que apresentam duração maior que
cinco minutos podem implicar em riscos de lesões do sistema nervoso central.
O paciente será diagnosticado como portador de epilepsia se apresentar
mais de uma crise convulsiva parcial ou generalizada sem uma causa óbvia e
reversível, além de uma alteração cerebral que o predispõe a desenvolvê-las
periodicamente, sem que haja alguma agressão ao cérebro para desencadeá-
-las. Por isso, não se pode dizer que uma pessoa que consumiu muita bebida
alcoólica e desencadeou uma crise tenha doença epilética. Dessa forma, sabe-se
que nem toda crise convulsiva é causada pela epilepsia.
A seguir, você conhecerá algumas situações e alterações que podem pro-
vocar convulsões:

„ álcool ou drogas em excesso;


„ meningite;
„ hipoglicemia;
„ hipóxia cerebral;
„ desidratação grave;
„ alterações hidroeletrolíticas;
„ epilepsias;
„ febre;
„ infecções;
„ traumas na cabeça;
„ tumores cerebrais.

Entre os sintomas de uma crise convulsiva, estão os seguintes:

„ rigidez corporal;
„ queda da própria altura, brusca e desamparada;
„ salivação excessiva pela boca;
Crises convulsivas 3

„ dilatação das pupilas (midríase pupilar);


„ estado de inconsciência;
„ palidez;
„ mordedura da própria língua e/ou dos lábios;
„ olhar vago, fixo;
„ perda do controle esfincteriano de urina ou fezes;
„ movimentos desordenados e involuntários;
„ olhos revirados;
„ suor excessivo.

Sequelas e complicações da convulsão


Embora sejam raras, as convulsões podem causar sérias sequelas.

Lesões graves
Pela falta de controle, o paciente pode esbarrar ou bater contra objetos cortantes e
perfurantes, acarretando em lesões graves; e há um maior risco de lesões musculares
devido às contrações e aos relaxamentos frenéticos.

Acidentes
Dependendo do momento em que o paciente tiver a crise, ele pode se envolver em
acidentes, como os de trânsito ou de trabalho, pois os ataques ocorrem a qualquer
momento e o indivíduo pode perder o controle do carro ao dirigir, se machucar ao
operar máquinas no trabalho, etc.

Danos cerebrais
Pela sobrecarga de impulsos elétricos, o indivíduo pode ficar com danos cerebrais
irreversíveis. Em alguns casos, há diminuição do fluxo de oxigênio para o cérebro,
resultando em necrose de partes do tecido cerebral.

Convulsão pode matar?


Infelizmente, sim, ela pode matar. Embora seja rara, não se deve excluir essa possibili-
dade, a qual ocorre tanto indireta como diretamente. Ao ter um ataque convulsivo, o
paciente pode se afogar com a própria saliva, sangue ou vômito. Além disso, o risco
de se envolver em acidentes graves é maior, como já mencionado.

Morte súbita inesperada em epilepsia (SUDEP)


Em indivíduos com as convulsões descontroladas, pode ocorrer uma condição co-
nhecida como SUDEP, em que eles são encontrados mortos e, na autópsia, não há
causa de morte.
4 Crises convulsivas

Outro fato interessante é que não há evidências de ataques convulsivos a qualquer


momento perto da morte e não se sabe se o indivíduo morreu durante o ataque ou se
foi repentino. Uma teoria para isso envolve o fato de que, às vezes, as convulsões inibem
ou interferem em áreas cerebrais responsáveis por funções vitais, como respiração e
batimentos cardíacos, o que faz o paciente morrer asfixiado, por falta de oxigenação
no cérebro e coração ou por parada cardíaca.

Tipos de crise convulsiva


Quando se trata de convulsão, geralmente vem em mente a imagem de uma
pessoa se debatendo, babando e revirando os olhos freneticamente, porém,
esse quadro está relacionado apenas a uma crise convulsiva generalizada,
classificada como crise tônico-clônica. A seguir, você verá os mais importantes
tipos que se apresentam divididos em dois grupos: crise convulsiva parcial e
crise convulsiva generalizada.

Crise convulsiva parcial


Este tipo de crise ocorre quando os impulsos elétricos anômalos ficam restritos
somente a uma região do cérebro, sem alteração do nível de consciência do
paciente, e apresenta sintomas sutis, relacionados à região afetada. Entre seus
sintomas, pode-se citar:

„ movimentos involuntários por apenas uma parte do corpo;


„ alterações sensoriais (paladar, visão, audição e olfato);
„ alucinações;
„ fala alterada;
„ vertigens;
„ sensação de ausência corporal.

Ela pode se apresentar como crise convulsiva parcial simples, na qual


os sintomas das crises parciais são tão sutis que seu diagnóstico se torna de
difícil previsão e ainda podem ser confundidos com doenças psiquiátricas.
Crises convulsivas 5

Já quando se trata de crises convulsivas parciais complexas, o quadro clínico


se demonstra mais rico e intenso, pois o paciente não tem a menor consciência
do que está fazendo ou acontecendo. Geralmente, elas são precedidas por
uma crise parcial simples, a qual recebe o nome de aura, um termo que dá
a ideia de um tipo de aviso de que a crise está chegando, como se fosse um
sentimento de previsão.
O comportamento do paciente na crise parcial complexa apresenta-se com
movimentos repetidos, em geral nos lábios (beijos e mastigações), andar em
círculo, olhar fixo, puxar a roupa em tiques nervosos, virar a cabeça de um lado
para o outro, esfregar as mãos vigorosamente, etc., de maneira inconsciente.
Algumas vezes, esse indivíduo é capaz de obedecer a ordens e consegue falar,
porém, apresenta discurso incoerente.
Seu tempo de duração é de, aproximadamente, um minuto e, assim que
ela acaba, o paciente retoma a consciência de modo confuso e sem saber ao
certo o que aconteceu. Em geral, a última lembrança se trata da crise parcial
simples, a aura, que antecedeu a complexa. Os indivíduos podem começar
com uma crise simples, evoluindo para uma complexa e terminando com
uma generalizada.

Crise convulsiva generalizada


Este é o tipo de crise convulsiva mais conhecido, também chamado de grande
mal, e ocorre quando os hemisférios cerebrais são afetados por descargas
elétricas desordenadas. Sua característica mais marcante se trata da crise
tônico-clônica, um quadro bastante sério, pois o paciente subitamente apresenta
rigidez dos músculos e cai inconsciente de imediato, seguindo com movimentos
rítmicos e rápidos dos membros superiores e inferiores. Em geral, ocorre perda
do controle dos esfíncteres fecais e urinários, trazendo uma situação muito
constrangedora, e o paciente apresenta salivação excessiva e mordedura da
própria língua, causando uma espuma avermelhada que sai pela boca.
As crises tônico-clônicas comumente duram entre um e três minutos e,
ao final, o paciente apresenta grande cansaço, sonolência, confusão mental
e amnesia, e não lembra o que aconteceu durante tal período. Nesse tipo de
crise generalizada, encontra-se a crise convulsiva atônica, que se manifesta
com a perda súbita do tônus muscular, fazendo a pessoa acometida cair, em
geral, ela é curta e dura menos de 15 segundos, mas, devido à queda, pode
causar traumatismos corporais.
6 Crises convulsivas

Crise de ausência
É uma das manifestações possíveis da crise convulsiva generalizada e pode
ser chamada de pequeno mal. Nesse tipo, o paciente perde o contato e a cons-
ciência com o mundo externo, ficando parado, com o olhar fixo. Há também
alguns automatismos, por exemplo, piscar os olhos repetidamente, como na
crise parcial complexa, a diferença está no tempo de duração, pois a crise de
ausência é mais curta, durando em média 20 segundos e podendo ocorrer
várias vezes ao dia, independentemente de o indivíduo apresentar aura ou
confusão mental ao final delas. Em geral, ele retoma a atividade que estava
fazendo sem perceber, como se nada tivesse acontecido.
Em pessoas portadoras de epilepsia, as crises convulsivas generalizadas
podem ser desencadeadas por flashes repetidos de luz ou por hiperventilação,
o que ocorre com maior facilidade na infância e costuma desaparecer após
a adolescência.

Status epileticus
Status epileticus ocorre quando a convulsão inicia e não termina após muitos
minutos, geralmente após cinco minutos, ou ainda quando o paciente apresenta
diversas crises sem que haja tempo de recuperação de consciência entre elas. A
maioria das crises é chamada de autolimitada, não necessitando de tratamento
médico imediato à sua ocorrência; já no caso de status epileticus, a pessoa
deve ser levada com urgência ao atendimento médico, pois sua complicação
pode acarretar em lesões cerebrais.

Convulsão febril
Este tipo de convulsão acomete sobretudo crianças entre seis meses e seis anos
que apresentam quadro febril acima de 38 ºC, trazendo muita apreensão aos
pais, mas é benigno e não causa lesão cerebral. É algo comum e ocorre em até
5% das crianças dentro da faixa etária indicada, assim, aquelas que têm somente
convulsões febris não podem ser diagnosticadas como portadoras de epilepsia.
O fator desencadeante da convulsão é a febre, e o tipo de crise pode ser
parcial, sendo a mais comum a complexa, podendo incluir as tônico-clônicas.
Geralmente, essas convulsões são mais demoradas do que as epiléticas, du-
rando até 15 minutos.
Crises convulsivas 7

Os quadros de convulsões febris não geram maiores complicações à criança


e tendem a desaparecer com a idade — o mais indicado é leva-la a uma consulta
médica, para o motivo da febre ser investigado e confirmar que se é apenas
uma convulsão desencadeada pela febre, e não por epilepsia. As crianças
que geralmente apresentam essas convulsões devem ter mais vigília quando
começar a febre; e o seu controle, ser realizado por meio de antitérmicos
prescritos e banhos de água levemente morna.

Cirurgias para convulsão


As cirurgias são indicadas somente nos casos em que o paciente tem vários episó-
dios convulsivos e o uso dos medicamentos não surte efeito. Existem dois tipos: as
que removem uma porção do cérebro, e as que interrompem o caminho do nervo,
fazendo-o perder a conexão com outros nervos e evitando alterações exacerbadas.
Essas cirurgias acarretam em grandes riscos, uma vez que o cérebro é o principal
responsável pela maioria das funções do organismo, por isso, deve-se pensar na pos-
sibilidade de operação considerando as vantagens e desvantagens, além da vontade
do paciente.

Lobectomia
Geralmente, ela é indicada para convulsões parciais simples ou complexas e remove
apenas a parte do cérebro em que a crise se inicia.
O cérebro se divide em lobos, e a cirurgia pode remover o lobo inteiro ou apenas
uma parte. Em casos extremos, remove-se um hemisfério inteiro com a cirurgia he-
misferectomia, porém, dependendo da idade do paciente, ele pode não sobreviver.

Calosotomia
O corpo caloso é uma ponte nervosa que conecta um lado do cérebro ao outro. Na
calosotomia, as fibras nervosas que compõem essa ponta são cortadas, não havendo
remoção de tecido cerebral.
Essa cirurgia costuma ser mais indicada para as crises generalizadas do tipo tônico-
-clônicas e mioclônicas e nem sempre resolve o problema das convulsões, mas os
ataques passam a se limitar a apenas um lado do cérebro, pois não conseguem se
espalhar para o outro, devido à falta de conexão do corpo caloso. Felizmente, esse
procedimento melhora a concentração do paciente, o que pode ocasionar um ganho
na função intelectual.
8 Crises convulsivas

Transecção subpial múltipla


Às vezes, a parte do cérebro em que se originam as convulsões é também respon-
sável por funções importantes, como movimentação e linguagem, por isso, não se
recomenda a remoção dessas áreas.
Nesses casos, utiliza-se a técnica da transecção subpial múltipla, que consiste em
pequenas incisões no cérebro, em regiões que auxiliam a propagação dos impulsos
elétricos. Danificando essas partes, pode-se evitar crises intensas.

Primeiros socorros
O mais importante em uma crise convulsiva é manter a calma, pois a maioria
delas é autolimitada e se resolve espontaneamente — se você se apresentar
nervoso e agitado, pode piorar ainda mais o estado da pessoa acometida pela
crise. Veja no Quadro 1 o que fazer nesses casos.

Quadro 1. Como proceder diante de uma crise convulsiva

Lembre-se de que crises generalizadas podem ser precedidas pelas


parciais, por isso, se o paciente estiver em pé ou sentado, o ideal é
deitá-lo para evitar quedas e traumatismos decorrentes dela.

Retire os óculos do rosto da vítima, se ela estiver usando-os.

Procure afastar curiosos e pessoas que não poderão ajudar.

Não dê tapas no rosto da vítima, nem mesmo jogue


água para fazê-la retornar da crise mais rápido.

Afaste objetos que possam servir de obstáculos que machucarão a vítima.

Não tente imobilizar os membros se o paciente apresentar uma crise tônico-


-clônica e deixe que ele se debata, buscando apenas proteger sua cabeça
com uma almofada ou outro objeto macio, como um casaco dobrado.

Afrouxe as roupas da vítima e deixe-a se debater livremente.

Nunca, de maneira alguma, coloque os dedos dentro da boca do paciente na


tentativa de ajudá-lo, se ele se sufocar com a própria língua. Os indivíduos em
crise contraem a mandíbula com tanta força que podem amputar seus dedos
com uma mordida. Faça apenas a simples lateralização da cabeça para qualquer
lado, assim, a língua cairá sozinha, e ele terá as vias aéreas desobstruídas.

(Continua)
Crises convulsivas 9

(Continuação)

Quadro 1. Como proceder diante de uma crise convulsiva

Nunca coloque objetos, como colher, dentro da boca do paciente


para segurar sua língua, essa tentativa coloca sua integridade em risco,
além de facilitar que ele machuque a boca ou quebre os dentes.

Faça a lateralização da cabeça, pois ela impedirá que


o paciente se afogue com a própria saliva.

Chame ajuda médica se a crise durar mais do que cinco minutos.

Deite o paciente confortavelmente de lado e deixe-o descansar ao terminar


a crise, pois ele pode permanecer desacordado por algum tempo.

Nunca ofereça nada de beber ou de comer logo após a crise, pois o


paciente pode não conseguir engolir direito, ficando mais propenso
ao risco de aspiração de alimentos ou de líquidos para o pulmão.

Evite comentários sobre o atendimento de uma convulsão,


tanto durante como após o socorro, pois a pessoa já se encontra
desconfortável o suficiente com a ocorrência da crise.

Permaneça junto à vítima até que ela se recupere totalmente. Apresente-se a ela,
demonstrando atenção e cuidado com o caso, e informe-a de onde está e com
quem, proporcionando segurança e tranquilidade. Pode ser muito útil saber
se a pessoa é portadora de epilepsia e se está em dia com suas medicações.

Faça uma inspeção geral no estado da vítima após a crise, a


fim de verificar se ela está ferida ou sangrando. Se apresentar
alguma lesão, encaminhe para o atendimento médico.

Para conhecer os principais tipos de convulsões, acesse


o link ou código a seguir.

https://goo.gl/RJdgBp
10 Crises convulsivas

Leituras recomendadas

BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Núcleo de Biossegurança.


Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2003.
CHAVES, M. L. F.; FINKELSZTEJN, A.; STEFANI, M. A. (Org.). Rotinas em neurologia e
neurocirurgia. Porto Alegre: Artmed, 2008.
GIESEL, V. T.; TRENTIN, D. T. (Org.). Fundamentos da saúde para cursos técnicos. Porto
Alegre: Artmed, 2017 (Série Tekne).
GREENBERG, D. A.; AMINOFF, M. J.; SIMON, R. P. Neurologia clínica. 8. ed. Porto Alegre:
AMGH, 2014.
HAUSER, S. L.; JOSEPHSON, S. A. Neurologia clínica de Harrison. Porto Alegre: AMGH,
2015. E-book.
MERCATELLI, R. Conheça os principais tipos de convulsões. 2015. Disponível em: <ht-
tps://vivasaude.digisa.com.br/clinica-geral/conheca-os-principais-tipos-de-convul-
soes/2598/>. Acesso em: 06 jun. 2018.
SHAH, K.; MASON, C. Procedimentos de emergência essenciais. Porto Alegre: Artmed,
2009.
SILVA, D. B. (Org.). Manual de primeiros socorros. Alfenas: UNIFENAS, 2007.
STONE, C. K.; HUMPHRIES, R. L. CURRENT: medicina de emergência: diagnóstico e
tratamento. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.
TOYC, E. C.; SIMPSON, E.; TINTNER, R. Casos clínicos em neurologia. 2. ed. Porto Alegre:
AMGH, 2014.
DICA DO PROFESSOR

As convulsões são definidas como alterações que provocam contrações involuntárias


dos músculos do corpo devido ao funcionamento inadequado do cérebro, que recebe uma
descarga elétrica anormal. Esse distúrbio, que pode ocorrer de modo espontâneo ou em
decorrência de algum evento exógeno, normalmente dura de um a cinco minutos.

Veja no vídeo da Dica do Professor alguns aspectos importantes a serem considerados acerca
das convulsões.

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EXERCÍCIOS

1) Como você viu nesta Unidade de Aprendizagem, nem toda crise convulsiva é causada
pela epilepsia. Com base nessa afirmação, marque a alternativa que contempla
APENAS situações e alterações que podem provocar convulsões:

A) Álcool ou drogas em excesso, meningite, hiperglicemia, hipóxia cerebral e desidratação


grave.

B) Álcool ou drogas em excesso, meningite, hipoglicemia, hipercapnia cerebral e


desidratação grave.

C) Álcool ou drogas em excesso, meningite, hipoglicemia, hipóxia cerebral e desidratação


grave.

D) Álcool ou drogas em excesso, meningite, hipoglicemia, hipóxia cerebral e excesso de


hidratação.

E) Hipertensão arterial sistêmica, meningite, hipoglicemia, hipóxia cerebral e desidratação


grave.

2) A crise convulsiva parcial, também conhecida como crise convulsiva parcial simples,
ocorre quando impulsos elétricos anômalos ficam restritos somente a uma região do
cérebro. Esse tipo de crise ocorre sem alteração do nível de consciência do paciente e
apresenta sintomas sutis, relacionados à região do cérebro afetada. Dentre seus
sintomas podemos citar:

A) Movimentos involuntários por apenas uma parte do corpo; alterações sensoriais (paladar,
visão, audição, olfato); alucinações; fala alterada; vertigens e sensação de ausência
corporal.

B) É um tipo de crise convulsiva que não apresenta sintomas. Portanto, podemos classificá-la
como assintomática.

C) Movimentos involuntários difusos por todo o corpo; alterações sensoriais (paladar, visão,
audição, olfato); alucinações; fala alterada; vertigens e sensação de ausência corporal.

D) Movimentos involuntários por apenas uma parte do corpo; não apresentam alterações
sensoriais (paladar, visão, audição, olfato); alucinações; fala alterada; vertigens e sensação
de ausência corporal.

E) Movimentos involuntários por apenas uma parte do corpo; alterações sensoriais (paladar,
visão, audição, olfato); alucinações; fala preservada e sensação de ausência corporal.

3) A crise convulsiva generalizada é o tipo de crise convulsiva mais conhecido, também


chamado de grande mal. Ocorre quando ambos os hemisférios cerebrais são afetados
por descargas elétricas desordenadas. Sua característica mais marcante é a crise
chamada tônico-clônica. Dentre as alternativas a seguir, qual apresenta sinais
corretos desse tipo de crise?

A) Movimentos involuntários por apenas uma parte do corpo; alterações sensoriais (paladar,
visão, audição, olfato); alucinações; fala alterada; vertigens e sensação de ausência
corporal.

B) O paciente subitamente apresenta rigidez dos músculos e imediatamente cai inconsciente.


No chão, segue com movimentos rítmicos e rápidos dos membros superiores e inferiores.
É comum ocorrer perda do controle dos esfíncteres fecais e urinários. É também comum o
paciente apresentar salivação excessiva e mordedura da própria língua, causando um
espumamento avermelhado que sai pela boca.

C) Nesse tipo de crise, o paciente perde contato e consciência com o mundo externo, ficando
parado e com o olhar fixo. Podem ocorrer alguns automatismos, como piscar os olhos
repetidamente da mesma maneira que ocorre na crise parcial complexa.

D) A convulsão inicia e não termina após muitos minutos, geralmente após cinco minutos, ou
ainda quando o paciente apresenta diversas crises sem que haja tempo de recuperação de
consciência entre elas.

E) O fator desencadeante da convulsão é a febre e o tipo de crise convulsiva pode ser parcial,
sendo a mais comum, ou a complexa, podendo ocorrer crises tônico-clônicas. É comum
que as convulsões febris sejam mais demoradas do que as crises epiléticas, podendo durar
até 15 minutos.

4) As convulsões podem ter como causas epilepsia, febre alta, intoxicações ou lesões
cerebrais. A vítima cai inconsciente, seu corpo fica tenso e ela se debate
violentamente com espasmos musculares de dois a quatro minutos. Marque a
alternativa que contém ações corretas de atuação frente a uma crise convulsiva:

A) Afrouxe as roupas da vítima e segure-a para evitar que ela se debata até os movimentos
pararem.
B) Jogue água fria no rosto da vítima.

C) Chame vigorosamente a vítima, sacudindo-a pelos ombros.

D) Coloque a mão dentro da boca da vítima para puxar sua língua.

E) Não tente abrir a boca da vítima com uma colher ou com outro objeto para que ela possa
respirar e não morder a língua. Lateralize sua cabeça, se possível, e espere a crise passar.

5) Ao prestar os primeiros socorros a uma vítima em crise convulsiva e deitada no chão,


um dos procedimentos prioritários é:

A) Manter a vítima em situação de alerta se ela manifestar vontade de dormir.

B) Proteger a cabeça da vítima, para que ela não sofra traumatismo.

C) Colocar um objeto rígido entre os dentes da vítima, para evitar que ela morda a língua.

D) Conter a vítima durante a crise convulsiva, para assegurar que ela não se machuque.

E) Colocar a vítima imediatamente em pé, para que ela tenha autocontrole.

NA PRÁTICA

A convulsão é um distúrbio no qual descargas elétricas anormais no cérebro fazem com que os
músculos se contraiam e relaxem rapidamente de maneira desordenada. Ela costuma ser
confundida com um ataque epiléptico. No entanto, pode ser causada por diversas condições
desconhecidas ao paciente. Veja no caso clínico a seguir um exemplo de crise convulsiva
desencadeada pela hipertermia.
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SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Convulsões e alcoolismo

Leia um artigo com uma atualização sobre as convulsões relacionadas ao alcoolismo.

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Transtorno convulsivo

Conheça uma visão geral e as doenças relacionadas ao transtorno convulsivo.

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Crise convulsiva

Confira no vídeo algumas dicas de como ajudar uma pessoa em crise convulsiva.

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Afogamento

APRESENTAÇÃO

A dificuldade respiratória no afogamento se dá pela entrada de líquido nas vias aéreas do


acidentado. Todas as pessoas que passam por um acidente dentro da água podem apresentar
hipotermia, náuseas, vômitos, distensão abdominal, tremores, cefaleia , mal-estar, cansaço,
dores musculares, dor no tórax, diarreia e outros sintomas inespecíficos. Grande parte desses
sintomas é decorrente do esforço físico realizado dentro da água sob estresse emocional do
medo, durante a tentativa de se salvar do afogamento.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você terá a oportunidade de conhecer medidas de prevenção


de afogamentos, reconhecer as prioridades no atendimento ao afogado e os primeiros socorros
destinados a este tipo de vítima.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar ações e orientações de prevenção de afogamento.


• Reconhecer as prioridades no atendimento às vítimas de afogamentos.
• Descrever o atendimento às vítimas de afogamentos.

DESAFIO

Afogamento é a dificuldade respiratória causada pela aspiração de líquido por submersão ou


imersão. É um quadro grave que pode levar a vítima à parada cardiorrespiratória e ao estado de
choque.

Veja o caso a seguir:


INFOGRÁFICO

Seja em piscinas ou praias, está evidente a importância da orientação preventiva no sentido de


evitar o afogamento. Acidentes com afogamento são muito comuns em nosso país e acontecem,
em sua maioria, na frente de amigos e familiares que poderiam evitar ou ajudar, mas que, por
inteiro desconhecimento, não sabem como prevenir ou agir, sendo, muitas vezes, as causas
principais desses incidentes na água. Dados apontam que mais de 70% dos casos de afogamento
em praias ocorrem com pessoas que vivem fora da orla, portanto não estão habituadas aos seus
perigos e peculiaridades.

Acompanhe, no infográfico a seguir, medidas de prevenção em afogamento para praias e


piscinas.
CONTEÚDO DO LIVRO

Antigamente, pensava-se que diferentes tipos de água produziam afogamentos diferentes, mas,
hoje, já se sabe que os afogamentos tanto de água doce como de água salgada não necessitam de
qualquer tratamento diferenciado entre si e têm os mesmos prognósticos.

No capítulo Afogamento, da obra Primeiros socorros, você verá assuntos que aprofundarão seu
conhecimento. Faça a leitura do capítulo, base teórica desta Unidade de Aprendizagem.
PRIMEIROS
SOCORROS

Márcio Haubert
Afogamento
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Identificar as ações e orientações de prevenção de afogamento.


„ Reconhecer as prioridades no atendimento às vítimas de afogamento.
„ Descrever o atendimento às vítimas de afogamento.

Introdução
É comum a ocorrência de afogamento durante as temporadas de verão,
em que a concentração de veranistas aumenta nas praias brasileiras,
deixando mais evidentes os eventos que envolvem esse tipo de acidente.
Anualmente, o número de óbitos por afogamento no país supera os 6.000
casos, além dos incidentes não fatais, que chegam a mais de 100.000.
Esses dados são evidenciados pelo crescimento do número de pessoas
que desfrutam das águas de rios, mares, lagoas, piscinas, etc. para banho,
natação, prática de esportes aquáticos, transporte ou trabalho.
Neste capítulo, você conhecerá as medidas de prevenção de afo-
gamentos, as prioridades no atendimento ao afogado e os primeiros
socorros destinados a esse tipo de vítima.

Afogamentos
O afogamento pode ser definido como a aspiração de líquido causada por
submersão ou imersão por meio da entrada de líquido nas vias aéreas do
acidentado, acometendo traqueia, brônquios ou pulmões. Durante esse ato, a
função respiratória fica prejudicada pela entrada de líquido nas vias aéreas,
impedindo a troca gasosa realizada nos alvéolos dos pulmões, que é essencial
para a vida humana. Essa obstrução apresenta duas formas principais:
2 Afogamento

„ obstrução parcial ou completa das vias aéreas superiores por uma coluna
de líquido, nos casos de submersão súbita;
„ aspiração gradativa de líquido até os alvéolos.

Ambos causam a diminuição ou a abolição da passagem do oxigênio para


a circulação e do dióxido de carbono para o meio externo, sendo maiores
ou menores de acordo com a quantidade e a velocidade em que o líquido
foi aspirado. Se o quadro de afogamento não for interrompido, a redução de
oxigênio levará à parada respiratória que, consequentemente, em segundos
ou poucos minutos provocará a cardíaca.
Antigamente, se pensava que cada tipo de água produzia afogamentos
diferentes, mas, hoje, já se sabe que os afogamentos tanto de água doce como
salgada não necessitam de qualquer tratamento diferenciado entre si e possuem
os mesmos prognósticos.

Tipos de acidente na água


Os tipos de acidente na água podem ser classificados de três maneiras: síndrome
de imersão, hipotermia e afogamento, detalhadas a seguir.

Síndrome de imersão

Chamada também de hidrocussão, é a denominação popular para o choque


térmico, desencadeado por uma súbita exposição à água mais fria que a tem-
peratura do corpo, causando arritmia cardíaca que pode levar à síncope ou
à parada cardiorrespiratória (PCR). Acredita-se que molhar a face, a região
cervical e os punhos antes de mergulhar pode evitar esta situação, mas isso
ainda não foi provado cientificamente.

Hipotermia

Ocorre quando há exposição da vítima à água muito fria, reduzindo a tempe-


ratura normal do corpo humano e podendo levar à perda da consciência com
afogamento secundário ou até a uma arritmia cardíaca com parada cardíaca
e morte.
Afogamento 3

Afogamento

Envolve algumas classificações. É importante que o tipo de água, conforme


apresentado a seguir, seja identificado para campanhas de prevenção.

„ Afogamento em água doce: piscinas, rios, lagos ou tanques.


„ Afogamento em água salgada: mar.
„ Afogamento em água salobra: encontro de água doce com o mar.
„ Afogamento em outros líquidos não corporais: tanque de óleo ou outro
material, etc.

