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Introdução

A história do magnetismo tem duas partes, uma de origem grega e outra


de origem chinesa. Segundo uma lenda, o termo "magnetismo" vem do nome
de um pastor de ovelhas grego, "Magnev" que observava que a
extremidade de ferro de seu cajado, atraía pequenos pedaços de pedra
que ficavam no caminho. Por outro lado, de todos os trabalhos dos
chineses, é a invenção da bússola magnética, que foi a mais importante.
Como outras civilizações primitivas, os chineses conheciam fenômenos
magnéticos, através das propriedades naturais da "magnetita"(óxido de
ferro), cujo poder de atração do ferro, era considerado mágico. No
primeiro século depois de Cristo, um pedaço de magnetita montado sobre
um pino, apontava para o sul em vez de para o norte, o que foi a essência
da bússola magnética. A bússola magnética era comum nos navios chineses
desde o séc. X, o que antecipa o uso da bússola no Ocidente em pelo
menos cem anos. O primeiro a escrever sobre o magnetismo no Ocidente é
Peter Peregrinus, no século XIII, em "Carta sobre o imã onde descreve a
magnetita e suas propriedades, definindo a propriedade do imã sempre
apontar para o norte magnético, mencionando pela primeira vez o termo
"polo magnético". Nesta carta ele menciona o fato de que um imã, quando
partido ao meio, torna-se em dois imãs. Parece que Stevin ( 1548-1620 )
foi o primeiro a interessar-se por problemas em navegação e dava
explicações de um sistema no qual sugeria o uso de uma agulha magnética,
que poderia atuar como guia para a longitude. Isto deveria ser feito
medindo-se a diferença entre os nortes verdadeiro e magnético, mas isso
foi provado incorreto. Em 1820, Hans Cristian Oersted, que acreditava
existir uma relação entre eletricidade e magnetismo, conseguiu provar
experimentalmente que, quando uma corrente elétrica passava por um fio,
havia um campo magnético associado a ela.
Com o passar dos anos, os homens passaram a sentir a necessidade de
desenvolverem meios para uma vida mais confortável, assim fizeram surgir
indústrias, carros e outras tantas coisas. Um dos fatores que contribuíram
para um desenvolvimento da industria foi justamente o magnetismo, pois
descobriram que se pode criar um campo magnético induzido em um
determinado condutor simplesmente alimentando-o. Essa descoberta,
estimulou o estudo dos materiais magnéticos, e, é disso que trataremos
neste trabalho.
Materiais para aplicações magnéticas

As maquinas eletricas de grande porte necessitam de um meio com grande


densidade de energia (alta permeabilidade) para realizar a conversão
energetica. O meio magnetico a opção mais simples, economica, l

As elevadas exigências, que as aplicações elétricas modernas


requerem dos materiais magnéticos,fazem com que novas técnicas e
novos produtos estejam permanentemente sendo pesquisados,com o
conseqüente aparecimento de novas soluções para uma série de
aplicações.
Porém, todas essas e outras mais modificações que vão surgindo,
apenas são possíveis através de um conhecimento profundo da
estrutura da matéria, bem como dos fatores que podem fazer com
que um material magnético se comporte de um determinado modo.
Conforme nos ensina a física, os materiais podem pertencer
magnéticamente aos grupos dos materiais ferromagnéticos,
diamagnéticos ou paramagnéticos.
Materiais ferromagnéticos se caracterizam por uma magnetização
espontânea, que é totalmente independente de campos magnéticos
externos.A grandeza dessa magnetização espontânea depende da
temperatura, referindo-se esta a uma temperatura crítica, em que um
material passa de ferromagnético a diamagnético.
Considerando-se, assim, um material ferromagnético abaixo dessa
temperatura crítica, chamada de temperatura de curie, podemos
observar que o mesmo é composto de um grande número de
pequenas seções conhecidas por domínios, cujos contornos podem
ser perfeitamente determinados, e que se caracterizam por possuir
uma única orientação magnética, ou seja, são dotados, cada um de
um vetor de campo magnético unitário próprio.
Perante ausência de um campo magnético externo e de um
magnetismo próprio residual, o vetor de campo resultante da
somatória de todos os vetores de cada domínio, tem resultante nula.
Se este material e seus domínios, estiverem expostos à ação de
campos externos, os domínios são parcialmente “arrastados”
segundo a orientação desse campo. Esse comportamento é explicado
pela Teoria Quântica e pela Física do estado Sólido.
Cada imã natural ou artificial apresenta uma subdivisão de
partículas, de forma que cada uma ainda é um imã completo, ou
seja, possuem carga positiva e carga negativa de igual valor, mas de
ação oposta.
Essas duas cargas magnéticas iguais formam um dipolo. Nos imãs
naturais, a maioria dos dipolos já se encontram orientadas
paralelamente; esse paralelismo é também obtido pela ação de um
campo magnético externo de orientação constante ( proveniente de
uma fonte contínua ).

O diamagnetismo é explicado como segue: sob a ação de um campo


magnético, os elétrons que giram em torno do seu próprio eixo vão
se ajustando, libertando durante esse ajuste um campo magnético,
dirigido contrariamente ao campo de magnetização aplicado. Com
isto o campo aplicado é enfraquecido.
O paramagnetismo representa materiais com suscetibilidade positiva
( k > 0,  >1 ). O valor é novamente de pequena grandeza, podendo-
se citar, como exemplos de materiais desse grupo, o alumínio, a
platina e outros sais de ferro, de cobalto e de níquel.
Tanto os diamagnéticos quanto os paramagnéticos têm valor de
permeabilidade em torno da unidade.
Um terceiro grupo, talvez mais importantes para as aplicações
elétricas, é aquele em que a permeabilidade é função da intensidade
do campo magnético, ou seja, os materiais ferromagnéticos. Nesse
caso, a grandeza da suscetibilidade é um valor elevado, podendo
alcançar valores de um milhão e mais. Incluem-se nesse grupo o
ferro, o níquel, o cobalto, o cromo e outros, e suas respectivas ligas.

