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SUMÁRIO

1. Definição.............................................................................................................................2
2. FUNÇÕES......................................................................................................................... 3
3. CLASSIFICAÇÕES............................................................................................................ 3
4. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO.................................................................................... 4
4.1. TRANSFORMADOR IDEAL............................................................................................. 5
4.2. TRANSFORMADOR REAL............................................................................................. 7
5. PERDAS EM TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA..........................................................11
5.1. PERDAS NO COBRE..................................................................................................... 12
5.2. PERDAS NO NÚCLEO.................................................................................................. 12
5.2.1 PERDAS POR CORRENTES PARASITAS.................................................................12
5.2.2 PERDAS POR HISTERESE...................................................................................... 13
6. CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS............................................................................14
6.1. COMPONENTES PRINCIPAIS......................................................................................... 14
6.1.1 NÚCLEO.............................................................................................................. 14
6.1.2 ENROLAMENTOS................................................................................................. 17
6.2. COMPONENTES AUXILIARES....................................................................................... 22
6.2.1 TANQUE............................................................................................................. 22
6.2.2 BUCHA............................................................................................................... 24
6.2.3 MEIO ISOLANTE.................................................................................................. 27
6.2.4 MEIO REFRIGERANTE......................................................................................... 32
6.3. COMPONENTES ACESSÓRIOS....................................................................................... 34
6.3.1 RELE DE SÚBITA PRESSÃO.................................................................................. 34
6.3.2 RELE DE GÁS OU RELÉ BUCHHOLZ..............................................................35
6.3.3 DISPOSITIVO DE ALÍVIO DE PRESSÃO..................................................................36
6.3.4 SECADOR DE AR................................................................................................. 37
6.3.5 COMUTADOR DE DERIVAÇÃO.............................................................................39
6.3.6 IMAGEM TÉRMICA.............................................................................................. 40
6.3.7 INDICADOR DE NÍVEL DE ÓLEO...........................................................................41
6.3.8 INDICADOR DE TEMPERATURA...........................................................................42
6.3.9 VÁLVULA DE DRENAGEM DO ÓLEO....................................................................43
6.3.10 CAIXA DE COMANDO E CONTROLE.....................................................................43
6.3.11 MEIOS DE LOCOMOÇÃO DO TRANSFORMADOR...................................................43
6.3.12 PLACA DE IDENTIFICAÇÃO.................................................................................. 43
7. CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS.................................................................................... 45
7.1. POTÊNCIA NOMINAL.................................................................................................. 45
7.2. TENSÃO NOMINAL..................................................................................................... 46
7.3. CORRENTE NOMINAL................................................................................................. 47
7.4. FREQÜÊNCIA NOMINAL.............................................................................................. 47
7.5. IMPEDÂNCIA DE CURTO-CIRCUITO.............................................................................47
7.6. TENSÃO DE CURTO-CIRCUITO.................................................................................... 48
7.7. DESLOCAMENTO ANGULAR........................................................................................ 48
8. MANUTENÇÃO DE TRANSFORMADORES.......................................................................49
8.1. ENSAIOS EM ÓLEOS ISOLANTES..................................................................................50
8.1.1 RIGIDEZ DIELÉTRICA.......................................................................................... 50
8.1.2 FATOR DE POTÊNCIA.......................................................................................... 50
8.1.3 TENSÃO INTERFACIAL........................................................................................ 50
8.1.4 ÍNDICE DE NEUTRALIZAÇÃO...............................................................................51
8.1.5 TEOR DE UMIDADE............................................................................................. 51
8.1.6 GÁS CROMATOGRAFIA....................................................................................... 51
9. BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................. 52
Transformadores de Potência

1. DEFINIÇÃO

É um equipamento elétrico que por indução eletromagnética, promove a transformação


das condições de tensão e corrente alternadas entre dois ou mais enrolamentos numa mesma
freqüência.

2. FUNÇÕES

Os transformadores são dispositivos que ocupam um lugar de destaque tanto no campo


da alta potência, onde a sua utilização como elemento de interligação entre a geração, a
transmissão e a distribuição de energia possibilita que essas etapas do suprimento possam ser
efetuadas nos valores mais econômicos de tensão. Como no domínio das baixas potências
onde os transformadores são úteis no casamento de impedâncias entre circuitos e no
isolamento entre correntes contínuas e alternadas. Desta forma podemos concluir que os
transformadores possuem como principais funções:

 Elevar as tensões das unidades geradores;


 Interligar sistemas elétricos com tensões diferentes;
 Abaixar as tensões das potências transmitidas até os grandes centros de carga.

3. CLASSIFICAÇÕES

Os transformadores podem ser classificados :

a) Quanto à Colocação dos Enrolamentos no Núcleo:

 Transformador;
 Auto-Transformador.

b) Quanto ao Número de Fase:

 Monofásico;
 Trifásico.

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Transformadores de Potência

c) Quanto a Função:

 Elevador;
 Interligação;
 Abaixador;
 Distribuição.

d) Quanto ao Tipo de Isolamento:

 Seco
 Líquido Isolante

e) Quanto ao Tipo de Refrigeração:

 Forçada
 Natural

f) Quanto a Quantidade de Enrolamento:

 Dois Enrolamentos
 Três Enrolamentos
 Multi - Enrolamentos

4. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

4.1. TRANSFORMADOR IDEAL

Os transformadores ideais são transformadores que não apresentam perdas, já que as


resistências dos enrolamentos e as perdas no núcleo inexistem. Como a permeabilidade do
núcleo é infinita e o fluxo de dispersão é desprezível, a corrente de excitação é nula.
Para um transformador ideal, ao qual aplica-se uma tensão variável no tempo V 1 ao
enrolamento primário com N1 espiras, devido a permeabilidade infinita do núcleo, nenhuma
corrente necessitará circular no primário para estabelecer o fluxo  no mesmo. Este, por sua
vez, deverá ser suficiente para gerar uma tensão induzida E1 que iguala-se aquela aplicada,
quando a resistência do enrolamento é desprezível. Assim,

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Transformadores de Potência

[]

Desde que nenhuma dispersão ocorre neste núcleo, o mesmo fluxo estará concatenado
com as N2 espiras do enrolamento secundário, produzindo neste uma tensão induzida E 2, igual
à tensão nos terminais do secundário V2, dada por

[]

Figura 1 – Transformador Ideal

Da relação entre as equações [1] e [2], resulta

[]

Assim um transformador ideal transforma as tensões na relação direta do número de


espiras dos respectivos enrolamentos.
Agora, como apresentado na figura 2, considere que há uma carga conectada aos
terminais do secundário do transformador, solicitando uma corrente I 2 e que uma fmm N2I2
será estabelecido no núcleo. Esta fmm produzira um fluxo 2 que se oporá ao fluxo existente
no núcleo. Assim o fluxo líquido no núcleo diminuíra de valor e, com ele, também a tensão
induzida E1, perturbando o equilíbrio presente no circuito primário. Uma corrente será, então,
originada neste enrolamento com o objetivo de restaurar o fluxo no núcleo ao seu valor
original e, deste modo, elevar a tensão induzida E1 até a equiparação com a tensão aplicada.
Este é o modo pelo qual o primário toma conhecimento da presença de corrente no
secundário. Logo, o valor da corrente no primário devera ser tal que anule o efeito da corrente
no secundário, ou seja, deverá produzir uma fmm igual a aquela estabelecida no secundário.

[]

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Transformadores de Potência

Figura 2 – Transformador Ideal com Carga

A fmm líquida agindo no núcleo é, portanto nula, de acordo com a suposição de que a
corrente de excitação ideal é nula. Logo, da equação [4] deduz–se que

[]

Assim um transformador ideal transforma as correntes na razão inversa do número de


espiras nos respectivos enrolamentos.
O transformador ideal não exibe perdas, nem tampouco requer potência reativa para
magnetização do seu núcleo, portanto a potência de entrada no seu enrolamento primário
transferi-se integralmente para o secundário. Se as relações de tensão e de corrente obtidas
anteriormente são combinadas, temos que:

[]
Conclui-se que, num transformador ideal, a potência no primário iguala-se à potência
no secundário.
Por conseguinte, o circuito equivalente de um transformador ideal é como mostrado na
figura 3.

Figura 3 – Transformador Ideal com Carga

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Transformadores de Potência

4.2. TRANSFORMADOR REAL

O circuito equivalente do transformador real é obtido a partir do modelo definido para o


transformador ideal acrescentando-se ao mesmo os efeitos da resistência e da dispersão dos
enrolamentos, bem como as exigências de potência do núcleo.