Deve-se definir a causa do afogamento, pois isso ajuda a identificar a


doença associada a ele.

„ Afogamento primário: quando não existem indícios da sua causa.


„ Afogamento secundário: quando existe alguma causa que tenha impe-
dido a vítima de se manter na superfície da água e, em consequência,
precipitado o afogamento. Por exemplo, drogas (36,2%, mais frequente
o álcool), convulsão, traumatismos, doenças cardíacas e/ou pulmonares,
acidentes de mergulho, etc.

Por fim, conhecer a gravidade do afogamento permite saber o tratamento.


Sua gravidade pode ser classificada em uma escala numérica de 1 a 6, variando
desde o nível de consciência até a ausência de vida, após encontrar vítimas
afogadas há muito tempo. Dependendo dessa escala, serão implementados
diferentes tratamentos e procedimentos pela equipe médica.

Medidas de orientação e prevenção de afogamentos


Seja em piscinas ou praias, está evidente a importância da orientação preven-
tiva para evitar o afogamento. Esse tipo de acidente é muito comum no país e
acontece, em sua maioria, na frente de amigos e familiares que poderiam evitar
ou ajudar, mas não sabem como prevenir ou agir, porque o desconhecimento
e/ou a imprudência são, muitas vezes, as causas principais desses incidentes
na água. Dados apontam que mais de 70% dos casos em praias ocorrem com
pessoas que vivem fora da orla e não estão habituadas aos seus perigos e suas
peculiaridades. Portanto, deve-se preocupar em aprender e difundir conhe-
cimentos sobre as diversas formas de prevenção ao afogamento em praias,
4 Afogamento

rios, lagos e piscinas por meio de dicas simples e de fácil aprendizado, mas
que fazem toda a diferença entre a vida e a morte de quem gosta de se banhar.
Acredita-se que a maior ocorrência de incidentes aquáticos ocorre nas
praias, devido ao grande número de turistas nos períodos de férias, porém,
essa informação está equivocada. O local com maior número de salvamentos
não é na orla, mas, sim, em águas doces, nas quais acontece o maior número
de afogamentos com morte. Assim, conhecer o perfil das vítimas e as razoes
que facilitam os afogamentos tem extrema importância, pois pode-se basear
nesses dados para fazer um planejamento mais adequado e as medidas de
prevenção necessárias para cada área em particular.
Os dados estatísticos mostram que a maioria dos afogados é jovem, saudável
e com expectativa de vida de muitos anos, tornando imperativo o atendimento
rápido, adequado e eficaz, que deve ser prestado pelo socorrista imediatamente
após ou, quando possível, durante o acidente, ainda dentro da água. Portanto,
o atendimento pré-hospitalar a esses casos deve ser diferenciado de outros,
pois necessita que se inicie pelo socorro dentro da água e exige do socorrista
algum conhecimento do meio aquático para que não se torne mais uma vítima.
No Quadro 1, você pode verificar a estimativa do local de óbitos por
afogamento no Brasil.

Quadro 1. Estimativa do local de óbitos por afogamento no Brasil

Águas naturais — 90% Águas não Durante transporte


„ 25% rios com naturais — 8,5% com embarcações
correntezas „ 2,5% banheiros, — 1,5%
„ 20% represa caixas d’água, baldes
„ 15% praias oceânicas e similares
„ 13% remanso de rio „ 2% galeria de águas
„ 5% lagoas fluviais
„ 5% inundações „ 2% piscinas
„ 3% baía „ 2% poço
„ 2% cachoeiras
„ 2% córregos

Fonte: Adaptado de Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (2018, documento on-line).


Afogamento 5

Medidas preventivas aos afogamentos


As prevenções aos afogamentos incluem ações baseadas em advertências e
avisos aos banhistas, a fim de evitar ou ter cuidado com os perigos relacionados
a lazer, trabalho ou esportes praticados na água. Essas medidas podem evitar
mais de 85% dos casos e atuam não apenas na redução da mortalidade, como
também na morbidade (lesões decorrentes da doença) por afogamento. Já em
termos estatísticos, deve-se diferenciar os atos de prevenção e socorro.

„ Prevenção é qualquer medida com o objetivo de evitar o afogamento,


sem que haja contato físico entre a vítima e o socorrista, e pode ser
dividida em dois tipos:
■ prevenção ativa: qualquer ação que inclua sinalização de risco ou
comportamento, como sinalizar uma corrente de retorno, uma área de
risco, uma profundidade na piscina; colocar uma cerca, um ralo, etc;
■ prevenção reativa: qualquer ação direcionada a um indivíduo ou a
um grupo com a intenção de interromper um afogamento iminente,
como o uso de apito ou a advertência de um guarda-vidas a um
banhista em área de risco.
„ Socorro é toda ação de resgate em que houve necessidade de contato
entre o socorrista e a vítima.

As seguintes medidas devem ser seguidas para a prevenção de afogamentos:

„ tenha atenção constante nas crianças, qualquer descuido pode ser muito
desfavorável;
„ estipule regras rígidas de segurança para as crianças, pois ajuda a
evitar acidentes;
„ aprenda natação e técnicas de salvamento aquáticas, pois podem ser
bastante úteis;
„ nade em local com guarda-vidas e pergunte onde é mais seguro;
„ saiba como reconhecer e evitar as correntes de retorno (repuxo), as
quais ocorrem em praias oceânicas, com mais de 85% de afogamentos;
„ nade sempre acompanhado;
„ use o colete salva-vidas em pescarias, embarcações ou em áreas de risco;
„ evite ingerir bebidas alcoólicas antes do banho;
„ não superestime sua capacidade de nadar — 50% dos afogados achavam
que sabiam;
6 Afogamento

„ não pratique hiperventilação para aumentar o fôlego;


„ sempre entre em água rasa ou desconhecida primeiro com os pés;
„ tome conhecimento das condições do ambiente e obedeça às sinalizações;
„ não lute em correnteza, flutue, erga uma das mãos e peça imediatamente
por socorro;
„ não tente entrar na água para realizar salvamento se você não está
apto, chame o socorro, jogue algum material flutuante e aguarde os
profissionais;
„ prefira sempre nadar em águas rasas;
„ tenha atenção em pessoas nos extremos da idade — muito jovens ou
velhos;
„ não permita que os mais jovens entrem na água sem a supervisão de
um adulto;
„ atente-se às pessoas obesas ou com aparência cansada, pois geralmente
não têm boas condições físicas;
„ observe com muita atenção as pessoas com objetos flutuantes, pois são
confiantes e capazes apenas com eles;
„ alerte os turistas, imigrantes ou os estranhos ao ambiente, pois são
pessoas que não têm noção do perigo no local.

O afogamento é a segunda causa de óbito entre pessoas de um a nove anos; a terceira


de 10 a 19 anos; e a quarta de 20 a 25 anos.
„ A cada 84 minutos, um brasileiro morre afogado.
„ Os homens morrem seis vezes mais.
„ Os adolescentes têm o maior risco de morte.
„ O norte do Brasil tem a maior mortalidade.
„ 51% de todos os óbitos ocorrem até os 29 anos.
„ 75% dos óbitos acontecem em rios e represas.
„ 51% das mortes na faixa de um a nove anos ocorrem em piscinas e residências.
„ As crianças maiores que 10 anos e os adultos se afogam mais em águas naturais
(rios, represas e praias).
„ As crianças de 4 a 12 anos que sabem nadar se afogam mais pela sucção da bomba
em piscina.
„ 44% dos casos ocorrem entre novembro e fevereiro.
„ Cada óbito por afogamento custa R$ 210.000,00 ao Brasil.
Afogamento 7

Prioridades no atendimento às vítimas de


afogamento
Antes de realizar o atendimento às vítimas de afogamento, o socorrista deve
seguir algumas orientações, que serão essenciais para garantir sua própria
segurança:

„ nunca tente salvar uma vítima de afogamento caso você não seja um
exímio nadador e tenha treinamento adequado para o resgate em águas;
„ lembre-se que a vítima está desesperada e busca todas as maneiras para
flutuar na água, por isso, você corre um grande risco de ser afogado
junto à vítima;
„ evite ao máximo entrar sozinho na água e busque alguém que também
saiba nadar para auxiliá-lo no salvamento;
„ entre na água com o mínimo possível de roupa, assim a vítima terá
menos chance de usar você como boia;
„ utilize uma boia ou qualquer objeto flutuante que possa ser agarrado
pela vítima (pedaços de madeira, pneu, prancha de surfe, etc.);
„ não permita a subida da vítima se você estiver em um bote, pois ele
pode virar, faça a pessoa se segurar nele e reboque-a até à superfície;
„ comece medidas de ressuscitação cardiopulmonar(RCP) imediatamente
se achar que a pessoa parou de respirar, até mesmo quando estiver
removendo-a para a superfície;
„ não entre na água se não for absolutamente necessário.
8 Afogamento

Na cadeia de sobrevivência do afogamento deve-se estar atento para algumas questões,


como você verá a seguir.
„ Crianças devem estar a distância de um braço, mesmo que saibam nadar.
„ Nade onde exista a segurança de um guarda-vidas.
„ Restrinja o acesso às piscinas e aos tanques com uso de cercas.
„ Sempre utilize colete salva-vidas em barcos e esportes com pranchas.
„ Aprenda natação, medidas de segurança na água e primeiros socorros.
„ Reconheça o afogamento — banhista incapaz de deslocar-se ou em posição vertical
na água com natação errática.
„ Peça a alguém que chame por socorro (193 ou 192).
„ Observe ou peça a alguém que vigie a vítima dentro da água enquanto tenta ajudar.
„ Pare o afogamento e forneça um flutuador.
„ Tente ajudar sem entrar na água e mantenha sua segurança.
„ Use uma vara ou corda para retirar o afogado.
„ Entre na água para socorrer somente se for seguro e use algum material flutuante.
„ Não entre em pânico, acene por socorro e flutue se você estiver se afogando, para
sua própria ajuda.
„ Inicie a RCP com ventilação imediatamente se o afogado não estiver respirando.
„ Permaneça junto ao afogado até a ambulância chegar se houver respiração.
„ Procure por um hospital se houver qualquer sintoma.

Primeiros socorros
Estar diante de uma cena de afogamento pode ser assustador, pede uma ação
rápida e exige que você faça o resgate. Portanto, nesse momento, ter o mínimo
de conhecimento dos primeiros socorros é fundamental para salvar a vida da
vítima. Veja, no Quadro 2, como realizar os primeiros socorros:

Quadro 2. Como proceder diante de um afogamento

Reconheça se a pessoa está se afogando, pois nem sempre ela se apresenta


agitada e grita por socorro. Tenha, ainda, muita atenção, porque um
afogamento pode passar despercebido, e alguns indivíduos parecem estar
brincando na água. Na maioria dos casos, o banhista estará em posição vertical,
sem se deslocar.

(Continua)
Afogamento 9

(Continuação)

Quadro 2. Como proceder diante de um afogamento

Chame imediatamente por socorro ao identificar um afogamento e, em seguida,


tente ajudar, desde que a ação de resgate não ofereça risco para sua integridade
física.

Use material flutuante, pois é de extrema importância para interromper o


afogamento.

Faça a remoção do afogado da água se for seguro para você. O ideal é tentar
ajudar mantendo-se fora da água.

Entre na água somente se tiver absoluta segurança de não correr risco de ser um
segundo afogado. Se você decidiu fazer isso, leve consigo, sempre que possível,
algum material de flutuação.

Retire roupas e sapatos que possam pesar na água e dificultar seu


deslocamento. É válida a tentativa de transformar as calças em um flutuador.

Sempre entre na água mantendo a visão na vítima.

Pare a dois metros antes do afogado, lhe entregue o material de flutuação e


sempre mantenha-o entre você e a vítima.

Deixe que a vítima se acalme, antes de chegar muito perto.

Peça ao afogado que flutue e, então, acene pedindo ajuda se você não estiver
confiante em sua natação. Não tente rebocá-lo para fora da água, pois poderá
gastar suas últimas energias.

Mantenha-se calmo durante o socorro e, acima de tudo, não se exponha a riscos


desnecessários.

Coloque o afogado com a cabeça e o tronco em linha horizontal assim que


retirá-lo da água e, em seguida, pergunte “você está me ouvindo?” para
confirmar se ele está consciente.

Coloque a vítima em posição lateral de segurança e aguarde o socorro chegar


se houver resposta (fala, movimento ou qualquer outra resposta) ou se você
verificar que ela está viva (respirando e com coração batendo).

Inicie imediatamente a abertura das vias aéreas se não identificar resposta da


vítima ou sinais de vida, levante o queixo dela com a mão direita, coloque a
esquerda na testa e estenda o pescoço para abrir as vias aéreas.

Faça a respiração boca a boca se não houver sinais de vida, inclinando a cabeça
para trás a fim de que a língua não bloqueie o fluxo de ar e, em seguida, sopre
na boca obstruindo o nariz com a mão. Faça em torno de cinco insuflações com
intervalo entre cada uma para permitir que o tórax se eleve.

(Continua)
10 Afogamento

(Continuação)

Quadro 2. Como proceder diante de um afogamento

Utilize a barreira de proteção (máscara) se possível, mas a sua ausência não é um


impedimento, pois o risco, quando não há sangue na boca, torna-se desprezível
para o socorrista.

Encare que o coração está parado se não houver resposta da vítima por meio de
movimentos ou reação à ventilação.

Inicie, então, as manobras de RPC, retire os dois dedos do queixo e passe-os pelo
abdome, localizando o encontro das duas últimas costelas, marque dois dedos,
retire a mão da testa e coloque-a no tórax, com a outra mão sobre a primeira,
e inicie 30 compressões cardíacas externa. Cada compressão deve garantir o
afundamento de no mínimo cinco centímetros do tórax, garantindo seu retorno
completo antes de se iniciar uma nova compressão. Já sua velocidade deve ser
de, no mínimo, 100 movimentos em 60 segundos.

Utilize apenas uma mão para a realização das compressões se a vítima for
criança.

Mantenha alternando duas ventilações e 30 compressões e não pare até que


haja resposta e a respiração e os batimentos cardíacos retornem. Depois,
coloque a vítima de lado e aguarde o socorro médico solicitado.

Entregue o afogado a uma equipe médica, ou até você ficar exausto.

Reavalie a ventilação e os sinais de circulação após os primeiros quatro ciclos


completos de compressão e ventilação. Se for ausente, prossiga com a RCP e
interrompa-a para uma nova reavaliação a cada dois minutos ou quatro ciclos.

Fique atento e verifique periodicamente se o afogado está ou não respondendo


durante a RCP, o que será importante na decisão de parar ou prosseguir nas
manobras.

Realize a RCP com outro socorrista sempre que possível, alternado quem realiza
as compressões torácicas a cada dois minutos.

Realize a RCP de preferência no local do afogamento, pois é onde a vítima


terá maior chance de sucesso. Nos casos de retorno das funções cardíaca e
respiratória, acompanhe o afogado com muita atenção, durante os primeiros
30 minutos, até a chegada da equipe médica, porque ele ainda não está fora de
risco de uma nova PCR.

Refaça a hiperextensão do pescoço e tente novamente nos casos em que não


houver efetividade da manobra de ventilação boca a boca.

Retire as próteses dentárias somente se estiverem dificultando a ventilação boca


a boca.

(Continua)
Afogamento 11

(Continuação)

Quadro 2. Como proceder diante de um afogamento

Lembre-se que o ar atmosférico é uma mistura gasosa que apresenta cerca


de 21% de oxigênio em sua composição e, em cada movimento respiratório,
gasta-se em torno de 4% desse total, restando 17% de oxigênio no ar expirado
pelo socorrista. Essa quantidade é suficiente para a ventilação boca a boca ser
considerada o método mais eficiente em ventilação artificial de emergência.

Você deve ter em mente que o tempo é um fator fundamental para o bom
resultado na RCP, e os casos de afogamento apresentam uma grande tolerância
à falta de oxigênio, o que estimula sua realização além do limite estabelecido
para outras patologias. Portanto, inicie a RCP em:

„ todos os afogados em PCR com um tempo de submersão inferior a


uma hora;
„ todos os casos de PCR que não apresentem um ou mais dos seguintes
sinais — rigidez cadavérica, decomposição corporal e presença de
livres mortis.

Todo atendimento realizado pela ambulância e, em sequência, pelo hospital


somente será possível se o socorrista fizer os primeiros socorros, portanto, ele
pode ser a parte mais importante na sobrevivência do afogado.

Conheça a Sociedade Brasileira da Salvamento Aquático no link a seguir.

https://goo.gl/of1Ttq

SOCIEDADE BRASILEIRA DE SALVAMENTO AQUÁTICO. [2018]. Disponível em: <http://


www.sobrasa.org/>. Acesso em: 25 jun. 2018.
12 Afogamento

SZPILMAN, D. et al. Creating a drowning chain of survival. Resuscitation, v. 85, n. 9, p.


1149-1152, Sept. 2014. Disponível em: <https://www.resuscitationjournal.com/article/
S0300-9572(14)00575-9/fulltext>. Acesso em: 25 jun. 2018.

Leituras recomendadas
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Núcleo de Biossegurança.
Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2003.
SILVA, D. B. Manual de primeiros socorros. Alfena: UNIFENAS, 2007.
SZPILMAN, D. Considerações sobre afogamentos e a ressuscitação cardio pulmonar
preconizada pela Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático – Sobrasa e ILS.
Revista FLAMMAE – Revista Científica do Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco, v.
1, n. 2, jul./dez. 2015.
SZPILMAN, D. Perfil epidemiológico de afogamento – Brasil – Ano 2014. Disponível em:
<http://www.sobrasa.org/perfil-epidemiologico-de-afogamento-brasil-ano-2014/>.
Acesso em: 25 jun. 2018.
SZPILMAN, D. Primeiros socorros e afogamento. In: SOUZA, P. H. et al. Manual técnico:
salvamento aquático do corpo de bombeiros da Policia Militar do Paraná. Curitiba:
Associação da Vila Militar, 2014. p. 182-201.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR

A maior parte dos acidentes que envolvem afogamentos poderia ser evitada se todas as medidas
de segurança fossem tomadas adequadamente. Confira, no vídeo a seguir, alguns dados sobre
afogamentos e dicas de medidas de prevenção destes.

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EXERCÍCIOS

1) Durante o ato do afogamento, a função respiratória fica prejudicada pela entrada de


líquido nas vias aéreas, impedindo, com isso, a troca gasosa realizada nos alvéolos dos
pulmões, essencial para a garantia da vida humana. A obstrução causada pelo
afogamento apresenta duas formas principais. Quais são elas?

A) Obstrução parcial ou completa das vias aéreas superiores por uma coluna de líquido, nos
casos de submersão súbita; pela aspiração gradativa de líquido até os alvéolos.

B) Obstrução total ou incompleta das vias aéreas superiores por uma coluna de líquido, nos
casos de submersão súbita; pela aspiração gradativa de líquido até os alvéolos.

C) Obstrução parcial ou completa das vias aéreas superiores por uma coluna de líquido, nos
casos de submersão súbita; pela aspiração inesperada de líquido até os alvéolos.

D) Obstrução parcial ou completa das vias aéreas superiores por uma coluna de líquido, nos
casos de submersão súbita; pela aspiração gradativa de líquido até a traqueia.

E) Obstrução parcial ou completa das vias aéreas superiores por uma coluna de ar, nos casos
de submersão súbita; pela aspiração gradativa de líquido até os alvéolos.
2) Acredita-se que a maior ocorrência de incidentes aquáticos se dá nas praias por
causa do grande número de turistas que frequentam esses locais nos períodos de
férias. Acerca dessa afirmativa, marque a alternativa correta.

A) Essa informação está equivocada. O local onde ocorre o maior número de salvamentos não
é na orla, mas, sim, em águas salobas, onde ocorre o maior número de afogamentos com
morte.

B) Essa informação está equivocada. O local onde ocorre o maior número de salvamentos não
é na orla, mas, sim, em águas salgadas, onde ocorre o maior número de afogamentos com
morte.

C) Essa informação está correta. O local onde ocorre o maior número de salvamentos é na
orla marítima.

D) Essa informação está equivocada. O local onde ocorre o maior número de salvamentos não
é na orla, mas, sim, em transpotes fluviais.

E) Essa informação está equivocada. O local onde ocorre o maior número de salvamentos não
é na orla, mas, sim, em águas doces, onde ocorre o maior número de afogamentos com
morte.

3) As prevenções aos afogamentos incluem ações baseadas em advertências e avisos a


banhistas no sentido de evitar ou ter cuidado com os perigos relacionados ao lazer,
trabalho, ou esportes praticados na água. Em termos estatísticos, é importante
diferenciar entre ato de prevenção e socorro. Qual das alternativas a seguir define
corretamente prevenção e socorro?

A) Prevenção é qualquer medida com o objetivo estimular o afogamento sem que haja contato
físico entre a vítima e o socorrista e pode ser dividia em 2 tipos: prevenção ativa e
prevenção reativa. Socorro é toda ação de resgate em que não houve necessidade de
contato entre o socorrista e a vítima.
B) Prevenção é qualquer medida com o objetivo de evitar o afogamento sem que haja contato
físico entre a vítima e o socorrista e pode ser dividia em 2 tipos: prevenção ativa e
prevenção reativa. Socorro é toda ação de resgate em que houve necessidade de contato
entre o socorrista e a vítima.

C) Prevenção é qualquer medida com o objetivo de evitar o afogamento sem que haja contato
físico entre a vítima e o socorrista e pode ser dividia em 2 tipos: prevenção passiva e
prevenção reativa. Socorro é toda ação de resgate em que houve necessidade de contato
entre o socorrista e a vítima.

D) Prevenção é qualquer medida com o objetivo de evitar o afogamento onde há necessidade


de contato físico entre a vítima e o socorrista e pode ser dividia em 2 tipos: prevenção
ativa e prevenção reativa. Socorro é toda ação de resgate em que houve necessidade de
contato entre o socorrista e a vítima.

E) Prevenção é qualquer medida com o objetivo de evitar o afogamento sem que haja contato
físico entre a vítima e o socorrista e pode ser dividia em 3 tipos: prevenção passiva,
prevenção ativa e prevenção reativa. Socorro é toda ação de resgate em que houve
necessidade de contato entre o socorrista e a vítima.

4) Identifique quais são os anéis da cadeia de sobrevivência no afogamento:

A) Orientação;

Reconheça o afogado e peça ajuda;

Forneça flutuação e evite a submersão;

Remova a vítima da água, se for seguro para você;


Suporte de vida, hospital, se necessário.

B) Prevenção;

Reconheça o afogado antes de chamar por ajuda;

Forneça flutuação e evite a submersão;

Remova a vítima da água, se for seguro para você;

Suporte de vida, hospital, se necessário.

C) Prevenção;

Reconheça o afogado e peça ajuda;

Forneça flutuação e evite a submersão;

Remova a vítima da água se for seguro para você;

Suporte de vida, hospital, se necessário.


D) Prevenção;

Reconheça o afogado e peça ajuda;

Forneça flutuação e evite a submersão;

Remova a vítima da água de qualquer maneira;

Suporte de vida, hospital, se necessário.

E) Prevenção;

Reconheça o afogado e peça ajuda;

Entre imediatamente na água e evite a submersão;

Remova a vítima da água, se for seguro para você;

Suporte de vida, hospital, se necessário.

5) Em qual a posição que você deverá colocar o afogado grave ao chegar na superfície
após a retidada do água?

A) Com o peito para baixo, para que a água possa sair.


B) Inclinado, com a cabeça mais baixa.

C) Inclinado, com a cabeça mais elevada.

D) Em posição horizontal, com a cabeça no mesmo nível do tronco.

E) Em posição horizontal, com as pernas e a cabeça elevadas.

NA PRÁTICA

O afogamento compreende o processo de insuficiência respiratória causada por


imersão/submersão em meio líquido. Existe o afogamento não fatal, onde ele é interrompido, e a
pessoa é resgatada; e o afogamento fatal, onde há morte em qualquer momento, como resultado
do ocorrido.

Veja, a seguir, um caso clínico sobre afogamento.


SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Águas mais seguras

Saiba mais sobre a campanha águas + seguras, promovida pela SOBRASA (Sociedade
Brasileira de Salvamento Aquático) e o INATI (Instituto de Natação Infantil).

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Afogamento

Confira, neste artigo, um estudo detalhado sobre afogamento ao redor do mundo.

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As mortes por afogamento no Brasil, entre 1996 e 2015

Acompanhe, neste site, o índice de mortes por afogamento no Brasil, entre 1996 e 2015.

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Hipertermia e Insolação

APRESENTAÇÃO

Principalmente nas estações mais quentes do ano, é necessário ter cuidados especiais com a
temperatura do organismo. Altas temperaturas, aliadas à alta umidade do ar, podem gerar
agravos de saúde que, dependendo da intensidade, podem ser fatais.

Um desses agravos de saúde é a insolação, que é muito comum nos estágios menos graves,
podendo chegar a casos extremos, levando, inclusive, ao coma. Não menos importante é a
hipertermia, que leva o corpo a temperaturas muito elevadas em que o organismo por si só não
tem condições de baixá-las e, por este motivo, se não for feito o atendimento de primeiros
socorros adequadamente, pode ter graves consequências.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você identificará conceitos e características sobre a


hipertermia e a insolação, reconhecendo as diferenças entre elas. Ainda aprenderá os
procedimentos de primeiros socorros adequados para cada situação.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar sinais de hipertermia e insolação e suas consequências à saúde.


• Organizar ações de socorro para emergências causadas por insolação.
• Elaborar ações de socorro para emergências causadas por hipertermia.

DESAFIO

A insolação é uma situação que pode colocar em risco a vida, principalmente por conta do
aumento da temperatura corporal e da desidratação que acontecem quando a pessoa é exposta ao
sol forte por longos períodos de tempo.

Observe a seguinte situação:

Você está caminhando pela rua em um dia ensolarado, com temperatura de 35 ºC, quando se
depara com uma criança de aproximadamente 6 meses dentro de um carro fechado, muito
vermelha e suando muito. Quando você bate no vidro, ela não emite nenhuma reação.

Sabendo que a insolação acontece quando o sujeito é exposto ao sol e a altas temperaturas e que
o grupo de risco, ou seja, o grupo que corre risco de vida com a insolação são os bebês e os
idosos, responda às propostas a seguir:

1) Descreva a primeira atitude a ser tomada nesse caso.

2) Descreva como você faria o atendimento a essa criança.

INFOGRÁFICO

Hipertermia é quando ocorre o aumento da temperatura corporal, podendo chegar a mais de 40


ºC. Existem várias causas de hipertermia, inclusive doenças inflamatórias e exposição ao calor.
Insolação é quando há complicações no sistema de regulação de temperatura do organismo
causadas pela exposição extrema ao sol, ou seja, existem diferenças conceituais entre as duas.

Neste Infográfico, você irá reconhecer as diferenças entre a insolação e a hipertermia.


CONTEÚDO DO LIVRO

Tanto a hipertermia quanto a insolação são alterações na termorregulação do organismo,


fazendo com que a temperatura corporal suba a níveis acima do que o corpo suporta, podendo
ter graves consequências.

É importante ter o conhecimento sobre as técnicas adequadas de primeiros socorros para as duas
situações, com a finalidade de dar o melhor suporte possível para a pessoa vítima desses males.

No capítulo Hipertermia e insolação, da obra Primeiros Socorros, você irá identificar,


reconhecer e diferenciar os conceitos, as causas e os sintomas da hipertermia e da insolação,
bem como irá aprender os procedimentos adequados para o atendimento de primeiros socorros
em ambos os casos supracitados.

Boa leitura!
PRIMEIROS
SOCORROS

Beatriz Paulo Biedrzycki


Hipertermia e insolação
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Identificar sinais de hipertermia e insolação e suas consequências à


saúde.
„ Organizar ações de socorro para emergências causadas por insolação.
„ Elaborar ações de socorro para emergências causadas por hipertermia.

Introdução
O Brasil, como país tropical, apresenta como característica altas tempe-
raturas e alta umidade do ar, combinação que requer muitos cuidados,
principalmente na estação mais quente do ano: o verão. Um agravo de
saúde muito comum em locais de clima tropical é a insolação, que é
causada pela exposição excessiva ao sol e ao calor, podendo, em alguns
casos, apresentar sérias complicações. Outra preocupação que acomete
principalmente as pessoas que fazem esportes ao ar livre ou, ainda, que
necessitem ficar em ambientes expostos ao sol ou abafados, é a hiper-
termia, que é o aumento excessivo da temperatura corporal.
Neste capítulo, você irá compreender os sintomas e as causas da hi-
pertermia e insolação, identificando e diferenciando-as, e ainda aprenderá
sobre os procedimentos de primeiros socorros que devem ser prestados
a pessoas que se encontremcom alguma dessas condições.