O processo de magnetização de um material ferromagnético é


normalmente representado por uma curva, chamada de curva de
magnetização, a qual por sua vez é a base do laço de histerese,que
fornece informações mais completas sobre a característica do
material.
No eixo das abcissas, coloca-se a grandeza da intensidade de campo
magnético H e, nas ordenadas, o valor da magnetização I ou da
densidade do fluxo B. A curva se inicia no estado de
desmagnetização, com H = 0. Elevando-se a intensidade de campo
gradativamente, nota-se uma elevação também de B, até que, a partir
de um certo ponto, a elevação de H não traz mais uma elevação de
B. Esse é o estado de saturação em que, apesar de elevarmos a
corrente ou o número de espiras ( ou o produto de ampère-espiras ),
Não haverá disponibilidade de maior indução magnética.
O laço de histerese, já mencionado anteriormente, é obtido a partir
da curva de magnetização, reduzindo-se novamente o valor de H.
Observa-se, então, que os valores de B assim obtidos,não coincidem
com os valores iniciais da curva. Chegando-se a H = 0, não teremos
B = 0; o valor de B = 0 será obtido para um certo valor –H.
Repetindo-se o processo com valores de H na orientação contrária,
obteremos uma repetição do fenômeno, e um laço de histerese.
Fazendo novamente referência aos domínios, o fenômeno descrito
ocorre devido à quebra do equilíbrio entre os vetores dos campos
unitários dos domínios. Existe, portanto, uma resultante, ou seja,
existe uma predominância de uma certa orientação vetorial,
conseqüente da ação orientativa do campo magnético externo
aplicado.
Essa predominância se faz sentir pelo aparecimento de um
magnetismo residual, no ponto H = 0, e uma certa intensidade de
campo magnético no ponto de B = 0.Materiais com pequeno valor
de Hc (FORÇA COERCITIVA) e de elevada suscetibilidade X são
materiais magnéticos moles; quando ocorre o inverso, são materiais
magnéticos duros.
A área interna a este laço, reflete diretamente a dificuldade que uma
dada força magnética H encontrará em orientar os domínios de um
material ferromagnético. Reflete, portanto, o trabalho realizado por
H, para obter B. Assim sendo, o laço de histerese tem uma relação
íntima com o trabalho magnético efetuado, trabalho magnético esse
consumido pelos domínios. Não é, portanto, um trabalho útil do
próprio processo de magnetização; é antes uma perda de energia, e
como tal é qualificada. Chega-se, assim, a uma nova grandeza, que é
a potência de perda por histerese, de um circuito magnético,
potência essa medida no ensaio de Epstein. Essa potência de perdas
se repete em cada ciclo de magnetização e, como tal, é bem maior
em corrente alternada do que em contínua, e, ainda nas corrente
alternadas, tanto maior quanto mais elevada a freqüência. Em
corrente alternada ainda, somam-se a perdas, as perdas devido a
correntes parasitas.

ANISOTROPIA CRISTALINA

Tomemos um cristal do sistema cúbico, aplicando lhe um valor de H


constante em diversas direções.
Observamos que os valores de B, daí resultantes,variam de valor, o
que vem demonstrar que a permeabilidade é uma função da
orientação do campo aplicado, o que caracterizado pela existência de
uma anisotropia cristalina.
Existem, portanto, direções cristalinas que conduzem melhor um
campo magnético, ou seja, direções em que as perdas são menores
do que em outras direções. Como a redução de perdas é uma
preocupação sempre presente nos projetos elétricos, torna-se
justificável o interesse em se determinar, em cada conjunto de
cristais que formam um dado núcleo magnético, qual a direção em
que se deve aplicar o campo magnético, ou seja, qual o sentido
preferencial de magnetização, que acompanha as arestas do cubo; o
eixo de maiores perdas é o que une as diagonais internas; o de
menores perdas é o paralelo à arestas do cubo.
A MAGNETOSTRIÇÃO

Na magnetização de cristais ferromagnéticos, podemos também


observar uma variação nas dimensões físicas do cristal, fenômeno
esse chamado de magnetostrição. A grandeza dessa variação nas
dimensões é função do eixo cristalino sobre o qual incide o campo
magnético.
Se o campo for aplicado na direção da aresta do cubo representativo
do cristal ferromagnético, o cristal se alonga. Se ao contrário, a
magnetização for dirigida no sentido de uma das diagonais do cristal
cúbico, então o cristal se torna mais curto.
A magnetostrição é observada tanto em mono quanto em policristais
ferromagnéticos.
Deformações elásticas de materiais ferromagnéticos também
influem sobre suas características magnéticas. Materiais com
magnetostrição submetidos a esforços de tração sofrem redução de
permeabilidade; assim, por exemplo, podemos reduzir sensivelmente
a permeabilidade do níquel, sob ação de uma tração. Um tal
material, em que, sob ação de uma força de tração, ocorre redução
de permeabilidade, é classificado como tendo magnetostrição
negativa; ocorrendo elevação de permeabilidade sob idênticas
condições, a magnetostrição é dita positiva.
A propriedade de magnetostrição é usada em sistema de controle de
pressões, como, por exemplo, em prensas automáticas. Nesse caso, o
sistema mecânico, que deve operar a uma dada pressão, com certa
tolerância, possui, no ponto de aplicação dessa força, um núcleo
ferromagnético que, perante as condições pré-estabelecidas, tem
uma distribuição de fluxo total que não ocorre indução em um
enrolamento, estrategicamente montado nele. Havendo, porém,
esforços anormais, ocorre uma variação de permeabilidade que vai
deformar o campo normal, a ponto de induzir uma d.d.p nesse
mesmo enrolamento, indução essa que vai ativar um sistema de
controle de pressões, até que se reestabeleça o equilíbrio mecânico
da força aplicada.

Deformações cristalinas

A existência de tensões internas ao sistema cristalino desses


materiais dificultam a orientação dos domínios magnéticos perante a
ação do campo externo, o que afeta a permeabilidade. A regra geral
é que, nessas condições, a permeabilidade decresce e a força
coercitiva se eleva. Tais tensões internas aparecem devido ao
trabalho mecânico aplicado ao corpo ferromagnético no ato de se
construir um núcleo, quando então as chapas, blocos, etc., desse
material, são submetidos a esforços de cisalhamento (estampagem),
dobramento deformação a quente e a frio por forja, etc. Os cristais
são, sob tais esforços mecânicos, quebrados e deformados da sua
posição original, lembrando-nos da propriedade anteriormente
analisada, da anisotropia cristalina, e que o material sofria variação
de suas propriedades magnéticas ao se variar a direção do campo
incidente sobre o cristal, e aplicando essas observações do presente
caso, podemos concluir que, ao sofrer uma deformação do seu
sistema cristalino em parte de seu corpo, essa parte estará com
características magnéticas diferentes das do resto do material. Se o
corpo for ferromagnético como um todo sofreu anteriormente um
processo de orientação cristalina (chapa de domínios ou grãos
orientados), parte desses grãos não acompanharão mais a orientação
normal do corpo, devido à deformação, e, nessa parte, a
permeabilidade do material será baixa, a perdas magnéticas
resultarão altas e, além da perda de energia propriamente dita,
aparecerão aquecimentos que podem atingir a níveis inadmissíveis.
Essas deformações mecânicas podem e devem ser eliminadas ou,
pelo menos, acentuadamente atenuadas, através de um aquecimento
do material, chamado de recozimento.
O recozimento, pela ação de dilatação do corpo, elimina as tensões
internas e faz com que o cristal deformado retorne à sua posição
inicial, fazendo coincidir novamente os eixos preferenciais de
magnetização da borda do material com a porção interna. Além da
deformação mecânica, tais problemas podem também aparecer
devido as impurezas do material, sobretudo no caso da presença
interna de oxigênio em ferro puro.
O recozimento de chapas ferromagnéticas é atualmente uma das
providências de rotina, quando da fabricação de núcleos laminados
(obtidos pela justa posição de um certo número de chapas) de
transformadores e outros equipamentos de elevada qualidade, o que
vem demonstrar a real influência que essas deformações podem
ocasionar sobre as características de um núcleo,particularmente no
que se refere a suas perdas.

