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APOSTILA PARA O PROJETO ASAS

1. Definição de primeiros socorros e sua importância


2. Atribuições dos socorristas
3. Leis

1. Definição de primeiros socorros e sua importância

1.1 Definição

Primeiros Socorros compreendem série de ações simples que cada cidadão


pode seguir, dentro de seus conhecimentos e limitações, com intuito da
preservação da vida. Também conhecido como emergência pré-hospitalar, visa
preservar sinais vitais, evitar agravamentos, amenizar a dor e manter a calma
da vítima em casos de mal súbito ou acidentes até a chegada do socorro
médico especializado.
Trata-se de um atendimento imediato e temporário ao se deparar com uma
vítima que adoeceu rapidamente ou sofreu algum dano ou lesão física. São
procedimentos de urgência, protocolados, que devem ser realizados por
pessoas seguras do estão fazendo. Sua tendência é ser prestado,
principalmente, quando a vítima não possui condições de cuidar de si própria.
Segundo a Federação Internacional das Sociedades da Cruz vermelha,
realizar o primeiro socorro não centra-se em apenas amenizar o dano físico,
mas sim realizar todo o atendimento inicial da cena, incluindo o apoio
psicológico da vítima e dos presentes que também necessitarem deste apoio.

1.2 Importância

É importante se ter a ciência de que acidentes acontecem em qualquer


hora, qualquer lugar e com qualquer pessoa, ou seja, todos estão vulneráveis a
passar por situações onde precisa-se um atendimento de urgência. A partir
destas situações se dá a importância dos conhecimentos e ações de um
socorro urgente.
A importância principal é evitar agravamento de quadro até que o socorro
especializado tome partido e assuma a ocorrência. Este atendimento inicial
possibilita um aumento significativo nas chances de sobrevivência e
estabilidade até que o socorro chegue ou até mesmo no âmbito intra-hospitalar.
Nem sempre a vítima será socorrida em situações urgentes por um
socorrista profissional, geralmente estas ações partem diretamente da
população transeunte no momento do ocorrido. É importante que a população
tome plena ciência da grande probabilidade de ter que agir nestas situações,
seja com desconhecidos ou até mesmo um familiar, buscando assim um
conhecimento básico em socorros urgentes.
Um atendimento inicial urgente bem feito, seguindo os protocolos,
garantindo também a segurança microbiológica de ambos os lados, vai manter
a vítima em estado estável até a chegada do socorro especializado, sendo
mais importante ainda quando este serviço demora ou quando a vítima se
encontra em local de difícil acesso.

2. Atribuições dos Socorristas

Segundo o médico oncologista brasileiro Drauzio Varella, "diante de um


acidente, qualquer pessoa com pouco conhecimento e técnica pode prestar os
primeiros socorros e evitar o agravamento do problema, até que a vitima
receba atendimento especializado."
É atribuído não só ao socorrista leigo, mas sim a qualquer cidadão, analisar o
cenário da ocorrência, acionar o serviço de urgência/ emergência especializada
e prestar o atendimento inicial à vítima.
Diante de uma ocorrência onde há a necessidade de socorrer alguém o
primeiro passo é analisar o cenário. Não se expor ao risco é uma das principais
atribuições do socorrista e a ação só deverá ser realizada desde que a cena
não apresente nenhum risco à quem socorre.
Os primeiros socorros não substituem o atendimento médico especializado,
sendo uma das principais funções do socorrista leigo, e até mesmo de cada
cidadão, o acionamento deste serviço por meio dos telefones já conhecidos
(SAMU 192/ CORPO DE BOMBEIROS 193).
Acionar o atendimento médico especializado requer bastante atenção pois é
preciso detalhar bem o ocorrido para que a equipe vá preparada para um
melhor atendimento. O leque de informações deve ser passado de forma clara
e precisa, que vão desde a localização da ocorrência até o estado em que a
vítima se encontra, informando também detalhes quanto à características
fisionômicas gerais, resumo do ocorrido, quantidade de envolvidos e possíveis
agravamentos, lesões, hemorragias e traumas. Quanto mais informações forem
passadas melhor será o atendimento.
É atribuído ao socorrista, após verificar a cena e acionar o atendimento
médico especializado, realizar a avaliação inicial da vítima e prosseguir com o
atendimento de socorro urgente de acordo com o quadro em que a vítima se
encontra até que o socorro chegue ao local, visando sempre manter a cena
estável e evitar agravamentos.

