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PRIMEIROS SOCORROS
Primeiros Socorros
APRESENTAÇÃO
É necessário orientar as pessoas sobre as medidas de primeiros socorros que preservem o bem-
estar e, sobretudo, a vida humana até a chegada de profissionais especializados para o
atendimento de urgência e emergência.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender o que é primeiros socorros, determinar
quais ações são necessárias em uma avaliação primária, além de descrever as intervenções e as
limitações no atendimento às vítimas.
Bons estudos.
DESAFIO
Por essa razão, o serviço de Engenharia e Segurança no Trabalho precisa estar capacitado para
prestar atendimento adequado até a chegada da equipe de Atendimento Pré-Hospitalar, no
sentido de aumentar a sobrevida do paciente e evitar sequelas. Essa pronta aplicação do Suporte
Básico de Vida é essencial para manter a vida e prevenir agravos à saúde.
A seguir, leia o caso que descreve uma situação de acidente em trabalho.
b) Quais decisões imediatas você e sua equipe precisam tomar nesse caso?
INFOGRÁFICO
A emergência é vista como uma ameaça à continuidade da vida, há existência real de risco de
morte. Já a urgência não necessariamente oferece risco à vida do paciente, o risco está ausente,
mas necessita ser considerado (Portaria 354/2014). Os termos emergência e urgência não
caracterizam estados, mas, sim, processos.
Neste Infográfico, você vai observar algumas situações que caracterizam emergências e
urgências em primeiros socorros. Com base nisso, ao prestar primeiros socorros à vítima de
acidentes, você deverá ter em mente se há ou não risco de vida.
CONTEÚDO DO LIVRO
No capítulo Primeiros Socorros, da obra Higiene e Segurança do Trabalho, você vai aprender
a definição de primeiros socorros, aplicados principalmente a vítimas de acidentes, mal súbito
ou em perigo de vida. Além disso, vai poder determinar as ações necessárias em uma avaliação
primária e descrever as intervenções e as limitações no atendimento às vítimas.
Boa leitura!
HIGIENE E
SEGURANÇA DO
TRABALHO
Introdução
Vários são os problemas para os quais a sociedade atual necessita estar
preparada. Um deles é o crescente número de acidentes que ocorrem
em todos os âmbitos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS),
acidente é todo acontecimento não intencional que pode provocar
uma lesão corporal, produzindo sequelas temporárias, permanentes ou
até a morte. A Classificação Internacional de Doenças (CID-10) define os
acidentes como: acidentes de trânsito, intoxicações, queimaduras, quedas,
traumas, afogamentos, entre outros.
Segundo Santos et al. (2008), os acidentes no Brasil são a segunda
causa de morte, seguida das doenças cardiovasculares. Eles também são
considerados um grande problema de saúde pública devido ao elevado
número de mortes.
Os primeiros socorros referem-se àquele atendimento realizado a
qualquer pessoa que, repentinamente, sofra uma ferida ou mal súbito.
Ele deve ser realizado por quem perceba a situação de fragilidade ou
vulnerabilidade do próximo. Vários acidentes podem vulnerabilizar os
cidadãos a necessitarem de primeiros auxílios. Assim, é fundamental
que todos tenham acesso às informações sobre os principais acidentes,
como preveni-los e como agir diante deles.
Neste capítulo você irá compreender o conceito de primeiros socorros,
aprenderá a realizar uma avaliação primária diante de um acidente e, por
último, conseguirá saber quais condutas deverá tomar frente a alguns
acidentes.
2 Primeiros socorros
Proeminência
laríngea
Compressões torácicas
Você, socorrista, deve buscar seguir os seguintes passos.
Tenha em mente que a função da RCP não é despertar a vítima, mas estimular a
oxigenação e a circulação do sangue até que seja iniciado o tratamento definitivo.
Em caso de vítima de PCR pós trauma, a causa da PCR no momento dos primeiros
socorros pode ainda não ser evidente. Nesses casos, não se deve nunca estender o
pescoço da vítima, sob risco de agravamento de lesões já existentes ou mesmo a morte.
Primeiros socorros 7
Sempre deve-se colocar uma das mãos sobre a testa da vítima e a outra com
as pontas dos dedos no queixo. A mão que estiver espalmada na testa será a
responsável pela maior parte da força, apenas para apoio e direção (Figura 4).
A literatura atual não recomenda a respiração boca a boca devido ao risco do contato
com secreções digestivas e respiratórias. Recomenda-se sempre o uso de uma barreira
de proteção (máscara) apropriada para essa manobra.
Ferimentos
De acordo com o Protocolo de Cuidados de Feridas (FLORIANÓPOLIS,
2007), os ferimentos são tidos como quaisquer lesões que interrompam a
continuidade da pele. De acordo com a sua gravidade, eles podem atingir a
epiderme, a derme, o tecido subcutâneo e o muscular, chegando a expor, ou
não, estruturas profundas. Ao socorrer uma vítima com ferimentos é necessário
tentar identificar que tipo de lesão a pessoa sofreu.
Para efeito didático, as lesões são divididas em superficiais (escoriações
e contusões) e profundas (todas as demais). Nesta unidade abordaremos as
lesões superficiais.
Escoriações
Figura 6. Escoriação.
Fonte: Saúde em dia ([201-?]).
10 Primeiros socorros
Deve-se evitar talcos ou pós antissépticos, que ressecam a crosta, e evitar também o
uso de água oxigenada após o quinto dia da lesão.
Contusões
Figura 7. Contusão.
Fonte: Saúde Descomplicada (2016).
Primeiros socorros 11
Hemorragias
Segundo Brasil (2013), a hemorragia é caracterizada como a perda de sangue
através de ferimentos. Tratando-se em primeiros socorros, é importante obser-
var a natureza do sangramento. Assim poderemos classificar as hemorragias de
natureza arterial ou venosa. As hemorragias arteriais (saem das artérias) são
caracterizadas porque o sangue que dela origina sai em jato pulsátil e possuem
coloração vermelho vivo. Já as hemorragias venosas têm uma coloração mais
escura e saem das veias de formas lenta e continua.
O principal e imediato cuidado necessário em um paciente com hemorragia
é a compressão do ferimento com um pano limpo ou gaze, fazendo uma pressão
firme (Figura 8). Mantenha a vítima na posição horizontal, que facilitará a
circulação. Mantenha a vítima aquecida e calma e evite oferecer alimentos.
Queimaduras
A Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ) as define como feridas trau-
máticas que podem ser causadas por agentes: térmicos, químicos, elétricos ou
radioativos. Esses agentes atuam sobre os tecidos do corpo humano provocando
destruição parcial ou total da pele e anexos.
12 Primeiros socorros
Choques elétricos
Nesses casos de acidentes a rapidez do socorro é imprescindível. A vítima
às vezes pode apresentar queimaduras que sinalizam o percurso da corrente
elétrica. Além disso, existe uma grande possibilidade de sofrer arritmias
(Figura 11).
Diante de uma vítima de choques elétricos, você, como socorrista, deve
realizar as seguintes intervenções: deite a vítima e estenda a cabeça dela para
trás, de modo a facilitar a respiração; se constatar a parada cardiorrespiratória,
haja imediatamente, aplicando massagem cardíaca; caso a vítima esteja respi-
rando, observar se há alguma queimadura e o grau da sua extensão; procure
ajuda de profissionais.
14 Primeiros socorros
Essas lesões são capazes de produzir calor ou frio excessivos a ponto de danificar tecidos e
órgãos do corpo humano. Existem importantes aspectos que devem ser considerados na sua
classificação como: o agente causal, a extensão corporal atingida e sua profundidade.
Nesta Dica do Professor, você conhecerá como realizar os primeiros socorros em vítimas de
queimadura por produto químico, tendo em vista a maior incidência desse tipo de lesão nos
atendimentos de primeiros socorros.
EXERCÍCIOS
B) Ela permitirá que o socorrista, ao tomar conhecimento da situação, defina quais manobras
e técnicas devem ser usadas.
NA PRÁTICA
A obstrução das vias aéreas por corpo estranho no indivíduo consciente ocorre comumente
durante as refeições devido ao engasgo com alimentos. O grau de obstrução pode ser leve
(obstrução parcial da via aérea) ou grave (obstrução total da via aérea). O reconhecimento
precoce dos sinais de sufocação é essencial para prevenção de complicações e garantia da
sobrevida do paciente.
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:
Os escorpiões inoculam o veneno pelo ferrão, localizado no último segmento da sua cauda.
Esses animais são carnívoros, têm preferência por insetos com hábitos noturnos. Os acidentes
com escorpiões (escorpionismo) ocorrem com frequência e são potencialmente graves em
extremos da vida. Os de maior importância médica são: T. serrulatus, T. trivittatus, T. bahiensis
e T. stigmurus. Leia o artigo a seguir para conhecer mais sobre essa temática.
Primeiros socorros
Pequenas atitudes podem salvar uma vida. No vídeo a seguir, veja quais atitudes você ou seu
companheiro de trabalho deve tomar ao presenciar um acidente com vítima.
O restabelecimento da saúde das vítimas de acidentes começa no mesmo local onde ele ocorreu.
Assim, prestar os primeiros socorros com qualidade fará toda a diferença, tendo em vista que o
primeiro atendimento a pessoas que necessitam de primeiros socorros poderá ser um divisor de
águas para a sua recuperação. Veja, neste vídeo, como prestar o atendimento inicial nos
primeiros socorros.
Quais condutas devem ser realizadas em uma situação de emergência ou urgência? Para
responder a essa pergunta assista ao vídeo a seguir.
APRESENTAÇÃO
Você sabia que urgências e emergências são as principais portas de entradas dos serviços de
saúde brasileiros?
Neste contexto, é extremamente importante atentar e reconhecer as principais causas que levam
a população a buscar tais serviços. Além disso, o profissional de saúde deve realizar uma
classificação fidedigna a partir dos sinais e sintomas apresentados pelo paciente.
Bons estudos.
DESAFIO
A partir das informações apresentadas, qual o diagnóstico mais provável e modelo de escore
para o caso? Ao descobrir o valor do escore para este paciente existe alguma terapia
antitrombótica preferencial?
INFOGRÁFICO
Ao chegar em um atendimento de urgência, a primeira ação é a aferição dos sinais vitais. Com
isso, a aferição da pressão arterial já pode ser indicativo de uma situação de urgência ou de
emergência. Veja a seguir como identificar essas situações:
CONTEÚDO DO LIVRO
As urgências e emergências são situações desafiadoras que fazem com que o profissional de
saúde desenvolva a capacidade de rápido raciocinio clinico e a tomada de decisão. Esses
contextos demandam também conhecimentos e habilidades fundamentais para garantir a
segurança do paciente e resolução efetiva de suas demandas em saúde. No Capítulo Principios
Gerais em Urgencias e Emergencias você vai conhecer as principais definiçoes envoltas nesses
conceitos tal como a importancia do acolhimento e classificação de risco para um cuidado
equanime e os sinais e sintomas que sinalizam potenciais riscos de morte a pacientes.
Boa Leitura
PRIMEIROS
SOCORROS
Princípios gerais
em urgências e
emergências
Luiza Elena Casaburi
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
Independentemente do nível de atenção, todos os profissionais de saúde podem
se deparar com eventos agudos, que podem ser caracterizados como urgências ou
emergências. Por isso, é fundamental que estejam preparados para identificá-los
e agirem de maneira rápida e resolutiva.
Neste capítulo, você vai conhecer os sinais e sintomas de urgências e emer-
gências com base no acolhimento humanizado. Vai estudar os acometimentos
médicos mais comuns e que demandam maior atenção nas instituições de saúde,
os principais sinais e sintomas de alertas e suas possíveis causas. Por fim, vai
conferir como é realizada a classificação de risco no atendimento de urgências
e emergências.
2 Princípios gerais em urgências e emergências
(Continuação)
Hiperten- PAS ≥ 220 ou PAD ≥ 130 mmHg com PAS ≥ 220 ou PAD
são arterial qualquer sintoma. Alteração do ≥ 130 mmHg sem
nível de consciência. sintomas.
Dor torácica sugestiva de PAS entre 190 e 220
isquemia. ou PAD entre
Sinais neurológicos focais: 120-130 mmHg
paresia, parestesias, disfasia, com sintomas.
afasia, ataxia. Epistaxe franca.
(Continua)
Princípios gerais em urgências e emergências 5
(Continuação)
A coleta de uma boa história clínica e de um exame físico criterioso são mais
importantes do que a realização de exames complementares em pacientes
com queixa de dor torácica. Segundo Teixeira (2013), as seguintes questões
de alta prioridade devem ser avaliadas.
Princípios gerais em urgências e emergências 7
Irradiação da dor: para púbis ou vagina, sugere dor renal; para costas,
sugere aneurisma de aorta rompida, pancreatite e úlcera perfurada;
para ombro esquerdo, sugere ruptura de baço e pancreatite; para
escápula direita, sugere vesícula biliar.
O que alivia a dor: deitar de forma imóvel é sugestivo de peritonite;
melhoria com antiácido sugere úlcera péptica.
Sintomas associados: vômitos e diarreia sugerem gastroenterite; au-
sência de evacuação e flatos sugere obstrução intestinal aguda.
Sintomas neurológicos
O acidente vascular cerebral (AVC) está entre as principais causas de morte
e incapacidade no mundo. Desses eventos, 85% são isquêmicos, e a artéria
cerebral média é a mais acometida (KOTTAPALLY; JOSEPHSON, 2016). Cabe ao
profissional reconhecer os sinais mais comuns de AVC, como hemiparesia
contralateral (normalmente mais intensa em face e membro superior do
que em inferior), hemianestesia, fala disártrica, afasia ou apraxia. Havendo
suspeita de AVC, o paciente deve receber suporte básico imediato e ser
encaminhado o mais rápido possível para um serviço de referência, porque
quanto maior for o tempo sem tratamento maior será o risco de vida ou de
sequelas motoras e psíquicas.
As crises convulsivas manifestam-se por alteração da consciência e ati-
vidade motora involuntária, ocorrendo por descargas elétricas rápidas e
repetitivas de um grupo de neurônios ou do cérebro como um todo (MELO;
SILVA, 2011). O tipo mais grave é chamado status epilepticus, caracterizado
por uma convulsão contínua de mais de cinco minutos, ou convulsões re-
correntes em que o paciente não recupera a consciência entre as crises
(KOTTAPALLY; JOSEPHSON, 2016). Tal quadro é especialmente grave pelo poten-
cial de comprometer a oxigenação cerebral, levando a sequelas permanentes
ou à parada cardiorrespiratória. Porém, mesmo crises convulsivas parciais/
focais (que resultam em manifestações em parte do corpo, mas não em todo
o corpo e podem ou não alterar a consciência) e crises generalizadas (que se
manifestam em todo o corpo e sempre afetam a consciência) representam
emergências, sendo necessários assistência imediata e encaminhamento
para um serviço de referência, onde são investigadas as causas e instituído
o tratamento (MELO; SILVA, 2011).
10 Princípios gerais em urgências e emergências
1 - Vermelho
3 - Amarelo
5 - Azul
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Acolhimento e classificação de risco nos serviços de
urgência. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2009. (Série B. Textos Básicos de Saúde).
Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/acolhimento_classifi-
caao_risco_servico_urgencia.pdf. Acesso em: 15 mar. 2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. HumanizaSUS: acolhimento com avaliação e classificação
de risco: um paradigma ético-estético no fazer em saúde. Brasília, DF: Ministério da
Saúde, 2004. (Série B. Textos Básicos de Saúde). Disponível em: https://bvsms.saude.
gov.br/bvs/publicacoes/acolhimento.pdf. Acesso em: 15 mar. 2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.600, de 7 de julho de 2011. Brasília, DF:
Ministério da Saúde, 2011. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/
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BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.048, de 5 de novembro de 2002. Brasília, DF:
Ministério da Saúde, 2002. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/
gm/2002/prt2048_05_11_2002.html. Acesso em: 15 mar. 2021.
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ponível em: https://www.dynamed.com/approach-to/chest-pain-in-adults-approach-
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LACERDA, A. S. B. et al. Acolhimento com classificação de risco: relação de justiça com
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article/view/144375. Acesso em: 15 mar. 2021.
16 Princípios gerais em urgências e emergências
EXERCÍCIOS
B) Se caracteriza pela queda abrupta do débito cardíaco, com consequente piora da perfusão
tecidual.
Indivíduo jovem, com dificuldades respiratórias, não fumante, com história pessoal
de transplante de medula óssea. Essa apresentação de sintomas é sugestiva de:
A) Asma.
B) Insuficiência cardíaca congestiva (ICC).
C) Bronquiolite obliterante.
D) Tuberculose.
A) Frequência cardíaca > 100bpm; sem alterações de pressão arterial; Frequência respiratória
de 20 a 30 irpm.
B) Frequência cardíaca > 100bpm; sem alterações de pressão arterial; débito urinário de 20-30
mL/h.
C) Frequência cardíaca < 100bpm; sem alterações de pressão arterial; Frequência respiratória
< 20 irpm.
A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é caracterizada pela obstrução crônica do fluxo
aéreo e não é totalmente reversível. A exacerbação da DPOC é um evento agudo, com piora dos
sintomas respiratórios, normalmente necessitando atendimento de urgência.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:
APRESENTAÇÃO
Acidentes causam vítimas todos os dias, que podem apresentar diferentes gravidades e
necessidades de atendimento. Porém, em todos os casos, é sempre importante aplicar
procedimentos corretos de primeiros socorros. Os primeiros socorros são de suma importância
em situações graves, podendo fazer a diferença entre a vida e a morte da pessoa acidentada. Esse
atendimento deve ser feito no local do acidente, com o objetivo de manter a vítima viva para
receber o atendimento médico especializado. Primeiros socorros podem e devem ser de
conhecimento não apenas de profissionais de saúde, mas de toda a sociedade.
Bons estudos.
DESAFIO
Os acidentes representam 80% das internações (RIBEIRO; SOUZA; BAHIA, 2016). Por esse
motivo, conhecer procedimentos de primeiros socorros é de extrema importância para todas as
pessoas, uma vez que esse conhecimento pode salvar muitas vidas. Avaliar o local do acidente é
a primeira coisa que deve ser feita, com o intuito de manter a segurança do socorrista e verificar
possíveis riscos à vítima.
Sabendo disso, imagine que você presenciou o acidente da imagem a seguir e deve observar
alguns aspectos para prestar os primeiros socorros e acionar o serviço de urgência.
A partir dessa cena, realize a avaliação do local do acidente seguindo os passos:
a) Segurança.
b) História do trauma.
c) Número de vítimas.
d) Bioproteção.
e) Apoio.
INFOGRÁFICO
O atendimento de Urgência e Emergência deve ser feito com a maior velocidade possível, uma
vez que, nesses casos, o tempo de espera pode ser determinante. Pensando nesse fator, o
Protocolo P.A.S foi criado, buscando nortear o atendimento da maneira mais eficiente possível.
No Infográfico, você irá aprofundar seus conhecimentos sobre esse protocolo de atendimento.
CONTEÚDO DO LIVRO
No capítulo Etapas básicas nos primeiros socorros, da obra Primeiros socorros, você vai
identificar os princípios básicos do atendimento em primeiros socorros, saber como avaliar
corretamente um local de acidente e conhecer os procedimentos a serem aplicados na pessoa que
sofreu um acidente.
Boa leitura!
PRIMEIROS
SOCORROS
Introdução
Acidentes são a maior causa de internações em hospitais, causando
vítimas diariamente. Esses acidentes podem ter diferentes gravidades,
podendo não causar nenhuma lesão à vítima ou evoluir a óbito. Por isso,
saber reconhecer a gravidade de um acidente e do estado de saúde da
pessoa acidentada é muito importante.
Os primeiros socorros devem ser prestados em todas as situações
de acidente, independente da complexidade, podendo ser cruciais,
principalmente em acidentes graves, onde o socorro imediato pode ser
a diferença entre a vida e a morte. Para tal, o atendimento de primeiros
socorros deve ser feito no local do acidente, com o objetivo de manter a
vítima do acidente ou agravo de saúde viva para receber o atendimento
médico especializado. Esse tipo de atendimento pode e deve ser de
conhecimento não apenas de profissionais de saúde, mas de toda a
sociedade.
Neste capítulo, você vai identificar os princípios básicos do atendi-
mento em primeiros socorros, bem como aprender a avaliar corretamente
um local de acidente e apontar os procedimentos a serem aplicados à
pessoa que sofreu um acidente.
2 Etapas básicas nos primeiros socorros
Ambiente Ambiente
Fases Sujeito Agente
físico socioeconômico
até que a pessoa que realiza o atendimento possa pôr o sujeito a cargo de um
médico para o tratamento definitivo (HAMMERLY, 1979).
Curiosamente, mesmo tendo-se passado 40 anos desde que esse conceito
foi concebido, ele ainda é bastante atual, parecendo-se muito com o conceito
apresentado por Brasil (2003, documento on-line):
Para que tal atendimento seja prestado com excelência, é importante ob-
servar alguns passos para um atendimento de primeiros socorros de qualidade
(BRASIL, 2003):
Para avaliar o local do acidente, deve-se seguir alguns passos, que são:
segurança, história do trauma, número de vítimas, bioproteção e apoio. Ob-
serve a seguir.
Apoio: procurar auxílio das pessoas próximas ao local do acidente para dar o
espaço para que o socorrista realize as manobras ou para chamar o SSAMU
e controlar o trânsito (caso seja necessário). No caso de não haver pessoas
por perto, isso deve ser feito com o máximo de agilidade e tranquilidade pela
própria pessoa que presta o socorro inicial. Também, deve-se tentar manter a
calma dos demais e, se possível, isolar a área, afastando as pessoas do local
do acidente, uma vez que essa movimentação pode dificultar a prestação dos
primeiros socorros (BRASIL, 2003).
Trauma pode ser definido como a lesão caracterizada por alterações estruturais ou
desequilíbrio fisiológico causada pela exposição aguda a diferentes formas de energia:
mecânica, térmica, elétrica, química e irradiações, podendo afetar superficialmente o
corpo ou lesar estruturas nobres e profundas do organismo (FRANÇOSO; MALVESTIO,
2007).
A abordagem ABCDE tem essa sigla pois as suas etapas foram desenvolvidas nos
Estados Unidos e sigla corresponde a palavras na língua inglesa:
A: airway (via aérea).
B: breathing (respiração).
C: circulation (circulação).
D: disability (incapacidade).
E: exposure (exposição).
Abertura das vias aéreas: é feita de maneira diferente quando a vítima está
consciente e inconsciente.
■ Ter cuidado para não fechar a boca ou pressionar a parte que fica
abaixo do queixo, pois isso pode obstruir as vias aéreas.
■ Se um corpo estranho, vômito ou outras secreções estiverem visíveis
na cavidade oral, devem ser cuidadosamente removidos.
B: verificar a respiração
Esta etapa consiste em observar se a vítima está respirando. Para isso, a análise
deve ser feita durante 10 segundos. Deve-se aproximar bem a orelha do rosto
da vítima de maneira que o olhar fique na direção do seu tórax e executar
a técnica de ver, ouvir e sentir, da seguinte forma: ver se há movimento do
tórax e do abdômen; ouvir se existe ruído do ar entrando e saindo pela boa
ou nariz e sentir o ar saindo da boca ou nariz.
