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URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

Em nosso dia a dia é muito comum escutarmos as pessoas se referirem as


situações de urgência e emergência como sinônimas, porém, sabemos que as
situações são diferentes. Observe a figura a seguir, nela podemos verificar as
diferenças entre situações de urgência e emergência.

DIFERENÇA ENTRE EMERGÊNCIA E URGÊNCIA

FONTE:<https://1.bp.blogspot.com/-
G95JILlZB9I/VGJeXD6hWbI/AAAAAAAAABs/6ljSPJag-qc/s1600/
601560_501330656544418_1422815089_n%2B(1).jpg>.

Por mais que as situações de emergência requerem atenção imediata por


acarretar riscos à vida do sujeito, uma ocorrência de urgência também necessita de
uma solução em curto prazo. Observe o quadro a seguir, nele apresentamos
exemplos de nosso cotidiano que caracterizam as situações de urgência e
emergência.
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EXEMPLOS DE SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

Urgência Emergência
Fraturas não expostas Traumatismo Craniano
Cólicas Renais Fraturas Expostas
Pressão Arterial Elevada Parada Cardiorrespiratória
Crise Asmática Hemorragias Graves
FONTE: Adaptado de Schmitz (2019)

Quando nos encontramos diante de uma situação de emergência, é exigido


de nós uma ação rápida e, neste momento, de acordo com Bartman (1996), muitos
tipos de reações podem surgir, como por exemplo:

• Não nos manifestarmos, pois não sabemos o que fazer;

• Independente de termos o conhecimento ou não sobre as técnicas que


devem ser utilizadas podemos permanecer em “congelamento” pelo medo;

• Reagimos imediatamente mesmo sem conhecimento prévio, muitas


vezes piorando a situação.

Todas essas manifestações são naturais ao ser humano, porém, em uma


hora de emergência, é de suma importância que a pessoa saiba controlar esses
instintos para agir corretamente. Neste caso, é tão importante confiar no que se sabe
sobre primeiros socorros, quanto reconhecer os limites que cada caso pode nos
infligir. De qualquer forma, a avaliação do socorrista é primordial e deve basear-se
na averiguação das necessidades indicando as prioridades de cada caso (BRUNO;
BARTMAN, 1996).
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Alguns passos podem ser seguidos na hora de prestar o atendimento de


emergência, analisando os fatores com rapidez e cautela.

AVALIAÇÃO DAS SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA

Avalie Formule um plano de Aja


ação

• Existe algum perigo no • É possível manter a • Acione o serviço médico


local que apresente risco segurança enquanto de emergência ligando
para mim ou para a vítima? presto assistência? primeiro (vítima sem

• É possível me aproximar • Que tipo de ventilação) ou cuidando


da vítima com segurança? assistência de primeiro (vítima sem

• O que causou a condição emergência pode ser ventilação devido

necessária? afogamento).
atual da vítima?
• Como o serviço • Siga as diretrizes

médico de emergência treinadas para prestar

local pode ser acionado? assistência de emergência.


• Continue a levar em
consideração a sua
segurança.
FONTE: TOLDO (2016)

ASPECTOS LEGAIS DOS PRIMEIROS SOCORROS

A saúde é um princípio básico e de direito do ser humano, e está prevista na


Constituição Federal, descrita no seguinte parágrafo:
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Art. 196º A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante


políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção,
proteção e recuperação (BRASIL,1988, s.p.).

Todas as pessoas possuem o direito à proteção da vida e à saúde, com este


intuito a lei do Código Penal foi estabelecida e ampliada para garantir tais direitos
fundamentais.
A omissão de socorro foi conceituada como “a atitude de deixar de socorrer
pessoas em situação de vulnerabilidade, como crianças abandonadas ou perdidas,
pessoas inválidas, com ferimentos, ou em situação de risco ou perigo”
(BRASIL,1940, s.p.).
“O fato de chamar o socorro especializado, nos casos em que a pessoa não
possui um treinamento específico ou não se sente confiante para atuar, já
descaracteriza a ocorrência de omissão de socorro” (SOARES, 2013, p. 3).
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OMISSÃO DE SOCORRO
FONTE: <https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/noticias/imagens-
2016/21omissaodesocorro.jpg/@@images/0259c760-787f-4c98-a3cd-
e092c3e5f613.jpeg>.

No Código Penal, a omissão de socorro foi prevista há muito tempo, até


mesmo anterior à Constituição, prevalecendo suas principais implicações e diretrizes
sobre esta situação até o dia de hoje. Na descrição do artigo a seguir é possível
avaliar inclusive a gravidade da omissão, caso ocorra óbito oriundo da ausência de
prestação do socorro.
O Art. 135º da CF estabelece que: Deixar de prestar assistência, quando
possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à
pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não
pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública.

