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PERFIL DO SOCORRISTA

Para exercer os primeiros socorros, é necessário que o socorrista tenha


atenção nas considerações a seguir, buscando avaliar constantemente se está
realizando a sua função com eficácia e mantendo o controle emocional.

Manter a Calma Manter o autocontrole para enfrentar situações de


emergência que muitas vezes envolvem pânico e
sofrimento.
Liderança Assumir o controle da situação e passar conflança na
assistência realizada.
Fazer tudo o que Deve tentar realizar todas as medidas que forem de seu
for possível conhecimento e que estiver ao seu alcance sem agravar a
situação da vítima.
Não temer críticas O socorrista que tem conhecimento e sabe o que está
fazendo não precisa temer em prejudicar a vítima. Se for
possível, sempre estabeleça uma comunicação clara com
os familiares explicando o que pretende fazer.
Não correr riscos Antes de socorrer alguém sempre avaliar se a sua
segurança não está em risco.
Colaboração Quando o atendimento especializado chegar, relate todo o
procedimento realizado, a avaliação da vítima e a evolução
que ela apresentou desde o início do atendimento e se
ofereça para auxiliar no que mais for necessário até a
flnalização da assistência.
Não se sentir Se você fez o máximo possível e percebeu que a sua
frustrado ajuda não foi suflciente, não se sinta culpado nem permita
que isso interflra em seus atendimentos futuros.
FONTE: Adaptado de Júnior (2014)
ATENDIMENTO
FONTE: Gonçalves; Gonçalves (2009, p. 11)

CENÁRIO DO SOCORRO
Ao se deparar com alguma situação de emergência, o socorrista precisa
avaliar rapidamente todo o cenário envolvendo tais implicações:

AVALIAÇÃO DO CENÁRIO

Avaliação das Analisar se o local está seguro para realizar de imediato o


condições de atendimento. Não se colocar em risco podendo ser uma
segurança. segunda vítima. Verificar a segurança da via púbica, caso for
acidente de trânsito, analisar se poderá envolver outras
vítimas através do cenário estabelecido pós-trauma,
considerar possíveis deslizes de terra em encostas em caso
de chuvas, e demais situações que podem ser imprevisíveis
quando se trata de emergências.
Avaliação inicial Identificar a prioridade de atendimento entre as vítimas,
das vítimas tipos de equipamento que será utilizado para o socorro, caso
a vítima tiver consciente converse com ela durante a
assistência buscando acalmá-la. Mantenha o controle da
situação, pois cabe ao socorrista ter a liderança da situação
até a vinda da equipe especializada.

Locais públicos Quando os acidentes ocorrem em locais públicos que


concentram muitas pessoas (exemplo: teatros,
supermercados, estádios, casas de shows), muitas vezes
acometem maior número de vítimas, o que exigirá
discernimento do socorrista. Depois de isolar o local,
providenciar a chamada para o serviço especializado, retirar
as vítimas que estejam em local instável, determinar
prioridades de atendimento, prestar assistência para os
casos mais graves e transportar de forma adequada os
feridos avaliando sempre a segurança da remoção para a
vítima.
FONTE: Adaptado de Júnior (2014) e Bruno; Bartman (1996)

ACIDENTE

FONTE: Gonçalves; Gonçalves (2009, p. 17)


TRANSPORTE DE ACIDENTADOS

O conhecimento das técnicas corretas de resgate torna-se imprescindível


para evitar risco para o socorrista e principalmente impedir um segundo trauma para
a vítima.
A seguir, vamos citar alguns meios de retirada da vítima em casos de risco
eminente no local, ou seja, em incêndios, desabamentos, tiroteios etc.

TRANSPORTE DE EMERGÊNCIA

a) Resgate por arrastamento: arrastar a vítima no sentido da cabeça,


utilizando camisa ou casaco como ponto de apoio. Também podemos utilizar um
cobertor na execução desta técnica, contudo, a vítima deve ser rolada para cima do
cobertor. A técnica de arrastamento permite que um socorrista transporte vítimas
pesadas, acima de sua capacidade de carga (JUNIOR, et al. 2007).

