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Magnetismo

Símbolo internacional de alerta quanto à presença de magnetismo intenso.

Um disco rígido aberto. As informações digitais encontram-se magneticamente


gravadas na mídia circular, que gira em alta velocidade. O movimento da cabeça de
leitura sobre a mídia é obtido mediante forças magnéticas que agem em bobinas imersas
entre dois fortes ímãs, na parte anterior esquerda do disco (parte metálica com cobertura
preta).

Em física e demais ciências naturais, magnetismo é a denominação associada ao


fenômeno ou conjunto de fenômenos relacionados à atração ou repulsão observada entre
determinados objetos materiais - particularmente intensas aos sentidos nos materiais
ditos ímãs ou nos materiais ditos ferromagnéticos - e ainda, em perspectiva moderna,
entre tais materiais e condutores de correntes elétricas - especificamente entre tais
materiais e portadores de carga elétrica em movimento - ou ainda a uma das parcelas da
interação total (Força de Lorentz) que estabelecem entre si os portadores de carga
elétrica quando em movimento - explicitamente a parcela que mostra-se nula na
ausência de movimento de um dos dois, ou de ambos, no referencial adotado. Há de se
ressaltar que a simples observação de atração ou repulsão entre dois objetos não é
suficiente para caracterizar a interação entre os dois como de origem magnética,
geralmente confundindo-se com certa facilidade, aos olhos leigos, os fenômenos
magnéticos e elétricos. Tais fenômenos elétricos e magnéticos, apesar de hoje saber-se
estarem profundamente correlacionados, têm em princípio de naturezas certamente
diferentes.

Aos olhos desatentos enfatiza-se que os fenômenos elétricos e magnéticos - ao menos


no cotidiano - diferem entre si basicamente nos seguintes aspectos:

No cotidiano a força magnética mostra-se geralmente mais intensa do que a elétrica;

Enquanto os fenômenos elétricos - em específico os eletrostáticos oriundos do atrito


entre materiais diferentes - apresentem natureza efêmera, os magnéticos são geralmente
duradouros;

Ao passo que corpos eletrizados interagem de forma perceptível com praticamente


todos os materiais, os corpos magnéticos interagem de forma significativa apenas com
um grupo muito seleto desses.

Em particular, é válido aqui desfazer-se a ideia em senso comum de que os ímãs


atrairiam qualquer metal. Em verdade, a grande maioria dos metais simplesmente não
responde em magnetostática de forma perceptível aos sentidos. Entre os poucos que
respondem, destacam-se o ferro, o cobalto e o níquel.

O magnetismo pode orientar os corpos em direções definidas, geralmente não ocorrendo


o mesmo nos fenômenos elétricos. Em outras palavras, em virtude de sua orientação,
um mesmo corpo magnético pode ou ser atraído ou ser repelido por outro. No caso
elétrico ou os dois geralmente ou se atraem ou se repelem - de forma independente da
orientação espacial destes.

Os polos elétricos - positivo e negativo - podem ser separados ao passo que os polos
magnéticos - norte e sul - estão sempre presentes no mesmo corpo, nunca podendo ser
separados.

Nestes termos é fácil agora caracterizar a atração entre o pente de cabelos após uso e
pequenos pedaços de papel, ou mesmo entre a folha de papel e a capa de plástico de
uma encadernação, como fenômenos elétricos, e a atração entre uma chave de fenda e
um parafuso, ou entre o adesivo de propaganda e a geladeira, como magnéticos.

O exemplo mais difundido de fenômeno magnético certamente associa-se o


funcionamento da bússola, uma agulha magnética de livre movimento orientada pelo
campo magnético terrestre. As auroras boreal e austral constituem um exemplo menos
conhecido, sendo devidas à existência de interação magnética entre partículas presentes
no vento solar e o campo magnético da terra - que desvia tais partículas em direção aos
polos magnéticos do planeta, onde, em interação com a atmosfera, implicam as luzes no
céu características deste fenômeno.

Magnetismo é ainda o nome associado à divisão da Física responsável pelo estudo dos
fenômenos magnéticos. A descoberta e melhor compreensão da estreita relação
existente entre os fenômenos magnéticos e elétricos implicou, em tempos recentes, na
fusão das áreas concernentes ao estudo da eletricidade e magnetismo - originalmente
distintas - em uma única divisão mais abrangente, o eletromagnetismo. O
eletromagnetismo encerra em si todos os fenômenos elétricos, todos os magnéticos, e
mais os fenômenos associados à inter-relação explícita ou implícita entre os dois
primeiros.

