Você está na página 1de 31

Paula Laurêncio

ELETROMAGNETISMO

Paula Laurêncio
3 POTENCIAL ELÉTRICO
1
❑ Energia potencial elétrica

❑ Potencial elétrico

❑ Determinação do potencial elétrico

❑ Superfícies equipotenciais

❑ Gradiente de potencial

ELETROMAGNETISMO 2
O CAMPO ELÉTRICO É CONSERVATIVO

Vamos a demonstrar que o campo elétrico é um campo


conservativo, isto é, o trabalho realizado por um campo elétrico
sobre uma carga pontual q0 é independente do percurso.

Este resultado não depende da trajetória, mas somente da posição dos pontos A e B, o que implica
que o campo elétrico produzido por uma carga pontual é conservativo.

Uma distribuição de cargas mais complexa pode ser simplificada se considerarmos que é igual à
soma de pequenas cargas pontuais, sendo o resultado anterior válido para a força produzida por
cada carga, e portanto, para a força total. Por conseguinte, o campo elétrico produzido por qualquer
distribuição de carga é um campo conservativo

ELETROMAGNETISMO 3
ENERGIA POTENCIAL ELÉTRICA

Considere um condutor eletrizado positivamente, por exemplo, com carga Q, fixo em determinado
local, livre da influência de outras cargas elétricas.
Na região do espaço que envolve esse corpo, existe um
campo elétrico gerado pela carga Q.

Em seguida vamos abandonar num ponto P uma


carga de prova q, também positiva, a uma distância d
do condutor.

Devido ao campo elétrico, a carga de prova será


repelida e se afastará do condutor, ganhando
velocidade e, consequentemente, adquirindo energia
cinética (energia de movimento).
Observe que a carga q, se fosse negativa, simplesmente seria atraída, e não repelida.
ELETROMAGNETISMO 4
ENERGIA POTENCIAL ELÉTRICA

Por adquirir energia cinética, podemos concluir


que, no ponto P, a carga de prova q armazena
uma energia potencial denominada energia
potencial elétrica, que vamos simbolizar por U.

Essa energia potencial transforma-se, na


sequência, em energia cinética. Assim, podemos
dizer que a carga Q do condutor produz um
campo elétrico que também pode ser descrito
por uma grandeza escalar denominada potencial
elétrico.

ELETROMAGNETISMO 5
POTENCIAL ELÉTRICO

▪ Dividindo a energia potencial pela carga teste, obtemos uma grandeza física que depende
apenas da distribuição de cargas de origem (tal como o campo elétrico) e tem um valor em
cada ponto num campo elétrico. Essa grandeza é chamada potencial elétrico (ou apenas
potencial) V:

Visto que a energia potencial é uma quantidade


escalar, o potencial elétrico também o é!

▪ A diferença de potencial entre dois pontos num campo elétrico é definida como a variação
na energia potencial do sistema quando uma carga teste q0 é deslocada entre os pontos
divididos pela carga teste:

ELETROMAGNETISMO 6
POTENCIAL ELÉTRICO

Diferença de potencial num campo elétrico uniforme


▪ Primeiro, considere um campo elétrico uniforme direcionado ao longo do eixo y
negativo, como mostra a Figura

O sinal negativo indica que o potencial elétrico no ponto B é inferior ao


do A isto é, VB< VA.
As linhas de campo elétrico apontam sempre no sentido do
potencial elétrico decrescente!
ELETROMAGNETISMO 7
POTENCIAL ELÉTRICO

▪ Agora, considere o caso mais geral de uma partícula carregada que se move entre num campo
elétrico uniforme, de modo que o vetor s não é paralelo às linhas do campo

▪ Agora, suponha que uma carga teste q0 se desloque de A para B


podemos calcular a variação na energia potencial do sistema carga-
campo

Este resultado mostra que se q0 for positiva, então a variação da energia potencial
será negativa e se se q0 for negativa, então a variação da energia potencial será
positiva.
O potencial elétrico num ponto e a diferença de potencial entre dois pontos não dependem da carga
que está sobre a ação de determinado campo elétrico!
ELETROMAGNETISMO 8
POTENCIAL ELÉTRICO
A unidade SI de potencial elétrico é o volt(V), em
homenagem ao físico italiano Alessandro Volta. Sendo o
potencial definido como uma energia por unidade de
carga, a relação entre o volt, o joule e o coulomb.

