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Gravitação

Aspectos introdutórios
Gravitação pode ser descrita como a parte da Física que se
dedica ao estudo de interações tendo a massa como objeto
fundamental, e também aos movimentos gerados a partir destas
interações. Notadamente, gravitação estuda a ação do campo
gravitacional sobre corpos massivos, cujos tamanhos podem
variar desde uma laranja até planetas como Júpter.
Primeiros
modelos
• Modelo de Aristóteles (384-
322 a.C): Propôs o modelo
geocêntrico, em que a Terra
estaria imóvel no centro do
Universo, enquanto a Lua, o
Sol e os planetas
conhecidos, Mercúrio,
Vênus, Marte, Júpiter e
Saturno, girariam em órbitas
circulares em torno da Terra.
Primeiros
modelos
•Modelo de Ptolomeu (100–
178 d.C.): Ptolomeu
modificou o modelo
geocêntrico de Aristóteles,
este acrescentou um
movimento circular de cada
planeta em torno de um
ponto, que por sua vez
executava um movimento
circular em torno da Terra.
O modelo de
Copérnico –
Heliocêntrico
As leis de Kepler – Elipse
Antes de introduzir as leis de Kepler, é importante discutir um conceito geométrico fundamental
para a formulação de tais leis, o conceito de elipse.

Elipse é o conjunto de pontos de um plano para os quais a soma das distâncias d1 e d2 ,


respectivamente a dois pontos fixos, denominados focos, F1 e F2 , pertencentes a esse mesmo
plano, permanece constante.
Considere a figura ao lado, onde:
OA1 = OA2 = Semi-eixo maior;
OB1 = OB2 = Semi-eixo menor.
Definindo OA1 + OA2 = E o eixo maior da elipse, e OF1 + OF2 = f , sendo
a distância entre os focos. Podemos definir a excentricidade da elipse e,
como:

Quanto mais próximo de 0 estiver, mais circular será o formato da


elipse, e quanto mais próximo de 1 maior será o achatamento da elipse.
1ª lei de Kepler –
Lei das Órbitas
A primeira lei de Kepler pode ser enunciada
como:

“As órbitas descritas pelos planetas em


redor do Sol são elipses com o Sol
ocupando um dos focos.”
A partir da figura ao lado, podemos definir o
raio médio da órbita como:
2ª lei de
Kepler – Lei
das áreas
A segunda lei de Kepler pode ser enunciada como:

“O raio vetor que liga um planeta ao Sol descreve áreas


iguais em tempos iguais.”

Dessa forma, num dado intervalo de tempo , o planeta


descreve uma porção maior da órbita quando está no
periélio (ponto mais próximo do Sol) do que no afélio (ponto
mais distante do Sol). Essa lei mostra que a velocidade
areolar é constante, ou seja,
3ª lei de Kepler – Lei dos períodos

A terceira lei de Kepler pode ser escrita como:

“Os quadrados dos períodos de revolução de dois planetas quaisquer estão


entre si como os cubos de suas distâncias médias ao Sol.”

Assim, se T1 e T2 são os períodos de revolução de dois planetas cujas órbitas têm


raios médios R1 e R2 respectivamente, a terceira pode ser escrita matematicamente
como:

Podemos ainda escrever a terceira lei de Kepler em sua forma mais genérica:

Onde K é a constante de Kepler e depende da massa do Sol.


Universalidade das leis de Kepler

As leis de Kepler aqui apresentadas são válidas para qualquer sistema do Universo que
possua um grande objeto massivo e objetos menores orbitando em torno do mesmo, como
por exemplo Júpiter e seus 16 satélites, e também o sistema Terra-Lua e satélites artificiais
orbitando o nosso planeta.
Aplicação

1) A distância média do Sol até o planeta Júpiter é de 5,20 UA. Qual é o período da órbita de
Júpiter em torno do Sol?