CORRENTE PARASITA E OS PROCESSOS DE SUA REDUÇÃO

O ferro é basicamente um material condutor, sob ponto de vista


elétrico, sofrendo, assim, também a indução de forças eletromotrizes
quando sujeitos a campos elétricos variáveis.
Por outro lado, esses campos, resultantes de correntes alternadas,
estão presentes na grande maioria dos equipamentos
eletromagnéticos.
Como a corrente circula pelo enrolamento, e esse enrolamento
possui, via de regra, núcleo magnético, a mesma ação indutiva de
um enrolamento indutor sobre um induzido se faz sentir sobre o
núcleo do material, no qual, se for formado por um corpo magnético
de baixa resistividade elétrica, circularão correntes induzidas de
grandeza considerável.
A redução dessas correntes é feita através do aumento da resistência
elétrica do material magnético; esse aumento é obtido de duas
maneiras: elevando-se a densidade do material, o que é obtido pela
compactação de pós e conseqüente fabricação de ferrites, ou pela
fabricação dos núcleos não de corpos maciços mas sim laminados,
com suas lâminas isoladas entre si.
CONCEITOS BÁSICOS SOBRE O
FERROMAGNETISMO
(Extraído da referência[1] (cap.1) . Com ênfase nos princípios do ferromagnetismo
que são relevantes para materiais de alta permeabilidade e perdas magnéticas)

Introdução
Ferromagnetismo é um dos capítulos do eletromagnetismo, que trata de um
grupo específico de materiais magnéticos com elevada densidade de momento
magnético. Com estes materiais é possível produzir ímas de elevado nível de
magnetização e alta coercividade, laminados de alta permeabilidade magnética ou
materiais que combinem estas propriedades. Estes materiais são muito importantes
em nosso atual estado tecnológico pois permitem a construção de eficientes
máquinas elétricas. A tabela abaixo apresenta um breve histórico do
desenvolvimento destes materiais magnéticos contrapondo com o desenvolvimento
das teorias do eletromagnetismo e o desenvolvimento das máquinas elétricas.

Breve histórico do desenvolvimento do eletromagnetismo.

Materiais Máquinas
Eletromagnetismo
Magnéticos Elétricas

Aço de Baixo carbono 1821 -Campo produzido pela corrente


elétrica (Ampère)
1831 - Indução magnética (Faraday) 1836-Motor CC (Davenport)
1866-Gerador CC (Siemens)
1867-Gerador CA(Gramme)

1873-"Tratado da eletricidade e
magnetismo" (Maxwell)
1880-Curva de histerese magnética do
Fe (Warburg) 1887-Motor de indução e geradores
bifásicos
1888-Motor de indução monofásico
1889-Motor trifásico

1905-"Eletrodinâmica dos corpos em


1900-Aço silício para transformadores
movimento"(Einstein)
(Hadfield)
1905-Proposta teórica para o
diamagnetismo e paramagnetismo
(Langevin)
1906-Proposta teórica para o
ferromagnetismo (Weiss)
1911-Descoberta da supercondutividade
no Hg (Karmelingh Onnes) 1919-Motor de passo(Walker)

1925-Teoria do spin do elétron


(Uhlenbeck e Goudsmit)
1931-Observação das paredes de
domínios (Bitter)

1933 -Aço silício de GO Ímãs de


AlNiCo
1933-1945-desenvolvimento dos
ferrites 1937-Motor de histerese(Teare)
1935-Estrutura de domínios (Landau e
Lifshittz)

1949-Arranjo das paredes de domínios


magnéticos (Willians,
Bozorth,Shockley)
1960-Desenvolvimento dos fios
supercondutores de(NbSn3)
1960-Ligas amorfas

1970-Ímãs de SmCo
1986-Supercondutores de alta
temperatura (Bednorz e Muller)
1983-Ímãs de NdFeB (Sagawa)
1986-Modelo dos "objetos magnéticos"
1988-Ligas
para as perdas magnéticas (Bertotti)
nanocristalinas(Yoshizawa)