3. Leis

Quando se trata de socorro urgente, ou primeiros socorros, existem duas leis


principais que são as mais discutidas. São elas: Art. 135 do Código Penal
Brasileiro e Lei nº 13.722 (Lei Lucas)
Omissão de Socorro é um crime previsto no Código Penal Brasileiro no Art.
135 e sua definição é “Deixar de prestar socorro a quem não tenha condições
de socorrer a si próprio ou comunicar o evento à autoridade pública que o
possa fazê-lo, quando possível”. Portanto, deixar de prestar socorro nestes
casos é crime passivo de detenção ou multa.
Sancionada em outubro de 2018. A lei 13.722/18 torna obrigação das escolas
de educação infantil e básica, públicas e privadas, a preparação dos
profissionais para ações em casos de socorros urgentes. Estabelecimentos de
recreação infantil também necessitam que os profissionais tenham acesso a
cursos de primeiros socorros e estejam aptos a operarem socorros urgentes
quando necessários.

4. Análise do Espaço Físico

Esta é a primeira etapa básica na prestação de primeiros socorros.

Como agir frente a um acidente?


- Tenha calma e firmeza para usar os conhecimentos básicos de Primeiros
Socorros, respeitando suas limitações.
- Observe o local do acidente.
- Verifique sua segurança e das demais pessoas. Não se torne mais uma
vítima. Analise o ambiente em que se encontra a vítima, a fim de minimizar os
riscos tanto para o acidentado como para o socorrista (fios elétricos, animais,
tráfego, entre outros);
- Peça para alguém ligar para o socorro especializado, informando o local do
acidente, telefones de contato e a situação da vítima, e em seguida para a
família da vítima.
- Procure tranquilizar a vítima. Aja sempre com o intuito de acalmar a pessoa, e
sem movimentá-la com gestos bruscos;
- Execute somente o procedimento que souber fazer com segurança, para
evitar maiores complicações no estado da vítima.
- Evite remover a vítima e só a transporte em último caso. Aguarde no local o
socorro especializado.
- Tome cuidado com atitudes incorretas e precipitadas, isso pode agravar a
situação.
- Monitore sempre os sinais vitais até a chegada do socorro.

Para onde ligar?


- Corpo de Bombeiros .....................................193
- Ambulância – SAMU .....................................192
- Polícia Militar .................................................190
Como se proteger ao prestar socorro
- Usar luvas de látex, ou improvisar proteção para as mãos com algum material
impermeável, como sacola de plástico, devidamente limpo.
- Lavar bem as mãos com água e sabão, após prestar socorro.
- Evitar tocar os olhos, boca ou nariz antes de lavar as mãos.
- Utilizar, se possível, máscara de bolso ao aplicar respiração boca-a-boca.
- Estar sempre com a carteira de vacinação em dia.