Como o calor afeta o funcionamento


do nosso organismo?
Dias de verão, com altas temperaturas e céu limpo, são ótimos para aproveitar
em praias, parques ou ainda realizando atividades físicas. Mas esse aumento
da temperatura pode representar riscos para o organismo.
2 Hipertermia e insolação

Vamos começar falando sobre a termorregulação do organismo. A ter-


morregulação é um sistema de controle fisiológico que existe para realizar
adaptações termorreguladoras e que pode prevenir o aumento excessivo e
potencialmente perigoso da temperatura corporal durante o exercício, devido
a mecanismos eficientes de dissipação de calor, como a perda de calor por
evaporação como resultado da resposta à sudorese, maior volume plasmático
e estabilidade da função cardiovascular (LEITES et al., 2016).

O hipotálamo é uma glândula localizada exatamente no centro do cérebro que tem


por função manter a homeostase do organismo, ou seja, manter todos as funções do
organismo ajustadas com o ambiente – a homeostase – e, nesse contexto, o controle
da temperatura aparece como uma de suas funções.

Dentre os agravos de saúde que o calor pode ocasionar estão as câimbras,


que são uma contração rápida que pode se manter um por longo intervalo de
tempo, causando dor no local. O calor contribui para câimbras na medida
em que o mesmo favorece a desidratação, que parece ser uma das principais
causas desse agravo de saúde; já o exercício físico intenso contribui quando
gera fadiga muscular, facilitando o surgimento da câimbra.
Além disso, a exaustão pelo calor também se faz presente. Ela ocorre
quando uma pessoa é exposta a altas temperaturas, perdendo água e sais
minerais, passando por um processo de distúrbio eletrolítico, não tão grave
quanto a insolação.

Distúrbio eletrolítico acontece por causa da perda excessiva de sódio, cálcio e potássio
do organismo. Acontece principalmente em casos de desidratação, sendo necessário
repor não apenas água, mas todas as substâncias que foram perdidas.
Hipertermia e insolação 3

Quando há exposição a altas temperaturas, ou por algum motivo o nosso


sistema de termorregulação não funciona com maestria, podemos ter agravos
de saúde como a hipertermia e a insolação. Você verá mais sobre elas no
decorrer do capítulo.

O que é hipertermia?
Ondas de calor extremo, terremotos e inundações provocam muitas mortes.
Em 1995, em Chicago, EUA, uma onda de calor matou 739 pessoas (TERRA,
2004). Em 2018, no Japão, uma onda de calor matou 138 pessoas e levou
70 mil pessoas ao hospital (O GLOBO, 2018).
A hipertermia é o aumento da temperatura corporal, sendo caracterizada
por temperaturas corporais acima dos 40°C (BRASIL, 2003b), sendo mais
grave do que a febre, pois ela eleva a temperatura a níveis preocupantes (acima
de 41°C). Esse aumento exacerbado da temperatura corporal pode gerar danos
cerebrais permanentes e levar inclusive a óbito.
A hipertermia ocorre pela falência da regulação hipotalâmica, que realiza a
termorregulação do corpo humano (TARINI et al., 2006). Além do aumento da
temperatura corporal, a hipertermia costuma ser acompanhada do aumento da
frequência cardíaca e respiratória, calafrios, bem como frio extremo. Também
podem aparecer sintomas de fadiga, mal-estar, boca seca e falta de apetite,
causando profundo desconforto (BRASIL, 2003a). Fazer o corpo chegar a
temperaturas tão extremas não é algo tão simples, uma vez que o organismo
possui diversas formas de controle térmico, entre elas a troca de líquidos com
o ambiente (suor) como forma de dissipar o calor.
A hipertermia pode ser causada por alguns fatores, como veremos no
Quadro 1.
4 Hipertermia e insolação

Quadro 1. Fatores de causam a hipertermia

Presença prolongada em ambientes excessivamente


Ambiente
quentes e úmidos, com temperaturas acima dos 40°C.

Normalmente, quando há exposição a ambientes muito


quentes, o corpo produz suor como um mecanismo
de resfriamento do organismo, mas, em contrapartida,
Desidratação
esse processo faz com que percamos líquidos e sais
minerais, gerando dificuldade no funcionamento
adequado das estruturas do organismo.

O aumento da temperatura corporal também pode ser


um mecanismo do corpo para se defender de fatores
Doenças biológicos invasores que causam infecções. Então, nesses
casos a hipertermia é um aviso do organismo de que
há um quadro mais grave que precisa ser tratado.

Doenças e traumas do hipotálamo podem dificultar a


Hipotálamo execução correta de sua função de termorregulação, fazendo
com que o corpo perca sua capacidade de se resfriar.

Atividades físicas intensas e longas podem gerar


um aumento excessivo da temperatura corporal,
Atividade
principalmente quando combinado à falta de
hidratação e a ambientes muito quentes.

Fonte: Adaptado de Brasil (2003b) e Tarini et al. (2006).

Existem diversos tipos de hipertermia, como a hipertermia clássica,


a hipertermia maligna e a hipertermia por esforço.

„ Hipertermia clássica: acontece quando o sujeito é exposto por perí-


odo prolongado a ambientes com calor excessivo, somada à falha nos
mecanismos de termorregulação. Mais comum em crianças e idosos
(TARINI et al., 2006).
„ Hipertermia maligna: é uma condição hereditária em que há produção
incontrolada de calor (POTTER; PERRY, 2011), podendo se manifestar
quando sujeito recebe alguns tipos de drogas anestésicas. Embora a
hipertermia maligna possa surgir depois da primeira utilização desses
medicamentos, as pessoas geralmente desenvolvem o problema somente
depois de aproximadamente três exposições (BEERS, 2013). O primeiro
sinal é rigidez muscular, especialmente no maxilar, seguido de variações
Hipertermia e insolação 5

na frequência cardíaca a respiratória e urina marrom ou sangrenta em


casos mais graves. A hipertermia maligna pode ser fatal, mesmo quando
o sujeito recebe tratamento precoce e intensivo.
„ Hipertermia por esforço: afeta sujeitos que são fisicamente ativos e
ocorre devido a um aumento na temperatura interna provocado pela ati-
vidade prolongada da musculatura, associado a temperatura e umidade
do ambiente elevadas (TARINI et al., 2006). Os sinais mais frequentes
são confusão mental, perda de consciência, alucinação e agitação,
podendo levar inclusive ao coma e a danos neurológicos graves.

Um caso bastante conhecido foi do paratleta Odair Santos, brasileiro recordista mundial
nos 800 m na categoria T11 (cego total). Durante a final dos 5.000 m no Mundial Para-
límpico de Atletismo do Catar em 2015, o atleta teve três desmaios seguidos e precisou
ser retirado da pista de cadeira de rodas após ser exposto a uma temperatura de 35°C.

O que é insolação?
Você com certeza já foi à praia e ficou horas a fio no sol e acabou ficando com
um “torrão”, que é quando a pele fica vermelha, inchada e ardendo, além de
mal-estar, sensação quente na pele e dor de cabeça. Se isso já aconteceu com
você alguma vez, pode-se dizer que você já teve uma insolação.
A insolação pode ser definida como uma exposição prolongada ao sol ou
ainda a temperaturas muito altas. É causada pela ação direta e prolongada dos
raios de sol sobre o indivíduo. Sendo entendida por Brasil (2003b, documento
on-line) como “[...] uma emergência médica caracterizada pela perda súbita
de consciência e falência dos mecanismos reguladores da temperatura do
organismo.” Mesmo que pareça ser comum e inofensiva, em 2013 foi a res-
ponsável pela morte de 10 chineses. Entre os mais afetados por esse mal estão
os extremos de idade, ou seja, crianças pequenas e idosos, e aqueles que têm
doença cardiovascular, hipotireoidismo, diabetes ou alcoolismo (POTTER;
PERRY, 2011). A insolação é uma situação com risco de morte que tem como
consequência uma temperatura corporal muito elevada e a disfunção de muitos
sistemas orgânicos (BEERS, 2013).
6 Hipertermia e insolação

A insolação em crianças menores de 1 ano de idade é muito comum de acontecer


quando bebês são deixados dentro de carros em dias quentes, podendo levar a
criança a óbito.

A insolação ocorre quando o corpo não consegue perder calor com rapidez
suficiente em condições de calor extremo. Como o organismo não consegue
resfriar, a temperatura corporal continua a aumentar rapidamente até níveis
perigosamente elevados (acima de 41°C). Dentre as consequências da insolação
estão a desidratação; danos temporários ou permanentes a órgãos vitais, como
o coração, os pulmões, os rins, o fígado e o cérebro e, em casos mais graves,
pode evoluir a óbito.
A insolação apresenta diversos sintomas aos quais é necessário estar atento,
principalmente nas populações de risco, sendo eles (BEERS, 2013):

„ tonturas;
„ desmaios;
„ coordenação motora pobre;
„ dor de cabeça;
„ visão embaçada;
„ dores musculares;
„ náuseas e vômitos;
„ pele vermelha, seca e sensível;
„ confusão mental e desorientação;
„ convulsão e até coma (em casos mais graves);
„ alterações na frequência cardíaca e respiratória, bem como na pressão
arterial.

O risco de morte por insolação depende de diversos fatores (ou seja, não
é sempre que uma exposição ao sol acarretará em óbito), sendo eles: a idade
do sujeito que sofreu esse mal (se adulto, idoso, criança, bebê); se houve
órgãos acometidos e quais órgãos (pode haver acometimento temporário ou
permanente do coração, do pulmão, do rim, do fígado e do cérebro) (BEERS,
Hipertermia e insolação 7

2013); a qual temperatura o organismo chegou e o tempo que o organismo


permaneceu nessa condição. A população de risco para insolação, ou seja, que
possui risco de morte caso seja acometida por insolação, são as crianças com
menos de 12 meses de idade e os idosos (com idade maior ou igual 60 anos).

Sem tratamento imediato, cerca de 80% das pessoas que sofreram uma insolação
podem evoluir a óbito, e 20% das pessoas que sobrevivem não conseguem que o
cérebro, rins e fígado sejam completamente recuperados, podendo sofrer alterações
de personalidade, letargia ou falta de coordenação. A temperatura corporal pode
demorar semanas para voltar ao seu estado normal.

Sendo assim, é possível dizer que a hipertermia é um aumento da tem-


peratura corporal acima dos 40°C, podendo ser causada por infecções, por
esforço prolongado, exposição ao calor excessivo, doenças hereditárias ou,
ainda, por traumas e doenças no hipotálamo. Já a insolação causa a dificuldade
de manter a temperatura corporal pela exposição excessiva ao sol ou ao calor
extremo. Ambas causam agravos de saúde importantes, sendo necessário um
atendimento de primeiros socorros imediato.
Agora que você já sabe como identificar e diferenciar uma insolação de
uma hipertermia, vamos aos cuidados de primeiros socorros que devemos
prestar quando encontramos pessoas nessas situações.

Atendimento a uma pessoa com insolação


Sabendo que a insolação, entre outras coisas, causa um aumento da temperatura
corporal, causado principalmente pela exposição excessiva ao sol, cabe ressaltar
então que sempre que você encontrar uma pessoa que apresenta os sintomas
de insolação você deve ter em mente que o objetivo é baixar a temperatura
corporal da pessoa de maneira lenta e gradativa. Para tal, você pode utilizar
de alguns artifícios, descritos a seguir.
8 Hipertermia e insolação

„ Levar a pessoa para um local arejado e fresco.


„ Retirar a pessoa do sol, vendo-a a um local com sombra.
„ Mantê-la hidratada com sucos naturais, água de coco, água e isotônicos
gelados, com o intuito de manter a reposição de hidratação do organismo,
não apenas o líquido, mas os sais minerais perdidos.
„ Se a vítima de insolação estiver consciente, ela deverá ser mantida
com a cabeça elevada e recostada em alguma superfície firme que não
ofereça risco de quedas.
„ Borrifar água em temperatura ambiente com delicadeza, a fim de evitar
um choque térmico.
„ Colocar sobre o pescoço, testa, axila e virilhas compressas de água em
temperatura ambiente sobre a vítima de insolação (Figura 1).
„ Se possível, colocar a pessoa vítima de insolação em água fria (piscina,
banheira, chuveiro).
„ Em casos extremos, ligar ou levar o acidentado para o pronto-socorro
mais próximo.
„ É importante verificar, durante todo o processo, os sinais vitais, uma
vez que há a possibilidade da ocorrência de uma parrada cardiorres-
piratória, sendo necessária a utilização das técnicas adequadas para
esse tipo de atendimento.

Figura 1. Locais de aplicação de compressas em caso de insolação.


Fonte: NoPainNoGain/Shutterstock.com.
Hipertermia e insolação 9

Imagine que você está andando na rua no verão, com a sensação térmica de 40°C e
entra em um carro que está com o ar condicionado ligado em 18°C. Essa troca brusca
de temperatura é conhecida por choque térmico e faz com que o seu sistema de
termorregulação necessite agir muito rápido para se adequar à nova temperatura,
modificando a pressão arterial e a frequência cardíaca. Em indivíduos não saudáveis,
esse processo pode gerar mal-estar, picos hipertensivos e, em casos extremos, a
paralisia de um dos lados do rosto, além de ressecar as vias aéreas.

Baixar gradativamente a temperatura do corpo do acidentado de golpe


de calor é o objetivo inicial do primeiro socorro, e tem demonstrado ser uma
medida extremamente eficaz. O acidentado poderá ser removido para sala com
ar condicionado frio, ou colocado sob o fluxo de um ventilador. As vítimas
de insolação não devem voltar a ser expostas ao calor e sol excessivos logo
após a recuperação, pois ainda demonstrarão sensibilidade a alta temperatura
(BRASIL, 2003b). Mesmo que o atendimento a vítimas de insolação busque
o resfriamento do corpo, esse processo deve ser interrompido quando a tem-
peratura corporal da vítima de hipertermia atingir temperatura corporal de
39ºC, evitando assim que o corpo resfrie excessivamente, causando outros
agravos de saúde (BEERS, 2013).
Saber os procedimentos adequados para o atendimento a uma vítima de
insolação também auxilia a evitar acometimentos de saúde, uma vez que,
quando falamos em saúde, prevenir é sempre mais fácil do que recuperar,
principalmente com um agravo de grande magnitude, que pode trazer danos
irreparáveis ao organismo.
A insolação e a hipertermia têm causas e sintomas muito parecidos, tendo,
no seu procedimento de primeiros socorros, algumas pequenas diferenciações,
que veremos a seguir.

Atendimento a uma pessoa com hipertermia


Como você já viu neste material, a hipertermia se caracteriza pelo aumento da
temperatura corporal a uma temperatura acima dos 40°C podendo, em casos
extremos, causar danos cerebrais. Sempre que você encontrar uma pessoa
10 Hipertermia e insolação

que apresenta os sintomas de hipertermia, você deve ter cuidados especiais


(BRASIL, 2003b).

„ Acionar imediatamente algum serviço de saúde.


„ Utilizar compressas úmidas em temperatura ambiente no pescoço, axila
e virilha, com a intenção de fazê-la voltar à temperatura adequada do
corpo.
„ Colocá-la em um banho de imersão ou embaixo de um chuveiro com
água morna (temperatura ambiente).
„ Na testa, é interessante colocar compressas geladas, podendo usar
inclusive gelo.
„ Deslocar a vítima de hipertermia para um local fresco e arejado, ou
ainda ligar ventiladores e retirar roupas pesadas, a fim de auxiliar no
resfriamento da temperatura corporal.
„ Caso a pessoa esteja consciente, é interessante lhe oferecer líquidos em
temperatura ambiente frescos, nunca gelados.
„ Caso a pessoa esteja com as roupas molhadas por conta do suor, deve-se
trocar essas por roupas secas.
„ Reavaliar a cada 30 minutos para ver se esses mecanismos estão sur-
tindo efeito.

Além desses cuidados com a vítima que já sofreu de hipertermia, é inte-


ressante observar cuidados que podem ser aplicados para evitar que você seja
acometido por esse mal.

„ Beber bastante água durante todo o dia.


„ Evitar exposição ao sol por longos períodos, principalmente nas estações
e horários mais quentes.
„ Em dias muito quentes, procurar usar roupas leves e de cores claras,
uma vez que elas refletem a luz do sol auxiliando na manutenção da
temperatura corporal.
„ Evitar fazer exercícios nos horários mais quentes do dia.
„ Utilizar bonés e chapéus.
„ Evitar beber bebidas alcoólicas e bebidas quentes, pois favorecem a
desidratação do organismo.
„ Quando você começar a sentir alguns dos sintomas, como tontura,
náusea e dor de cabeça, saia imediatamente do sol ou do local quente que
você estiver, busque abrigo de uma sobra ou um lugar fresco, retire as
roupas mais pesadas e beba bastante água até que os sintomas passem.
Hipertermia e insolação 11

Em caso de convulsão e delírios, não é indicado dar banho de nenhuma maneira


na vítima de hipertermia, uma vez que ela se encontra fora do seu estado pleno de
consciência. Por este motivo, há alto risco de queda ou aspiração de líquidos, podendo
gerar graves complicações. Nesses casos, a remoção para o hospital deve ser imediata.

A hipertermia e a insolação podem, em um primeiro momento, apresentar-se


muito parecidas, mas conhecer suas causas e sintomas é vital para o atendi-
mento em primeiros socorros, uma vez que cada uma possui atendimentos
específicos, ainda que similares.
Compreender a diferença se torna vital em casos onde a hipertermia acon-
tece por alguma infecção no organismo, ou seja, quando não é causada por
fatores ambientais, devendo ser informados com precisão ao atendimento de
saúde especializado todos os sintomas, podendo isso ser o diferencial para
o atendimento de saúde, bem como para a recuperação da saúde da pessoa
adoentada.

BEERS, M. H. (org.). Manual Merck: diagnóstico e tratamento. 19. ed. São Paulo: Roca, 2013.
BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003b.
Disponível em: http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/manuais/biosseguranca/
manualdeprimeirossocorros.pdf. Acesso em: 21 jul. 2019.
BRASIL. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de
Gestão da Educação na Saúde. Profissionalização de auxiliares de enfermagem. Brasília,
DF: Ministério da Saúde, 2003a. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publi-
cacoes/profae/pae_cad3.pdf. Acesso em: 21 jul. 2019.
LEITES, G. T. et al. Thermoregulation of competitive artistic gymnastic athletes and non-
-athlete girls exercising in the heat. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho
Humano, v. 18, n. 2, p. 143−154, 2016. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbcdh/
v18n2/1415-8426-rbcdh-18-2-0143.pdf. Acesso em: 21 jul. 2019.
12 Hipertermia e insolação

O GLOGO. Com 80 mortes, Japão reconhece onda de calor como desastre natural. Brasil,
2018. Disponível em: https://oglobo.globo.com/sociedade/com-80-mortes-japao-
-reconhece-onda-de-calor-como-desastre-natural-22913654. Acesso em: 21 jul. 2019.
POTTER, P. A.; PERRY, A. G. Fundamentos de enfermagem. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2011.
TARINI, V. A. F. et al. Calor, exercício físico e hipertermia: epidemiologia, etiopatogenia,
complicações, fatores de risco, intervenções e prevenção. Revista Neurociências, v. 14,
n. 3, p. 144-152, 2006. Disponível em: http://revistaneurociencias.com.br/edicoes/2006/
RN%2014%2003/Pages%20from%20RN%2014%2003-5.pdf. Acesso em: 21 jul. 2019.
TERRA. Onda de calor vai piorar nos EUA e na Europa, diz estudo. Brasil, 2004. Disponível
em: http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI361563-EI314,00-Onda+de+ca
lor+vai+piorar+nos+EUA+e+na+Europa+diz+estudo.html. Acesso em: 21 jul. 2019.

Leituras recomendadas
DAMATTO, R. L.; CEZAR, M. D. M.; SANTOS, P. P. dos. Controle da temperatura corporal
durante o exercício físico. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 112, n. 5, p. 543−544, 2019.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abc/v112n5/pt_0066-782X-abc-112-05-0543.
pdf. Acesso em: 21 jul. 2019.
GOMES, L. H. L. S. et al. Termorregulação durante o exercício em ratos hipertensos:
efeitos do treinamento físico. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 112, n. 5, p. 534−542,
2019. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abc/v112n5/pt_0066-782X-abc-20190050.
pdf. Acesso em: 21 jul. 2019.
MELO-MARINS, D. et al. Termorregulação e equilíbro hídrico no exercício físico: aspectos
atuais e recomendações. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 25, n. 3, p. 170−181,
2017. Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RBCM/article/view/170/
pdf. Acesso em: 21 jul. 2019.
DICA DO PROFESSOR

A hipertermia pode ser facilmente confundida com a febre, uma vez que ambas alteram a
temperatura corporal basal. Mas existem diferenças importantes entre ambas, principalmente
relacionadas a gravidade e às consequências a saúde.

No vídeo desta Dica do Professor você irá identificar as características da hipertermia, quais
seus sintomas e causas, reconhecendo estratégias para conter o aumento da temperatura
corporal.

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EXERCÍCIOS

1) Nosso corpo tem um sistema de regulação da temperatura conhecido


como termorregulação. Sobre este processo, considere as assertivas a seguir:

I- É um processo fisiológico do organismo.

II- A temperatura ideal do organismo varia entre 36 e 38 ºC.

III- O suor e a dilatação dos vasos sanguíneos são mecanismos do organismo para
regular a temperatura.

IV- O hipotálamo realiza, entre outras funções, a termorregulação.

V- A termorregulação pode sofrer alterações caso aconteçam lesões no hipotálamo.

Assinale a alternativa na qual aparecem as opções corretas:

A) I - II - III - IV.

B) I - III - IV - V.
C) I - II - III - V.

D) II - III - IV - V.

E) I - II - III - IV - V.

2) Temperaturas extremas podem ter um dano importante para o organismo humano.


Considere as assertivas a seguir:

A- Na hipertermia há um aumento corporal significativo, ou seja, acima dos 39,5 ºC.

B- Na hipertermia, o aumento corporal pode acontecer por conta de fatores


biológicos, como infecções e contaminações.

C - A hipertermia, apesar de ser grave, não causa óbito.

D - No caso da insolação, pode-se dizer que bebês e idosos são a população que
apresenta maior risco.

E - Tanto no quadro de insolação quanto no de hipertermia, o objetivo do


atendimento é fazer com que a temperatura corporal volte aos valores normais.

Assinale a alternativa que apresenta as assertivas corretas:

A) B - D - E.

B) A - B - E.

C) A - C - D.

D) C - D - E.

E) B - D - C.
3) A hipertermia e a insolação podem parecer quadros muito semelhantes, mas elas têm
algumas características que a diferenciam e que fazem a total diferença,
principalmente para o tratamento de primeiros socorros de ambas. Diante desse
cenário, relacione as primeiras opções a seguir com as assertivas seguintes.

a) Hipertermia

b) Insolação

( ) É causada unicamente por uma exposição prolongada a ambientes excessivamente


quentes e ao sol forte.

( ) Pode ser causada por diversos fatores, como infecções, esforço prolongado e
ambientes excessivamente aquecidos.

( ) Busca-se baixar a temperatura de maneira lenta e gradativa.

( ) É importante que o serviço de saúde seja imediatamente acionado, uma vez que as
causas são muitas.

( ) Contém sintomas visíveis na pele, como pele avermelhada com queimaduras de


sol.

Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas:

A) A - B - A - A - B.

B) B - A - B - B - A.

C) A - B - A - B - B.

D) A - B - A - B - A.

E) B - A - B - A - B.

4) A insolação pode ser definida como um aumento exagerado da temperatura corporal,


passando dos 40 ºC, sendo entendida como uma emergência médica caracterizada
pela perda súbita de consciência e falência dos mecanismos reguladores da
temperatura do organismo.

Complete com V (verdadeiro) para as sentenças verdadeiras e F (falso) para as


sentenças falsas sobre a hipertermia:

( ) Em um quadro de hipertermia, é importante fazer manobras de resfriamento do


organismo, mas parando quando se encontra uma temperatura por volta de 38 ºC.

( ) Sendo o hipotálamo a estrutura responsável pela termorregulação, alterações e/ou


lesões nessa região podem ser a causa da hipertermia.

( ) A hipertermia pode ser causada por esforços longos e intensos.

( ) Em casos extremos, sintomas como agitação, confusão mental e coma podem ser
visualizados.

Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas:

A) F - F - F - V.

B) V - F - V - V.

C) F - V - V - V.

D) V - F - V - F.

E) F - V - V - F.

5) A hipertermia contém diferentes causas e diferentes tipos. Dentre eles, encontra-se a


hipertermia maligna, por esforço e clássica. Diante dessas informações, relacione as
primeiras opções com as assertivas abaixo delas.

a) Hipertermia maligna
b) Hipertermia por esforço

c) Hipertermia clássica

( ) Aumento na temperatura interna provocada pela atividade prolongada da


musculatura.

( ) É hereditária.

( ) Comum entre idosos e crianças.

( ) Pode acontecer caso uma criança fique trancada em um carro em um dia quente.

( ) Pode acontecer como uma reação a um medicamento, devendo ser tratada


imediatamente, e tem alto índice de óbito.

( ) Durante uma prova de maratona no Rio de Janeiro, no mês de dezembro, um


atleta caiu no chão, falando palavras sem sentido.

Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas:

A) B - A - C - C - A - B.

B) B - A - C - C - B - A.

C) A - B - A - C - B - C.

D) A - B - C - A - B - C.

E) C - A - B - C - A - B.

NA PRÁTICA

Durante o verão, casos de insolação podem ser bem comuns nas aulas de Educação Física,
principalmente em locais onde não há espaço coberto para a prática. Para tal, é importante que o
professor saiba prestar os primeiros atendimentos logo que apareçam os primeiros
sintomas, para que o quadro não se agrave.

Na Prática, você verá como agir em uma situação de insolação na escola.


SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Choque térmico

Durante o atendimento de um quadro de hipertermia e insolação, sempre deve-se ter cuidado


para não gerar um choque térmico, o que pode agravar o quadro de saúde do paciente. Na Dica
do Professor, você aprofundará seus conhecimentos sobre o choque térmico.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Qual a diferença entre hipertermia e insolação?

Neste vídeo, você irá verificar a diferença entre hipertermia e insolação, além de suas principais
características. Este é um vídeo que faz parte do material apresentado à disciplina de
Biossegurança e Primeiros Socorros, por alunos da turma XXXI do curso de Medicina da UCB.
Assista!

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

O que é insolação?

No site do Ministério da Saúde, você poderá visualizar mais informações sobre a insolação e
aprender mais sobre as causas, os sintomas, o diagnóstico, o tratamento e a prevenção.
Acompanhe!

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Termorregulação e equilíbrio hídrico no exercício físico: aspectos atuais e recomendações

Neste artigo, você conhecerá diferentes mecanismos para manter a temperatura corporal durante
o exercício físico. Além disso, conhecerá os efeitos da desidratação no desempenho físico de
atletas e pessoas que praticam exercícios com o objetivo de obter melhoras na aptidão física.

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Acidentes com animais peçonhentos

APRESENTAÇÃO

Animais peçonhentos são aqueles que, por meio de um mecanismo de caça e defesa, têm a
capacidade de injetar em suas presas uma substância tóxica produzida em suas glândulas. Eles
se utilizam de dentes, ferrão, aguilhão, etc., para inocular seu veneno. A ação de ataque e
inoculação do veneno ocorre por instinto, seja por caça e alimentação ou seja por defesa, pois,
ao sentirem-se ameaçados, eles procuram imobilizar seu agressor para então fugirem para um
local seguro. Os animais peçonhentos são geralmente temidos pelo homem, e costumam estar
presentes tanto em meios rurais quanto em meios urbanos. Eles são responsáveis por
provocarem inúmeros acidentes domésticos, em variadas regiões brasileiras, com índices
crescentes ano após ano.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você terá a oportunidade de conhecer os diferentes tipos de


animais peçonhentos, além de aprender medidas de prevenção a esses tipos de acidentes e como
devem ser os primeiros socorros frente a incidentes com esse tipo de animal.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Reconhecer os diferentes tipos de animais peçonhentos.


• Identificar medidas de prevenção de acidentes com animais peçonhentos.
• Descrever o atendimento a pacientes que tiveram acidentes com animais peçonhentos.

DESAFIO

As equipes multiprofissionais das Unidades Básicas de Saúde (UBS) são responsáveis por
coordenar o cuidado e o atendimento a questões que envolvem a saúde da população.