Eletromagnetismo

Representação do vetor campo elétrico de uma onda eletromagnética circularmente


polarizada.

Eletrostática

 Carga elétrica
 Eletricidade
 Lei de Coulomb
 Campo elétrico
 Fluxo elétrico
 Lei de Gauss
 Potencial elétrico
 Potência elétrica
 Indução eletrostática
 Momento do dipolo elétrico
 Densidade de polarização
 Lei de Ohm

História

 História da Física
 Magnetostática
 Lei de Ampère
 Corrente elétrica
 Campo magnético
 Magnetismo
 Magnetização
 Fluxo magnético
 Lei de Biot–Savart
 Momento magnético
 Polarização dielétrica
 Lei de Gauss para o magnetismo
 Força magnética

Eletrodinâmica

 Espaço livre
 Força de Lorentz
 Força eletromotriz
 Indução eletromagnética
 Lei da indução de Faraday
 Lei de Lenz
 Corrente de deslocamento
 Equações de Maxwell
 Campo eletromagnético
 Radiação eletromagnética
 Potenciais de Liénard-Wiechert
 Tensor de Maxwell

Circuitos elétricos

 Circuito elétrico
 Circuito RC
 Circuito RLC
 Circuito LC
 Frequência de ressonância
 Condução elétrica
 Resistência elétrica
 Capacitância
 Indutância
 Impedância elétrica
 Cavidade ressonante
 Guias de onda
 Fasor
 Capacitor

Físicos

 James Clerk Maxwell


 Heinrich Hertz
 Alessandro Volta
 Michael Faraday
 Charles de Coulomb
 Hans Christian Ørsted
 Nikola Tesla
 André-Marie Ampère
 Carl Friedrich Gauss
 Hendrik Lorentz
 v
 d

Introdução

Um pouco de História

William Gilbert, autor da obra intitulada "De Magnete", publicada em 1600. Sua obra já
encerrava àquela época grande rigor científico. Suas contribuições ao progresso desta
ciência foram de suma importância.

As observações de fenômenos magnéticos naturais são muito antigas. Entre elas


relatam-se com frequência as realizadas pelos gregos em uma região da Ásia conhecida
por Magnésia, embora haja indícios de que os chineses já conheciam o fenômeno há
muito mais tempo. Ainda no século VI a.C., Tales de Mileto, em uma de suas viagens
ao continente (na época província da Grécia), constatou que pequenas pedrinhas tinham
a capacidade de atrair tanto objetos de ferro quanto a de atraírem-se. Tales foi o
primeiro a tentar explicar o fenômeno afirmando que a magnetita - o minério magnético
presente no solo - seria possuidor de uma espécie de "alma", e que esse poderia
comunicar "vida" ao ferro inerte, que por sua vez também adquiria o poder de atração.
Tales não teria sido contudo o primeiro a descobrir tal fenômeno na região. Conta a
lenda que um pastor de ovelhas, de nome Magnes, teria percebido que a ponta de ferro
do seu cajado ficava presa quando este o encostava em determinadas pedras -
presumidamente a magnetita. Segundo alguns autores, do nome da região derivou-se o
termo "magnetismo", até hoje usado para estudar os fenômenos relacionados. Contudo
para outros o termo "magnetismo" advém do nome do pastor de ovelhas que teria
constatado o primeiro fenômeno "magnético".

Em vista do que se sabe hoje em dia a explicação de Tales de Mileto pode parecer-nos
muito simplória, contudo ressalva-se que não se deve julgar um pensamento fora do
contexto histórico-sócio-cultural o qual pertence. Em tal época justamente os primeiros
passos de uma longa jornada que viria culminar no que conhecemos hoje, dois milênios
e meio depois, por ciência, estavam por ser dados. Em verdade, explicações similares
perduraram pelos vários séculos que se seguiram: o magnetismo seria então a
consequência da emanação de eflúvios, um "perfume" que emanaria do ferro e da
magnetita, sensibilizando-os para que se atraíssem. A própria palavra ímã derivar-se-ia
mais tarde da palavra francesa aimant, que, não de surpreender, traduz-se por amante
em português.

Os chineses foram certamente os primeiros a encontrar aplicações práticas para o


magnetismo. No início da era cristã os adivinhos chineses já utilizavam um precursor da
bússola, uma colher feita de magnetita que, colocada em equilíbrio sobre um ponto de
apoio central, podia mover-se livremente. Tratava-se da "colher que apontava para o
sul", sempre presente em seus rituais. No século VI os chineses já dominavam a
tecnologia para a fabricação de ímãs.