5. Avaliação inicial da vítima

Após verificar que o cenário está seguro, faz-se necessário a avaliação da


própria vítima. Caso se conheça previamente a situação que a acometeu, como
uma síncope ou convulsão, algumas das etapas podem ser aceleradas, mas
nunca deixadas de lado. Lembre-se: a primeira coisa a se fazer é chamar
ajuda! Nos cenários seguros, ligue para o Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência (SAMU). Todavia, nos casos de ambientes perigosos ou necessidade
de resgate, ou seja, retirada da vítima de obstáculos ao atendimento, ligue para
o SAMU (192) e para o Corpo de Bombeiros (193). Conjuntamente, proteja-se!
Use luvas e máscaras. Na ausência desses materiais, priorize a espera dos
serviços especializados ou de ajudas próximas. Apesar de não indicado, em
risco iminente de vida para a vítima, o socorro pode se dar, mas pela própria
conta e risco do socorrista. A partir disso, inicia-se o atendimento propriamente
dito em primeiros socorros. Com o SAMU no viva voz, inicie o processo:
Primeiramente, aproxime-se da vítima em seu campo de visão,
priorizando a frente ou a lateral. Isso se dá para evitar movimentos bruscos de
pescoço em uma aproximação por trás, o que pode levar a traumas
importantes na altura da cervical.
Ajoelhe-se ao lado (caso a vítima esteja com a face virada, priorize se
ajoelhar na mesma direção que a face aponta) e, com tapas nos ombros,
pergunte em voz alta: “O(a) senhor(a) está bem? Consegue falar? Consegue
me ouvir? Qual o seu nome?”. Essa etapa é conhecida por avaliação de
consciência. Na ausência de resposta, tente infringir estímulos dolorosos nas
regiões indicadas. Na manutenção de um quadro irresponsivo ou, caso haja
resposta, essa esteja desconexa (deslocamento no espaço-tempo, uso de
pronomes ou nomes inadequados ao próprio gênero, idade não
correspondendo à realidade), informe ao atendente do SAMU.
A partir de então, inicia-se a avaliação física. Enquanto observa-se a
consciência, já se é possível avaliar parcialmente algumas características
(temperatura, cor da pele e mucosas, fluxo de ar pela boca para se comunicar),
porém isso é complementar às averiguações próprias de cada função vital.
No caso da vítima não responder verbalmente, avalia-se,
imediatamente, se há movimentos respiratórios. Isso pode ser feito deitando a
cabeça ao lado do tórax da vítima para observação, ou mesmo repousando a
mão levemente sobre as costelas. Em alguns casos, é possível observar
movimentos nas narinas e vibrissas (“vulgarmente conhecidos como pelos do
nariz”). Observe também a boca (se arroxeada, é um forte sinal de obstrução
ou parada) e a pele (palidez identifica baixa oxigenação). É importante nessa
etapa realizar a abertura de vias aéreas, por meio das manobras de elevação
do mento/mandíbula e a inclinação da cabeça. Em suspeitas de trauma
cervical, se insere aqui a imobilização. Caso não se identifique sinais
respiratórios, inicie imediatamente o RCP.

Manobra de hiperextensão Tríplice Manobra

Após, verifique se há sinais de pulso. Para tal, junte o dedo médio e o


indicador e repouse-os, com uma pressão moderada a forte, sobre as artérias
radial ou braquial (periféricos) ou sobre a artéria carotídea (central). Na
ausência desses sinais ou na não captação deles após 10 segundos de
tentativa, inicie imediatamente a manobra de RCP.

Pulso radial Pulso braquial


6. Avaliação secundaria e continuada

Avalie, então, todo o corpo da vítima em busca de deformidades,


sangramentos e traumas. Antes de iniciar essa etapa, peça permissão à vítima
caso esteja consciente, visto que não podemos invadir o limite pessoal
determinado pelo paciente. Comece pela cabeça: varra com os dedos o couro
cabeludo, pressione as cartilagens da face (nariz e orelhas), observe as púpilas
(dilatações ou contrações anormais indicam traumas graves), abrace com
ambas as mãos o pescoço da vítima e desça para o tórax. No tórax, percorra o
aparato respiratório com fim principal de encontrar deformidades e lesões
abertas, uma vez que lesões nas costelas podem levar ao quadro de
pneumotórax. Já na região do abdome, priorize a apalpação, iniciando pelo
lado inferior direito do paciente subindo em linha reta até encontrar a última
costela, encaminhando em linha reta até o lado superior esquerdo e, por fim,
descendo em linha reta até a região inferior esquerda. Pressione as regiões
faltantes do abdome. Em caso de enrijecimento anormal, têm-se um forte
indicativo de hemorragia interna. Prossiga para a coxa, com cuidado especial
para não constranger a vítima com apalpações indevidas na pelve, região
genital e glúteos. Na coxa, fique atento ao enrijecimento na parte posterior,
visto que também é um forte indicador de hemorragia interna. Termine de
verificar a perna, retire os sapatos e observe se há perfusão adequada dos
dedos do pé. Para tal, aperte com o polegar e o indicador em pinça o dedo
mindinho com força moderada por 4 segundos. Após soltar, verifique o tempo
de demora em que a pele volte a ficar corada. Tempos superiores há 2
segundos são indicadores de baixa perfusão e devem ser considerados. Por
fim, apalpe os braços e verifique, na mão, a perfusão sanguínea, pressionando
um dos quatro dedos (exclui-se o polegar).
Podemos resumir o processo de avaliação e também o de
tratamento por meio do algoritmo XABCDEF, que estabelece a prioridades de
acordo com a letalidade dos achados.
Xsanguinary (Exsanguinante) → Observar imediatamente e tratar
hemorragias exsanguinantes, ou seja, com grande fluxo de sangue. Essas
hemorragias costumam ocorrer nas regiões de artérias calibrosas (pescoço,
tórax, abdômen, pelve e coxa), sendo então os primeiros lugares a serem
atendidos. Durante a apalpação dessas regiões, busque conversar com a
vítima, sempre em busca de sinais de dor. Sangramentos na região da cabeça
também são atendidos nesse momento. São casos geralmente relacionados a
vítimas politraumatizados, de forma que, cotidianamente, não se deve reter
muito a esse ponto, priorizando o algoritmo tradicional (ABCDE). Após a
resolução desse ponto, prossiga para a próxima etapa.
Airway (Vias aéreas) → Garanta o funcionamento das vias aéreas:
nesse ponto insere-se a checagem dos sinais vitais, a manutenção da abertura
de vias aérea, proteção de cervical (em politraumatizados), desobstrução de
vias aéreas, o RCP e a imobilização de cervical. Foco principal do suporte
básico de vida (SBV)
Breathing (Respiração) → Ponto em que ocorre a aplicação de
ventilação externa e oxigenação com equipamento adequado.
Circulation (Circulação)→ Interrupção de hemorragias não
exsanguinantes e manutenção de temperatura corporal adequada, com
cobertor, papel alumínio e/ou capa térmica.
Disability (Desabilitações) → Avaliação neurológica continuada,
observando a condição de consciência da vítima
Exposure (Exposição) → Exposição do corpo (com permissão da vítima,
caso consciente) e avaliação física geral, conforme relatado acima. A
manutenção da segurança da cena também entra nesse ponto.
Fetus (Feto) → No caso de mulheres grávidas, verificar com cuidado
especial a integridade da região abdominal e se há vazamento visível na região
genital (apenas através de observação, visto que apalpação de região genital é
tema sensível)
Ao final do processo de atendimento, continue a avaliação da vítima,
através de conversas e observação das demandas atendidas (por exemplo:
verificar se as hemorragias estão cessando, se os lábios estão corados
adequadamente). Em caso de vítima inconsciente, mas com sinais vitais
normais, mantenha a observação constante e reavalie de dois em dois minutos
todas as letras do protocolo. Isso se deve ao fato de que podem haver
regressões e precisamos estar preparados para agir.