Outra unidade de energia usada frequentemente é o


eletrão-volt (eV) definido como a energia adquirida por
uma carga elementar ao passar através de uma região
onde existe uma diferença de potencial de 1 V:

ELETROMAGNETISMO 9
POTENCIAL ELÉTRICO

Esta expressão diz-nos que num campo elétrico uniforme, a diferença de potencial entre duas
equipotenciais é igual e de sinal contrário ao produto da intensidade do campo E pela distância entre
as equipotenciais.

Desta relação e tendo em conta que a unidade do potencial é o V Podemos concluir que a unidade do
E pode ser V/m. É esta unidade SI do campo elétrico.

Assim, um campo elétrico uniforme de 20 V/m, por


exemplo, indica que, ao percorrermos uma linha de
força, no sentido dela, o potencial elétrico diminui
20 V a cada metro percorrido.

ELETROMAGNETISMO 10
POTENCIAL ELÉTRICO GERADO POR UMA CARGA PONTUAL

como carga de prova


Ponto onde queremos calcular o potencial

carga que cria o campo

ELETROMAGNETISMO 11
POTENCIAL ELÉTRICO gerado por n cargas pontuais

No caso de n cargas, o potencial total é dado por

EXEMPLO

ELETROMAGNETISMO 12
POTENCIAL ELÉTRICO gerado por n cargas pontuais

EXEMPLO
Potencial total de várias partículas carregadas para duas distribuições diferentes das partículas

a) 12 eletrões ( carga −e) são mantidos fixos, com espaçamento uniforme, ao longo de uma
circunferência de raio R. Tomando V = 0 no infinito, quais são o potencial elétrico e o campo
elétrico no centro C da circunferência?

i. O potencial elétrico V no ponto C é a soma algébrica dos potenciais elétricos produzidos pelos
eletrões. Como o potencial elétrico é um escalar, a posição angular dos eletrões na circunferência
é irrelevante.
ii. O campo elétrico no ponto C é uma grandeza vetorial e, portanto, a posição angular dos eletrões
na circunferência não é irrelevante.

Como todos os eletrões possuem a mesma carga −e e estão à mesma distância R de C,

ELETROMAGNETISMO 13
POTENCIAL ELÉTRICO gerado por n cargas pontuais

Por causa da simetria do arranjo, o vetor campo elétrico no ponto C associado a um eletrão é cancelado
pelo vetor campo elétrico associado ao eletrão diametralmente oposto. Assim, no ponto C

b) Se os eletrões forem deslocados ao longo da


circunferência até ficarem distribuídos com
espaçamento desigual num arco de 120º (Fig.
b), qual será o potencial no ponto C? O campo
elétrico no ponto C sofrerá alguma mudança?

O potencial continuará a ser dado pela mesma equação já


que a distância entre os eletrões e o ponto C não mudou,
e a posição dos eletrões na circunferência é irrelevante.

O campo elétrico deixará de ser nulo pois a distribuição


das cargas não é mais simétrica. O novo campo elétrico
no ponto C estará orientado na direção de algum ponto
do arco de 120º.
14
ELETROMAGNETISMO
POTENCIAL ELÉTRICO GERADO POR N CARGAS PONTUAIS

POTENCIAL PRODUZIDO POR UM DIPOLO ELÉTRICO

P está sobre o eixo dos y

R está sobre o eixo dos x (x>0)

R está sobre o eixo dos x (zona distante)

ELETROMAGNETISMO 15
Potencial Produzido por uma Distribuição Contínua de Carga

Quando uma distribuição de carga é contínua (como é o caso de uma barra ou um disco
uniformemente carregado) devemos escolher um elemento de carga dq, calcular o potencial dV
produzido por dq no ponto P e integrar dV para toda a distribuição de carga

Vamos agora examinar duas distribuições contínuas de carga: uma linha de carga e um disco carregado.

ELETROMAGNETISMO 16
POTENCIAL PRODUZIDO POR UMA DISTRIBUIÇÃO CONTÍNUA DE CARGA

Linha de Carga
Caso de uma barra fina, isolante, de comprimento L, possui
uma densidade linear de carga positiva λ.

