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Ciências da Natureza e suas

Tecnologias - Física
Ensino Médio, 1º Ano
Energia potencial gravitacional
FÍSICA, 10 Ano do Ensino Médio
Energia potencial gravitacional

Sumário

1. Introdução

2. Energia potencial gravitacional

3. Aplicações
3.1 Velocidade de escape
3.2 Marés

4. É hora de exercitar...
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Energia potencial gravitacional

1. Introdução

Na parte inicial do curso de mecânica, vimos como


determinar a expressão da energia potencial gravitacional
de uma partícula devido à sua interação com a terra. Vamos
relembrar:

Considere um bloco de massa m que está suspenso


por um fio preso ao teto. A distância do bloco ao solo vale h,
e a distância até uma mesa que está logo abaixo vale d. A
mesa tem uma altura h0 em relação ao solo. Vejamos a
ilustração...
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p
d

h0

O bloco tem capacidade de realizar trabalho, ou seja,


tem energia armazenada devida à sua posição em relação à
mesa e ao solo.
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Vamos calcular o trabalho que o peso p do bloco pode
realizar ao cair, ao longo do deslocamento, cujo módulo será
medido pela altura h.

Se a origem do referencial for a superfície da mesa, o


módulo do deslocamento será d = h – h0. Sendo o módulo
da força F = P = mg, com mesma direção e sentido do
deslocamento, o trabalho do peso do corpo medido em
relação à mesa é:
0
  Fd . cos(0 )  mg (h  h0 ).1
  mg (h  h0 )
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Se a origem for o solo, o módulo do deslocamento será


d = h. , portanto o trabalho do peso será:

  Fd . cos(00 )  mgh.1
  mgh
Se essas expressões medem o trabalho que o peso do bloco
pode realizar, elas também nos permitem medir a energia
potencial gravitacional EP desse bloco. Como sabemos, a
força gravitacional é conservativa, logo, é possível
transformar energia potencial em energia cinética e vice-
versa desde que não haja forças de dissipação. Assim, o
trabalho realizado pela força peso é igual à energia potencial
gravitacional que estava armazenada.
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Portanto, a energia potencial do bloco em relação à


mesa e ao solo, respectivamente, será:

E P  mg (h  h0 )
e
E P  mgh

É importante notar que, nessas condições, o valor de g é


considerado constante ao longo do deslocamento, pelo fato
de o corpo estar próximo à superfície da terra. Definimos
arbitrariamente a energia potencial do sistema corpo-terra
como zero na superfície (solo).
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2. Energia potencial gravitacional

Vamos agora considerar uma situação mais geral, em


que duas partículas, de massas m e M, separadas por uma
distância r, interagem gravitacionalmente.

Para sermos mais concretos, vamos supor M como a


massa da terra e m como a de uma bola de tênis, mas
nossas conclusões serão mais gerais, não importando as
massas relativas das partículas. Tomaremos como nula a
energia potencial no caso em que a distância r entre as
massas é infinita.
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r
m

A energia potencial gravitacional do sistema de duas


partículas é
GMm
EP   (1)
r
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De acordo com essa equação, ao fazer r = infinito, a energia


potencial será nula de acordo com nossa hipótese inicial.

A origem dessa expressão vem da lei da gravitação de


Newton:
GmM G  6,67.1011 N .m 2 / kg 2
F , onde
r2
A equação (1) é obtida se calcularmos o trabalho necessário para
trazer o corpo m do infinito (onde EP=0), realizado pela força de
atração gravitacional entre M e m, até o ponto em que a distância
entre as partículas é r. No entanto, são necessárias ferramentas
matemáticas mais avançadas que não abordaremos.
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• A energia potencial dada pela equação (1) é uma


propriedade de um sistema de duas partículas. É
impossível dividir essa energia e dizer que uma parte
pertence a uma partícula e o restante à outra.

• Se M >> m como certamente é o caso da terra e da


bola de tênis, quando a bola se move nas vizinhanças da
terra, mudanças na energia potencial do sistema terra-bola
se manifestam, quase na totalidade, como alterações na
energia cinética da bola. Isso vem da 2ª lei de Newton,
pois, se a força gravitacional é a mesma para a terra e a
bola, a aceleração maior se dá no corpo de menor massa
(bola), sendo praticamente nula na terra (sua massa é
infinitamente maior que a bola).
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• Isso explica o fato de sentirmos muito mais os efeitos


gravitacionais da terra que ela de nós.