Enrolamento Primário

O fluxo total concatenado com o enrolamento primário pode ser dividido em duas
componentes: o fluxo mútuo resultante, confinado essencialmente ao núcleo de ferro e
produzido pelo efeito combinado das correntes de primário e secundário; e o fluxo disperso
do primário, que se concatena apenas com este enrolamento.
Cada um dos fluxos descritos geram, pela lei de faraday, forças contra-eletromotriz, que
deverão ser equilibrada pela tensão aplicada. Como a parcela referente ao fluxo mútuo já está
representada no circuito equivalente do transformador ideal pela tensão E 1, resta acrescentar,
a esta, a parte relacionada com a dispersão. Como a maior parte do fluxo disperso está no ar,
onde a permeabilidade é constante e não há perdas a força contra-eletromotriz produzida pelo
mesmo pode ser simulada por uma indutância também constante.
A reatância associada a esta indutância é denominada reatância de dispersão,
simbolizada por X1 e deve ser introduzida em série com o primário do transformador ideal.
Além da dispersão, o enrolamento ainda apresenta a resistência ôhmica R 1 dos condutores que
o formam.
De acordo com o circuito equivalente desenvolvido para o enrolamento primário,
mostrado na figura abaixo, a tensão aplicada devera ser capaz de superar três tensões: R 1I1,
queda na resistência, Jx1I1, queda na indutância de dispersão e E 1, tensão induzida pelo fluxo
mútuo.

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Transformadores de Potência

Figura 4 - – Desenvolvimento do circuito equivalente do transformador real

[]

Núcleo Magnético

A corrente do primário deve satisfazer duas exigências do circuito magnética: (1)


Contrabalançar o efeito desmagnetizante da corrente do secundário e (2) Produzir fmm
suficiente para criar o fluxo mútuo resultante. Logo é conveniente separar a corrente primária
em duas componentes, uma componente de carga (I’2) e uma componente de excitação (I).
A corrente de excitação pode ser tratada como uma corrente senoidal equivalente I, e
pode ser separada em uma componente de perdas no núcleo In em fase com a fcem E1, que
devera suprir a potência associada com as perdas por histerese e correntes de foucault, e uma
componente de magnetização Im atrasada em 90o em relação a E1, e responsável pelo
fornecimento de potência para a constituição do campo magnético. Logo, as exigências de
excitação requeridas pelo núcleo são levada em conta por um ramo paralelo ligado a E 1,como
mostra a figura abaixo, compreendendo uma condutância gp e a susceptância de magnetização
bm.

Figura 5 - – Desenvolvimento do circuito equivalente do transformador

Enrolamento Secundário

Tal como o primário, o enrolamento secundário também exibe dispersão e resistência


ôhmica, de maneira que a inclusão desses elementos no modelo do transformador ideal dar-
se-á de forma simétrica: uma reatância constante X2, representando a dispersão e uma
resistência R2 em série com o enrolamento. A fem E 2 não é igual à tensão nos terminais do
secundário V2, por causa da resistência do enrolamento secundário e do fluxo de dispersão

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Transformadores de Potência

criado pela corrente no secundário, desta forma, ao contrário do primário, onde a tensão
terminal impulsiona a corrente, no secundário, esse papel é desempenhado pela tensão
induzida E2.

[]

Figura 6 – Circuito Equivalente de um Transformador Real

O circuito equivalente dos transformadores reais eqüivale ao circuito equivalente dos


transformadores ideais mostrado acima acrescidos dos parâmetros abaixo especificados.
R1 - resistência do enrolamento primário
R2 - resistência do enrolamento secundário
X1 - reatância de dispersão do enrolamento primário
X2 - reatância de dispersão do enrolamento secundário
Bm - susceptância de magnetização
Gp - condutância.

Na figura 6 estão também indicados as seguintes grandezas:

I1 - corrente do enrolamento primário


I2 - corrente do enrolamento secundário
I0 - corrente de excitação
V1 - tensão aplicada ao enrolamento primário
V2 - tensão nos terminais do secundário.

Apartir do circuito equivalente do transformador real podemos traçar o diagrama


fazorial do transformador para as cargas resistivas, capacitivas e indutivas seguindo os
procedimentos abaixo especificados:

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Transformadores de Potência

a) Considere n1 > n2;


b) Mede-se no secundário do transformador I2, V2 e 2;
c) E1 e E2 estão em fase pois são criados pelo mesmo fluxo, e encontram-se atrasados
de 90° em relação a .
d) A partir da extremidade de V2 traça-se R2I2 paralelo a I2 e jX2I2 adiantado de 90° em
relação a I2.
e) Unindo-se o ponto 0 até a extremidade de jX2I2 determinamos E2.
f) E1 está em fase com E2 e é determinado por:

g) Adiantado de 90° em relação a E1 e E2 está .


h) Atrasado de 0 em relação a –E1, traça-se I0.

i) A partir de I0, em paralelo a I2, porem em direção oposta tem-se .

j) A partir de 0 até a extremidade de traça-se I1.

k) Em paralelo a I1, apartir de –U1 traça-se R1I1 e Adiantado de 90° em relação a I 1


traça-se jX1I1.
l) A partir de 0 até jX1I1. traça-se U1.

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Transformadores de Potência

Figura 7 - Diagrama Fasorial de um Transformador de potência operando com Carga Indutiva

5. PERDAS EM TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA

Um transformador de potência operando em regime permanente alimentando um dado


sistema elétrico, está sujeito a três tipos de perdas: perdas no cobre, perdas no ferro ou no
núcleo e perdas suplementares.

5.1. PERDAS NO COBRE

São perdas variáveis no transformador provocadas pela passagem da corrente elétrica


nos enrolamentos primário e secundário, enrolamentos estes de determinada resistência
ôhmica. Estas perdas devido ao efeito Joule, aquecem os enrolamentos primário e secundário
e estão diretamente relacionadas com o quadrado das correntes nos enrolamentos primário e
secundário.
Elas são expressas pela seguinte equação:

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Transformadores de Potência

[]

onde: e I - corrente de excitação

5.2. PERDAS NO NÚCLEO

As perdas no núcleo ou no ferro estão relacionadas a passagem do fluxo


magnético no núcleo de um transformador. Estas perdas originam o aquecimento
das chapas de aço-sílicio do núcleo e são quase que independentes da carga
elétrica atendida pelo transformador, sendo assumida em várias situações como
perda fixa. Elas podem ser divididas em dois tipos: perdas por correntes parasitas e
perdas por histerese.
5.2.1 PERDAS POR CORRENTES PARASITAS

A passagem de um fluxo magnético alternado pelo núcleo de um transformador


dá origem à forças eletromotrizes, que por sua vez, originam correntes parasitas. Estas
correntes ao atravessarem as chapas de ferro do núcleo do transformador provocam perdas em
forma de calor.
As perdas por correntes parasitas por fase podem ser calculadas por:

[]

onde: f - freqüência em Hz
B - indução magnética
d - espessura da chapa em milímetro
Ks - constante que depende do tipo de material usado no núcleo

5.2.2 PERDAS POR HISTERESE

O material ferromagnético do núcleo dos transformadores de potência quando


submetido a um campo magnético alternado, perde energia para orientar os seus domínios
magnéticos na direção do campo. Este fenômeno é conhecido pelo nome de histerese e é
também responsável pelo aquecimento do núcleo.

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Transformadores de Potência

Portanto a energia cedida no enrolamento primário do transformador não é


totalmente cedida ao enrolamento secundário. Esta energia perdida está relacionada com as
perdas por histerese.
As perdas por histerese por fase dependem do fluxo magnético no interior do
núcleo e da freqüência da rede, sendo expressa pela seguinte equação:

[]

onde: f - freqüência em Hz
B - indução magnética
Ks - constante que depende do tipo de material usado no núcleo

Adicionando as perdas por correntes de Foulcault com as perdas por histerese


obtemos as perdas no núcleo por fase, isto é:

[]

Da teoria do circuitos magnéticos pode-se demonstrar que a indução magnética ou


o próprio fluxo magnético são diretamente proporcionais a tensão aplicada ao transformador,
pois:
[]

Analisando as equações [11], [12] e [13] podemos verificar que as perdas no


núcleo dependem apenas da freqüência da rede e da tensão aplicada ao transformador, como
ambas grandezas, variam em faixas bem estreitas nos sistema elétricos, estas perdas podem
ser assumidas constantes.

6. CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS

6.1. COMPONENTES PRINCIPAIS

6.1.1 NÚCLEO

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Transformadores de Potência

O núcleo é constituído de uma grande quantidade de chapas de ferro - silício de


grãos orientados montadas em superposição. As chapas de ferro – silício são ligas que contem
cerca de 5% de silício, cuja função é reduzir as perdas por histerese.
As chapas de ferro - silício são laminadas a frio, seguidas de um tratamento
térmico adequado, que permite que seus grãos magnéticos sejam orientados no sentido da
laminação. São cobertas por uma fina camada de material isolante e fabricadas dentro de
limites máximos de perdas eletromagnéticas, que variam entre 1,28 W/kg e uma densidade de
fluxo de 1,50 T a 1,83 W/kg, correspondente a uma densidade de fluxo de 1,7 T, na
freqüência industrial. Além disso, as chapas de ferro - silício devem apresentar uma massa
especifica de cerca de 7,65 kg/dm2 e uma resistência a tração de 3,4 kg/mm2.
As chapas de ferro - silício possuem uma espessura variada e são fabricadas de
acordo com padrões internacionais cuja nomenclatura mais corrente é a da Armco.
Apresentam códigos dados pelos números 5, 6, 7 e 8, expressando o número mais baixo
chapas com menor corrente de excitação e menores perdas por histerese.
Para tornar mínima a corrente magnetizante necessária para a produção de fluxo,
seria aconselhável construir os núcleos com lâminas cortadas numa só peça para evitar os
entreferros nas junções. Neste caso seria necessário enrolar os circuitos diretamente sobre o
núcleo. Por motivos de construção é preferível executar os enrolamentos separadamente sobre
formas apropriadas, para coloca-los depois sobre os núcleos. Daí resulta a necessidade de
construir o núcleo em partes separadas para compo-las depois de montadas os enrolamentos.
A divisão do núcleo é executada em colunas e travessas, onde a união das colunas e travessas
pode ser feita de duas maneiras, isto com juntas frontais ou juntas encaixadas.
Nas juntas frontais, constrói - se separadamente um do outro os pacotes de
lâminas que devem constituir, respectivamente, as colunas e as travessas para depois serem
unidas por parafusos. A fim de se reduzirem as perdas no ferro, em cada junta deve ser
interposta uma folha de papel isolante, como indicado na figura 8 (a). Isto evita que as
lâminas das travessas possam estabelecer pontos de contato entre as lâminas das colunas,
constituindo assim uma superfície metálica contínua, a qual permitiria a circulação de
correntes parasitas muito intensa. A presença da folha de papel isolante constitui um
entreferro que aumenta a relutância da junta e, por conseguinte a corrente magnetizante
necessária ao transformador.

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Transformadores de Potência

Figura 8 - Junções Frontais e Encaixadas

Nas juntas encaixadas, as quais são obtidas colocando-se as lâminas como


indicado na figura 8 (b), cada plano de lâminas constitui um circuito magnético distinto e
isolado dos outros laterais. É evidente que a montagem das juntas encaixadas é muito mais
custosa que as juntas frontais, pois obriga a enfiar as lâminas nos enrolamentos uma por uma.
Isso assegura uma menor relutância do núcleo e, por conseguinte uma menor corrente
magnetizante necessária ao transformador.
Na prática existem dois tipos de núcleos magnéticos para transformadores, os de
núcleo envolvido e os de núcleo envolvente. O núcleo envolvido possui a forma indicada na
figura 9 (a) e figura 9 (b). Neste tipo de núcleo os enrolamentos colocados sobre as colunas
envolvem o respectivo circuito magnético sem serem envolvidos por eles. Nos
transformadores de núcleo envolvido o fluxo de seqüência zero não tem um caminho fechado
dentro do núcleo magnético para circular, passando através do ar, ferragens, óleo e carcaça,
provocando uma reatância de seqüência zero diferente da reatância de seqüência positiva.
O núcleo envolvente, adquire a forma indicada na figura 9 (c) e figura 9 (d), neste
tipo de núcleo magnético os enrolamentos envolvem o respectivo circuito magnético, ficando
porém envolvidos por eles. Nos transformadores de núcleo envolvente todo o fluxo de
seqüência zero fica confinado dentro do núcleo magnético, num circuito magnético de baixa
relutância, provocando uma reatância de seqüência zero igual a reatância de seqüência
positiva.

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Transformadores de Potência

Figura 9 - Núcleo Envolvente e Envolvido

Sendo os enrolamentos construídos com bobinas circulares, seria conveniente


construir as colunas com este perfil. Porém, para não cortar as lâminas com larguras
diferentes, constróem – se as colunas com seção em cruz, para transformadores de média
potência, e com seção de dois ou mais degraus para transformadores maiores. Para pequenos
transformadores usa-se em geral seção quadrada. Se a superfície externa do núcleo não é
suficiente para irradiar o calor, subdivide-se o pacote laminado formando canais de
refrigeração, como pode-se observar na figura 10.

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Transformadores de Potência

Figura 10 - Construção do Núcleo

6.1.2 ENROLAMENTOS

São constituídos dos Enrolamentos de Alta Tensão (AT) e Enrolamentos Baixa


Tensão (BT). Os fios normalmente são de cobre eletrolítico, isolados com esmalte, fitas de
algodão ou papel especial são enrolados em forma de bobinas cilíndricas, que são dispostas
coaxialmente nas colunas do núcleo, em ordem crescente de tensão. A classe de isolamento
dos enrolamentos pode ser:
 Classe A – Limite : 105° C;
 Classe E – Limite : 120° C;
 Classe B – Limite : 130° C;

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Transformadores de Potência

 Classe F – Limite : 155° C;


 Classe H – Limite : 180° C.

Os enrolamentos podem ser executados de duas diferentes formas:

a) Tipo Camada

Nesse caso os fios são enrolados em formação helicoidal com espiras sucessivas e
imediatamente adjacentes, podendo-se ter uma ou mais camadas. No final, obtém - se uma
bobina única, de acordo com a figura 11.

Figura 11 - Enrolamento Tipo Camada

b) Tipo Panqueca

Também conhecido como disco, é um enrolamento constituído de várias seções


ou pequenas bobinas enroladas de forma helicoidal com espiras sucessivas e imediatamente
adjacentes, de acordo com a figura 12. As panquecas são montadas verticalmente e ligadas
em série. Do ponto de vista de manutenção, são economicamente viáveis, já que, para
pequenas falhas internas no transformador, em geral, somente uma panqueca necessita ser
substituída, em vez do enrolamento completo da coluna correspondente.

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Transformadores de Potência

Figura 12 - Enrolamento Tipo Panqueca

Os enrolamentos de BT

São em geral feitos com uma ou mais camadas uniformes sobrepostas,


dependendo do número de espiras e serem enroladas. Se uma camada é insuficiente para
conter o número de espiras desejado, constrói - se o enrolamento com duas camadas,
executando-se uma primeira hélice dirigida de alto para baixo e sobrepondo-se a esta uma
segundo hélice dirigida de baixo para o alto. Entre a primeira espira de uma camada e a
ultima da camada sobreposta existe a diferença de potencial igual à induzida nas espiras que
compõem as duas camadas. Pela razão exposta surge a necessidade de se interpor entre as
camadas uma boa separação isolante, feita com papel, como pode-se observar na figura 13.

Figura 13 - Enrolamento de BT
Os enrolamentos de BT podem ainda ser dividido em bobinas parciais,
sobrepostas em colunas, o agrupamento em série entre estas bobinas é feito por meio de tiras
de cobre enroladas e soldadas alternativamente com os terminais internos e externos das

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Transformadores de Potência

bobinas sobrepostas. Este tipo de enrolamento é especialmente usado nos transformadores de


núcleo envolvente. Para correntes muito intensas, que precisam de condutores com seção
muito grande para facilitar a construção dos enrolamentos, é preciso subdividir a seção
necessária em dois ou três tipos condutores distintos, que serão agrupados em paralelo. É
necessário neste caso que os grupos de bobinas agrupadas em paralelo apresentem mesma
reatância, a fim de que a corrente possa subdividir-se em partes iguais. Esta igualdade não
seria realizada agrupando-se em paralelo duas camadas concêntricas, pois as espiras da
camada externa apresentam evidentemente um desenvolvimento maior que as pertencentes a
camada interna. Desta forma para agrupar em paralelo as duas camadas enroladas como na
figura 14, é necessário construir duas vias idênticas, agrupando-se em série entre si a metade
inferior das espiras de uma camada, com a metade superior da outra.