7. Ressuscitação cardiopulmonar
A ressuscitação cardiorrespiratória (RCR) é um conjunto de medidas utilizadas
no atendimento à vítima de parada cardiorrespiratória (PCR). O atendimento
correto exige desde o início, na grande maioria dos casos, o emprego de
técnicas adequadas para o suporte das funções respiratórias e circulatórias.
A parada cardíaca acontece quando há interrupção ou diminuição significativa
dos batimentos do coração, o que provoca a redução da quantidade satisfatória
de sangue circulante. Como costuma ocorrer simultaneamente à parada
respiratória, daí tem-se a parada cardiorrespiratória.

A parada cardiorrespiratória (PCR) é o tipo mais comum de emergência


médica. É importante ressaltar que, no entanto, uma pode ser consequência da
outra; tanto a parada cardíaca quanto a respiratória podem ocorrer de forma
isolada, levando rapidamente ao aparecimento da outra ocorrência.
O tempo para o socorrista identificar o ocorrido e tratar a vítima é de poucos
minutos. E o sucesso no atendimento conta com a agilidade e a perfeição com
que são feitas as manobras de socorro.
Os motivos de uma parada cardiorrespiratória são os mais distintos possíveis,
podendo estar relacionado a uma causa primária ou secundária. A causa
primária refere-se a um problema do próprio coração, já a secundária é
causada por problema respiratório ou por uma causa externa. Os principais
motivos são:

- Intoxicações;
- Choque elétrico;
- Asfixia;
- Afogamento;
- Ataque cardíaco.
Sinais e Sintomas da Parada Cardiorrespiratória

- Incapacidade (gasping) ou ausência respiratória;


- Midríase (dilatação das pupilas);
- Perda de consciência;
- Falta de pulso;
- Cianose (as extremidades dos dedos e dos lábios tornam-se roxas);
- Ausência de batimentos cardíacos.

Como fazer massagem cardíaca?