Se nosso sistema contém mais de duas partículas,


consideramos um par de cada vez, calculando a energia
potencial gravitacional deste par, usando a equação (1) como
se as outras partículas não existissem e, depois, somamos os
resultados.

Consideremos, por exemplo, um sistema de três


partículas como ilustra a figura a seguir:
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m1
r12
r13

m3 m2
r23

A energia potencial deste sistema será, portanto:


EP (total )  EP (12)  EP (13)  EP ( 23)
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Assim, os índices representam os pares de partículas


consideradas. Em termos das distâncias e das massas,
teremos:
Gm1m2 Gm1m3 Gm2 m3
EP (total )   
r12 r13 r23

 Gm1m2 Gm1m3 Gm2 m3 


EP (total )     
 r12 r13 r23 

Ou seja, se tivermos um sistema de n partículas, cada


contribuição de pares deve ser somado à energia potencial
total.
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Um aglomerado globular na constelação de Sagitário é


um bom exemplo natural de um sistema de partículas. Esse
contém dezenas de milhares de estrelas, que sugerem uma
enorme quantidade de energia potencial, gravitacional,
armazenada no universo.
na constelação de
Sagitário / ESA/Hubble & NASA / Creative Commons
Imagem: Aglomerado globular

Attribution 3.0 Unported.


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3. Aplicações

3.1 Velocidade de escape

Se você jogar um objeto para cima, normalmente, ele


perderá velocidade até parar por um instante e retornar à
terra.

Há, no entanto, uma certa velocidade inicial que o fará


subir para sempre, atingindo o repouso, teoricamente, só no
infinito. Essa velocidade inicial é chamada Velocidade de
escape.
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Considere um foguete de
massa m, deixando a superfície
da terra com velocidade de
escape v. A energia mecânica
do foguete (cinética + potencial)
no início do lançamento será:

mv 2 GmM
E  (2)
2 rt
O M é a massa da terra e rt o
raio da terra.
Imagem: Apollo 15 / NASA / Public Domain.
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Quando o foguete atinge o infinito, para. Logo, não tem


energia cinética. Também não tem energia potencial, pois,
nesse ponto, consideramos que a energia potencial é zero
(como vimos). Assim, no infinito sua energia mecânica é nula.
Pelo princípio da conservação da energia, concluímos
que a energia mecânica do foguete no momento do
lançamento deve ser igual no momento em que ele atinge o
infinito. Portanto, da equação (2) teremos:

mv 2 GmM mv 2 GmM
 0  
2 rt 2 rt
2GM
2 2GM
v  v Velocidade de escape
rt rt
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• Apesar de usarmos a terra como exemplo, essa


expressão vale para qualquer planeta ou corpo celeste,
basta saber sua massa e seu raio.

3.2 Marés

As marés, na terra, constituem um fenômeno resultante


da atração gravitacional (e, consequentemente, o acúmulo de
grande energia potencial gravitacional) exercida pela Lua
sobre a terra e, em menor escala, do Sol sobre a terra.
A ideia básica da maré, provocada pela Lua, é que a
atração gravitacional sentida por cada ponto da terra, devido
à Lua, depende da distância do ponto dela mesma.
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• A atração gravitacional sentida do lado da terra que


está mais próximo à Lua é maior que a sentida no centro da
terra. Logicamente, no lado que está mais distante, a
atração gravitacional é menor.

• Portanto, em relação ao centro da terra, um lado está


sendo puxado na direção da Lua e outro lado está sendo
puxado na direção contrária (este último por causa da
rotação da terra).

• Como a água flui mais facilmente, ela se “empilha” nos


dois lados da terra (na direção da Lua e na direção
contrária).
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• Abaixo ilustraremos esse efeito. A parte em azul claro


representa as águas dos oceanos. Enquanto a terra gira
no seu movimento diário, o bojo de água sempre aponta
na direção da Lua.

Lua

A parte da terra mais


próxima da Lua e a parte
oposta estão em maré alta,
Terra enquanto os pontos mais
próximos do centro estão
em maré baixa.
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• Seis horas mais tarde, a rotação da terra levará


essa parte onde a maré estava alta a 90º da Lua e,
assim, ela terá maré baixa.