[...]
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta
lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta em morte (BRASIL,1940,
s.p.).

No ano de 1984, o Código Penal foi ampliado e foi incluído em sua redação a
responsabilidade da prestação do atendimento pelos profissionais de saúde ou
pessoas habilitadas (ex.: socorristas). Neste caso, o conhecimento técnico,
responsabiliza a pessoa quanto ao dever de prestar o atendimento com segurança.
A seguir, consta tais descrições:

§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir


para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação
de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de
impedir o resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência
do resultado (BRASIL,1984, s.p.).
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DIREITOS DA VÍTIMA
O prestador do socorro deve estar ciente que a vítima possui o direito de se
recusar em receber a assistência. No caso de pessoas adultas, esse direito é válido
quando eles estiverem conscientes e lúcidos. O motivo da recusa pode ocorrer por
alguns fatores: crenças religiosas ou falta de confiança no prestador de socorro que
for realizar o atendimento. Nestes casos, “a vítima não pode ser forçada a receber
os primeiros socorros, devendo assim certificar- se de que o socorro especializado
foi solicitado e continuar monitorando a vítima, enquanto tenta ganhar a sua
confiança através do diálogo” (SILVEIRA; MOULIN, 2003, p. 1).
Caso a vítima esteja impedida de falar, em decorrência do acidente e com
sinais que se compreende de que ela não deseja o atendimento, tome as seguintes
providências:

PROVIDÊNCIAS PARA O PRESTADOR DE PRIMEIROS SOCORROS EM


CASOS DE RECUSA DA ASSISTÊNCIA PELA VÍTIMA ADULTA

Não discuta com a vítima.


Não questione suas razões, principalmente se elas forem baseadas em crenças
religiosas.
Converse com a vítima, informe a ela que você possui treinamento em primeiros
socorros, que irá respeitar o direito dela de recusar o atendimento, mas que está
pronto para auxiliá-la no que for necessário.
Esclareça às testemunhas de que o atendimento foi recusado por parte da
vítima.
No caso de crianças, a recusa do atendimento pode ser feita pelo pai, pela mãe
ou pelo responsável legal. Se a criança é retirada do local do acidente antes da
chegada do socorro especializado, o prestador de socorro deverá, se possível,
conseguir testemunhas que comprovem o fato.
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O consentimento para o atendimento de primeiros socorros pode ser formal,


quando a vítima verbaliza ou sinaliza que concorda com o atendimento, após o
prestador de socorro ter se identificado como tal e ter informado à vítima de que
possui treinamento em primeiros socorros, ou implícito, quando a vítima esteja
inconsciente, confusa ou gravemente ferida a ponto de não poder verbalizar ou
sinalizar consentindo com o atendimento. Neste caso, a legislação infere que a
vítima daria o consentimento, caso tivesse condições de expressar o seu desejo
de receber o atendimento de primeiros socorros.
O consentimento implícito pode ser adotado também no caso de acidentes
envolvendo menores desacompanhados dos pais ou responsáveis legais. Do
mesmo modo, a legislação infere que o consentimento seria dado pelos pais ou
responsáveis, caso estivessem presentes no local.

FONTE: Silveira; Moulin (2003)

SERVIÇOS DE UTILIDADE PÚBLICA

A população conta com serviços especializados para o atendimento de


urgência e emergência. Os principais são: SAMU — Serviço de Atendimento Móvel
de Urgência — e o Corpo de Bombeiros.

O SAMU foi desenvolvido pela Secretária de Estado da Saúde, em parceria


com o Ministério da Saúde e Secretarias Municipais, cuja missão é regular
atendimentos de urgência e emergência em todo o Estado. Também é responsável
pelas transferências de pacientes graves, operando tanto em ambulâncias USAs
(Unidades de Suporte Avançado) e USBsç (Unidades de Suporte Básico), que são
Unidades de Suporte Básico e Avançadas, como também no transporte aéreo, com
sua aeronave, o Arcanjo. Nas Unidades de Suporte Básico, a equipe é composta por
um condutor-socorrista e um técnico em enfermagem, enquanto, nas Unidades de
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Suporte Avançada, a organização da ambulância é combinada por um médico, um


enfermeiro e um condutor-socorrista.