É o método efetivo de ressuscitação cardíaca que consiste em aplicações


rítmicas de pressão sobre o terço inferior do esterno. O aumento generalizado
da pressão no interior do tórax e a compressão do coração fazem com que o
sangue circule.
Para realizar a massagem cardíaca externa deve-se posicionar a vítima em
decúbito dorsal. Posicionar ajoelhado, ao lado do acidentado e num plano
superior, de modo que possa executar a manobra com os braços em extensão.
Em seguida apoiar as mãos uma sobre a outra, na metade inferior do esterno,
evitando fazê-lo sobre o apêndice xifoide, pois isso tornaria a manobra
inoperante e machucaria as vísceras. Não se deve permitir que o resto da mão
se apoie na parede torácica. A compressão deve ser feita sobre a metade
inferior do esterno, porque essa é a parte que está mais próxima do coração.
Com os braços em hiperextensão, aproveite o peso do seu próprio corpo para
aplicar a compressão, tornando-a mais eficaz e menos cansativa do que se
utilizada à força dos braços.

Qualidade da RCP
- Comprima com força (pelo menos 5cm) e rapidez (100-120/min) e aguarde o
retorno do tórax.
- Minimize interrupções nas compressões;
-Evite ventilação excessiva;
- Alterne as pessoas que aplicam as compressões a cada 2 minutos, ou antes,
se houver cansaço;
- Sem via aérea avançada, relação compressão-ventilação de 30:2;
8. Desobstrução de vias aéreas
A obstrução da via aérea pela língua é a causa mais comum de PCR em
traumas crânio encefálico, choque e em situações clínicas com paciente
inconsciente. O relaxamento da língua da vítima em decúbito dorsal impede a
passagem de ar das vias aérea superiores para as inferiores. A inconsciência
também favorece o retorno do conteúdo gástrico para a via aérea causando
asfixia. Quando a respiração for interrompida devem-se utilizar as manobras de
desobstrução, elevando o queixo e inclinando a cabeça da vítima para trás ou,
em caso de traumatismo realizar a manobra de elevação da mandíbula.

8.1 Abertura de via aérea em casos clínicos


Em caso de vítima de PCR clínica, fazer a hiperextensão do pescoço da
vítima; Em caso de vítima de PCR pós-trauma, NUNCA fazer a hiperextensão
do pescoço da vítima; Colocar uma das mãos sobre a testa da vítima e a outra
com as pontas dos dedos na mandíbula; A mão que estiver espalmada na testa
será a responsável pela maior parte da força, apenas para apoio e direção.

Manobra de Hiperextensão

8.2 Abertura de via aérea em casos de trauma


O socorrista deve se colocar atrás da cabeça da vítima, com os cotovelos
apoiados na superfície na qual ela está deitada. Se a boca da vítima
permanecer fechada, o queixo e o lábio inferior devem ser retraídos com o
auxílio dos polegares. A “manobra da mandíbula” é indicada quando há
SUSPEITA DE TRAUMA cervical. Ela deve ser realizada sem dorso flexão
excessiva da cabeça. Se após estas medidas a respiração não se instalar
espontaneamente, deve-se dar sequência ao atendimento.

Tríplice Manobra

8.3 Obstrução de vias aéreas por corpos estranhos- OVACE


Obstrução de vias aéreas por corpos estranhos é recorrente em crianças de
zero a um ano de idade, também comum em idosos.
Os sinais clássicos da vítima de engasgo são:
 Tosse (na tentativa de expelir o corpo estranho);
 Agitação (sensação de morte);
 Levar as mãos à garganta (a vítima não consegue falar);
 Dificuldades para respirar;
 Mudança da cor da pele (cianose/arroxeado).
Se a vítima não for socorrida a tempo ela poderá evoluir para PCR. Existe um
procedimento, chamado manobra de Heimlich, que qualquer pessoa pode fazer
na tentativa de retirar o corpo estranho de uma vítima de engasgo. Para isto, o
socorrista deverá estar treinado e identificar os sinais de engasgo.

Obstrução parcial:
1. Se posicionar ao lado da vítima;
2. Acalmar a vítima;
3. Instrui-la a realizar tosses vigorosas.

Obstrução total:

 Manobras de Heimlich
Esta manobra poderá ser executada quando a vítima estiver consciente.
1. Apresente-se e explique o que será feito;
2. Posicionar-se atrás da vítima;
3. Posicionar a mão fechada abaixo do Apêndice Xifoide;
4. Colocar a mão oposta sobre a primeira;
5. Fazer compressões firmes direcionadas para cima (movimento em J);
6. Se não obtiver sucesso e notar que a vítima está prestes a desmaiar,
coloque-a gentilmente no chão (ela vai perder a consciência e pode evoluir
para Parada Respiratória);
7. Faça a manobra de hiperextensão, o que facilita a passagem do ar;
8. Abra-lhe a boca e tente visualizar algo que possa estar causando a
obstrução.
9. Se possível retire o corpo estranho;
10. Se não for possível, iniciar as manobras de reanimação;
11. Peça ajuda sempre.