Esses fenômenos, contudo, não despertaram um maior interesse, pelo menos até os
século XIII, quando começaram a surgir observações e trabalhos mais acurados a
respeito da eletricidade e do magnetismo. Delas decorreram de imediato a conclusão de
que os fenômenos elétricos e magnéticos teriam naturezas completamente distintas,
ideia que perdurou até dois séculos atrás. Em 1269 Pierre de Maricourt, em uma de suas
cartas enviadas a um amigo, descreve com precisão a maioria das experiências típicas
associadas ao fenômeno e que ainda hoje figuram com abundância em livros de ensino
atuais. A ele devemos as nomenclaturas "pólo norte" e "pólo sul" associadas aos pólos
de um magneto e a lei dos "opostos se atraem, iguais se repelem" diretamente associada
aos mesmos. Também observou que em um ímã, mesmo quando oriundo de fratura de
outro, encontram-se presentes sempre dois pólos opostos.

Destacam-se seguindo-se a cronologia e dando continuidade ao trabalho de Pierre de


Maricourt, dois séculos mais tarde entretanto, os trabalhos do cientista inglês William
Gilbert, esses resumidos em um livro publicado em 1600 que revelou-se um marco na
área: o De Magnete. Consonante com o fato de que a ciência em sua definição moderna
vinha à luz no exato período em questão (William fora contemporâneo de Galileu
Galilei) pode considerar-se esse livro como um dos primeiros trabalhos em moldes
científicos sobre o assunto, e por tal um clássico da literatura científica. O tomo
encerrava praticamente todos os conhecimentos válidos produzidos até a época, pouco
acrescendo-se aos mesmos até o início do século XIX. Gilbert fora capaz inclusive de
explicar o comportamento da bússola, propondo que a terra comportava-se como um
ímã de dimensões gigantescas. Conclusões mais sofisticadas, como a descoberta de que
o aquecimento de um ímã fá-lo perder suas propriedades magnéticas e a verificação de
que a magnetização e desmagnetização não implicam alteração no peso do objeto
também estavam presentes. O livro não encerrava apenas estudos sobre magnetismo;
também abordava vários dos tópicos contemporâneos ligados ao estudo da eletricidade.

Os avanços seguintes na área do magnetismo só foram possíveis graças a um


significativo avanço ocorrido na área da eletricidade: a invenção da pilha por Alexandro
Volta. A existência de uma fonte de energia elétrica - de corrente elétrica - duradoura
mostrar-se-ia essencial para que o físico e químico dinamarquês Hans Christian Ørsted
pudesse estabelecer de forma sólida em 1820, via um momento de serendipidade em
uma aula e não nos confinamentos de um laboratório de pesquisa, algo do qual já se
suspeitava há muito: que os fenômenos elétricos e magnéticos guardam íntima relação.
A experiência de Ørsted entrou para os anais da física ao evidenciar que correntes
elétricas provocam efeitos magnéticos em sua vizinhança, sendo estas capazes de
interferir na orientação de bússolas em suas proximidades.

O passo seguintes no avanço da compreensão do magnetismo em direção ao


eletromagnetismo foi dado pelo inglês Michael Faraday e concomitantemente pelo
estadunidense Joseph Henry: a descoberta da indução magnética. Trata-se tão somente
da resposta experimental afirmativa para uma questão diretamente decorrente da
experiência de Ørsted: se eletricidade é capaz de produzir fenômeno magnético, é o
inverso também verdade? Devido aos exaustivos estudos realizados por Faraday em
detrimento de uma devoção menor por parte de Henry ao assunto - decorrente da sua
indisponibilidade de tempo por razões profissionais - historicamente credita-se a
Faraday e não a Henry os louros da descoberta.

A Faraday também credita-se o conceito de campo, conceito este imediatamente


estendido tanto ao estudo da eletricidade quanto ao do magnetismo e que mostrar-se-ia
essencial à síntese realizada por James Clerk Maxwell. Em tal contexto as contribuições
de Heirinch Friedrich Emil Lenz (a lei de Lenz); de Wilhelm Eduard Weber,
homenageado ao estabelecer-se a unidade S.I. para a grandeza fluxo magnético (o
weber), sendo quem primeiro obteve a partir de experimentos relacionados ao
eletromagnetismo o valor experimental de uma constante, c = 3,1 x 108 m/s,
imediatamente reconhecida como análoga ao valor da velocidade da luz no vácuo; dos
matemáticos Franz Ernst Neumann (lei de Faraday-Neumann-Lenz), Carl Friedrich
Gauss (lei de Gauss) e demais; não podem deixar de ser mencionadas.

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