Vamos determinar o potencial elétrico V produzido pela barra


no ponto P, situado a uma distância perpendicular d da
extremidade esquerda da barra.

ELETROMAGNETISMO 17
POTENCIAL PRODUZIDO POR UMA DISTRIBUIÇÃO CONTÍNUA DE CARGA

Disco Carregado

Vamos calcular o potencial elétrico em pontos do eixo central


de um disco de plástico de raio R com uma densidade de carga
uniforme σ numa das superfícies

ELETROMAGNETISMO 18
GRADIENTE DO POTENCIAL
EXEMPLO
Uma barra de plástico com uma carga uniformemente distribuída Q = −25,6 pC tem
a forma de um arco de circunferência de raio R = 3,71 cm e ângulo central  = 120º.
Com V = 0 no infinito, qual é o potencial elétrico no ponto P (centro de curvatura da
barra)?

𝑄
𝑉𝑝 = = −6,2 𝑉
4𝜋𝜀0 𝑅

Como o potencial é uma grandeza escalar o resultado seria o mesmo se a carga


estivesse concentrada toda num ponto à distância R!
ELETROMAGNETISMO 19
GRADIENTE DO POTENCIAL
EXEMPLO
Potencial no ‘nariz’ do sorridente
O rosto sorridente da Fig. É formado por três elementos:
1) uma barra fina com carga de −3,0 μC e a forma de uma circunferência
completa com 6,0 cm de raio;
2) uma segunda barra fina com carga de 2,0 μC e a forma de um arco de
circunferência com 4,0 cm de raio, concêntrico com o primeiro elemento,
que subtende um ângulo de 90º;
3) um dipolo elétrico ( 2 cargas iguais e de sinais contrários) Q= 2,0 μC
distanciado do centro da circunferência de 2,0 cm.
Determine o potencial elétrico no centro da circunferência.
𝟏𝟎−𝟒 −𝟑 𝟐 𝟐 𝟐
𝑽𝒑 = ( + + − )=𝟎𝑽
𝟒𝝅𝜺𝟎 𝟔 𝟒 𝟐 𝟐
ELETROMAGNETISMO 20
SUPERFÍCIES EQUIPOTENCIAIS
Equipotenciais são linhas (no plano) ou superfícies (no espaço) onde o potencial, em todos os
pontos, assume o mesmo valor algébrico.

As equipotenciais, em um campo elétrico criado por uma


partícula eletrizada e solitária, são circunferências (no
plano) ou superfícies esféricas (no espaço).

Para provar esta afirmação basta analisar a expressão do


potencial. Note que, para os mesmos Q e k, o potencial
assumirá valores iguais nos pontos do espaço
equidistantes da carga fonte:

ELETROMAGNETISMO 21
SUPERFÍCIES EQUIPOTENCIAIS

Imagine o deslocamento de uma partícula de carga


q de A para B, ao longo da equipotencial. O trabalho
realizado pela força elétrica é nulo, pois VA=VB.
Isso será verdade, no entanto, somente se a força
eletrostática se mantiver sempre perpendicular à
trajetória seguida, como ilustra na figura.

As equipotenciais (linhas ou superfícies) são


perpendiculares às linhas de força do campo
elétrico.

Num campo elétrico uniforme, as equipotenciais são retas (no plano) ou superfícies planas (no espaço),
também perpendiculares às linhas de força do campo elétrico.
ELETROMAGNETISMO 22
GRADIENTE DO POTENCIAL

CALCULO DO CAMPO ELÉTRICO A PARTIR DO POTENCIAL

Como se pode ver nas Fig., resolver este problema graficamente


é muito fácil:

▪ Se conhecemos o potencial V para todos os pontos nas


vizinhanças de uma distribuição de cargas, podemos
desenhar uma família de superfícies equipotenciais.

▪ As linhas de campo elétrico, desenhadas


perpendicularmente essas superfícies mostram a variação do
campo elétrico.

O que procuramos é um método matemático equivalente ao


processo gráfico.