C: circulação
Acesse o link a seguir e veja este vídeo sobre a Abordagem ABCDE explicada pelo
especialista em primeiros socorros Maicon Rodrigo.
https://qrgo.page.link/qfQMD
14 Etapas básicas nos primeiros socorros
Leituras recomendadas
PERGOLA, A. M.; ARAUJO, I. E. M. O leigo em situação de emergência. Revista da Escola
de Enfermagem da USP, v. 42, n. 4, 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/
v42n4/v42n4a20.pdf. Acesso em: 28 jun. 2019.
SANTINI, G. I. Primeiros socorros e prevenção de acidentes aplicados ao ambiente
escolar. Campo Morão, 2008. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/
portals/pde/arquivos/2104-6.pdf. Acesso em: 28 jun. 2019.
DICA DO PROFESSOR
Os primeiros socorros são compostos por diferentes estágios e processos que devem ser
seguidos, buscando a segurança de quem está prestando o socorro e também a vítima do
acidente.
Dentre estes processos, pode-se verificar a avaliação do acidente como um importante passo
para planejar medidas de socorro eficientes. Esta correta avaliação deve ser informada ao
serviço de atendimento de emergência, uma vez que, mediante esta avaliação é possível
identificar qual a gravidade do acidente.
Neste vídeo da Dica do Professor, você verá os passos para uma correta avaliação do local do
acidente e da vítima.
EXERCÍCIOS
A) Primeiros socorros são os cuidados que devem ser prestados rapidamente e no local do
acidente, com o fim de manter as funções vitais da vítima e evitar o agravamento de suas
condições de saúde, aplicando medidas e procedimentos até a chegada de assistência
qualificada.
B) Primeiros socorros são os cuidados imediatos que devem ser prestados rapidamente a uma
pessoa que sofreu um acidente ou mal súbito, até que se reestabeleça a saúde, não sendo
necessária a espera do serviço especializado.
C) Primeiros socorros são os cuidados que são prestados no local do acidente e têm como
objetivo curar a pessoa que sofreu o acidente até que ela possa ir para casa.
D) Primeiros socorros são os cuidados que devem ser prestados no local, não sendo necessário
ter pressa no atendimento, podendo ser realizado enquanto o serviço especializado chega
no local.
E) Primeiros socorros são os cuidados que devem ser prestados rapidamente no local do
acidente, com o fim de manter as funções vitais e evitar o agravamento de suas condições
de saúde, até que a situação se estabilize e a pessoa vá para casa, sem necessidade de
assistência qualificada.
A) F-V-V-V-F.
B) V-F-F-F-V.
C) V-V-V-V-V.
D) V-V-F-F-V.
E) F-F-V-V-F.
a) Observar a cena.
b) Conversar com a pessoa acidentada.
c) A posição em que a pessoa acidentada está.
d) Urgência no atendimento.
e) Mecanismo do trauma.
( ) Esta etapa auxilia a entender como o acidente ocorreu. Para tal, é necessário estar
calmo para conseguir prestar atenção aos detalhes.
( ) Esta etapa permite coletar informações com testemunhas do evento.
( ) Esta etapa consiste em observar com atenção o corpo da pessoa acidentada,
buscando lesões ou qualquer coisa fora do comum.
( ) Permite identificar a gravidade do estado de saúde da vítima do acidente.
( ) Esta etapa consiste em buscar entender como o acidente gerou a lesão que a pessoa
acidentada tem, facilitando o atendimento da equipe do SAMU.
A) B-C-A-E-D.
B) A-B-C-D-E .
C) D-E-C-B-A.
D) E-A-D-B-C.
E) A-B-C-E-D.
4) Após esta avaliação inicial, Françoso & Malvestio (2007) propõem que a avaliação da
vítima de trauma deve seguir a Abordagem ABCDE. Sobre essa abordagem,
considere as afirmativas a seguir:
I - A abertura de vias aéreas tem diferentes protocolos para quando a vítima está
consciente, e outro para quando a vítima está inconsciente.
III - É sempre importante cuidar para não expor o corpo da vítima além do
necessário do atendimento, mantendo-a protegida do sol e da chuva.
IV - Movimentar a vítima de um acidente é um ato perigoso, mas que, por vezes, faz-
se necessário, podendo ser feito por leigos, desde que tenham força para movimentar
a pessoa acidentada.
NA PRÁTICA
Acidentes podem acontecer nos mais diferentes locais e momentos. Escolas são espaços
propícios a acidentes por terem crianças que ainda não têm o controle motor plenamente
desenvolvido, além da grande concentração de pessoas.
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:
Mecanismos do trauma
Uma das etapas de avaliação do local do acidente passa pelo que é chamado de mecanismo do
trauma. Ele ajuda a entender como o acidente aconteceu e como se deu a lesão. Assim, também
auxilia pessoas leigas e profissionais a prestarem um melhor atendimento à vítima. Na Dica do
Professor, você irá aprofundar os seus conhecimentos sobre o mecanismo do trauma.
Assista ao vídeo que traz os procedimentos de abordagem inicial dos primeiros socorros de uma
vítima de agravos.
Leia o artigo que mostra a importância do ensino de procedimentos de primeiros socorros entre
os estudantes para a prevenção de acidentes.
Leia a cartilha que busca orientar a todos que desejam se capacitar para atuar na primeira
abordagem de uma vítima de acidente, prestando os primeiros socorros.
APRESENTAÇÃO
O corpo humano é como uma máquina, que tem diversas engrenagens e rolamentos que
precisam estar funcionando adequadamente para estar em bom estado de saúde. Como as
máquinas, o corpo humano também tem um painel de controle, que mostra quando algo não está
funcionando corretamente. No corpo humano, este painel de controle são os sinais vitais e os
sinais de apoio.
Esses sinais indicam as condições de saúde da pessoa e são imprescindíveis para o atendimento
de primeiros socorros. Aferir corretamente esses sinais é tão importante quanto conhecê-los,
uma vez que erros na aferição podem gerar incosistências no diagnóstico e no tratamento da
vítima de acidente.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender quais são as funções vitais e os sinais de
apoio e como aferi-los corretamente, bem como vai ver como avaliar cada um deles.
Bons estudos.
DESAFIO
Sinais de apoio e funções vitais são os sinais medidos no corpo com o intuito de informar as
condições do funcionamento de órgãos vitais. As funções vitais auxiliam a entender se a vítima
de acidente corre risco de morte ou não; já os sinais de apoio tornam-se mais evidentes à medida
que a pessoa acidentada tem seu quadro piorado.
INFOGRÁFICO
As funções vitais são as informações fornecidas pelo próprio organismo sobre seu estado de
saúde, por isso são chamadas de "indicadores de vida". Sendo assim, é de extrema importância
saber aferi-las para prestar os primeiros socorros de forma correta.
Neste Infográfico, veja quais são e em que local do corpo devem ser medidas as funções vitais.
CONTEÚDO DO LIVRO
Os sinais vitais e os sinais de apoio são as pistas que o organismo fornece sobre o seu estado de
saúde, como, por exemplo, se há lesões ou órgão que não está em pleno funcionamento. Por
isso, avaliar ambos é tão importante, principalmente em atendimentos de primeiros socorros.
Aferir corretamente é mais importante do que conhecer os conceitos profundos de cada um dos
sinais vitais, uma vez que um dado aferido errôneamente pode ser crucial em um diagnóstico ou
ainda em uma decisão do socorrista.
No capítulo Funções, sinais vitais e sinais de apoio, do livro Primeiros socorros, você vai ver as
funções vitais e de apoio, bem como seus conceitos e suas caracterísiticas. Além disso, você vai
ver os instrumentos e os procedimentos para aferi-los corretamente.
Boa leitura.
PRIMEIROS
SOCORROS
Introdução
Sinais vitais são medidas que fornecem dados fisiológicos que indicam as
condições de saúde da pessoa, sendo imprescindíveis para o atendimento
de primeiros socorros, juntamente com os sinais de apoio, que são pistas
que o organismo dá sobre seu estado de saúde, podendo ser entendidos
como indicativos de lesões mais graves. Avaliar ambos auxilia a pessoa
que irá prestar os primeiros socorros em ter a noção da gravidade do
acidente e da condição de saúde do acidentado, podendo, assim, realizar
o melhor atendimento possível e passar a informação mais completa e
correta possível para o serviço de saúde de emergência.
Neste capítulo, você vai conhecer quais são as funções vitais, bem
como seus conceitos e características, reconhecendo os sinais de apoio
do organismo e quais as suas comorbidades associadas, além de aprender
como aferir corretamente os sinais vitais.
Funções vitais
As funções vitais ou sinais vitais são funções que são exercidas pelo cérebro
e pelo miocárdio, tais como a frequência cardíaca (FC), pressão arterial (PA),
frequência respiratória (FR) e a saturação de oxigênio. Essas funções dão
condições para que todas as células do nosso corpo continuem operando de
maneira adequada.
2 Funções, sinais vitais e sinais de apoio
A hipóxia (falta de ar) pode acabar matando os neurônios do cérebro. Essa morte
pode acontecer total — levando a óbito — ou parcialmente — provocando lesões
no cérebro que interfere na vida da pessoa que sofreu esse mal. A hipóxia é muito
perigosa, devendo ser atendida imediatamente, uma vez que o tempo que o cérebro
consegue suportar sem oxigênio é de três minutos.
O pulso pode ser apresentado variando de acordo com sua frequência, regu-
laridade e volume. A regularidade refere-se à alteração de ritmo, podendo ter
um ritmo constante, o considerado normal, ou uma variação do ritmo. O volume
é a “força da pulsação” e pode ser classificado como “pulso cheio” ou “pulso
filiforme”, que é quando a pulsação é muito fraca, difícil de se perceber. Já a
frequência varia de acordo com a idade e o sexo, como veremos no Quadro 1:
Pressão arterial (PA): é a pressão que o sangue exerce nos vasos sanguíneos,
dependendo da força de contração do coração, da quantidade de sangue e do
quanto o vaso sanguíneo é capaz de distender para a passagem do volume de
sangue que está circulando no organismo. A aferição da PA é uma excelente
fonte de indicação de funcionamento do organismo de uma pessoa. Para tal,
deve-se utilizar materiais e técnicas adequados (BRASIL, 2003b), sendo
considerado um valor normal de PA para indivíduos adultos o valor de 120/80
mmHg (POTTER; PERRY, 2011). A PA sofre interferência da atividade física,
podendo subir durante sua prática, bem como em função de fatores emocionais,
dor, alimentação e temperatura ambiente.
Sinais de apoio
Além dos sinais vitais, existem outros sinais que podem ser observados com o
intuito de ter mais informações sobre o estado de saúde da pessoa que sofreu
um acidente: são os chamados sinais de apoio.
Sinais de apoio são os sinais que o corpo dá e que informam as condições
do funcionamento de seus órgãos vitais; mas é necessário saber ler essas
informações. Esses sinais tornam-se mais evidentes à medida que a pessoa
Funções, sinais vitais e sinais de apoio 7
acidentada tem seu quadro piorado. Os principais sinais de apoio são: dilata-
ção e reatividade das pupilas, cor e umidade da pele, estado de consciência e
motilidade e sensibilidade do corpo (BRASIL, 2003b). Veremos mais sobre
estes sinais abaixo.
Cor e umidade da pele: esses sinais de apoio podem ser muito úteis para
entender o quadro geral de saúde do acidentado. A pele pode apresentar-se de
maneira pálida, cianosada (tom de pele azulado) ou hiperemiada (vermelha e
quente), bem como úmida e pegajosa. Cada alteração dessas pode significar
um agravo diferente de saúde, como veremos no Quadro 3 e na Figura 3.
Em um dia muito frio, você encontra uma pessoa acidentada, com o corpo molhado
e com os pés descalços e percebe que a boca e os dedos dos pés e das mãos estão
azulados. Por conta de toda a situação, é fácil pensar que essa pessoa está com uma
hipotermia, que é a quando a temperatura corporal fica muito abaixo do esperado. O
procedimento adequado é tapar essa pessoa com cobertores, casacos, ou seja, o que
estiver disponível no momento pra fazer a sua temperatura voltar ao estágio normal.
Alteração Ocorrência
(a) (b)
Figura 3. Da esquerda para direita: mãos com característica de Cianose (a) e pés com
característica de Hiperemia (b).
Fonte: (a) Alterações... ([201-?, documento on-line]); (b) Hanning (2018, documento on-line).
Por esse motivo, pedir que a pessoa acidentada movimente a ponta dos
dedos das mãos e dos pés é tão importante. Às vezes, a pessoa acidentada
apresenta movimento e sensibilidade nos membros, mas há queixa de dormên-
cia e formigamento, podendo isto também ser indicativo de lesão medular,
devendo todas essas informações serem transmitidas para o serviço de saúde
especializado.
Conhecer e verificar rapidamente todos esses sinais é importante para que
o socorro possa ser realizado da melhor e mais assertiva maneira possível.
Mas, para tal, é necessário conhecer as técnicas e métodos adequados para a
verificação de cada um deles, o você poderá acompanhar a seguir.
Oral: o termômetro deve ser de uso individual, ou seja, não pode ser
compartilhado. Ele der ser posicionado abaixo da língua e mantido
Funções, sinais vitais e sinais de apoio 11
firme e com os lábios fechados por 3 minutos. Não se deve utilizar esse
método em crianças, idosos, pessoas inconscientes ou após ingestão
de alimentos.
Retal: é a medição mais precisa, ou seja, a que apresenta a temperatura
de maneira mais fidedigna. Para realizar esta aferição, é necessário que
a pessoa esteja em decúbito lateral, inserindo cerca de 3,5 cm, mantendo
o termômetro por 3 minutos. É importante que o termômetro seja de
uso individual.
Axilar: esta é a verificação menos invasiva e, por consequência, a mais
utilizada, mesmo não sendo tão precisa. Para que a verificação seja
adequada, é necessário ter o cuidado ao colocar o termômetro na axila,
pois somente a pele deve entrar em contato com o termômetro, bem
como cuidar para que a axila esteja seca, pois o suor pode modificar
o resultado da aferição. Para este procedimento, é indicado deixar o
termômetro de 5 a 7 minutos.
Para realizar esta aferição, o bulbo (ou seja, a parte de metal, que mede
a temperatura) deve ser colocado sob a axila seca, devendo ser colocado o
braço, com o cotovelo flexionado, sobre o peito, com a mão em direção ao
ombro oposto; mantendo o termômetro durante o período indicado. Para ler
o termômetro, o ideal é que o segure na altura dos olhos, principalmente nos
termômetros de mercúrio, para melhor visualização do resultado. Após o uso,
é importante higienizar o equipamento, com álcool a 70%.
Frequência Cardíaca (FC): também conhecida como pulso, ela mede quantos
batimentos o coração está dando em 1 minuto. Para tal, é possível contar,
por 1 minuto, quantos batimentos aconteceram nesse intervalo de tempo,
ou, o mais utilizado, que é contar os batimentos por durante 15 segundos,
multiplicando o número de batimentos por 4, dando assim, a quantidade de
batimentos em 1 minuto.
Mesmo tendo o nome usual de “pulso”, os batimentos podem ser verifica-
dos em diferentes locais do corpo humano (Figura 4), mas, pela praticidade e
eficiência, o local mais utilizado é o pulso. Para fazer a verificação da FC no
pulso, usa-se a ponta dos dedos indicador e médio na parte anterior do punho.
É importante fazer um pouco de pressão, mas sem pressionar demasiadamente.
Para sentir o pulso com mais facilidade, é indicado (BRASIL, 2003b):
12 Funções, sinais vitais e sinais de apoio
Figura 4. Localização das artérias utilizadas para avaliação dos pulsos periféricos.
Fonte: Costa e Eugenio (2014, p. 77).
Funções, sinais vitais e sinais de apoio 13
Neste vídeo do telessaúde, você pode verificar a técnica de aferição da pressão arterial.
Acesse-o no link a seguir.
https://qrgo.page.link/qJY66
ALTERAÇÕES da coloração da pele. Cianose. [S. l.], [201-?]. Disponível em: https://www.
studyblue.com/notes/note/n/alteracoes-da-coloracao-da-pele/deck/20270790. Acesso
em: 21 jul. 2019.
ANDRADE, A. F. et al. Coma e outros estados de consciência. Revista de Medicina, v. 86,
n. 3, p. 123–131, 2007. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revistadc/article/
view/59185/62203. Acesso em: 21 jul. 2019.
BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003b.
Disponível em: http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/manuais/biosseguranca/
manualdeprimeirossocorros.pdf. Acesso em: 21 jul. 2019.
BRASIL. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de
Gestão da Educação na Saúde. Profissionalização de auxiliares de enfermagem. Brasília,
DF: Ministério da Saúde, 2003a. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publi-
cacoes/profae/pae_cad3.pdf. Acesso em: 21 jul. 2019.
COSTA, A. L. J. da; EUGENIO, S. C. F. Cuidados de enfermagem. Porto Alegre: Artmed,
2014. (Série Tekne).
HANNING, C. Hiperemia da pele: o que é isso?: causas de hiperemia da pele. Brasil, 2018.
Disponível em: https://pt.carolchanning.net/zdorove/128292-giperemiya-kozhnyh-
-pokrovov-chto-eto-takoe-prichiny-giperemii-kozhnyh-pokrovov.html. Acesso em:
21 jul. 2019.
LEONEL, C. Pupilas dilatadas pode ser sinal de doença. Brasil, 2019. Disponível em: https://
www.medicinamitoseverdades.com.br/blog/pupilas-dilatadas-pode-ser-sinal-de-
-doenca. Acesso em: 21 jul. 2019.
POTTER, P. A.; PERRY, A. G. Fundamentos de enfermagem. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2011.
Leituras recomendadas
ALCANTARA, P. L et al. Efeito da interação com palhaços nos sinais vitais e na comu-
nicação não verbal de crianças hospitalizadas. Revista Paulista de Pediatria, v. 34, n. 4,
p. 432–438, 2016. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/
S2359348216000324. Acesso em: 21 jul. 2019.
NISHIDAN, J. K.; NASSAR, V.; VIEIRA, M. L. H. Processo interativo para aferição de sinais
vitais de pacientes: proposta de uma pulseira multiparamétrica. Hergodesign e HCI,
v. 4, nesp., p. 85−92, 2016. Disponível em: http://periodicos.puc-rio.br/index.php/
revistaergodesign-hci/article/download/122/158/. Acesso em: 21 jul. 2019.
TEIXEIRA, C. C. et al. Aferição de sinais vitais: um indicador do cuidado seguro em idosos.
Texto & Contexto Enfermagem, v. 24, n. 4, p. 1071-1078, 2015. Disponível em: http://www.
scielo.br/pdf/tce/v24n4/pt_0104-0707-tce-24-04-01071.pdf. Acesso em: 21 jul. 2019.
DICA DO PROFESSOR
No vídeo do Dica do Professor de hoje você verá o procedimento para aferição da frequência
respiratória, bem como irá identificar suas diferentes formas de aparição.
EXERCÍCIOS
1) As funções vitais são funções exercidas pelo cérebro e pelo miocárdio que visam ao
bom funcionamento de todas as estruturas do corpo humano. Sabendo disso, assinale
a alternativa em que aparecem apenas as funções vitais do organismo.
3) O sinal de apoio "cor e umidade da pele” permite entender o estado de saúde de uma
pessoa, bem como o tipo de lesão que a acometeu. A partir disso, relacione a primeira
coluna com a segunda quanto às diferenças de cor e umidade da pele e, após,
selecione a alternativa correta:
I – Cianose
II – Palidez
III – Hiperemia
IV – Pele amarela
V – Pele fria a viscosa
( ) Pele arroxeada, que pode ser causada por exposição ao frio, parada
cardiorrespiratória e morte.
( ) Pele inchada e avermelhada, que pode ser causada por febre, exposição a
ambientes quentes, ingestão de bebidas alcoólicas, queimaduras de primeiro grau ou
traumatismos.
( ) Estado de choque.
( ) Ausência de cor na pele, deixando a face da pessoa muito branca. Pode ser causada
por hemorragias, parada cardiorrespiratória, exposição ao frio ou extrema tensão
emocional.
( ) Sintoma de icterícia.
C) I e II estão corretas.
D) I, II e IV estão corretas.
E) II e IV estão corretas.
5) A pressão arterial pode ser considerada um dos principais sinais vitais, com
procedimentos e instrumentos específicos para realizar tal aferição. Sabendo disso,
analise as afirmações abaixo e selecione a alternativa correta:
III – A pressão arterial sofre interferência da atividade física, podendo subir durante
sua prática.
NA PRÁTICA
Acidentes acontecem em todos os lugares, todos os dias. Por isso, é necessário ter conhecimento
sobre o atendimento em primeiros socorros, que englobam a aferição e a avaliação correta dos
sinais vitais.
Na Prática, veja como Luciana, uma personal trainer, agiu ao encontrar uma aluna em situação
de acidente.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:
Frequência cardíaca
Funções vitais ou sinais vitais são um conjunto de variáveis fisiológicas que indicam o estado de
saúde de uma pesssoa. Caso ela não apresente sinais vitais, pode estar morta. Um dos sinais
vitais mais conhecido é a frequência cardíaca, também conhecida como pulso. Nesta Dica do
Professor, você vai ver as características, as definições e a mensuração da frequência cardíaca.
Neste vídeo, você vai ver o procedimento correto de aferição da pressão arterial para evitar
erros.
Neste vídeo, você vai ver o passo a passo e as dicas de como realizar a avaliação da frequência
respiratória.
Efeito da interação com palhaços nos sinais vitais e na comunicação não verbal de crianças
hospitalizadas
Por meio de um experimento realizado com crianças internadas, este artigo busca entender como
as emoções interferem nos sinais vitais e nos sinais de apoio.
APRESENTAÇÃO
Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá aprender a identificar a ocorrência de desmaio além
de saber como se portar diante dessa situação.
Bons estudos.
DESAFIO
De acordo com o Manual de Prevenção de Acidentes nas Escolas da Prefeitura de São Paulo, o
“desmaio é um episódio breve de perda da consciência, que raramente ultrapassa dois minutos,
não acompanhado de outras manifestações. A principal causa é a diminuição rápida e reversível
da circulação sanguínea no cérebro. Pode ocorrer como resultado de dor, medo, excitação,
fadiga, longos períodos em pé em ambientes quentes, nervosismo e exercícios físicos
prolongados. O desmaio geralmente é precedido de mal-estar, embaçamento ou escurecimento
da visão e tonturas. Durante o episódio, ocorre relaxamento dos músculos dos braços e das
pernas e a vítima fica muito pálida e suando frio. A recuperação é rápida, com retorno completo
da lucidez, sem a ocorrência de desorientação após o evento".
Com base nessas colocações, imagine que você está retornando do seu trabalho e indo para casa
quando se depara com um estudante desmaiado na calçada. Próximo a ele não há nenhuma
pessoa que possa oferecer mais informações sobre essa situação.
INFOGRÁFICO
Para aprofundar seu conhecimento, faça a leitura do capítulo Desmaios (síncope), que faz parte
da obra Primeiros Socorros. O capítulo é a base teórica desta Unidade de Aprendizagem.