Quando os materiais sólidos são produzidos, a composição química e os


processos termodinâmicos utilizados determinam uma estrutura atômica
característica. Se os átomos da mesma amostra de um material estiverem dispostos
numa única configuração cristalina, a amostra é denominada monocristal. Muitos
experimentos na área de física da matéria condensada são realizados em
monocristais, permitindo correlacionar os fenômenos físicos com as estruturas
cristalinas.
Os materiais sólidos também pode ser composto por um aglomerado de grãos,
cada um com uma determinada orientação cristalina. Estes materiais são
denominados materiais policristalinos. Se um material policristalino possuir grãos
com uma distribuição aleatória das direções cristalinas , este material é denominado
de "grãos não orientados-GNO". Caso o material policristalino possua grãos com
direções cristalinas preferencialmente numa determinada direção, o material é
denominado de "grãos orientados-GO".
Materiais produzidos por técnicas de solidificação rápida podem apresentar uma
ausência completa da estrutura cristalina. Neste caso, estes materiais são
denominados amorfos.
Na engenharia de materiais, existe a possibilidade de combinar diversos tipos de
estruturas em um único material, com o objetivo de otimizar as suas propriedades
físicas , dependendo da aplicação final desejada.
Quando um material qualquer é submetido a um campo magnetizante H, um
processo de ordenamento ocorre na sua estrutura, induzindo um certo nível de
magnetização M. Dependendo da intensidade e do princípio físico desta
magnetização, os materiais podem ser classificados como: paramagnéticos,
diamagnéticos, ferrimagnéticos ou ferromagnéticos. Face ao elevado momento
magnético que apresentam, os materias ferromagnéticos e ferrimagnéticos têm
grande importância tecnológica na construção de dispositivos eletrônicos e núcleos
de máquinas elétricas. O ferro, níquel e cobalto são elementos ferromagnéticos.
Materiais cuja composição química contêm estes elementos e, que sejam
submetidos a adequados tratamentos termodinâmicos para definir uma estrutura
atômica, podem resultar em materiais com excelentes propriedades mecânicas,
elétricas e, principalmente, magnéticas.
Modelos da teoria quântica do magnetismo atribuem o elevado momento
magnético dos elementos ferromagnéticos ao desemparelhamento dos spins na
banda 3d. Estes spins desemparelhados conferem aos átomos momentos
magnéticos capazes de interagir com campos externos, com os momentos dos
átomos adjacentes ou com a própria estrutura cristalina. Uma característica
importante dos materiais ferromagnéticos é a capacidade de alinhamento dos
momentos de cada átomo em uma mesma direção, produzindo desta forma, uma
magnetização expontânea (fig 1.2). A composição química da liga é responsável
pelo nível da magnetização de saturação magnética Ms e a resistividade elétrica .
O ferro é o elemento que apresenta o maior momento magnético por átomo. Esta
característica física, associada ao baixo custo, tornou este elemento o preferido
componente nas ligas ferromagnéticas.
As composições químicas das ligas utilizadas na construção de núcleos de
máquinas elétricas são aquelas cujos momentos se alinham com muita facilidade a
campos magnéticos externos. Estes materiais são denominados ferromagnéticos
"moles" ou de alta permeabilidade.
A indução magnética B pode ser expressa no Sstema International como:

B = o(H + M) (1.3)

Nos materiais ferromagnéticos de alta permeabilidade, a diferença entre B e M é


desconsiderada na maioria dos ensaios experimentais.
Materiais ferromagnéticos, que necessitam de campos externos elevados (maior
energia) para mudar a orientação dos momentos magnéticos, são utilizados para
produzir ímãs permanentes. Neste caso, a diferença de B e M, não é mais
desprezível.
Materiais magnéticos com geometrias que produzem pólos magnéticos estão
sujeitos a campos desmagnetizantes. Estes campos são proporcionais ao momento
M e à forma geométrica, que pode ser expressa por um fator denominado
desmagnetizante Nd.
Neste caso, a expressão para estimar o campo magnético Hint , ao qual a amostra
está realmente sujeita será:

Hint = Hext - Nd M (1.4)

O termo Nd M também é denominado campo desmagnetizante.


Dependendo da geometria da amostra, o campo desmagnetizante pode ser muito
intenso. Para algumas geometrias é possível estimar o fator desmagnetizante
analiticamente. Para outras, o fator desmagnetizante pode ser determinado
experimentalmente ou por meio de expressões analíticas aproximadas.

Figura 1.2 Representação simplificada dos momentos magnéticos em um material ferromagnético:


a) Em um átomo isolado; b) Em átomos na estrutura cristalina (CCC)

A intensidade da magnetização em um material está correlacionada com a


densidade de átomos por volume, tipo de acoplamento e o nível do momento
magnético de cada átomo. Portanto, existe um limite físico para a intensidade de
magnetização de saturação para uma determinada composição química do material.
Este limite é denominado de momento de saturação magnética Ms.
Existe uma temperatura onde ocorre a transição do ordenamento ferromagnético
para o paramagnético. Esta temperatura é denominada de temperatura de Curie (T C)
e o material ferromagnético perde a propriedade de apresentar alta permeabilidade.
É usual, na calibração de instrumentos para medidas magnéticas, o uso de
elementos ferromagnéticos puros submetidos à saturação magnética. A tabela 1.2
apresenta as características dos principais elementos ferromagnéticos puros.

Tabela 1.2 - Características físicas dos principais elementos ferromagnéticos (a 20oC).

Elemento Densidade [kg/m3] Indução de saturação[T] TC [oC]


Fe 7,85 . 10-3 2,16 770
-3
Co 8.89 . 10 1,79 1131
Ni 8,91 . 10-3 0,61 358

Anisotropias

Os materiais ferromagnéticos não apresentam as mesmas propriedades


magnéticas em todas as direções. Como o fenômeno de magnetização tem origem
na estrutura eletrônica dos materiais, ocorrem interações com a estrutura cristalina
do material. Estas anisotropias conferem ao material diferentes energias de
magnetização para cada direção. Existem três tipos de anisotropias que afetam a
quantidade de energia necessária para magnetizar o material.
A anisotropia de forma que afeta a energia necessária para vencer a relutância da
geometria da amostra ou das partículas que a compõem. O eixo de menor relutância,
(normalmente o mais longo) necessita de menos energia para magnetizar. O formato
esférico, por exemplo, não possui anisotropia de forma.
A anisotropia magnetocristalina é resultado do efeito das direções
cristalográficas do material sobre a energia de magnetização. Nas estruturas
cristalinas, os átomos podem se solidificar em 14 arranjos bem definidos. A
estrutura típica para o ferro é cúbica. Por simetria, as direções <100 necessitam de
um mínimo de energia de magnetização.
A anisotropia magnetoelástica é decorrente das deformações da estrutura
cristalina provocadas pelas tensões mecânicas. Pode-se reduzir os efeitos danosos
desta anisotropia através de tratamentos térmicos, para aliviar as tensões mecânicas,
após o processo de estampagem.
Apesar dos diferentes mecanismos formadores de anisotropias, seus efeitos são
equivalentes sobre a energia necessária para magnetização. Pode-se expressá-las
numa somatória definindo uma anisotropia total.
Domínios magnéticos

No interior de um material ferromagnético, os momentos de cada átomo


ordenam-se de tal forma a minimizar a energia total do sistema. Existem três
energias importantes neste ordenamento. A energia de troca entre os spins dos
átomos próximos ( que é mínima quando estão alinhados na mesma direção), a
energia magnetocristalina entre os momentos dos átomos e a rede cristalina (que é
mínima quando os momentos estão alinhados com os eixos de menor energia de
anisotropia), e a energia magnetostática do sistema (resultado da formação de pólos
magnéticos). O mínimo de energia é obtido com o aparecimento de subregiões
denominadas domínios magnéticos. Existe uma interface, que separa dois domínios
adjacentes com sentidos opostos, denominada de parede de domínio magnético. As
primeiras observações foram feitas utilizando a técnica de Bitter, desenvolvida em
1931. Apesar de ser uma técnica simples (uma suspensão coloidal de partículas de
Fe3O4, sobre uma amostra polida), permitiu a visualização dos domínios
magnéticos. Atualmente, as observações pelo efeito Kerr permitem a visualização
dos domínios pela variação da intensidade da luminosa. Esta variação é provocada
pela interação eletromagnética da luz com a matéria. É possível realizar
observações, inclusive dos deslocamentos das paredes de domínios, com bastante
facilidade.
Uma representação simplificada da estrutura de domínios de um material
ferromagnético policristalino pode ser vista na figura 1.3.

