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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

CENTRO DE TECNOLOGIA

INSTITUTO DE FÍSICA

CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA

Carlos Aparecido Flor Filho


Luiz Eduardo de Araujo Oliveira
Yasmin de Araújo Xavier

RELAÇÃO ENTRE CAMPO E POTENCIAL ELÉTRICO

MACEIÓ-2019

Carlos Aparecido Flor Filho


Luiz Eduardo de Araujo Oliveira
Yasmin de Araújo Xavier

RELAÇÃO ENTRE CAMPO E POTENCIAL ELÉTRICO

Relatório do experimento
Fenômenos eletrostáticos-II
realizado sob orientação do
professor Wandearley Dias, como
requisito avaliativo da disciplina de
Laboratório de Física 2.

MACEIÓ-2019

Sumário
1. INTRODUÇÃO 3
2. OBJETIVOS 6
3. MATERIAIS E MÉTODOS 8
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 10
5. CONCLUSÃO 15
REFERÊNCIAS 16
3

1. INTRODUÇÃO

Entende-se por campo elétrico a grandeza vetorial que quantifica a força


elétrica que é produzida por uma carga (carga fonte) sobre outras cargas elétricas
(cargas de prova).[1] Matematicamente, tem-se que o módulo do campo elétrico (E),
em Newtons (N) por Coulomb (C), é dado por:

F
E= (equação 1)
q

onde F é a força elétrica, em N, e q, a carga de teste em C. [2]

No ponto de vista vetorial, o campo elétrico e a força elétrica têm a mesma


orientação se a carga de prova for positiva e orientações diferentes quando a carga
é negativa (Ver Figura 1). As linhas do campo elétrico se afastam das cargas
positivas, são divergentes, e se aproximam das cargas negativas, ou seja, são
convergentes. Então, as linhas saem dos corpos carregados positivamente para os
carregados negativamente quando há a atração (Ver Figura 1). [2]

Figura 1: Orientações vetoriais da força elétrica (F) e da carga elétrica (E) em diferentes
situações.[3]

Fonte: REALIZE EDUCAÇÃO, 2019.

Em uma partícula, tem-se que o módulo do campo elétrico (E) criado por um
corpo carregado de carga associada q à uma distância r e ε= 8,85.10 -12 C2/ N2.m2 é
dado por:
4

1 q
E= (equação 2)
4 π ε r2

Se existir mais de um campo elétrico vinculado à um ponto ou partícula do


espaço, o campo elétrico resultante é o somatório de todos os campos elétricos ali
presentes.[2]

Já em um dipolo elétrico, o qual é composto por duas cargas com mesmo


valor e sinais opostos separadas por uma pequena distância, o campo elétrico (E),
em módulo, é dado matematicamente por:

1 qd
E= (equação 3)
2 πε z3

onde q é o valor absoluto da carga elétrica, d é a distância entre as cargas e z se


refere a distância do centro do dipolo ao ponto de referência. [2]

Em um anel carregado, tem se que o campo elétrico é dado por:

qz
E= 3 (equação 4)
2 2 2
4 πε ( z + R )

onde q é a carga do anel, z é a distância do ponto ao centro do anel e R representa


o raio desse corpo carregado (Ver Figura 2).[2]

Figura 2: dimensionamento de um anel carregado.[4]

Fonte: EUCLIDES, 2014.

Já o potencial elétrico pode ser definido como o nível de energia potencial


existente em um ponto de um certo campo elétrico. A variação de potencial elétrico
5

(∆V), em Volts, pode ser expressa matematicamente por:

W
∆V = (equação 5)
q

onde W representa o trabalho, em Joules, realizado pelo campo elétrico e q, a carga


elétrica da partícula em Coulumbs. Outro modo de expressar algebricamente a
variação de potencial elétrico é a seguinte:

f
∆ V =−∫ ⃗
E . d ⃗s (equação 6)
i

onde E representa o campo elétrico e ds, a variação de espaço. [5]