Boa leitura.
PRIMEIROS
SOCORROS
Márcio Haubert
Desmaios (síncope)
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
O desmaio, também chamado cientificamente de síncope, é uma perda
transitória da consciência decorrente da diminuição do fluxo sanguíneo
cerebral, caracterizada pelo início rápido, de curta duração e com recu-
peração espontânea completa. Ele está associado à incapacidade de
manter o tônus postural, o que faz o paciente acometido sofrer queda
da própria altura. Os seus sinais e sintomas incluem fraqueza muscular
generalizada, incapacidade de se manter em pé, palidez, pulsação fraca,
transpiração e perda da consciência.
Neste capítulo, você estudará as situações de desmaio e saberá como
se portar nesses casos.
Desmaios ou síncopes
Segundo a Sociedade Europeia de Cardiologia, a síncope é definida pela
perda de consciência momentânea, devido a uma hipoperfusão cerebral glo-
bal transitória de rápido surgimento e curta duração, com uma recuperação
espontânea total. Em alguns casos, os pacientes apresentam sintomas, que
serão apresentados em breve.
Sua prevalência na população em geral é elevada e acomete principalmente
as mulheres entre 10 e 30 anos. Ela apresenta causas diversas, sendo as mais
comuns relacionadas à síncope reflexa, ou neuromediana, à hipotensão or-
tostática e às síncopes de origem cardíaca.
2 Desmaios (síncope)
fraqueza;
mal-estar;
palidez;
sudorese;
vertigens;
pulso fraco;
queda da pressão arterial;
náuseas;
transpiração;
extremidades frias;
alterações visuais.
hipoglicemia;
hipotensão;
anemia, desidratação ou diarreia intensa;
cansaço excessivo;
nervosismo intenso;
emoções súbitas;
sustos;
acidentes, principalmente os que envolvem perda sanguínea;
dor intensa;
permanência prolongada em pé;
Desmaios (síncope) 3
Síncope vasovagal
Estimulações anormais do nervo vago podem levar a desacelerações do coração
e, consequentemente, à queda de pressão arterial, com isso, diminui-se tem-
porariamente o aporte sanguíneo ao cérebro, causando um desmaio. Este tipo
de síncope ocorre comumente em pessoas jovens e sem doenças associadas,
bem como é antecipada por suores frios, palidez e escurecimento da visão.
A indução da síncope vasovagal pode ocorrer por meio de quadros de uma
forte dor, pois o acidentado permaneceu muito tempo em pé, e por medo ou
estados de ansiedade intensa. Ela explica os desmaios dos que têm pânico de
agulha e precisam coletar sangue ou receber medicações, jovens em shows
de música ou guardas que ficam muito tempo em pé sem se movimentar.
Na maioria dos casos, o estímulo vagal não leva ao desmaio e causa apenas
mal-estar, tonturas, enjoos e vômitos que passam em alguns minutos após o
paciente se sentar ou deitar.
Existem, ainda, pessoas com hipersensibilidade no seio carotídeo, no
qual passam as fibras do nervo vago, e o simples fato de massagear a região
lateral do pescoço desencadeia o estímulo excessivo desse nervo, levando-as
à síncope. Por isso, elas podem desmaiar com um simples virar mais rápido
do pescoço ou durante alguns esforços físicos.
Já os pacientes que têm arritmias cardíacas com frequência podem receber
dos médicos uma massagem vigorosa do seio carotídeo, chamada de manobra
vagal, a qual visa controlar as alterações dos batimentos cardíacos por meio
dessa intensa massagem na região lateral do pescoço, pela estimulação vagal.
Hipotensão postural
O ato de se levantar ou de mudar bruscamente a posição deitada ou sentada
para a de pé pode causar um fenômeno fisiológico chamado de hipotensão
postural. Várias pessoas já experimentaram essa sensação, a qual causa ton-
turas e visão turva, mas que, na maioria dos casos, chega no máximo a uma
pré-síncope. A queda mais abrupta da pressão arterial, que desencadeia uma
4 Desmaios (síncope)
Arritmias cardíacas
Os desmaios comumente podem ser causados por arritmias cardíacas, pois
um coração arrítmico bombeia sangue com ineficiência, causando uma má
oxigenação cerebral e, consequentemente, a síncope. Se elas ainda estiverem
presentes no momento do atendimento médico, o diagnóstico é de fácil es-
tabelecimento. Porém, a maioria das arritmias é intermitente e dura apenas
alguns minutos, por isso, seu diagnóstico fica mais difícil de ser realizado.
Nesse tipo de síncope, o paciente geralmente perde a consciência sem ter
sintomas prévios, surgindo no máximo um quadro de palpitações que precede
o desmaio. Por exemplo, as arritmias como a bradicardia (batimentos abaixo
do normal) e a taquicardia (batimentos acima do normal) provocam desmaios.
Essas síncopes de origem cardíaca têm um potencial perigo, pois podem ser
causadas por arritmias malignas, as quais colocam em risco a vida do paciente,
e evoluir para uma parada cardíaca.
Como é feito?
Ele pode ter até seis etapas, dependendo do caso. Para iniciá-lo, o paciente é colocado
sobre uma mesa especial (basculante), que se movimenta apoiada em pinos laterais e
permite avaliá-lo em diversas inclinações, captando suas reações a cada movimento.
Durante o exame, algumas medicações poderão ser administradas pelo soro instalado
em uma veia periférica. A pressão arterial é verificada a cada dois minutos por meio
de um equipamento automático; e o coração, monitorado continuamente por um
eletrocardiograma em todas as etapas realizadas.
Preparo e contraindicações
Para a sua realização, não é necessária a internação. O paciente deve estar em jejum
por 4 horas antes do procedimento e trazer exames como Holter, teste ergométrico ou
ecocardiograma, caso já tenha feito algum. O teste é realizado por médicos especializados;
e o paciente, liberado logo após seu término, aguardando-se apenas sua completa recu-
peração, pois não se trata de um exame invasivo que necessite de repouso em seguida.
Ao final, um relatório completo é fornecido ao paciente, com todos os detalhes do
exame e os gráficos com o comportamento da pressão arterial, frequência cardíaca,
posição da pessoa, sinais e sintomas clínicos. Baseado nele, o médico que solicitou
o teste orientará o tratamento, que varia de apenas orientações clínicas ao uso de
medicamentos até cirurgias específicas.
Veja na Figura 1 como é realizado o teste de inclinação ortostática.
embolia pulmonar;
tensão emocional;
emoções fortes;
ansiedade;
doenças vasculares cerebrais;
doenças cardíacas;
hipertensão pulmonar;
hipotensão postural;
infecções;
crises convulsivas (epilepsia).
Pontos-chave:
a síncope resulta da disfunção global do sistema nervoso central, geralmente por
fluxo sanguíneo cerebral insuficiente;
a maioria das síncopes resulta de causas benignas;
algumas causas menos comuns envolvem arritmias cardíacas ou obstrução da via
de saída do coração e são graves e potencialmente fatais;
a síncope vasovagal geralmente tem deflagrador aparente, sinais alarmantes e
alguns minutos ou mais de sintomas após a recuperação;
a síncope por arritmias cardíacas tipicamente ocorre de maneira abrupta e tem
recuperação rápida;
as convulsões têm tempo de recuperação prolongado, por exemplo, horas;
se a etiologia não for esclarecida como benigna, deve-se proibir a direção e a
utilização de máquinas até que ela seja determinada e tratada — a próxima ma-
nifestação de causa cardíaca não reconhecida pode ser fatal.
Afaste os curiosos.
Coloque a vítima deitada no chão com as costas para baixo, elevando suas
pernas, para que elas fiquem mais altas em comparação ao restante do corpo,
conforme mostra a Figura 2.
Não ofereça nenhum tipo de bebida ou alimento, nem nada para cheirar.
Mantenha a vítima deitada por mais cinco minutos assim que ela recuperar a
consciência e não tenha pressa em coloca-la de pé.
Sente a vítima devagar, aos poucos, ajudando-a a ficar de pé, sempre amparando-a.
Síncope Convulsão
Aprenda a como agir em caso de desmaio com as dicas simples do Corpo de Bombeiros
Militar do Estado de Goiás, disponíveis no link a seguir.
https://goo.gl/aXQRRg
https://goo.gl/jtCQjT
AMAZONCOR. Tilt table test (exame da mesa inclinada). [2018]. Disponível em: <http://
www.amazoncor.com.br/?n=29>. Acesso em: 13 jun. 2018.
ESPECIALISTA 24. Desmaio (síncope): tratamento, causas e sintomas. 2013. Disponível
em: <http://www.especialista24.com/desmaio-sincope/>. Acesso em: 06 jun. 2018.
MACATRÃO-COSTA, M. F.; HACHUL, D. Síncope. 2009. Disponível em: <http://www.
medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/1441/sincope.htm>. Acesso em: 06 jun. 2018.
Leituras recomendadas
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Núcleo de Biossegurança.
Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2003.
DIANTE de episódios de síncope. Fleury Medicina e Saúde, n. 5, 2014. Disponível em:
<http://www.fleury.com.br/medicos/educacao-medica/revista-medica/materias/
Pages/diante-de-episodios-de-sincope.aspx>. Acesso em: 06 jun. 2018.
GIESEL, V. T.; TRENTIN, D. T. (Org.). Fundamentos da saúde para cursos técnicos. Porto
Alegre: Artmed, 2017 (Série Tekne).
MOIA, A. et al. Guidelines for the diagnosis and management of syncope. European
Society of Cardiology, London, v. 30, n. 21, p. 2631-2671, Nov. 2009.
Desmaios (síncope) 11
Quem já desmaiou ou presenciou um desmaio, sabe o medo que dá. Vulnerabilidade, perigo de
se machucar seriamente, de não saber como agir ou até mesmo de que algo pior aconteça são
sensações comuns de quem passa por esse problema.
Assista ao vídeo da Dica do Professor e veja quais são os principais aspectos que envolvem as
situações de desmaio.
EXERCÍCIOS
1) Os desmaios ocorrem pela diminuição de sangue no cérebro, que pode ser causada
por diversos fatores, tais como a0 falta de alimentação, fadiga, permanência em
lugares abafados, emoção forte ou perda de sangue. Considerando-se essa
informação, em caso de desmaio, deve-se:
A) Posicionar as mãos sobre o peito da vítima, fazendo cinco compressões para dentro e para
cima.
B) Abraçar a vítima fortemente pelas costas, posicionando as mãos acima do umbigo dela.
C) Colocar a vítima em decúbito dorsal com as pernas mais elevadas em relação ao restante
do corpo.
D) Dar tapas de leve no rosto da vítima, chamando pelo seu nome.
B) A única causa de desmaio são as doenças cardiovasculares, que podem provocar arritmias,
distúrbios hemodinâmicos e paradas cardiorrespiratórias. Elas comprometem o fluxo
normal do sangue para os tecidos, em especial para o cérebro.
C) Distúrbios metabólicos como a hiperglicemia (falta de açúcar no sangue causada por jejum
prolongado ou diabetes descompensado), a anemia intensa, as hemorragias, a desidratação
e o desequilíbrio na composição dos sais minerais da corrente sanguínea.
A) A Síndrome Vaso Vagal é definida pelo desmaio, que ocorre em função da diminuição do
sistema parassimpático.
C) A síndrome vasovagal é definida por um problema muscular que causa reflexos danosos
ao coração, diminuindo a frequência cardíaca.
5) Os primeiros socorros envolvem cuidados com a vítima para que ela fique confortável e o
sangue volte a circular normalmente. Com isso, as medidas de primeiros socorros
dispensadas às vítimas devem garantir:
C) Alimentação e hidratação imediata da vítima, pois o desmaio pode ter sido causado por
hipoglicemia ou desidratação.
D) Medidas que facilitem sua livre respiração, seu conforto, sua privacidade e o retorno do
fluxo cerebral adequado.
E) Movimentos vigorosos, como fortes batidas e tapas no rosto para a vítima recobrar logo a
consciência.
NA PRÁTICA
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:
Síncope
Neste vídeo, saiba mais sobre a Avaliação Inicial da Síncope realizada pela medicina.
Epidemiologia
APRESENTAÇÃO
Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá aprender como identificar os tipos de queimaduras,
suas classificações e extensões, além de reconhecer medidas de prevenção de queimaduras e de
como agir em situações que envolvem esse tipo de ferimento.
Bons estudos.
DESAFIO
As queimaduras são lesões traumáticas provocadas pela temperatura, geralmente, por calor em
excesso, que podem atingir graves proporções de perigo para a vida humana ou para a sua
integridade, dependendo da localização, da extensão e do grau de profundidade.
3 - Existe algum dado da história que sugere lesão inalatória? Quais possíveis achados no exame
físico dariam suporte a essa hipótese?
INFOGRÁFICO
O corpo humano realiza suas funções fisiológicas por meio de vários mecanismos metabólicos
e, para que ele mantenha sua homeostase, a temperatura corpórea deve estar entre 34,4 e 40
graus centígrados. A exposição aos agentes externos que apresentem uma temperatura maior do
que a que ele consegue absorver desencadeia o processo de queimadura.
Para aprofundar seu conhecimento sobre o assunto, faça a leitura do capítulo Queimaduras, da
obra Primeiros Socorros.
Boa leitura.
PRIMEIROS
SOCORROS
Márcio Haubert
Queimaduras
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Os traumas causados por queimaduras estão envolvidos nos processos
em que há interação inadequada do corpo humano com objetos ou
substâncias de diferentes temperaturas, ocasionada por calor ou frio,
contato com gases, eletricidade, radiação e produtos químicos. Portanto,
a queimadura é qualquer lesão provocada por agentes externos sobre
o revestimento do corpo, que pode destruir desde a pele até os tecidos
mais profundos, como ossos e órgãos.
Neste capítulo, você estudará os tipos de queimaduras e as suas
classificações, bem como conhecerá as medidas de prevenção e os
primeiros socorros que devem ser prestados às vítimas.
Quanto à profundidade
1º grau: tipo de queimadura que atinge a epiderme, a camada superficial
da pele. Apresenta lesões hiperemiadas e sem bolhas, com discreto
edema e dor no local.
2º grau: tipo de queimadura que atinge a epiderme e parte da derme, pri-
meira e segunda camadas da pele. Apresenta bolhas, e a dor é acentuada.
3º grau: tipo de queimadura que atinge todas as camadas da pele,
músculos e ossos. Apresenta necrose da pele, a qual fica com cor es-
branquiçada ou escura. A dor é ausente, devido à sua profundidade,
lesando todas as terminações nervosas responsáveis pela condução da
sensação de dor.
QUEIMADURAS
Quanto à extensão
A extensão de uma queimadura é representada em percentagem da área corporal
queimada. Sua gravidade será determinada pela profundidade, a extensão e
a área afetada, observe a classificação a seguir.
4 Queimaduras
Existem duas regras que podem ser utilizadas para medir a extensão das
queimaduras em relação à área corporal, como você verá a seguir.
cabeça — 9%;
tronco frente — 18%;
tronco costas — 18%;
membros superiores — 9% cada;
membros inferiores — 18% cada;
genitais — 1%.
Veja na Figura 2 como funciona a regra dos nove para medir a extensão
das queimaduras.
Queimaduras 5
Quanto à causa
Agentes físicos:
Em casos de incêndio, é comum ocorrer apenas queimaduras das vias aéreas, causadas
pela inalação de vapores quentes, e os pacientes tendem a não receber uma assistência
imediata, porque não apresentam lesões visíveis.
A inalação de fumaça é a principal causa de óbito precoce após a queimadura, pois os
gases superaquecidos podem causar uma alta obstrução de vias aéreas por edema da
hipofaringe — raramente ocorre lesão nos pulmões, já que a traqueia absorve o calor.
Como suspeitar de queimaduras de vias aéreas:
queimadura de face;
sobrancelhas queimadas;
pelos nasais queimados
queimaduras na boca;
escarro carbonáceo (negro);
lábios inchados;
rouquidão (sinal precoce);
estridor pulmonar (sinal tardio que demonstra 85% de obstrução);
queimaduras em espaço confinado.
Prevenção de queimaduras
A maioria dos acidentes que causam queimaduras pode ser evitada, para isso,
cuidados básicos devem ser tomados, tanto em casa como no local de trabalho.
As queimaduras ocorrem, geralmente, por descuido da pessoa envolvida ou
dos indivíduos próximos a ela. Já as suas medidas preventivas requerem atos
simples que podem facilmente ser incorporados ao dia a dia. Veja algumas
precauções necessárias para evitá-las:
https://goo.gl/285vHM
8 Queimaduras
Primeiros socorros
Antes de qualquer ação, é essencial que seja observada a segurança pessoal.
Após a certeza de isenção de risco, deve-se conduzir os primeiros socorros,
conforme apresentado no Quadro 2.
(Continua)
Queimaduras 9
(Continuação)
Não tente retirar roupas que estejam grudadas no corpo da vítima, nem mesmo
objetos estranhos que tenham ficado na queimadura após a lavagem inicial.
https://goo.gl/GSuKtj
10 Queimaduras
Leituras recomendadas
GIESEL, V. T.; TRENTIN, D. T. (Org.). Fundamentos da saúde para cursos técnicos. Porto
Alegre: Artmed, 2017 (Série Tekne).
LIMA JÚNIOR, E. M. Tratado de queimaduras no paciente agudo. Rio de Janeiro: Athe-
neu, 2008.
NAZÁRIO, N. O.; LEONARDI, D. F. Queimaduras: atendimento pré-hospitalar. Tubarão:
Unisul, 2012.
SERRA, M. C.; EDEMAR, M. Tratado de queimaduras. Rio de Janeiro: Atheneu, 2004.
SHAH, K.; MASON, C. Procedimentos de emergência essenciais. Porto Alegre: Artmed,
2009.
SILVA, D. B. (Org.). Manual de primeiros socorros. Alfenas: UNIFENAS, 2007.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE QUEIMADURAS. Site. c2015. Disponível em: <http://sb-
queimaduras.org.br/categoria/prevencao/>. Acesso em: 06 jun. 2018.
STONE, C. K.; HUMPHRIES, R. L. CURRENT: medicina de emergência: diagnóstico e
tratamento. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.
VIBRA SAÚDE. Primeiros socorros para queimadura: veja o que fazer nessa situação!
2017. Disponível em: <http://www.vibrasaude.com/saude/primeiros-socorros-para-
queimadura/>. Acesso em: 06 jun. 2018.
DICA DO PROFESSOR
As lesões por queimaduras são a terceira causa de morte acidental em todas as faixas etárias,
sendo que 75% dessas lesões resultam da ação da vítima e ocorrem no ambiente domiciliar. A
maioria dos acidentes por queimaduras poderia ser prevenida, entretanto, no Brasil, programas
de prevenção desse tipo são escassos.
Assista na Dica do Professor às sugestões de como prevenir os acidentes mais recorrentes com
queimaduras.
EXERCÍCIOS
1) Além de ser o maior órgão do corpo humano, a pele é nossa barreira protetora contra
infecções, contra perda de água e de calor. Com isso, marque a alternativa que
melhor completa essa afirmativa:
A) Pequenos queimados que possuem extensas lesões de pele afetada tendem a perder
temperatura e líquidos com grande facilidade, ficando mais propensos a complicações em
decorrência desse fato e com mais facilidade de adquirir infecções.
B) Grandes queimados que possuem pequenas lesões de pele afetada tendem a perder
temperatura e líquidos com grande facilidade, ficando mais propensos a complicações em
decorrência desse fato e com mais facilidade de adquirir infecções.
C) Grandes queimados que possuem extensas lesões de pele afetada tendem a ganhar
temperatura e líquidos com grande facilidade, ficando menos propensos a complicações
em decorrência desse fato e com mais facilidade de adquirir infecções.
D) Grandes queimados que possuem extensas lesões de pele afetada tendem a perder
temperatura e líquidos com grande facilidade, ficando mais propensos a complicações em
decorrência desse fato e com mais facilidade de adquirir infecções.
E) Alguns queimados que possuem extensas lesões de pele afetada tendem a perder
temperatura e líquidos com grande facilidade, ficando mais propensos a complicações em
decorrência desse fato e com mais facilidade de adquirir infecções.
B) Sempre fure ou estoure as bolhas que venham a surgir no local das queimaduras para
aliviar a pressão e a dor local.
C) Não tente retirar roupas que estejam grudadas no corpo da vítima, nem mesmo objetos
estranhos que tenham ficado na queimadura após a lavagem inicial.
D) Casos de queimaduras oculares não devem ser encarados como emergência prioritária,
afinal, basta lavar bem os olhos da vítima com água em abundância por no mínimo 15
minutos.
E) Sempre que possível, aplique cremes hidratantes para garantir a hidratação da pele no local
da queimadura e também procure aplicar creme dental para pormover refrescância e alívio
à vítima.
NA PRÁTICA
As queimaduras estão entre as mais graves lesões que o organismo pode suportar, não só pela
forte dor, mas pela possibilidade de choques hipovolêmicos e sépticos proporcionais à extensão
e profundidade da área atingida.
Confira no Na Prática o caso clínico de um menino de 13 anos que sobreviveu a uma
queimadura superior a 60% da superfície corporal.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Algumas publicações sugeriram que a taxa de sobrevida chega a 50% em jovens adultos com
superfície corporal queimada de 80%, sem lesão inalatória. Já dados norte-americanos recentes
indicam 69% de mortalidade em paciente com queimaduras superiores a 70% de área corporal
queimada.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:
Acesse o site para conferir dicas úteis para evitar e tratar queimaduras.
Assista à webpalestra na qual você verá exemplos e casos discutidos sobre os tipos de
queimaduras.
APRESENTAÇÃO
Bons estudos.
DESAFIO
O estado de choque é um evento de extrema gravidade que coloca em risco a vida do paciente.
Com base nessa informação, imagine a seguinte situação hipotética:
Para aprofundar seu conhecimento, faça a leitura do capítulo Choques, da obra Primeiros
socorros, base teórica desta Unidade de Aprendizagem.
PRIMEIROS
SOCORROS
Márcio Haubert
Choques
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A síndrome do choque circulatório, também chamada apenas de choque,
é um estado de falência circulatória aguda que prejudica a oferta de
oxigênio e dificulta a retirada de toxinas de órgãos e tecidos do corpo
humano. Para o paciente receber um atendimento adequado, é funda-
mental reconhecer qual tipo de choque está acometendo seu sistema,
a fim de que tenha o tratamento apropriado, pois cada choque deve ser
tratado de uma forma diferente.
Neste capítulo, você conhecerá as situações de choque, identificando
seus diferentes tipos, e aprenderá sobre os primeiros socorros dispensados
aos pacientes nesse estado.
Choque circulatório
O estado de choque é uma anomalia fisiológica que se instala quando o sistema
circulatório não consegue manter a oxigenação e a retirada de metabólicos
de células e órgãos do corpo humano. Para o organismo e sua homeostase
funcionarem corretamente, deve-se ter o bom desempenho do sistema car-
diocirculatório, responsável pelas trocas celulares e, consequentemente, pelo
adequado funcionamento sistêmico. Assim, as situações que prejudicam
essas trocas de gases, nutrientes e hormônios causam um colapso sistêmico
denominado de choque.