Figura 14 - Enrolamento de BT

Os enrolamentos de AT

Os enrolamentos de AT não são em geral construídos com camadas continuas,


sobrepostas, mas são subdivididas quase sempre em bobinas, pois de tal maneira fica
simplificado o problema do isolamento.

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Transformadores de Potência

Cada bobina compreende certo numero de camadas, cada uma das quais possui
determinado número de espiras. As camadas se constam no sentido radial e as espiras destas
no sentido axial; Assim sendo, a figura 15 representa a seção de uma bobina com 5 camadas –
cada uma das quais possui 7 espiras. A bobina é iniciada pelo condutor 1 e enrola-se a
primeira camada do 1 até o 77, desta passa-se ao condutor 8 para se enrolar a segunda camada
do 8 até o 14, procedendo-se do alto para o baixo e assim sucessivamente. Se o número das
camadas for impar, um terminal da bobina é inferior e o outro superior como indica a figura
15. Se o número das camadas for par, ambos os terminais são inferiores. A primeira solução é
perfeita, pois simplifica a ligação das bobinas, que é feita por meio de uma chapinha de
cobre.
O isolamento entre as camadas deve ser apropriado com a tensão induzida nas
espiras que compõem as duas camadas adjacentes: entre a espira 1 e a 14 existe de fato uma
diferença de potencial correspondente a 14 espiras. Se esta tensão for inferior a 100 V, é
suficiente somente a cobertura isolante do fio, mas se pelo contrário, é maior que 100 V, é
preciso interpor entre as camadas diafragma de papel ou tela de linha.

Figura 15 - Enrolamento de AT
6.2. COMPONENTES AUXILIARES

6.2.1 TANQUE

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Transformadores de Potência

É a parte metálica do transformador que abriga o núcleo, contém o óleo isolante


transmite ao meio exterior a calor gerado na parte ativa e onde são fixados os suportes de
sustentação.
Os transformadores de pequeno porte, ditos de distribuição, com potência
nominal inicial de cerca de 15 KVA apresentam um tanque com formato ovalado, e que
normalmente é responsável pela transferência de calor para o meio exterior. Acima desta
potência, já é necessária a utilização de radiadores com área total de transferência de calor de
acordo com a potência do transformador.
Os tanques podem ser selados ou com conservador. Em unidades, em geral,
superiores a 750 KVA, o tanque é construído para permanecer completamente cheio, o que
implica a utilização do conservador de líquido ou tanque de expansão, como pode-se observar
nas figura 16.

Figura 16 – Transformador com Tanque de Expansão

Já em unidades de menor potência, geralmente o tanque recebe o líquido isolante


até aproximadamente 15cm de sua borda, ficando o espaço vazio destinado a câmara de
compensação, como pode-se observar na figura 17. Estes transformadores que não possuem
tanque de expansão são ditos selados.

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Transformadores de Potência

Figura 17 – Transformador Selado

6.2.2 BUCHA

As buchas são empregadas para a passagem de um condutor de alta-tensão através


de uma superfície aterrada, como o tanque de um transformador. As buchas devem ser
capazes de transportar as correntes dos equipamentos em regime normal e de sobrecarga, de
manter a isolação tanto para a tensão nominal quanto para as sobretensões, e de resistir a
esforços mecânicos.
As buchas para transformadores são do tipo exterior-imersa, ou seja, uma
extremidade é destinada a exposição as intempéries e a outra a imersão no óleo isolante. As
buchas para transformadores podem ser:

a) Não-Capacitivas:

 Buchas cuja isolação é constituída só de porcelana e fabricadas para tensões


de 15 a 25 kV.

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Transformadores de Potência

Figura 18 – Bucha Nao-Capacitiva

 Buchas com isolante sólido do tipo herkolite, que envolve o condutor


central e fica situado no interior da porcelana com óleo isolante e fabricadas para tensões de
25 a 69 KV.

Figura 19 – Bucha Nao-Capacitiva

b) Buchas Capacitivas

23
Transformadores de Potência

São fabricadas para tensões de 25 kV a 765 kV. Em volta do condutor central


são colocados cilindros condutores concêntricos para formarem superfícies equipotências e
melhorar a distribuição de tensão. A isolação principal consiste de papel impregnado com
óleo ou massa isolante. O capacitor é colocado dentro do isolador de porcelana com óleo
mineral ou massa isolante, sendo as peças de porcelana comprimidas contra as gaxetas.

Buchas em níveis de tensão mais elevados apresentam além de um indicador


de nível de óleo uma câmara de expansão.

Figura 20 – Bucha Capacitiva

6.2.3 MEIO ISOLANTE

24
Transformadores de Potência

Os transformadores são classificados quanto ao meio isolante em dois grandes


grupos:
a) Transformadores em líquido isolante

São de emprego generalizado em sistemas de distribuição e força e em plantas


industriais comuns.
Existem três tipos de líquidos isolantes que são usados em transformadores: Óleo
Mineral, Silicone e o Áscarel, cuja utilização em território nacional está proibida por lei.

Óleo Mineral

É o fluido mais comumente utilizado em transformadores, quer nos de


distribuição, quer nos de força. Tem sua origem num processo químico de fracionamento do
petróleo, para logo em seguida ser submetido a um rigoroso sistema de refinação. Apresenta
um baixo ponto de combustão, resultando em perigo constante a sua utilização em
transformadores localizados em prédios residenciais, comerciais e em áreas contendo
inflamáveis que possam causar sérios perigos à vida e ao patrimônio.
O Óleo mineral tem a propriedade de se inflamar quando submetido a um
aquecimento superior a seu limite admissível ( combustão espontânea ), não necessitando,
portanto, o seu contato com a chama.
O óleo mineral deve estar livre de impurezas, tais como umidade, poeiras e
outros agentes que afetam sensivelmente o seu poder dielétrico, que não deve ser inferior a 30
kV/mm. Contudo, o tempo provoca um processo do envelhecimento do óleo, que resulta na
formação de ácidos que são prejudiciais aos materiais isolantes do transformador. Ademais,
com a perda das características isolantes, o óleo vai-se tornando imprestável para o uso em
equipamentos elétricos.
Um dos principais fatores de degradação do óleo em transformadores é a
sobrecarga, que provoca uma elevação de temperatura, às vezes, acima dos limites
admissíveis. O contato do óleo com o ar ambiente ( oxigênio ) também é um fator de
degradação, o que geralmente ocorre durante a abertura do transformador para troca de tapes
e outros serviços necessários.
O óleo mineral, quando perde suas características dieléricas, pode ser
regenerado através da aplicação de produtos químicos especiais denominados de inibidores.

25
Transformadores de Potência

Também pode ser recuperado através de sua passagem por um filtro prensa, largamente
utilizado nos trabalhos de manutenção de transformadores.
Há dois tipos de óleo mineral isolante atualmente comercializados no Brasil:

 Óleo tipo A ou Naftênico;


 Óleo tipo B ou Parafínico.

Atualmente, os transformadores em nível de distribuição, até 34,5 kV, utilizam


em larga escala o óleo mineral isolante parafínico, esperando-se para breve a sua aprovação e
utilização em unidades de até 138KV, apesar de objetivar a médio prazo a utilização deste
produto em transformadores de até 500KV.

Óleos de Silicone

São assim denominados os fluidos líquidos utilizados em transformadores,


constituídos de polímero sintético, cujo principal elemento é o silício. É um líquido claro e
incolor. Apresenta uma excelente estabilidade térmica. Não é tóxico e, quimicamente é inerte.
O silicone apresenta uma viscosidade sensivelmente superior à dos óleos minerais
anteriores, o que implica o dimensionamento adequado das partes ativas dos transformadores.
Normalmente, os transformadores que utilizam óleo são projetados para a classe
de temperatura A, apesar de existirem, em menor quantidade, transformadores fabricados nas
classes B, f e H.
O óleo silicone é caracterizado por possuir um ponto de chama em torno de
300°C, sendo, por isso, indicado, também, para uso, como lubrificante, em máquinas que
operam em temperaturas elevadas. Outra característica importante do óleo silicone é a
propriedade que possui, na ocorrência de um incêndio, de formar uma delgada camada de
dióxido de silício na sua superfície, não permitindo o contato do oxigênio do ar ambiente com
0 líquido propriamente dito, o que resulta, pois na extinção da chama.
b) Transformadores a seco

São de emprego bastante específico por tratar-se de um equipamento de custo


elevado, comparativamente aos transformadores em líquido isolante.