Note que estamos usando o


referencial da terra, ou seja,
na figura anterior, giramos
90º no sentido anti-horário
acompanhando a terra. Não
Terra Lua
estamos analisando a
translação da Lua em torno
da terra (que dura 27 dias),
mas sim a rotação da terra
no seu próprio eixo (24h).
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• Dali a mais seis horas, essa mesma parte estará a


180º da Lua e terá maré alta novamente. Portanto, as
marés acontecem duas vezes a cada dia!

Existe um link de um
vídeo no YouTube que
ilustra um pouco esse
Terra fenômeno abordado
aqui:
http://www.youtube.com/
watch?v=jm235LzAez0&
feature=related
Lua
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4. É hora de exercitar...

Questão 1

Calcule a energia potencial gravitacional entre a Terra e a


Lua, sabendo que a distância entre eles é de 384000 km e
considerando-os como partículas pontuais devido à grande
distância. Dados: Mterra = 5,97.1024 kg, MLua = 7,35.1022 kg.

Resolução:

Usando a expressão da energia potencial gravitacional de


um par de massas, teremos:
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GM Terra M Lua
EP  
r
11 2 2 24 22
(6,67.10 N .m / kg )(5,97.10 kg )(7,35.10 kg )
EP  
3,84.108 m
292,67.1035 N .m 27
EP   8
 76, 21. 10 J
3,84.10
E P  7,621.1028 J

O sinal negativo serve apenas para indicar que a variação


da energia potencial sempre é oposta à variação do
trabalho (energia cinética).
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Questão 2

Três partículas pontuais de massas m1 = 2kg, m2 = 3kg e


m3 = 4kg estão dispostas conforme a figura abaixo:

Calcule a energia
m1 potencial do sistema,
sabendo que r13 = 3m
r12
e r23 = 4m.
r13

m3 m2
m3 r23
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Resolução:

Primeiro vamos encontrar o valor de r12 , usando o teorema


de Pitágoras:
2 2 2
(r12 )  (r13 )  (r23 )
r12  32  4 2  9  16  25  5m

Assim, usando a expressão da energia potencial


gravitacional de um sistema de três partículas, teremos:

 Gm1m2 Gm1m3 Gm2 m3 


EP (total )     
 r12 r13 r23 
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Podemos colocar G em evidência. Assim, substituindo os


valores, obtemos:

11 2  2kg.3kg 2kg.4kg 3kg.4kg 


2
EP(total)  6,67.10 N.m / kg    
 5m 3m 4m 
EP(total)  6,67.10111,2  2,66  3N.m
EP(total)  45,8.1011 J  4,58.1010 J
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Questão 3

Calcule a velocidade inicial que um foguete deve ter para sair


totalmente da atração gravitacional da Terra com direção ao
espaço infinito. Qual seria esse valor na Lua? Dados: raio da
Terra: 6370km, raio da Lua: 1738km.

Resolução

O que nós queremos nada mais é que a velocidade de


escape. Para a terra, teremos:

2GM Terra 2.(6,67.1011 N .m 2 / kg 2 ).5,97.1024 kg


vTerra  
rTerra 6,37.106 m
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79,63.1013 m 2 / s 2 8 2 2
vTerra   1, 25.10 m / s
6,37.106
vTerra  1,11 .104 m / s  11,1 km / s

Logo, para o foguete escapar da gravidade terrestre, seus


motores devem desenvolver uma velocidade inicial de
11,1km/s!

Analogamente, usando a massa e o raio da Lua na mesma


expressão, encontramos a velocidade de escape do foguete
na Lua. Fica como verificação! O valor encontrado deve ser
aproximadamente:
vLua  2,3 km / s
FIM
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Imagem: Estrela V838 Monocerotis / NASA, ESA and H.E.


Bond (STScI) / Public Domain.
Tabela de Imagens
n° do direito da imagem como está ao lado da link do site onde se conseguiu a informação Data do
slide foto Acesso

15 Aglomerado globular na constelação de http://commons.wikimedia.org/wiki/ 23/08/2012


Sagitário / ESA/Hubble & NASA / Creative File:Messier_54_HST.jpg
Commons Attribution 3.0 Unported
17 Apollo 15 / NASA / Public Domain. http://commons.wikimedia.org/wiki/ 23/08/2012
File:Apollo_15_launch.jpg
31 Estrela V838 Monocerotis / NASA, ESA and http://commons.wikimedia.org/wiki/ 23/08/2012
H.E. Bond (STScI) / Public Domain. File:V838_Mon_HST.jpg

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