2 Choques
O coração age como uma bomba hidráulica que tem como função produ-
zir pressão para vencer a resistência imposta pelo atrito de escoamento,
acelerando a coluna de sangue em direção aos tecidos.
O sistema arterial abriga cerca de 30% de todo o volume sanguíneo do
organismo e produz pressão na coluna de sangue. Essa pressão, por sua
vez, é produzida devido ao tônus arterial, um estado de semicontração
constante da musculatura lisa das artérias.
O sistema venoso é considerado de capacitância por possuir alta com-
placência (capacidade de acomodar volume), pois abriga cerca de 70%
do volume de sangue, funcionando como um verdadeiro reservatório.
A rede capilar constitui o quarto componente e encontra-se distribuída
em paralelo, sendo responsável pelo processo de troca de nutrientes e
gases respiratórios com os tecidos, o qual é conhecido como perfusão
tecidual ou tissular. Dá-se o nome de microcirculação à circulação que
ocorre nos capilares.
Após relembrar esses aspectos, fica mais fácil de compreender que a sín-
drome do choque circulatório é o conjunto de sinais e sintomas que caracterizam
a falência circulatória aguda. Esse quadro pode advir de diversas causas e, por
isso, ter fisiopatologias distintas, mas a má perfusão tecidual define qualquer
tipo de choque.
Independentemente da causa, o choque resulta em deterioração tecidual caso
não haja intervenção, pois quando atinge um estado em que os mecanismos
compensatórios do organismo não são mais suficientes, ele gera mais choque,
uma vez que a má perfusão afeta de forma geral os tecidos corporais, inclusive
o sistema cardiovascular. Com o sistema comprometido, a perfusão se tornará
cada vez mais insuficiente, formando um ciclo vicioso e, se não houver inter-
venção nesse momento, o choque se tornará irreversível, e a morte, inevitável.
Quadro 1. Sinais clínicos de disfunção orgânica nos diversos sistemas devido à má per-
fusão tecidual
Tipos de choques
Os tipos de choques recebem vários esquemas propostos para sua classifica-
ção. Neste capítulo, você verá uma baseada em quatro grupos etiológicos do
choque circulatório e seu substrato fisiológico, que podem ser subdivididos
em hipovolêmico, cardiogênico, distributivo (o qual se subdivide em séptico,
anafilático, neurogênico e crise adrenal) e obstrutivo.
Choque hipovolêmico
Hipovolemia se trata do estado de baixa quantidade de volume sanguíneo
circulante no organismo, logo, o choque hipovolêmico, ou hemorrágico, é
causado por uma redução desse volume — além de ser o tipo mais frequente,
na maioria das vezes ocasionado por hemorragias, nas quais há perda tanto de
Choques 5
Choque cardiogênico
O choque cardiogênico é causado pela má perfusão tecidual resultante do
baixo débito cardíaco, oriundo de uma patologia cardíaca. Sua principal causa
é o infarto agudo do miocárdio (IAM), pois há falência da bomba cardíaca
ocasionada pela necrose da parede ventricular produzida por ele, porém, ainda
existem as mecânicas, como as doenças valvares, que podem comprometer
de forma significativa o débito cardíaco e levar ao choque. Assim como o
6 Choques
Choque distributivo
No choque distributivo, ocorre a má perfusão decorrente de vasodilatação
periférica global, a qual causa a drástica redução da pressão de enchimento
capilar, comprometendo o fornecimento de oxigênio pelos capilares e a sua
captura pelos tecidos. Nesse caso, o débito cardíaco encontra-se preservado,
pois não há qualquer problema com a bomba cardíaca, nem com o volume
circulante de sangue. Esse tipo é a única modalidade em que ocorre vaso-
dilatação; em todos os outros, acontece uma vasoconstrição reflexa, como
mecanismo compensatório determinado pela ativação simpática.
Esse mecanismo compensatório não consegue atuar no choque, porque a
musculatura lisa arteriolar se encontra seriamente lesada, não respondendo
ao estímulo simpático e, por isso, o choque distributivo é o tipo mais grave,
apresentando o pior prognóstico e os maiores índices de mortalidade. Já a
vasodilatação periférica que o ocasiona tem quatro causas distintas, as quais
dão nome aos quatro principais subtipos de choque distributivo: o séptico, o
anafilático, o neurogênico e o decorrente de crise adrenal.
Choque séptico
Este tipo de choque ocorre devido a uma grave infecção, disseminada para todo
o organismo, e é também conhecido como uma infecção generalizada. Acontece
geralmente em ambiente hospitalar e acomete os indivíduos com o sistema
imunológico comprometido ou que realizaram procedimentos invasivos.
Choques 7
Nesse choque, uma infecção local é transmitida aos outros tecidos pela cor-
rente sanguínea, adquirindo caráter sistêmico e ocasionando sepse. Os agentes
causadores da infecção, na maior parte por bactérias, são produtores de toxinas
que induzem a produção de mediadores inflamatórios como interleucinas, bem
como a síntese de óxido nítrico, que têm uma potente ação vasodilatadora.
Essa resposta inflamatória é crucial para o combate às infecções locais, e a
vasodilatação local não causa grandes prejuízos, porém, em uma infecção que
acomete todo o organismo, a vasodilatação generalizada diminui a resistência
vascular periférica e, consequentemente, a pressão arterial e a de enchimento
capilar. Além disso, a venodilatação causa a diminuição da pré-carga e do
retorno venoso, diminuindo o débito cardíaco. Como resultado, há a ativação
da resposta simpática, que causa taquicardia nos estágios iniciais do choque,
mas não consegue reverter a vasodilatação, uma vez que a microcirculação
se encontra seriamente afetada.
Os mediadores inflamatórios liberados durante a sepse condicionam a um
aumento da permeabilidade vascular, o que resulta em uma perda de plasma
para os espaços intersticiais e uma perda concomitante de proteínas. Esta
última diminui a pressão coloidosmótica nos capilares e induz a uma perda
ainda maior de plasma, agravando o choque. Já as endotoxinas podem atuar
como um veneno metabólico, intoxicando a musculatura lisa das arteríolas e
produzindo uma vasodilatação generalizada e refratária a qualquer mecanismo
compensatório e de tratamento.
Entre seus sinais e sintomas, destacam-se hipertermia, hipotensão arterial,
pele quente e rosada, pulsos cheios, congestão pulmonar, edema periférico
e taquicardia. O tratamento desse choque consiste em tratar a sepse e os
sintomas produzidos por ele.
Choque anafilático
Choque neurogênico
Crise adrenal
Choque obstrutivo
É um choque causado por obstrução ou por compressão dos grandes vasos
do coração. Seus sintomas são semelhantes aos do hipovolêmico, porém, há
distensão das veias jugulares. Já entre suas diversas causas, três merecem
destaque, conforme você verá a seguir.
10 Choques
Pneumotórax hipertensivo
Pode levar ao choque obstrutivo por ser uma situação aguda de aumento da
pressão intratorácica, em que grandes veias sofrem pressão em sua superfície
externa, diminuindo seu calibre nos trechos sensíveis. No entanto, há casos
em que o calibre é muito diminuído ou o vaso, colapsado. A passagem da
veia cava inferior pelo diafragma, na parte direita do centro tendíneo é um
bom exemplo, sendo que o pneumotórax poderia desviar todas as estruturas
torácicas lateralmente, inclusive a veia cava, mas como ela encontra-se fixa
no forame da veia cava inferior, ao desviar-se, sofre estrangulamento. Nesse
caso, o retorno venoso estaria seriamente comprometido, diminuindo o débito
cardíaco e ocasionando o choque.
Tamponamento cardíaco
Tromboembolismo pulmonar
Primeiros socorros
Ao atender uma vítima cujo acidente possa desencadear o estado de choque,
o socorrista deve estar muito atento aos sintomas gerais, como:
sede intensa;
visão nublada;
náuseas e vômitos;
respostas insatisfatórias aos estímulos externos;
perda total ou parcial de consciência;
taquicardia.
Prevenção do choque
Algumas providências podem ser tomadas para evitar o estado de choque,
porém, infelizmente, não há muitos procedimentos de primeiros socorros
para tirar a vítima dele. Veja, no Quadro 3, as providências que devem ser
memorizadas com o intuito permanente de prevenir o agravamento e retardar
a instalação desse estado:
(Continua)
Choques 13
(Continuação)
Cubra a vítima com uma manta, para evitar a perda de calor e o consequente
arrefecimento corporal, sem, porém, aquecê-la excessivamente.
https://goo.gl/3EwmBk
Leituras recomendadas
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Núcleo de Biossegurança. Manual de primeiros socorros.
Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2003.
HALL, J. E. Guyton & Hall: tratado de fisiologia médica. 12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2011.
KOEPPEN, B. M.; STANTON, B. A. Berne & Levy: fisiologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2009.
MOURÃO JÚNIOR, C. A.; ABRAMOV, D. M. Fisiologia essencial. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2011.
PORTH, C. M.; MATFIN, G. Fisiopatologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
SILVA, D. B.. Manual de primeiros socorros. Alfenas: UNIFENAS, 2007.
SMELTZER, S. C. et al. Choque e síndrome da disfunção de múltiplos orgãos. In: CHE-
EVER, K. H.; HINKLE, J. L. Brunner & Suddart: tratado de enfermagem médico-cirúrgica.
13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR
EXERCÍCIOS
2)
Em situações de emergência, é imprescindível que o socorrista proceda a uma
avaliação eficiente dos sinais e sintomas no sentido de identificar problemas e tomar
decisões. Na identificação do choque hipovolêmico, é mais comum observar os
seguintes sinais.
D) Tanto o choque obstrutivo como o cardiogênico podem provocar uma falha do coração.
E) O choque obstrutivo pode ser mais facilmente atendido se a causa da obstrução for
resolvida.
4) Ao atender uma vítima que teve qualquer acidente e pode desencadear um estado de
choque, o socorrista deve estar muito atento aos seus sintomas. Se a vítima estiver em
choque, quais sintomas gerais ela poderá apresentar?
5) Podemos dizer que todo o choque é causado pelo estado de hipotensão severa que não
permite que as trocas celulares ocorram com eficiência, levando o organismo à
exaustão e ao colapso sistêmico. Para entender o estado de choque,
independentemente do seu tipo, é necessário compreender os seguintes elementos
para um bom funcionamento circulatório.
NA PRÁTICA
O choque anafilático é uma reação alérgica grave e de rápida progressão que pode provocar a
morte. Geralmente, esse tipo de choque causa os seguintes sintomas: eritema pruriginoso,
inflamação da garganta ou da língua, falta de ar, vômitos, atordoamento e diminuição da pressão
arterial.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:
Tipo de choque
Neste vídeo, você verá uma apresentação sobre os principais tipos de choque e suas
particularidades.
Quais são os principais objetivos da reanimação do choque séptico? Para descobrir, leia este
artigo, clicando neste link.
APRESENTAÇÃO
Bons estudos.
• Identificar hemorragias.
• Reconhecer os sinais e sintomas clássicos de hemorragias.
• Descrever o atendimento a pacientes com hemorragias.
INFOGRÁFICO
Para aprofundar seu conhecimento, faça a leitura do capítulo Hemorragias, da obra Primeiros
Socorros, base teórica desta Unidade de Aprendizagem.
Boa leitura.
PRIMEIROS
SOCORROS
Márcio Haubert
Hemorragias
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Identificar as hemorragias.
Reconhecer os sinais e sintomas clássicos de hemorragias.
Descrever o atendimento aos pacientes com hemorragias.
Introdução
A hemorragia é causada pela perda de sangue em decorrência de um
trauma, corte ou ferimento que acomete a parte interna ou externa do
corpo humano, ocasionando o rompimento de artérias, veias ou capilares.
Com a ocorrência de uma ruptura dos vasos, sem haver a interrupção
desse vazamento, o equilíbrio sanguíneo do corpo fica comprometido,
podendo levar a situações graves e colocando em risco a vida da vítima
acometida.
Neste capítulo, você aprenderá a identificar as hemorragias, seus
sinais e sintomas, e saberá como se portar em uma situação hemorrágica.
Hemorragias
A hemorragia está relacionada diretamente à perda de sangue por meio de
ferimentos, pelas cavidades naturais do corpo, como nariz, boca, ouvido, etc.
e pode ser interna quando resultante de um traumatismo ou do rompimento
de vasos sanguíneos.
As hemorragias graves não tratadas ocasionam o desenvolvimento do
estado de choque e morte, já as lentas e crônicas, por exemplo, por meio de
uma úlcera, causam anemia.
O sangue corresponde a 7 a 8% do peso corporal de uma pessoa, e seu
volume varia conforme a massa corporal. Por exemplo, uma pessoa de 75 kg
tem 5 a 6 litros de sangue. A perda desse volume sanguíneo é importante,
principalmente pela perda de plasma, sendo que todas as pessoas necessitam
2 Hemorragias
Classificação
Para uma melhor organização, as hemorragias são classificadas em arteriais,
venosas e capilares e, para fins de primeiros socorros, em internas e externas.
Na hemorragia interna, a perda de sangue não é evidente, mas pode ser vista pelos
sinais que o paciente apresenta, como palidez, suor frio, tontura, pulso fraco, lábios
e dedos arroxeados e sede. As vítimas de acidentes automobilísticos, por exemplo,
podem apresentar lesões internas causadas pelo impacto do veículo e, por não terem
sangramentos externos, são subestimadas.
em minutos. Ela não pode ser medida, mas estimada por meio de dados
clínicos do acidentado.
Estado prévio de saúde: os pacientes desidratados e com outras pato-
logias circulatórias, hematológicas ou sistêmicas têm um maior risco
de apresentarem piores prognósticos em relação aos indivíduos hígidos.
Idade da vítima: as pessoas que se encontram nos extremos das idades,
como crianças e idosos, têm um maior risco de apresentarem quadros
mais graves associados às hemorragias.
costas. O sangue pode ainda ser absorvido pelo solo ou tapetes e lavado pela
chuva, dificultando a avaliação do socorrista, por isso, deve-se examiná-lo
completamente para averiguar se há sinais de sangramento.
Os locais em que mais ocorrem hemorragias internas são tórax e abdome,
por isso, observar a presença de lesões perfurantes, equimoses ou contusões
na pele sobre estruturas vitais é de grande valia. Os órgãos abdominais, por
sua vez, que mais frequentemente produzem sangramentos graves são fígado e
baço — a presença de distensão abdominal com dor após traumatismo sugere
esse tipo de hemorragia.
Deve-se sempre suspeitar de hemorragia interna se o acidentado estiver
envolvido em:
Hemorragia interna
Mesmo que, a princípio, o acidentado não reclame e tente dispensar o socorro,
é importante observar os seguintes sintomas:
náuseas;
vômito de sangue;
calafrios;
estado de choque;
confusão mental e agitação;
“abdome em tábua” (duro não compressível);
dispneia;
desmaio.
Otorragia
Ela é caracterizada por sangue que sai pelo conduto auditivo externo e causada
por ferimento no ouvido externo, contusão por corpo estranho ou trauma. Os
traumatismos cranianos podem provoca-la, quando, geralmente, o sangue vem
acompanhado de liquor — nesse caso, não se deve estancar a hemorragia,
mas, sim, procurar socorro médico imediatamente.
Hemorragias 7
Hemoptise
É a perda de sangue que vem dos pulmões, por meio das vias respiratórias,
em que o sangue flui pela boca, precedido de tosse, em pequena ou grande
quantidade, de cor vermelho vivo e espumoso. Ela representa um dos mais
alarmantes sinais de emergência e, ao contrário da hemorragia externa, sua
fonte e sua causa exatas são, muitas vezes, desconhecidas pelas vítimas e
contribuem para acentuar o medo. As causas mais frequentes de hemoptise são:
bronquiectasia;
tuberculose;
abscesso pulmonar;
tumor pulmonar;
estenose da válvula mitral;
embolia pulmonar;
traumatismo;
alergia (poeiras, vapores, gases).
Hematêmese
Trata-se da perda de sangue por vômito de origem gástrica ou esofagiana,
comum em enfermidades como varizes do esôfago, úlcera, cirrose e esquis-
tossomose. A coloração do sangue é de um vermelho rutilante (raro) ou, após
ter sofrido ação do suco gástrico, escura, chamada de hematêmese em “borra
de café”. Ela tem, ainda, causas mecânicas, tóxicas (arsênico, sulfureto de
carbono, mercúrio) ou inflamatórias. Toda hemorragia interna que demora
para se exteriorizar pode ser identificada pelos seguintes sinais:
palidez intensa;
distensão abdominal;
extremidades frias e úmidas;
pulso rápido e fraco.
8 Hemorragias
Melena e enterorragia
Melena se trata da perda de sangue escuro, brilhante, fétido e com aspecto de
petróleo pelo orifício anal, geralmente provocada por hemorragia no aparelho
digestivo alto; já enterorragia é a perda de sangue vivo pelo ânus, indicando
sangramento no aparelho digestivo baixo. Assim como a hematêmese, esses
tipos de sangramento se originam por doença gástrica ou devido a rompimento
de varizes esofagogástricas, cirrose hepática, febre tifoide, perfuração intesti-
nal, gastrite hemorrágica, retocolite ulcerativa inespecífica, tumores malignos
do intestino e do reto, hemorroidas, etc.
Metrorragia
É a perda anormal de sangue pela vagina e pode ter causas variadas, como:
abortamento;
hemorragias do primeiro trimestre da gravidez (gravidez ectópica, etc.);
traumatismos causados por violências sexuais e acidentes;
tumores malignos do útero ou da vulva;
hemorragia pós-parto, ocasionada pela retenção de membranas pla-
centárias, ruptura e traumatismos vaginais devidos ao parto ou não;
distúrbio menstrual.
Hematúria
Trata-se da perda de sangue juntamente à urina e ocorre em consequência de
traumatismo com lesão do aparelho urinário (rins, ureter, uretra, bexiga) ou em
caso de doença, como nefropatia, cálculo, infecção, tumor, processo obstrutivo
ou congestivo e após intervenção cirúrgica no trato urinário. Classifica-se em
macroscópica ou microscópica; se é visível a olho nu ou não; e em inicial, total
e terminal, de acordo com a fase de micção em que aparece.
Hemorragias 9
Primeiros socorros
Os primeiros socorros em casos de hemorragia visam a suspensão do san-
gramento e diminuição do risco de desequilíbrio sanguíneo metabólico do
acidentado. O procedimento mais eficaz para estanca-lo, na maioria das vezes,
é manter uma pressão sobre o local que está sangrando.
Conter a hemorragia com pressão direta usando um curativo simples é o
método mais indicado, porém, se não for possível, deve-se utilizar um curativo
compressivo e elevar a parte atingida para que fique em um nível superior ao do
coração. Não se eleva o segmento ferido se produzir dor ou se houver suspeita
de lesão interna ou fratura. Caso não contenha a hemorragia, pode-se optar
pelo método do ponto de pressão, que é uma técnica de pressão que consiste
em comprimir a artéria lesada contra o osso mais próximo, para diminuir a
afluência de sangue na região do ferimento.
Em hemorragias na área do crânio, ao nível da região temporal e parietal,
deve-se comprimir a artéria temporal contra o osso com os dedos indicadores,
médios e anular. Nos casos de ferimento no membro superior, o ponto de
pressão está na artéria braquial, localizada na face interna do terço médio
do braço. Já no membro inferior, o ponto de pressão é encontrado na parte
interna no terço superior, próximo à região inguinal, pela qual passa a artéria
femoral, por trás dos músculos — usa-se compressão muito forte para atingi-la
e diminuir a afluência de sangue. É importante manter o braço esticado para
evitar cansaço excessivo e estar preparado para insistir no ponto de pressão
caso a hemorragia recomece. Deve-se, ainda, manter o acidentado agasalhado
com cobertores ou roupas, evitando o contato com chão frio ou úmido, e não
dar líquidos quando ele estiver inconsciente ou houver suspeita de lesão no
ventre ou abdome.
Torniquete
Existem casos graves em que a hemorragia se torna intensa, com grande
perda de sangue, principalmente se foi seccionada uma artéria. Em grandes
hemorragias, as quais não podem ser contidas pelos métodos de pressão
direta, curativo compressivo ou ponto de pressão, torna-se necessário o uso
do torniquete. Ele deve ser o último recurso usado por quem fará o socorro,
devido aos perigos que surgem por sua má utilização, pois esse método im-
pede totalmente a passagem de sangue pela artéria, interrompendo o fluxo
sanguíneo do membro afetado.
10 Hemorragias
Figura 1. Torniquete.
Fonte: Mejor con Salud (2018, documento on-line).
Hemorragia interna
Nos casos de suspeita de hemorragia interna, deve-se procurar imediatamente
atendimento especializado, enquanto se mantém o acidentado deitado com a
cabeça mais baixa que o corpo, e as pernas elevadas para melhorar o retorno
sanguíneo — esse procedimento é o padrão para prevenir o estado de choque.
Já se for suspeita de fratura de crânio, lesão cerebral ou dispneia, mantém-se a
cabeça elevada. Além disso, aplica-se compressas frias ou saco de gelo onde
houver suspeita de hemorragia interna.
Outras hemorragias
Existem hemorragias que nem sempre são decorrentes de traumatismos, e
sim provocadas por problemas clínicos. Veja a seguir os principais cuidados
nesses tipos de sangramento.
faça uma ligeira pressão com os dedos sobre a asa do orifício nasal pela
qual flui o sangue, para que as paredes se toquem e, por compressão
direta, o sangramento seja contido;
incline a cabeça da vítima para trás e peça que mantenha a boca aberta;
introduza um pedaço de gaze ou pano limpo torcido na narina que
sangra, fazendo um tamponamento nasal, se a pressão externa não
conter a hemorragia;
encaminhe o acidentado para receber assistência adequada;
avise o acidentado para evitar assoar o nariz durante pelo menos duas
horas, a fim de não ter um novo sangramento, em caso de contenção.
Hemoptise
Hematêmese
Melena e enterorragia
Metrorragia
Otorragia
Hematúria
https://goo.gl/XQz3uq
Leituras recomendadas
COMITÊ INTERNACIONAL DA CRUZ VERMELHA. Primeiros socorros em conflitos armados
e outras situações de violência. Genebra: CICV, 2006.
GIESEL, V. T.; TREICHEL, D. T. Fundamentos da saúde para cursos técnicos. Porto Alegre:
Artmed, 2017. (Série Tekne).
SÃO PAULO (Município). Secretaria Municipal da Saúde. Manual de prevenção de
acidentes e primeiros socorros nas escolas. 2. ed. São Paulo: SMS, 2007. Disponível em:
<https://www.amavi.org.br/sistemas/pagina/colegiados/codime/arquivos/2016/
Primeiros_Socorros_Manual_Prev_Acid_Escolas.pdf >. Acesso em: 14 jun. 2018.
SHAH, K.; MASON, C. Procedimentos de emergência essenciais. Porto Alegre: Artmed,
2009.
SILVA, D. B. S. Manual de primeiros socorros. Alfenas: UNIFENAS, 2007
STONE, C. K.; HUMPHERIES, R. L. CURRENT: medicina de emergência. 7. ed. Porto
Alegre: AMGH, 2013.