Solução:

Sabemos que o período de translação da Terra em torno do Sol é de 1 ano terrestre, , e a


distância média ao Sol é de . Sabendo que , usando a 3ª lei de Kepler podemos calcular o
período de translação de Júpiter em torno do Sol:
2) Considere um planeta hipotético executando uma órbita circular em torno do Sol. Admita que o
raio da órbita desse planeta é quatro vezes maior que o raio da órbita da Terra em torno do Sol.
Nessas condições, qual o período de translação, em anos terrestres, do referido planeta?

Solução:

Vamos aplicar a 3ª lei de Kepler para resolver esse problema.


Então,

Substituindo os dados, e , então:


Lei da Gravitação Universal

A lei da gravitação universal de Newton, estabelece:

“Entre duas partículas de massas m1 e m2 existe um par de forças de atração cuja


intensidade é diretamente proporcional ao quadrado da distância entre elas.”

Matematicamente, a lei da gravitação universal é escrita como:

Onde é a constante da gravitação universal.


𝐹 −⃗
𝐹
m1 m2

d
Representação gráfica da lei da gravitação universal

𝑚⋅ 𝑀
𝐹 𝐺=𝐺 2
=¿
𝑑
Distância d 2d 3d 4d
Força
Movimento de satélites – órbitas circulares
Consideremos o sistema representado pela figura ao lado, onde
tem-se um objeto de massa M e um satélite de massa m (M>>m)
orbitando tal objeto. Pela 2ª lei de Kepler, sabemos que se o
objeto estiver em uma órbita circular, então seu movimento é
uniforme. Então, podemos escrever: m

𝐹 𝑣

R
Podemos ver que a velocidade do satélite independe de sua
massa.
M
Período de revolução
Como o satélite executa um MCU, então temos que as seguintes relações podem ser aplicadas:

Sabemos que a velocidade de revolução foi calculada anteriormente, então:

Podemos fazer ainda,

E assim, demonstramos a 3ª lei de Kepler e mostramos explicitamente que a constante de Kepler depende da
massa do objeto de maior massa.
Velocidade areolar
Como o satélite executa um MCU, então quando este realiza uma volta completa em sua órbita,
seu vetor posição em relação ao centro do planeta varre uma área durante um intervalo de tempo
. Então, a velocidade areolar é definida como:

Mas sabemos que o período já foi calculado, substituindo, temos:

Podemos ver que assim como , a velocidade areolar independe da massa do satélite.
3) Considere uma estrela A e dois planetas B e C, alinhados em determinado instante, como pode
ser visto na figura. A massa da estrela vale , e as massas de B e C são M e 2M, respectivamente.
Sendo dadas a distância x e a constante de gravitação G, calcule a intensidade da força
gravitacional resultante devido a A e C sobre B.

Solução:
Pela configuração apresentada na figura vemos que o planeta B é atraído pela estrela A e
pelo planeta C, então:

E a resultante será:
4) Considere uma estrela A e dois planetas B e C, alinhados em determinado instante, como pode ser
visto na figura. A massa da estrela vale , e as massas de B e C são M e 2M, respectivamente.
Considere que os planetas B e C estão a uma distância x um do outro e que a distância entre a estrela A
e o planeta C vale R, qual deve ser o valor de x para que a força resultante sobre B tenha intensidade
nula?

R-x

R
Solução:
A solução desse problema é semelhante ao feito no problema anterior, sabemos que a resultante
sobre o planeta B é,
5) Em torno de um planeta fictício gravitam, em órbitas circulares e coplanares, dois satélites
naturais: Taurus e Centaurus. Sabendo que o período de revolução de Taurus é 27 vezes o de
Centaurus, e que o raio da órbita de Centaurus vale R, determine: (a) o raio da órbita de Taurus; (b)
o intervalo de valores possíveis da distância que separa os dois satélites.

Solução:
6) Em determinado instante, três corpos celestes A, B e C têm seus centros de massa
alinhados, como mostra a figura. Sabendo que as massas valem 5M, 2M e M,
respectivamente, determine a relação entre as forças gravitacionais que B recebe de A e C.

Solução
7) Um satélite de massa m descreve uma órbita circular de raio R em torno de um planta de
massa M (M>>m). Sendo G a constante da gravitação universal, calcule a velocidade angular do
satélite. A velocidade angular depende da massa do satélite?

