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WILLIAM CÉSAR MARIANO

FUNDAMENTOS DE
ELETRICIDADE E MAGNETISMO
UNIDADE 5

ENERGIA E POTENCIAL ELÉTRICO

COMPETÊNCIAS:
Conceituar Fenômenos Elétricos e Magnéticos e diferenciar os comportamentos dos resis-
tores, indutores e capacitores.

1. POTENCIAL ELÉTRICO
Como vimos nas unidades anteriores, o campo elétrico gerado por distribuições discre-
tas ou contínuas de cargas pode ser obtido pela Lei de Coulomb ou através da Lei de
Gauss. Todavia, como a Lei de Coulomb, que expressa a força de interação entre car-
gas elétricas e consequentemente o campo elétrico em um ponto, é uma equação veto-
rial, a solução de alguns problemas torna-se complicada. Além disso, muitos problemas
não apresentam a geometria necessária para que a Lei de Gauss possa ser aplicada.
Por causa desses pontos, essa unidade visa estabelecer a relação entre o campo elétri-
co e o potencial elétrico, uma grandeza escalar, que definiremos na sequência.

Para tanto considere a figura 01. Ela mostra a trajetória de uma carga puntiforme Q

colocada na presença do campo elétrico gerado pela carga, Q0 .

Figura 01. Trajetória de uma carga elétrica Q através de um campo elétrico.

Fonte: Mariano (2001, p. 43).

A força eletrostática que atua sobre essa carga é igual a:


 
F = Q E (equação 1)

1
Energia e Potencial Elétrico U5

Para que a carga seja levada desde o ponto a até o ponto b, pela trajetória, devemos
exercer sobre a carga uma força de mesma intensidade, porém em sentido contrário,
 
ou seja, F = − Q E .

O trabalho efetuado sobre a carga por meio de um pequeno deslocamento na trajetória,



∆L será igual a:
 
∆W= F ⋅∆L (equação 2)
Se combinarmos as equações 1 e 2, o trabalho pode ser escrito como:
 
∆W = −Q E ⋅∆L (equação 3)
O trabalho, na equação 3, está associado com o aumento da energia potencial da car-
ga, ∆U . Assim, ∆W =∆U e a equação 3 torna–se igual a:
 
∆U = −Q E ⋅∆L (equação 4)

Portanto o deslocamento da carga Q , de a até b, ao longo da trajetória, provoca uma


U , igual a:
variação de energia potencial total
 
−Q E ⋅ L [ J ] (equação 5)
U=
Ou
 
−Q E ⋅ L [ J ] (equação 6)
Ub − U a =

Onde: U b representa a energia potencial da carga no ponto b e U a a energia potencial


da carga no ponto a, medida em joules [J], no S.I. Perceba, que a energia potencial
é negativa, para uma carga elétrica positiva, ou seja, a carga perde energia potencial
elétrica quando se desloca na direção do campo elétrico. A variação de energia poten-

cial U
= U b − U a por unidade de carga é definida como a diferença de potencial (ddp),
equação 7, medida em volt [V], no S.I.

U  J 
=V = 1 V  (equação 7)
Q  C 
A diferença de potencial representa, fisicamente, o trabalho efetuado para deslocar a
carga (figura 01), no campo elétrico, do ponto inicial a para o ponto final b, sem alterar
a sua energia cinética. Repare que a energia associada a carga depende apenas das
 
posições inicial e final da carga, representadas pelos vetores ra e rb pois a força ele-
trostática é conservativa. Se combinarmos as equações 6 e 7, teremos:

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U U − U a Ub U a  
V= =b = − Vb − Va =− E ⋅ L (equação 8)
=
Q Q Q Q
Assim, em termos do campo elétrico, a diferença de potencial será dada por:
 
V=Vb − Va =− E ⋅ L (equação 9)

A equação 9, expressa a diferença de potencial sobre a carga elétrica Q sob efeito do


campo elétrico. Lembre-se que na unidade anterior, quando uma carga puntiforme po-
sitiva é colocada na origem de um sistema de coordenadas, ela gera um campo elétrico

Q
radial, a uma distância genérica r, em módulo, igual a k  2 .
r
De forma geral, podemos escrever a equação 9 conforme a equação 10, se adotarmos
 
r= r= L como o modulo da distância da carga Q ao ponto P na figura 02.
 
V =− E ⋅ L → V =E r (equação 10)

Q Q
=
Se substituirmos o módulo do campo elétrico E k=
 2 k r 2 na equação 10, tere-
mos: r
Q
V E=
= r k r (equação 11)
r2
Ou ainda

Q
V =k [V ] (equação 12)
r
A equação 12 expressa o potencial elétrico gerado por uma carga pontual em um ponto
P genérico. r representa a distância entre a carga e o ponto no qual se deseja calcular
o potencial. A figura 02 mostra uma representação desse potencial.