Em superfícies equipotenciais, os pontos existentes têm o mesmo potencial


elétrico. Não há realização de trabalho líquido pelo campo elétrico sobre a partícula
deslocada nesse tipo de superfície, o que ocasiona uma realização de trabalho igual
à zero e, assim, Vf = Vi. Desse modo, pode-se concluir que a variação de potencial
elétrico em superfícies equipotenciais é nula. O mesmo fenômeno anterior (∆V = 0)
ocorre no interior de corpos condutores carregados, o que é resultante de um campo
elétrico nulo no interior dos mesmos, respeitando as constatações do experimento
da gaiola de Faraday. Quando presentes duas cargas de sinais contrários, as linhas
de carga delimitam cada superfície equipotencial existente (Ver Figura 3). [5]

Figura 3: Linhas de carga mediante a presença de corpos carregados positivamente e


negativamente, as quais delimitam as superfícies equipotenciais alí presentes. [2]

Fonte: HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J., 2007.

Em placas paralelas, o campo elétrico é distribuído uniformemente e, assim, é


formada uma família de superfícies equipotenciais perpendiculares às linhas de
campo (Ver Figura 4). Caso o campo elétrico não fosse perpendicular a uma
superfície equipotencial, haveria uma componente paralela a superfície e uma
6

consequente realização de trabalho em uma certa partícula carregada mediante o


deslocamento da mesma.[2]

Figura 4: Superfícies equipotenciais em placas paralelas, as quais são perpendiculares às


linhas de campo.[2]

Fonte: HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J., 2007.

Desse modo, é visível a existência de relação entre a variação de campo


elétrico e potencial elétrico (Ver equação 6), na qual uma grandeza é proporcional à
outra. A existência de superfícies equipotenciais pode ser evidenciada mediante
experimentos que utilizam dois condutores com sinais de cargas opostos, uma cuba
eletrolítica, uma solução condutora, um voltímetro configurado para a medição de
potencial, além do papel milimetrado para mapear as coordenadas de cada
superfície equipotencial.

2. OBJETIVOS
Estudar o comportamento do campo elétrico, mediante a determinação
experimental de superfícies equipotenciais em meios condutores líquidos.
7

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Materiais, reagentes e equipamentos

 1 Multímetro;
 1 Cuba eletrolítica;
 Fios para ligação;
 1 Papel milimetrado;
8

 1 Fonte de tensão;
 1 Vareta de cobre;
 Solução de Sulfato de cobre (CuSO4;
 2 Eletrodos circulares e planos;

3.2 Procedimento

Colocou-se a solução de Sulfato de cobre na cuba eletrolítica com o papel


milimetrado já fixado na superfície externa inferior da cuba e com os eletrodos
circulares equidistantes do centro da cuba (Ver figura 5). Ligou-se os eletrodos aos
terminais da fonte de tensão e posicionou-se a haste de zinco no eixo central que
divide a cuba de vidro, em seguida, conectou-se o multímetro à vareta e à haste de
zinco. Com a fonte de tensão ligada obteve-se 4 superfícies, sendo 2 superfícies
para cada eletrodo e 5 pontos equipotenciais para cada superfície.

Figura 5: Sistema eletrolítico com eletrodos circulares e sem anel.

Fonte: Oliveira, L.E.A.,2019

Colocou-se o anel de cobre no centro da cuba (Ver figura 6) e buscou-se 2


superfícies, uma para cada eletrodo, com 5 pontos equipotenciais para cada uma.

Figura 6: Sistema eletrolítico com eletrodos circulares e com anel.


9

Fonte: Oliveira, L.E.A.,2019

Retirou-se o anel da cuba e trocou-se os eletrodos circulares por eletrodos


planos (Ver figura 7) e repetiu-se o procedimento já realizado com os eletrodos
circulares, obtendo 4 superfícies para o sistema sem o anel e 2 superfícies para o
sistema com o anel de cobre.