Figura 1.3 Diagrama simplificado da estrutura de domínios de um material ferromagnético


policristalino
Curva de histerese magnética
Quando o material ferromagnético é submetido a um ciclo de varredura de campo
magnetizante H, ocorre um rearranjo da distribuição dos momentos magnéticos
para manter reduzida a energia do sistema. Existem dois mecanismos relevantes que
atuam para compensar o efeito do campo magnético externo: o deslocamento das
paredes de domínios e a rotação dos momentos. O primeiro, atua aumentando as
regiões com as direções de magnetização mais alinhadas com o campo aplicado.
Este processo acaba suprimindo as demais paredes de domínios. Quando este
mecanismo não é mais possível, ocorre então, a rotação dos momentos que tendem
ao alinhamento com o campo magnético externo. Estes processos são dissipativos,
resultando na curva de histerese magnética BxH. A área interna do ciclo de histerese
representa a energia dissipada para realizar um ciclo de histerese (que no Sistema
Internacional possui a dimensão de J/m3). Nas máquinas que operam em freqüências
de magnetização de 50 ou 60Hz, a multiplicação da energia dissipada em um ciclo
pela freqüência de operação resulta na potênc

Materiais para Aplicações Magnéticas


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Extraído do capítulo 1 da ref [1]

As máquinas elétricas de grande porte necessitam de um meio com grande


densidade de energia (alta permeabilidade) para realizar a conversão energética. O
meio magnético é a opção mais simples, econômica, limpa e eficiente no atual
estágio tecnológico da humanidade. Materiais ferromagnéticos, que operam a níveis
de magnetização da ordem de 1,6 T , no entreferro, permitem concentrar energias
da ordem de 1 MJ/m3 para a conversão.
Seria difícil imaginar nosso estágio atual de tecnologia sem os materiais de alta
permeabilidade. Mas para termos uma idéia da sua importância, se utilizassemos
apenas as bobinas feitas de fios de cobre com nucleo de ar, teríamos que construir
máquinas pelo menos 100 vezes maiores.
Duas características físicas limitam a aplicação de materiais ferromagnéticos de
alta permeabilidade: o nível de saturação e as perdas magnéticas. O nível de
saturação é função da composição química e limita a quantidade de energia
concentrada por unidade de volume. As perdas magnéticas dependem da
resistividade, espessura e dos mecanismos dissipativos e, podem variar muito
dependendo da qualidade do material.
Os principais materiais de alta permeabilidade utilizados na construção de
dispositivos de conversão energética, podem ser agrupados como apresentado a
seguir.
Materiais de alta permeabilidade magnética

Aços de baixo carbono

Aços de baixo carbono, ABNT 1006/1008, não foram desenvolvidos


especificamente para a construção de máquinas elétricas, mas seu uso foi
importante, antes do desenvolvimento das ligas de FeSi. Atualmente, face ao baixo
custo, estes materiais são utilizados na construção de motores e transformadores de
pequeno porte e baixo rendimento. As perdas magnéticas nestes materiais são da
ordem de 8 a 20 W/kg (a 1,5T e 60Hz).

Ligas de FeSi - GNO

As ligas de FeSi foram desenvolvidas em 1900 por Robert Hadfield. A adição do


Silício no Ferro, aumenta a resistividade, reduzindo as perdas produzidas pelas
correntes de Foucault, e diminui a anisotropia cristalina, aumentando a
permeabilidade. As perdas magnéticas para ligas de FeSi de grãos não orientados-
GNO são da ordem de 2,5 a 5 W/kg (a 1,5T e 60Hz).

Ligas de FeSi - GO

As ligas de FeSi de grão orientado-GO foram desenvolvidas em 1933 por Norman


Goss. Um tratamento térmico intermediário, durante o processo de laminação a
quente de chapas de FeSi, seguido de um tratamento térmico final, confere ao
material propriedades magnéticas superiores no sentido da laminação. As perdas
magnéticas para ligas de FeSi - GO são da ordem de 0,3 a 1,2 W/kg (a 1,5T e
60Hz).

Ferrites “moles”

Os ferrites de alta permeabilidade são denominados materiais ferrimagnéticos. Sua


composição química típica é MO.Fe2O3, onde M é um metal de transição como
Ferro ,Manganês, Magnézio ou Zinco. Estes materiais são cerâmicos e não são
utilizados na construção de máquinas elétricas devido ao baixo nível de saturação
que apresentam, da ordem de 0,5T a 25?C. Por ser um material cerâmico de elevada
resistividade, possui a vantagem de permitir a construção de conversores que
operam em altas freqüências (20-100kHz). Cresce o emprego destes materiais na
construção de dispositivos de alimentação de pequeno porte como fontes chaveadas
para equipamentos de informática, equipamentos para automação, fontes do tipo
“flyback” para televisores e em reatores eletrônicos, para lâmpadas fluorescentes,
que podem ser construídos com dimensões reduzidas.
As perdas magnéticas típicas são da ordem de 50 W/kg (a 0,3T e 20kHz).
Ligas amorfas

Estes materiais foram desenvolvidos na década de 70. A composição química


contém os elementos Ferro , Níquel ou Cobalto, juntamente com Fósforo, Silício,
Boro e, às vezes, Carbono. Através de técnicas de solidificação rápida, como o
“melt-spinning”, estes materiais são produzidos com espessura da ordem de 30?m,
elevada resistividade, e são desprovidos de uma estrutura cristalina. Estas
características físicas resultam em baixas perdas magnéticas. Apesar destas
vantagens, os materiais amorfos apresentam níveis de saturação inferiores às ligas
de FeSi, limitando sua aplicação na construção de máquinas elétricas de grande
porte. As perdas para ligas amorfas à base de ferro são da ordem de 0,2 a 0,3 W/kg
a 1,4T e 60Hz. Acima destes níveis de indução, as perdas magnéticas aumentam
significativamente.