Imagine que você faz parte de uma dessas equipes e atende uma usuária desse serviço no posto
médico em que atua. Ela parece bastante preocupada e relata a seguinte situação:
Diante dessa situação, a senhora lhe faz as seguintes perguntas:

1) O que eu posso fazer para evitar acidentes com animais peçonhentos, como cobras,
escorpiões e aranhas?

2) As picadas de aranhas podem matar uma criança?

3) O que eu devo fazer se algum bicho picar um dos meus filhos?

INFOGRÁFICO

Os acidentes com animais peçonhentos são prevalentes no nosso meio e têm grande importância
médica.
Confira neste infográfico os sintomas mais comuns das picadas das principais aranhas,
escorpiões e cobras encontradas no Brasil.
CONTEÚDO DO LIVRO

Os animais peçonhentos são aqueles que produzem substância tóxica e apresentam um aparelho
especializado destinado à inoculação dessa substância, também conhecida por veneno. Eles
possuem glândulas que armazenam o veneno e que se comunicam com dentes ocos, ferrões ou
aguilhões, pelos quais o veneno passa ativamente atingindo assim as vítimas.

No capítulo Acidentes com animais peçonhentos, do livro Primeiros Socorros, base teórica
desta Unidade de Aprendizagem, você verá assuntos que irão aprofundar seu conhecimento.

Boa leitura.
PRIMEIROS
SOCORROS

Márcio Haubert
Acidentes com animais
peçonhentos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Reconhecer os diferentes tipos de animais peçonhentos.


„ Identificar as medidas de prevenção de acidentes com animais
peçonhentos.
„ Descrever o atendimento aos pacientes que tiveram acidentes com
animais peçonhentos.

Introdução
Os animais peçonhentos produzem substância tóxica e apresentam um
aparelho especializado destinado à sua inoculação, também conhecida
como veneno, o qual é armazenado por glândulas que se comunicam
com dentes ocos, ferrões ou aguilhões, pelos quais o veneno passa ati-
vamente, atingindo as vítimas. Aqueles que mais causam acidentes no
Brasil são os escorpiões, as serpentes, as aranhas e alguns insetos, como
abelhas e lagartas.
Neste capítulo, você conhecerá os diferentes tipos de animais pe-
çonhentos e aprenderá as medidas de prevenção aos acidentes que os
envolvem e como devem ser seus primeiros socorros.

Animais peçonhentos
Os animais peçonhentos, por meio de um mecanismo de caça e defesa, tem
a capacidade de injetar em suas presas uma substância tóxica produzida em
suas glândulas, utilizando de dentes, ferrão, aguilhão, etc. para inoculá-la.
A ação de ataque e inoculação do veneno ocorre por instinto, seja por caça
e alimentação ou por defesa, pois ao sentirem-se ameaçados, eles tentam
imobilizar seu agressor a fim de fugirem para um local seguro.
2 Acidentes com animais peçonhentos

Esses animais são comumente temidos pelo ser humano, costumam estar
presentes tanto em meios rurais como urbanos e provocam inúmeros acidentes
domésticos, em variadas regiões brasileiras, com índices crescentes ano após
ano. A incidência desses acidentes, em geral, se intensifica nos meses mais
quentes e chuvosos do ano. Os últimos dados publicados pelo Ministério da
Saúde foram coletados entre novembro de 2012 e março de 2013, temporada
de chuvas na maior parte do país, em que se registrou 71.217 acidentes e 144
mortes. Os escorpiões são responsáveis pela maioria deles, sendo que, em
2012, houve 65.008 casos, 45% do total notificado no ano. Já as serpentes
causaram 20% dos acidentes; as aranhas, 18%; as abelhas, 7%; as lagartas,
3%; e outros animais, 7% (BRASIL, 2013).
É muito importante destacar que eles agem por instinto de defesa, por isso,
a maioria dos acidentes ocorre por descuido ou por imprudência humana,
como acontece ao calçar um sapato sem antes olhar seu interior, comprimindo
um animal ali alojado e aumentando as possibilidades de uma picada como
reação. A seguir, você poderá reconhecer os animais que têm maior impor-
tância epidemiológica.

Abelhas
As picadas produzidas por abelhas estão entre os tipos mais encontrados de
picaduras de insetos, cujo ferrão se projeta da porção posterior do abdome
para injetar veneno na pele da vítima. As abelhas mais comuns se tratam da
africana e da europeia, que são bastante parecidas e usadas como poliniza-
doras na agricultura e na produção de mel. Nenhuma das duas tende a picar
quando retiram néctar e pólen das flores, mas ambas o farão para defender-se,
se forem provocadas.
Veja a seguir as principais características das abelhas europeias e africanas:

„ são praticamente iguais no aspecto;


„ protegem a colmeia e picam para defender-se;
„ podem picar apenas uma vez (cada uma);
„ têm o mesmo tipo de veneno;
„ polinizam flores;
„ produzem mel e cera;
„ sentem-se ameaçadas por pessoas e animais a menos de 15 m da colmeia;
Acidentes com animais peçonhentos 3

„ sentem vibrações no ar até a distância de cerca de 30 m da colmeia;


„ perseguem os intrusos por cerca de 400 m ou mais;
„ estabelecem colmeias em cavidades pequenas e áreas protegidas, como
caixas, latas e baldes vazios, carros abandonados, madeira empilhada,
moirões de cercas, galhos e tocos de árvores, garagens, muros, telhados,
etc.

O perigo da picada da abelha está mais na quantidade recebida do que no


veneno em si, bem como muito relacionada à sensibilidade do indivíduo a ele.
As pessoas previamente alérgicas aos insetos podem morrer com apenas uma
picada, por isso, exige-se um atendimento especializado imediato, pois se
manifesta por insuficiência respiratória, edema de glote, broncospasmo, edema
generalizado das vias aéreas, hemólise intensa, acompanhada de insuficiência
renal e hipertensão arterial — os quais, muito rapidamente, podem evoluir
para os sintomas clássicos de choque e, em seguida, morte.
A maioria das pessoas picadas por abelhas desenvolve uma reação loca-
lizada à picada, com sintomas de hipersensibilidade e, em geral, apresenta
dor generalizada; prurido intenso; pápulas brancas de consistência firme e
elevada; fraqueza e cefaleia; apreensão, medo e agitação, podendo evoluir
para um estado torporoso. Comumente, os sintomas duram pouco tempo,
desaparecendo gradativamente sem medicação.
Na Figura 1, você pode ver as abelhas mais comuns, a europeia e a africana.

Figura 1. Abelha europeia (esquerda) e abelha africana (direita).


Fonte: Canal Ponto Azul (c2012, documento on-line) e Centro de Produções Técnicas (c2000, documento
on-line).
4 Acidentes com animais peçonhentos

Lacraias
As lacraias e as centopeias são cientificamente chamadas de quilópodes, bem
como estão distribuídas pelo mundo em regiões temperadas e tropicais. A
lacraia é peçonhenta, mas seu veneno não oferece muito perigo à raça humana,
possui hábitos noturnos e, durante o dia, esconde-se em pedras, folhagens
ou em qualquer ambiente escuro e úmido que possa lhe oferecer abrigo. Ela
também tem o costume de levantar sua cauda quando ameaçada, porém, não
injeta seu veneno por meio dela, e sim pelos ferrões.
Seus ataques são caracterizados por dor local imediata em queimação, de
intensidade variável, que pode permanecer por muitas horas, acompanhada
ou não de prurido, hiperemia, edema e evolução para necrose superficial.
Os sintomas eventualmente presentes incluem cefaleia, vômitos, ansiedade,
agitação, angústia, pulso irregular, tonturas, paresia ou dormência da região
afetada, linfadenite, linfangite e alterações cardíacas passageiras.
Veja na Figura 2 uma lacraia.

Figura 2. Lacraia.
Fonte: Cultura Mix (c2018, documento on-line).
Acidentes com animais peçonhentos 5

Lagartas venenosas
As lagartas estão na ordem das lepidópteras e têm cem mil espécies distribuídas
pelo planeta. A maioria delas encontra-se em árvores e arbustos, nos quais se
alimentam de suas folhas e, quando atingem a forma adulta, se transformam
em borboletas ou mariposas. Grande parte dos acidentes ocorre por meio do
contato com as formas larvais do inseto, conhecidas como lagartas, taturana,
sauí, lagarta-de-fogo, chapéu-armado, taturana-gatinho e taturana-de-flanela,
marandová, mandorová, ruga, oruga, bicho-peludo, bicho-cabeludo, etc.
A ação do seu veneno é pouco conhecida, e o quadro clínico apresenta
manifestações que dependem da intensidade e extensão do contato — as três
principais são dermatológicas, hemorrágicas e osteoarticulares.
As manifestações dermatológicas apresentam uma sensação intensa de
queimação e dor no local, ocorrendo sua irradiação para as axilas e regiões
inguinais. Elas podem estar acompanhadas de eritema, edema, lesões papulares
e prurido. As flictenas e as vesículas formam-se 24 horas após o acidente com
necrose superficial e hiperpigmentação, já o mal-estar, a sensação febril, as
náuseas, os vômitos, a diarreia, a lipotimia e outros sintomas também podem
aparecer. Geralmente, o quadro regride em dois a três dias, sem complicações
ou sequelas.
Já as manifestações hemorrágicas são causadas, principalmente, pelas
taturanas, que, quando em contato com a pele humana, produzem queimadu-
ras. Entre duas e 72 horas após o acidente, aparecem hematomas, equimoses,
hematúria, gengivorragia, cefaleia e palidez.
As manifestações osteoarticulares, por sua vez, se caracterizam pelas
periartrites, em geral falangeanas, e ocorrem sobretudo nos seringueiros da
região amazônica que entram em contato com lagartas comumente chamadas de
pararama. Pararamose, como se conhece popularmente, é a doença considerada
profissional, de natureza inflamatória, causada pelo contato acidental com as
cerdas dessas lagartas, cuja reação cutânea inicial se assemelha à das outras
espécies (dor, prurido e eritema). A exposição subsequente e continuada leva
o paciente a uma artrite crônica deformante.
6 Acidentes com animais peçonhentos

Na Figura 3, você pode visualizar um tipo de lagarta venenosa.

Figura 3. Lagarta taturana (Lonomia sp). As lagartas do gênero Lonomia têm


maior relevância para a saúde pública, pois podem ocasionar acidentes graves
ou mortes, pela inoculação do veneno no organismo, que ocorre por meio do
contato das cerdas urticantes com a pele.
Fonte: Rio Mafra (2012, documento on-line).

Escorpiões
O envenenamento escorpiônico é muito comum no Brasil, ocorre mais nos
meses de calor e em pessoas de 15 a 50 anos, bem como pode causar a morte,
principalmente em crianças, sendo o gênero Tityus o de maior importância
no país. Esse tipo de escorpião tem, em geral, de seis a sete centímetros de
tamanho, esconde-se, frequentemente, em lugares frescos e escuros, sob ma-
deiras, pedras, cascas de árvores, tijolos, folhas e telhas, junto aos domicílios,
e pica ao ser molestado.
A ação do seu veneno é neurotóxica direta sobre os neurônios do córtex,
o cerebelo e a medula espinal, podendo ocorrer, ainda, a impregnação dos
núcleos neurovegetativos do bulbo, levando à morte por choque e apneia.
Muitos escorpiões, porém, produzem ferroadas inócuas, com os sinais comuns
de vários graus de edema, dor e alteração de cor da pele.
Os sintomas dos acidentes por escorpiões podem ser locais (leves) ou sis-
têmicos (moderados ou graves), podendo surgir após um intervalo de minutos
até duas ou três horas. Sua gravidade depende da espécie e do tamanho do
Acidentes com animais peçonhentos 7

escorpião, da quantidade de veneno inoculado e da sensibilidade da vítima a


ele. Influirão na evolução desse quadro: a precocidade do diagnóstico, o tempo
decorrido desde a picada até o início do atendimento, o uso de soroterapia e
a perfeita manutenção das funções vitais.
Veja nos Quadros 1 e 2 as características de alguns escorpiões e os sintomas
dos acidentes causados por eles.

Quadro 1. Características de alguns escorpiões

Corpo/
Escorpiões Nome popular coloração Toxidade

Tityus serrulatus Escorpião Tronco amarelo- Acidentes graves


amarelo -escuro, com
manchas escuras
ventrais

Tityus bahiensis Escorpião Tronco marrom- Acidentes graves


marrom -escuro, patas
manchadas

Bothriurus Escorpião preto Preto Baixa toxidade


bonariensis

Fonte: Adaptado de Brasil (2003, documento on-line).

Quadro 2. Classificação e sintomas dos acidentes por escorpiões

Leves Moderados Graves

Dor imediata, Dor imediata, intensa, Além das manifestações


intensa, irradiada. irradiada. Náuseas, prévias agravadas, pode
Parestesia local. vômitos, dormência, haver: bradicardia, quadro
lacrimejamento, tetaniforme com dislalia,
sialorreia, palidez, disfagia e diplopia,
sudorese, hipotermia ou convulsões, insuficiência
hipertermia, agitação, cardíaca, edema agudo
hipertensão arterial. de pulmão, choque, coma
e insuficiência renal.

Fonte: Adaptado de Brasil (2003, document on-line).


8 Acidentes com animais peçonhentos

Aranhas
As aranhas causam acidentes comuns, e a maioria não apresenta repercussão
clínica, sendo os gêneros mais importantes no país a aranha-marrom, a aranha
armadeira e a viúva-negra. Outros tipos podem ocasionar acidentes, porém, são
de pouca importância clínica e epidemiológica, como a aranha caranguejeira.

„ Aranha-marrom (Loxosceles): possui comportamento não agressivo,


pica comumente quando é comprimida contra o corpo e tem um centí-
metro de corpo e até três de comprimento total. Com hábitos noturnos,
construindo teia irregular como algodão esfiapado, ela, em geral, habita
em telhas, tijolos, madeiras, atrás ou embaixo de móveis, quadros,
rodapés, caixas ou objetos armazenados em depósitos, garagens, po-
rões, entre outros ambientes com pouca iluminação e movimentação.
Nos acidentes, sua picada é pouco dolorosa, e uma lesão endurecida e
escura costuma surgir várias horas depois, podendo evoluir para uma
ferida com necrose de difícil cicatrização. Em casos raros, ocorre o
escurecimento da urina.
„ Aranha armadeira (Phoneutria): possui comportamento bastante
agressivo, assumindo posição de defesa e conseguindo saltar até 40
centímetros de distância. Seu corpo pode atingir quatro centímetros,
com 15 de envergadura. Ela é caçadora de atividade noturna, vive sob
troncos, palmeiras, bromélias e entre folhas de bananeira, bem como
pode se alojar em sapatos, atrás de móveis, cortinas, sob vasos, entulhos
e materiais de construção. Os acidentes causam dor imediata e intensa,
com poucos sinais visíveis no local, e raramente ocorre agitação, náu-
seas, vômitos e diminuição da pressão sanguínea.
„ Viúva-negra (Latrodectus): possui comportamento não agressivo. A
fêmea pode chegar a dois centímetros, e o macho de dois a três. Ela
possui atividade noturna e vive em grupos tecendo teia irregular em
arbustos, gramíneas, cascas de coco, canaletas de chuva ou sob pedras,
bem como próxima ou dentro das casas, em ambientes sombreados,
como frestas, sob cadeiras e mesas em jardins. Os acidentes causam
dor na região da picada, contrações nos músculos, suor generalizado e
alterações na pressão e nos batimentos cardíacos.
„ Caranguejeiras (Infraordem Mygalomorphae): são aranhas não agres-
sivas, grandes e causam bastante medo. Apesar de seu tamanho e de
ser frequentemente encontradas em residências, não causam acidentes
considerados graves.
Acidentes com animais peçonhentos 9

Cobras
As serpentes venenosas geralmente habitam áreas cultivadas como plantações,
campos e pastos, possuem hábitos noturnos e ficam em esconderijos durante
o dia, por exemplo, tocas de tatus, tocos de árvores, covas de raízes e montes
de lenha. Costumam fugir dos locais que recebem sol diretamente, exceto nas
primeiras horas da manhã e nas últimas da tarde.
Os acidentes causados por cobras merecem atenção, pois podem colocar
a vítima em risco, devido à sua potencial gravidade. Por isso, possuir noções
para a identificação do ofídio agressor garante uma assistência adequada,
pois muitos desses acidentes ofídicos ocorrem por serpentes não peçonhentas,
tendo fundamental importância no tratamento e na autoproteção.
Identifica-se o gênero nos casos de serpentes peçonhentas, pois a sorote-
rapia específica (soro antiofídico) é um recurso terapêutico fundamental para
a vítima. Sua identificação deve ser realizada por meio de suas características
anatômicas ou dos sintomas apresentados pelo paciente, porque esses aspectos
se mantêm relativamente constantes entre ofídios do mesmo gênero — sendo
os de maior importância epidemiológica: Micrurus (coral verdadeira); Crotalus
(cascavel); Lachesis (surucucu); Bothrops (jararaca, caiçaca, urutu e cotiara).
As picadas tendem a apresentar como sintomas dor local, enfraquecimento,
perturbações visuais, náuseas e vômitos, pulso fraco, taquipneia, extremidades
frias, perda de consciência, rigidez na nuca, coma e morte. Veja no Quadro 3
as principais características das cobras.
10

Quadro 3. Principais características das cobras

Fosseta
Anatomia/gênero Cabeça Pupilas loreal* Presas inoculadoras Cauda
Acidentes com animais peçonhentos

Bothrops, Lachesis Triangular Em fendas Presente Grandes, móveis, anteriores, Curta e com afilamento
e Crotalus inseridas no maxilar superior, súbito, lisa: Bothrops.
ocas como agulhas de injeção. Escamas eriçadas: Lachesis.
Deixam marca de duas Em chocalho: Crotalus
presas no local da picada

Micrurus** Arredondada Redondas Ausente Pequenas, fixas, inseridas mais Lisa e com afilamento,
no interior da boca, sulcadas em geral, progressivo

Não peçonhentas Arredondada Redondas ou Ausente Ausentes ou pequenas, inseridas Lisa e com afilamento,
em fendas bem posteriormente na boca em geral, progressivo

* O orifício localizado entre o olho e a narina, com função sensitiva.


** A diferença entre as corais e as falsas corais é difícil, mas, em geral, nas primeiras, os anéis coloridos (pretos e vermelhos intercalados com
brancos ou amarelados) envolvem toda a circunferência do corpo; já nas falsas, comumente, os anéis se interrompem na região ventral. Há,
por exemplo, na região amazônica, algumas corais de cor marrom-escuro, sem anéis e com manchas avermelhadas na região ventral.

Fonte: Adaptado de Brasil (2001, documento on-line).


Acidentes com animais peçonhentos 11

Na Figura 4, você pode observar as diferenças morfológicas e entre as


picadas de cobras peçonhentas e as não peçonhentas

VENENOSA Fosseta loreal


Olhos
Cabeça com
pequenos
escamas

Cauda
Mordida curta

NÃO VENENOSA
Cabeça com Olhos
placas grandes

Cauda longa
Mordida afinando
gradualmente

Figura 4. Diferenças morfológicas e entre as picadas de cobras peçonhentas e as não


peçonhentas.
Fonte: Luna (2016, documento on-line).

As toxinas envolvidas na ação da inoculação do veneno estão relacionadas


aos diferentes tipos que, por sua vez, geram reações diversas, como as que
você verá a seguir.

„ Proteolítica: apresenta lesões locais, como edema, bolhas e necrose,


decorrendo da atividade de proteases, hialuronidases e fosfolipases, da
liberação de mediadores da resposta inflamatória, da ação das hemor-
ragias sobre o endotélio vascular e da ação pró-coagulante do veneno.
„ Neurotóxica: possui ação pré-sináptica que atua nas terminações ner-
vosas, inibindo a liberação de acetilcolina. Essa inibição é o principal
fator responsável pelo bloqueio neuromuscular, do qual decorrem as
paralisias motoras.
12 Acidentes com animais peçonhentos

„ Miotóxica: produz lesões de fibras musculares esqueléticas (rabdo-


miólise) com liberação de enzimas e mioglobina para o soro, que são
posteriormente excretadas pela urina. Porém, não está identificada a
fração do veneno que causa esse efeito miotóxico sistêmico.
„ Hemotóxica: é decorrente da ação das hemorragias que provocam
lesões na membrana basal dos capilares, associadas à plaquetopenia e
às alterações da coagulação.
„ Coagulante: produz distúrbios da coagulação, caracterizados por con-
sumo dos seus fatores, bem como geração de produtos de degradação de
fibrina e fibrinogênio, podendo ocasionar incoagulabilidade sanguínea.
„ Citotóxica: afeta células e tecidos, ocorrendo sua destruição, seguida
de necrose da região afetada.

Medidas preventivas aos acidentes com


animais peçonhentos
A maior incidência de acidentes envolvendo animais peçonhentos deve-se
ao desmatamento, às queimadas, ao extermínio de predadores naturais e
aos loteamentos sem planejamento e avaliação do impacto ecológico que
isso acarreta, obrigando a procura dessas espécies por outros ambientes para
sobreviver, onde ocorre o contato com o ser humano. Adotar procedimentos
preventivos faz as chances de sofrer um acidente serem bastante reduzidas,
portanto, é importante realizar as seguintes orientações.

„ Remova as colônias de abelhas e vespas, situadas em lugares públicos


ou residências, somente se for um profissional capacitado e equipado.
„ Evite aproximar-se de colmeias de abelhas sem estar com equipamento
e vestuário específicos (macacão, luvas, máscara, botas, fumigador).
„ Evite caminhar e correr na rota de voo percorrida pelas vespas e abelhas,
bem como tenha cuidado ao entrar em local que possa abrigar colmeias.
„ Evite movimentos bruscos e sons altos quando estiver próximo a alguma
colmeia.
„ Observe bem o local, os troncos, as folhas e os gravetos antes de manu-
seá-los, ao coletar frutas no pomar, realizar atividades de jardinagem
ou qualquer outra em ambientes silvestres, fazendo sempre o uso de
luvas para evitar o acidente.
Acidentes com animais peçonhentos 13

„ Mantenha limpos os locais de trabalho, domicílios, quintais, jardins,


sótãos e garagens.
„ Evite acumular lixo ou entulho próximo ao seu local de trabalho ou
domicílio.
„ Elimine ou empilhe adequadamente sobras de materiais de construção,
jornais, entre outros.
„ Proteja as mãos e os pés ao manipular entulhos ou sobras de materiais.
„ Use calçados e luvas de raspas de couro no trabalho de campo.
„ Observe com cuidado sapatos e roupas, principalmente os menos usados,
sacudindo-os antes de usá-los.
„ Não ponha as mãos em buracos, sob pedras e troncos podres.
„ Preserve os predadores naturais, como aves de hábitos noturnos, sapos,
gansos, galinhas, pássaros e lagartos.
„ Mantenha vedados frestas e buracos em paredes, assoalhos e vãos entre
o forro e as paredes; conserte rodapés despregados; e coloque saquinhos
de areia nas portas e telas nas janelas.
„ Afaste as camas e os berços das paredes.
„ Evite folhagens densas (trepadeiras, plantas ornamentais, arbustos,
bananeiras, etc.) junto às paredes e aos muros das edificações.
„ Mantenha a grama aparada.
„ Evite andar descalço, pois as porções inferiores do corpo (pés e pernas)
são os locais mais atingidos pelas picadas.
„ Tenha uma observação cuidadosa ao caminhar em locais de mata e
capinzais, em que as serpentes podem ser encontradas.
„ Crie determinadas aves afiófagas (como gansos, emas, entre outras),
pois ajudam a afugentar as serpentes.

Veja na Figura 5 as instruções de prevenção em casos de acidentes com


animais peçonhentos.
14 Acidentes com animais peçonhentos

Figura 5. Instruções de prevenção em casos de acidentes com animais peçonhentos.


Fonte: Segurança e Saúde no Trabalho Rural (2014, documento on-line).
Acidentes com animais peçonhentos 15

Primeiros socorros
Os primeiros socorros que devem ser dispensados à vítima serão apresentados,
a seguir, conforme o tipo de animal que causou o acidente.

Picadas de insetos
„ Mantenha a calma.
„ Observe os sinais e as funções vitais da vítima.
„ Leve o acidentado rapidamente ao hospital, no caso de múltiplas picadas
de abelhas.
„ Leve, se possível, o animal para identificação.
„ Utilize a técnica de raspagem do local, com uma lâmina limpa, para
retirar ferrões de abelhas. Não use pinça, pois provoca a compressão
dos reservatórios de veneno, o que resulta na inoculação da substância
ainda existente no ferrão.
„ Lave o local com água e sabão, após a remoção, para prevenir a ocor-
rência de infecção secundária.
„ Aplique uma bolsa de gelo para controlar a dor.
„ Lave a região atingida com água fria, aplique compressas frias, eleve o
membro acometido e encaminhe ao atendimento médico os indivíduos
que apresentam ardor intenso, em acidentes com lagartas.
„ Não dê bebidas alcoólicas à vítima.
„ Encaminhe a vítima ao atendimento especializado nos casos de dores
intensas.
„ Remova a vítima com maior urgência para o atendimento especializado,
em caso de reação de hipersensibilidade.

Picadas de cobras
„ Acalme e conforte a vítima que, quase sempre, estará agitada.
„ Mantenha a vítima em decúbito dorsal, em repouso, evitando deambular
ou correr, caso contrário, a absorção do veneno pode disseminar-se
mais rápido.
16 Acidentes com animais peçonhentos

„ Lave o local da picada apenas com água ou água e sabão, fazendo a


antissepsia, se possível.
„ Mantenha o membro afetado elevado.
„ Mantenha a vítima hidratada.
„ Controle os sinais vitais e o volume urinário do acidentado.
„ Transporte a vítima com urgência para o atendimento especializado
de emergência.
„ Não envolva com gelo, em nenhuma circunstância, a extremidade.
„ Não faça qualquer medida local de primeiros socorros se já passaram
mais de 30 minutos desde o momento da picada. Mantenha os cuidados
gerais de repouso e apoio psicológico: verificação dos sinais vitais,
prevenção de estado de choque e transporte da vítima, o mais rápido
possível, ao serviço de emergência médica.
„ Localize, sempre que for possível, a cobra que picou a vítima e leve-a
com segurança para o reconhecimento, a fim de que seja ministrado o
soro específico, mais eficiente do que o soro universal.
„ Capture a cobra viva, levantando-a do chão com uma haste qualquer
pelo meio do corpo, sem se arriscar e, em seguida, coloque-a em uma
caixa bem fechada, assim ela não consegue reagir, nem dar o bote. Se
não for possível levá-la viva, não hesite em matá-la e recolher o exemplar.