Figura 7: Sistema eletrolítico com eletrodos plano sem anel.

Fonte: Oliveira, L.E.A.,2019

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
10

As superfícies equipotenciais obtidas com base nos dados das tabelas 1 e 2


estão dispostas na figura 4 e na figura 5. A utilização da solução de CuSO 4 é
justificada pela necessidade de ser ter um eletrólito, ou seja, cargas capazes de se
deslocar quando submetidas à ação de um campo elétrico, o que não seria possível
sem essa, uma vez que o ar é um isolante. Como os eletrodos são constituídos de
matérias condutores, a distribuição de carga se concentra em sua superfície, o que
dá origem a um campo eletrostático no meio eletrolítico. A fonte ligada aos eletrodos
confere a estas cargas opostas de mesma magnitude, criando um dipolo elétrico.

Na figura 4 estão representadas superfícies obtidas na cuba eletrolítica com


eletrodos circulares ligando os pontos listados na tabela 1 que apresentaram o
mesmo potencial. Observou-se que essas superfícies se assemelham com elipses.
Os eletrodos simulam cargas pontuais de sinais opostos, dessa forma esperava-se
obter superfícies equipotenciais como as expostas na figura 3, as distorções
observadas são resultado de erros de medida, do fato dos eletrodos não serem
perfeitamente circulares, além de variações em sua massa devido ao processo de
eletrolise.

Quando se colocou o anel no centro da cuba, notou-se que o potencial dentro


deste é constante, no caso o potencial medido foi de 0,00V. Isso ocorre porque o
campo dentro de um condutor é zero, assim, da equação 6 conclui-se que a
variação de potencial é zero, ou seja, o potencial é constante dentro do material
condutor. Com a adição do anel condutor esperava-se que houvesse uma distorção
das superfícies, já que esse adquire carga e com isso gera um campo elétrico.
Entretanto, esse comportamento não é percebido com a análise da figura 5, o que
pode ser atribuído a erros experimentes

Tabela 1: Coordenadas dos pontos que apresentaram os respectivos potenciais utilizando eletrodos
circulares.

0,92V 0,82V -0,64V -0,32V


x y x y X y x Y
6,0 -5,0 5,0 5,5 -3,6 5,1 -7,2 -8,0
4,0 -1,3 3,5 1,9 -3,0 2,0 -6,0 -5,8
4,3 2,7 4,0 -3,0 -3,7 -4,1 -4,5 -2,9
7,0 7,5 5,0 -4,5 -4,2 -5,2 -4,8 4,0
7,5 8,1 6,0 -7,0 -4,9 -6,1 -6,6 7,8
11

Figura 4: Superfície equipotencial obtida com base nos dados da tabela 1.

Superfícies equipotenciais
10
8
6
4
2
0
-14 -12 -10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10 12 14
-2
-4
-6
-8
-10

0,92V 0,82V -0,64V -0,32V

Fonte: Autor, 2019.

Tabela 2: Coordenadas dos pontos que apresentaram os respectivos potenciais utilizando eletrodos
circulares e o anel de cobre no centro.

0,96 V -1,00 V
x y X y
7,7 6,0 -9,6 8,0
6,6 4,6 -7,0 4,5
4,5 -0,5 -8,5 -5,0
7,0 -5,0 -11,0 -8,0
8,5 -8,0 -11,5 -9,0

Figura 5: Superfície equipotencial obtida com base nos dados da tabela 2.

Superfícies equipotenciais
10
8
6
4
2
0
-14 -12 -10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10 12 14
-2
-4
-6
-8
-10

0,96V -1V

Fonte: Autor,2019.
12

Os pontos observados com mesmo potencial obtidos com eletrodos planos


estão dispostos na tabela 3 associados a seus respectivos potenciais. Os eletrodos
simulam o campo gerado por dois planos paralelos carregados. Com a análise da
figura 5, notou-se que os pontos com mesmo potencial se ligam aproximando-se por
uma reta. Isso deve-se a simetria planar dos eletrodos, nos quais as linhas de
campo são perpendiculares a superfície condutora como pode ser visto na figura 4.