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Figura 02. Potencial elétrico gerado pela carga elétrica Q no ponto P.

Fonte: Mariano (2001, p. 45).

Em nossa discussão anterior, da mesma forma que em unidades anteriores, as cargas


elétricas usadas para a definição do potencial elétrico foram consideradas positivas.
Porém, a equação 12 que define o potencial elétrico para uma carga elétrica pontual
é válida também no caso de cargas negativas, tomando-se cuidado em representar o
potencial negativo, ou seja,

Q
V = −k [V ] (equação 13)
r
É importante notar tanto o trabalho quanto a diferença de potencial dependem exclu-
sivamente das posições inicial e final, não importando a trajetória pela qual a carga
puntiforme é levada de um ponto a outro. Isto se deve ao fato de a força eletrostática
que atua sobre a carga elétrica ser conservativa. Uma vez que a força eletrostática e o
 
campo elétrico estão relacionados, F = Q E , o campo elétrico também é conservativo.

1.1. ENERGIA POTENCIAL ELÉTRICA


A expressão para o potencial elétrico definida no item anterior, levou em conta o traba-
lho necessário para deslocar, através de uma trajetória, uma carga elétrica, figura 01.

Esse trabalho está relacionado ao campo elétrico produzido por Q0 e a força eletrostá-
tica de atração (cargas de sinais contrários) ou repulsão (cargas de sinais contrários)
entre cargas elétricas, conforme a equação 1. Essa interação entre as cargas dá origem
a uma energia potencial elétrica que é diretamente proporcional a grandeza das cargas
e inversamente proporcional a distância entre elas.

A fim de definirmos a expressão para a energia potencial elétrica, vamos retomar o


conceito de trabalho efetuado sobre a carga por meio de um pequeno deslocamento na

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  
trajetória, ∆L , dado pela equação 3, ou seja, ∆W = −Q E ⋅∆L . Os conceitos de tra-
balho e variação de energia estão diretamente relacionados, de forma que ∆W = ∆U
 
e a equação anterior torna-se, em módulo, igual a ∆= U Q E ⋅∆L . Se deslocarmos a
carga Q , desde o ponto inicial a até o ponto final b, ao longo da trajetória, encontramos
 
a variação de energia potencial total U , dada pela equação 5, ou seja, = U Q E ⋅L .
 
Uma vez que os vetores, E e L possuem a mesma direção e sentido, o produto esca-
     
lar ( E ⋅ L ) entre eles pode ser simplificado, ou seja: E ⋅ L =E L cos 00. Substituindo,
   
a fim de simplificarmos, E = E , = L L= r e cos 00 = 1 , a equação anterior torna-se
igual a:

   
U = Q E ⋅ L → U = Q E L cos 00 →

U = QEr (equação 14)

Q0
Como o módulo do campo elétrico, produzido por Q0 vale E = k podemos substi-
tui-lo na equação 14 e assim teremos: r2

 Q  Q Q0
U QEr
= = Q  k 20=
 r k [ J ] (equação 15)
 r  r
Note que a energia potencial elétrica (equação 15) é uma grandeza escalar que depen-
de da grandeza das cargas envolvidas no sistema e também é inversamente proporcio-
nal a distância entre as cargas. No caso de sistemas com várias cargas, a energia po-
tencial total será determina pela soma das energias potenciais geradas pela interação
de cada um dos pares de cargas elétricas.

Perceba também que, assim como o trabalho e a diferença de potencial, definidos no


item anterior, a energia potencial elétrica também é função exclusiva das posições ini-
cial e final na trajetória da carga, por ser a força eletrostática e o campo elétrico gran-
dezas conservativas.

1.2. SUPERFÍCIES EQUIPOTENCIAIS E O CAMPO ELÉTRICO


Para entendermos o que representa o termo “superfícies equipotenciais” vamos consi-
derar o deslocamento de uma carga positiva puntiforme Q em uma direção paralela a

um campo elétrico uniforme E , conforme mostra a figura 03.

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Figura 03. Deslocamento carga elétrica em um campo elétrico paralelo.

Fonte: Mariano (2001, p. 48).