Materiais supercondutores

O fenômeno da supercondutividade foi descoberto em 1911 por Karmerlingh


Onnes no elemento Mercúrio. Desde então, foram descobertos vários materiais que
apresentavam resistividade nula a baixas temperaturas. O uso de enrolamentos
feitos de materiais supercondutores é, atualmente, uma tecnologia para a
substituição dos núcleos ferromagnéticos utilizados na construção de máquinas
elétricas rotativas de grande porte, eliminando as perdas magnéticas.
Fios supercondutores comerciais NbSn3, que operam em He líquido, são capazes
de suportar densidades de corrente de até 1000A/mm2 sem perda por efeito Joule,
permitindo a construção de bobinas capazes de gerar elevados campos magnéticos.
Existem, entretanto, três limites críticos para o fenômeno da supercondutividade: a
temperatura , o campo magnético e a densidade de corrente. Os fios
supercondutores também são muito sensíveis a variações de fluxo magnético, que
produzem correntes parasitas no interior do material supercondutor. O melhor
desempenho é na produção de campos magnéticos estáticos.
Atualmente, os fios supercondutores já são usados comercialmente na construção
de bobinas supercondutoras de até 20T, utilizadas para a pesquisa na área de física
básica, em cavidades com campo magnético dam ordem de 2T para tomógrafos de
ressonância magnética nuclear (NMR) e geradores elétricos de grande porte.
Terminologia usada no
magnetismo
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A/m
Unidade de campo magnetizante do SI, Ampére por metro

Capacitância parasita
Termo usualmente utilizado para definir o valor de uma capacitância indesejável entre
as espiras de uma bobina, ou entre outros elementos condutores de um dispositivo.

Campo coercivo (ou coercitivo)


Campo magnético necessário para alterar o sentido de magnetização em uma amostra ou
dispositivo de material ferromagnética. Usualmente o símbolo utilizado é o Hc , nas
unidades A/m (SI) ou Oe(cgs) ( 1Oe~79,5 A/m)

Campo Magnetizante (ou campo magnético aplicado)


Campo magnético aplicado sobre uma amostra ou dispositivo, podendo ser produzida por
bobinas, eletroímãs ou ímãs permanentes. Usualmente o símbolo utilizado é o H , nas
unidades em A/m(SI) ou Oe(cgs).

cgs
Sistema de unidades que utiliza o cm, grama e segundos como unidades fundamentais.

Correntes de Foucault
Termo utilizado para seferir às correntes parasitas ou "eddy currents". Estas correntes são
produzidas, quando materiais condutores, são submetidos às variações de campos
magnéticos.

Curva de Histerese Magnética


Também são utilizados os termos: ciclo de histerese magnética ou "loop" de histerese. É
a curva resultante da indução magnética (ou momento magnético) em função do campo
magnetizante. Esta curva permite a avaliação de diversas propriedades dos materiais
magnéticos.

emu
Unidade utilizada para a medida de momento magnético no sistema cgs. Ainda muito
utilizada pelos magnetômetros de amostra vibrante e outros magnetômetros de grande
sensibilidade. Para converter este valor na unidade de momento magnético (ou
magnetização) no SI em Tesla, utiliza-se a expressão:

M = ( 4 10-4 M d )/ m

onde:
M = é o momento magnético por unidade de volume em Tesla
d = densidade da amostra em g/cm3
M = momento magnético em emu , m = massa da amostra em g

Exemplo:
Uma amostra com massa igual a 0,00886g ,
densidade de 7,75g/cm3, que apresente um momento magnético de 1,174 emu,
terá no SI um momento magnético igual a 1,29T

Fator desmagnetizante
Termo utilizado para definir coeficientes geométricos (ou físicos) que se opõem ao
processo de magnetização. Em alguns casos é possível encontrar um coeficiente
aproximado para estimar o valor do campo desmagnetizante . Nos materiais magnéticos
este campo é proporcional ao produto do fator desmagnetizante pelo momento magnético.

Ferromagnetismo
Ramo do magnetismo que estuda os materias com acoplamento ferromagnético. São
investigadas sobretudo as ligas com base nos elementos Fe, Ni e Co.

Força magnetomotriz
Ou abreviadamente FMM, é o termo utilizado na engenharia elétrica para quantificar a
capacidade de magnetização de uma bobina com uma determinada corrente. Usualmente
utiliza-se a unidade espiras.metro.

Fluxímetro
Termo mais empregado para definir o instrumento utilizado na medida de fluxo
magnético, seja numa determinada região do espaço ou numa seção de um dispositivo
magnético. Normalmente estes instrumentos utilizam bobinas com número de espiras e
dimensões bem definidas e fornecem os valores medidos nas unidades maxwell-espira (cgs)
ou weber-espira (SI)

Fluxo magnético
Termo muito utilizado para indicar o produto entre o campo magnético que cruza uma
determinada seção (perpendicular ao campo) área A.

Gaussímetro (ou Tesla-meter)


Termo mais empregado para definir o instrumento utilizado na medida de campo H ou
indução magnética B, seja numa região do espaço, seja num determinado ponto de um
dispositivo. Normalmente estes instrumentos utilizam sensores Hall, e
fornecem valores medidos nas unidades de Gauss (cgs) ou Tesla (SI).

Harmônicos
Termo abreviado para conteúdo harmônico ou distorção harmônica. Usualmente no
magnetismo, refere-se às freqüências harmônicas ( ou seja, valores multiplos da freqüência
fundamental do campo magnetizante) que estão presentes na indução magnética.

Ímã
Corpo constituído de material magnetizável, capaz de gerar um campo magnético na sua
vizinhança.

Indução magnética
Representa a densidade de fluxo magnético na seção de uma amostra ou dispositivo.
Este fluxo pode ser produzido por um campo magnetizante externo ou pelo momento
magnético do material. Usualmente o símbolo utilizada é o B. No SI a unidade é o Tesla

B=o(H+M)

Indução remanente
Termo utilizado para indicar o nível de indução magnética de uma amostra ou
dispositivo, quando este não está submetido à um campo magnetizante.

Magnetização
Processo físico de ordenamento das estruturas eletrônicas dos materiais magnéticos
quando submetidos à campos magnetizantes.

Material magnético de alta permeabilidade


Também são utilizados os termos: aços elétricos, material magnético "mole" ou "soft
magnetic material". Este termo é utilizado para definir materiais que são facilmente
magnetizados na presença de baixos campos.