O que não fazer em caso de acidentes com animais


peçonhentos
„ Não faça torniquete ou garrote.
„ Não corte o local da picada.
„ Não perfure ao redor do local da picada.
„ Não coce o local.
„ Não aplique qualquer tipo de substância sobre o local da picada (fezes,
álcool, querosene, fumo, ervas, urina), nem faça curativos que o fechem,
pois podem favorecer a ocorrência de infecções.
„ Não dê bebidas alcoólicas ao acidentado ou outros líquidos como álcool,
gasolina ou querosene, pois não têm efeito contra o veneno e podem
causar problemas gastrintestinais na vítima.
Acidentes com animais peçonhentos 17

Assista a um vídeo sobre primeiros socorros no link a seguir.

https://goo.gl/CqV4Vj

BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Manual de diagnóstico e


tratamento de acidentes por animais peçonhentos. 2. ed. Brasília: Fundação Nacional
de Saúde, 2001. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/funasa/
manu_peconhentos.pdf>. Disponível em: 01 jul. 2018.
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Manual de primeiros socorros. Rio
de Janeiro: FIOCRUZ, 2003. Disponível em: <http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/
manuais/biosseguranca/manualdeprimeirossocorros.pdf>. Acesso em: 01 jul. 2018.
BRASIL. Portal Brasil. Ministério da Saúde alerta sobre animais peçonhentos. 2013. Dis-
ponível em: <http://www.brasil.gov.br/saude/2013/11/ministerio-da-saude-alerta-
sobre-animais-peconhentos-1>. Acesso em: 01 jul. 2017.
CANAL PONTO AZUL. Abelha-europeia (Apis mellifera). c2012. Disponível em: <http://
canalpontoazul2.blogspot.com/2013/01/abelha-europeia-apis-mellifera.html>. Acesso
em: 01 jul. 2018.
CENTRO DE PRODUÇÕES TÉCNICAS. Abelhas com ferrão: Abelha-Africana (Apis mellifera
scutellata). c2000. Disponível em: <https://www.cpt.com.br/cursos-criacaodeabelhas/
artigos/abelhas-com-ferrao-abelha-africana-apis-mellifera-scutellata>. Acesso em:
01 jul. 2018.
CULTURA MIX. Lacraia. c2018. Disponível em: <http://animais.culturamix.com/infor-
macoes/lacraia-genero-scolopendra-animal-peconhento>. Acesso em: 01 jul. 2018.
LUNA, V. Cobras venenosas: picadas de cobras. 2016. Disponível em: <https://campin-
gselvagem.blogspot.com/2016/11/cobras-venenosas.html>. Acesso em: 01 jul. 2018.
RIO MAFRA. Vigilância de Mafra alerta para cuidados com possível contato com a lagarta
Lonomia. 2012. Disponível em: <http://www.riomafraon-line.jex.com.br/mafra/vigila
ncia+de+mafra+alerta+para+cuidados+com+possivel+contato+com+a+lagarta+l
onomia>. Acesso em: 01 jul. 2018.
SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABAHO RURAL. Prevenção de acidentes com animais
peçonhentos. 2014. Disponível em: <http://www.sestr.com.br/2014/09/prevencao-
de-acidentes-com-animais.html>. Acesso em: 01 jul. 2018.
18 Acidentes com animais peçonhentos

Leituras recomendadas
INSTITUTO BUTANTAN. Acidentes por animais peçonhentos. [2001]. Disponível em:
<http://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/
areas-de-vigilancia/doencas-de-transmissao-por-vetores-e-zoonoses/aula03_pe-
conhentos.pdf>. Acesso em: 01 jul. 2017.
RAMALHO, M. G. Acidentes com animais peçonhentos e assistência em saúde. 2014. 27 f.
Monografia (Bracharelado em Enfermagem) – Centro Universitário de Brasília, Brasília,
2014. Disponível em: <http://repositorio.uniceub.br/bitstream/235/5662/1/TCC%20
%20MURYELLE.pdf>. Acesso em: 01 jul. 2018.
SILVA, S. T. et al. Escorpiões, aranhas e serpentes: aspectos gerais e espécies de inte-
resse médico no Estado de Alagoas. Maceió: EDUFAL, 2005. Disponível em: <http://
www.usinaciencia.ufal.br/multimidia/livros-digitais-cadernos-tematicos/Escorpioes_
Aranhas_e_Serpentes.pdf>. Acesso em: 01 jul. 2018.
DICA DO PROFESSOR

Os acidentes com animais peçonhentos são recorrentes no nosso meio, e são de grande
relevância médica quando acontecem com crianças. No Brasil, ocorrem com mais frequência os
acidentes por aranhas, lagartas, cobras e escorpiões. A gravidade do quadro do paciente
dependerá da sua idade, seu peso e, é claro, do animal envolvido no acidente. O uso do soro
específico pode salvar vidas. Por isso, a identificação do agente e a indicação do uso de soro
específico precocemente são fundamentais para a abordagem correta ao paciente.

Acompanhe na Dica do Professor as principais informações sobre os acidentes envolvendo


aranhas, escorpiões e cobras.
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EXERCÍCIOS

1) No Brasil, as espécies de escorpiões do gênero Tytus têm sido responsabilizadas por


acidentes humanos. Entre as opções a seguir, qual é a espécie responsável pela
maioria dos casos graves, requerendo identificação e intervenção imediatas?

A) Tityus serrulatus (escorpião amarelo).

B) Tityus stigmurus (escorpião preto).

C) Tityus bahiensis (escorpião marrom).

D) Tityus obscurus (escorpião preto).


E) Tityus cambridgei (escorpião vermelho).

2) As aranhas são animais carnívoros que se alimentam especialmente de insetos, como


grilos e baratas. Muitas delas têm hábitos domiciliares e peridomiciliares. Algumas
espécies têm importância médica pelos acidentes que causam ao homem. Marque a
alternativa correta:

A) A aranha-marrom possui comportamento não agressivo, pica geralmente quando


comprimida contra o corpo. Ela tem hábitos noturnos e comumente habita em telhas,
tijolos, madeiras, atrás ou embaixo de móveis, quadros, rodapés, caixas ou em objetos
armazenados em depósitos, garagens, porões e outros ambientes com pouca iluminação e
movimentação. Nos acidentes com este tipo de aranha, a picada é muito dolorosa e uma
lesão endurecida e escura costuma surgir várias horas após o ocorrido, podendo evoluir
para ferida com necrose de difícil cicatrização.

B) A aranha armadeira possui comportamento bastante calmo, assumindo posição de defesa e


conseguindo saltar até 40 cm de distância. É caçadora de atividade noturna, vivendo sob
troncos, palmeiras, bromélias e entre folhas de bananeira. Ela pode se alojar também em
sapatos, atrás de móveis, cortinas, sob vasos, entulhos e materiais de construção. Acidentes
com esse tipo de aranha causam dor imediata e intensa, com poucos sinais visíveis no
local.

C) A Viúva-Negra possui comportamento não agressivo. Ela exerce atividade noturna e vive
em grupos, tecendo teia irregular em arbustos, gramíneas, cascas de coco, canaletas de
chuva ou sob pedras. Vive próxima ou dentro das casas, em ambientes sombreados, como
frestas, sob cadeiras e mesas em jardins. Acidentes com esse tipo de aranha causam dor na
região da picada, contrações nos músculos, suor generalizado e alterações na pressão e nos
batimentos cardíacos.

D) As aranhas caranguejeiras são insetos não agressivos, mesmo sendo grandes e causadoras
de medo. Apesar de seu tamanho, elas são frequentemente encontradas em residências e
costumam causar acidentes considerados graves.
E) As aranhas são insetos que causam acidentes sempre graves, embora a maioria não
apresente grande repercussão clínica. Os gêneros de aracnídeos que mais têm importância
em nosso país são a aranha-marrom, a aranha armadeira e a Viúva-Negra.

3) Diante da ocorrência de acidentes com animais peçonhentos, é necessária a adoção de


algumas medidas urgentes e outras de manutenção. Sobre essas medidas, assinale a
alternativa correta:

A) Em todos os acidentes, independentemente do animal causador, deve ser realizada a


antibioticoterapia, antes de qualquer outra medida.

B) Ao socorrer a vítima de acidente com animal peçonhento, a primeira providência a ser


tomada é a realização de um torniquete próximo ao local da picada para que o veneno não
entre em contato com a grande circulação.

C) Ao socorrer uma vítima, ofereça medicamentos calmantes ou bebidas alcoólicas para


diminuir sua ansiedade.

D) Não deve ser realizada a sucção com a boca para não contaminar o local da picada.

E) Antes de aplicar medicamentos próprios para esse tipo de acidente, deve ser realizada no
local uma pequena incisão, com objeto cortante esterilizado, para que o veneno escoe para
fora do corpo.

4) A maior incidência de acidentes deve-se ao desmatamento, às queimadas, ao


extermínio de predadores naturais e aos loteamentos sem planejamento e sem
avaliação do impacto ecológico que acarretam, obrigando a procura destas espécies
por outros ambientes para sobreviverem, onde se dá o contato com o homem.
Marque a alternativa que traz a medida preventiva correta:

A) Preservar predadores naturais, como aves de hábitos noturnos, sapos, gansos, galinhas,
pássaros e lagartos costuma atrair animais peçonhentos.
B) • Observe com cuidado sapatos e roupas, principalmente os itens menos usados,
sacudindo-os antes de usá-los.

C) Cultive folhagens densas (trepadeiras, plantas ornamentais, arbustos, bananeiras e outras)


junto a paredes e muros das edificações.

D) Ao coletar frutas no pomar, realizar atividades de jardinagem ou qualquer outra em


ambientes silvestres, observar bem o local, os troncos, as folhas e os gravetos antes de
manuseá-los só trará preocupação excessiva.

E) Ao colocar as mãos em buracos, sob pedras e troncos podres, tenha ao seu alcance soro
antiofídico.

5) Identificar o gênero das cobras é importante nos casos de serpentes peçonhentas, pois
a soroterapia específica (soro antiofídico) é o recurso terapêutico fundamental para a
vítima. Sua identificação deve se dar por meio de suas características anatômicas.
Sobre esse tópico, marque a alternativa correta:

A) Serpentes dos gêneros Bothrops, Lachesis, Crotalus e Micrurus possuem a cabeça


triangulada.

B) Serpentes dos gêneros Bothrops, Lachesis e Crotalus possuem pupilas redondas.

C) Serpentes dos gêneros Bothrops, Lachesis, Crotalus e Micrurus possuem fosseta loreal
ausente.

D) Serpentes dos gêneros Bothrops, Lachesis, Crotalus e Micrurus possuem a cauda lisa e
com afilamento em geral progressivo.

E) Bothrops, Lachesis e Crotalus possuem presas incubadoras grandes, móveis, anteriores,


inseridas no maxilar superior, ocas como agulhas de injeção. Já a Micrurus possui presas
pequenas e fixas,inseridas no interior da sua boca, sulcadas.

NA PRÁTICA

As serpentes do gênero Crotalus são popularmente conhecidas por Cascavel e, sua principal
característica é a presença de guizo ou chocalho na cauda. O veneno crotálico possui atividade
neurotóxica, coagulante e miotóxica sistêmica.

Confira aqui um caso clínico que relata esse tipo de acidente e o tratamento da vítima.
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Primeiros socorros

Neste vídeo, confira dicas sobre primeiros socorros para acidentes com animais peçonhentos.

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Animais peçonhentos

Confira aqui uma cartilha para download com informações importantes sobre os principais
animais peçonhentos.

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Intoxicação Exógena

APRESENTAÇÃO

As intoxicações exógenas são processos patológicos ao organismo causados por substâncias


que, quando ingeridas, inaladas, ou em contato com a pele ou com os olhos, causam reações
nocivas. As intoxicações podem apresentar diversos sintomas, desde locais até sistêmicos,
inclusive colocando a vida do intoxicado em risco.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá aprender a identificar os agentes causadores das
intoxicações endógenas e as medidas de prevenção necessárias para evitar intoxicações, além de
conhecer os primeiros socorros que devem ser dispensados às vítimas de intoxicação exógena.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar o agente causador das intoxicações exógenas.


• Aplicar medidas de prevenção de intoxicações.
• Descrever o atendimento a pacientes com intoxicações exógenas.

DESAFIO

A intoxicação é um ato diferente do envenenamento, pois é de caráter acidental ou auto


causador, enquanto o envenenamento é uma ação criminosa. Imagine que você é o socorrista do
seguinte caso:
Com base nas informações citadas, responda:

1 - Qual é a provável substância que causou a intoxicação em questão?

2 - Qual sistema corpóreo foi intoxicado primeiramente?

3 - Qual antídoto pode ser utilizado nesse caso?

4 - Relembre quais são os primeiros socorros destinados a pacientes como esse.

INFOGRÁFICO

A intoxicação exógena pode ser definida como a consequência clínica ou bioquímica da


exposição a substâncias químicas encontradas no ambiente ou isoladas.
Confira a seguir alguns exemplos de intoxicações exógenas.

CONTEÚDO DO LIVRO
As intoxicações exógenas configuram um importante problema de saúde pública, que afeta
principalmente as crianças menores de cinco anos. De acordo com dados do Sistema Nacional
de Informações Tóxico-Farmacológicas, os agentes que mais causam intoxicação com registro
são os medicamentos, seguidos dos domissanitários, das drogas de abuso, dos produtos
químicos industriais e agrotóxicos de uso agrícola.

Na obra Primeiros socorros, leia o capítulo Intoxicação exógena, base teórica desta Unidade de
Aprendizagem. Nele, você verá quais são os agentes que podem causar esse tipo de intoxicação,
além de medidas de prevenção e primeiros socorros às vítimas.
PRIMEIROS
SOCORROS

Márcio Haubert
Intoxicação exógena
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Identificar o agente causador das intoxicações exógenas.


„ Aplicar medidas de prevenção de intoxicações.
„ Descrever o atendimento a pacientes com intoxicações exógenas.

Introdução
A intoxicação exógena (IE) é um processo patológico provocado por
substâncias que causam desequilíbrio na homeostase do organismo,
mediadas por reações bioquímicas. Esse processo tóxico se manifesta por
meio de sinais e sintomas no indivíduo intoxicado. Os efeitos da substância
tóxica no organismo podem surgir de imediato ou no decorrer do tempo.
As IE configuram um importante problema de saúde pública que afeta
principalmente as crianças menores de cinco anos. Segundo dados do
Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas, os agentes que
mais causam intoxicação com registro são os medicamentos, seguidos
dos domissanitários, as drogas de abuso, os produtos químicos industriais
e os agrotóxicos de uso agrícola.
Neste capítulo, você aprenderá a identificar os agentes causadores
de IE e as medidas de prevenção necessárias para evitar intoxicações,
além de conhecer os primeiros socorros que devem ser dispensados às
vítimas de IE.

Agentes causadores
Diversas substâncias químicas e partículas sólidas originadas nas atividades
comercial, agrícola, industrial e laboratorial possuem potencial tóxico para o
ser humano. Intoxicações ou envenenamentos podem ocorrer por negligência
ou ignorância no manuseio de substâncias tóxicas em diversos ambientes,
2 Intoxicação exógena

como trabalho, escolas, parques e lares. A presença de substâncias tóxicas


estranhas ao organismo pode levar a graves alterações de um ou mais sistemas
fisiológicos.
A IE é considerada um problema de saúde pública de importância global, já
que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2012 foi estimado
que 193.460 pessoas no mundo morreram em decorrência de intoxicações não
intencionais. Quando se trata de suicídio, em torno de 1 milhão de pessoas
morrem por ano mundialmente (SÃO PAULO, 2017).
No Brasil, os dados referentes às intoxicações ainda não são conhecidos
em sua totalidade, em razão da subnotificação dos casos. Mesmo assim,
foram registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação
(SINAN), entre 2010 e 2014, 376.506 casos suspeitos de intoxicação (SÃO
PAULO, 2017).
A notificação das IE é obrigatória desde a publicação da Portaria GM/
MS nº. 104, de 25 de janeiro de 2011, que incluiu a IE na lista de agravos
de notificação compulsória. Posteriormente, a Portaria GM/MS nº 1271,
de 6 de junho de 2014, manteve a IE na lista de doenças e agravos de
notificação compulsória e definiu sua periodicidade de notificação como
semanal. Mais recentemente, a Portaria GM/MS nº 204, de 17 de fevereiro
de 2016 (anexo I) substituiu a última, sem modificações em relação às IE
(SÃO PAULO, 2017).
As IE causam alterações funcionais ou anatômicas, mais ou menos graves,
causadas pela introdução de qualquer substância, em dose suficiente, no or-
ganismo ou nele formada, por suas propriedades químicas. Essas alterações
dependem da natureza da substância, da sua concentração e, principalmente,
da sensibilidade do próprio indivíduo ou de seus órgãos. Com base nisso, as
substâncias nocivas podem ser chamadas de veneno ou tóxico.
É preciso que você saiba a diferenciação entre intoxicação, anafilaxia e
alergia. Na intoxicação, as alterações resultam da ação direta do tóxico ou
veneno sobre o organismo ou um de seus órgãos, o que pode se verificar
em uma única dose. Já na anafilaxia e na alergia, as alterações resultam do
choque antígeno versus anticorpo, necessitando, invariavelmente, de uma
primeira dose, chamada de sensibilizante, e uma segunda dose, chamada
desencadeante, ocorrendo sempre em um órgão específico para cada espécie
animal, denominado órgão de choque.
Intoxicações exógenas 3

Sinais e sintomas nas intoxicações exógenas


Antes de tomar qualquer decisão, a primeira medida a ser adotada é verificar se
realmente houve uma intoxicação. O fato de uma pessoa ter deglutido alguma
substância não configura, necessariamente, uma intoxicação, pois algumas
substâncias são inócuas e não requerem tratamento, ao passo que outras
necessitam apenas da ingestão de um pouco de água ou leite para minimizar
as possibilidades de uma irritação gástrica. Entretanto, você deve suspeitar
de envenenamento ou intoxicação em qualquer pessoa que manifeste os sinais
e sintomas descritos a seguir:

„ sinais evidentes na boca ou na pele de que a vítima tenha mastigado,


engolido, aspirado ou estado em contato com substâncias tóxicas, ela-
boradas pelo ser humano ou provindas de animais;
„ hálito com odor estranho (cheiro do agente causal no hálito);
„ modificação na coloração dos lábios e interior da boca, dependendo
do agente causal;
„ dor, sensação de queimação na boca, garganta ou estomago;
„ salivação, náuseas e vômitos;
„ diarreia;
„ convulsões;
„ sonolência, confusão mental, torpor ou outras alterações de consciência;
„ estado de coma alternado com períodos de alucinações e delírio;
„ midríase ou miose;
„ sudorese;
„ distúrbios hemorrágicos manifestados por hematêmese, melena ou
hematúria;
„ lesões cutâneas, queimaduras intensas com limites bem definidos ou
bolhas;
„ depressão da função respiratória;
„ inconsciência;
„ evidências de estado de choque eminente;
„ oligúria ou anúria (diminuição ou ausência de volume urinário).

Além desses sinais e sintomas, você deve atentar para sinais específicos,
conforme o sistema corpóreo ou órgão intoxicado, descritos no Quadro 1.
4 Intoxicação exógena

Quadro 1. Sintomas das intoxicações exógenas

Alterações apresentadas Substâncias tóxicas

Sistema nervoso

Distúrbios mentais, Anfetamina, atropina, anti-histamínicos,


agitação psicomotora, cocaína, maconha, rauwolfia, quinacrina,
delírio e alucinações ergotamina, LSD-25, salicilatos, IMAO,
imipramina, fenilbutazona, piramido, digital
e efedrina, derivados de beladona, cocaína,
álcool, maconha, chumbo, arsênico, ergot,
anfetaminas, anti-histamínicos, cânfora, benzeno,
barbitúricos e inseticidas organoclorados.

Sonolência, torpor e coma Barbitúricos, ganglioplégicos,


anti-histamínicos, opiáceos, paraldeídos,
salicilatos, fenotiazínicos, diazepínicos,
anticonvulsivantes, cloroquina, glutetimida,
lítio, nafazolina e antidepressivos tricíclicos.

Coma Derivados da morfina e análogos, hipnóticos,


sedativos, anestésicos gerais, barbitúricos,
álcool, chumbo, monóxido de carbono, fenóis,
dióxido de carbono, nicotina, benzina, atropina,
escopolamina, inseticidas organofosforados
e organoclorados, insulina e salicilatos.

Ataxia Piperazina e reserpina.

Convulsões Estricnina, isoniazida, aminofilina, imipramina,


anfetamina, cocaína, metrazol, antidepressivos
tricíclicos, anti-histamínicos e ergotamina.
Cânfora, cocaína, beladona e derivados,
inseticidas organoclorados e organofosforados,
anfetamina e derivados do ergot, nicotina,
chumbo, bário, cafeína, monóxido de carbono,
cianetos, salicilatos, picada de aranha
viúva-negra, picada de escorpião e isoniazida.

Espasmos musculares Atropina, cádmio, estricnina, picada de


escorpião e picada de aranha viúva-negra.

Paralisias gerais ou parciais Monóxido de carbono, dióxido de carbono,


botulismo, álcool, curare e derivados,
inseticidas organoclorados, nicotina,
bário, mercúrio, arsênio e chumbo.

(Continua)
Intoxicações exógenas 5

(Continuação)

Quadro 1. Sintomas das intoxicações exógenas

Alterações apresentadas Substâncias tóxicas

Cefaleia Nitritos e hidralazina, monóxido de carbono,


fenol, benzeno, nitratos, nitritos, hidrazina,
trinitrotolueno, indometacina, anilina e chumbo.

Manifestações Butirofenoma, metaqualona e fenotiazínicos.


extrapiramidais

Distúrbios do equilíbrio Estreptomicina, diidroestreptomicina,


quinina e álcool.

Globo ocular

Ambliopia Atropina, fisostigmina, cocaína e quinino.

Discromatopsia Santonina, digital, quinacrina,


maconha, diuréticos e LSD-25.

Miose Opiáceos, fisostigmina, fenotiazínicos,


ergotamina, ópio, morfina e
derivados, barbitúricos, inseticidas
organofosforados, nicotina e cafeína.

Midríase Atropina, cocaína, nicotina, epinefrina, efedrina,


anfetamina, barbitúricos, maconha, beladona
e derivados, meperidina, álcool, papaverina,
éter, clorofórmio, simpaticomiméticos,
parassimpaticomiméticos, anti-histamínicos,
cocaína, cânfora, benzeno, bário, tálio,
botulismo, monóxido de carbono, dióxido
de carbono, anfetaminas e alucinógenos.

Visão púrpuro-amarelada Maconha, digitálicos e monóxido de carbono.

Visão turva Beladona e derivados, álcool metílico, álcool


etílico, ergot, tetracloreto de carbono,
inseticidas organofosforados e cânfora.

Cegueira parcial ou total Álcool etílico e tálio.

Aparelho respiratório

Dispneia Salicilatos, estricnina, fisostignina, epinefrina e


anfetamina. Cianetos, monóxido de carbono,
benzeno e outros solventes orgânicos voláteis,
veneno de cobra e dióxido de carbono.

(Continua)
6 Intoxicação exógena

(Continuação)

Quadro 1. Sintomas das intoxicações exógenas

Alterações apresentadas Substâncias tóxicas

Apneia Derivados da morfina e análogos, anestésicos


gerais, hipnóticos e sedativos, álcool, veneno
de cobra e monóxido de carbono.

Depressão respiratória Barbitúricos, opiáceos, magnésio,


anestésicos, bário e cloroquina.

Respiração lenta Ópio, derivados da morfina e


análogos, álcool e, picrotoxina.

Respiração rápida e/ Beladona e derivados, cocaína, anfetaminas


ou profunda e derivados, estricnina, dióxido de
carbono, lobelina, salicilatos e cânfora.

Cianose Acetanilida, fenacetina, nitritos,


nitratos, subnitratos, sulfonas, cloratos,
opiáceos e barbitúricos.

Edema pulmonar Vapores de metais, antidepressivos


tríclicos, barbitúricos, clordiazepóxido,
heroína e inseticidas organofosforados.

Sistema gastrointestinal

Vômitos e/ou diarreias Quinidina, digital, salicilatos, ferro,


bromatos, fenoftaleína, antibióticos,
anticonvulsivantes, bário e catárticos.

Náusea, vômito, diarreia, dor Sais de metais pesados, ácidos e álcalis


abdominal e desidratação corrosivos, catárticos, digitálicos, morfina
e análogos, inseticidas organoclorados e
organofosforados, ergot, nicotina, álcool
metílico, fenóis, pilocarpina, ácido bórico,
cocaína, procaína, anestésicos locais,
salicilato, fósforo, botulismo, cogumelos
venenosos e picada de escorpião.

Sialorreia Bismuto, mercúrio, prata, ouro, amônia,


inseticidas organofosforados, salicilatos,
pilocarpina, fisostigmina, nicotina,
chumbo, botulismo e bários.

Icterícia Inseticidas organoclorados, fenotiazina,


clorpromazina, arsênico e outros metais
pesados, sulfas, trinitrotolueno e anilina.

(Continua)
Intoxicações exógenas 7

(Continuação)

Quadro 1. Sintomas das intoxicações exógenas

Alterações apresentadas Substâncias tóxicas

Aparelho cardiovascular

Hipotensão arterial Hipotensão arterial nitritos, nitratos,


nitroglicerina, acônito, ferro, quinino,
quenopódio, fenotiazínicos, barbitúricos,
acetanilida, bário, digitálicos, procaína,
clortiazida, reserpina, adrenalina, veratrum, ergot,
nicotina, cortisona, anfetamina e chumbo.

Hipertensão arterial Epinefrina, anfetamina, corticoides, ergotamina,


bário, clortiazida e ácido etacrínico.

Distúrbios do Bário, digital, fisostigmina, pilocarpina, quinino,


ritmo cardíaco quinidina, anfetamina, atropina, nafazolina,
cocaína, efedrina, imipramina, fenilefrina,
ácido etacrínico, lítio, IMAO e potássio.

Bradicardia Digitálicos, pilocarpina, quinina, quinidina,


fenilefrina, fisostigmina e bário.

Taquicardia Anfetaminas e derivados, adrenalina, atropina,


simpaticomiméticos, cocaína, cafeína e álcalis.

Palpitações Nitritos, nitratos, nitroglicerina


e simpaticomiméticos.

Dor anginosa Nicotina

Pele e mucosas

Hipertermia Atropina, cocaína, aspirina, ácido bórico,


antiadrenergicos e procaína.

Hipotermia Acônito, anestésicos, fenotiazínicos, irazolona,


opiáceos, barbitúricos, nitritos e reserpina.

Sudorese Analgésicos, eméticos, opiáceos, pilocarpina,


tiroxina, antiadrenergicos e iodetos.

Mucosas secas Atropina, escopolamina e efedrina.

Sistema geniturinário

Anúria Mercúrio, bismuto, fósforo, sulfonamidas,


inseticidas organoclorados, tetracloreto de
carbono, ácido oxálico e trinitrotolueno.

Poliúria Chumbo.

(Continua)
8 Intoxicação exógena

(Continuação)

Quadro 1. Sintomas das intoxicações exógenas

Alterações apresentadas Substâncias tóxicas

Porfiria Barbitúricos, difenilidantoína, hexacloro-


benzeno, meprobamato e griseofulvina.

Urina escura Fenol, naftaleno, quinino, resorcina e timol.

Urina alaranjada Santonina.

Urina esverdeada Antraquinona, azul de metileno,


ácido fênico, resorcinol e timol.

Urina vermelha Antraquinona, fenoftaleína, pirazolona,


santonina, dorbane, fenidione e mefenezina.

Cólica uterina, Fósforo, chumbo, pilocarpina, fisostigmina,


metrorragia e aborto nicotina, quinina, ergot e catárticos.

Fonte: Adaptado de Brasil (2003, documento on-line).

Confira no Quadro 2 os antídotos de algumas substâncias intoxicantes.

Quadro 2. Antídotos para agentes intoxicantes

Agente Intoxicante Antídoto

Paracetamol Acetilcisteína

Inseticidas organofosforados e Atropina


carbamatos, como o chumbinho

Substâncias chamadas metemoglobinizantes, Azul de metileno


que impedem a oxigenação do sangue, como
nitratos, gases de escapamentos, naftaleno e
alguns medicamentos, como clorquina e lidocaína

Alguns metais pesados, como arsênico e ouro BAL ou dimercaprol

Alguns metais pesados, como o chumbo EDTA-cálcico

Remédios benzodiazepínicos, como Flumazenil


diazepam ou clonazepam

(Continua)
Intoxicações exógenas 9

(Continuação)

Quadro 2. Antídotos para agentes intoxicantes

Agente Intoxicante Antídoto

Analgésicos opiáceos, como morfina ou codeína Naloxona

Pesticidas ou medicamentos Vitamina K


anticoagulantes, como a varfarina

Fonte: Aires (c2018, documento on-line).