DICA DO PROFESSOR
EXERCÍCIOS
A) Pele fria e úmida, aumento da pressão arterial, bradicardia, retardo do enchimento capilar e
volume urinário aumentado.
D) Pele fria e úmida, pressão arterial em queda, frequência cardíaca em elevação, retardo do
enchimento capilar e volume urinário diminuído.
E) Polaciúria, hipertensão, bradipneia e alcalose metabólica.
A) Hemorragia arterial.
B) Hemorragia uterina.
D) Hemorragia Interna.
E) Hemorragia nasal.
4) Após um acidente que causou uma hemorragia, estimou-se que a vítima perdeu cerca
de 950 ml de sangue. Com base neste dado você classifica esta hemorragia como:
A) Hemorragia Classe 1.
B) Hemorragia Classe 2.
C) Hemorragia Classe 3.
D) Hemorragia Classe 4.
E) Hemorragia Classe 5.
A) Usar curativo compressivo e o rebaixamento da parte atingida de modo que fique num
nível inferior ao do coração. Se com isso, ainda não for possível conter a hemorragia,
pode-se optar pelo método do ponto de pressão.
B) Usar curativo compressivo e a elevação da parte atingida de modo que fique num nível
superior ao do coração. Se com isso, ainda não for possível conter a hemorragia use
imediatamente um torniquete.
C) Usar curativo oclusivo e a elevação da parte atingida de modo que fique num nível
superior ao do coração. Se com isso, ainda não for possível conter a hemorragia, pode-se
optar pelo método do ponto de pressão.
D) Usar curativo compressivo e a elevação da parte atingida de modo que fique num nível
superior ao do coração. Elevar o segmento ferido independente se houver suspeita de lesão
interna.
E) Usar curativo compressivo e a elevação da parte atingida de modo que fique num nível
superior ao do coração. Se com isso, ainda não for possível conter a hemorragia, pode-se
optar pelo método do ponto de pressão.
NA PRÁTICA
A Gravidez Ectópica ou tubária é uma gestação que ocorre fora do útero, geralemente dentro das
tubas uterinas. É uma gestação que não pode ser concluída, pois o óvulo não se desenvolve
dentro do útero, causando rompimento da tuba uterina, onde a gestação está se denvolvendo,
causado como principal consequência uma hamorragia interna.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:
Acompanhe o artigo a seguir para mais informações sobre diagnóstico e evolução das
hemorragias.
Tipos de hemorragia
APRESENTAÇÃO
Há bilhões de neurônios no cérebro humano. Eles se comunicam e executam funções por meio
da geração de impulsos elétricos constantes. A crise convulsiva pode aparecer quando há um
distúrbio na geração desses impulsos elétricos cerebrais, sendo originada por atividades elétricas
cerebrais desorganizadas, excessivas e repetitivas.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá estudar como se identifica uma crise convulsiva,
além de conhecer seus diferentes tipos e saber como prestar os primeiros socorros a uma vítima
em convulsão.
Bons estudos.
DESAFIO
Imagine que você foi a uma festa de comemoração dos 50 anos de casamento de seus avós. Lá
estão reunidos todos seus parentes e alguns amigos da família. Dentre os amigos do casal de
idosos está Ricardo, um colega do grupo de dança, de 62 anos.
O idoso está conversando com algumas pessoas quando elas percebem que Ricardo está se
comportando de forma diferente. Veja quais são os sintomas de Ricardo:
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Frente a essa situação, responda as seguintes questões:
1 - Quais são os tipos de crises convulsivas que você pode identificar no caso do Ricardo?
Como você poderia definir cada uma delas?
2 - É normal que Ricardo tenha apresentado mais de um tipo de crise convulsiva em um curto
espaço de tempo. Como podemos chamar esse fenômeno?
INFOGRÁFICO
Diversos fatores podem desencadear uma crise convulsiva, podendo variar desde processos
metabólicos a lesões cerebrais. No entanto, existem casos nos quais nunca se sabe a causa do
transtorno.
Veja no Infográfico quais são as principais causas da convulsão e conheça alguns exemplos de
fatores que podem desencadear essas causas.
CONTEÚDO DO LIVRO
Uma crise convulsiva pode ser parcial ou generalizada, conforme a quantidade de neurônios
afetados. Quando a crise é parcial, o distúrbio elétrico fica restrito a apenas um grupo
determinado de neurônios. Já quando a crise é generalizada, os impulsos anormais se espalham
pelos dois hemisférios cerebrais.
Leia mais no capítulo Crises convulsivas, da obra Primeiros socorros, base teórica para esta
Unidade de Aprendizagem.
Boa leitura.
PRIMEIROS
SOCORROS
Márcio Haubert
Crises convulsivas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
As convulsões são caracterizadas por sinais e sintomas neurológicos
temporários que duram poucos minutos e resultam em atividade elé-
trica neuronal anormal, paroxística e hipersincrônica no córtex cerebral.
Geralmente, elas se apresentam como inúmeras contrações involuntárias
de vários músculos do corpo, com início súbito causado por alterações
nas funções cerebrais, e são acompanhadas de perda de consciência.
Neste capítulo, você estudará como se identifica uma crise convulsiva,
seus diferentes tipos e os primeiros socorros a uma vítima em convulsão.
Convulsões
O cérebro humano contém bilhões de neurônios que se comunicam e execu-
tam suas funções devido à geração de impulsos elétricos constantes. A crise
convulsiva, por sua vez, aparece quando há um distúrbio nessa geração,
sendo originada por atividades elétricas cerebrais desorganizadas, excessivas
e repetitivas. Basicamente, ela pode ser uma crise parcial, caso o distúrbio
elétrico fique restrito a apenas um grupo de neurônios, ou ser chamada de
crise convulsiva generalizada, se os impulsos anormais se espalharem pelos
dois hemisférios cerebrais.
As convulsões resultam de uma descarga neural excessiva (não sincroni-
zada), e não necessariamente de uma doença em si, quando forem diagnosti-
cadas como doença, receberão o nome de epilepsia, sendo a crise convulsiva
apenas um de seus sinais. Essa crise acontece quando está relacionada a
2 Crises convulsivas
rigidez corporal;
queda da própria altura, brusca e desamparada;
salivação excessiva pela boca;
Crises convulsivas 3
Lesões graves
Pela falta de controle, o paciente pode esbarrar ou bater contra objetos cortantes e
perfurantes, acarretando em lesões graves; e há um maior risco de lesões musculares
devido às contrações e aos relaxamentos frenéticos.
Acidentes
Dependendo do momento em que o paciente tiver a crise, ele pode se envolver em
acidentes, como os de trânsito ou de trabalho, pois os ataques ocorrem a qualquer
momento e o indivíduo pode perder o controle do carro ao dirigir, se machucar ao
operar máquinas no trabalho, etc.
Danos cerebrais
Pela sobrecarga de impulsos elétricos, o indivíduo pode ficar com danos cerebrais
irreversíveis. Em alguns casos, há diminuição do fluxo de oxigênio para o cérebro,
resultando em necrose de partes do tecido cerebral.
Crise de ausência
É uma das manifestações possíveis da crise convulsiva generalizada e pode
ser chamada de pequeno mal. Nesse tipo, o paciente perde o contato e a cons-
ciência com o mundo externo, ficando parado, com o olhar fixo. Há também
alguns automatismos, por exemplo, piscar os olhos repetidamente, como na
crise parcial complexa, a diferença está no tempo de duração, pois a crise de
ausência é mais curta, durando em média 20 segundos e podendo ocorrer
várias vezes ao dia, independentemente de o indivíduo apresentar aura ou
confusão mental ao final delas. Em geral, ele retoma a atividade que estava
fazendo sem perceber, como se nada tivesse acontecido.
Em pessoas portadoras de epilepsia, as crises convulsivas generalizadas
podem ser desencadeadas por flashes repetidos de luz ou por hiperventilação,
o que ocorre com maior facilidade na infância e costuma desaparecer após
a adolescência.
Status epileticus
Status epileticus ocorre quando a convulsão inicia e não termina após muitos
minutos, geralmente após cinco minutos, ou ainda quando o paciente apresenta
diversas crises sem que haja tempo de recuperação de consciência entre elas. A
maioria das crises é chamada de autolimitada, não necessitando de tratamento
médico imediato à sua ocorrência; já no caso de status epileticus, a pessoa
deve ser levada com urgência ao atendimento médico, pois sua complicação
pode acarretar em lesões cerebrais.
Convulsão febril
Este tipo de convulsão acomete sobretudo crianças entre seis meses e seis anos
que apresentam quadro febril acima de 38 ºC, trazendo muita apreensão aos
pais, mas é benigno e não causa lesão cerebral. É algo comum e ocorre em até
5% das crianças dentro da faixa etária indicada, assim, aquelas que têm somente
convulsões febris não podem ser diagnosticadas como portadoras de epilepsia.
O fator desencadeante da convulsão é a febre, e o tipo de crise pode ser
parcial, sendo a mais comum a complexa, podendo incluir as tônico-clônicas.
Geralmente, essas convulsões são mais demoradas do que as epiléticas, du-
rando até 15 minutos.
Crises convulsivas 7
Lobectomia
Geralmente, ela é indicada para convulsões parciais simples ou complexas e remove
apenas a parte do cérebro em que a crise se inicia.
O cérebro se divide em lobos, e a cirurgia pode remover o lobo inteiro ou apenas
uma parte. Em casos extremos, remove-se um hemisfério inteiro com a cirurgia he-
misferectomia, porém, dependendo da idade do paciente, ele pode não sobreviver.
Calosotomia
O corpo caloso é uma ponte nervosa que conecta um lado do cérebro ao outro. Na
calosotomia, as fibras nervosas que compõem essa ponta são cortadas, não havendo
remoção de tecido cerebral.
Essa cirurgia costuma ser mais indicada para as crises generalizadas do tipo tônico-
-clônicas e mioclônicas e nem sempre resolve o problema das convulsões, mas os
ataques passam a se limitar a apenas um lado do cérebro, pois não conseguem se
espalhar para o outro, devido à falta de conexão do corpo caloso. Felizmente, esse
procedimento melhora a concentração do paciente, o que pode ocasionar um ganho
na função intelectual.
8 Crises convulsivas
Primeiros socorros
O mais importante em uma crise convulsiva é manter a calma, pois a maioria
delas é autolimitada e se resolve espontaneamente — se você se apresentar
nervoso e agitado, pode piorar ainda mais o estado da pessoa acometida pela
crise. Veja no Quadro 1 o que fazer nesses casos.
(Continua)
Crises convulsivas 9
(Continuação)
Permaneça junto à vítima até que ela se recupere totalmente. Apresente-se a ela,
demonstrando atenção e cuidado com o caso, e informe-a de onde está e com
quem, proporcionando segurança e tranquilidade. Pode ser muito útil saber
se a pessoa é portadora de epilepsia e se está em dia com suas medicações.
https://goo.gl/RJdgBp
10 Crises convulsivas
Leituras recomendadas
Veja no vídeo da Dica do Professor alguns aspectos importantes a serem considerados acerca
das convulsões.
EXERCÍCIOS
1) Como você viu nesta Unidade de Aprendizagem, nem toda crise convulsiva é causada
pela epilepsia. Com base nessa afirmação, marque a alternativa que contempla
APENAS situações e alterações que podem provocar convulsões:
2) A crise convulsiva parcial, também conhecida como crise convulsiva parcial simples,
ocorre quando impulsos elétricos anômalos ficam restritos somente a uma região do
cérebro. Esse tipo de crise ocorre sem alteração do nível de consciência do paciente e
apresenta sintomas sutis, relacionados à região do cérebro afetada. Dentre seus
sintomas podemos citar:
A) Movimentos involuntários por apenas uma parte do corpo; alterações sensoriais (paladar,
visão, audição, olfato); alucinações; fala alterada; vertigens e sensação de ausência
corporal.
B) É um tipo de crise convulsiva que não apresenta sintomas. Portanto, podemos classificá-la
como assintomática.
C) Movimentos involuntários difusos por todo o corpo; alterações sensoriais (paladar, visão,
audição, olfato); alucinações; fala alterada; vertigens e sensação de ausência corporal.
D) Movimentos involuntários por apenas uma parte do corpo; não apresentam alterações
sensoriais (paladar, visão, audição, olfato); alucinações; fala alterada; vertigens e sensação
de ausência corporal.
E) Movimentos involuntários por apenas uma parte do corpo; alterações sensoriais (paladar,
visão, audição, olfato); alucinações; fala preservada e sensação de ausência corporal.
A) Movimentos involuntários por apenas uma parte do corpo; alterações sensoriais (paladar,
visão, audição, olfato); alucinações; fala alterada; vertigens e sensação de ausência
corporal.
C) Nesse tipo de crise, o paciente perde contato e consciência com o mundo externo, ficando
parado e com o olhar fixo. Podem ocorrer alguns automatismos, como piscar os olhos
repetidamente da mesma maneira que ocorre na crise parcial complexa.
D) A convulsão inicia e não termina após muitos minutos, geralmente após cinco minutos, ou
ainda quando o paciente apresenta diversas crises sem que haja tempo de recuperação de
consciência entre elas.
E) O fator desencadeante da convulsão é a febre e o tipo de crise convulsiva pode ser parcial,
sendo a mais comum, ou a complexa, podendo ocorrer crises tônico-clônicas. É comum
que as convulsões febris sejam mais demoradas do que as crises epiléticas, podendo durar
até 15 minutos.
4) As convulsões podem ter como causas epilepsia, febre alta, intoxicações ou lesões
cerebrais. A vítima cai inconsciente, seu corpo fica tenso e ela se debate
violentamente com espasmos musculares de dois a quatro minutos. Marque a
alternativa que contém ações corretas de atuação frente a uma crise convulsiva:
A) Afrouxe as roupas da vítima e segure-a para evitar que ela se debata até os movimentos
pararem.
B) Jogue água fria no rosto da vítima.
E) Não tente abrir a boca da vítima com uma colher ou com outro objeto para que ela possa
respirar e não morder a língua. Lateralize sua cabeça, se possível, e espere a crise passar.
C) Colocar um objeto rígido entre os dentes da vítima, para evitar que ela morda a língua.
D) Conter a vítima durante a crise convulsiva, para assegurar que ela não se machuque.
NA PRÁTICA
A convulsão é um distúrbio no qual descargas elétricas anormais no cérebro fazem com que os
músculos se contraiam e relaxem rapidamente de maneira desordenada. Ela costuma ser
confundida com um ataque epiléptico. No entanto, pode ser causada por diversas condições
desconhecidas ao paciente. Veja no caso clínico a seguir um exemplo de crise convulsiva
desencadeada pela hipertermia.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:
Convulsões e alcoolismo
Transtorno convulsivo
Crise convulsiva
Confira no vídeo algumas dicas de como ajudar uma pessoa em crise convulsiva.
APRESENTAÇÃO
Bons estudos.
DESAFIO
Antigamente, pensava-se que diferentes tipos de água produziam afogamentos diferentes, mas,
hoje, já se sabe que os afogamentos tanto de água doce como de água salgada não necessitam de
qualquer tratamento diferenciado entre si e têm os mesmos prognósticos.
No capítulo Afogamento, da obra Primeiros socorros, você verá assuntos que aprofundarão seu
conhecimento. Faça a leitura do capítulo, base teórica desta Unidade de Aprendizagem.
PRIMEIROS
SOCORROS
Márcio Haubert
Afogamento
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
É comum a ocorrência de afogamento durante as temporadas de verão,
em que a concentração de veranistas aumenta nas praias brasileiras,
deixando mais evidentes os eventos que envolvem esse tipo de acidente.
Anualmente, o número de óbitos por afogamento no país supera os 6.000
casos, além dos incidentes não fatais, que chegam a mais de 100.000.
Esses dados são evidenciados pelo crescimento do número de pessoas
que desfrutam das águas de rios, mares, lagoas, piscinas, etc. para banho,
natação, prática de esportes aquáticos, transporte ou trabalho.
Neste capítulo, você conhecerá as medidas de prevenção de afo-
gamentos, as prioridades no atendimento ao afogado e os primeiros
socorros destinados a esse tipo de vítima.
Afogamentos
O afogamento pode ser definido como a aspiração de líquido causada por
submersão ou imersão por meio da entrada de líquido nas vias aéreas do
acidentado, acometendo traqueia, brônquios ou pulmões. Durante esse ato, a
função respiratória fica prejudicada pela entrada de líquido nas vias aéreas,
impedindo a troca gasosa realizada nos alvéolos dos pulmões, que é essencial
para a vida humana. Essa obstrução apresenta duas formas principais:
2 Afogamento
obstrução parcial ou completa das vias aéreas superiores por uma coluna
de líquido, nos casos de submersão súbita;
aspiração gradativa de líquido até os alvéolos.
Síndrome de imersão
Hipotermia
Afogamento
rios, lagos e piscinas por meio de dicas simples e de fácil aprendizado, mas
que fazem toda a diferença entre a vida e a morte de quem gosta de se banhar.
Acredita-se que a maior ocorrência de incidentes aquáticos ocorre nas
praias, devido ao grande número de turistas nos períodos de férias, porém,
essa informação está equivocada. O local com maior número de salvamentos
não é na orla, mas, sim, em águas doces, nas quais acontece o maior número
de afogamentos com morte. Assim, conhecer o perfil das vítimas e as razoes
que facilitam os afogamentos tem extrema importância, pois pode-se basear
nesses dados para fazer um planejamento mais adequado e as medidas de
prevenção necessárias para cada área em particular.
Os dados estatísticos mostram que a maioria dos afogados é jovem, saudável
e com expectativa de vida de muitos anos, tornando imperativo o atendimento
rápido, adequado e eficaz, que deve ser prestado pelo socorrista imediatamente
após ou, quando possível, durante o acidente, ainda dentro da água. Portanto,
o atendimento pré-hospitalar a esses casos deve ser diferenciado de outros,
pois necessita que se inicie pelo socorro dentro da água e exige do socorrista
algum conhecimento do meio aquático para que não se torne mais uma vítima.
No Quadro 1, você pode verificar a estimativa do local de óbitos por
afogamento no Brasil.
tenha atenção constante nas crianças, qualquer descuido pode ser muito
desfavorável;
estipule regras rígidas de segurança para as crianças, pois ajuda a
evitar acidentes;
aprenda natação e técnicas de salvamento aquáticas, pois podem ser
bastante úteis;
nade em local com guarda-vidas e pergunte onde é mais seguro;
saiba como reconhecer e evitar as correntes de retorno (repuxo), as
quais ocorrem em praias oceânicas, com mais de 85% de afogamentos;
nade sempre acompanhado;
use o colete salva-vidas em pescarias, embarcações ou em áreas de risco;
evite ingerir bebidas alcoólicas antes do banho;
não superestime sua capacidade de nadar — 50% dos afogados achavam
que sabiam;
6 Afogamento
nunca tente salvar uma vítima de afogamento caso você não seja um
exímio nadador e tenha treinamento adequado para o resgate em águas;
lembre-se que a vítima está desesperada e busca todas as maneiras para
flutuar na água, por isso, você corre um grande risco de ser afogado
junto à vítima;
evite ao máximo entrar sozinho na água e busque alguém que também
saiba nadar para auxiliá-lo no salvamento;
entre na água com o mínimo possível de roupa, assim a vítima terá
menos chance de usar você como boia;
utilize uma boia ou qualquer objeto flutuante que possa ser agarrado
pela vítima (pedaços de madeira, pneu, prancha de surfe, etc.);
não permita a subida da vítima se você estiver em um bote, pois ele
pode virar, faça a pessoa se segurar nele e reboque-a até à superfície;
comece medidas de ressuscitação cardiopulmonar(RCP) imediatamente
se achar que a pessoa parou de respirar, até mesmo quando estiver
removendo-a para a superfície;
não entre na água se não for absolutamente necessário.
8 Afogamento
Primeiros socorros
Estar diante de uma cena de afogamento pode ser assustador, pede uma ação
rápida e exige que você faça o resgate. Portanto, nesse momento, ter o mínimo
de conhecimento dos primeiros socorros é fundamental para salvar a vida da
vítima. Veja, no Quadro 2, como realizar os primeiros socorros:
(Continua)
Afogamento 9
(Continuação)
Faça a remoção do afogado da água se for seguro para você. O ideal é tentar
ajudar mantendo-se fora da água.
Entre na água somente se tiver absoluta segurança de não correr risco de ser um
segundo afogado. Se você decidiu fazer isso, leve consigo, sempre que possível,
algum material de flutuação.
Peça ao afogado que flutue e, então, acene pedindo ajuda se você não estiver
confiante em sua natação. Não tente rebocá-lo para fora da água, pois poderá
gastar suas últimas energias.
Faça a respiração boca a boca se não houver sinais de vida, inclinando a cabeça
para trás a fim de que a língua não bloqueie o fluxo de ar e, em seguida, sopre
na boca obstruindo o nariz com a mão. Faça em torno de cinco insuflações com
intervalo entre cada uma para permitir que o tórax se eleve.
(Continua)
10 Afogamento
(Continuação)
Encare que o coração está parado se não houver resposta da vítima por meio de
movimentos ou reação à ventilação.
Inicie, então, as manobras de RPC, retire os dois dedos do queixo e passe-os pelo
abdome, localizando o encontro das duas últimas costelas, marque dois dedos,
retire a mão da testa e coloque-a no tórax, com a outra mão sobre a primeira,
e inicie 30 compressões cardíacas externa. Cada compressão deve garantir o
afundamento de no mínimo cinco centímetros do tórax, garantindo seu retorno
completo antes de se iniciar uma nova compressão. Já sua velocidade deve ser
de, no mínimo, 100 movimentos em 60 segundos.
Utilize apenas uma mão para a realização das compressões se a vítima for
criança.
Realize a RCP com outro socorrista sempre que possível, alternado quem realiza
as compressões torácicas a cada dois minutos.
(Continua)
Afogamento 11
(Continuação)
Você deve ter em mente que o tempo é um fator fundamental para o bom
resultado na RCP, e os casos de afogamento apresentam uma grande tolerância
à falta de oxigênio, o que estimula sua realização além do limite estabelecido
para outras patologias. Portanto, inicie a RCP em:
https://goo.gl/of1Ttq
Leituras recomendadas
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Núcleo de Biossegurança.
Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2003.
SILVA, D. B. Manual de primeiros socorros. Alfena: UNIFENAS, 2007.
SZPILMAN, D. Considerações sobre afogamentos e a ressuscitação cardio pulmonar
preconizada pela Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático – Sobrasa e ILS.
Revista FLAMMAE – Revista Científica do Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco, v.
1, n. 2, jul./dez. 2015.
SZPILMAN, D. Perfil epidemiológico de afogamento – Brasil – Ano 2014. Disponível em:
<http://www.sobrasa.org/perfil-epidemiologico-de-afogamento-brasil-ano-2014/>.
Acesso em: 25 jun. 2018.
SZPILMAN, D. Primeiros socorros e afogamento. In: SOUZA, P. H. et al. Manual técnico:
salvamento aquático do corpo de bombeiros da Policia Militar do Paraná. Curitiba:
Associação da Vila Militar, 2014. p. 182-201.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR
A maior parte dos acidentes que envolvem afogamentos poderia ser evitada se todas as medidas
de segurança fossem tomadas adequadamente. Confira, no vídeo a seguir, alguns dados sobre
afogamentos e dicas de medidas de prevenção destes.