26
Transformadores de Potência

São de emprego mais especificamente em instalações onde os perigos de incêndio


são iminentes, tais como refinarias de petróleo, industrias petroquímicas, grandes centros
comerciais, em que a norma da concessionária local proíbe o uso de transformadores a óleo
mineral, além de outras instalações que requeiram um nível de segurança elevada contra
explosões de inflamáveis.
Os transformadores a seco são constituídos, semelhantemente aos transformadores
a liquido isolante, de um núcleo de ferro – silício laminado a frio e isolado com material
inorgânico, e de enrolamentos primário e secundário, de acordo com a figura 21.

Figura 21 – Transformador a seco


Os enrolamentos primários, geralmente, são constituídos de fita de alumínio,
formando as bobinas, que são colocadas no interior de um molde de ferro e, em seguida,
encapsuladas em epóxi em ambiente de vácuo e sob temperatura elevada por um tempo
determinado, durante o qual são resfriadas sob temperatura controlada.
Os enrolamentos secundários, em geral, são constituídos de folhas de alumínio,
com altura da chapa igual à altura da bobina. A isolação da chapa é feita com produtos
inorgânicos à base de resina. O conjunto sobre um tratamento térmico especifico de sorte a se
obter a polimerização da isolação, que resulta na união das diversas camadas, formando um
bloco sólido e mecanicamente robusto. No caso de bobinas primárias, a utilização de fitas de
alumínio, resulta na construção de enrolamentos mecanicamente resistentes e isentos de
absorção de umidade. Com os enrolamentos secundários em chapa de alumínio obtém-se uma
elevada resistência mecânica, necessária as altas solicitações devido as correntes de curto-
circuito.

27
Transformadores de Potência

Quando da montagem completa do transformador, é necessário deixar grandes


canais de ventilação entre o núcleo de ferro propriamente dito e os enrolamentos secundários,
e entre estes e os enrolamentos primários, com dimensão adequada ao nível de isolamento do
transformador e a condução de ar para refrigeração.
Os transformadores a seco podem ser fabricados com invólucro metálico, quando
destinados à instalação externa, enquanto usados em instalações abrigadas, são fornecidas sem
o respectivo invólucro. Os transformadores com invólucro são substancialmente mais caros, o
que inibe mais ainda o seu uso, sendo empregados mais especificamente em instalações de
elevado risco de incêndio. O encapsulamento das bobinas a seco pode ser feito por meio de
dois processos industriais.

Encapsulamento Reforçado

Consiste em enrolar fios de fibra de vidro impregnados em epoxi sobre os


condutores montados num cilindro base, empregando uma trançagem especial nos fios, de
modo a resultar numa bobina completamente encapsulada. As bobinas primárias são
constituídas de varias camadas, colocando-se dutos de ventilação entre elas.

Encapsulamento sob Vácuo

Consiste em colocar os enrolamentos no interior de moldes aplicando-se, em


seguida, uma certa quantidade de epoxi, dosada com silica e talco, sob vaco, que tem a função
de eliminar as bolhas e evitar as descargas parciais.
O processo de encapsulamento reforçado apresenta vantagens de custo quando se
trata de transformadores de potência elevada e altas tensões, evitando-se, deste modo grandes
massas de epóxi, que podem apresentar descargas parciais e redução acelerada da vida do
transformador. Já para os equipamentos de potência reduzida e baixas tensões, é mais
econômico o emprego a vácuo.
A isolação dos enrolamentos não garante uma proteção adequada contra contatos
diretos. É necessário que o transformador seja protegido através de barreiras que podem
consistir em cercas metálicas, invólucros metálicos em chapa ou em tela.
Um dos graus de dificuldades na construção dos transformadores a seco é a
diferença entre os coeficientes de dilatação térmica do alumínio e da resina epóxi, pois
quando o transformador aquece aparecem tensões rigidamente unidos. No entanto, como

28
Transformadores de Potência

esses coeficientes não são tão diferentes, dentro dos limites de temperatura adotados na
operação do equipamento, os esforços resultantes são compatíveis com os métodos de
construção empregados.
Em geral, é de classe B o material isolante utilizado nos enrolamentos primários
do transformador. Já no enrolamentos secundário, utiliza-se normalmente material classe F.
Os transformadores a seco exigem que se determine o para–raios de acordo com
seus níveis de impulso, normalmente inferiores aos dos transformadores em óleo mineral.
A elevação de temperatura, em geral, admitida nos enrolamentos primários é , em
média de 100°C, considerando que a temperatura ambiente máxima permitida seja de 40° C e
a temperatura média de 30° C.
Da mesma forma que os transformadores em líquido isolante, os transformadores
a seco tem vida útil calculada, em função da porcentagem de sobrecarga em que operam
durante um determinado período. Se o transformador, em carga nominal funciona em
ambiente com temperaturas inferiores às mencionadas anteriormente, a sua vida útil pode
aumentar, ou então pode-se utilizar uma potência superior àquela indicada nominal de placa.
Caso contrário, quando o transformador opera em regime de carga nominal em ambiente com
temperaturas superioras às referidas, a sua vida útil se reduz. Para que isto não aconteça, é
necessário diminuir o carregamento máximo do transformador.
Como será visto posteriormente no estudo de transformadores de líquido isolante,
os transformadores a seco podem sofrer períodos de sobrecarga, sem afetar a sua vida útil,
desde que a sua temperatura de operação não supere os valores máximos admitidos para a
classe de isolamento considerada. Muitas vezes, em algumas plantas industriais, por força do
regime de utilização das máquinas, é necessário sobrecarregar os transformadores por um
período curto. Se nesse período pressupõe-se que os limites de temperatura sejam superados,
pode-se utilizar ventiladores manobrados em diferentes estágios de regime, sem que isto
implique a redução de sua vida útil, desde que as temperaturas máximas admitidas para a
classe de isolação sejam respeitadas.
Para poder controlar a temperatura dos enrolamentos dos transformadores a seco,
alguns fabricantes inserem nas bobinas sensores térmicos capazes de detectar o limite máximo
de temperatura permissível e de acionar um disparador eletrônico que, por sua vez, atua sobre
a bobina de uma chave magnética responsável pela manobra do referido transformador. Esta

29
Transformadores de Potência

chave poderá ser instalada tanto no lado primário como no lado secundário variável,
chamados termistores.
Os transformadores a seco são constituídos em geral, para tensões de até 38 kV.
São providos de derivações primárias de  2 a 2,5% ou com outros valores conforme pedido.
A impedância percentual do transformador também é definida pelos usuários e normalmente
é de cerca de 5%.

6.2.4 MEIO REFRIGERANTE

O calor e a umidade são os dois maiores inimigos da isolação dos


transformadores. Manter a temperatura de um transformador dentro dos limites das normas
significa preservar sua vida útil. Os transformadores em operação geram internamente uma
grande quantidade de calor que necessita ser levada ao meio externo, a fim de não prejudicar
a qualidade da isolação dos enrolamentos.
O calor gerado pelas perdas ôhmicas nos fios dos enrolamentos, quando o
transformador está em carga, e pelas perdas por histerese e correntes parasitas, em qualquer
condição de operação, é transmitida para o meio de resfriamento interno (Óleo) e que em
contanto com as paredes do tanque ou através dos radiadores é conduzido ao meio ambiente.
Os processos de transferência de calor, tanto interno como externo, são realizados
das seguintes formas:

 Condução;
 Convecção;
 Radiação.

No caso de transformadores as parcelas de transmissão de calor por condução e


radiação são insignificantes. Para que haja transmissão de calor por convecção de um ponto
quente para um outro mais frio é necessário que haja movimentação dos meios de
resfriamento, como pode-se observar na figura 22.
O processo de convecção pode ser feito de duas diferentes formas:

 Convecção natural;
 Convecçao forçada.