A e B, na figura, representam duas superfícies perpendiculares a direção do cam-


po elétrico, ou seja, elas são perpendiculares ao plano da tela. A diferença de po-
tencial entre A e B, separadas por uma distância L , dada pela equação 9, é igual a
 
V=Vb − Va =− E ⋅ L . Assim, a energia potencial da carga no percurso entre as super-
fícies A e B, através da combinação das equações 7 e 14, será igual a:

U = QV = − QEL (equação 16)


Mais uma vez, aparece o sinal negativo na equação acima, indicando que a carga perde
energia potencial elétrica ao se deslocar na mesma direção do campo elétrico.

Vamos agora considerar o caso mais geral, no qual a carga elétrica positiva se deslo-
que em uma direção qualquer em relação ao campo elétrico, figura 04. O uso da carga
positiva, serve para fins de comparação com o caso anterior. No caso de uma carga
negativa, basta inverter o sinal.
Figura 04. Deslocamento carga elétrica em uma direção qualquer em relação ao campo elétrico paralelo.

Fonte: Mariano (2001, p. 49).

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Como no caso anterior, a diferença de potencial entre as superfícies A e B, novamente


 
separadas pela distância L , vale V = Vb − Va =− E ⋅ L . O resultado é o mesmo do
caso anterior, uma vez que a diferença de potencial entre as superfícies depende ape-
nas do ponto inicial e final, tomados sobre as superfícies. Da mesma forma, a energia
potencial da carga no percurso entre as superfícies A e B, será o mesmo da equação
16, ou seja, U = QV = − QEL , pelo mesmo motivo. Podemos concluir então que todos
os pontos sobre um plano perpendicular a um campo elétrico uniforme estão em um
mesmo potencial. Esses planos são chamados de superfícies equipotenciais.

1.3. POTENCIAL PRODUZIDO POR UMA DISTRIBUIÇÃO DISCRETA DE


CARGAS
A equação 12, definida no item 1.1, expressa o potencial elétrico gerado por uma car-
ga pontual em um ponto P genérico colocado a uma distância r da carga, dado por:

Q
V =k . Assim, essa discussão se restringe a uma única carga puntiforme. Entretan-
r casos em que várias cargas puntiformes podem estar presentes.
to, existem

(
Considere então, um sistema composto por n cargas puntiformes, Q1 , Q2 , Q3 ,…, Qn )
colocadas próximas umas das outras. O potencial elétrico resultante em um ponto qual-
quer será igual à soma dos potenciais gerados por cada uma das n cargas, expresso
pela equação abaixo.

Q1 Q Q Q
V= V1 + V2 + V3 +…+ Vn → V= k + k 2 + k 3 +…+ k n
r1 r2 r3 rn
Ou ainda,

n
Qi n
Qi
=∑
V= k
=i 1 = ri
k ∑
i 1 ri
(equação 17)

1.4. POTENCIAL PRODUZIDO POR UMA DISTRIBUIÇÃO CONTÍNUA


DE CARGAS
A obtenção da expressão do potencial elétrico gerado por uma distribuição contínua
de cargas a uma distância genérica r pode ser obtida de forma similar ao caso do item
anterior. Suponha então que uma densidade volumétrica de cargas ρ . Como na uni-
dade 2, primeiramente, devemos considerar o potencial elétrico devido ao pequeno
elemento infinitesimal de carga, ÄQ de forma que podemos considera-lo como uma
carga puntiforme. O potencial elétrico gerado por esse elemento de carga na distância
r será igual a:

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ÄQ
ÄV = k (equação 18)
r

ÄQ
Porém, a densidade volumétrica pode ser descrita por ρ = ou ainda ÄQ = ρ Äv .
Se substituirmos essa expressão na equação 18, teremos: Äv

ñ Äv
ÄV = k (equação 19)
r
A equação acima representa o potencial devido ao elemento de carga ÄQ . O potencial
total é obtido a partir da soma (aqui devemos usar o conceito de integração) de cada
elemento de carga no volume.

2. EXEMPLO
Três cargas puntiformes positivas de 2 µC são colocadas nos vértices de um quadrado
de lado 3,0 m. Calcule: a) O potencial no quarto vértice (ponto P) em que não há carga;
b) O trabalho necessário para trazer uma quarta carga positiva, de 2 µC, e colocá-la
nesse ponto. Dica: não importa a posição em que as cargas sejam colocadas, o poten-
cial em qualquer um dos vértices é o mesmo. Resposta:
a.  A figura 05, mostra a disposição das cargas nos vértices do quadrado. O cálculo do po-
tencial, para um sistema de cargas pontuais, no ponto P é feito a partir da equação 17.
Dessa forma, teremos:

n
Qi Q Q Q Q Q Q 
V = k∑ = k 1 +k 2 +k 3 = k 1 + 2 + 3 
i =1 ri r1 r2 r3  r1 r2 r3 

Onde: r1 = 32 + 32 = 18 m representa a distância da carga colocada na origem até


o ponto P; r2 = 3 m , a distância da carga colocada sobre o eixo y até o ponto P e
r3 = 3 m a distância da carga colocada sobre o eixo x até o ponto P. Se substituirmos
esses valores na equação anterior, teremos:

 20 x10−6 20 x10−6 20 x10−6 


=V 9 x 10 9  + +  ≈ 162, 4V
 18 3 3 

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Figura 05. Exemplo cálculo potencial devido a cargas puntiformes.