Medidas de prevenção
Os produtos químicos são indispensáveis para o desenvolvimento das ativi-
dades da humanidade, tanto para a prevenção e cura das doenças como para
o aumento da produtividade agrícola. Entretanto, o uso inadequado e abusivo
tem causado efeitos adversos à saúde humana e à integridade do meio ambiente,
ocasionando acidentes individuais, coletivos e de grandes proporções.
As maiores ocorrências de IE ocorrem com crianças em ambientes domici-
liares, isso ocorre devido ao número crescente de novos produtos introduzidos
no mercado, sempre com embalagens atrativas e que fazem o consumidor
perder a referência da substância tóxica. Outra importante causa aponta para
a indústria farmacêutica, que procura cada vez mais melhorar o aspecto e o
sabor dos remédios para facilitar a adesão ao tratamento, mas que também
acaba propiciando o maior número de intoxicações acidentais na infância.
As intoxicações em crianças menores de um ano ocorrem por descuido
dos pais ou responsáveis na administração de medicamentos, pois, nessa
idade, a criança não tem desenvoltura para andar, pegar o vidro de remédio,
abrir a tampa e tomar o medicamento. Já as intoxicações em crianças maiores
de um ano ocorrem por meio de produtos domiciliares, pois elas estão se
locomovendo pela casa e abrindo armários. Produtos como álcool, querosene,
detergentes e desinfetantes são guardados, quase sempre, de maneira incorreta,
como em recipientes mal fechados ou em embalagens indevidas (garrafas de
refrigerante, por exemplo).
Medidas preventivas devem sempre existir a fim de evitar os acidentes,
pois a prevenção é sempre o melhor tratamento contra qualquer acidente. Veja
as principais medidas preventivas a serem seguidas:
10 Intoxicação exógena

„ guarde todas as drogas tóxicas e substâncias químicas fora do alcance


das crianças;
„ guarde todas as substâncias em seus recipientes originais;
„ não ofereça medicamentos de sabor agradável como se fossem
guloseimas;
„ atente e observe bem o remédio e seu rótulo antes de usá-lo;
„ elimine medicamentos fora de uso;
„ leia as instruções de qualquer produto químico antes de usar;
„ guarde inseticidas em armários com chaves;
„ não acondicione soluções de limpeza em lugares baixos;
„ elimine plantas tóxicas dos jardins ou vasos;
„ use equipamentos de proteção ao manipular substâncias tóxicas;
„ não consuma alimentos com prazo de validade vencido ou embalagens
em mau estado de conservação;
„ leia atentamente as instruções antes da utilizar de qualquer produto
químico;
„ nunca tome ou dê a alguém um medicamento sem antes procurar a
orientação do médico;
„ jamais use um medicamento apenas pelas informações contidas na
bula, ou aceite substituições sem a prévia autorização do seu médico;
„ procure verificar as condições do medicamento, principalmente data
de validade e condições de embalagem;
„ use exatamente a medida prescrita e no horário indicado;
„ guarde todo medicamento trancado a chave em gaveta, armário, ou
lugares fora do alcance das crianças;
„ não armazene inseticidas próximo aos alimentos;
„ não reaproveite vasilhames, como garrafas de cerveja e refrigerantes
para colocar material químico de limpeza ou inseticidas;
„ procure conhecer as plantas que tem em casa e nunca as deixe em local
de fácil acesso a crianças e animais;
„ não aplique raticida ou outros pesticidas em locais acessíveis às crianças;
„ não conserve na residência plantas tóxicas;
„ lave bem as mãos sempre que manipular algum produto químico;
„ realize pinturas e artesanatos em locais ventilados;
„ não misture produtos químicos ou de limpeza; a mistura pode ser ainda
mais tóxica do que o produto original.
Intoxicações exógenas 11

Dicas de prevenção
„ Prevenção é o melhor socorro em casos de intoxicações.
„ Conheça os tipos de substâncias tóxicas maquiladas no seu ambiente de trabalho,
bem como seus antídotos.
„ Evite deixar medicamentos, material de limpeza, produtos de higiene e cosméticos
perto do alcance de crianças.
„ Use apenas medicamentos indicados por um médico e confirme a prescrição.
„ Para qualquer dúvida procure o Centro de Informação Toxicológica (CIT) do seu
estado.

Primeiros socorros
Em suspeita de envenenamentos e intoxicações, é importante investigar a área
onde o acidentado foi encontrado, na tentativa de identificar, com a maior
precisão possível, o agente causador do envenenamento, ou encontrar pistas
que ajudem nessa identificação. Muitos indícios são úteis nessa dedução,
como frascos de remédios, produtos químicos, materiais de limpeza, bebidas,
seringas de injeção, latas de alimentos, caixas e outros recipientes.
Muitas pessoas supõem que exista um antídoto para a maioria ou a totalidade
dos agentes tóxicos, mas, infelizmente, isso não é verdade. Existem apenas
alguns produtos específicos para certos casos e que necessitam de orientação
médica para serem usados.
Portanto, o bom atendimento de primeiros socorros deve ser feito pelo uso,
aplicação e práticas dos cuidados gerais. Os primeiros socorros destinados
às vítimas devem considerar qual o tipo substância tóxica e, principalmente,
qual órgão está afetando. Os procedimentos gerais são:

„ isolar a área;
„ identificar o tipo de agente que está presente no local onde foi encon-
trado o acidentado;
„ utilizar equipamentos de proteção próprios para cada situação, a fim
de proteger a si mesmo;
„ remover o acidentado o mais rapidamente possível para um local bem
ventilado;
„ solicitar atendimento especializado;
12 Intoxicação exógena

„ verificar os sinais vitais com agilidade;


„ aplicar técnicas de ressuscitação cardiorrespiratória, se necessário;
„ fazer respiração boca-a-boca somente utilizando máscara adequada;
„ manter o acidentado imóvel, aquecido e sob observação.

Estes procedimentos só devem ser aplicados se houver absoluta certeza


de que a área e o acidentado, estejam inteiramente seguros. É importante
deixar esclarecido o fato de que a presença de fumaça, gases ou vapores,
ainda que pouco tóxicos, em ambientes fechados, podem ter consequências
fatais, porque esses agentes se expandem muito rápido e tomam o espaço do
oxigênio presente, provocando asfixia.

Contato com a pele


Em casos de substância em contato direto com a pele, lave o local com água
corrente, pura e abundantemente. A lavagem da pele e mucosa afetada com
água corrente, tem demonstrado ser a mais valiosa prevenção contra lesões.
Outras medidas são:

„ retirar roupas e calçados do acidentado caso estiverem contaminados;


„ dar atenção redobrada ao caso, se o contato de substâncias químicas for
com os olhos, pois os agentes, além de serem absorvidos rapidamente
pela mucosa, podem produzir irritação intensa e causar a perda da visão;
„ lavar os olhos abundantemente com água corrente, durante pelo menos
15 minutos.

Ingestão de substâncias
Muitas intoxicações ocorrem pela ingestão de agentes tóxicos, líquidos ou
sólidos. O grau de intoxicação varia com a toxicidade da substância e com
a dose ingerida. Os cuidados prestados a vítimas de ingestão de substâncias
devem incluir:

„ identifique o agente para informar ao médico ou procurar ver nos rótulos


ou bulas se existe alguma indicação de antídotos;
„ observe atentamente o acidentado, pois os efeitos podem não ser
imediatos;
Intoxicações exógenas 13

„ procure transportar o acidentado imediatamente a um pronto-socorro,


para diminuir a possibilidade de absorção do veneno pelo organismo,
mantendo-o aquecido;
„ provoque o vômito em casos de intoxicações por alimentos, medicamen-
tos, álcool, inseticida, xampu, naftalina, mercúrio, plantas venenosas
(exceto diefembácias — comigo-ninguém-pode) e outras substâncias
que não sejam corrosivas nem derivados de petróleo;
„ não provoque vômito em vítimas inconscientes e nem de intoxicação
pelos seguintes agentes: substância corrosiva forte, veneno que provoque
queimadura dos lábios, boca e faringe, soda cáustica, alvejantes, tira-
-ferrugem, água com cal, amônia, desodorante, derivados de petróleo
como querosene, gasolina, fluido de isqueiro, benzina e lustra-móveis.

Confira no link a seguir um artigo sobre intoxicação acidental na população infanto-


-juvenil em ambiente domiciliar e o perfil dos atendimentos de emergência.

https://goo.gl/A4hoxD

AIRES, E. Conheça os tipos de intoxicação e como identificar. c2018. Disponível em:


<https://www.tuasaude.com/sintomas-de-intoxicacao/>. Acesso em: 01 jul. 2018.
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Manual de primeiros socorros. Rio
de Janeiro: FIOCRUZ, 2003. Disponível em: <http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/
manuais/biosseguranca/manualdeprimeirossocorros.pdf>. Acesso em: 01 jul. 2018.
SÃO PAULO (Cidade). Secretaria Municipal da Saúde. Coordenadoria de Vigilância em
Saúde. Divisão de Vigilância Epidemiológica. Núcleo de Prevenção e Controle das
Intoxicações. Manual de toxicologia clínica: orientações para assistência e vigilância
das intoxicações agudas. São Paulo: Secretaria Municipal da Saúde, 2017. Disponível
em: <http://www.cvs.saude.sp.gov.br/up/MANUAL%20DE%20TOXICOLOGIA%20
CL%C3%8DNICA%20-%20COVISA%202017.pdf>. Acesso em: 01 jul. 2018.
14 Intoxicação exógena

Leituras recomendadas
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº. 104, de 25 de janeiro de 2011. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt0104_25_01_2011.html>.
Acesso em: 01 jul. 2018..
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº. 204, de 17 de fevereiro de 2016. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2016/prt0204_17_02_2016.html>.
Acesso em: 01 jul. 2018.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº. 1.271, de 6 de junho de 2014. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2014/prt1271_06_06_2014.html>.
Acesso em: 01 jul. 2018.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. International Programme on Chemical Safety.
Poisoning prevention and management. c2018. Disponível em: <http://www.who.int/
ipcs/poisons/en/>. Acesso em: 01 jul. 2018.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR

Os medicamentos são os principais agentes tóxicos que causam intoxicação em seres humanos
no Brasil, ocupando o primeiro lugar nas estatísticas desde 1994.

Assista ao vídeo a seguir e saiba mais sobre as intoxicações medicamentosas.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) A intoxicação exógena pode ser provocada por ingestão ou inalação de substâncias


prejudiciais ao organismo, administração excessiva de medicamentos ou drogas ou,
ainda, absorção de substâncias pelo tecido epitelial. Um paciente com intoxicação
exógena pode apresentar diversos sinais e sintomas, entre eles a diminuição do
diâmetro pupilar, que chamamos de ___________________, o aumento do diâmetro
pupilar, que chamamos de ____________________, a diminuição da frequência
cardíaca, chamada de ____________________, ou o aumento da frequência
respiratória, chamada de _____________________.

Assinale a alternativa que preenche correta e respectivamente as lacunas do texto


acima.

A) anisocoria - miose - bradiarritmia - dispneia.

B) midríase - anisocoria - taquicardia - bradipneia.

C) miose - midríase - bradicardia - taquipneia.

D) midríase - miose - bradipnéia - taquicardia.


E) midríase - miose - taquicardia - dispneia.

2) Intoxicações exógenas são um grave problema de saúde pública em todos os países do


mundo e sua incidência vem aumentando, pois se tem mais quantidades e variedades
de produtos químicos lançados no mercado. Sobre os primeiros socorros com pessoas
vítimas de intoxicações exógenas, marque a afirmativa correta:

A) Lave os olhos abundantemente com água corrente, durante pelo menos cinco minutos.

B) Retirar roupas e calçados do acidentado caso esses estejam contaminados.

C) É importante deixar esclarecido o fato de que a presença de fumaça, gases ou vapores,


ainda que pouco tóxicos, em ambientes fechados, não proporcionam consequências fatais.

D) Se houver parada cardiorrespiratória, inicie imediatamante o socorro com respiração boca


a boca.

E) Identificar o tipo de agente que está presente no local onde foi encontrado o acidentado é
um atendimento secundário, sem importância imediata.

3) Se uma pessoa se intoxicar com derivados da morfina e análogos, hipnóticos,


sedativos, anestésicos gerais, barbitúricos, álcool, chumbo, monóxido de carbono,
fenóis, dióxido de carbono, qual alteração clínica poderá apresentar?

A) Coma.

B) Espasmos musculares.

C) Cegueira parcial ou total.


D) Cianose.

E) Dor anginosa.

4) Muitas intoxicações ocorrem pela ingestão de agentes tóxicos, líquidos ou sólidos. O


grau de intoxicação varia conforme a toxicidade da substância e a dose ingerida.
Sobre provocar o vômito como cuidado ao intoxicado, marque a alternativa correta:

A) O vômito deve ser sempre provocado a fim de expulsar o intoxicante do organismo.

B) Somente se pode provocar o vômito em casos de intoxicações por alimentos.

C) Em nenhum momento e em nenhum caso é correto provocar vômitos.

D) É seguro provocar vômito em vítimas inconscientes.

E) Pode-se provocar o vômito em casos de intoxicações por alimentos, medicamentos, álcool,


inseticida, xampu, naftalina, mercúrio e algumas plantas venenosas.

5) As maiores ocorrências de intoxicações exógenas ocorrem em crianças em ambientes


domiciliares. Isso se dá devido ao número crescente de novos produtos introduzidos
no mercado, sempre com embalagens atrativas, fazendo com que o consumidor perca
a referência da substância tóxica. Medidas preventivas devem sempre existir a fim de
evitar acidentes, pois a prevenção é sempre o melhor tratamento contra qualquer
acidente. Marque a alternativa que apresenta medidas preventivas corretas:

A) Guarde todas as substâncias em recipientes reutilzados.

B) Ofereça medicamentos de sabor agradável para crianças como se fossem guloseimas.


C) Armazene medicamentos fora de uso, para possível uso futuro.

D) Guarde todas as drogas tóxicas e substâncias químicas fora do alcance das crianças.

E) Acondicione soluções de limpeza em lugares baixos.

NA PRÁTICA

Diversas substâncias podem causar intoxicação. As intoxicações podem ser acidentais ou


autoprovocadas, como tentativa de suicídio. Veja a seguir um caso clínico que elucida uma
intoxicação por carbamatos.
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Manual de toxicologia clínica

Veja neste manual as orientações para assistência e vigilância das intoxicações agudas.

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Intoxicações exógenas

Confira no link a seguir um vídeo sobre intoxicações exógenas e veja o que fazer em diferentes
situações envolvendo esse tipo de intoxicação.

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Parada Cardiorrespiratória e Manobra
de Ressuscitação Cardiopulmonar

APRESENTAÇÃO

Você sabia que apesar de todo o avanço nas técnicas de reanimação cardiopulmonar, o maior
acesso aos desfibriladores externos automáticos e os novos fármacos empregados, a chance de
sobrevida dos pacientes ainda é bastante reduzida?

Nos Estados Unidos, estima-se que apenas 8% dos casos recebam alta hospitalar e que apenas
metade desses apresenta boa recuperação neurológica. Desta forma, é extremamente importante
reconhecer as etapas de suporte avançado de vida, a utilização do desfibrilador bem como os
cuidados após a parada cardiorrespiratória.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai reconhecer as etapas do suporte avançado de vida e
identificar os cuidados pós parada cardiorrespiratória.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Reconhecer as etapas do suporte avançado de vida, também chamado de ABC da vida.


• Caracterizar os momentos em que deve ser utilizado o desfibrilador em um atendimento de
parada cardiorrespiratória.
• Identificar os cuidados pós parada cardiorrespiratória.

DESAFIO

Muitas são as situações em que um evento de parada cardiorrespiratória (PCR) pode ocorrer. A
forma como deve ser realizado o retorno circulatório pode variar conforme a situação e a
avaliação.
Qual ritmo cardíaco você consegue perceber no exame apresentado? A partir desse ritmo, qual a
conduta de ação que deverá ser tomada a fim de restabelecer o fluxo circulatório e a retomada
do ritmo regular de batimentos cardíacos?

INFOGRÁFICO

Acompanhe no infográfico como proceder corretamente em caso de parada cardiorrespiratória


(PCR).

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CONTEÚDO DO LIVRO

Anualamente diversas pessoas, por diferentes causas, acabam sofrendo uma Parada
Cardiorrespiratória. A ausência dos movientos cardíacos e respiração é a emergência em saúde
mais grave, que necessita de uma interveção imediata e altamente eficaz, pois a ameaça a vida é
certa.

O atendimento a PCR requer um treinamento e habilidades bastante específicos, não apenas por
seu aspecto técnico, mas por que é uma situação que gera grande comoção emocional para a
equipe, família, paciente e sociedade.

Um atendimento eficaz é capaz de salvar inúmeras vidas e reverter a maioria dos casos, para
isso é necessário que se saiba o que fazer, como fazer e quando fazer.

Os profissionais de saúde, assumem ainda uma dupla tarefa. Além de estarem capacitados para o
atendimento avançado, assume a função de capacitar a sociedade geral ao atendemento em
suporte básico, aquelas interveções não invasivas, que devem ser tomadas de imediáto para a
manutenção da vida, até que o socorro especializado chegue.

Portanto, esse capítulo, irá auxiliar nos conhecimentos introdutórios acerca do suporte avançado
para reanimação cardiopulmonar (RCP).

Boa leitura.
PRIMEIROS
SOCORROS
Parada
cardiorrespiratória
e manobra de
ressuscitação
cardiopulmonar
Mariana Firmino Daré

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

> Reconhecer as etapas do suporte avançado de vida, também chamado ABC


da vida.
> Caracterizar os momentos em que deve ser usado o desfibrilador em um
atendimento de parada cardiorrespiratória.
> Identificar os cuidados pós-parada cardiorrespiratória.

Introdução
A parada cardiorrespiratória (PCR) se caracteriza pela cessação de movimentos
respiratórios e de batimentos cardíacos. É uma grave emergência médica e a re-
versão desse quadro exige uma rápida e eficaz intervenção. A PCR pode acontecer
por diversos motivos, como afogamento, infarto agudo do miocárdio, hemorragia,
choque elétrico, infecção grave, acidentes vasculares e arritmia cardíaca. De forma
geral, esses fatores causam um distúrbio elétrico ou mecânico no coração, que,
por sua vez, perde a capacidade de ejetar sangue para o corpo, isto é, perde a
2 Parada cardiorrespiratória e manobra de ressuscitação cardiopulmonar

sua função. Sequencialmente a esse evento, cessa também a função pulmonar e


o paciente para de respirar. Em indivíduos adultos, comumente a parada cardíaca
antecede a parada respiratória, no entanto, em crianças é comum que a ordem
desses eventos ocorra de maneira invertida, ou seja, com a parada respiratória e
em consequência da perda de função pulmonar, o coração deixa de bater.
Nesse contexto, identificada a PCR, é urgente que se iniciem as manobras para
a reanimação cardiopulmonar (RCP). A Associação Americana do Coração estima
que menos de 40% dos adultos chegam a receber RCP, e que os procedimentos
corretos de RCP aplicados precocemente podem ser determinantes para o sal-
vamento dos pacientes.
Neste capítulo, você vai estudar sobre a PCR e a RCP, etapas que envolvem o
suporte à vida tanto nos cenários extra como intra-hospitalares. A partir desta
leitura, você poderá identificar os procedimentos para o atendimento de suporte
à vida e para administração dos cuidados pós-PCR.

ABC da vida: as etapas do suporte


avançado à vida
Ao identificar uma PCR, é necessário agir rapidamente para que se tenha o
desfecho mais positivo possível. O atendimento deve ser iniciado imediata-
mente, e, para isso, é preciso ter clareza de que a sequência de eventos que
ocorrem no atendimento à PCR no cenário intra-hospitalar (PCRIH) difere
daquela que ocorre no cenário extra-hospitalar (PCREH). Sobretudo, o preparo
do socorrista também determina até que ponto as manobras de RCP serão
aplicadas.
De forma geral, socorristas leigos (não profissionais da saúde) utilizam o
Suporte Básico de Vida (SBV), cujo atendimento é feito por meio de manobras
não invasivas, com objetivos de manter a vida e prevenir lesões e agrava-
mentos em consequência da PCR.
Atualmente, tem se falado muito sobre o uso do desfibrilador externo
automático (DEA), cujo uso é comum durante a assistência no suporte básico
em outros países. No Brasil, porém, quando se fala sobre o suporte à vida,
o despreparo devido à desinformação e ao medo de agir são fatores bastante
limitantes presentes na cultura do País, que ainda restringe esse tipo de
intervenções por leigos (PERGOLA; ARAÚJO, 2009).
Em uma atualização recente (no ano de 2020), a Associação Americana do
Coração (American Heart Association — AHA) combinou as recomendações para
o SBV com as recomendações do Suporte Avançado de Vidas Cardiovascular
Parada cardiorrespiratória e manobra de ressuscitação cardiopulmonar 3

(SAVC) (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2020). No Suporte Avançado de Vidas


(SAV), o profissional de saúde capacitado e habilitado pode fazer uso de
técnicas, estratégias e procedimentos além daqueles oferecidos no suporte
básico, o que favorece um desfecho positivo da PCR. Assim, no SAV, temos,
além de massagem cardíaca, suporte ventilatório invasivo, acesso venoso,
uso de medicação e desfibrilação ou cardioversão, conforme a necessidade.
Nas recomendações ao suporte à vida, a AHA propõe uma ordem de aten-
dimentos à PCR nos cenários intra e extra-hospitalares, a qual pode ser vista
na Figura 1.

Figura 1. Etapas para o atendimento à PCR não traumática nos cenário intra e extra-hospitalares.
Fonte: American Heart Association (2020, documento on-line).

Os seis elos da cadeia de atendimento ajudam a determinar uma ordem


para os atendimentos. A seguir, veja como eles são descritos.

1. Reconhecimento precoce e prevenção


O melhor manejo para a PCR é evitar que ela aconteça. No cenário hospitalar,
é importante reconhecer os sinais de alarme e manter pacientes instáveis
sob constante vigilância e monitoramento de sinais vitais.
4 Parada cardiorrespiratória e manobra de ressuscitação cardiopulmonar

2. Acionamento do serviço médico de urgência


Assim que for identificado um paciente com dois ou mais sinais de alarme ou
que já apresente PCR, os times de resposta rápida (equipes especializadas)
devem ser acionados. Comumente, os hospitais determinam as equipes alta-
mente especializadas que irão atender aos chamados por meio de códigos.
O código amarelo aciona uma equipe que irá atender os pacientes que apre-
sentam alto risco de evoluir para uma PCR, e o código azul aciona a equipe
que irá atender o paciente já em situação de PCR.

No atendimento extra-hospitalar, a etapa de reconhecimento e pre-


venção não pode ser efetivada, portanto, a cadeia de atendimento
extra-hospitalar inicia na etapa de acionamento de socorro especializado. No
Brasil, temos o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), que possui
unidades básicas, compostas por um técnico de enfermagem e um motorista
socorrista, e unidades avançadas, compostas por médico, enfermeiro e motorista
socorrista. Assim, quando é identificado uma PCR fora do ambiente hospitalar,
o SAMU pode ser acionado pelo telefone 192, e a central de regulação enviará
uma Unidade de Suporte Avançado (USA).

3. RCP de alta qualidade


Antes mesmo que o socorro especializado chegue ao local da ocorrência é
necessário que se iniciem os procedimentos de suporte básico. Depois de
detectada uma PCR (não se vê movimentos respiratórios; não se sente a pul-
sação e saída de ar pelo nariz ou boca; não se ouve os batimentos cardíacos
ou a respiração), recomenda-se que a massagem cardíaca seja iniciada por
meio das compressões torácicas no terço médio do externo ou equivalente
à linha mamilar, conforme ilustra a Figura 2.
As compressões devem ocorrer com uma força que mobilize o tórax por
uma profundidade de aproximadamente 5 cm e em uma frequência de 100 a
120 movimentos por minuto, de forma que é necessário, após cada compres-
são, aguardar que o tórax retorne à expansibilidade espontânea antes que o
próximo movimento seja iniciado.
Parada cardiorrespiratória e manobra de ressuscitação cardiopulmonar 5

Sobe
Desce Ombros
sobre as
mãos

Braços
esticados

Usar a
5 cm base das
mãos

Figura 1. Posicionamento para realizar as compressões torácicas no atendimento à PCR.


Fonte: Adaptada de American Heart Association (2020).

Além das compressões torácicas, se houver uma máscara intermediária


ou uma bolsa-válvula-máscara (popularmente chamada de ambú), as venti-
lações devem ser iniciadas, e, a cada 30 compressões, serão realizadas duas
ventilações; isto é, haverá ventilações aproximadamente a cada 6 segundos.

Ao realizar as compressões torácicas e as ventilações durante o


atendimento à PCR, tenha em mente que essas ações devem si-
mular o funcionamento natural do coração e do pulmão. Entre as insuflações,
dê um curto intervalo, atentando ao ritmo, à regularidade e à profundidade do
movimento e evitando o excesso de ventilação.

Os socorristas devem manter o ritmo de 30 compressões e 2 ventilações


pelo tempo que for necessário, no entanto, os intervalos entre os ciclos de
compressões e pausas (a cada 6 segundos aproximadamente) para ventilação
devem ser utilizados para alternar os socorristas. Durante essas pausas, a cada
2 minutos, é necessário que se faça uma checagem de pulso para verificar se
a RCP foi efetiva e se a circulação e a respiração foram restabelecidas (utilize
“ver”, “sentir” e “ouvir”). Ainda, é fundamental ter um observador que controle
o tempo, especialmente durante o atendimento no suporte avançado, para a
infusão de medicações cardioversoras.
6 Parada cardiorrespiratória e manobra de ressuscitação cardiopulmonar

Idealmente as manobras de compressão e ventilação devem ser realizadas


por dois socorristas independentes, porém, não havendo essa possibilidade,
uma pessoa pode realizar esses procedimentos, pausando rapidamente após
30 compressões para realizar as duas ventilações. Além dos socorristas que
irão realizar as compressões e ventilações, e do observador que controlará
o tempo, idealmente recomenda-se que um líder faça o manejo e a coorde-
nação de todo o atendimento. No suporte avançado, ainda é preciso de um
responsável por puncionar o acesso venoso, preparar e infundir a medicação
conforme solicitado. Em caso de administração do choque, esse procedimento
é realizado pelo líder do atendimento.

4. Desfibrilação
Assim que o paciente estiver monitorizado, seja pelo uso do DEA ou de um
monitor do suporte avançado, é chegada a hora de avaliar as medidas invasi-
vas. Se for identificado que o paciente apresenta um ritmo cardíaco chocável,
pode ser acionado o desfribilador, caso contrário, será necessário manter
as compressões torácicas e as ventilações, alternando os socorristas a cada
2 minutos ou menos, e iniciar o acesso venoso para medicação e procedimentos
para via aérea avançada.
Durante a RCP, pode ser necessário garantir uma via área avançada,
ou seja, intubação orotraqueal (IOT) ou uma via aérea extraglótica. Após se
estabelecer uma via aérea avançada, deve-se manter uma ventilação a cada
6 segundos, aproximadamente, completando 10 ventilações por minuto, não
sendo necessárias pausas entre as compressões torácicas; nesse cenário,
as compressões ocorrem continuamente e o socorrista responsável pela
ventilação administrará o tempo para a oferta de O2.
Além da via aérea avançada, é essencial que, para avaliar a efetividade
das ventilações e monitorar o posicionamento do tubo orotraqueal (TOT), seja
instalado a capnografia. O capnógrafo é um aparelho instalado na porção distal
do TOT que irá fornecer uma representação gráfica da curva de pressão parcial
de CO2 na mistura gasosa expirada em relação ao tempo. Esse recurso possui
as vantagens de medição em tempo real e caráter não invasivo. Entretanto,
o sensor é frágil e pode sofrer interferências e conferir peso/espaço morto
adicional ao circuito (UFMG, 2011).
Parada cardiorrespiratória e manobra de ressuscitação cardiopulmonar 7

Nas próximas seções deste capítulo, você verá com mais detalhes
as medidas invasivas para a RCP, uso do desfibrilador e cuidados
pós-PCR.

5. Cuidados pós-PCR
Assim que forem restabelecidas a circulação espontânea e a respiração do
paciente ou que ele já tenha recebido suporte ventilatório adequado, deve-se
encaminhá-lo à unidade de referência para continuidade de seu atendimento
(i.e. Unidade de Terapia Intensiva — UTI; ou sala de estabilização). No cenário
extra-hospitalar, é chegado o momento de realizar a remoção do paciente
para o hospital referenciado pela central de regulação.

6. Recuperação
A etapa de recuperação foi incluída na versão de 2020 da AHA. Após revertida
a PCR, inicia-se, portanto, o planejamento da alta do paciente e de todo o
suporte necessário à sua recuperação e à sua família. Nesta etapa, o paciente
receberá a avaliação de toda a equipe multidisciplinar necessária para sua
recuperação, como cardiologista, neurologista, fonoaudiólogo, fisioterapeuta,
nutricionista, terapeuta ocupacional, psicólogo/psiquiatra, serviço social,
entro outros que se fizeram necessários até a alta e na atenção especializada
ambulatorial (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2020).

As principais mudanças que ocorreram na versão da AHA de 2020 com


relação às versões anteriores se referem a enfatizar a administração
precoce da epinefrina em pacientes com ritmos não chocáveis. Além disso,
foram incluídos novos algoritmos para emergências associadas a opioides para
socorristas leigos e socorristas treinados.

Na próxima seção, veja com mais profundidade os ritmos chocáveis e não


chocáveis, bem como o uso das medidas invasivas na RCP.
8 Parada cardiorrespiratória e manobra de ressuscitação cardiopulmonar

Medidas invasivas para RCP:


ritmos chocáveis e não chocáveis
Assim que a equipe treinada chega ao local de atendimento ou, ainda, se a
emergência ocorre no cenário intra-hospitalar, o paciente será monitorizado.
Com a monitorização, será possível determinar se o ritmo cardíaco está
presente ou não (assistolia) e qual é o ritmo estabelecido. São conhecidos
4 ritmos principais, os quais serão descritos a seguir.

