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FUNDAMENTOS DE
ELETRICIDADE E MAGNETISMO
UNIDADE 5
COMPETÊNCIAS:
Conceituar Fenômenos Elétricos e Magnéticos e diferenciar os comportamentos dos resis-
tores, indutores e capacitores.
1. POTENCIAL ELÉTRICO
Como vimos nas unidades anteriores, o campo elétrico gerado por distribuições discre-
tas ou contínuas de cargas pode ser obtido pela Lei de Coulomb ou através da Lei de
Gauss. Todavia, como a Lei de Coulomb, que expressa a força de interação entre car-
gas elétricas e consequentemente o campo elétrico em um ponto, é uma equação veto-
rial, a solução de alguns problemas torna-se complicada. Além disso, muitos problemas
não apresentam a geometria necessária para que a Lei de Gauss possa ser aplicada.
Por causa desses pontos, essa unidade visa estabelecer a relação entre o campo elétri-
co e o potencial elétrico, uma grandeza escalar, que definiremos na sequência.
Para tanto considere a figura 01. Ela mostra a trajetória de uma carga puntiforme Q
1
Energia e Potencial Elétrico U5
Para que a carga seja levada desde o ponto a até o ponto b, pela trajetória, devemos
exercer sobre a carga uma força de mesma intensidade, porém em sentido contrário,
ou seja, F = − Q E .
cial U
= U b − U a por unidade de carga é definida como a diferença de potencial (ddp),
equação 7, medida em volt [V], no S.I.
U J
=V = 1 V (equação 7)
Q C
A diferença de potencial representa, fisicamente, o trabalho efetuado para deslocar a
carga (figura 01), no campo elétrico, do ponto inicial a para o ponto final b, sem alterar
a sua energia cinética. Repare que a energia associada a carga depende apenas das
posições inicial e final da carga, representadas pelos vetores ra e rb pois a força ele-
trostática é conservativa. Se combinarmos as equações 6 e 7, teremos:
U U − U a Ub U a
V= =b = − Vb − Va =− E ⋅ L (equação 8)
=
Q Q Q Q
Assim, em termos do campo elétrico, a diferença de potencial será dada por:
V=Vb − Va =− E ⋅ L (equação 9)
Q
radial, a uma distância genérica r, em módulo, igual a k 2 .
r
De forma geral, podemos escrever a equação 9 conforme a equação 10, se adotarmos
r= r= L como o modulo da distância da carga Q ao ponto P na figura 02.
V =− E ⋅ L → V =E r (equação 10)
Q Q
=
Se substituirmos o módulo do campo elétrico E k=
2 k r 2 na equação 10, tere-
mos: r
Q
V E=
= r k r (equação 11)
r2
Ou ainda
Q
V =k [V ] (equação 12)
r
A equação 12 expressa o potencial elétrico gerado por uma carga pontual em um ponto
P genérico. r representa a distância entre a carga e o ponto no qual se deseja calcular
o potencial. A figura 02 mostra uma representação desse potencial.
Q
V = −k [V ] (equação 13)
r
É importante notar tanto o trabalho quanto a diferença de potencial dependem exclu-
sivamente das posições inicial e final, não importando a trajetória pela qual a carga
puntiforme é levada de um ponto a outro. Isto se deve ao fato de a força eletrostática
que atua sobre a carga elétrica ser conservativa. Uma vez que a força eletrostática e o
campo elétrico estão relacionados, F = Q E , o campo elétrico também é conservativo.
Esse trabalho está relacionado ao campo elétrico produzido por Q0 e a força eletrostá-
tica de atração (cargas de sinais contrários) ou repulsão (cargas de sinais contrários)
entre cargas elétricas, conforme a equação 1. Essa interação entre as cargas dá origem
a uma energia potencial elétrica que é diretamente proporcional a grandeza das cargas
e inversamente proporcional a distância entre elas.
trajetória, ∆L , dado pela equação 3, ou seja, ∆W = −Q E ⋅∆L . Os conceitos de tra-
balho e variação de energia estão diretamente relacionados, de forma que ∆W = ∆U
e a equação anterior torna-se, em módulo, igual a ∆= U Q E ⋅∆L . Se deslocarmos a
carga Q , desde o ponto inicial a até o ponto final b, ao longo da trajetória, encontramos
a variação de energia potencial total U , dada pela equação 5, ou seja, = U Q E ⋅L .
Uma vez que os vetores, E e L possuem a mesma direção e sentido, o produto esca-
lar ( E ⋅ L ) entre eles pode ser simplificado, ou seja: E ⋅ L =E L cos 00. Substituindo,
a fim de simplificarmos, E = E , = L L= r e cos 00 = 1 , a equação anterior torna-se
igual a:
U = Q E ⋅ L → U = Q E L cos 00 →
Q0
Como o módulo do campo elétrico, produzido por Q0 vale E = k podemos substi-
tui-lo na equação 14 e assim teremos: r2
Q Q Q0
U QEr
= = Q k 20=
r k [ J ] (equação 15)
r r
Note que a energia potencial elétrica (equação 15) é uma grandeza escalar que depen-
de da grandeza das cargas envolvidas no sistema e também é inversamente proporcio-
nal a distância entre as cargas. No caso de sistemas com várias cargas, a energia po-
tencial total será determina pela soma das energias potenciais geradas pela interação
de cada um dos pares de cargas elétricas.
