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UESC – Universidade Estadual de Santa Cruz

DCET – Departamento de Ciências Exatas e Tecnológicas

Disciplina: CET 838 – Física Experimental III

Turma: P02 – Engenharia Mecânica

Docente: Marcelo B. Pisani

Discentes: João Vitor Santos Carvalho


Nassin F. O. Agebane
Wallace W. C. Costa

Experimento: 01 – Mapeamento de Campos Elétricos e


Relação do Campo Elétrico com o Potencial Elétrico

Data de realização: 01-outubro-2022

Data da síntese: 08-outubro-2022

Data da entrega: 19-outubro-2022


1. Título: Mapeamento de campos elétricos e
relação do campo elétrico com o potencial elétrico

2. Resumo

Este relatório busca de forma experimental compreender o que são as


superfícies equipotenciais e a partir delas obter as linhas de força do campo elétrico,
assim analisar o comportamento do potencial elétrico e do campo elétrico no interior
e na superfície de um condutor em equilíbrio eletrostático. Para a obtenção dos
dados utilizou-se de duas configurações eletrolíticas diferentes : cargas pontuais e a
de placa e carga pontual. Em uma cuba foi colocada a água e na mesma foram
submergidos os eletrodos. Com o amparo de um multímetro ,na função de
voltímetro, foram catalogados e conectados os pontos de mesma tensão ( potencial
) para cada configuração,deste modo formando as superfícies equipotenciais e as
linhas de força, foi possível também determinar que elas partem do potencial maior
para o potencial menor e em seu interior, seu comportamento, para as geometrias
cilíndricas, seu potencial é nulo e máximo em seu exterior.

3. Introdução

O conceito de campo elétrico parte do princípio de que toda carga


(independentemente de seu sinal) afeta o espaço ao seu redor. Ao aproximarmos
uma carga da outra, inserimos uma carga no campo elétrico da outra, fazendo com
que interajam. Se considerarmos um objeto cuja superfície externa é feita de um
material condutor (como um metal), os elétrons nessa superfície sempre se
repelem, de modo que a distribuição de carga torna o campo elétrico dentro dele
zero. Este fenômeno é chamado de blindagem eletrostática, também conhecida
como gaiola de Faraday.
Algumas características sobre o campo eletrostático:
● Não é força
● Tem natureza vetorial
● É produzido por cargas elétricas.
● Existe em todos os pontos do espaço para qualquer tempo t.
● Mede-se a sua existência com auxílio de uma carga teste.
● A direção do campo eletrostático é definido pelo sinal da carga líquida que
o produz.
● A direção da força eletrostática pode ter ou não o mesmo sentido do campo
eletrostático.
O campo elétrico E, expresso N/C (Newton/Coulomb) em pode ser
expressado por meio da equação:
→ → (1),
𝐹 (𝑥,𝑦,𝑧)
𝐸 (𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝑞

onde F é a força sobre a carga de prova, em função da posição, medida em N


(Newton), q é a carga medida em C (Coulomb), no SI.
Por fim, dentro de campo elétrico podem ser observadas as superfícies
equipotenciais, tratam-se de superfícies de um campo elétrico, onde todos
apresentam o mesmo potencial elétrico, ou seja, suas linhas de força são sempre
perpendiculares à sua superfície.
Outro conceito de relevância no âmbito da eletricidade é o potencial elétrico,
trata-se de uma grandeza física escalar que mede o trabalho realizado pela
eletricidade para mover uma carga de um ponto para outro. É mais comum
encontrar o termo diferença de potencial elétrico ou tensão, que nada mais é do que
a diferença entre dois potenciais elétricos. Assim, toda carga localizada dentro de
um campo elétrico tem energia potencial (Ep) relacionada à sua posição dentro
desse campo elétrico. Se considerarmos um ponto no campo elétrico, podemos
calcular quanta energia uma carga de Coulomb pode armazenar naquele ponto.
Esta grandeza física escalar é medida em volts (V), o que é equivalente a joules por
coulomb (J/C) em unidades SI.
O trabalho realizado sob a influência do campo elétrico depende apenas das
posições de pontos quaisquer A e B, e não muda de valor com as possíveis
diferentes escolhas para o caminho. Ele pode ser expressado pela equação:

𝑏 → 𝑏 → → (2),
𝑊𝑎𝑏 = ∫ 𝐹 . 𝑑𝑙 = 𝑞 ∫ 𝐸 . 𝑑𝑙 =− 𝑞(𝑈𝑏 − 𝑈𝑎) =− 𝑞𝑈𝑎𝑏
𝑎 𝑎

onde ‘’a’’ e ‘’b’’ é o caminho percorrido, F é a força elétrica em N (Newton), dl


um elemento diferencial vetorial de comprimento orientado sobre o caminho e ‘’.’’
indica o produto escalar entre vetores.
A diferença de potencial elétrico entre dois pontos é calculada, por definição,
como menos o trabalho por unidade de carga necessário para movimentar a carga
de prova:
𝑊𝑎𝑏 1
𝑏 → → 𝑏 → → (3),
𝑈𝑎𝑏 = 𝑈𝑏 − 𝑈𝑎 =− 𝑞
=− 𝑞
∫ 𝐹 . 𝑑𝑙 =− ∫ 𝐸 . 𝑑𝑙
𝑎 𝑎

De acordo com esta definição, o potencial elétrico é expresso em unidades


de trabalho por unidade de carga, sendo medido em J/C (Joule/Coulomb) no SI, e
definindo uma nova unidade frequentemente utilizada em eletricidade, o volt (V),
com
1 𝑉 = 1 𝐽 / 𝐶 = 1 𝑚2· 𝑘𝑔 · 𝑠 − 3· 𝐴 − 1.
O campo elétrico pode ser definido em função do potencial num determinado
ponto pela operação inversa da eq. 3, podendo ser calculado como o vetor
gradiente do potencial elétrico.
→ → მ𝑈 → მ𝑈 → →
𝐸 (𝑥, 𝑦, 𝑧) =− ▽ 𝑈 =− 𝑖 −
მ𝑈
𝑗 − მ𝑧 𝑘 (4)
მ𝑥 მ𝑦

O gradiente de potencial elétrico, expresso como ▽ (nabla) é um vetor que


representa a razão da mudança no potencial elétrico em relação à distância em
→ → →
cada eixo de um sistema de coordenadas cartesianas: 𝑖 , 𝑗 𝑒 𝑘 , indicadores dos
vetores unitários, nas direções x, y e z. Assim, o vetor gradiente de potencial indica
a direção na qual a taxa de variação do potencial elétrico é maior, dependendo da
distância.

4. Procedimento Experimental

O experimento se deu primeiramente pela escolha das configurações


eletrolíticas utilizadas, as quais foram a de cargas pontuais e a de placa e carga
pontual.

Fig 1. Disposição das cargas na cuba

Fonte: Produção da equipe executora

Colocou-se água em uma cuba plástica e abaixo da mesma foi posicionado um


papel milimetrado, que possibilitou a coleta das posições . Submergiu-se os
eletrodos na cuba e os mesmos foram ligados a uma fonte contínua ( de 18V na
configuração de cargas pontuais e 15V na de placa e carga pontual ). Com o auxílio
de um voltímetro, para conseguir averiguar as tensões, fixou-se o terminal negativo
do aparelho no eletrodo negativo da fonte e, com a ponteira positiva, localizou-se os
pontos e regiões do espaço que tinham a mesma tensão (voltagem, potencial) em
relação ao eletrodo de referência.
Fig 2. Cargas escolhidas para o experimento.

Fonte: Produção da equipe executora

Desse modo, foram registrados, no papel milimetrado, uma variedade de


pontos em diferentes potenciais, partindo do eletrodo negativo que possuía tensão
nula (0V) até o eletrodo positivo, a maior tensão . A partir disto, ligou-se os pontos
registrados nas curvas onde o potencial era constante (curvas equipotenciais),
sendo assim realizando as projeções.