EXERCÍCIOS
A) Obstrução parcial ou completa das vias aéreas superiores por uma coluna de líquido, nos
casos de submersão súbita; pela aspiração gradativa de líquido até os alvéolos.
B) Obstrução total ou incompleta das vias aéreas superiores por uma coluna de líquido, nos
casos de submersão súbita; pela aspiração gradativa de líquido até os alvéolos.
C) Obstrução parcial ou completa das vias aéreas superiores por uma coluna de líquido, nos
casos de submersão súbita; pela aspiração inesperada de líquido até os alvéolos.
D) Obstrução parcial ou completa das vias aéreas superiores por uma coluna de líquido, nos
casos de submersão súbita; pela aspiração gradativa de líquido até a traqueia.
E) Obstrução parcial ou completa das vias aéreas superiores por uma coluna de ar, nos casos
de submersão súbita; pela aspiração gradativa de líquido até os alvéolos.
2) Acredita-se que a maior ocorrência de incidentes aquáticos se dá nas praias por
causa do grande número de turistas que frequentam esses locais nos períodos de
férias. Acerca dessa afirmativa, marque a alternativa correta.
A) Essa informação está equivocada. O local onde ocorre o maior número de salvamentos não
é na orla, mas, sim, em águas salobas, onde ocorre o maior número de afogamentos com
morte.
B) Essa informação está equivocada. O local onde ocorre o maior número de salvamentos não
é na orla, mas, sim, em águas salgadas, onde ocorre o maior número de afogamentos com
morte.
C) Essa informação está correta. O local onde ocorre o maior número de salvamentos é na
orla marítima.
D) Essa informação está equivocada. O local onde ocorre o maior número de salvamentos não
é na orla, mas, sim, em transpotes fluviais.
E) Essa informação está equivocada. O local onde ocorre o maior número de salvamentos não
é na orla, mas, sim, em águas doces, onde ocorre o maior número de afogamentos com
morte.
A) Prevenção é qualquer medida com o objetivo estimular o afogamento sem que haja contato
físico entre a vítima e o socorrista e pode ser dividia em 2 tipos: prevenção ativa e
prevenção reativa. Socorro é toda ação de resgate em que não houve necessidade de
contato entre o socorrista e a vítima.
B) Prevenção é qualquer medida com o objetivo de evitar o afogamento sem que haja contato
físico entre a vítima e o socorrista e pode ser dividia em 2 tipos: prevenção ativa e
prevenção reativa. Socorro é toda ação de resgate em que houve necessidade de contato
entre o socorrista e a vítima.
C) Prevenção é qualquer medida com o objetivo de evitar o afogamento sem que haja contato
físico entre a vítima e o socorrista e pode ser dividia em 2 tipos: prevenção passiva e
prevenção reativa. Socorro é toda ação de resgate em que houve necessidade de contato
entre o socorrista e a vítima.
E) Prevenção é qualquer medida com o objetivo de evitar o afogamento sem que haja contato
físico entre a vítima e o socorrista e pode ser dividia em 3 tipos: prevenção passiva,
prevenção ativa e prevenção reativa. Socorro é toda ação de resgate em que houve
necessidade de contato entre o socorrista e a vítima.
A) Orientação;
B) Prevenção;
C) Prevenção;
E) Prevenção;
5) Em qual a posição que você deverá colocar o afogado grave ao chegar na superfície
após a retidada do água?
NA PRÁTICA
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:
Saiba mais sobre a campanha águas + seguras, promovida pela SOBRASA (Sociedade
Brasileira de Salvamento Aquático) e o INATI (Instituto de Natação Infantil).
Afogamento
Acompanhe, neste site, o índice de mortes por afogamento no Brasil, entre 1996 e 2015.
APRESENTAÇÃO
Principalmente nas estações mais quentes do ano, é necessário ter cuidados especiais com a
temperatura do organismo. Altas temperaturas, aliadas à alta umidade do ar, podem gerar
agravos de saúde que, dependendo da intensidade, podem ser fatais.
Um desses agravos de saúde é a insolação, que é muito comum nos estágios menos graves,
podendo chegar a casos extremos, levando, inclusive, ao coma. Não menos importante é a
hipertermia, que leva o corpo a temperaturas muito elevadas em que o organismo por si só não
tem condições de baixá-las e, por este motivo, se não for feito o atendimento de primeiros
socorros adequadamente, pode ter graves consequências.
Bons estudos.
DESAFIO
A insolação é uma situação que pode colocar em risco a vida, principalmente por conta do
aumento da temperatura corporal e da desidratação que acontecem quando a pessoa é exposta ao
sol forte por longos períodos de tempo.
Você está caminhando pela rua em um dia ensolarado, com temperatura de 35 ºC, quando se
depara com uma criança de aproximadamente 6 meses dentro de um carro fechado, muito
vermelha e suando muito. Quando você bate no vidro, ela não emite nenhuma reação.
Sabendo que a insolação acontece quando o sujeito é exposto ao sol e a altas temperaturas e que
o grupo de risco, ou seja, o grupo que corre risco de vida com a insolação são os bebês e os
idosos, responda às propostas a seguir:
INFOGRÁFICO
É importante ter o conhecimento sobre as técnicas adequadas de primeiros socorros para as duas
situações, com a finalidade de dar o melhor suporte possível para a pessoa vítima desses males.
Boa leitura!
PRIMEIROS
SOCORROS
Introdução
O Brasil, como país tropical, apresenta como característica altas tempe-
raturas e alta umidade do ar, combinação que requer muitos cuidados,
principalmente na estação mais quente do ano: o verão. Um agravo de
saúde muito comum em locais de clima tropical é a insolação, que é
causada pela exposição excessiva ao sol e ao calor, podendo, em alguns
casos, apresentar sérias complicações. Outra preocupação que acomete
principalmente as pessoas que fazem esportes ao ar livre ou, ainda, que
necessitem ficar em ambientes expostos ao sol ou abafados, é a hiper-
termia, que é o aumento excessivo da temperatura corporal.
Neste capítulo, você irá compreender os sintomas e as causas da hi-
pertermia e insolação, identificando e diferenciando-as, e ainda aprenderá
sobre os procedimentos de primeiros socorros que devem ser prestados
a pessoas que se encontremcom alguma dessas condições.
Distúrbio eletrolítico acontece por causa da perda excessiva de sódio, cálcio e potássio
do organismo. Acontece principalmente em casos de desidratação, sendo necessário
repor não apenas água, mas todas as substâncias que foram perdidas.
Hipertermia e insolação 3
O que é hipertermia?
Ondas de calor extremo, terremotos e inundações provocam muitas mortes.
Em 1995, em Chicago, EUA, uma onda de calor matou 739 pessoas (TERRA,
2004). Em 2018, no Japão, uma onda de calor matou 138 pessoas e levou
70 mil pessoas ao hospital (O GLOBO, 2018).
A hipertermia é o aumento da temperatura corporal, sendo caracterizada
por temperaturas corporais acima dos 40°C (BRASIL, 2003b), sendo mais
grave do que a febre, pois ela eleva a temperatura a níveis preocupantes (acima
de 41°C). Esse aumento exacerbado da temperatura corporal pode gerar danos
cerebrais permanentes e levar inclusive a óbito.
A hipertermia ocorre pela falência da regulação hipotalâmica, que realiza a
termorregulação do corpo humano (TARINI et al., 2006). Além do aumento da
temperatura corporal, a hipertermia costuma ser acompanhada do aumento da
frequência cardíaca e respiratória, calafrios, bem como frio extremo. Também
podem aparecer sintomas de fadiga, mal-estar, boca seca e falta de apetite,
causando profundo desconforto (BRASIL, 2003a). Fazer o corpo chegar a
temperaturas tão extremas não é algo tão simples, uma vez que o organismo
possui diversas formas de controle térmico, entre elas a troca de líquidos com
o ambiente (suor) como forma de dissipar o calor.
A hipertermia pode ser causada por alguns fatores, como veremos no
Quadro 1.
4 Hipertermia e insolação
Um caso bastante conhecido foi do paratleta Odair Santos, brasileiro recordista mundial
nos 800 m na categoria T11 (cego total). Durante a final dos 5.000 m no Mundial Para-
límpico de Atletismo do Catar em 2015, o atleta teve três desmaios seguidos e precisou
ser retirado da pista de cadeira de rodas após ser exposto a uma temperatura de 35°C.
O que é insolação?
Você com certeza já foi à praia e ficou horas a fio no sol e acabou ficando com
um “torrão”, que é quando a pele fica vermelha, inchada e ardendo, além de
mal-estar, sensação quente na pele e dor de cabeça. Se isso já aconteceu com
você alguma vez, pode-se dizer que você já teve uma insolação.
A insolação pode ser definida como uma exposição prolongada ao sol ou
ainda a temperaturas muito altas. É causada pela ação direta e prolongada dos
raios de sol sobre o indivíduo. Sendo entendida por Brasil (2003b, documento
on-line) como “[...] uma emergência médica caracterizada pela perda súbita
de consciência e falência dos mecanismos reguladores da temperatura do
organismo.” Mesmo que pareça ser comum e inofensiva, em 2013 foi a res-
ponsável pela morte de 10 chineses. Entre os mais afetados por esse mal estão
os extremos de idade, ou seja, crianças pequenas e idosos, e aqueles que têm
doença cardiovascular, hipotireoidismo, diabetes ou alcoolismo (POTTER;
PERRY, 2011). A insolação é uma situação com risco de morte que tem como
consequência uma temperatura corporal muito elevada e a disfunção de muitos
sistemas orgânicos (BEERS, 2013).
6 Hipertermia e insolação
A insolação ocorre quando o corpo não consegue perder calor com rapidez
suficiente em condições de calor extremo. Como o organismo não consegue
resfriar, a temperatura corporal continua a aumentar rapidamente até níveis
perigosamente elevados (acima de 41°C). Dentre as consequências da insolação
estão a desidratação; danos temporários ou permanentes a órgãos vitais, como
o coração, os pulmões, os rins, o fígado e o cérebro e, em casos mais graves,
pode evoluir a óbito.
A insolação apresenta diversos sintomas aos quais é necessário estar atento,
principalmente nas populações de risco, sendo eles (BEERS, 2013):
tonturas;
desmaios;
coordenação motora pobre;
dor de cabeça;
visão embaçada;
dores musculares;
náuseas e vômitos;
pele vermelha, seca e sensível;
confusão mental e desorientação;
convulsão e até coma (em casos mais graves);
alterações na frequência cardíaca e respiratória, bem como na pressão
arterial.
O risco de morte por insolação depende de diversos fatores (ou seja, não
é sempre que uma exposição ao sol acarretará em óbito), sendo eles: a idade
do sujeito que sofreu esse mal (se adulto, idoso, criança, bebê); se houve
órgãos acometidos e quais órgãos (pode haver acometimento temporário ou
permanente do coração, do pulmão, do rim, do fígado e do cérebro) (BEERS,
Hipertermia e insolação 7
Sem tratamento imediato, cerca de 80% das pessoas que sofreram uma insolação
podem evoluir a óbito, e 20% das pessoas que sobrevivem não conseguem que o
cérebro, rins e fígado sejam completamente recuperados, podendo sofrer alterações
de personalidade, letargia ou falta de coordenação. A temperatura corporal pode
demorar semanas para voltar ao seu estado normal.
Imagine que você está andando na rua no verão, com a sensação térmica de 40°C e
entra em um carro que está com o ar condicionado ligado em 18°C. Essa troca brusca
de temperatura é conhecida por choque térmico e faz com que o seu sistema de
termorregulação necessite agir muito rápido para se adequar à nova temperatura,
modificando a pressão arterial e a frequência cardíaca. Em indivíduos não saudáveis,
esse processo pode gerar mal-estar, picos hipertensivos e, em casos extremos, a
paralisia de um dos lados do rosto, além de ressecar as vias aéreas.
BEERS, M. H. (org.). Manual Merck: diagnóstico e tratamento. 19. ed. São Paulo: Roca, 2013.
BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003b.
Disponível em: http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/manuais/biosseguranca/
manualdeprimeirossocorros.pdf. Acesso em: 21 jul. 2019.
BRASIL. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de
Gestão da Educação na Saúde. Profissionalização de auxiliares de enfermagem. Brasília,
DF: Ministério da Saúde, 2003a. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publi-
cacoes/profae/pae_cad3.pdf. Acesso em: 21 jul. 2019.
LEITES, G. T. et al. Thermoregulation of competitive artistic gymnastic athletes and non-
-athlete girls exercising in the heat. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho
Humano, v. 18, n. 2, p. 143−154, 2016. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbcdh/
v18n2/1415-8426-rbcdh-18-2-0143.pdf. Acesso em: 21 jul. 2019.
12 Hipertermia e insolação
O GLOGO. Com 80 mortes, Japão reconhece onda de calor como desastre natural. Brasil,
2018. Disponível em: https://oglobo.globo.com/sociedade/com-80-mortes-japao-
-reconhece-onda-de-calor-como-desastre-natural-22913654. Acesso em: 21 jul. 2019.
POTTER, P. A.; PERRY, A. G. Fundamentos de enfermagem. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2011.
TARINI, V. A. F. et al. Calor, exercício físico e hipertermia: epidemiologia, etiopatogenia,
complicações, fatores de risco, intervenções e prevenção. Revista Neurociências, v. 14,
n. 3, p. 144-152, 2006. Disponível em: http://revistaneurociencias.com.br/edicoes/2006/
RN%2014%2003/Pages%20from%20RN%2014%2003-5.pdf. Acesso em: 21 jul. 2019.
TERRA. Onda de calor vai piorar nos EUA e na Europa, diz estudo. Brasil, 2004. Disponível
em: http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI361563-EI314,00-Onda+de+ca
lor+vai+piorar+nos+EUA+e+na+Europa+diz+estudo.html. Acesso em: 21 jul. 2019.
Leituras recomendadas
DAMATTO, R. L.; CEZAR, M. D. M.; SANTOS, P. P. dos. Controle da temperatura corporal
durante o exercício físico. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 112, n. 5, p. 543−544, 2019.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abc/v112n5/pt_0066-782X-abc-112-05-0543.
pdf. Acesso em: 21 jul. 2019.
GOMES, L. H. L. S. et al. Termorregulação durante o exercício em ratos hipertensos:
efeitos do treinamento físico. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 112, n. 5, p. 534−542,
2019. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abc/v112n5/pt_0066-782X-abc-20190050.
pdf. Acesso em: 21 jul. 2019.
MELO-MARINS, D. et al. Termorregulação e equilíbro hídrico no exercício físico: aspectos
atuais e recomendações. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 25, n. 3, p. 170−181,
2017. Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RBCM/article/view/170/
pdf. Acesso em: 21 jul. 2019.
DICA DO PROFESSOR
A hipertermia pode ser facilmente confundida com a febre, uma vez que ambas alteram a
temperatura corporal basal. Mas existem diferenças importantes entre ambas, principalmente
relacionadas a gravidade e às consequências a saúde.
No vídeo desta Dica do Professor você irá identificar as características da hipertermia, quais
seus sintomas e causas, reconhecendo estratégias para conter o aumento da temperatura
corporal.
EXERCÍCIOS
III- O suor e a dilatação dos vasos sanguíneos são mecanismos do organismo para
regular a temperatura.
A) I - II - III - IV.
B) I - III - IV - V.
C) I - II - III - V.
D) II - III - IV - V.
E) I - II - III - IV - V.
D - No caso da insolação, pode-se dizer que bebês e idosos são a população que
apresenta maior risco.
A) B - D - E.
B) A - B - E.
C) A - C - D.
D) C - D - E.
E) B - D - C.
3) A hipertermia e a insolação podem parecer quadros muito semelhantes, mas elas têm
algumas características que a diferenciam e que fazem a total diferença,
principalmente para o tratamento de primeiros socorros de ambas. Diante desse
cenário, relacione as primeiras opções a seguir com as assertivas seguintes.
a) Hipertermia
b) Insolação
( ) Pode ser causada por diversos fatores, como infecções, esforço prolongado e
ambientes excessivamente aquecidos.
( ) É importante que o serviço de saúde seja imediatamente acionado, uma vez que as
causas são muitas.
A) A - B - A - A - B.
B) B - A - B - B - A.
C) A - B - A - B - B.
D) A - B - A - B - A.
E) B - A - B - A - B.
( ) Em casos extremos, sintomas como agitação, confusão mental e coma podem ser
visualizados.
A) F - F - F - V.
B) V - F - V - V.
C) F - V - V - V.
D) V - F - V - F.
E) F - V - V - F.
a) Hipertermia maligna
b) Hipertermia por esforço
c) Hipertermia clássica
( ) É hereditária.
( ) Pode acontecer caso uma criança fique trancada em um carro em um dia quente.
A) B - A - C - C - A - B.
B) B - A - C - C - B - A.
C) A - B - A - C - B - C.
D) A - B - C - A - B - C.
E) C - A - B - C - A - B.
NA PRÁTICA
Durante o verão, casos de insolação podem ser bem comuns nas aulas de Educação Física,
principalmente em locais onde não há espaço coberto para a prática. Para tal, é importante que o
professor saiba prestar os primeiros atendimentos logo que apareçam os primeiros
sintomas, para que o quadro não se agrave.
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:
Choque térmico
Neste vídeo, você irá verificar a diferença entre hipertermia e insolação, além de suas principais
características. Este é um vídeo que faz parte do material apresentado à disciplina de
Biossegurança e Primeiros Socorros, por alunos da turma XXXI do curso de Medicina da UCB.
Assista!
O que é insolação?
No site do Ministério da Saúde, você poderá visualizar mais informações sobre a insolação e
aprender mais sobre as causas, os sintomas, o diagnóstico, o tratamento e a prevenção.
Acompanhe!
Neste artigo, você conhecerá diferentes mecanismos para manter a temperatura corporal durante
o exercício físico. Além disso, conhecerá os efeitos da desidratação no desempenho físico de
atletas e pessoas que praticam exercícios com o objetivo de obter melhoras na aptidão física.
APRESENTAÇÃO
Animais peçonhentos são aqueles que, por meio de um mecanismo de caça e defesa, têm a
capacidade de injetar em suas presas uma substância tóxica produzida em suas glândulas. Eles
se utilizam de dentes, ferrão, aguilhão, etc., para inocular seu veneno. A ação de ataque e
inoculação do veneno ocorre por instinto, seja por caça e alimentação ou seja por defesa, pois,
ao sentirem-se ameaçados, eles procuram imobilizar seu agressor para então fugirem para um
local seguro. Os animais peçonhentos são geralmente temidos pelo homem, e costumam estar
presentes tanto em meios rurais quanto em meios urbanos. Eles são responsáveis por
provocarem inúmeros acidentes domésticos, em variadas regiões brasileiras, com índices
crescentes ano após ano.
Bons estudos.
DESAFIO
As equipes multiprofissionais das Unidades Básicas de Saúde (UBS) são responsáveis por
coordenar o cuidado e o atendimento a questões que envolvem a saúde da população.
Imagine que você faz parte de uma dessas equipes e atende uma usuária desse serviço no posto
médico em que atua. Ela parece bastante preocupada e relata a seguinte situação:
Diante dessa situação, a senhora lhe faz as seguintes perguntas:
1) O que eu posso fazer para evitar acidentes com animais peçonhentos, como cobras,
escorpiões e aranhas?
INFOGRÁFICO
Os acidentes com animais peçonhentos são prevalentes no nosso meio e têm grande importância
médica.
Confira neste infográfico os sintomas mais comuns das picadas das principais aranhas,
escorpiões e cobras encontradas no Brasil.
CONTEÚDO DO LIVRO
Os animais peçonhentos são aqueles que produzem substância tóxica e apresentam um aparelho
especializado destinado à inoculação dessa substância, também conhecida por veneno. Eles
possuem glândulas que armazenam o veneno e que se comunicam com dentes ocos, ferrões ou
aguilhões, pelos quais o veneno passa ativamente atingindo assim as vítimas.
No capítulo Acidentes com animais peçonhentos, do livro Primeiros Socorros, base teórica
desta Unidade de Aprendizagem, você verá assuntos que irão aprofundar seu conhecimento.
Boa leitura.
PRIMEIROS
SOCORROS
Márcio Haubert
Acidentes com animais
peçonhentos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Os animais peçonhentos produzem substância tóxica e apresentam um
aparelho especializado destinado à sua inoculação, também conhecida
como veneno, o qual é armazenado por glândulas que se comunicam
com dentes ocos, ferrões ou aguilhões, pelos quais o veneno passa ati-
vamente, atingindo as vítimas. Aqueles que mais causam acidentes no
Brasil são os escorpiões, as serpentes, as aranhas e alguns insetos, como
abelhas e lagartas.
Neste capítulo, você conhecerá os diferentes tipos de animais pe-
çonhentos e aprenderá as medidas de prevenção aos acidentes que os
envolvem e como devem ser seus primeiros socorros.
Animais peçonhentos
Os animais peçonhentos, por meio de um mecanismo de caça e defesa, tem
a capacidade de injetar em suas presas uma substância tóxica produzida em
suas glândulas, utilizando de dentes, ferrão, aguilhão, etc. para inoculá-la.
A ação de ataque e inoculação do veneno ocorre por instinto, seja por caça
e alimentação ou por defesa, pois ao sentirem-se ameaçados, eles tentam
imobilizar seu agressor a fim de fugirem para um local seguro.
2 Acidentes com animais peçonhentos
Esses animais são comumente temidos pelo ser humano, costumam estar
presentes tanto em meios rurais como urbanos e provocam inúmeros acidentes
domésticos, em variadas regiões brasileiras, com índices crescentes ano após
ano. A incidência desses acidentes, em geral, se intensifica nos meses mais
quentes e chuvosos do ano. Os últimos dados publicados pelo Ministério da
Saúde foram coletados entre novembro de 2012 e março de 2013, temporada
de chuvas na maior parte do país, em que se registrou 71.217 acidentes e 144
mortes. Os escorpiões são responsáveis pela maioria deles, sendo que, em
2012, houve 65.008 casos, 45% do total notificado no ano. Já as serpentes
causaram 20% dos acidentes; as aranhas, 18%; as abelhas, 7%; as lagartas,
3%; e outros animais, 7% (BRASIL, 2013).
É muito importante destacar que eles agem por instinto de defesa, por isso,
a maioria dos acidentes ocorre por descuido ou por imprudência humana,
como acontece ao calçar um sapato sem antes olhar seu interior, comprimindo
um animal ali alojado e aumentando as possibilidades de uma picada como
reação. A seguir, você poderá reconhecer os animais que têm maior impor-
tância epidemiológica.
Abelhas
As picadas produzidas por abelhas estão entre os tipos mais encontrados de
picaduras de insetos, cujo ferrão se projeta da porção posterior do abdome
para injetar veneno na pele da vítima. As abelhas mais comuns se tratam da
africana e da europeia, que são bastante parecidas e usadas como poliniza-
doras na agricultura e na produção de mel. Nenhuma das duas tende a picar
quando retiram néctar e pólen das flores, mas ambas o farão para defender-se,
se forem provocadas.