Vamos agora considerar o caso mais geral, no qual a carga elétrica positiva se deslo-
que em uma direção qualquer em relação ao campo elétrico, figura 04. O uso da carga
positiva, serve para fins de comparação com o caso anterior. No caso de uma carga
negativa, basta inverter o sinal.
Figura 04. Deslocamento carga elétrica em uma direção qualquer em relação ao campo elétrico paralelo.
Q
V =k . Assim, essa discussão se restringe a uma única carga puntiforme. Entretan-
r casos em que várias cargas puntiformes podem estar presentes.
to, existem
(
Considere então, um sistema composto por n cargas puntiformes, Q1 , Q2 , Q3 ,…, Qn )
colocadas próximas umas das outras. O potencial elétrico resultante em um ponto qual-
quer será igual à soma dos potenciais gerados por cada uma das n cargas, expresso
pela equação abaixo.
Q1 Q Q Q
V= V1 + V2 + V3 +…+ Vn → V= k + k 2 + k 3 +…+ k n
r1 r2 r3 rn
Ou ainda,
n
Qi n
Qi
=∑
V= k
=i 1 = ri
k ∑
i 1 ri
(equação 17)
ÄQ
ÄV = k (equação 18)
r
ÄQ
Porém, a densidade volumétrica pode ser descrita por ρ = ou ainda ÄQ = ρ Äv .
Se substituirmos essa expressão na equação 18, teremos: Äv
ñ Äv
ÄV = k (equação 19)
r
A equação acima representa o potencial devido ao elemento de carga ÄQ . O potencial
total é obtido a partir da soma (aqui devemos usar o conceito de integração) de cada
elemento de carga no volume.
2. EXEMPLO
Três cargas puntiformes positivas de 2 µC são colocadas nos vértices de um quadrado
de lado 3,0 m. Calcule: a) O potencial no quarto vértice (ponto P) em que não há carga;
b) O trabalho necessário para trazer uma quarta carga positiva, de 2 µC, e colocá-la
nesse ponto. Dica: não importa a posição em que as cargas sejam colocadas, o poten-
cial em qualquer um dos vértices é o mesmo. Resposta:
a. A figura 05, mostra a disposição das cargas nos vértices do quadrado. O cálculo do po-
tencial, para um sistema de cargas pontuais, no ponto P é feito a partir da equação 17.
Dessa forma, teremos:
n
Qi Q Q Q Q Q Q
V = k∑ = k 1 +k 2 +k 3 = k 1 + 2 + 3
i =1 ri r1 r2 r3 r1 r2 r3
b. para o cálculo do trabalho basta utilizarmos a equação V = U → U = QV uma vez que,
Q
U = W ( trabalho ) . Dessa forma, a equação anterior torna-se:
U = QV → W = QV = 2 x106 (162, 4 ) = 0,325 x10−3 = 0,325 mJ
3. EXERCÍCIOS COMENTADOS
Exercício 1.
Resposta:
Inicialmente considere a representação abaixo.
Q 800 x10−12
V k= 9 x109
= = 2, 06V
r 3,5
Onde: r = 3,5 m representa a distância da carga colocada na origem até o ponto P situado
na metade da distância entre os pontos A e B.
Q 800 x10−12
VA k= 9 x109
= = 3, 6V
rA 2
E o potencial no ponto B, será igual a:
9 800 x 10
−12
Q
VB k= 9 x10
= = 1, 44V
rB 5
Assim, a diferença de potencial, será igual a:
VA − VB = 3, 6 − 1, 44 = 2,16V
Exercício 2.
Calcule o potencial elétrico de uma esfera maciça, de raio R, uniformemente carregada com
uma densidade volumétrica de cargas ρ em um ponto externo ( r > R ) e um ponto interno
da esfera ( r < R ) , em que r representa o raio da superfície de Gauss.
Resolução
Em um ponto externo ( r > R ) , o módulo do campo elétrico a uma distância genérica exter-
Q
no r do centro da esfera, calculado pela Lei de Gauss, como na unidade 3, vale: E=k .
r2
Se tomarmos o potencial em um ponto no infinito como nulo, uma vez que o potencial é inver-
samente proporcional à distância e portanto a medida que rB → ∞ , V∞ → 0 , a diferença
de potencial, V= VA − VB torna-se:
Q Q Q Q Q Q
VA − VB= k −k → Vr − V∞= k − k → Vr − 0= k − 0 → Vr= k
rA rB r ∞ r r
Q r2
=Vr k 3 −
2R R2
E a expressão final para o potencial em um ponto externo a esfera, será:
4. ATIVIDADES PRÁTICAS
Atividade
Como proposta, assista ao vídeo (link abaixo) dessa série, de forma atenta, cujo título é
“Voltagem, energia e força”. Após assistir ao vídeo produza um texto com suas anotações a
respeito do assunto estudado. Discuta em sala de aula com seu professor e colegas os con-
ceitos vistos no vídeo e os compare com os tópicos abordados na unidade 4.