Manobra de Heimlich
Vítimas grávidas e obesas
Em mulheres grávidas ou vítimas obesas, nas quais o reanimador tenha
dificuldade em envolver o abdômen, devem ser realizadas compressões no
esterno (semelhante à manobra de RCP). Podem ser aplicadas em vítimas
conscientes ou inconscientes.

Lactantes e crianças
Em crianças e Recém-Nascidos os engasgos podem ocorrer durante a
amamentação, a alimentação ou pela introdução acidental de objetos na boca.
O reconhecimento precoce da obstrução de vias aéreas nesse público é
indispensável para o sucesso no atendimento.

Técnica:
1. Utilizar a região hipotenar das mãos para aplicar até 05 palmadas no dorso
do lactente (entre as escápulas);
2. Virar o lactente segurando firmemente entre suas mãos e braços (em bloco).
3. Aplicar 05 compressões torácicas, como na técnica de reanimação
cardiopulmonar (comprima o tórax com 02 dedos sobre o esterno, logo abaixo
da linha mamilar).
4. Utilizar essa técnica em crianças de até um ano. Em crianças maiores de um
ano utilizar a Manobra de Heimlich ajoelhado aplicando uma força moderada.

9. Controle de hemorragias
O corpo humano possui cerca de 5 litros de sangue e a perda de uma
quantidade em torno de 20% disso, ou seja, 1 litro pode levar à ocorrência de
um Choque Hipovolêmico. Nessa circunstância, o volume sanguíneo se torna
insuficiente para atender às demandas dos órgãos e tecidos e o organismo
como um todo entra em falência.
Portanto, o controle de hemorragias se mostra uma ferramenta fundamental no
que se refere aos procedimentos de Primeiros Socorros. Existem diversos tipos
de hemorragias e aqui falaremos sobre as de maior ocorrência e como deve-se
proceder para controlá-las.
9.1 Sangramento Nasal (Epistaxe):
 Inclinar o corpo para frente e comprimir as narinas com o dedo polegar e
dedo indicador;
 Não é recomendado inclinar a cabeça para trás, pois dessa forma o
sangue será deglutido e pode levar à irritação estomacal;
 Pode-se utilizar gaze para auxiliar a estancar a hemorragia;
 Gelo também pode ser utilizado como forma de diminuir/estancar o
sangramento.

9.2 Hemorragias Internas e Externas:


 Hemorragias Internas só podem ser estancadas por meio de
procedimentos cirúrgicos, portanto leigos não estão aptos a
estancá-las;
 Hemorragias Externas podem ser estancadas através de
compressão, seja com as mãos ou por curativos;
 Não deve ser feito nenhum tipo de torniquete, pois seu uso pode
prejudicar mais ainda o tecido e levar inclusive à necrose da área;
 É importante manter o membro elevado para diminuir a perda
sanguínea.

9.3 Objetos perfurados no corpo:


 Não retirar o objeto em hipótese alguma;
 Evitar que o objeto se mova, pois qualquer movimento pode levar
a uma hemorragia de difícil controle;
 Realizar curativo em torno do objeto de modo a imobilizá-lo e
impedir que se movimente.
10. Imobilização de fraturas e da coluna cervical
É importante ressaltar que na abordagem de traumas o primeiro passo a seguir
é a execução do XABCDE do Trauma e somente após execução desse
protocolo a imobilização de fraturas deve ser feita.
Nessa perspectiva, o controle da coluna cervical e sua estabilização com colar
cervical é um passo essencial para garantir a abertura das vias aéreas da
vítima e evitar danos à coluna cervical do paciente. Desse modo, devido à sua
enorme prioridade esse item é abrangido pela letra A do XABCDE do Trauma.