Veja a seguir as principais características das abelhas europeias e africanas:
Lacraias
As lacraias e as centopeias são cientificamente chamadas de quilópodes, bem
como estão distribuídas pelo mundo em regiões temperadas e tropicais. A
lacraia é peçonhenta, mas seu veneno não oferece muito perigo à raça humana,
possui hábitos noturnos e, durante o dia, esconde-se em pedras, folhagens
ou em qualquer ambiente escuro e úmido que possa lhe oferecer abrigo. Ela
também tem o costume de levantar sua cauda quando ameaçada, porém, não
injeta seu veneno por meio dela, e sim pelos ferrões.
Seus ataques são caracterizados por dor local imediata em queimação, de
intensidade variável, que pode permanecer por muitas horas, acompanhada
ou não de prurido, hiperemia, edema e evolução para necrose superficial.
Os sintomas eventualmente presentes incluem cefaleia, vômitos, ansiedade,
agitação, angústia, pulso irregular, tonturas, paresia ou dormência da região
afetada, linfadenite, linfangite e alterações cardíacas passageiras.
Veja na Figura 2 uma lacraia.
Figura 2. Lacraia.
Fonte: Cultura Mix (c2018, documento on-line).
Acidentes com animais peçonhentos 5
Lagartas venenosas
As lagartas estão na ordem das lepidópteras e têm cem mil espécies distribuídas
pelo planeta. A maioria delas encontra-se em árvores e arbustos, nos quais se
alimentam de suas folhas e, quando atingem a forma adulta, se transformam
em borboletas ou mariposas. Grande parte dos acidentes ocorre por meio do
contato com as formas larvais do inseto, conhecidas como lagartas, taturana,
sauí, lagarta-de-fogo, chapéu-armado, taturana-gatinho e taturana-de-flanela,
marandová, mandorová, ruga, oruga, bicho-peludo, bicho-cabeludo, etc.
A ação do seu veneno é pouco conhecida, e o quadro clínico apresenta
manifestações que dependem da intensidade e extensão do contato — as três
principais são dermatológicas, hemorrágicas e osteoarticulares.
As manifestações dermatológicas apresentam uma sensação intensa de
queimação e dor no local, ocorrendo sua irradiação para as axilas e regiões
inguinais. Elas podem estar acompanhadas de eritema, edema, lesões papulares
e prurido. As flictenas e as vesículas formam-se 24 horas após o acidente com
necrose superficial e hiperpigmentação, já o mal-estar, a sensação febril, as
náuseas, os vômitos, a diarreia, a lipotimia e outros sintomas também podem
aparecer. Geralmente, o quadro regride em dois a três dias, sem complicações
ou sequelas.
Já as manifestações hemorrágicas são causadas, principalmente, pelas
taturanas, que, quando em contato com a pele humana, produzem queimadu-
ras. Entre duas e 72 horas após o acidente, aparecem hematomas, equimoses,
hematúria, gengivorragia, cefaleia e palidez.
As manifestações osteoarticulares, por sua vez, se caracterizam pelas
periartrites, em geral falangeanas, e ocorrem sobretudo nos seringueiros da
região amazônica que entram em contato com lagartas comumente chamadas de
pararama. Pararamose, como se conhece popularmente, é a doença considerada
profissional, de natureza inflamatória, causada pelo contato acidental com as
cerdas dessas lagartas, cuja reação cutânea inicial se assemelha à das outras
espécies (dor, prurido e eritema). A exposição subsequente e continuada leva
o paciente a uma artrite crônica deformante.
6 Acidentes com animais peçonhentos
Escorpiões
O envenenamento escorpiônico é muito comum no Brasil, ocorre mais nos
meses de calor e em pessoas de 15 a 50 anos, bem como pode causar a morte,
principalmente em crianças, sendo o gênero Tityus o de maior importância
no país. Esse tipo de escorpião tem, em geral, de seis a sete centímetros de
tamanho, esconde-se, frequentemente, em lugares frescos e escuros, sob ma-
deiras, pedras, cascas de árvores, tijolos, folhas e telhas, junto aos domicílios,
e pica ao ser molestado.
A ação do seu veneno é neurotóxica direta sobre os neurônios do córtex,
o cerebelo e a medula espinal, podendo ocorrer, ainda, a impregnação dos
núcleos neurovegetativos do bulbo, levando à morte por choque e apneia.
Muitos escorpiões, porém, produzem ferroadas inócuas, com os sinais comuns
de vários graus de edema, dor e alteração de cor da pele.
Os sintomas dos acidentes por escorpiões podem ser locais (leves) ou sis-
têmicos (moderados ou graves), podendo surgir após um intervalo de minutos
até duas ou três horas. Sua gravidade depende da espécie e do tamanho do
Acidentes com animais peçonhentos 7
Corpo/
Escorpiões Nome popular coloração Toxidade
Aranhas
As aranhas causam acidentes comuns, e a maioria não apresenta repercussão
clínica, sendo os gêneros mais importantes no país a aranha-marrom, a aranha
armadeira e a viúva-negra. Outros tipos podem ocasionar acidentes, porém, são
de pouca importância clínica e epidemiológica, como a aranha caranguejeira.
Cobras
As serpentes venenosas geralmente habitam áreas cultivadas como plantações,
campos e pastos, possuem hábitos noturnos e ficam em esconderijos durante
o dia, por exemplo, tocas de tatus, tocos de árvores, covas de raízes e montes
de lenha. Costumam fugir dos locais que recebem sol diretamente, exceto nas
primeiras horas da manhã e nas últimas da tarde.
Os acidentes causados por cobras merecem atenção, pois podem colocar
a vítima em risco, devido à sua potencial gravidade. Por isso, possuir noções
para a identificação do ofídio agressor garante uma assistência adequada,
pois muitos desses acidentes ofídicos ocorrem por serpentes não peçonhentas,
tendo fundamental importância no tratamento e na autoproteção.
Identifica-se o gênero nos casos de serpentes peçonhentas, pois a sorote-
rapia específica (soro antiofídico) é um recurso terapêutico fundamental para
a vítima. Sua identificação deve ser realizada por meio de suas características
anatômicas ou dos sintomas apresentados pelo paciente, porque esses aspectos
se mantêm relativamente constantes entre ofídios do mesmo gênero — sendo
os de maior importância epidemiológica: Micrurus (coral verdadeira); Crotalus
(cascavel); Lachesis (surucucu); Bothrops (jararaca, caiçaca, urutu e cotiara).
As picadas tendem a apresentar como sintomas dor local, enfraquecimento,
perturbações visuais, náuseas e vômitos, pulso fraco, taquipneia, extremidades
frias, perda de consciência, rigidez na nuca, coma e morte. Veja no Quadro 3
as principais características das cobras.
10
Fosseta
Anatomia/gênero Cabeça Pupilas loreal* Presas inoculadoras Cauda
Acidentes com animais peçonhentos
Bothrops, Lachesis Triangular Em fendas Presente Grandes, móveis, anteriores, Curta e com afilamento
e Crotalus inseridas no maxilar superior, súbito, lisa: Bothrops.
ocas como agulhas de injeção. Escamas eriçadas: Lachesis.
Deixam marca de duas Em chocalho: Crotalus
presas no local da picada
Micrurus** Arredondada Redondas Ausente Pequenas, fixas, inseridas mais Lisa e com afilamento,
no interior da boca, sulcadas em geral, progressivo
Não peçonhentas Arredondada Redondas ou Ausente Ausentes ou pequenas, inseridas Lisa e com afilamento,
em fendas bem posteriormente na boca em geral, progressivo
Cauda
Mordida curta
NÃO VENENOSA
Cabeça com Olhos
placas grandes
Cauda longa
Mordida afinando
gradualmente
Primeiros socorros
Os primeiros socorros que devem ser dispensados à vítima serão apresentados,
a seguir, conforme o tipo de animal que causou o acidente.
Picadas de insetos
Mantenha a calma.
Observe os sinais e as funções vitais da vítima.
Leve o acidentado rapidamente ao hospital, no caso de múltiplas picadas
de abelhas.
Leve, se possível, o animal para identificação.
Utilize a técnica de raspagem do local, com uma lâmina limpa, para
retirar ferrões de abelhas. Não use pinça, pois provoca a compressão
dos reservatórios de veneno, o que resulta na inoculação da substância
ainda existente no ferrão.
Lave o local com água e sabão, após a remoção, para prevenir a ocor-
rência de infecção secundária.
Aplique uma bolsa de gelo para controlar a dor.
Lave a região atingida com água fria, aplique compressas frias, eleve o
membro acometido e encaminhe ao atendimento médico os indivíduos
que apresentam ardor intenso, em acidentes com lagartas.
Não dê bebidas alcoólicas à vítima.
Encaminhe a vítima ao atendimento especializado nos casos de dores
intensas.
Remova a vítima com maior urgência para o atendimento especializado,
em caso de reação de hipersensibilidade.
Picadas de cobras
Acalme e conforte a vítima que, quase sempre, estará agitada.
Mantenha a vítima em decúbito dorsal, em repouso, evitando deambular
ou correr, caso contrário, a absorção do veneno pode disseminar-se
mais rápido.
16 Acidentes com animais peçonhentos
https://goo.gl/CqV4Vj
Leituras recomendadas
INSTITUTO BUTANTAN. Acidentes por animais peçonhentos. [2001]. Disponível em:
<http://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/
areas-de-vigilancia/doencas-de-transmissao-por-vetores-e-zoonoses/aula03_pe-
conhentos.pdf>. Acesso em: 01 jul. 2017.
RAMALHO, M. G. Acidentes com animais peçonhentos e assistência em saúde. 2014. 27 f.
Monografia (Bracharelado em Enfermagem) – Centro Universitário de Brasília, Brasília,
2014. Disponível em: <http://repositorio.uniceub.br/bitstream/235/5662/1/TCC%20
%20MURYELLE.pdf>. Acesso em: 01 jul. 2018.
SILVA, S. T. et al. Escorpiões, aranhas e serpentes: aspectos gerais e espécies de inte-
resse médico no Estado de Alagoas. Maceió: EDUFAL, 2005. Disponível em: <http://
www.usinaciencia.ufal.br/multimidia/livros-digitais-cadernos-tematicos/Escorpioes_
Aranhas_e_Serpentes.pdf>. Acesso em: 01 jul. 2018.
DICA DO PROFESSOR
Os acidentes com animais peçonhentos são recorrentes no nosso meio, e são de grande
relevância médica quando acontecem com crianças. No Brasil, ocorrem com mais frequência os
acidentes por aranhas, lagartas, cobras e escorpiões. A gravidade do quadro do paciente
dependerá da sua idade, seu peso e, é claro, do animal envolvido no acidente. O uso do soro
específico pode salvar vidas. Por isso, a identificação do agente e a indicação do uso de soro
específico precocemente são fundamentais para a abordagem correta ao paciente.
EXERCÍCIOS
C) A Viúva-Negra possui comportamento não agressivo. Ela exerce atividade noturna e vive
em grupos, tecendo teia irregular em arbustos, gramíneas, cascas de coco, canaletas de
chuva ou sob pedras. Vive próxima ou dentro das casas, em ambientes sombreados, como
frestas, sob cadeiras e mesas em jardins. Acidentes com esse tipo de aranha causam dor na
região da picada, contrações nos músculos, suor generalizado e alterações na pressão e nos
batimentos cardíacos.
D) As aranhas caranguejeiras são insetos não agressivos, mesmo sendo grandes e causadoras
de medo. Apesar de seu tamanho, elas são frequentemente encontradas em residências e
costumam causar acidentes considerados graves.
E) As aranhas são insetos que causam acidentes sempre graves, embora a maioria não
apresente grande repercussão clínica. Os gêneros de aracnídeos que mais têm importância
em nosso país são a aranha-marrom, a aranha armadeira e a Viúva-Negra.
D) Não deve ser realizada a sucção com a boca para não contaminar o local da picada.
E) Antes de aplicar medicamentos próprios para esse tipo de acidente, deve ser realizada no
local uma pequena incisão, com objeto cortante esterilizado, para que o veneno escoe para
fora do corpo.
A) Preservar predadores naturais, como aves de hábitos noturnos, sapos, gansos, galinhas,
pássaros e lagartos costuma atrair animais peçonhentos.
B) • Observe com cuidado sapatos e roupas, principalmente os itens menos usados,
sacudindo-os antes de usá-los.
E) Ao colocar as mãos em buracos, sob pedras e troncos podres, tenha ao seu alcance soro
antiofídico.
5) Identificar o gênero das cobras é importante nos casos de serpentes peçonhentas, pois
a soroterapia específica (soro antiofídico) é o recurso terapêutico fundamental para a
vítima. Sua identificação deve se dar por meio de suas características anatômicas.
Sobre esse tópico, marque a alternativa correta:
C) Serpentes dos gêneros Bothrops, Lachesis, Crotalus e Micrurus possuem fosseta loreal
ausente.
D) Serpentes dos gêneros Bothrops, Lachesis, Crotalus e Micrurus possuem a cauda lisa e
com afilamento em geral progressivo.
NA PRÁTICA
As serpentes do gênero Crotalus são popularmente conhecidas por Cascavel e, sua principal
característica é a presença de guizo ou chocalho na cauda. O veneno crotálico possui atividade
neurotóxica, coagulante e miotóxica sistêmica.
Confira aqui um caso clínico que relata esse tipo de acidente e o tratamento da vítima.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:
Primeiros socorros
Neste vídeo, confira dicas sobre primeiros socorros para acidentes com animais peçonhentos.
Animais peçonhentos
Confira aqui uma cartilha para download com informações importantes sobre os principais
animais peçonhentos.
APRESENTAÇÃO
Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá aprender a identificar os agentes causadores das
intoxicações endógenas e as medidas de prevenção necessárias para evitar intoxicações, além de
conhecer os primeiros socorros que devem ser dispensados às vítimas de intoxicação exógena.
Bons estudos.
DESAFIO
INFOGRÁFICO
CONTEÚDO DO LIVRO
As intoxicações exógenas configuram um importante problema de saúde pública, que afeta
principalmente as crianças menores de cinco anos. De acordo com dados do Sistema Nacional
de Informações Tóxico-Farmacológicas, os agentes que mais causam intoxicação com registro
são os medicamentos, seguidos dos domissanitários, das drogas de abuso, dos produtos
químicos industriais e agrotóxicos de uso agrícola.
Na obra Primeiros socorros, leia o capítulo Intoxicação exógena, base teórica desta Unidade de
Aprendizagem. Nele, você verá quais são os agentes que podem causar esse tipo de intoxicação,
além de medidas de prevenção e primeiros socorros às vítimas.
PRIMEIROS
SOCORROS
Márcio Haubert
Intoxicação exógena
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A intoxicação exógena (IE) é um processo patológico provocado por
substâncias que causam desequilíbrio na homeostase do organismo,
mediadas por reações bioquímicas. Esse processo tóxico se manifesta por
meio de sinais e sintomas no indivíduo intoxicado. Os efeitos da substância
tóxica no organismo podem surgir de imediato ou no decorrer do tempo.
As IE configuram um importante problema de saúde pública que afeta
principalmente as crianças menores de cinco anos. Segundo dados do
Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas, os agentes que
mais causam intoxicação com registro são os medicamentos, seguidos
dos domissanitários, as drogas de abuso, os produtos químicos industriais
e os agrotóxicos de uso agrícola.
Neste capítulo, você aprenderá a identificar os agentes causadores
de IE e as medidas de prevenção necessárias para evitar intoxicações,
além de conhecer os primeiros socorros que devem ser dispensados às
vítimas de IE.
Agentes causadores
Diversas substâncias químicas e partículas sólidas originadas nas atividades
comercial, agrícola, industrial e laboratorial possuem potencial tóxico para o
ser humano. Intoxicações ou envenenamentos podem ocorrer por negligência
ou ignorância no manuseio de substâncias tóxicas em diversos ambientes,
2 Intoxicação exógena
Além desses sinais e sintomas, você deve atentar para sinais específicos,
conforme o sistema corpóreo ou órgão intoxicado, descritos no Quadro 1.
4 Intoxicação exógena
Sistema nervoso
(Continua)
Intoxicações exógenas 5
(Continuação)
Globo ocular
Aparelho respiratório
(Continua)
6 Intoxicação exógena
(Continuação)
Sistema gastrointestinal
(Continua)
Intoxicações exógenas 7
(Continuação)
Aparelho cardiovascular
Pele e mucosas
Sistema geniturinário
Poliúria Chumbo.
(Continua)
8 Intoxicação exógena
(Continuação)
Paracetamol Acetilcisteína
(Continua)
Intoxicações exógenas 9
(Continuação)
Medidas de prevenção
Os produtos químicos são indispensáveis para o desenvolvimento das ativi-
dades da humanidade, tanto para a prevenção e cura das doenças como para
o aumento da produtividade agrícola. Entretanto, o uso inadequado e abusivo
tem causado efeitos adversos à saúde humana e à integridade do meio ambiente,
ocasionando acidentes individuais, coletivos e de grandes proporções.
As maiores ocorrências de IE ocorrem com crianças em ambientes domici-
liares, isso ocorre devido ao número crescente de novos produtos introduzidos
no mercado, sempre com embalagens atrativas e que fazem o consumidor
perder a referência da substância tóxica. Outra importante causa aponta para
a indústria farmacêutica, que procura cada vez mais melhorar o aspecto e o
sabor dos remédios para facilitar a adesão ao tratamento, mas que também
acaba propiciando o maior número de intoxicações acidentais na infância.
As intoxicações em crianças menores de um ano ocorrem por descuido
dos pais ou responsáveis na administração de medicamentos, pois, nessa
idade, a criança não tem desenvoltura para andar, pegar o vidro de remédio,
abrir a tampa e tomar o medicamento. Já as intoxicações em crianças maiores
de um ano ocorrem por meio de produtos domiciliares, pois elas estão se
locomovendo pela casa e abrindo armários. Produtos como álcool, querosene,
detergentes e desinfetantes são guardados, quase sempre, de maneira incorreta,
como em recipientes mal fechados ou em embalagens indevidas (garrafas de
refrigerante, por exemplo).
Medidas preventivas devem sempre existir a fim de evitar os acidentes,
pois a prevenção é sempre o melhor tratamento contra qualquer acidente. Veja
as principais medidas preventivas a serem seguidas:
10 Intoxicação exógena
Dicas de prevenção
Prevenção é o melhor socorro em casos de intoxicações.
Conheça os tipos de substâncias tóxicas maquiladas no seu ambiente de trabalho,
bem como seus antídotos.
Evite deixar medicamentos, material de limpeza, produtos de higiene e cosméticos
perto do alcance de crianças.
Use apenas medicamentos indicados por um médico e confirme a prescrição.
Para qualquer dúvida procure o Centro de Informação Toxicológica (CIT) do seu
estado.
Primeiros socorros
Em suspeita de envenenamentos e intoxicações, é importante investigar a área
onde o acidentado foi encontrado, na tentativa de identificar, com a maior
precisão possível, o agente causador do envenenamento, ou encontrar pistas
que ajudem nessa identificação. Muitos indícios são úteis nessa dedução,
como frascos de remédios, produtos químicos, materiais de limpeza, bebidas,
seringas de injeção, latas de alimentos, caixas e outros recipientes.
Muitas pessoas supõem que exista um antídoto para a maioria ou a totalidade
dos agentes tóxicos, mas, infelizmente, isso não é verdade. Existem apenas
alguns produtos específicos para certos casos e que necessitam de orientação
médica para serem usados.
Portanto, o bom atendimento de primeiros socorros deve ser feito pelo uso,
aplicação e práticas dos cuidados gerais. Os primeiros socorros destinados
às vítimas devem considerar qual o tipo substância tóxica e, principalmente,
qual órgão está afetando. Os procedimentos gerais são:
isolar a área;
identificar o tipo de agente que está presente no local onde foi encon-
trado o acidentado;
utilizar equipamentos de proteção próprios para cada situação, a fim
de proteger a si mesmo;
remover o acidentado o mais rapidamente possível para um local bem
ventilado;
solicitar atendimento especializado;
12 Intoxicação exógena
Ingestão de substâncias
Muitas intoxicações ocorrem pela ingestão de agentes tóxicos, líquidos ou
sólidos. O grau de intoxicação varia com a toxicidade da substância e com
a dose ingerida. Os cuidados prestados a vítimas de ingestão de substâncias
devem incluir:
https://goo.gl/A4hoxD
Leituras recomendadas
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº. 104, de 25 de janeiro de 2011. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt0104_25_01_2011.html>.
Acesso em: 01 jul. 2018..
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº. 204, de 17 de fevereiro de 2016. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2016/prt0204_17_02_2016.html>.
Acesso em: 01 jul. 2018.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº. 1.271, de 6 de junho de 2014. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2014/prt1271_06_06_2014.html>.
Acesso em: 01 jul. 2018.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. International Programme on Chemical Safety.
Poisoning prevention and management. c2018. Disponível em: <http://www.who.int/
ipcs/poisons/en/>. Acesso em: 01 jul. 2018.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR
Os medicamentos são os principais agentes tóxicos que causam intoxicação em seres humanos
no Brasil, ocupando o primeiro lugar nas estatísticas desde 1994.
EXERCÍCIOS
A) Lave os olhos abundantemente com água corrente, durante pelo menos cinco minutos.
E) Identificar o tipo de agente que está presente no local onde foi encontrado o acidentado é
um atendimento secundário, sem importância imediata.
A) Coma.
B) Espasmos musculares.
E) Dor anginosa.
D) Guarde todas as drogas tóxicas e substâncias químicas fora do alcance das crianças.
NA PRÁTICA
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:
Veja neste manual as orientações para assistência e vigilância das intoxicações agudas.
Intoxicações exógenas
Confira no link a seguir um vídeo sobre intoxicações exógenas e veja o que fazer em diferentes
situações envolvendo esse tipo de intoxicação.
APRESENTAÇÃO
Você sabia que apesar de todo o avanço nas técnicas de reanimação cardiopulmonar, o maior
acesso aos desfibriladores externos automáticos e os novos fármacos empregados, a chance de
sobrevida dos pacientes ainda é bastante reduzida?
Nos Estados Unidos, estima-se que apenas 8% dos casos recebam alta hospitalar e que apenas
metade desses apresenta boa recuperação neurológica. Desta forma, é extremamente importante
reconhecer as etapas de suporte avançado de vida, a utilização do desfibrilador bem como os
cuidados após a parada cardiorrespiratória.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai reconhecer as etapas do suporte avançado de vida e
identificar os cuidados pós parada cardiorrespiratória.
Bons estudos.
DESAFIO
Muitas são as situações em que um evento de parada cardiorrespiratória (PCR) pode ocorrer. A
forma como deve ser realizado o retorno circulatório pode variar conforme a situação e a
avaliação.
Qual ritmo cardíaco você consegue perceber no exame apresentado? A partir desse ritmo, qual a
conduta de ação que deverá ser tomada a fim de restabelecer o fluxo circulatório e a retomada
do ritmo regular de batimentos cardíacos?
INFOGRÁFICO
CONTEÚDO DO LIVRO
Anualamente diversas pessoas, por diferentes causas, acabam sofrendo uma Parada
Cardiorrespiratória. A ausência dos movientos cardíacos e respiração é a emergência em saúde
mais grave, que necessita de uma interveção imediata e altamente eficaz, pois a ameaça a vida é
certa.