1. Taquicardia ventricular sem pulso: caracteriza-se por um QRS alargado,


um ritmo regular e uma frequência maior que 100 bpm. A taquicardia
ventricular sem pulso nada mais é do que uma sequência rápida de
batimentos ectópicos ventriculares que levam a uma deterioração
hemodinâmica, chegando à ausência de pulso arterial.
2. Fibrilação ventricular: é um tipo de arritmia cardíaca. Acontece quando
não existe sincronia na contração das fibras musculares cardíacas
(miocárdio) dos ventrículos, e, por isso, não existe uma contração
efetiva. Obs.: perceba que nos ritmos 1 e 2 há atividade elétrica no
miocárdio, porém está desorganizado, portanto, esses ritmos cardíacos
são passíveis de serem reorganizados aplicando o choque elétrico.
3. Atividade elétrica sem pulso (AESP): caracteriza-se pela ausência
de pulso detectável na presença de algum tipo de atividade elétrica,
com exclusão da taquicardia ventricular ou fibrilação ventricular.
O ritmo e o traçado QRS é totalmente indefinido e irregular.
4. Assistolia: definida pela ausência ou baixíssima frequência de qualquer
atividade elétrica, contrações cardíacas ou ritmos cardíacos. Obs.: nos
casos dos ritmos 3 e 4, como não está indicado a aplicação do choque,
a recomendação da AHA é que seja administrada epinefrina por via
intravenosa (IV) ou intraóssea (IO) precocemente.

Cabe lembrar que é essencial que a massagem cardíaca (2º elo no


atendimento extra-hospitalar e 3º elo no atendimento intra-hospi-
talar) deve ser iniciada o mais precocemente possível e é necessariamente a
etapa anterior às medidas invasivas — choque ou medicação.
Parada cardiorrespiratória e manobra de ressuscitação cardiopulmonar 9

Nos casos dos ritmos 1 e 2 (taquicardia ventricular sem pulso e fibrilação


ventricular), o choque pode ser administrado por um desfibrilador externo
automático (DEA). Nesse caso, o próprio aparelho irá realizar a análise do
ritmo e determinar a necessidade do choque e a carga a ser aplicada.
No caso dos desfibriladores bifásicos, deve-se usar a fase inicial de 120
a 200J (se desconhecida, utilizar a carga máxima), e, para desfibriladores
monofásicos, deve-se utilizar a carga de 360J.
O momento do choque sempre exige atenção por parte da equipe. Primei-
ramente, é importante que o paciente não tenha nenhum metal em contato
com o corpo para evitar queimaduras, e, ainda mais importante, é necessário
que o momento do choque seja comunicado com muita clareza para que a
equipe possa se preparar e se afastar por completo do paciente a fim de
evitar que também recebam a descarga elétrica.
Antes do choque ser disparado, normalmente, há um aviso verbal de
“choque” e uma contagem “1, 2, 3”. Ainda, há instituições que padronizam
o aviso “todos se afastam”, “eu me afasto” antes do choque ser disparado.
As pás ou coxins desfibriladores são colocados entre a clavícula e o
2º espaço intercostal na margem direita do esterno e sobre o 5º ou 6º espaço
intercostal, no ápice do coração (na linha axilar média). As pás dos desfibri-
ladores convencionais são usadas com pasta condutora; as coxins possuem
gel condutor incorporado. Somente 1 contrachoque inicial é, atualmente,
recomendado (previamente, eram recomendados 3 choques consecutivos),
seguido de reinício das compressões torácicas. Os pacientes que permanecem
em FV ou TV recebem compressão torácica e ventilação continuadas com
tratamento medicamentoso opcional.
Já nos ritmos não chocáveis (3º e 4º ritmos) a epinefrina deve ser adminis-
trada na dosagem de 1 mg a cada 3 a 5 minutos. Além da epinefrina, durante
a RCP podem ser utilizadas as seguintes medicações:

„ Amiodarona: na primeira dose (bolus) 300 mg; nas doses subsequentes


150 mg.
„ Lidocaína: na primeira dose 1 a 1,5 mg/kg; nas doses subsequentes
0,5 a 0,75 mg/kg.

Na Figura 3, veja o algoritmo a ser seguido no atendimento em RCP.


10 Parada cardiorrespiratória e manobra de ressuscitação cardiopulmonar

Figura 3. PCR em adultos.


Fonte: American Heart Association (2020, documento on-line).
Parada cardiorrespiratória e manobra de ressuscitação cardiopulmonar 11

Cuidados pós-RCP
A duração do procedimento de RCP é variável e depende bastante do prog-
nóstico, das causas que levaram à PCR, e dos protocolos institucionais.
A investigação das causas que levaram à PCR deve ser iniciada ainda durante
o atendimento de RCP. Entre as causas reversíveis estão os 5Hs: hipovolemia;
hipóxia; hidrogênio (acidemia); hipo/hipercalemia; hipotermia; e os 5Ts: ten-
são do tórax por pneumotórax; tamponamento cardíaco; toxinas; trombose
coronária; trombose pulmonar.
As intervenções de RCP presam pelo restabelecimento precoce da cir-
culação espontânea (RCE). Assim que ocorre o RCE, inicia-se uma fase da
estabilização do paciente assistido. Nesta fase, há a mobilização de muitos
membros da equipe de saúde e muitas atividades podem ocorrer ao mesmo
tempo. Cabe lembrar, no entanto, que são prioridades o manejo do TOT com
capnógrafo e o controle dos parâmetros respiratórios (FiO2 para manter a
SpO2 entre 92 a 98%; e PaCO2 de 35 a 45 mmHg) e hemodinâmicos (pressão
arterial sistólica maior que 90 mmHg ou pressão arterial média maior que
65 mmHg). Estabelecidas essas intervenções, deve ser traçado um eletro-
cardiograma (ECG) de 12 variações e consideradas intervenções cardíacas a
depender do resultado.
Na sequência, deve-se avaliar o nível de consciência, e, caso o paciente
esteja em estado comatoso (não atendendo a comandos), deve-se utilizar o
controle de temperatura tão breve quanto possível para um hipotermia indu-
zida, resfriando o paciente entre 32 a 36 °C com um dispositivo de resfriamento
com loop de feedback. Esse procedimento é importante para preservar as
estruturas neurológicas. Além disso, é importante manter o monitoramento
por ECG, realizar um tomografia computadorizada (TC) do cérebro e manter
os procedimentos de atendimento crítico.
Caso o paciente esteja responsivo, os procedimentos de atendimento
crítico são um ponto de convergência na fase inicial de manejo contínuo das
atividades de urgência adicionais, sendo eles:

„ monitoramento contínuo da temperatura central (esôfago, reto ou


bexiga);
„ manutenção de normoxia, normocapnia e euglicemia;
„ monitoramento por ECG;
„ ventilação mecânica protetora dos pulmões.
12 Parada cardiorrespiratória e manobra de ressuscitação cardiopulmonar

Os protocolos institucionais, por sua vez, recomendam os seguintes exames


complementares após a recuperação espontânea da circulação (TANIWAKA;
MIRANDA, 2019):

„ gasometria arterial — essencial para avaliação da hipóxia;


„ lactato — avalia os efeitos de hipóxia e de acidemia (aumento de
hidrogênio);
„ glicemia — complementa a investigação de acidemia, uma vez que a
hiperglicemia pode produzir um excesso de ácido devido à concentração
de corpos cetônicos, alterando o pH sanguíneo;
„ radiografia de tórax — avalia a tensão toráxica por pneumotórax;
„ eletrólitos (sódio, potássio, cálcio) — avalia a condição geral do pa-
ciente, em especial a bomba de sódio e potássio, necessária para a
manutenção dos estímulos elétricos (principalmente o cardíaco), além
de verificar a causa de PCR por hipo ou hipercalemia;
„ hemograma — avalia a condição geral do paciente e dá indicativos de
toxicidades, relatando estado anêmico ou infeccioso, por exemplo;
„ marcadores de necrose miocárdica (CK-MB, troponina) se houver sus-
peita de Síndrome Coronariana Aguda como causa da PCR — avalia
toxicidade, tamponamento cardíaco, trombose coronariana (infarto
agudo do miocárdio — IAM) ou trombose pulmonar;
„ TP/TTPA — avalia a coagulação sanguínea e investiga fatores pre-
disponentes para as causas de tamponamento cardíaco, trombose
coronariana ou trombose pulmonar;
„ eletrocardiograma de 12 derivações — avalia o funcionamento cardíaco
pós-RCP;

Outros exames podem ser necessários de acordo com a suspeita do motivo


da PCR.
Cabe ressaltar que a recuperação continua muito tempo depois da hos-
pitalização inicial e é um componente vital das cadeias de sobrevivência da
ressuscitação. Desse modo, nesta fase, todos os esforços da equipe de saúde
devem se manter para uma adequada avaliação clínica, bem como para o
manejo das causas e das consequências dessa emergência.
A AHA (2020) recomenda que os sobreviventes de PCR tenham avaliação
de reabilitação multimodal e tratamento para prejuízos fisiológicos, neu-
rológicos e cognitivos antes da alta do hospital. Ainda, os sobreviventes de
PCR e seus cuidadores devem receber o planejamento de alta abrangente
Parada cardiorrespiratória e manobra de ressuscitação cardiopulmonar 13

e multidisciplinar para incluir recomendações de tratamento médico e de


reabilitação e retornar às expectativas de atividades/trabalho.
Além do aspecto biológico, há a recomendação para avaliação estruturada
de ansiedade, depressão, estresse pós-traumático e fadiga para os sobre-
viventes de PCR e de seus cuidadores. Isso porque o processo de recupera-
ção de PCR ocorre por muito tempo ainda depois da hospitalização inicial.
É necessário apoio durante a recuperação para garantir bem-estar físico,
cognitivo e emocional e o retorno ao funcionamento social e profissional.
Portanto, é necessário preparo profissional adequado e atualizado para o
atendimento eficaz da PCR.

Leia mais sobre os temas tratados neste capítulo na declaração


científica da AHA, “Destaques das diretrizes de PCR e ACE de 2020
da AHA”, disponível on-line.

Referências
AMERICAN HEART ASSOCIATION. Destaques das diretrizes de PCR e ACE de 2020 da
American Heart Association. Dallas: AHA, 2020. Disponível em: https://cpr.heart.org/-/
media/cpr-files/cpr-guidelines-files/highlights/hghlghts_2020eccguidelines_portu-
guese.pdf. Acesso em: 19 maio 2021.
PERGOLA, A. M.; ARAUJO, I. E. M. O leigo e o suporte básico de vida. Revista da Es-
cola de Enfermagem da USP, v. 43, n. 2, 2009. Disponível em: https://www.scielo.br/
scielo.php?pid=S0080-62342009000200012&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em:
19 maio 2021.
TANIWAKI, L.; MIRANDA, C. H. Cuidados clínicos após PCR. Revista Qualidade HC,
n, 168, 2019. Disponível em: https://www.hcrp.usp.br/revistaqualidade/uploads/Arti-
gos/168/168.pdf. Acesso em: 19 maio 2021.
UFMG. Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais. Instruções de
trabalho de enfermagem. Belo Horizonte: UFMG, 2011. Disponível em: https://www.
nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/2869.pdf. Acesso em: 19 maio 2021.

Leitura recomendada
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolos de suporte
básico de vida: protocolos nacionais de intervenção para o SAMU 192. Brasília: Minis-
tério da Saúde, 2014. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
protocolo_suporte_basico_vida.pdf. Acesso em: 19 maio 2021.
14 Parada cardiorrespiratória e manobra de ressuscitação cardiopulmonar

Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos


testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da
publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas
páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os edito-
res declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou
integralidade das informações referidas em tais links.
DICA DO PROFESSOR

Acompanhe no vídeo como deve ser feita a avaliação do ABC da vida.

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EXERCÍCIOS

1) O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi acionado por meio do


telefone 192, pois um paciente do sexo masculino, de 37 anos, operário de companhia
elétrica, apresentava parada cardiorrespiratória devido ao choque elétrico após
contato com fio de alta tensão e o médico orientou para que se iniciasse as manobras
de RCP. Para qual(is) ritmo(s) cardíaco(s) se justifica a recomendação da aplicação
das compressões torácicas? Escolha a afirmativa correta:

A) Somente nos casos de assistolia e atividade elétrica sem pulso.

B) Somente nos casos de taquicardia ventricular sem pulso e fibrilação ventricular.

C) Somente em caso de fibrilação ventricular.

D) Somente nos casos de assistolia.

E) A realização de compressões torácicas externas é indicada para os quatro ritmos cardíacos:


assistolia, atividade elétrica sem pulso, fibrilação ventricular e taquicardia ventricular sem
pulso.

2) Qual é o manejo farmacológico recomendado em situações de PCR em assistolia?

A) Epinefrina e amiodarona.
B) Epinefrina e sulfato de magnésio.

C) Epinefrina.

D) Epinefrina e vasopressina.

E) Vasopressina.

3) As obstruções de vias aéreas podem ser consideradas causas de parada


cardiorrespiratória. Dentre os sinais que ajudarão a identificar a obstrução de vias
aéreas, está:

A) Bulhas.

B) Cheyne-Stokes.

C) Biot.

D) Estridor inspiratório.

E) Kussmaul.

4) A Parada Cardiorrespiratória (PCR) é a interrupção abrupta das funções do


organismo. É importante saber reconhecer os sinais que indicam a PCR. E esses
sinais são:

A) Eliminações fisiológicas, torpor e ausência de respiração.

B) Ausência de consciência e pulso presente.


C) Ausência de pulso e respiração apenas.

D) Bradipneia, inconsciência e pulso filiforme.

E) Ausência da consciência, ausência de pulso e apneia.

5) O tratamento da PCR se baseia em uma sequência ideal de ações a serem realizadas


logo após a constatação da doença súbita. Essa sequência de prioridades, que deve ser
seguida a fim de gerar maiores chances de sobrevivência ao indivíduo, é conhecida
como "corrente da sobrevivência". Qual das alternativas a seguir apresenta a ordem
correta dos elos que compõem a corrente da sobrevivência?

A) 1. Reconhecimento imediato da PCR e acionamento do serviço de emergência.


2. Rápida desfibrilação.
3. Início precoce das manobras de ressuscitação cardiopulmonar (com maior ênfase nas
compressões torácicas).
4. Suporte de vida avançado e eficaz.
5. Cuidados pós-PCR integrados.

B) 1. Reconhecimento imediato da PCR e acionamento do serviço de emergência.


2. Início precoce das manobras de ressuscitação cardiopulmonar (com maior ênfase nas
compressões torácicas).
3. Rápida desfibrilação.
4. Suporte de vida avançado e eficaz.
5. Cuidados pós-PCR integrados.

C) 1. Início precoce das manobras de ressuscitação cardiopulmonar (com maior ênfase nas
compressões torácicas).
2. Reconhecimento imediato da PCR e acionamento do serviço de emergência.
3. Rápida desfibrilação.
4. Suporte de vida avançado e eficaz.
5. Cuidados pós-PCR integrados.
D) 1. Início precoce das manobras de ressuscitação cardiopulmonar (com maior ênfase nas
compressões torácicas).
2. Reconhecimento imediato da PCR e acionamento do serviço de emergência.
3. Rápida desfibrilação.
4. Cuidados pós-PCR integrados.
5. Suporte de vida avançado e eficaz.

E) 1. Rápida desfibrilação.
2. Reconhecimento imediato da PCR e acionamento do serviço de emergência.
3. Início precoce das manobras de ressuscitação cardiopulmonar (com maior ênfase nas
compressões torácicas).
4. Suporte de vida avançado e eficaz.
5. Cuidados pós-PCR integrados.

NA PRÁTICA

Como realizar corretamente a manobra de ressuscitação cardiopulmonar?

Após reconhecida a PCR em adultos, é necessário identificar o ritmo cardíaco para definição da
conduta. Na presença de assistolia ou atividade elétrica sem pulso (AESP) deve-se realizar a
compressão torácica externa, também chamada de massagem cardíaca.

Para o posicionamento das mãos, deve-se ir sentindo o rebordo costal (A) até o encontro do
apêndice xifóide (B). Deve-se, então, medir aproximadamente dois dedos acima do apêndice
xifóide (C) e posicionar as mãos para a realização das compressões (D). Lembre-se de
posicionar as mãos de forma correta para que se possa realizar uma compressão efetiva.

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SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:
Vídeo aula de primeiros socorros com o tema - Parada Cardiorrespiratória e Manobra de
Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP)

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Ressuscitação cardiopulmonar para leigos

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I Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência


da Sociedade Brasileira de Cardiologia

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Noções de imobilização e transporte

APRESENTAÇÃO

Ao prestar os primeiros socorros em uma situação de acidente, é preciso muita cautela. Uma
ação incorreta pode acarretar no agravamento da situação, aumentando o risco de morte.

Claro que ao se dispor a socorrer uma vítima ninguém pensa no prejuízo, o propósito é a
benevolência e a ação eficaz, no entanto, algumas premissas devem ser seguidas. É assim que
socorristas extremamente experientes treinam exaustivamente, revendo e fazendo todas as
premissas de um atendimento em situações emergenciais.

A análise da cena do acidente, principalmente nos casos de traumas, é de suma importância, pois
prevê possíveis agravamentos da situação e distingue como o socorro deve ocorrer. Da mesma
forma, a realização correta de uma imobilização traz conforto à vítima, diminuindo possíveis
hemorragias e corrigindo possíveis lesões secundárias.

Esta Unidade de Aprendizagem lhe trará aporte e conhecimento suficiente para ações eficazes e
condizentes com as diretrizes de salvamento e atendimento em emergências e urgências, como a
correta maneira de avaliar a cena do acidente, imobilização e transporte do acidentado.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar os primeiros cuidados a serem adotados pelo socorrista de acordo com a


necessidade percebida da situação.

• Reconhecer o método correto de imobilização e transporte de acidentados de acordo com a


gravidade do trauma ou lesão.

• Listar os materiais que podem ser utilizados para imobilização do acidentado em cada caso
específico de trauma ou lesão.

INFOGRÁFICO
A prática de exercícios físicos envolve riscos à saúde, ainda que pormenorizados com a presença
de um profissional de Educação Física. Ninguém está fora de risco de uma lesão, entorse ou até
mesmo uma ruptura muscular ao realizar exercícios. Da mesma maneira ocorre com o uso dos
equipamentos, que quando utilizados de modo correto promovem segurança e estabilidade, por
outro lado, também podem representar riscos, como, por exemplo, uma anilha que pode cair no
pé de seu aluno, etc. Lembre-se de que os acidentes acontecem de forma inesperada.

Pense, por exemplo, se um de seus alunos cai ao chão numa tarde qualquer enquanto corre na
esteira da academia. Ele reclama bastante de dor no tornozelo e diz que não será capaz de
colocar o pé no chão. Esse tipo de situação é bastante plausível de ocorrer, e você deverá estar
preparado para agir corretamente. Você acredita que teria ocorrido um entorse ou uma luxação
no pé do seu aluno?

Veja, no Infográfico a seguir, as principais diferenças entre o entorse e a luxação e, ainda, quais
os procedimentos corretivos devem ser seguidos.
CONTEÚDO DO LIVRO

As noções de imobilização e transporte da vítima em uma cena de acidente são premissas que
garantem o sucesso de um salvamento/atendimento, garantindo conforto e prevenção do
agravamento da situação.

No Brasil, por exemplo, milhares de acidentes ocorrem no trânsito, principalmente envolvendo


motocicletas em que os traumas frequentemente estão presentes. A correta noção da avaliação,
imobilização e posterior transporte da vítima garante, inclusive, melhor recuperação e
diminuição de sequelas nesses casos.

Assim, no capítulo Noções de imobilização e transporte da obra Prevenção e Urgências em


Educação Física, você verá os passos a serem seguidos para um socorro efetivo em situações de
emergência, principalmente nos quesitos imobilização e transporte de vítimas. De posse dessas
informações você saberá agir corretamente, e, como profissional de Educação Física, você tem a
responsabilidade de preservar vidas e promover saúde.

Boa leitura.
PREVENÇÃO E
URGÊNCIAS EM
EDUCAÇÃO FÍSICA
Noções de imobilização
e transporte
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Identificar os primeiros cuidados a serem adotados pelo socorrista


de acordo com a necessidade da situação.
„ Reconhecer o método correto de imobilização e transporte da vítima
do acidente de acordo com a gravidade do trauma ou lesão.
„ Listar os materiais que podem ser utilizados para imobilizar a vítima
do acidente em cada caso específico de trauma ou lesão.

Introdução
Neste capítulo, você estudará as principais medidas a serem tomadas
mediante uma situação de acidente com traumas. Observar a cena,
chamar o socorro especializado, prestar os primeiros socorros à vítima
e, ainda, saber como imobilizá-la e transportá-la, se necessário, são os
passos básicos de quem pretende prestar um socorro de qualidade.
Neste capítulo, vamos analisar cada detalhe desses passos cumprindo o
conhecimento necessário para realizá-los. Porém, cabe lembrar: se não
souber como agir ou não se sentir seguro para tal, chame por socorro
especializado, peça ajuda para outros socorristas e se afaste do local do
acidente — muitas vezes, ajudar é não atrapalhar.
2 Noções de imobilização e transporte

Primeiros socorros e a cena do acidente


Ao avaliarmos uma situação de acidente, é muito comum nos atentarmos dire-
tamente às atitudes que precisaremos tomar para socorrer as possíveis vítimas.
Mas é importante ter em mente algumas premissas para um atendimento eficaz.

„ Regra número 1: mantenha-se calmo.


„ Regra número 2: avalie a cena do acidente antes de começar a agir.

Essas importantes medidas de avaliação podem ajudar muito no socorro da


vítima, predizendo as causas do acidente e, também, preservando as vidas em
questão, incluindo a sua como socorrista. Por isso, detalharemos importantes
medidas a serem tomadas diante de um acidente com vítimas (MARTINS et
al., 2015; SATO et al., 2018).
Ao se deparar com esse tipo de cena, priorize as quatro avaliações listadas
a seguir.

„ Segurança — o local onde se encontra a vítima está seguro? Existe


risco de desabamento, incêndio ou colisão, no caso de acidentes de
trânsito, por exemplo? Há fios elétricos que apresentam risco de des-
carga elétrica na cena? É preciso prestar atenção até mesmo ao risco de
agressões — em situações de discussão não há tempo para socorrer a
vítima e, ainda, se envolver em brigas, a vítima deve ser a prioridade.
„ Cinemática — ao observar a cena do acidente, tente prever como tudo
ocorreu, como podem se explicar os possíveis traumas e lesões. Nos
casos de quedas, observar a altura, a idade da vítima e os obstáculos
durante a queda e o tipo de solo. Considerar a situação muito grave se
a altura for três vezes maior que a vítima. Nos casos de atropelamento,
por exemplo, pesquise o tipo de veículo e o local de impacto. Se a
vítima estiver consciente, ela mesma pode complementar informações
relacionadas à cinemática do acidente; também procure a versão de
testemunhas.
„ Bioproteção — procure se proteger ao máximo do contato com os
fluidos corporais da vítima a fim de prevenir possíveis infecções. Os
materiais básicos para a bioproteção são luvas, máscaras e óculos de
proteção. Mas lembre-se: em situações adversas, não se deve abortar
os procedimentos por falta de instrumentos. A manutenção da vida é
a prioridade!
Noções de imobilização e transporte 3

„ Apoio — se estiverem presentes pessoas na cena do acidente, peça ajuda,


tanto para dar o espaço necessário para atendimento quanto para chamar
o socorro especializado, desviar o trânsito, ajudar nos procedimentos,
acalmar demais envolvidos menos graves; enfim, ajuda nunca é demais
se essa pessoa estiver disposta a colaborar com a cena e os envolvidos.

A visualização da cena do acidente deve ser rápida e pontual. Depois,


avalie a vítima (MARTINS et al., 2015; SATO et al., 2018):

„ Responsividade — avalie a responsividade da vítima: “Ei, ei, você está


bem?”. Qualquer grunhido, movimento de olhos e até mesmo outras
partes do corpo, como dedos, devem ser avaliados como resposta.
„ Expansão torácica — avalie a caixa torácica: há expansão, o indivíduo
está respirando? Aproxime seu rosto do nariz do indivíduo: é possível
escutar ou sentir sua respiração?
„ Pulso central — verifique se há pulsação central. É possível sentir os
batimentos cardíacos? Verifique o pulso colocando dois dedos na artéria
carótida, que fica na base do pescoço, entre o músculo e a traqueia,
ou cheque o pulso periférico na artéria radial, localizada no início do
pulso, bem na base do polegar.
„ Avaliação neurológica — a vítima pode estar alerta (acordada e apre-
sentando respostas adequadas), sonolenta (acorda ao ser chamada e
tem respostas adequadas), obnubilação (sonolência mais profunda,
mas responde a estímulos moderados), torpor (sonolência profunda e
responde apenas a estímulos dolorosos) e coma (não abre os olhos nem
responde a estímulos, mesmo os vigorosos).

Todas as avaliações descritas anteriormente são de suma importância e


precedem outros procedimentos de manutenção da vida da vítima, como as
manobras de ventilação artificial e a ressuscitação cardiopulmonar no caso
de paradas cardíacas. Mantenha a vítima com vida até a chegada do socorro
especializado. Nos casos de traumas, as vítimas devem ser imediatamente
imobilizadas, como veremos a seguir.
4 Noções de imobilização e transporte

Imobilização e transporte de acidentados


Após a prestação dos primeiros socorros que visam à manutenção da vida
da vítima, outros cuidados devem ser tomados ainda no local do acidente,
como a imobilização correta para o seu transporte. Via de regra, os socorros
especializados estão altamente capacitados para essa abordagem, mas, se você
souber como agir, a imobilização, além de preparar a vítima para o transporte,
traz conforto e alivia a dor nos casos de fraturas, por exemplo.
A imobilização constitui um importante método de prevenção de agrava-
mento da situação. Transportar uma vítima com fratura óssea sem a correta
imobilização poderá trazer complicações, como a laceração da região lesada
(rasgamento), fraturas expostas (que ainda não existiam), danos musculares,
em vasos sanguíneos e em nervos próximos à lesão provocando paralisias ou
perdas de movimentos. Outras possíveis situações do transporte da vítima
de trauma e fratura sem imobilização incluem o corte de uma veia ou artéria
repercutindo em hemorragias internas ou até mesmo em imobilização perma-
nente, como nos traumas medulares (CARVALHO, 2008; MASELLA, 2012).
As regras gerais para uma imobilização de emergência devem seguir os
passos elencados a seguir.

„ A (airway): prioriza via respiratória permeável + controle da coluna


vertebral.
„ B (breathing): respiração e ventilação.
„ C (circulation): circulação com controle de hemorragias.
„ D (disability): estado de consciência.
„ E (exposure): exposição do paciente e proteção do ambiente.

A seguir, analisaremos técnicas de imobilização por meio dos métodos


tradicionais e aceitos como corretos pelos órgãos de saúde. Prioritariamente,
necessitamos deixar a cabeça em posição neutra, a coluna estável e estabilizar
alguma fratura (se houver). Há preferência pelo uso de equipamentos, mas, se
não se dispor deles, há alternativas, destacadas no próximo tópico.
A colocação do colar cervical se inicia com a mobilização da cervical na
posição neutra com as mãos; depois disso, verifique com seus dedos a altura do
pescoço, compreendida entre a linha imaginária que passa pelo bordo inferior
da mandíbula e a linha que passa pelo ponto onde termina o pescoço e inicia
o ombro. Verifique se o tamanho do colar é adequado para a vítima (calcule
a distância entre o pino de fixação e a borda rígida do colar).
Noções de imobilização e transporte 5

A posição correta do colar cervical situa-o em contato com o peito e a região dorsal
superior, na sua porção inferior, e em contato com o occipício e a região inframento-
niana, na sua porção superior. O tamanho adequado do colar permite que a vítima
tenha abertura parcial e espontânea da boca, evitando a broncoaspiração em caso
de vômitos.

Fonte: Masella (2012, documento on-line).

O uso do colar não garante estabilidade completa, devendo ser empregado em


conjunto com o imobilizador de cabeça e tronco. Para imobilizar o tronco, utiliza-se
a prancha rígida, a qual não permite movimentos, nem para cima nem para baixo ou
para os lados por meio de cintas ajustáveis.

Fonte: Masella (2012, documento on-line).