RESGATE POR ARRASTAMENTO


FONTE: <http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/tranpac7.gif>.
b) Transporte tipo bombeiro: indicado para vítimas inconscientes e em
situações nas quais o socorrista possui força física para suportar o peso da vítima.
Nunca utilize esta técnica com a vítima apresentando um possível trauma.

TRANSPORTE TIPO BOMBEIRO


FONTE: Júnior et al. (2007, p. 112)

c) Apoio lateral simples: técnica utilizada para apoio em vítimas que são
capazes de andar.

APOIO LATERAL SIMPLES


FONTE: Júnior et al. (2007, p. 112)
d) Transporte nos braços: ter o cuidado para passar o braço da vítima
sobre os seus ombros atrás do pescoço e envolver com o seu outro braço a cintura
da vítima.

TRANSPORTE NOS BRAÇOS


FONTE: Júnior et al. (2007, p. 112)

e) Transporte em cadeira: pode ser utilizada com ou sem cadeira, neste


caso, levantando as pernas da vítima, simulando a posição de sentado.

TRANSPORTE EM CADEIRA COM A CADEIRA


FONTE: Júnior et al. (2007, p. 113)

TRANSPORTE EM CADEIRA SEM A CADEIRA


FONTE: Júnior et al. (2007, p. 113)

O transporte da vítima politraumatizada deverá ser realizada por um


mobilizador que seja capaz de manter a estabilidade de toda a coluna vertebral. A
melhor posição para esta estabilização é o decúbito dorsal, que também contribui
para uma melhor visualização para o início das medidas do suporte de vida
(JÚNIOR et al. 2007).

Nenhuma técnica acima é indicada ou considerada segura para o


transporte de vítimas com suspeita de traumatismos.
Sempre que houver situações que acarretem maior risco para a
vítima, o serviço de resgate especializado deverá ser acionado.
A Lei 13.722 de 4 de outubro de 2018, mais conhecida como Lei Lucas, foi
aprovada por unanimidade pelo Senado, que torna obrigatória a capacitação em
Noções Básicas de Primeiros Socorros, de professores e funcionários de
estabelecimentos de ensino público e privado de educação básica e de
estabelecimentos de recreação infantil.
O nome da nova legislação, Lei Lucas, presta homenagem ao menino Lucas
Begalli Zamora, de 10 anos, que morreu engasgado com um sanduíche durante um
passeio escolar, sem que ninguém pudesse socorrê-lo. Por isso, quanto maior o
número de pessoas treinadas e prontas para o primeiro atendimento em primeiros
socorros, melhor é o prognóstico das vítimas.

LEI LUCAS

A Lei 13.722 de 4 de outubro de 2018 é apresentada da seguinte maneira:

Art. 1º Os estabelecimentos de ensino de educação básica da rede pública,


por meio dos respectivos sistemas de ensino, e os estabelecimentos de ensino de
educação básica e de recreação infantil da rede privada deverão capacitar
professores e funcionários em noções de primeiros socorros.
§ 1º O curso deverá ser ofertado anualmente e destinar-se-á à capacitação
e/ou à reciclagem de parte dos professores e funcionários dos estabelecimentos de
ensino e recreação a que se refere o caput deste artigo, sem prejuízo de suas
atividades ordinárias.
§ 2º A quantidade de profissionais capacitados em cada estabelecimento de
ensino ou de recreação será definida em regulamento, guardada a proporção com o
tamanho do corpo de professores e funcionários ou com o fluxo de atendimento de
crianças e adolescentes no estabelecimento.
§ 3º A responsabilidade pela capacitação dos professores e funcionários dos
estabelecimentos públicos caberá aos respectivos sistemas ou redes de ensino.
Art. 2º Os cursos de primeiros socorros serão ministrados por entidades
municipais ou estaduais especializadas em práticas de auxílio imediato e
emergencial à população, no caso dos estabelecimentos públicos, e por
profissionais habilitados, no caso dos estabelecimentos privados, e têm por objetivo
capacitar os professores e funcionários para identificar e agir preventivamente em
situações de emergência e urgência médicas, até que o suporte médico
especializado, local ou remoto, se torne possível.
§ 1º O conteúdo dos cursos de primeiros socorros básicos ministrados deverá
ser condizente com a natureza e a faixa etária do público atendido nos
estabelecimentos de ensino ou de recreação.
§ 2º Os estabelecimentos de ensino ou de recreação das redes pública e
particular deverão dispor de kits de primeiros socorros, conforme orientação das
entidades especializadas em atendimento emergencial à população.
Art. 3º São os estabelecimentos de ensino obrigados a afixar em local visível
a certificação que comprove a realização da capacitação de que trata esta Lei e o
nome dos profissionais capacitados.
Art. 4º O não cumprimento das disposições desta Lei implicará a imposição
das seguintes penalidades pela autoridade administrativa, no âmbito de sua
competência:

I. - notificação de descumprimento da Lei;


II. - multa, aplicada em dobro em caso de reincidência; ou
III. - em caso de nova reincidência, a cassação do alvará de
funcionamento ou da autorização concedida pelo órgão de
educação, quando se tratar de creche ou estabelecimento particular
de ensino ou de recreação, ou a responsabilização patrimonial do
agente público, quando se tratar de creche ou estabelecimento
público.

Art. 5º Os estabelecimentos de ensino de que trata esta Lei deverão estar


integrados à rede de atenção de urgência e emergência de sua região e estabelecer
fluxo de encaminhamento para uma unidade de saúde de referência.
Art. 6º O Poder Executivo definirá em regulamento os critérios para a
implementação dos cursos de primeiros socorros previstos nesta Lei.
Art. 7º As despesas para a execução desta Lei correrão por conta de
dotações orçamentárias próprias, incluídas pelo Poder Executivo nas propostas
orçamentárias anuais e em seu plano plurianual.
Art. 8º Esta Lei entra em vigor após decorridos 180 (cento e oitenta) dias de
sua publicação oficial.

FONTE: BRASIL. Lei n. 13.722, de 4 de outubro de 2018. Torna obrigatória a


capacitação em noções básicas de primeiros socorros de professores e funcionários
de estabelecimentos de ensino públicos e privados de educação básica e de
estabelecimentos de recreação infantil. Brasília: Senado Federal, 2018a. Disponível
em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13722.htm.
Acesso em: 18. abr. 2019.

Portanto, o curso de Primeiros Socorros nas Escolas, deverá ser ofertado


anualmente para a capacitação e/ou reciclagem de parte dos professores e
funcionários dos estabelecimentos de ensino e recreação.
Os estabelecimentos de ensino de educação básica e de recreação infantil
terão até abril de 2019 para se adequarem às normas da Lei 13.722/2018. O não
cumprimento pode acarretar em notificação, multa e até cassação do alvará de
funcionamento ou da autorização concedida pelo órgão de educação, quando se
tratar de creche ou estabelecimento particular de ensino ou de recreação, ou a
responsabilização patrimonial do agente público, quando se tratar de creche ou
estabelecimento público.
REFERÊNCIAS

BERGERON, D. et al. Primeiros socorros. São Paulo: Ed. Atheneu, 2007.


BRASIL. Lei n. 13.722, de 4 de outubro de 2018. Torna obrigatória a capacitação em
noções básicas de primeiros socorros de professores e funcionários de
estabelecimentos de ensino públicos e privados de educação básica e de
estabelecimentos de recreação infantil. Brasília: Senado Federal, 2018a. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13722.htm. Acesso
em: 18. abr. 2019.
BRASIL, Projeto de Lei 9468/2018. Brasília: Câmara dos Deputados, 2018b.
Disponível em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/
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BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de primeiros socorros. Rio de
Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2003. Disponível em: http://www.fiocruz.
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Acesso em: 23 jan. 2019.
BRASIL. Constituição Federal da República Federativa do Brasil de 5 de
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Acesso em: 23 jan. 2019.
BRASIL. Lei n. 7.209, de 11 julho de 1984. Altera dispositivos do Decreto-Lei n.
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planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art3. Acesso em: 23 jan. 2019.
BRASIL. Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Rio de
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm. Acesso em:
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