Solução

m
8) Considere um satélite estacionário de massa kg descrevendo uma órbita circular de centro coincidente
com o centro da Terra, cujo raio é m. Supondo conhecidas a massa da Terra, kg, e a constante da
gravitação , calcule: (a) a que altura em relação à superfície da Terra, em km, encontra-se o satélite? (b) a
velocidade de translação ao longo de sua órbita, em km/s.

Solução
Campo
Gravitacional
•Linhas de força ou linhas de
campo são uma forma de
representar o campo
gravitacional em cada ponto do
espaço, permitindo assim
calcular a intensidade do campo
gravitacional nesse ponto, bem
como saber sua orientação. Para
um objeto perfeitamente
esférico, as linhas de campo
terão a direção do centro do
objeto, como pode ser visto na
figura ao lado.
Cálculo do campo gravitacional
Vamos considerar um astro cuja forma é de uma esfera
perfeita e homogênea, de raio R e massa M. Agora, um corpo
se encontra a uma altura h da superfície desse astro e este
sofrerá a ação da força gravitacional devido ao astro. Pela lei
da gravitação universal podemos escrever:

Mas sabemos também pela 2ª lei de Newton, que o objeto de


massa m sentirá o efeito da força peso, , então:

Essa é a expressão para o cálculo do campo gravitacional de


um astro segundo a Lei da Gravitação Universal. Se
quisermos saber o campo na superfície do astro, basta fazer
h=0:
Campo no interior de um objeto
Vamos agora encontrar o campo gravitacional no interior de um objeto massivo.
Consideremos que o objeto é esférico e possui uma distribuição homogênea de massa.
Imaginemos um ponto a uma distância r do centro da esfera, vamos calcular o campo
nessa posição.

O campo gravitacional na superfície da esfera azul da figura será:

Onde m é a massa correspondente à esfera azul. A massa específica da


esfera é dada por: R
r
Substituindo na expressão do campo gravitacional, temos:

Onde .
Gráfico do
campo
gravitacional
•Com as expressões para o
campo gravitacional dentro e
for a de um objeto massivo
obtidas, podemos agora
analisar graficamente o
comportamento do campo em
função da distância.
Influência da rotação no campo gravitacional
•Consideremos um astro com formato esférico e homogêneo de
massa M e raio R em rotação uniforme em torno de um eixo
imaginário passando por seu centro de massa, e velocidade
angular , como pode ser visto na figura. No ponto A a uma latitude
é colocado um corpo de prova de massa m, que descreverá uma
trajetória circular de raio r e velocidade angular . Esse corpo está
sujeito à força gravitacional e também à força centrípeta e à força
peso, ou seja, teremos:

Onde,

E P é o peso aparente do corpo, que nos fornecerá o valor da


aceleração da gravidade aparente.
Corpo de prova no Equador ()
Nesse caso, teremos:

No Equador as três forças possuem mesma direção e mesmo sentido, então:

Analisando esta equação podemos perceber que se a velocidade angular aumentar,


consequentemente a aceleração da gravidade diminuirá.
Corpo nos pólos ()
Nesse caso, r=0 e consequentemente a força centrípeta será nula. Dessa forma, teremos:

Isso nos leva a concluir que nos pólos, como não há influência do movimento de rotação, então o
peso aparente coincide com o peso real do corpo.
Energia potencial e velocidade de escape
A energia potencial gravitacional com um referencial no infinito pode ser
escrita por:

deslocamento
Como o campo gravitacional é conservativo, a energia mecânica do sistema
será:

A velocidade de escape de um corpo lançado da superfície de um planeta é ⃗


𝐹
dada por:
d

R R

M
9) Considere o raio médio da órbita de Plutão 100 vezes maior que o raio médio da órbita de
Mercúrio, e 40 vezes maior que o raio da órbita da Terra. Sabendo que a duração aproximada do ano
em Mercúrio é de 3 meses terrestres e que a velocidade orbital da Terra tem intensidade igual a 30
km/s, determine: (a) a duração do ano de Plutão em anos terrestres; (b) a intensidade da velocidade
orbital de Plutão.