XTabela 3 : Coordenadas dos pontos que apresentaram os respectivos potenciais utilizando eletrodos
planos.

0,63 V 0,75 V -0,8 V -0,43 V


x y x y x y x y
4,5 5,0 5,1 6,1 -5,4 7,4 -2,7 5,4
4,3 2,9 5,2 2,5 -5,5 4,7 -2,9 4,5
4,4 1,7 5,1 0,0 -5,1 3,1 -2,7 3,8
4,3 -1,0 5,1 -6,7 -5,3 -1,4 -2,9 0,5
4,3 -4,0 5,2 -7,9 -5,3 -6,1 -2,8 -6,0

Figura 5 : Superfície equipotencial obtida com base nos dados da tabela 3.

Superfícies equipotenciais
10
8
6
4
2
0
-14 -12 -10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10 12 14
-2
-4
-6
-8
-10

0,63V 0,75V -0,80V -0,43V

Quando o anel condutor foi colocado no sistema observou-se as distorções


que podem ser percebidas comparando as figuras 5 e 6. A tendência é justificada
pelo fato do anel ser condutor e adquirir carga, o que tem como consequência direta
13

a criação de um campo elétrico.

Tabela 4: Coordenadas dos pontos que apresentaram os respectivos potenciais utilizando eletrodos
planos e um disco de cobre.

0,22V -0,61V
x y x y
2,6 4,3 -4,6 7,8
3,7 1,6 -4,8 6,0
3,6 -2,0 -5,5 1,1
3,5 -2,1 -5,3 -2,3
2,0 -6,1 -4,6 -8,0

Figura 6: Superfície equipotencial obtida com base nos dados da tabela 4.

Superfícies equipotenciais
10
8
6
4
2
0
-14 -12 -10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10 12 14
-2
-4
-6
-8
-10

0,22V -0,61V
14

5. CONCLUSÃO

Com base nos resultados obtidos, utilizou-se dos pontos obtidos para mapear
superfícies equipotenciais, no experimento que simulou a presença de cargas
pontuais de sinais opostos, observou-se a formação de superfícies elípticas,
resultado esperado segundo a literatura, no entanto, esperava-se uma visível
diferença quanto a presença de um anel no centro do sistema, o que não pôde ser
observado devido a erros experimentais. No experimento com placas paralelas
mapeou-se segmentos de retas, sendo as linhas perpendiculares a superfície
condutora, com a adição do anel notou-se uma distorção no mapeamento de cargas,
resultado esperado e previsto pela literatura. Outrossim, observou-se também que
em ambos os experimentos o potencial interno ao anel foi nulo e constante. Sendo
assim, pôde-se observar os fenômenos esperados e visualizar as superfícies
formadas em meio condutor líquido.
15

REFERÊNCIAS
[1]: HELERBROCK, Rafael. “Campo elétrico”. Brasil escola. Disponível em: <
https://brasilescola.uol.com.br/fisica/campo-eletrico.htm >. Acesso em 02 de
novembro de 2019;
[2]: HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. “Fundamentos de Física
Volume 3 Eletromagnetismo”. Ed. LTC. Rio de Janeiro, 2007;
[3]: “Campo elétrico”. Realize Educação, 2019. Disponível em: <
https://www.realizeeducacao.com.br/wiki/campo-eletrico/ >. Acesso em 02 de
novembro de 2019;
[4]: EUCLIDES. “Campo elétrico de um anel carregado (Cálculo)”. Fórum PiR2,
2014. Disponível em: < http://pir2.forumeiros.com/t76787-campo-eletrico-de-um-
anel-carregado-calculo >. Acesso em 02 de novembro de 2019;
[5]: TIPLER, Paul A.; MOSCA, Gene. “Física para Cientistas e Engenheiros - Vol. 2”.
5a ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006;
16

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