Por fim, traçaram-se as linhas de força do campo eletrostático , sendo elas


linhas ortogonais às equipotenciais. Com todos os dados experimentais coletados
foi possível realizar o mapeamento do campo elétrico.

Fig. 3 – Ilustração do circuito experimental montado.

Fonte: Produção da equipe executora

5. Resultados e Análises
Para a configuração de de cargas pontuais(no intervalo de 0V a 18V)e a de
placa e carga pontual ( no intervalo de 0V a 15V) , os pontos encontrados que
formatam suas curvas equipotenciais foram os expostos na tabela 1 e na tabela 2,
respectivamente.

Fig 4. Linhas de forças e equipotenciais do campo elétrico.

Fonte: Produção da equipe executora

Tabela 1 - Posições dos pontos selecionados para criar as curvas equipotenciais


para placa e carga pontual e para a configuração de duas cargas pontuais.
Configuração 1: Cilindro-Cilindro Configuração 2: Cilíndro-Barra
U士0,05V x(mm)士2,5mm y(mm)士2,5mm U士0,04V x(mm)士2,5mm y(mm)士2,5mm
0V -120 0 0V -120 90
0V -95 25 0V -120 -90
0V -70 0 3V -95 50
0V -95 -25 3V -95 5
3V -80 35 3V -95 -50
3V -65 5 6V -45 65
3V -80 -40 6V -50 0
6V -55 -60 6V -45 -75
6V -40 -25 9V 10 80
6V -35 0 9V 0 35
6V -45 35 9V -5 -5
6V -60 60 9V 0 -25
9V -10 70 9V 10 -80
9V -10 40 12 V 70 70
9V -10 0 12 V 40 40
9V -10 -40 12 V 30 5
9V -10 -70 12 V 50 -50
12 V 35 55 12 V 65 -60
12 V 30 45 15 V 85 25
12 V 25 0 15 V 60 0
12V 30 -45 15 V 85 -25
12 V 35 -65 15 V 110 0
15 V 100 60
15 V 80 45
15 V 55 -5
15 V 85 -50
15 V 110 -70
18V 120 0
18V 95 25
18V 70 0
18V 95 -25
Fonte: Produção da equipe executora

Com base no que foi coletado, chegou-se às configurações dos gráficos 1 e 2.

Gráfico 1 - Projeção das curvas equipotenciais para cargas pontuais.

Fonte: Produção da equipe executora

Com base no gráfico 1 e na figura 2, é possível afirmar que as linhas de força


se partem do potencial maior para o menor, com isso, como foi adotado um
potencial de 18V, o cilindro com o potencial maior ficará com 18V e as linhas de
força irão em direção ao segundo cilindro que terá como potencial elétrico 0V.
No interior do cilindro, seu comportamento será semelhante ao da gaiola de
Faraday, pois a carga se concentra na superfície do condutor, logo o potencial em
seu interior é nulo.
Gráfico 2 - Projeção das curvas equipotenciais para placa e carga pontual.

Fonte: Produção da equipe executora


Com base no gráfico 1 e na figura 4, pode-se constatar que as linhas
equipotenciais se comportam conforme as geometrias dos condutores metálicos,
sendo o primeiro experimento dois condutores cilíndricos e o segundo experimento,
como sendo um condutor cilíndrico e outro uma barra reta.
Dessa forma, pode-se observar que as tensões U, variam de acordo com as
linhas de força, partindo do potencial maior para o menor e permanecendo
constante nas linhas equipotenciais.
Esse comportamento é explicado com base na Eq. 3, a intensidade do campo
elétrico não varia paralelo às linhas equipotenciais, ou seja, é válido afirmar que a
intensidade do campo elétrico será máximo quando o vetor campo elétrico for
perpendicular às linhas equipotenciais, pois não há variação de distância paralela às
linhas equipotenciais.
Gráfico 3 - Potencial em função da posição das cargas pontuais

Fonte: Produção da equipe executora


Gráfico 4 - Potencial em função da posição das cargas pontual e placa.