A imobilização de fraturas visa manter o local fraturado em repouso, de modo a


evitar agravamento da lesão e/ou rompimento de nervos, musculatura e vasos
sanguíneos.
Objetos rígidos (madeira, papelão, jornal enrolado) podem ser utilizados
caso o socorrista não possua talas de sustentação para imobilizar a região
lesada. A imobilização deve ser feita de modo a envolver uma articulação
anterior e uma posterior à área fraturada. Exemplo.: se a fratura é na região de
antebraço, a tala deve envolver desde o cotovelo até a região de punho.
A tala deve ser fixada em toda a sua extensão com ataduras ou tiras de pano.
É importante salientar que fraturas expostas, ou seja, aquelas em que a pele é
perfurada pelo osso, deve-se prosseguir com a imobilização, no entanto há
alguns passos importantes a serem seguidos. A parte do osso que se encontra
para fora da pele deve ser coberta com gaze, atadura ou pano limpo, como
forma de proteger o local dos microrganismos do ambiente.
11. Desmaio

Desmaio é a perda abrupta da consciência e do tônus postural que pode


ocorrer em decorrência de fatores como doenças cardiovasculares, distúrbios
metabólicos, uso de medicamentos, entre outros.
Desmaio, ou síncope, é a perda abrupta e transitória da consciência e do tônus
postural (da capacidade de ficar em pé), seguida de recuperação rápida e
completa.
Na maior parte dos casos, os desmaios ocorrem por causa da diminuição do
fluxo sanguíneo no cérebro. De modo geral, costumam ser de curta duração e
bom prognóstico. Trata-se de um evento clínico comum, que atinge mais as
pessoas idosas, os portadores de cardiopatias e as mulheres jovens. O
problema é que, na queda associada ao desmaio, com frequência as pessoas
podem sofrer traumatismos e fraturas ósseas.

As causas mais comuns são


 Emoções fortes (como medo, dor ou visão de sangue derramado),
levantar-se repentinamente.
 Falta de alimentação (jejum), emoção súbita, ambiente fechado e
quente, mudanças bruscas de posição, doenças (tumores cerebrais) etc.
 Sintomas: palidez, suor, vista escura, perda do controle dos músculos,
perda dos sentidos.

O que fazer: Se a vítima estiver acordada (consciente):


1. Sente-a, abaixe a cabeça e faça leve pressão na nuca para baixo ou
deite a vítima e eleve suas pernas para facilitar o retorno venoso.
2. Chame por ajuda e leve-a a uma unidade de saúde.

11.1 Se a vítima estiver inconsciente:

1. Realizar a avaliação inicial, chamar por socorro e elevar as pernas da vítima


para facilitar o retorno venoso.

12. Convulsões
São abalos musculares de parte ou de todo o corpo, que ocorre devido o
funcionamento anormal do sistema nervoso central (SNC) que, pode estar
associada com a perda ou não da consciência.

Causas:
 Febre alta;
 Hipoglicemia;
 Hiperglicemia;
 Insuficiência renal;
 Infecções;
 Hipotireoidismo;
 Hipertireoidismo;
 Traumatismo na cabeça;
 Hemorragia intracraniana;
 Edema cerebral;
 Tumores;
 Epilepsia;
 Outras doenças do sistema nervoso central;

Sintomas:
 Inconsciência;
 Perda do tônus muscular;
 Vômitos e náuseas;
 Taquicardíaca ou bradicardia;
 Taquipneia ou dispneia;
 Queda desamparada;
 Olhar vago;
 Suor;
 Midríase (pupila dilatada);
 Lábios cianóticos;
 Espumar pela boca;
 Morder a língua e/ou lábios;
 Corpo rígido e contração do rosto;
 Palidez intensa;
 Movimentos involuntários e desordenados;
 Perda de urina/ou fezes;

Como proceder:
Afaste os curiosos;
Proteja a vitima, evitando que ela bata nos objetos que a cercam, afastando-a o
mais longe possível de quinas, móveis ou paredes;
Não interferir (conter) os movimentos convulsivos da vitima, apenas certifique-
se que a mesma não esta se machucando;
Proteja a cabeça da vitima;
Mantenha a vitima em posição de decúbito lateral;
Não coloque nada na boca da vítima;
Retire próteses dentárias;
Afrouxar a roupa da vítima;
Não realize nenhuma manobra de reanimação cardiorrespiratória como
respiração boca-a-boca ou massagem cardíaca;
Quando os abalos musculares cessarem, certifique-se de que a vítima esteja
respirando sem dificuldades;
Ajude a pessoa a se orientar e, conforme ela readquirir a consciência, diga
algumas palavras de encorajamento;
Se as convulsões persistirem em um período maior do que 5 minutos ligue
imediatamente para o socorro especializado.