30
Transformadores de Potência

Na convecção natural, quando a massa de óleo aquecida atinge a parte superior do


transformador, inicia o caminho de retorno através dos radiadores, cedendo calor ao meio
externo, chegando na sua parte inferior já bastante resfriado. A convecção natural apresenta
baixas taxas de transferencia de calor. Este processo domina basicamente a transferência de
calor dos transformadores de distribuição.
Na convecção forçada, é conseguida uma eficiência maior para o fator de
transmissão de calor, aumentando assim a capacidade de troca de calor do sistema. Esse
aumento de circulação pode ser obtido através da instalação de ventiladores e ou bombas.
Este processo é comum aos transformadores de potência, principalmente os da classe de 72,5
kV e acima. Apresenta um custo de valor absoluto significativo, porém economicamente
viável, já que se obtém, por este processo, uma capacidade adicional de potência nominal do
transformador.

Figura 22 – Circulação do óleo


Os transformadores são designados quanto ao tipo de resfriamento por um
conjunto de 4 letras onde :
1ª letra - Indica a natureza do meio de resfriamento em contato com os
enrolamentos.
2ª letra - Indica a natureza da circulação do meio de resfriamento em contatos
com os enrolamentos.
3ª letra - Indica a natureza do meio de resfriamento em contatos com o sistema
externo.

31
Transformadores de Potência

4ª letra - Indica a natureza da circulação do meio de resfriamento em


contatos com o sistema externo.
Natureza do Meio de Resfriamento Símbolo
Óleo O
Líquido Isolante Sintético não Inflamável L
Gás G
Água W
Ar A
Natureza da Circulação Símbolo
Natural N
Forçada ( no caso de óleo, fluxo não dirigido ) F
Forçada com fluxo dirigido D

ONAN – Transformador a óleo com circulação natural trocando calor com ar


com circulação natural.

LNWF – Transformador a silicone com circulação natural trocando calor com a


água com circulação forçada.

OFAF – Transformador a óleo com circulação forçada trocando calor com o ar


com circulação forçada.

OFWF – Transformador a óleo com circulação forçada trocando calor com a


água com circulação forçada.
6.3. COMPONENTES ACESSÓRIOS

6.3.1 RELE DE SÚBITA PRESSÃO

É um equipamento de proteção, destinado aos transformadores selados, que atua


quando o transformador sofre um defeito interno, provocando uma elevação anormal na sua
pressão.
A atuação do rele de súbita pressão só se efetua mediante uma mudança rápida da
pressão interna do transformador, independente da pressão de operação em regime normal. O

32
Transformadores de Potência

rele, portanto, não opera ante mudanças lentas de pressão, fato que ocorre durante o
funcionamento normal do equipamento, em função das variações de temperatura.
O rele possui uma câmara na qual se encontra um fole metálico, que se comunica
com a parte interna do transformador. A câmara também se comunica com o interior do
transformador através de um pequeno orifício que tem como função básica equalizar a
pressão. Assim, quando a pressão no interior muda lentamente durante o funcionamento
normal, o orifício equalizador é suficiente para igualar a pressão do interior do transformador
com a pressão do interior da câmara do rele. Desta forma o fole não se deforma e o rele não
da alarme, permitindo a operação do transformador.
Por outro lado, se houver no interior do transformador aumentos de pressão mais
rápidos do que os verificados normalmente, o pequeno orifício equalizador faz com que
persista por um certo período de tempo, na câmara do rele, uma pressão mais baixa que a do
transformador, isto ocasiona o alongamento do fole, provocando o fechamento de um contato
elétrico que aciona o alarme, ou o disjuntor de proteção.

Figura 23 – Rele de Súbita Pressão

6.3.2 RELE DE GÁS OU RELÉ BUCHHOLZ

É um equipamento de proteção para transformadores dotados de tanque de


expansão, instalado entre o tanque e o conservador, que atua quando o transformador sofre
um defeito interno com formação de gases, provocando desta forma o fechamento de um
contato elétrico que aciona o alarme, ou o disjuntor de proteção.
Os principais defeitos internos que provoca a formação de gases, com uma súbita
variação do nível de óleo, são citados abaixo:

 Descargas internas;

33
Transformadores de Potência

 Vazamento de óleo no tanque;


 Defeitos entre espiras, entre partes vivas, entre partes vivas e a terra.

O relé BUCHHOLZ possui duas aberturas flangeadas e dois visores providos de


uma escala graduada indicando o volume de gás. Internamente encontram-se duas bóias
montadas uma sobre a outra, quando do acúmulo de certa quantidade de gás no relé, a bóia
superior é forçada a descer. Se por sua vez, uma produção excessiva de gás provoca uma
circulação de óleo no relé, é a bóia inferior que reage, antes mesmo que os gases formados
atinjam o relé. Em ambos os casos, as bóias ao sofrerem o deslocamento, ligam um contato
elétrico.

Figura 24 – Rele de Gás ou Rele Buchholz

6.3.3 DISPOSITIVO DE ALÍVIO DE PRESSÃO

Os transformadores de potência devem possuir um dispositivo que seja acionado


quando a pressão interna do equipamento atingir um valor superior ao limite máximo
admissível, permitindo uma eventual descarga de óleo.
O tubo de explosão constitui um dispositivo de alivio de pressão do tipo explosão,
que consiste basicamente de um tubo que de um lado é conectado ao tanque do
transformador, no outro lado, possui um disco de ruptura. Em caso de uma súbita elevação de
pressão que ultrapasse o valor de ruptura do disco, haverá o rompimento com abertura total

34
Transformadores de Potência

da sessão de passagem, fazendo a pressão cair rapidamente sem danificar outras partes do
transformador.

Figura 25 – Tubo de Explosão

6.3.4 SECADOR DE AR

A penetração de umidade no interior do transformador reduz substancialmente as


características dieléticas do liquido isolante, resultando em perdas de isolamento das partes
ativas e a conseqüente queima do equipamento. Com isto, para que a ação do ar atmosférico
sobre o óleo isolante seja reduzida, ou mesmo eliminada, os transformadores são dotados de
dispositivos de preservação, dentre os quais destaca-se o Secador de Ar para transformadores
dotados com tanque de expansão, ficando este ligado por um tubo ao conservador de liquido.
Os transformadores operam normalmente com um ciclo de carga variável,
provocando aquecimento do liquido isolante em períodos de carga máxima e resfriamento em
períodos de carga leve. Assim toda vez que o liquido isolante é aquecido, se expande,
expulsando o ar que fica contido na câmara de compensação. Contrariamente em períodos de
carga leve, o liquido se resfria fazendo com que a diferença de pressão interna e externa
provoque a entrada de ar no seu interior. Para evitar a penetração de ar úmido no interior do
transformador, instala-se um recipiente contendo Silica-Gel, produto químico de cor azulada
que tem elevada capacidade de absorção de umidade e que quando úmida muda de cor

35
Transformadores de Potência

passando para rosa. A silica-gel umidificada deve ser trocada por outra seca, podendo ser
regenerada e reutilizada.

Figura 26 – Transformador com Dessecador de Sílica Gel

Outro dispositivos de preservação do óleo isolante e a selagem com bolsa ou


célula de ar. Neste sistema a selagem e feita com uma bolsa cheia de ar, situada na parte
interna do conservador. O ar do interior da bolsa esta em comunicação com o ar atmosférico
e, por isso , pode livremente aumentar ou diminuir de volume, acompanhando as variações
correspondentes de volume do óleo do transformador.

36
Transformadores de Potência

Figura 27 – Transformador com Bolsa de Neopreno

6.3.5 COMUTADOR DE DERIVAÇÃO

Normalmente, todos os transformadores de distribuição são dotados de uma ou


mais derivações nos enrolamentos de AT. A norma NBR5440/87 – Transformadores para
redes aéreas de distribuição – estabelece o número de derivações e as relações de tensão.
Para se realizar a mudança de derivação, o mesma norma estabelece que o sistema
seja de comando rotativo, com mudança simultânea nas três fases, para operação sem tensão,
com comando interno visível e acessível de aberturas para inspeção. Para que o òleo do
transformador não seja contaminado, o comando do comutador deve ser instalado acima da
superfície do nível de óleo. O acesso ao comado deve ser feito através da janela de inspeção
vazada na tampa do transformador. Como o sistema de mudança de derivação é a única peça
móvel do transformador, constitui-se no ponto sujeito ao maior índice de falhas. Por esse
motivo, algumas concessionárias encomendam seus transformadores com um única tensão
primária, o que pode ser inconveniente na aplicação em algumas redes rurais de grande
extensão.
Cada fabricante produz um modelo diferente de comutador de derivação. O
comutador de derivação tem a função básica de elevar ou reduzir a tensão secundaria do
transformador conforme o nível da tensão primária. O comutador de derivação não corrige a
falta de regulação do sistema. Quando a variação de tensão numa rede é muito grande em
diferentes pontos da curva de carga diária, a mudança de derivação deve ser tomada com
cautela, para que não se tenha, num determinado momento, níveis de tensão intoleráveis no
secundário. Portanto a utilização correta do comutador se faz quando a tensão está
permanentemente baixa ou permanentemente elevada.