Momento magnético
É a grandeza que expressa a parcela de campo magnético produzida pelo material
magnético. Usualmente o símbolo utilizado é o M .

Magnetometria
Ramo do magnetismo dedicado às técnicas e métodos de medidas de campos
magnéticos.
Magnetômetro de amostra vibrante
Equipamento ou sistema que permite a medida do momento magnético, vibrando esta
amostra próximo à bobinas de detecção.

Perdas magnéticas
Termo utilizado para expressar a potência dissipada nos materiais de alta permeabilidade,
quando submetidos à campos magnetizantes alternados à uma determinada freqüência e
conteúdo harmônico. Usualmente engloba as perdas de Foucault, as perdas histeréticas e
perdas anômalas. Usualmente utiliza-se o símbolo P expressa em Watts.

Perda por ciclo de histerese


Termo utilizado para expressar a energia dissipada em um ciclo de histerese. Pode ser
determinada dividindo o valor da perda pela freqüência do campo magnetizante.
Usualmente emprega-se o simbolo W expresso em Joules/m3

Permeabilidade
Permeabilidade é a razão entre a indução magnética para um determinado campo
magnetizante

=B / H

Previsão das perdas magnéticas


Termo utilizado para descrever método ou técnica de previsão das perdas magnéticas sob
condições específicas de magnetização.

SI
Sistema Internacional de unidades que utiliza o metro, kilograma e o segundo como
unidades fundamentais.

T
Unidade de indução magnética do SI, Tesla.

Traçador de curvas de histerese magnética


Também são utilizados os termos: Histeresígrafo ou "Hysteresigraph". Usualmente é
utilizado para o equipamento ou sistema para traçar os ciclos de histerese magnético,
medindo a variação do fluxo magnético em função do campo magnetizante.
Curvas de Histerese
Magnética
Técnicas e métodos

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Introdução

A curva de histerese magnética é a representação mais eficiente das


propriedades de materiais ferromagnéticos. A partir do ciclo de histerese
magnético é possível determinar praticamente todos os valores magnéticos
relevantes como: permeabilidade, coercividade, remanência e perdas
magnéticas.
O ciclo de histerese é utilizado em duas importantes classes de materiais
magnéticos: os materiais para a fabricação de ímãs permanentes ("hard
magnetic materials") e materiais de alta permeabilidade ("soft magnetic
materials"). Estes dois materiais são muito importantes em nosso estágio
atual de tecnologia para a produção de diversos dispositivos.
Os ímas são corpos de materiais magnetizáveis com a capacidade de gerar
campos magnéticos em uma determinada região do espaço. Com eles é
possível construir uma infinidade de dispositivos como: fixadores
mecânicos, alto-falantes, motores de ímas permanentes e geradores
elétricos.
Os materiais de alta permeabilidade são muito utilizados na construção de
núcleo de máquinas elétricas como: tranformadores, motores e geradores
elétricos. A principal função destes materiais é criar um meio de maior
permeabilidade para os campos magnéticos e desta forma reduzir o volume
final do dispositivos.
É comum a combinação de ímas e materiais de alta permeabilidade
permitindo a construção dos mais variados tipos de dispositivos.
O ciclo de histerese pode ser obtido submetendo uma amostra do material
à um campo magnetizante (H) de intensidade variável. Utilizando medidores
de fluxo ou de momento magnético, é possível determinar o valor da
indução magnética (B) ou momento magnético (M). A curva resultante B x
H ou M x H é chamada de curva de histerese magnética.

Curvas de histerese de ímãs permanentes

Normalmente, nas técnicas utilizadas para a obteção das curvas de


histerese magnética de materiais para a produção de ímas permanentes, é
usual a utilização de eletroímãs ou bobinas supercondutoras, para gerar
campos magnetizantes de grande intensidade ( acima de ~800kA/m ou
~10kOe) . Entre as técnicas mais utilizadas para a determinação do valor do
momento magnético podemos citar: a medida da variação do fluxo
magnético ou a utilização da técnica de magnetometria de amostra
vibrante. A primeira técnica é mais simples de implementar, mas apresenta
a desvantagem de necessitar de uma amostra com geometria bem definida. A
segunda técnica é mais cara, porém permite a medida de praticamente
qualquer geometria com muito mais sensibilidade.
Nestas duas técnicas, como a curva de histerese é obtida sob baixa
freqüência, pouca ou nenhuma variação é percebida, mesmo quando são
utilizadas técnicas distintas.

Curvas de histerese de materiais de alta permeabilidade

Normalmente, nas técnicas utilizadas para a obteção das curvas de histerese


magnética de materiais de alta permeabilidade é usual a utilização de
bobinas constituídas de fios esmaltados para gerar campos magnetizantes de
baixa intensidade ( abaixo de ~8 kA/m ou ~100Oe) . A técnica mais
empregada para determinar a curva de histerese é a medida da variação do
fluxo magnético. O uso de um eletroímã e a técnica de magnetometria de
amostra vibrante é restrita à determinação do valores de saturação
magnética do material.
Nos ensaios de materiais de alta permeabilidade, a freqüência e conteúdo
harmônico na indução magnética podem afetar signifcativamente os
resultados experimentais. Assim sendo, compreender de que forma a curva
de histerese magnética foi gerada é de fundamental importância para a
análise e validação dos resultados. A figura 1 apresenta uma curva de
histerese magnética de um material de alta permeabilidade submetida à um
campo magnetizante de 60Hz, obtida em um traçador de curvas de histerese
magnética.

Figura 1 -Curva de histerese magnética de um material de alta permeabilidade.


A geometria da amostra (toróide, solenóide e quadro de Epstein)