13. Queimaduras
As queimaduras são lesões causadas por calor, agentes químicos, corrente
elétrica ou irradiação. São classificadas conforme sua profundidade e a
extensão da lesão provocada na pele. As queimaduras são denominadas de 1º
grau, 2º grau e 3º grau.
1º grau: Atingem as camadas superficiais da pele. Apresentam vermelhidão,
inchaço e dor local suportável, sem a formação de bolhas;
2º grau: Atingem as camadas mais profundas da pele. Apresenta bolhas, pele
avermelhada ou com coloração variável, dor, inchaço, desprendimento de
camadas da pele e possível estado de choque;
3º grau: Atingem todas as camadas da pele e podem chegar aos músculos e
ossos. Apresentam pouca ou nenhuma dor e a pele branca ou carbonizada.

COMO PROCEDER:
Isole a vítima do agente causador do acidente e, em seguida lave a área
queimada com água corrente;
Caso a roupa esteja grudada na área queimada, tenha bastante cuidado. Lave
o local até que o tecido possa ser retirado delicadamente, sem aumentar a
lesão. Se o tecido continuar aderido à pele, recorte-o ao redor do ferimento;
Se a queimadura ocorreu por exposição a um agente químico ou cáustico, faça
o contrário: remova a roupa para evitar que o produto permaneça em contato
com a pele;
Não coloque gelo, sabão ou qualquer produto químico sobre a região lesada.
Isso pode agravar a área machucada.
Proteja o local e se surgirem bolhas, não as rompa;

14. Afogamento
É a aspiração de liquido causada pela imersão ou submersão, isto é, quando
líquidos não corporais penetram na traqueia, laringe e/ou pulmões. A vítima de
afogamento dificilmente vai se debater, gritar ou acenar, pedindo socorro, pois
a mesma, não percebe que está prestes a se afogar e, devido a isso, não dá
sinais e nem pede ajuda. Por esse motivo o socorrista deve estar atento e
saber reconhecer a vítima de afogamento.
A vítima que está se afogando apresenta alguns sinais bem característicos,
sendo eles:
Nado sem progressão, ou seja, a vítima executa um nado sem direção e sem
coordenação;
Cabeça baixa e boca abaixo da linha da água;
Expressão de pânico e assustada, sendo que os seus olhos são incapazes de
focar um objeto;
Normalmente a vítima se encontra em decúbito ventral com a face na água.
Durante o afogamento tente tranquilizar a vítima;
Caso a vítima se encontre muito agitada, jogue uma boia para a mesma;
Se a vítima estiver muito agitada só chegue próximo dela se você for um ótimo
nadador;
Chame os socorristas;

Como proceder:
Analisar se a vítima possui pulso;
Analisar as vias aéreas da vítima;
Fazer hiperextensão;
Fazer compressões torácicas;
Fazer ventilações;
Virar a vítima de lado para que ela possa expelir a água;
Tirar as roupas molhadas da vítima e aquecê-la com cobertores ou bolsas de
água quente;
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Floriano, C. Manual de Primeiros Socorros. Canoinhas/Porto União,


2009/2010.
Manual operacional de bombeiros: resgate pré-hospitalar /Corpo de
Bombeiros Militar do Estado de Goiás. – Goiânia: - 2016. 318 p.

Cardoso, T. Manual de Primeiros Socorros. Rio de Janeiro. Fundação


Oswaldo Cruz, 2003;

Cardoso, T. Manual de Primeiros Socorros. Rio de Janeiro. Fundação


Oswaldo Cruz, 2003;

Primeira resposta no trauma, PHTLS / NAEMT ; [tradução André Gusmão


Cunha ... et al.]. Rio de Janeiro : Elsevier, 2013.

https://eccguidelines.heart.org/ → America Heart Association

Material Padronizado da Cruz Vermelha Brasileira para os Cursos


introdutórios em SBV e Primeiros Socorros Básicos.

Cardoso, T. Manual de Primeiros Socorros. Rio de Janeiro. Fundação


Oswaldo Cruz, 2003;

https://www.dge.mec.pt/sites/default/files/Esaude/primeirossocorros.pdf

http://www.prefeiturarp.usp.br/pages/cipa/manual_primeiros_socorros.htm

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