2 2 2 2 3
𝑇 𝑇 𝑇𝑃 𝑇𝑀 𝑅𝑃 2
𝑇 2=𝐾 𝑅3 ⟹ 𝑇 2𝑃 = 𝐾 𝑅 3𝑃 ; 𝑇 2𝑀 =𝐾 𝑅3𝑀 ⟹ 𝑃3 =𝐾 ; 𝑀3
=𝐾 ⟹ 𝐾 =𝐾 ⟹ 3
= 3
⟹ 𝑇 2
𝑃 = 3
𝑇𝑀
𝑅𝑃 𝑅𝑀 𝑅𝑃 𝑅𝑀 𝑅𝑀
10) Pretende-se colocar um satélite em órbita circular em torno da Terra, a uma altitude de 270 km
acima da superfície terrestre. Sendo conhecidas a constante da gravitação (), a massa da Terra () e o
raio do planeta (), determine: (a) a intensidade da velocidade linear que o satélite manterá ao longo da
órbita; (b) o período de revolução do satélite.
11) Um anel de Saturno é constituído por partículas girando em torno do planeta em órbitas circulares.
(a) Em função da massa M do planeta, da constante de gravitação universal G e do raio da órbita r,
calcule a intensidade da velocidade orbital de uma partícula do anel.
(b) Sejam Ri o raio interno e Re o raio externo do anel. Qual a razão entre as velocidades angulares e de
duas partículas, uma na borda interna e outra na borda externa do anel?
12) Admita que na superfície da Terra, desprezando os efeitos da rotação do planeta, o campo
gravitacional possui intensidade . Sendo R o raio da Terra, a que altitude o campo gravitacional terá
intensidade ?
13) Um meteorito adentra o campo gravitacional terrestre e, sob sua ação exclusiva passa a se mover
de encontro à Terra, em cuja superfície a aceleração da gravidade tem módulo 10 m/s2. Calcule o
módulo da aceleração do meteorito quando ele estiver a uma altitude de nove raios terrestres.
14) Um artefato espacial sem propulsão, lançado verticalmente da superfície de um planeta de
massa M e raio R, atinge uma altura máxima igual a R. Supondo que o planeta seja isolado,
estacionário e sem atmosfera, calcule a intensidade da velocidade de lançamento do artefato.
Considere conhecida a Constante da Gravitação G
14) Um corpo, lançado verticalmente da superfície da Terra (massa M e raio R), atinge uma altura
máxima igual ao triplo do raio terrestre. Supondo a Terra estacionária no espaço, calcule a
intensidade da velocidade de lançamento do corpo. Considere conhecida a Constante da Gravitação
G e admita que, durante o movimento, a única força que age no corpo seja a gravitacional exercida
pela Terra.
15) Calcular o módulo da velocidade que adquiriria um corpo se, partindo do repouso de um ponto
B, infinitamente afastado, caísse livremente na superfície da Terra, num ponto A. Despreze todos
os movimentos da Terra (raio igual a 6,4 · 106 m), a influência do ar e adote a aceleração da
gravidade na superfície do planeta igual a 10 m/s2.
16) Um satélite, lançado da superfície da Terra, é destinado a permanecer em órbita terrestre a
uma altura R. Supondo que a energia mecânica do satélite seja conservada, que R seja o raio da
Terra e g a aceleração da gravidade em sua superfície, podemos afirmar que o módulo da
velocidade de lançamento é:
17) Na figura, dois corpos celestes de massas iguais a M, com centros de massa separados por uma distância D,
descrevem movimento circular e uniforme em torno do centro de massa (CM) do sistema. As únicas forças a
serem consideradas são as de atração gravitacional trocadas entre os dois corpos. Sendo G a Constante da
Gravitação, calcule: a) a energia cinética de um dos corpos em relação ao centro de massa do sistema; b) a
energia de ligação entre os dois corpos. Considere nula a energia potencial gravitacional no caso de a distância
entre os dois corpos ser infinita.

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