Três geometrias são muito utilizadas no preparo de amostras de materiais de alta


permeabilidade, para serem submetidas aos ensaios magnéticos.
O toróide é teoricamente, a geometria com menores problemas do ponto de vista
do magnetismo, pelo fato de não apresentar nenhuma descontinuidade
descontinuidades (seja um entreferro ou pontas). Consiste na preparação de um
anel no qual são superpostos duas bobinas confeccionadas de fio isolante. É
importante que a razão entre o diâmetro externo sobre o ixterno seja a menor
possível para garantir que o campo magnetizante (H) seja o mais uniforme possível
dentro do material. Um enrolamento denominado de secundário com N2 espiras é
confeccionado próximo à superfície da amostra (é importante isolar a amostra para
evitar um curto-circuito entre a amostra e o fio). O diâmetro do fio deve ser
pequeno, pois servirá apenas para gerar um sinal proporcional à variação do fluxo
em função do tempo e a dimensão final da bobina deve ser o mais próximo possível
da dimensão da amostra. Um segundo enrolamento denominado de primário, com
N1 espiras, é confeccionado sobre o enrolamento secundário. O diâmetro deste fio
deve ser compatível com a corrente elétrica utilizada para gerar o campo
magnetizante. Desta forma a amostra toroidal está preparada para ser conectado à
um Traçador de Curvas de Histerese Magnética. Este equipamento que é
constituido basicamente por uma fonte de corrente e um fluxímetro, permite gerar a
curva de histerese numa ampla faixa de freqüências e campos magnetizantes.
O solenóide é uma alternativa para substituir a amostra toroidal de difícil
preparação. O solenóide consiste de dois enrolamentos (secundário e primário) com
N2 e N1 espiras respectivamente. Normalmente confeccionados sobre um tubo
isolante. Para obter os melhores resultados o enrolamento secundário é
confeccionado na parte central do tubo isante e o primário ao longo de toda a
extensão do tubo. Esta geometria é bastante eficiente para amostras cujo
comprimento e em relação a espessura ou largura seja muito elevado. A vantagem
está na possibilidade de trocar a amostra do material e utilizar o mesmo
enrolamento. A desvantagem está na existência dos polos magnéticos que poderão
gerar campos desmagnetizantes.
O quadro de Epstein é uma geometria normalizada que tenta utilizar as
vantagens do solenóide e do toróide. Consiste de 4 solenóides montados de maneira
a formar um quadradro. As amostras dos materiais são colocadas de forma a evitar
a formação de pólos magnéticos. É uma geometria muito utilizada pelos fabricantes
e consumidores de aços laminados para fins elétricos. Apesar de não possuir pólos
magnéticos abertos a existência dos cantos pode afetar os resultados principalmente
nos materiais de mais alta permeabilidade.

O uso de uma armadura de magnetização ("yoke")

Existe alguns instrumentos para a realização de ensaios magnéticos de materiais


de alta permeabilidade, que utilizam armaduras ("yoke") para evitar os problemas
de preparação de amostras. Normalmente consiste de uma armadura feita de
material magnético de permeabilidade muito superior àquela da amostra a ser
ensaiada. Nesta armadura estão contidos os enrolamentos primário e secundário.
Para fechar o circuito magnético desta armadura, é colocada uma lâmina da amostra
a ser ensaiada. A grande vantagem deste método está na possibilidade de realizar
ensaios com grande facilidade, sem a necessidade de cortar uma amostra.
Entretanto dois problemas existem: o primeiro está na dificuldade de separar as
propriedades magnéticas da amostra e do material utilizado para construir a
armadura. O segundo está na dificuldade de confinar o fluxo magnético numa seção
bem definida. (no futuro, constará deste site o desenvolvimento de uma armadura
para materiais de alta permeabilidade)

B senoidal, B trapezoidal, B triangular ou H senoidal


Nos materiais de alta permeabilidade, a forma de onda da indução magnética
pode afetar significativamente o resultado do ciclo de histerese. Dependendo de
como os traçadores de curvas de histerese magnética foram construídos podem
gerar um campo magnetizante (H) senoidal ou a indução magnética (B) senoidal.
Normalmente quando o traçador é dedicado para amostras de pequeno porte é
adotado o H senoidal pela sua facilidade de controle. Quando deseja-se estudar o
fenômeno de perdas magnéticas é necessário implementar a indução senoidal, seja
pela implementação de uma realimentação adequada, seja pelo aumento da massa
da amostra. Para estudar o comportamento dos materiais magnéticos de alta
permeabilidade submetido aos acionamentos eletrônicos ou nos motores de ímas
permanentes o uso de B triangular ou B trapezoidal é mais adequado.

Estimando o campo magnetizante (H).

A grande dificuldade nos procedimentos experimentais, é a determinação do


verdadeiro campo magnetizante que a amostra está submetida. Usualmente os
sistemas utilizados para traçar a curva de histerese de materiais de alta
permeabilidade não mede o efetivo valor do campo magnetizante, mas o estima,
dividindo o valor da força magnetomotriz (produto da corrente de magnetização
pelo número de espiras - Ampère.espira) pelo comprimento médio do circuito
magnético, resultando na dimensão A.esp/m ou A/m. Este método é bastante
eficiente para a geometria toróidal e para o solenóide "infinito". Entretanto para as
demais geometrias pode apresentar erros significativos. Duas fontes de erros são
particulamente importantes nos materiais de alta permeabilidade: A presença de
fatores desmagnetizantes oriundas das características da geometria da amostra e a
presença das correntes de Foucault que se opoem às correntes magnetizantes. De
qualquer forma, quando estimamos o campo magnetizante, precisamos também
estimar todas as fontes de erros para aumentarmos a precisão.

O fluxímetro.

A facilidade de construir um fluxímetro eletrônico, é bastante recente comparada


com as antigas técnicas utilizadas para a caracterização de materiais magnéticos. É
comum ainda, em algumas normas encontrarmos referência ao termo galvanômetro
balístico (um dispositivo eletromecânico para realizar a medida do fluxo
magnético). Outra normas são restritas à regimes de magnetização senoidal
dispensando o uso de um fluxímetro eletrônico. Nestes casos o valor do fluxo
magnético é estimado a partir dos valores médidos da tensão induzida na bobina
sensora ( que por convenção demoninaremos de N2)
O fluxímetro eletrônico mais comum é constituido por um circuito integrador,
que permite a medida da variação do fluxo magnético em uma determinada bobina
sensora de seção com área A. O sinal induzido na bobina sensora será proporcional
a: A N2 dB/dt, onde: A equivale à área da seção da bobina sensora de N2 espiras e
dB/dt à variação da indução magnética em função do tempo. O fluxímetro permite
determinar o valor de B.A na dimensão de T.m2 que equivale ao fluxo magnético. A
maior dificuldade não está na construção do circuito integrador, mas na sua
calibração.
Nos ensaios de pequenas amostras de materiais de altíssima permeabilidade
(>50000), onde são utilizadas bobinas sensoras com muitas espiras ( mais de 1000
espiras), especial atenção deve ser tomada com relação à impedância de entrada do
circuito integrador. Como a tensão induzida na bobina sensora é bastante elevada,
uma vez que é proporcional a dB/dt e os campos magnetizantes são bastante
pequenos pode acontecer que a corrente na bobina secundária gere um campo
desmagnetizante na amostra. Este efeito indesejável, pode em alguns casos,
deformar o ciclo de histerese magnético.

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