Fonte: Elaborado pelo autor.

b.  para o cálculo do trabalho basta utilizarmos a equação V = U → U = QV uma vez que,
Q
U = W ( trabalho ) . Dessa forma, a equação anterior torna-se:
U = QV → W = QV = 2 x106 (162, 4 ) = 0,325 x10−3 = 0,325 mJ

Esse é o trabalho para trazer uma carga de 2 µC até o ponto P.

3. EXERCÍCIOS COMENTADOS
Exercício 1.

Considere dois pontos A e B colocados, respectivamente, a uma distância de 2,0 m e 5,0 m de


uma carga pontual igual a 800 pC, conforme mostra a figura abaixo e calcule: a) O potencial
elétrico na metade da distância entre os pontos A e B e; b) A diferença de potencial VA – VB.

Resposta:
Inicialmente considere a representação abaixo.

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Q  800 x10−12 
V k= 9 x109 
= =  2, 06V
r  3,5 
Onde: r = 3,5 m representa a distância da carga colocada na origem até o ponto P situado
na metade da distância entre os pontos A e B.

b) para calcularmos a diferença de potencial VA – VB, precisamos primeiro calcular o poten-


cial em cada ponto.

Assim, o potencial no ponto A, será igual a:

Q  800 x10−12 
VA k= 9 x109 
= =  3, 6V
rA  2 
E o potencial no ponto B, será igual a:

9  800 x 10 
−12
Q
VB k= 9 x10 
= =  1, 44V
rB  5 
Assim, a diferença de potencial, será igual a:

VA − VB = 3, 6 − 1, 44 = 2,16V

Exercício 2.

Calcule o potencial elétrico de uma esfera maciça, de raio R, uniformemente carregada com
uma densidade volumétrica de cargas ρ em um ponto externo ( r > R ) e um ponto interno
da esfera ( r < R ) , em que r representa o raio da superfície de Gauss.

Resolução

Em um ponto externo ( r > R ) , o módulo do campo elétrico a uma distância genérica exter-
Q
no r do centro da esfera, calculado pela Lei de Gauss, como na unidade 3, vale: E=k .
r2
Se tomarmos o potencial em um ponto no infinito como nulo, uma vez que o potencial é inver-
samente proporcional à distância e portanto a medida que rB → ∞ , V∞ → 0 , a diferença
de potencial, V= VA − VB torna-se:

Q Q Q Q Q Q
VA − VB= k −k → Vr − V∞= k − k → Vr − 0= k − 0 → Vr= k
rA rB r ∞ r r

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Em um ponto na superfície ( r = R ) , basta substituir na equação acima, r = R .


Q
VR = k
R
Em um ponto interno ( r < R ) , o módulo do campo elétrico a uma distância r genérica inter-
na ( 0 <
r < R ) do centro da esfera, calculado pela Lei de Gauss, como na unidade 3, vale:
Q
E = k 3 r . Assim, a diferença de potencial, V= VA − VB torna-se:
R
Q Q Q
VA − VB =−Vr VR = −k
2R
+ k 3 r 2 → Vr − VR =
2R
− k 3 R2 − r 2
2R
( )
Q
Como o potencial na superfície vale VR = k , teremos:
R
Q Q Q Q Q
Vr − k
R 2R
(
= k 3 R2 − r 2 ) → Vr = k
R
+k
2R
− k 3 r2 →
2R

Q  r2 
=Vr k  3 − 
2R  R2 
E a expressão final para o potencial em um ponto externo a esfera, será:

4. ATIVIDADES PRÁTICAS
Atividade

Como proposta, assista ao vídeo (link abaixo) dessa série, de forma atenta, cujo título é
“Voltagem, energia e força”. Após assistir ao vídeo produza um texto com suas anotações a
respeito do assunto estudado. Discuta em sala de aula com seu professor e colegas os con-
ceitos vistos no vídeo e os compare com os tópicos abordados na unidade 4.

31 - Voltagem, Energia e Força - YouTube

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EDUCANDO PARA A PAZ

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