6 Noções de imobilização e transporte

As cintas deverão se fixar acima e abaixo dos joelhos, na pelve e em “x” no tórax.
Adicionalmente, o imobilizador de cabeça (peça com dois blocos de espuma posi-
cionados nas laterais da cabeça) deve ser colocado também por cintas ajustáveis.

Fonte: Masella (2012, documento on-line).

Antes de fixar a cabeça, avalie a necessidade de um coxim para estabilizar a cervical,


que geralmente fica em hiperextensão.

Fonte: Masella (2012, documento on-line).

Uma das cintas do imobilizador de cabeça deve passas sobre a região frontal (testa)
e a outra sobre os blocos de fixação na sua porção inferior (passando por cima do
colar cervical, porém sem contato com ele).

Fonte: Masella (2012, documento on-line).


Noções de imobilização e transporte 7

Os braços poderão ser fixados ou não, conforme o estado da vítima. Uma


vantagem de fixar separadamente os braços é a possibilidade de tê-los à mão
para aferir a pressão arterial ou a punção venosa.
A mobilização até a prancha rígida pode ser realizada de diferentes maneiras
dependendo do número de pessoas envolvidas. Vejamos a seguir algumas
possibilidades tanto em relação à variação do número de socorristas quanto
à variação da posição da vítima (CARVALHO, 2008; MASELLA, 2012).

Os socorristas devem estar dispostos de maneira que um fique na cabeça (considerado


o líder — 1) e os demais estejam ao longo do corpo da vítima, de um mesmo lado, um
na altura do tórax e outro na altura dos joelhos (considerando a vítima em decúbito
dorsal). Os socorristas 2 e 3 colocarão os braços e as pernas do paciente juntos para
o seu alinhamento neutro. Os socorristas estarão ajoelhados na lateral da vítima, com
o socorrista 2 segurando com uma mão o ombro e com a outra a mão a pélvis do
paciente e o socorrista 3 a coxa lateral superior e a perna lateral inferior ao joelho.
Nessa posição, o paciente estará comprimido pelo segundo e o terceiro socorrista.

Fonte: Masella (2012, documento on-line).

Ao comando do socorrista 1 — “um, dois, três!” —, todos deixarão a vítima de lado


por uma rotação em bloco; assim, a prancha pode ser posicionada para baixo da
vítima. Um novo rolamento em “um, dois, três!” é realizado de modo a colocar a vítima
devidamente em cima da prancha.
8 Noções de imobilização e transporte

Fonte: Masella (2012, documento on-line).

Caso a vítima esteja em decúbito ventral, o rolamento deverá ocorrer para o lado
contrário de onde está voltado o rosto dela de maneira análoga ao rolamento para
o decúbito dorsal.

Fonte: Masella (2012, documento on-line).

Para vítimas que estejam dentro de um carro, o socorro e a imobilização deve se dar
de maneira diferente.
Se conseguir, entre no banco de trás do carro, coloque as mãos sobre as orelhas da
vítima, os polegares contra a região posterior do crânio, os dedos mínimos abaixo do
ângulo das mandíbulas, espalhe os outros dedos pela face e pressione todos os dedos
objetivando conter firmemente a cabeça em posição neutra.

Fonte: Masella (2012, documento on-line).


Noções de imobilização e transporte 9

Se conseguir ter acesso à vítima pelo lado dela, com uma de suas mãos segure a
região da nuca, posicionando o polegar atrás de uma orelha do paciente e o os outros
dedos atrás da outra orelha, sustentando, dessa forma, a região occipital do paciente.
A outra mão do socorrista deverá ser posicionada contendo o mento da vítima, tendo
como premissa “sustentar” o seu crânio em uma posição neutra.

Fonte: Masella (2012, documento on-line).

Contudo, se estiver de frente para a vítima, coloque suas mãos uma de cada lado do
rosto, com os dedos unidos, contendo as regiões laterais do rosto em bloco, da altura
das mandíbulas para baixo, passando pela porção inferior das orelhas e, com as pontas
dos dedos mais longos, fixando as regiões mastóideas bilateralmente.

Fonte: Masella (2012, documento on-line).

O transporte da vítima constitui outro momento importante durante o


processo de socorro. Ele deve ser feito com segurança e o máximo de conforto
que a situação seguir. Assim, as vítimas devem ser transportadas dentro da
legislação de trânsito, por carro particular ou oficial para socorro. A visua-
10 Noções de imobilização e transporte

lização da cena do acidente deve prever se o transporte ocorrerá de maneira


emergencial ou não, por exemplo, quando há risco de desabamento, tiroteios,
incêndio, entre outras situações.
A manobra do transporte deve ser realizada tendo em conta o peso e o
tamanho da vítima, o tipo do terreno, os equipamentos disponíveis e o número
de socorristas disponíveis. As manobras evidenciadas a seguir devem ser
consideradas apenas em situações de risco, pois envolvem possibilidade de
lesão secundária para a vítima (BRASIL, 2003; MASELLA, 2012).

No caso de levantamento e transporte de vítima inconsciente por um único socorrista,


levante a vítima pelos ombros e mantenha-a de frente para você. Coloque uma de suas
pernas no meio das pernas da vítima enquanto coloca o braço dela por cima de seu
ombro. Agache-se e coloque a vítima em suas costas mantendo suas pernas em uma
de suas laterais e os braços em outra lateral. Segure o braço da vítima atravessando
seu corpo e passe seu braço por entre as pernas da vítima mantendo uma posição
estável e segura para carregá-la.

Fonte: Trauma... ([20--?], documento on-line).


Noções de imobilização e transporte 11

O transporte pelos braços pode ser feito por um socorrista ou mais.

Fonte: Trauma... ([20--?], documento on-line).

Sempre que houver mais socorristas, aumenta-se a chance de um transporte mais


seguro. A ação do transporte deve priorizar a estabilização, principalmente, da coluna
vertebral.

Fonte: Trauma... ([20--?], documento on-line).


12 Noções de imobilização e transporte

O transporte pelas costas também pode ser realizado quando há um único socorrista,
mas é importante fazê-lo de maneira que a vítima não se solte do socorrista. Para isso,
basta o socorrista posicionar seus braços por baixo das pernas da vítima e cruzar os
braços dela pelo peito (fazendo um “x”) e segurá-los pelas mãos.

Fonte: Trauma... ([20--?], documento on-line).

Para um transporte mais estável, pode-se utilizar objetos presentes no local do


acidente, como uma cadeira ou um cobertor.

Fonte: Trauma... ([20--?], documento on-line).


Noções de imobilização e transporte 13

De acordo com estado da vítima, ainda poderão ser realizados os transportes de


apoio, cadeirinha ou pelas extremidades.

Fonte: Trauma... ([20--?], documento on-line).


14 Noções de imobilização e transporte

No link a seguir, o médico Drauzio Varella comenta os erros mais comuns relacionados
aos primeiros socorros de queimadura.

https://qrgo.page.link/f9NgA

Neste outro link, você pode encontrar uma revisão sobre a abordagem de vítimas
de acidentes.

https://qrgo.page.link/jJkp5

Realizar imobilizações
Conforme elucidado anteriormente, ao se deparar com uma vítima, deve-
-se realizar uma série de passos de forma consciente e racional buscando a
manutenção da vítima. Entre as possibilidades que envolvem acidentes, os
traumas representam grande parte das situações e promovem, em sua maioria,
deformidades e anormalidades, quando não o óbito em si.
De acordo com o dicionário Aurélio online, “trauma” é tanto “[...] uma
lesão local proveniente de um agente vulnerante” quanto “[...] uma agressão ou
experiência psicológica muito violenta” (SIGNIFICADO..., 2018, documento
on-line).
Tomando a primeira definição como fundamental para os primeiros so-
corros, podemos refletir que todo trauma é um ferimento interno ou externo
provocado por uma ação de violência direta ou indireta. Entre as lesões co-
mumente causadas por traumas, existem escoriações, cortes, perfurantes,
avulsões, amputações, esmagamento e queimaduras. Há, também, os traumas
medulares, considerados os mais graves.
Ao se deparar com uma vítima de trauma, é importante saber agir em
relação ao reconhecimento e à correta imobilização de sua lesão. A seguir,
veremos as principais lesões causadas por traumas e como imobilizá-las. Cabe
ressaltar que não são necessários equipamentos especiais para imobilizar a
vítima, podendo-se improvisar talas assegurando a proteção à lesão. Esses
materiais podem variar de acordo com o disponível no local do acidente,
como um pedaço de tábua, um calhamaço de jornal, uma revista grossa, um
travesseiro, um galho reto de árvore ou uma parte sã do próprio corpo da
Noções de imobilização e transporte 15

vítima (por exemplo, em uma fratura de uma perna, a outra pode ser amarrada
à quebrada para fixá-la).
Outro importante conceito a reforçar é que imobilizar uma lesão significa
tirar os movimentos das articulações acima e abaixo da fratura; por exemplo,
não adianta entalar fortemente uma fratura de antebraço se os movimentos do
pulso e cotovelo ficarem livres (BRASIL, 2003; MASELLA, 2012).
Vejamos a seguir alguns exemplos de imobilização de acordo com as lesões
e a gravidade da situação.

Entorse é a separação momentânea das superfícies ósseas podendo causar estira-


mento ou rompimento de tendões e músculos adjacentes. Não há necessidade de
imobilizar entorses. Procure repousar a articulação em questão e colocar gelo; em
seguida, procure assistência médica.

Luxação constitui o deslocamento das extremidades ósseas que formam uma articu-
lação. Há dor intensa, deformidade grosseira do local e impossibilidade do movimento
normal. Inicia-se com repouso da articulação e aplicação de gelo para diminuição
de edema. Imobilize o membro da maneira que se encontra sem movimentá-lo. Por
exemplo, no caso de uma luxação de ombro, realize uma bandagem com um pedaço
de faixa ou tecido para apoiar o ombro ou, ainda, use a camiseta da vítima, conforme
as figuras a seguir. Na posição correta do braço com a bandagem, este deve estar
contra o tórax.

Fonte: Narin phapnam/Shutterstock.com.

Fratura é o rompimento de um ou mais ossos. Há uma interrupção da continuidade


dos ossos. As fraturas podem ser classificadas como expostas (quando há lesão na
pele provocada pelo osso ou objeto penetrante) ou fechadas (a pele sobre a fratura
está intacta). Ainda, fraturas podem ser subdivididas de acordo com a lesão no osso,
sendo consideradas completas (quando os fragmentos ósseos se destacam completa e
16 Noções de imobilização e transporte

nitidamente), incompletas (quando apenas uma parte do osso é lesada) ou cominutivas


(há formação de fragmentos ósseos). Nos casos de fraturas, há dor intensa, deformidade
e edema, derrame local (coloração roxa), dificuldade para movimentar ou ausência de
movimentos, sendo o pulso no membro afetado ou não. Evite movimentar a fratura,
remova possíveis objetos capazes de dificultar a circulação, como relógios, pulseiras,
anéis etc. Nas fraturas expostas, coloque um pano limpo e enrole com atadura o local do
sangramento. Evite comprimir o osso. Você poderá improvisar uma tala com materiais
alternativos, como revistas, jornais e papelão. Imobilize o membro da maneira que se
encontra, sem movimentá-lo.
Na fratura de fêmur, use uma tala na parte interna e outra na parte externa da perna
e fixe-as com ataduras. Se não houver disponibilidade de qualquer objeto para realizar
talas, amarre uma perna na outra.

Fonte: Bangkoker/Shutterstock.com; narin phapnam/Shutterstock.com; charnsitr/Shutterstock.com.

Nas fraturas de braço, imobilize a parte de baixo promovendo apoio até o cotovelo,
quando a fratura for no rádio ou na ulna, e até o ombro, quando a fratura for no úmero.
Mantenha o braço contra o tórax com uma bandagem de apoio até o suporte chegar

Fonte: Toey Toey/Shutterstock.com; oumjeab/Shutterstock.com.

A talas podem ser feitas de material moldável, como travesseiros e afins (veja no
exemplo de imobilização de fratura de tornozelo e mãos). É importante tentar deixar
o membro em sua posição anatômica, o máximo possível, sempre com cuidado para
não aumentar a lesão ou causar uma fratura exposta (lesão secundária). Em caso de
dúvida, não mexa no membro quebrado e entale da maneira que ele se encontra.
Noções de imobilização e transporte 17

Fonte: Trauma... ([20--?], documento on-line).

Quando houver traumas penetrantes, recomenda-se não tentar removê-los, a


não ser que sejam superficiais. Chame o socorro especializado, que saberá como agir
corretamente.
Ao realizar a tala em algum membro, aperte as bandagens que a seguram apenas o
suficiente, deixando uma extremidade do membro atingido para fora. Se você perceber
que essa extremidade está esfriando ou ficando azulada, afrouxe as bandagens, pois
a circulação do sangue poderá estar obstruída.

No link a seguir, você poderá observar a atuação da equipe do Serviço de Atendimento


Móvel de Urgência (SAMU) em uma ocorrência de trauma com fratura exposta. Repare
que a correção do membro é feita após analgesia. Outro importante detalhe refere-se
ao fato de acolchoar o local da fratura exposta para que não fique em contato com
a tala ou a bandagem. Em ocorrências nas quais a emergência já está no local, ajudar
significa não atrapalhar.

https://qrgo.page.link/uo2U2
18 Noções de imobilização e transporte

Agora que você adquiriu importantes conhecimentos a respeito do cor-


reto manejo para imobilização e transporte de vítimas de acidente, chegou
a hora de refletir essas ações aplicadas na prática profissional. A atuação do
profissional de educação física é bastante ampla, isto é, se aplica em diversos
lugares diferentes e para todas as faixas etárias. Assim, é importante que
você esteja atento para as principais características do seu público revisando
materiais específicos.
De maneira geral, podemos atrelar um risco aumentado de traumas como
entorses, luxações e fraturas às atividades do profissional de educação fí-
sica, afinal “só se machuca quem se mexe”. Além disso, a prática desportiva
exige um nível maior de desempenho e contato direto entre os participantes
propiciando os traumas. Quem não se lembra da lesão do jogador de futebol
Ronaldo fenômeno quando rompeu o tendão patelar na final da Copa da
Itália? As lesões são quase inerentes, mas estar pronto para agir depende de
profissionalismo e responsabilidade. A lesão do Ronaldo foi prontamente
assistida, aliás alguns de seus ortopedistas já a previam de certa maneira, pois
o jogador já apresentava microlesões no tendão em questão.
No ambiente escolar, as quedas e escoriações são muito frequentes. A queda
em si pode se relacionar com situações de entorses, luxações e até mesmo
fraturas; já as escoriações podem ser mais graves, representando abrasões, ou
mais leves, como os “ralados” que frequentemente atingem as extremidades
em contato com o chão (mãos, joelhos ou rosto). É importante se atentar e
saber como agir; no caso das quedas com consequências mais graves, sempre
avaliar a situação e realizar a imobilização a fim de promover conforto e desde
que não implique um risco de lesão secundária. Já as escoriações devem ser
lavadas com água e sabão e, se houver alguma hemorragia, comprimir o local
com pano limpo até estancar, mantendo o acidentado calmo.
Lesões em crianças devem ser cuidadosa e cautelosamente investigadas,
ainda que não apresentem grandes edemas, pois podem estar associadas
às placas epifisárias (placa de cartilagem localizada nas extremidades dos
ossos longos — placas de crescimento) e, portanto, causar algum prejuízo ao
crescimento e ao desenvolvimento adequados.
Para além das noções de imobilização e transporte, o profissional de educa-
ção física deve estar pronto para atuar como líder em situações de emergência,
interagindo com outros possíveis socorristas, mantendo a calma e acalmando
os demais, principalmente a vítima do acidente. E estar preparado para agir não
significa somente lidar diretamente com o acidentado, mas com consciência
da cena e capacidade de antecipar riscos que envolvam os demais. Esperamos
que você utilize as noções de imobilização e transporte de acidentados de
Noções de imobilização e transporte 19

maneira efetiva quando for necessário. Dessa maneira, revisaremos as noções


básicas de suporte de vida e primeiros socorros a seguir.

Conhecimentos básicos de suporte à vida


Estar pronto para agir é imprescindível em profissões que envolvem contato
direto com pessoas, especialmente em áreas da saúde, quando podem se
somar condições de saúde à situação emergencial. Dessa maneira, destaca-
-se a importância do profissional de educação física capacitado para agir
diante dessa situações, no ambiente escolar, em clubes, em academias ou em
atendimentos personalizados.
Os conhecimentos básicos envolvem a manutenção da vida, em situações
de risco de vida, e alívio/conforto e não agravamento, em cenários nos quais
a vida não está sob risco.
Ao se aproximar da vítima, avalie a cena e os riscos e verifique sinais de
consciência e vida (responsividade, expansão torácica, pulso central). Ligue
imediatamente para a emergência.
Se a vítima estiver inconsciente, mas respirando e com pulso central, é
importante dar condições para que os sinais vitais continuem estáveis até
a chegada do socorro. Libere as vias respiratórias ou vire a vítima de lado,
continuando a avaliar seus sinais vitais.
Se a vítima apresentar pulso, mas estiver inconsciente e sem respirar,
deve-se imediatamente iniciar os protocolos de respiração artificial. Basica-
mente, existem três possibilidades para a respiração artificial: boca a boca,
boca-máscara ou por aparelhos. Respire fundo e coloque sua boca sobre a da
vítima sem deixar nenhuma abertura até encher de ar os pulmões dela. Em
seguida, afaste sua boca da boca da vítima e observe a exalação do ar. Repita
a operação de 12 a 18 vezes por minuto, uniformemente e sem interrupção.
Caso o indivíduo esteja inconsciente e sem pulso, iniciar a manobra de
ressuscitação cardiopulmonar (RCP). Você deverá realizar aproximadamente
15 compressões e 2 respirações artificiais se estiver socorrendo sozinho.
Porém, se estiver com outra pessoa, a dinâmica poderá ser de 5 compressões
(um socorrista) e 1 respiração (outro socorrista). Todo o processo de reani-
mação deve ser realizado ininterruptamente até que o socorro chegue ou até
o momento em que a vítima reagir.
20 Noções de imobilização e transporte

Você ainda poderá realizar uma avaliação neurológica após a manuten-


ção dos sinais vitais do acidentado, entre outras condições, ou seja, durante
a manutenção dos sinais vitais, é possível realizar outras verificações que
complementam a avaliação da vítima até a chegada do socorro. Por exemplo,
pode-se avaliar o estado circulatório com a presença de sangramentos ativos
(você poderá realizar a compressão do local para estancar) e o preenchimento
capilar (você pode apertar a ponta do dedo do acidentado e verificar se há pre-
enchimento capilar em até três segundos — padrão normal), além de identificar
alguns sinais neurológicos perguntando à vítima o seu nome, se ele sabe onde
está ou o que aconteceu (procurando reconhecer sua lucidez/consciência) ou
analisando suas pupilas (você pode iluminar a pupila e averiguar se ela está
responsiva e simétrica — padrão normal).
A análise secundária envolve os procedimentos de imobilização e preparo
para o transporte. Com a vítima em manutenção da vida, utilize os conheci-
mentos dessa unidade para a sua correta imobilização e transporte ou até o
socorro especializado chegar (MORAES, 2010; MARLIÉRE, 2016).
Por meio de ações simples e práticas, é possível salvar vidas. Recomenda-se
que todo lugar público e de grande circulação, assim como clubes, academias,
escolas, etc., disponham de um desfibrilador externo automático (DEA). Além
de seguro e testado, esse aparelho facilita a ação humana que, muitas vezes,
incide em erro frente à emoção envolvida na situação.
Por fim, sua atuação profissional correta pode promover melhores condições
de saúde, apoio e suporte para um desenvolvimento motor, cognitivo e com-
portamental adequado e, também, para salvar e manter vidas. Uma profissão
com ampla atuação e importante impacto na sociedade exige responsabilidade,
ética e muito estudo. Esperamos que o material desenvolvido sobre o assunto
propicie conhecimento e desperte vontade de ir além, buscando novos caminhos
e leituras para uma atuação cada vez mais eficaz.
Noções de imobilização e transporte 21

Na prática

Acidentes e situações que necessitam de um atendimento de urgência e emergência


são inesperados e podem ocorrer nos mais diversos locais. A realização de procedi-
mentos adequados é fundamental para a redução de danos causados pelo trauma,
bem como para a preservação da vida da vítima.
Aponte para o QR code ou acesse o link
https://bit.ly/3gIs1bf para ver o recurso.

BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. FIOCRUZ. NUBio. Manual de


primeiros socorros. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2003. Disponível em: http://
www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/manuais/biosseguranca/manualdeprimeirossocor-
ros.pdf. Acesso em: 9 maio 2019.
CARVALHO, M. G. Suporte básico de vida no trauma. 1. ed. São Paulo: Livraria Médica
Paulista, 2008.
MARLIÉRE, M. L. R. O primeiro socorro: o suprassumo do atendimento pré-hospitalar. 1.
ed. São Paulo: Editora Sparta, 2016.
MARTINS, H. S. et al. Emergências clínicas: abordagem prática. 10. ed. Barueri: Manole, 2015.
MASELLA, C. A. Imobilização e transporte. Ribeirão Preto: SAMU, 2012. Disponível em:
https://irp-cdn.multiscreensite.com/cfa5fc7a/files/uploaded/imobilização%20e%20
transporte%5D.pdf. Acesso em: 9 maio 2019.
MORAES, M. V. G. Atendimento pré-hospitalar: treinamento da brigada de emergência,
do suporte básico ao avançado. 1. Ed. São Paulo: Érica, 2010.
SATO, E. I. et al. Atualização terapêutica: urgências e emergências. 3. ed. – São Paulo:
Artes Médicas, 2018.
SIGNIFICADO de trauma. Dicionário Aurélio Online, [s. l.], 19 abr. 2018. Disponível em:
https://dicionariodoaurelio.com/trauma. Acesso em: 9 maio 2019.
TRAUMA / imobilizações em acidentes de trabalho. Material informativo. Porto Alegre:
PROCEMPA, [20--?]. Disponível em: http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/
sma/usu_doc/rt_14_imobilizacoes_e_transportes_de_vitimas.pdf. Acesso em: 9 maio
2019.
22 Noções de imobilização e transporte

Leituras recomendadas
HARGREAVES, L. H. H.; DANTAS, R. A. N. Atendimento pré-hospitalar: múltiplas vítimas &
catástrofes. 1. ed. Rio de Janeiro: Águia Dourada, 2016.
SOUZA, L. M. M. Primeiros socorros: condutas técnicas. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
DICA DO PROFESSOR

A motocicleta é o veículo que mais mata no Brasil. De acordo com o Observatório Nacional de
Segurança Viária, só no ano de 2016, as motos representaram um total de 32% de mortes no
trânsito.

Nessas situações de acidente com motos, o socorro deve ocorrer rapidamente, pois geralmente é
acompanhado de traumas graves. Além disso, a retirada do capacete deve ter atenção redobrada,
pois pode representar risco de lesão medular, podendo levar a vítima à paraplegia ou até mesmo
tetraplegia.

Na Dica do Professor, você vai aprender como agir ao socorrer vítimas de acidentes envolvendo
motociclistas e como proceder para garantir a segurança da vítima e evitar possíveis lesões
secundárias.

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EXERCÍCIOS

1) As ações que constituem uma situação de salvamento em emergências e urgências


incluem diversas diretrizes que permitem um atendimento correto, com a prevenção
e diminuição de riscos. Qual destas atitudes devemos tomar ao depararmos com um
acidente?

A) Chamar socorro, atender a vítima e observar a cena.

B) Observar a cena, chamar socorro e atender a vítima.

C) Chamar socorro.

D) Observar a cena, chamar socorro.


E) Atender a vítima.

2) Refletindo as diretrizes para um bom atendimento em uma situação de acidente com


vítima, uma premissa deve ser ressaltada: a observação da cena do acidente. Perante
essa premissa, avalie as afirmativas abaixo e escolha a alternativa correta:

I. A cena de um acidente se relaciona com a possibilidade de tentar imaginar o que


aconteceu com a vítima.

II. A avaliação da cena serve para tentar estimar a gravidade da situação e da vítima.

III. A cena do acidente se relaciona com a previsão do que pode estar por vir.

IV. A cena do acidente serve para as informações passadas para a emergência


contando detalhes do local e estado da vítima.

V. A cena do acidente não importa, socorra a vítima e chame socorro.

A) Apenas I está correta.

B) Apenas II está correta.

C) Apenas III está correta.

D) Apenas IV está correta.

E) Apenas V está correta.

3) Há uma vasta gama de possibilidades relacionadas aos traumas. Os traumas podem


ocorrer em diferentes partes do corpo e até mesmo em várias partes ao mesmo
tempo. Para tanto, é preciso realizar uma boa avaliação do acidentado e saber agir
corretamente mediante as noções básicas de imobilização e transporte de vítimas. Ao
se deparar com uma vítima de trauma com fratura de braço, você deve:
A) chamar socorro imediato e entalar da melhor maneira possível o membro ainda que com
materiais alternativos.

B) chamar socorro imediato e não mexer na vítima tentando acalmá-la até a chegada do
socorro.

C) chamar socorro imediato, avaliar a lesão e entalar se considerar que não haverá dano
secundário.

D) entalar imediatamente trazendo conforto para a vítima e chamar socorro.

E) acalmar a vítima e chamar socorro.

4) Mediante uma cena de acidente, muito frequentemente não dispomos do material


profissional necessário para uma imobilização rápida, segura e correta. Nesses casos,
é preciso improvisar visando o conforto da vítima, desde que não provoque outros
riscos. Diante disso, analise as alternativas abaixo e assinale aquela cujos materiais
podem ser utilizados para a improvisação de talas.

A) Apenas bandagem bem firme no local da lesão.

B) Esparadrapo, enrole toda a volta da lesão, este tipo de material além de colante é firme,
promovendo a estabilização.

C) Na falta de material profissional, não utilize nada.

D) Na falta de talas, utilize tesouras, facas e até pedaços de vidro de maneira a dar suporte à
ferida.

E) Revistas, jornais, papelão, galhos de árvores, travesseiros.


5) Estar pronto para agir em uma situação emergencial nem sempre significa agir
diretamente com a vítima. É preciso muita cautela ao se prontificar ao atendimento
de um acidente. Em caso de dúvidas ou despreparo, o melhor atendimento é pedir
socorro a outrem que esteja pronto para agir.

Refletindo sobre essa responsabilidade e a correta ação mediante um acidente,


assinale F (falso) ou V (verdadeiro) para as sentenças que seguem abaixo:

( ) Sempre preste socorro, independentemente da situação.

( ) Em cenas onde há muito risco, como incêndios e desabamentos, não entre na cena
e chame imediatamente o socorro.

( ) Transporte a vítima independentemente da cena do acidente.

( ) O transporte da vítima deve ocorrer sempre em dois ou mais socorristas, nunca


retire a vítima da cena sozinho.

A) F, V, F, F.

B) F, F, F, V.

C) V, V, V, F.

D) V, F, V, F.

E) F, F, V, F.

NA PRÁTICA

As situações de acidente com vítimas geralmente são complexas e, por isso, exigem um
conhecimento prévio e amplo da ação a ser tomada. Geralmente, em uma situação de acidente,
encontram-se vários traumas, sendo que cada um desses traumas deve ser avaliado e conduzido
da maneira mais correta possível a fim de não agravar a situação.
Veja no conteúdo do Na Prática um caso envolvendo uma vítima de acidente com múltiplos
traumas, as ações e atitudes corretas a serem tomadas nesse tipo de situação emergencial.

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SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Intervenções educativas para prevenção de acidentes em pré-escolares: revisão integrativa

A revisão integrativa da literatura a seguir traz à tona as principais formas de acidentes em pré-
escolares e as medidas mais eficazes de intervenção educativa para prevenção desses acidentes.
A partir dessa leitura, você poderá compreender melhor como traçar ações preventivas com seus
alunos e colegas de trabalho, por exemplo.

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Promoção da segurança da pessoa em situação crítica sujeita a imobilização da coluna, em


contexto de urgência

A dissertação a seguir faz uma importante crítica aos manejos de imobilização de coluna em
pacientes em situação crítica e faz apontamentos sobre a aquisição de competências para uma
prática de enfermagem de excelência, promotora de mudanças nos cuidados de saúde na sua
globalidade.

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Trauma em coluna cervical para socorristas leigos

O vídeo a seguir apresenta as possibilidades de lesão em coluna cervical causadas pelos


acidentes e a importância da imobilização da mesma.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Abordagem inicial para qualquer situação de emergência


Nesse vídeo, você irá avaliar os passos necessários para situações de emergência.

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