37
Transformadores de Potência

Figura 28 – Comutador de Derivação

6.3.6 IMAGEM TÉRMICA

É utilizado um resistor que tenha uma constante de tempo igual a de um


transformador chamado de imagem térmica. O resistor imagem térmica deve ser sensível a
elevação da temperatura da parte mais quente do condutor sobre a temperatura da parte
superior do líquido isolante. O resistor é, geralmente feito de cobre e tem a forma de uma
bobina. Ele é colocado junto ao resistor sensor ou bulbo no óleo da câmara estanque da
tampa do tanque do transformador. A corrente que percorre o resistor imagem térmica é
proporcional a corrente do enrolamento do transformador e provem de um TC tipo bucha.

38
Transformadores de Potência

Figura 29 – Imagem Térmica

6.3.7 INDICADOR DE NÍVEL DE ÓLEO

Os transformadores de potência são, geralmente, dotados de dispositivos externos


que permitem indicar o nível de óleo no tanque. Normalmente, são construídos em carcaça de
alumínio com as partes móveis em latão. O ponteiro estabelece dois contatos, sendo um no
nível mínimo e outro no nível máximo. A figura mostra um indicador de nível de óleo do tipo
magnético.
A NBR9368 – Transformadores de potência de tensões nominais até 145KV -
Padronização – estabelece que o indicador de nível de óleo deve ser magnético com as
inscrições min, 25°C, e máx correspondentes aos níveis mínimo, normal a 25°C e máximo

39
Transformadores de Potência

respectivamente. Deve ter bóia, cujos contatos a ela acoplados podem acionar o sistema de
sinalização ou provocar, quando projetado, a abertura do disjuntor.

Figura 30 - Indicador de Nível de Óleo

6.3.8 INDICADOR DE TEMPERATURA

Normalmente, os transformadores de força com potência superior a 500kV


dispõem de termômetro localizado na sua parte superior, para que se tenha informações da
temperatura instantânea e da temperatura registrada no período. Os termômetros possuem
contatos auxiliares que possibilitam o acionamento da sinalização de advertência, ou da
abertura do disjuntor, quando a temperatura atingir níveis preestabelecidos. A figura abaixo
mostra um termômetro com dois contatos ajustáveis independentes. Cada ponteiro
corresponde a um único contato. Há termômetros com maior número de contatos,
dependendo do tipo de utilização a que se destinam. Estes aparelhos devem possuir um
dispositivo com recurso externo para retorno dos ponteiros.

Figura 31 - Indicador de Temperatura


6.3.9 VÁLVULA DE DRENAGEM DO ÓLEO

40
Transformadores de Potência

Os transformadores normalmente são dotados de um dispositivo para retirada de


amostra de óleo, localizado na parte inferior, onde se concentra o volume contaminado do
óleo. Este dispositivo normalmente consta de uma válvula de drenagem provida de bujão.

6.3.10 CAIXA DE COMANDO E CONTROLE

Os transformadores de potência dotados de controle de temperatura, nível de óleo,


etc possuem uma caixa metálica com grau de proteção mínima IP54, fixada à carcaça do
transformador ou através de um sistema antivibratório.

6.3.11 MEIOS DE LOCOMOÇÃO DO TRANSFORMADOR

Os transformadores de distribuição possuem uma base com as laterais dobradas,


de modo a permitir que o fundo do mesmo não toque o piso. Já os transformadores de força
possuem logarinas transversais fixadas em sua base, permitindo que os mesmos sejam
arrastados sem afetar a sua base.
A fim de permitir a deslocamento dos transformadores de potência, superior a
100kVA, este equipamentos devem ser dotados de rodas orientáveis, feitas de aço, que
possibilitem a sua movimentação bidirecional sobre trilhos, cuja distância entre os centros dos
boletos é, preferencialmente, adotada pela NBR 9368/87, de 1435mm. As unidades menores
possuem, também, rodas de aço com superfície de apoio lisa, para deslocamento em
superfícies plana.

6.3.12 PLACA DE IDENTIFICAÇÃO

Todo transformador de potência deve ser provido de uma placa de identificação


metálica, a prova de tempo, em posição visível, sempre que possível no lado de baixa tensão.
A figura abaixo apresenta a placa de identificação de um transformador .

41
Transformadores de Potência

Figura 32- Placa de Identificação do transformador

A placa de identificação deve conter os seguintes dados:

 Nome do fabricante;
 Data mês e ano de fabricação;
 Impedância de curto-circuito em percentagem;
 Tensões nominais de alta e baixa tensão;
 Potência nominal;
 Freqüência nominal ;
 Relação de transformação;
 Perdas totais;
 Perdas em vazio;
 Níveis de isolamento;
 Número de fases;
 Tipo do óleo isolante;
 Diagrama de ligações;
 Polaridade;
 Volume total do líquido isolante do transformador em litros;
 Massa total do transformador, em kg; etc.

42
Transformadores de Potência

7. CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS

Os transformadores possuem características elétricas que devem ser estudadas


cuidadosamente antes de sua aplicação, visando uma operação segura e econômica.

7.1. POTÊNCIA NOMINAL

Segundo a NBR-5356/81 - Transformadores de potência - Especificação, potência


nominal de um transformador é o valor convencional da potência aparente que serve de base
ao projeto, aos ensaios e às garantias do fabricante e que determina a corrente nominal que
circula, sob tensão nominal, nas condições especificadas. Em outras palavras, é o produto da
tensão nominal de um enrolamento pela corrente nominal deste enrolamento e um fator de
fase.

NÚMERO DE FASES FATOR DE FASE

1 1

3 3

Se um transformador possui algum sistema de resfriamento, conforme já esclarecido


anteriormente, a sua potência nominal é definida como sendo a máxima potência que pode ser
fornecida nas condições especificadas. Se o transformador possui vários enrolamentos, deve-
se declarar a potência nominal de cada um deles.
Considerando os limites práticos de construção de transformadores, pode-se afirmar que
as potências nominais crescem mais rapidamente que os respectivos pesos. Um outro dado
importante diz que os transformadores de potência nominal elevada apresentam rendimentos
maiores que os de potência nominal menor. Para transformadores com potência nominal
acima de 500 KVA não tem valores padronizados de potência nominal.
Para transformadores de distribuição a NBR-6440 determina:

 Transformadores monofásicos para instalação em poste:

3 - 5 - 10 - 15 - 25 - 37,5 - 50 - 85 - 100 KVA


 Transformadores trifásicos para instalação em postes:

43
Transformadores de Potência

15 - 30 - 45 - 75 - 112,5 - 150 KVA

 Transformadores trifásicos para instalação em plataformas:

225 - 300 - 500 KVA

É importante salientar que existem potências acima de 500 KVA que são informalmente
padronizadas como 750 - 100 KVA.

Os transformadores trifásicos ou bancos trifásicos são classificados em duas categorias:

 Categoria 1 - potência nominal  10 MVA

 Categoria 2 - potência nominal  10 MVA

A suportabilidade de um transformador à corrente de curto-circuito é de 25 vezes o


valor da corrente nominal do enrolamento considerado durante 2 segundos.
Para transformadores de categoria 1 a corrente de curto-circuito simétrico deve ser
calculada levando em conta apenas a impedância de curto-circuito do transformador. Já para
transformadores da categoria 2 a corrente é calculada por:

I = U / [3 ( ZT + ZS )] KVA

U - tensão fase-fase em KV;


ZT- impedância do transformador de curto-circuito referido ao enrolamento
considerado;
ZS - impedância equivalente do sistema.

7.2. TENSÃO NOMINAL

É a tensão aplicada ou induzida nos terminais de linha de um transformador polifásico


ou nos terminais de um enrolamento trifásico. Nos transformadores trifásicos se as bobinas
forem ligadas em triângulo, a tensão nominal dos enrolamentos coincide com a tensão
nominal do transformador. Se ligadas em estrela, a tensão nominal dos enrolamentos é 3
inferior à tensão nominal do transformador.