Fonte: Produção da equipe executora

A partir das posições e dos potenciais foi possível calcular aproximadamente


os vetores do campo elétrico, como mostrado nas tabelas 3 e 4.

Tabela 2 - Vetores campo elétrico para o intervalo de 18V a 0V da configuração de


cargas pontuais.
𝑥(mm) 士2,5 mm 𝑦(mm) 士2,5 mm Eexp -i (V/mm)士0,04 -j (V/mm)士0,08
90,00 -37,50 1 0,30 0,12
60,00 -57,50 1 0,06 0,20
12,50 -67,50 1 0,07 0,60
-32,50 -65,00 1 0,07 -0,30
-67,50 -50,00 1 0,12 -0,15
-87,50 -32,50 1 0,20 -0,20
62,50 -2,50 2 0,20 0,60
42,50 -25,00 2 0,12 0,08
10,00 -42,50 2 0,08 -0,60
-25,00 -32,50 2 0,10 -0,20
-52,50 -10,00 2 0,12 -0,10
-67,50 2,50 2 0,60 0,60
62,50 -2,50 3 0,20 0,60
42,50 20,00 3 0,12 -0,06
10,00 42,50 3 0,08 0,60
-27,50 37,50 3 0,09 0,60
-55,00 20,00 3 0,15 0,10
-67,50 2,50 3 0,60 0,60
87,50 35,00 4 0,20 -0,15
57,50 50,00 4 0,07 -0,30
12,50 62,50 4 0,07 -0,20
-35,00 65,00 4 0,06 0,30
-70,00 47,50 4 0,15 0,12
-87,50 30,00 4 0,20 0,30
Fonte: Produção da equipe executora

Tabela 3 - Vetores campo elétrico para o intervalo de 18V a 0V da configuração de


cargas pontuais.
𝑥(mm) 士2,5 mm 𝑦(mm) 士2,5 mm [-i 士0,01](V/mm) [-j 士0,09](V/mm)
45 2,5 0,10 -0,60
12,5 0 0,09 0,30
-27,5 -2,5 0,07 -0,60
-72,5 2,5 0,07 -0,60
-107,5 2,5 0,12 0,60
Fonte: Produção da equipe executora

Por meio da Eq.4 é possível determinar o vetor campo elétrico através da derivada
direcional do vetor gradiente. Com isso, o campo elétrico pode ser expresso através
da tensão V em um determinado ponto do espaço.
Este cálculo é mais simplificado quando é unidimensional, ou seja, quando a carga
de prova se move apenas na direção de um eixo. A tabela 3 descreve com mais
especificidade tal questão, pois há movimento da carga de forma significativa
apenas na direção x.

6. Conclusões

Com isso, pode-se concluir que nas superfícies equipotenciais, o potencial


elétrico terá o mesmo valor para todos os pontos, também é possível afirmar que as
linhas de força partem do maior potencial para o menor, de forma perpendicular às
linhas equipotenciais, já que assim, garantem máximo potencial elétrico e assim
visualizar o campo elétrico como um todo.

7. Referências
PORTAL SÃO FRANCISCO. Campo Eletrostático. Disponível em:
https://www.portalsaofrancisco.com.br/fisica/campo-eletrostatico#:~:text=Um%2
0campo%20eletrost%C3%A1tico%20%C3%A9%20um,em%20rela%C3%A7%
C3%A3o%20ao%20ambi%20ente%20circundante.. Acesso em: 18 out. 2022.
HELERBROCK, Rafael. "Potencial elétrico"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/fisica/potencial-eletrico-v.htm. Acesso em 19 de out.
2022.

UNIVERSITY OF COLORADO. Charges and Fields (pHet interactive


simulation).Disponível em https://phet.colorado.edu/pt/simulation/charges-and-fields.
Acesso em out-2022.

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