O atendimento a PCR requer um treinamento e habilidades bastante específicos, não apenas por
seu aspecto técnico, mas por que é uma situação que gera grande comoção emocional para a
equipe, família, paciente e sociedade.
Um atendimento eficaz é capaz de salvar inúmeras vidas e reverter a maioria dos casos, para
isso é necessário que se saiba o que fazer, como fazer e quando fazer.
Os profissionais de saúde, assumem ainda uma dupla tarefa. Além de estarem capacitados para o
atendimento avançado, assume a função de capacitar a sociedade geral ao atendemento em
suporte básico, aquelas interveções não invasivas, que devem ser tomadas de imediáto para a
manutenção da vida, até que o socorro especializado chegue.
Portanto, esse capítulo, irá auxiliar nos conhecimentos introdutórios acerca do suporte avançado
para reanimação cardiopulmonar (RCP).
Boa leitura.
PRIMEIROS
SOCORROS
Parada
cardiorrespiratória
e manobra de
ressuscitação
cardiopulmonar
Mariana Firmino Daré
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
A parada cardiorrespiratória (PCR) se caracteriza pela cessação de movimentos
respiratórios e de batimentos cardíacos. É uma grave emergência médica e a re-
versão desse quadro exige uma rápida e eficaz intervenção. A PCR pode acontecer
por diversos motivos, como afogamento, infarto agudo do miocárdio, hemorragia,
choque elétrico, infecção grave, acidentes vasculares e arritmia cardíaca. De forma
geral, esses fatores causam um distúrbio elétrico ou mecânico no coração, que,
por sua vez, perde a capacidade de ejetar sangue para o corpo, isto é, perde a
2 Parada cardiorrespiratória e manobra de ressuscitação cardiopulmonar
Figura 1. Etapas para o atendimento à PCR não traumática nos cenário intra e extra-hospitalares.
Fonte: American Heart Association (2020, documento on-line).
Sobe
Desce Ombros
sobre as
mãos
Braços
esticados
Usar a
5 cm base das
mãos
4. Desfibrilação
Assim que o paciente estiver monitorizado, seja pelo uso do DEA ou de um
monitor do suporte avançado, é chegada a hora de avaliar as medidas invasi-
vas. Se for identificado que o paciente apresenta um ritmo cardíaco chocável,
pode ser acionado o desfribilador, caso contrário, será necessário manter
as compressões torácicas e as ventilações, alternando os socorristas a cada
2 minutos ou menos, e iniciar o acesso venoso para medicação e procedimentos
para via aérea avançada.
Durante a RCP, pode ser necessário garantir uma via área avançada,
ou seja, intubação orotraqueal (IOT) ou uma via aérea extraglótica. Após se
estabelecer uma via aérea avançada, deve-se manter uma ventilação a cada
6 segundos, aproximadamente, completando 10 ventilações por minuto, não
sendo necessárias pausas entre as compressões torácicas; nesse cenário,
as compressões ocorrem continuamente e o socorrista responsável pela
ventilação administrará o tempo para a oferta de O2.
Além da via aérea avançada, é essencial que, para avaliar a efetividade
das ventilações e monitorar o posicionamento do tubo orotraqueal (TOT), seja
instalado a capnografia. O capnógrafo é um aparelho instalado na porção distal
do TOT que irá fornecer uma representação gráfica da curva de pressão parcial
de CO2 na mistura gasosa expirada em relação ao tempo. Esse recurso possui
as vantagens de medição em tempo real e caráter não invasivo. Entretanto,
o sensor é frágil e pode sofrer interferências e conferir peso/espaço morto
adicional ao circuito (UFMG, 2011).
Parada cardiorrespiratória e manobra de ressuscitação cardiopulmonar 7
Nas próximas seções deste capítulo, você verá com mais detalhes
as medidas invasivas para a RCP, uso do desfibrilador e cuidados
pós-PCR.
5. Cuidados pós-PCR
Assim que forem restabelecidas a circulação espontânea e a respiração do
paciente ou que ele já tenha recebido suporte ventilatório adequado, deve-se
encaminhá-lo à unidade de referência para continuidade de seu atendimento
(i.e. Unidade de Terapia Intensiva — UTI; ou sala de estabilização). No cenário
extra-hospitalar, é chegado o momento de realizar a remoção do paciente
para o hospital referenciado pela central de regulação.
6. Recuperação
A etapa de recuperação foi incluída na versão de 2020 da AHA. Após revertida
a PCR, inicia-se, portanto, o planejamento da alta do paciente e de todo o
suporte necessário à sua recuperação e à sua família. Nesta etapa, o paciente
receberá a avaliação de toda a equipe multidisciplinar necessária para sua
recuperação, como cardiologista, neurologista, fonoaudiólogo, fisioterapeuta,
nutricionista, terapeuta ocupacional, psicólogo/psiquiatra, serviço social,
entro outros que se fizeram necessários até a alta e na atenção especializada
ambulatorial (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2020).
Cuidados pós-RCP
A duração do procedimento de RCP é variável e depende bastante do prog-
nóstico, das causas que levaram à PCR, e dos protocolos institucionais.
A investigação das causas que levaram à PCR deve ser iniciada ainda durante
o atendimento de RCP. Entre as causas reversíveis estão os 5Hs: hipovolemia;
hipóxia; hidrogênio (acidemia); hipo/hipercalemia; hipotermia; e os 5Ts: ten-
são do tórax por pneumotórax; tamponamento cardíaco; toxinas; trombose
coronária; trombose pulmonar.
As intervenções de RCP presam pelo restabelecimento precoce da cir-
culação espontânea (RCE). Assim que ocorre o RCE, inicia-se uma fase da
estabilização do paciente assistido. Nesta fase, há a mobilização de muitos
membros da equipe de saúde e muitas atividades podem ocorrer ao mesmo
tempo. Cabe lembrar, no entanto, que são prioridades o manejo do TOT com
capnógrafo e o controle dos parâmetros respiratórios (FiO2 para manter a
SpO2 entre 92 a 98%; e PaCO2 de 35 a 45 mmHg) e hemodinâmicos (pressão
arterial sistólica maior que 90 mmHg ou pressão arterial média maior que
65 mmHg). Estabelecidas essas intervenções, deve ser traçado um eletro-
cardiograma (ECG) de 12 variações e consideradas intervenções cardíacas a
depender do resultado.
Na sequência, deve-se avaliar o nível de consciência, e, caso o paciente
esteja em estado comatoso (não atendendo a comandos), deve-se utilizar o
controle de temperatura tão breve quanto possível para um hipotermia indu-
zida, resfriando o paciente entre 32 a 36 °C com um dispositivo de resfriamento
com loop de feedback. Esse procedimento é importante para preservar as
estruturas neurológicas. Além disso, é importante manter o monitoramento
por ECG, realizar um tomografia computadorizada (TC) do cérebro e manter
os procedimentos de atendimento crítico.
Caso o paciente esteja responsivo, os procedimentos de atendimento
crítico são um ponto de convergência na fase inicial de manejo contínuo das
atividades de urgência adicionais, sendo eles:
Referências
AMERICAN HEART ASSOCIATION. Destaques das diretrizes de PCR e ACE de 2020 da
American Heart Association. Dallas: AHA, 2020. Disponível em: https://cpr.heart.org/-/
media/cpr-files/cpr-guidelines-files/highlights/hghlghts_2020eccguidelines_portu-
guese.pdf. Acesso em: 19 maio 2021.
PERGOLA, A. M.; ARAUJO, I. E. M. O leigo e o suporte básico de vida. Revista da Es-
cola de Enfermagem da USP, v. 43, n. 2, 2009. Disponível em: https://www.scielo.br/
scielo.php?pid=S0080-62342009000200012&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em:
19 maio 2021.
TANIWAKI, L.; MIRANDA, C. H. Cuidados clínicos após PCR. Revista Qualidade HC,
n, 168, 2019. Disponível em: https://www.hcrp.usp.br/revistaqualidade/uploads/Arti-
gos/168/168.pdf. Acesso em: 19 maio 2021.
UFMG. Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais. Instruções de
trabalho de enfermagem. Belo Horizonte: UFMG, 2011. Disponível em: https://www.
nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/2869.pdf. Acesso em: 19 maio 2021.
Leitura recomendada
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolos de suporte
básico de vida: protocolos nacionais de intervenção para o SAMU 192. Brasília: Minis-
tério da Saúde, 2014. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
protocolo_suporte_basico_vida.pdf. Acesso em: 19 maio 2021.
14 Parada cardiorrespiratória e manobra de ressuscitação cardiopulmonar
EXERCÍCIOS
A) Epinefrina e amiodarona.
B) Epinefrina e sulfato de magnésio.
C) Epinefrina.
D) Epinefrina e vasopressina.
E) Vasopressina.
A) Bulhas.
B) Cheyne-Stokes.
C) Biot.
D) Estridor inspiratório.
E) Kussmaul.
C) 1. Início precoce das manobras de ressuscitação cardiopulmonar (com maior ênfase nas
compressões torácicas).
2. Reconhecimento imediato da PCR e acionamento do serviço de emergência.
3. Rápida desfibrilação.
4. Suporte de vida avançado e eficaz.
5. Cuidados pós-PCR integrados.
D) 1. Início precoce das manobras de ressuscitação cardiopulmonar (com maior ênfase nas
compressões torácicas).
2. Reconhecimento imediato da PCR e acionamento do serviço de emergência.
3. Rápida desfibrilação.
4. Cuidados pós-PCR integrados.
5. Suporte de vida avançado e eficaz.
E) 1. Rápida desfibrilação.
2. Reconhecimento imediato da PCR e acionamento do serviço de emergência.
3. Início precoce das manobras de ressuscitação cardiopulmonar (com maior ênfase nas
compressões torácicas).
4. Suporte de vida avançado e eficaz.
5. Cuidados pós-PCR integrados.
NA PRÁTICA
Após reconhecida a PCR em adultos, é necessário identificar o ritmo cardíaco para definição da
conduta. Na presença de assistolia ou atividade elétrica sem pulso (AESP) deve-se realizar a
compressão torácica externa, também chamada de massagem cardíaca.
Para o posicionamento das mãos, deve-se ir sentindo o rebordo costal (A) até o encontro do
apêndice xifóide (B). Deve-se, então, medir aproximadamente dois dedos acima do apêndice
xifóide (C) e posicionar as mãos para a realização das compressões (D). Lembre-se de
posicionar as mãos de forma correta para que se possa realizar uma compressão efetiva.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:
Vídeo aula de primeiros socorros com o tema - Parada Cardiorrespiratória e Manobra de
Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP)
APRESENTAÇÃO
Ao prestar os primeiros socorros em uma situação de acidente, é preciso muita cautela. Uma
ação incorreta pode acarretar no agravamento da situação, aumentando o risco de morte.
Claro que ao se dispor a socorrer uma vítima ninguém pensa no prejuízo, o propósito é a
benevolência e a ação eficaz, no entanto, algumas premissas devem ser seguidas. É assim que
socorristas extremamente experientes treinam exaustivamente, revendo e fazendo todas as
premissas de um atendimento em situações emergenciais.
A análise da cena do acidente, principalmente nos casos de traumas, é de suma importância, pois
prevê possíveis agravamentos da situação e distingue como o socorro deve ocorrer. Da mesma
forma, a realização correta de uma imobilização traz conforto à vítima, diminuindo possíveis
hemorragias e corrigindo possíveis lesões secundárias.
Esta Unidade de Aprendizagem lhe trará aporte e conhecimento suficiente para ações eficazes e
condizentes com as diretrizes de salvamento e atendimento em emergências e urgências, como a
correta maneira de avaliar a cena do acidente, imobilização e transporte do acidentado.
Bons estudos.
• Listar os materiais que podem ser utilizados para imobilização do acidentado em cada caso
específico de trauma ou lesão.
INFOGRÁFICO
A prática de exercícios físicos envolve riscos à saúde, ainda que pormenorizados com a presença
de um profissional de Educação Física. Ninguém está fora de risco de uma lesão, entorse ou até
mesmo uma ruptura muscular ao realizar exercícios. Da mesma maneira ocorre com o uso dos
equipamentos, que quando utilizados de modo correto promovem segurança e estabilidade, por
outro lado, também podem representar riscos, como, por exemplo, uma anilha que pode cair no
pé de seu aluno, etc. Lembre-se de que os acidentes acontecem de forma inesperada.
Pense, por exemplo, se um de seus alunos cai ao chão numa tarde qualquer enquanto corre na
esteira da academia. Ele reclama bastante de dor no tornozelo e diz que não será capaz de
colocar o pé no chão. Esse tipo de situação é bastante plausível de ocorrer, e você deverá estar
preparado para agir corretamente. Você acredita que teria ocorrido um entorse ou uma luxação
no pé do seu aluno?
Veja, no Infográfico a seguir, as principais diferenças entre o entorse e a luxação e, ainda, quais
os procedimentos corretivos devem ser seguidos.
CONTEÚDO DO LIVRO
As noções de imobilização e transporte da vítima em uma cena de acidente são premissas que
garantem o sucesso de um salvamento/atendimento, garantindo conforto e prevenção do
agravamento da situação.
Boa leitura.
PREVENÇÃO E
URGÊNCIAS EM
EDUCAÇÃO FÍSICA
Noções de imobilização
e transporte
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Neste capítulo, você estudará as principais medidas a serem tomadas
mediante uma situação de acidente com traumas. Observar a cena,
chamar o socorro especializado, prestar os primeiros socorros à vítima
e, ainda, saber como imobilizá-la e transportá-la, se necessário, são os
passos básicos de quem pretende prestar um socorro de qualidade.
Neste capítulo, vamos analisar cada detalhe desses passos cumprindo o
conhecimento necessário para realizá-los. Porém, cabe lembrar: se não
souber como agir ou não se sentir seguro para tal, chame por socorro
especializado, peça ajuda para outros socorristas e se afaste do local do
acidente — muitas vezes, ajudar é não atrapalhar.
2 Noções de imobilização e transporte
A posição correta do colar cervical situa-o em contato com o peito e a região dorsal
superior, na sua porção inferior, e em contato com o occipício e a região inframento-
niana, na sua porção superior. O tamanho adequado do colar permite que a vítima
tenha abertura parcial e espontânea da boca, evitando a broncoaspiração em caso
de vômitos.
As cintas deverão se fixar acima e abaixo dos joelhos, na pelve e em “x” no tórax.
Adicionalmente, o imobilizador de cabeça (peça com dois blocos de espuma posi-
cionados nas laterais da cabeça) deve ser colocado também por cintas ajustáveis.
Uma das cintas do imobilizador de cabeça deve passas sobre a região frontal (testa)
e a outra sobre os blocos de fixação na sua porção inferior (passando por cima do
colar cervical, porém sem contato com ele).
Caso a vítima esteja em decúbito ventral, o rolamento deverá ocorrer para o lado
contrário de onde está voltado o rosto dela de maneira análoga ao rolamento para
o decúbito dorsal.
Para vítimas que estejam dentro de um carro, o socorro e a imobilização deve se dar
de maneira diferente.
Se conseguir, entre no banco de trás do carro, coloque as mãos sobre as orelhas da
vítima, os polegares contra a região posterior do crânio, os dedos mínimos abaixo do
ângulo das mandíbulas, espalhe os outros dedos pela face e pressione todos os dedos
objetivando conter firmemente a cabeça em posição neutra.
Se conseguir ter acesso à vítima pelo lado dela, com uma de suas mãos segure a
região da nuca, posicionando o polegar atrás de uma orelha do paciente e o os outros
dedos atrás da outra orelha, sustentando, dessa forma, a região occipital do paciente.
A outra mão do socorrista deverá ser posicionada contendo o mento da vítima, tendo
como premissa “sustentar” o seu crânio em uma posição neutra.
Contudo, se estiver de frente para a vítima, coloque suas mãos uma de cada lado do
rosto, com os dedos unidos, contendo as regiões laterais do rosto em bloco, da altura
das mandíbulas para baixo, passando pela porção inferior das orelhas e, com as pontas
dos dedos mais longos, fixando as regiões mastóideas bilateralmente.
O transporte pelas costas também pode ser realizado quando há um único socorrista,
mas é importante fazê-lo de maneira que a vítima não se solte do socorrista. Para isso,
basta o socorrista posicionar seus braços por baixo das pernas da vítima e cruzar os
braços dela pelo peito (fazendo um “x”) e segurá-los pelas mãos.
No link a seguir, o médico Drauzio Varella comenta os erros mais comuns relacionados
aos primeiros socorros de queimadura.
https://qrgo.page.link/f9NgA
Neste outro link, você pode encontrar uma revisão sobre a abordagem de vítimas
de acidentes.
https://qrgo.page.link/jJkp5
Realizar imobilizações
Conforme elucidado anteriormente, ao se deparar com uma vítima, deve-
-se realizar uma série de passos de forma consciente e racional buscando a
manutenção da vítima. Entre as possibilidades que envolvem acidentes, os
traumas representam grande parte das situações e promovem, em sua maioria,
deformidades e anormalidades, quando não o óbito em si.
De acordo com o dicionário Aurélio online, “trauma” é tanto “[...] uma
lesão local proveniente de um agente vulnerante” quanto “[...] uma agressão ou
experiência psicológica muito violenta” (SIGNIFICADO..., 2018, documento
on-line).
Tomando a primeira definição como fundamental para os primeiros so-
corros, podemos refletir que todo trauma é um ferimento interno ou externo
provocado por uma ação de violência direta ou indireta. Entre as lesões co-
mumente causadas por traumas, existem escoriações, cortes, perfurantes,
avulsões, amputações, esmagamento e queimaduras. Há, também, os traumas
medulares, considerados os mais graves.
Ao se deparar com uma vítima de trauma, é importante saber agir em
relação ao reconhecimento e à correta imobilização de sua lesão. A seguir,
veremos as principais lesões causadas por traumas e como imobilizá-las. Cabe
ressaltar que não são necessários equipamentos especiais para imobilizar a
vítima, podendo-se improvisar talas assegurando a proteção à lesão. Esses
materiais podem variar de acordo com o disponível no local do acidente,
como um pedaço de tábua, um calhamaço de jornal, uma revista grossa, um
travesseiro, um galho reto de árvore ou uma parte sã do próprio corpo da
Noções de imobilização e transporte 15
vítima (por exemplo, em uma fratura de uma perna, a outra pode ser amarrada
à quebrada para fixá-la).
Outro importante conceito a reforçar é que imobilizar uma lesão significa
tirar os movimentos das articulações acima e abaixo da fratura; por exemplo,
não adianta entalar fortemente uma fratura de antebraço se os movimentos do
pulso e cotovelo ficarem livres (BRASIL, 2003; MASELLA, 2012).
Vejamos a seguir alguns exemplos de imobilização de acordo com as lesões
e a gravidade da situação.
Luxação constitui o deslocamento das extremidades ósseas que formam uma articu-
lação. Há dor intensa, deformidade grosseira do local e impossibilidade do movimento
normal. Inicia-se com repouso da articulação e aplicação de gelo para diminuição
de edema. Imobilize o membro da maneira que se encontra sem movimentá-lo. Por
exemplo, no caso de uma luxação de ombro, realize uma bandagem com um pedaço
de faixa ou tecido para apoiar o ombro ou, ainda, use a camiseta da vítima, conforme
as figuras a seguir. Na posição correta do braço com a bandagem, este deve estar
contra o tórax.
Nas fraturas de braço, imobilize a parte de baixo promovendo apoio até o cotovelo,
quando a fratura for no rádio ou na ulna, e até o ombro, quando a fratura for no úmero.
Mantenha o braço contra o tórax com uma bandagem de apoio até o suporte chegar
A talas podem ser feitas de material moldável, como travesseiros e afins (veja no
exemplo de imobilização de fratura de tornozelo e mãos). É importante tentar deixar
o membro em sua posição anatômica, o máximo possível, sempre com cuidado para
não aumentar a lesão ou causar uma fratura exposta (lesão secundária). Em caso de
dúvida, não mexa no membro quebrado e entale da maneira que ele se encontra.
Noções de imobilização e transporte 17
https://qrgo.page.link/uo2U2
18 Noções de imobilização e transporte
Na prática
Leituras recomendadas
HARGREAVES, L. H. H.; DANTAS, R. A. N. Atendimento pré-hospitalar: múltiplas vítimas &
catástrofes. 1. ed. Rio de Janeiro: Águia Dourada, 2016.
SOUZA, L. M. M. Primeiros socorros: condutas técnicas. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
DICA DO PROFESSOR
A motocicleta é o veículo que mais mata no Brasil. De acordo com o Observatório Nacional de
Segurança Viária, só no ano de 2016, as motos representaram um total de 32% de mortes no
trânsito.
Nessas situações de acidente com motos, o socorro deve ocorrer rapidamente, pois geralmente é
acompanhado de traumas graves. Além disso, a retirada do capacete deve ter atenção redobrada,
pois pode representar risco de lesão medular, podendo levar a vítima à paraplegia ou até mesmo
tetraplegia.
Na Dica do Professor, você vai aprender como agir ao socorrer vítimas de acidentes envolvendo
motociclistas e como proceder para garantir a segurança da vítima e evitar possíveis lesões
secundárias.
EXERCÍCIOS
C) Chamar socorro.
II. A avaliação da cena serve para tentar estimar a gravidade da situação e da vítima.
III. A cena do acidente se relaciona com a previsão do que pode estar por vir.
B) chamar socorro imediato e não mexer na vítima tentando acalmá-la até a chegada do
socorro.
C) chamar socorro imediato, avaliar a lesão e entalar se considerar que não haverá dano
secundário.
B) Esparadrapo, enrole toda a volta da lesão, este tipo de material além de colante é firme,
promovendo a estabilização.
D) Na falta de talas, utilize tesouras, facas e até pedaços de vidro de maneira a dar suporte à
ferida.
( ) Em cenas onde há muito risco, como incêndios e desabamentos, não entre na cena
e chame imediatamente o socorro.
A) F, V, F, F.
B) F, F, F, V.
C) V, V, V, F.
D) V, F, V, F.
E) F, F, V, F.
NA PRÁTICA
As situações de acidente com vítimas geralmente são complexas e, por isso, exigem um
conhecimento prévio e amplo da ação a ser tomada. Geralmente, em uma situação de acidente,
encontram-se vários traumas, sendo que cada um desses traumas deve ser avaliado e conduzido
da maneira mais correta possível a fim de não agravar a situação.
Veja no conteúdo do Na Prática um caso envolvendo uma vítima de acidente com múltiplos
traumas, as ações e atitudes corretas a serem tomadas nesse tipo de situação emergencial.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:
A revisão integrativa da literatura a seguir traz à tona as principais formas de acidentes em pré-
escolares e as medidas mais eficazes de intervenção educativa para prevenção desses acidentes.
A partir dessa leitura, você poderá compreender melhor como traçar ações preventivas com seus
alunos e colegas de trabalho, por exemplo.
A dissertação a seguir faz uma importante crítica aos manejos de imobilização de coluna em
pacientes em situação crítica e faz apontamentos sobre a aquisição de competências para uma
prática de enfermagem de excelência, promotora de mudanças nos cuidados de saúde na sua
globalidade.