LOGO SAMU

Conforme visto na Figura, o número para ligações ao SAMU é 192, quando


um cidadão liga, ele é atendido por um Técnico Auxiliar de Regulação Médico, esse
técnico é que vai encaminhar o caso para um médico regulador, este vai avaliar a
urgência do caso e entrará em contato com um rádio operador que por fim chamará
a ambulância mais próxima ao local para a realização do atendimento. Como visto,
no SAMU existem USB’s e USA’s, que são selecionadas conforme a gravidade da
situação relatada. Quando há o risco de vida eminente é acionado o “código
vermelho” e o objetivo do serviço é atingir cerca de 1 minuto e 30 segundos do
atendimento do rádio operador até a ambulância.
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MISSÃO, VISÃO E VALORES DO SAMU

Missão Visão Valores


Prestar o atendimento pré- Atender o paciente de forma Garantir o acesso do paciente à
hospitalar de urgência ágil e eficiente, com Unidade de Saúde mais adequada e
com excelência a profissionais capacitados e proporcionar o melhor atendimento pré-
população, além de realizar recursos tecnológicos hospitalar de urgência, tanto em casos
a coordenação, a regulação adequados, cumprindo 100% de traumas quanto em situações
e a supervisão médica, das solicitações no menor clínicas, prestando sempre os cuidados
direta ou a distância, de tempo-resposta possível, com médicos apropriados ao estado
todos os atendimentos. a finalidade de ser referência de saúde do cidadão.
neste tipo de procedimento.

Outro serviço que pode ser solicitado em caso de emergência é o do corpo de


bombeiros. Eles surgem com a missão de atuar em atividades de defesa civil,
prevenção e combate de incêndios e também em situações de salvamentos, cada
qual em suas respectivas unidades federativas.
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Agora, caracterizados os dois serviços, é importante esclarecer para qual


deles ligar dependendo da situação de emergência. A imagem a seguir demonstra
alguns exemplos de fatos em que devemos chamar o SAMU e o Corpo de
Bombeiros:

SAMU E CORPO DE BOMBEIROS


FONTE: <http://www.guiacaldasnovas.com.br/userfiles/image/samu.jpg>.
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Após ligar para o número indicado àquela situação, a comunicação deve ser
eficaz afim de facilitar a compreensão dos profissionais sobre o tipo de equipamento
e pessoal necessário para o atendimento, então, forneça sempre:

PASSOS PARA COMUNICAÇÃO COM A EMERGÊNCIA

Tipo de acidente Número de vítimas Localização exata


Incêndio, acidentes O número, tipo e Se for na cidade,
com veículos, gravidade das lesões forneça a localização
quantos e quais os sofridas, se foram exata da rua, o
tipos de veículos removidas do local, se número e o ponto de
envolvidos, precisam ser resgatadas referência mais fácil.
atropelamento, de local perigoso. Em rodovias, forneça
vazamento de Informe a idade o nome ou número,
gás ou produtos aproximada das vítimas, o quilômetro, se for
químicos, inundação, se há crianças, pessoas possível, ou a indicação
desmoronamento, idosas ou mulheres de entroncamentos ou
brigas etc. grávidas. pontos de referência.
FONTE: Adaptado de Júnior (2014)
No quadro a seguir estão listados outros telefones úteis dependendo de cada
ocorrência:

NÚMEROS ÚTEIS E SUAS FUNÇÕES

181 DISQUE-DENÚNCIA: é um serviço gratuito oferecido à comunidade para o


repasse de informações sobre crimes. O denunciante não precisa se
identiflcar. Desde sua criação, em 2003, não houve nenhum caso de
divulgação da identidade das pessoas que ligaram no 181.
190 POLÍCIA MILITAR: é o telefone de emergência da Polícia Militar por meio do
qual podem ser repassadas/relatadas situações de furto, roubo, homicídio,
violência doméstica, agressão, depredação do patrimônio público, invasão de
domicílio, entre outros delitos que imponham o cidadão ao risco iminente de
um ilícito penal ou no momento em que estas situações estejam ocorrendo.
191 POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL: utilizado pela Polícia Rodoviária Federal,
a população poderá ligar para informar sobre ocorrências nas rodovias
federais como, por exemplo, crimes, acidentes ou irregularidades.
197 POLÍCIA CIVIL: o telefone utilizado pela Polícia Civil para quem tiver
informações que colaborem com as investigações da instituição possa entrar
em contato. A ligação é gratuita e não há necessidade de identiflcação.
198 BPRv: o Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv), unidade especializada da
Polícia Militar para atuação na flscalização, policiamento em rodovias
estaduais, está à disposição dos usuários por meio do 198. Por este canal, o
cidadão tem acesso a informações como prevenção de acidentes, educação
no trânsito, condições de veículos e documentação; fluidez do trânsito; e
atendimento de acidente de trânsito no local.
199 DEFESA CIVIL: o número poderá ser discado quando ocorrer inundações,
desabamentos, incêndios ou desastres naturais que tenham vítimas e
desabrigados.
FONTE: Adaptado de Brasil (2016)

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