ELETROMAGNETISMO 23
GRADIENTE DO POTENCIAL

CALCULO DO CAMPO ELÉTRICO A PARTIR DO POTENCIAL

Vimos que a variação da energia potencial é dada por

Olhando para a figura concluímos que E cos é a componente


de 𝑬 na direção de 𝒅𝒔 ou seja
Em coordenadas cartesianas:
𝐸 = −𝑔𝑟𝑎𝑑 𝑉= −∇ 𝑉

ELETROMAGNETISMO 24
GRADIENTE DO POTENCIAL

CALCULO DO CAMPO ELÉTRICO A PARTIR DO POTENCIAL

A Equação define o potencial elétrico associado a um determinado campo


elétrico.

O problema inverso, que abordaremos agora, é como calcular o campo elétrico dado um determinado
potencial elétrico.

𝐸 = −𝑔𝑟𝑎𝑑 𝑉= −∇ 𝑉

Em coordenadas cartesianas, e considerando a Equação, as três componentes do campo elétrico, em


função do potencial, são

Vamos ver como chegamos a estas


expressões!

ELETROMAGNETISMO 25
GRADIENTE DO POTENCIAL

EXEMPLO
Sabendo que o potencial de uma carga pontual q é dado por
𝒒 𝒒
V= = calcule 𝑬
𝟒𝝅𝝐𝟎𝒓 𝟒𝝅𝝐𝟎 𝒙𝟐 +𝒚𝟐+𝒛𝟐

Resolução

ELETROMAGNETISMO 26
SUPERFÍCIES EQUIPOTENCIAIS
CONCLUSÃO
▪ Uma linha de campo é uma curva e uma superfície equipotencial é uma superfície curva.

▪ As linhas de força do campo elétrico apontam sempre no sentido do potencial decrescente


𝐸 = −𝑔𝑟𝑎𝑑 𝑉= −∇ 𝑉

ELETROMAGNETISMO 27
SUPERFÍCIES EQUIPOTENCIAIS

▪ Em campos elétricos uniformes, as superfícies equipotenciais são igualmente espaçadas.

▪ Em campos não uniformes, esse espaçamento é menor nas regiões em que o módulo do vetor
campo elétrico é maior (onde a densidade de linhas de força é maior).

As linhas de campo elétrico apontam sempre no sentido do potencial elétrico decrescente!


ELETROMAGNETISMO 28
POTENCIAL ELÉTRICO num condutor

▪ O campo elétrico no interior de um condutor


carregado em equilíbrio eletrostático é zero.

▪ se o campo é zero, é também uniforme nesse caso, ao


interior do condutor aplica-se a expressão V = -Ed.
Mas, se E =0, a diferença de potencial entre dois
pontos quaisquer do interior será V = 0, logo todos os
pontos internos de um condutor em equilíbrio
eletrostático têm o mesmo potencial.

▪ Isto acontece mesmo que o condutor tenha uma


cavidade interna e essa cavidade interna contenha
uma carga elétrica.

▪ O valor do potencial elétrico de um condutor depende da sua forma e da carga elétrica nele contida.

ELETROMAGNETISMO 29
POTENCIAL ELÉTRICO num condutor

O campo elétrico é perpendicular à interface com a superfície de um condutor em equilíbrio


electroestático!

ELETROMAGNETISMO 30
POTENCIAL ELÉTRICO NUM CONDUTOR
▪ Em todos os pontos do exterior da
esfera o campo elétrico é o mesmo
que o produzido removendo-se a
esfera e colocando-se no seu centro
uma carga puntiforme q.

▪ Portanto, o potencial produzido pela


esfera a uma distância r de seu
centro é igual ao potencial produzido
por uma carga puntiforme q situada
no centro da esfera:
𝒒 (potencial no exterior à distância r)
V= ▪ No interior da esfera, o campo elétrico é
𝟒𝝅𝝐𝟎 𝒓 igual a zero em todos os pontos. Isto
▪ O potencial na superfície da esfera é dado por significa que o potencial é constante em
todos os pontos no interior da esfera, e seu
𝒒 valor é igual ao potencial na superfície da
Vsup= esfera.
𝟒𝝅𝝐𝟎 𝑹
ELETROMAGNETISMO 31

Você também pode gostar