44
Transformadores de Potência

 Para transformadores de transmissão existem alguns valores padronizados como:

6,6 - 13,8 - 24 - 34,5 - 44 - 69 - 88 - 138 - 230 - 345 - 440 - 500 e 765 KV

 Transformadores de distribuição:

Tensão Máxima Tensão (V)


Derivação
( KV RMS ) Prim. AT Sec. BT
1 13800
15 2 13200 380 / 220
3 12600
1 23100
25,8 2 22000 ou
3 20900
1 34500
38 2 33000 220 / 127
3 31500

7.3. CORRENTE NOMINAL

É a corrente que circula terminal de linha do equipamento cujo valor é obtido


dividindo-se a potência nominal do enrolamento pela sua tensão nominal e pelo fator de fase
aplicável, conforme foi mostrado no item potência nominal.

7.4. FREQÜÊNCIA NOMINAL

É a freqüência para a qual foram determinados todos os parâmetros elétricos do


transformador. Deve ser a mesma da rede de energia elétrica, onde o transformador vai
operar. Comumente os valores são de 50 ou 60 Hz.

7.5. IMPEDÂNCIA DE CURTO-CIRCUITO

É a impedância equivalente na ligação estrela expressa em OHMs por fase, medida


entre os terminais de um enrolamento com o outro curto-circuitado, com os demais, se
houver, em aberto.
A impedância de curto-circuito é geralmente expressa em percentual, tendo como base a
tensão nominal do enrolamento e a potência nominal deste enrolamento.
Valores típicos de impedância de curto-circuito:

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Transformadores de Potência

Potência Nominal ( KVA ) Impedância de Curto-Circuito


P  630 4%
630  P  1250 5%
1250  P  3150 6%
3150  P  6300 7%
6300  P  12500 8%
12500  P  25000 10%
25000  P  200000 12%

7.6. TENSÃO DE CURTO-CIRCUITO

É a tensão que é aplicada aos terminais de linha de um transformador polifásico ou


entre os terminais do enrolamento, sob freqüência nominal, com o outro enrolamento em
curto-circuito e os demais se houver em aberto, faz circular no primeiro enrolamento corrente
nominal. Em percentual é numericamente igual a impedância de curto-circuito.

7.7. DESLOCAMENTO ANGULAR

É a diferença entre os fasores que representam as tensões entre o ponto de neutro e os


terminais correspondentes de dois enrolamentos, quando um sistema de seqüência positiva é
aplicada aos terminais de tensão mais elevada.
O deslocamento angular pode ser representado por um código onde a primeira letra
representa a ligação dos terminais de alta tensão, a segunda letra representa a ligação dos
terminais de baixa tensão e o número que precede significa o número de horas que a BT está
atrasada em relação a AT, para transformarmos este número de horas em ângulo de
defasagem basta multiplicarmos por 300 .
8. MANUTENÇÃO DE TRANSFORMADORES

Os óleos minerais nos transformadores tem a função de resfriamento já que cabe ao


óleo, como elemento fluido, transferir o calor desenvolvido pelo circuito magnético e

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Transformadores de Potência

enrolamentos, através das correntes covectivas para a carcaça do transformador e este por sua
vez transfere este calor para o meio ambiente. Como também tem o papel de agente
refrigerante já que cabe ao óleo fazer o isolamento dos enrolamentos entre eles e em relação
ao circuito magnético e a carcaça.
Os requisitos dos óleos para utilização em transformadores de força são:

 Propriedades dielétricas elevadas;


 Perdas quanto mais fracas possíveis;
 Fluidez, mesmo em baixas temperaturas;
 Pureza, isento de umidade e acidez;
 Estável sob ação do ar, calor e da tensão elétrica;
 Condutividade termica elevada.

Óleos minerais, quando submetidos a descargas internas no interior do transformador,


podem sofrer decomposições moleculares, cujo resultado é a formação de outros produtos que
juntos se denominam lama. Por ter densidade superior à do óleo propriamente dito, a lama
desce para o fundo do tanque do transformador, podendo depositar-se, em sua trajetória,
sobre as bobinas do núcleo, acarretando sérios danos a isolação. Sendo a lama um produto
com poder dielétrico baixo, a decomposição entre os fios das bobinas pode acarretar a sua
absorção pelo material isolante, normalmente o papel, que recobre os fios condutores,
facilitando a ocorrência de descargas entre espiras e a conseqüente queima da bobina. Além
disso, a lama pode solidificar-se nas paredes do tanque do transformador, dificultando a
transferência do calor gerado por efeito das perdas internas para o meio externo. A
conseqüência imediata é a deterioração do isolamento do transformador e a queima dos seus
enrolamentos.
O óleo é chamado de contaminado quando contem umidade e partículas em suspensão,
excluindo os produtos de sua oxidação. Por sua vez, O óleo está deteriorado quando sofreu
oxidação, possuindo ácidos, sendimentos ou lama.
O tratamento do óleo contaminado para remover a umidade e as partículas solidas em
suspensão é chamado de recondicionamento do óleo. Os principais processos para
recondicionamento do óleo são:
 Filtros;

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Transformadores de Potência

 Centrifugas;
 Desidratadores a vácuo.

O tratamento do óleo deteriorado com a finalidade de eliminar os produtos da oxidação,


contaminantes ácidos é chamado de regeneração.

8.1. ENSAIOS EM ÓLEOS ISOLANTES

8.1.1 RIGIDEZ DIELÉTRICA

Exprime a capacidade do óleo suportar esforços elétricos sem falhas. É indicado


para evidenciar a presença de agentes contaminados, como água, sujeira, fibras celulósicas
úmidas ou partículas condutoras, ou seja a diminuição da rigidez dielétricas indica a
contaminação do óleo.

8.1.2 FATOR DE POTÊNCIA

É a medida das perdas dielétricas no óleo. A determinação do fator de potência é


uma indicação segura do grau de deterioração e contaminação dos mesmos. O aumento do
fator de potência esta ligado a presença de substancias que causam Condutividade. O fator de
potência aumenta com a temperatura e com a quantidade de substancias polares provenientes
da deterioração do óleo.

8.1.3 TENSÃO INTERFACIAL

Na superfície de separação entre o óleo e a água, forma-se uma força de atração


entre moléculas dos dois líquidos que é chamada de tensão interfacial. A Tensão Interfacial
mede a concentração de substancias polares no óleo que são responsáveis pela formação da
borra. A diminuição da Tensão Interfacial indica a deterioração do óleo.

8.1.4 ÍNDICE DE NEUTRALIZAÇÃO

O teste de acidez mede o teor de ácidos formados por oxidação, os quais são
diretamente responsáveis pela formação da borra. O aumento do índice de neutralização
indica o envelhecimento do óleo.

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Transformadores de Potência

8.1.5 TEOR DE UMIDADE

Mede a quantidade de água dissolvida no óleo isolante. Embora seja formada


como sub - produto da oxidação, a maior parte de água existente no óleo é absorvido do ar.

8.1.6 GÁS CROMATOGRAFIA

É uma analise que contribui para a detecção de falhas incipientes e o


acompanhamento do envelhecimento da isolação do transformador. A analise cromatografica
dos gases dissolvidos no óleo é feita em três etapas :
a) Amostragem do óleo;
b) Extração dos gases da amostra do óleo;
c) Analise dos gases extraído da amostra no cromatografo de gases, que consiste
na separação dos diferentes gases da mistura, em sua identificação e em sua
quantificação, através dos gases chaves.

Gás – chave:

 Acetileno ( C2H2 ) – Arco;


 Etileno ( C2H4 ) – Óleo Superaquecido;
 Hidrogênio ( H2 ) – Eletrolise;
 Monoxido de Carbono (CO2) e Dioxido de Carbono ( CO 2 ) - Celulose
SuperAquecida;
 Hidrogênio ( H2 ) e Metano – Corona no Óleo;
 Hidrogênio ( H2 ) e Dioxido de Carbono ( CO2 ) – Corona no Papel.

9. BIBLIOGRAFIA

[1] Martignoni, Alfonso - Transformadores - Editora Globo - Porto Alegre - 1971;

[2] Mamede Filho, João - Manual de Equipamentos Elétricos, Volume 2 - LTC Livros
Técnicos e Científicos - Rio de Janeiro - 1993;

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[3] Milasc, Milan – Manutenção de Transformadores em Líquido Isolante – 1983;

[4] Notas de Aula;

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