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Instituto de Física - UFRJ

Relatório de Física Experimental I - 2019/1


Nome: Heitor Martins Nome: Mariana Gomes Nome: Marina Pais
Professora: Cássia Nascimento Turma: OV1- 420 Horário: Sexta 13-15h

Experimento 4: Sistema de partículas, colisão elástica e


inelástica

Resumo

Neste experimento, pretende-se determinar o valor da aceleração da gravidade g, a


partir do estudo e da observação do movimento de um carrinho em um plano inclinado,
utilizando um trilho de ar, cuja superfície possui a capacidade de reduzir o atrito a um valor
desprezível. Ao fim, observando os dados do experimento, conclui-se que ao diminuir
bruscamente o atrito que surge entre o carrinho e o plano inclinado, é possível observar que a
aceleração adquirida pelo objeto independe de sua massa, mas sim da inclinação do plano
com a superfície, e assim comparar o resultado obtido com o valor de referencia para a cidade
do Rio de Janeiro.

Introdução

Este experimento teve por objetivo obter o valor experimental da aceleração da


gravidade g, a partir da analise do movimento de um objeto em um plano inclinado sem
atrito.
A aceleração é a derivada da velocidade em função do tempo, sendo uma grandeza
vetorial que pode ser obtida através da fórmula:
𝑑𝑉
𝑎=
𝑑𝑇

O plano inclinado caracteriza-se como uma máquina simples que consiste


basicamente em uma superfície plana cuja altura é diferente nos pontos inicial e final, como
descrito na imagem abaixo, onde Px e Py são as componentes da força peso, a a aceleração, e
FN a força normal, perpendicular a superfície.
:

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Figura 1: Diagrama de forças de um objeto sobre um plano inclinado sem atrito
Um corpo em um plano inclinado sem atrito com angulação θ em relação ao solo
tende a aumentar constantemente sua velocidade devido a aceleração da gravidade
(978,7±0,1)cm2 [1] para a cidade do Rio de Janeiro, segundo a fórmula (vide apêndice A):
𝑎 = 𝑔 ∗ 𝑠𝑒𝑛𝜃

Para tal, o essencial deve ser assegurar que a resultante das forças seja nula, e por isso
o uso do trilho de ar (reduzindo consideravelmente o atrito), e que a velocidade do carrinho
não seja alta o suficiente para que a resistência do ar influencie de forma notável o
experimento.

Método experimental

Para realizar o experimento foi utilizado o trilho de ar, que é um dos equipamentos
que proporciona um estudo dos movimentos unidimensionais de forma mais tangível, ao
reduzir significativamente as forças de atrito que poderiam agir sobre o carrinho quando o ar
comprimido fosse liberado por meio de orifícios espalhados de forma regular ao longo das
faces laterais do trilho. De tal forma, o objeto se desloca a partir da camada de ar gerada,
como se flutuasse sobre o trilho, permitindo a desconsideração do atrito.

Por primeiro, foi necessária a certificação de que o trilho de ar funcionando


corretamente. Depois, foram colocados 6 e 8 bloquinhos de madeira para criar duas
angulações e acelerações no trilho. Após tal procedimento, foi posicionado o tripé para
começar o preparo para a gravação, onde a câmera foi posta na altura do equipamento a uma
distância que permitia que todo o comprimento do trilho estivesse dentro do campo de visão
da câmera.

Inclinação h1 h2 L Sin(θ)
1 (14,0±0,1)cm (19,5±0,1)cm (94,3±0,1)cm 0,06
2 (14,2±0,1)cm (21,1±0,1)cm (51,7±0,1)cm 0,07

O filme foi gravado em 30 frames (quadros por segundo), com resolução de


848x480px. Para calibrar a imagem de cada quadro, o vídeo foi convertido para o formato
.avi e com o auxílio de um computador, foi manipulado por meio do programa ImageJ. Neste
programa, foi medido o comprimento do trilho em pixels com a finalidade de determinar uma
constante de calibração k. Para ajustar a inclinação do trilho causada por falhas no ajuste da
câmera no tripé, foi considerado o eixo y dos pixels extremos do trilho, ou seja, as posições

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verticais, pois apresentavam mais de 3 pixels de discrepância, a partir da formula apresentada
no apêndice C.
Na Tabela 1 estão descritos os resultados experimentais para o cálculo da constante, e
sua incerteza, calculada a partir da propagação das incertezas da fórmula de calibração
apresentadas no Apêndice A.

Grandeza Resultado experimental

L (200,0±0,1)cm

k (0,330±0,002) cm/pixel

P (596±3) pixel

Tabela 1: Calibração das imagens do vídeo para o levantamento de dados.

A constante de calibração k tem por finalidade auxiliar na aferição das posições


respectivas do carrinho que inicialmente estavam em pixels, e, para tal, foram considerados
os dados do comprimento L do trilho em centímetros, que foi dado como referencia (tabela 1)
e o comprimento P do trilho em pixel, como pode ser expresso na fórmula a seguir:

𝐿
𝑘=
𝑃
(1)
Para observar as posições do carrinho, foram escolhidos frames múltiplos de 6,
utilizando o canto superior esquerdo de cada um como referencial, resultando em 20 posições
diferentes, 10 antes da colisão e 10 após a mesma. O tempo foi observado em segundos.
Observamos que, ao se mover o carrinho deixa um “rastro” de pixels com menor
opacidade, através da quantidade de pixels desse rastro obtivemos uma incerteza δp,
equivalente a 3 (média escolhida em concordância entre o grupo). Com a constante de
calibração, foi possível transformar as posições de pixel para centímetros, e propagando a
incerteza da fórmula de calibração obtivemos a incerteza da posição em centímetros, cuja
fórmula encontra-se no Apêndice A.

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Levantamento de Dados

A tabela 2 contém todas as informações obtidas através do levantamento de dados.

Quadro t(s) p1±δp1 x1±δx1 p2±δp2 x2±δx2

1 0,5 480±3 158,4 321±3 105,93

2 0,6 471±3 155,43 321±3 105,93

3 0,7 461±3 152,13 321±3 105,93

4 0,8 451±3 148,83 321±3 105,93

5 0,9 442±3 145,86 321±3 105,93

6 1 432±3 142,56 321±3 105,93

7 1,1 422±3 139,26 321±3 105,93

8 1,2 412±3 135,96 321±3 105,93

9 1,3 401±3 132,33 321±3 105,93

10 1,4 393±3 129,69 318±3 104,94

11 1,5 392±3 129,36 310±3 102,3

12 1,6 393±3 129,69 302±3 99,66

13 1,7 394±3 130,02 294±3 97,02

14 1,8 395±3 130,35 287±3 94,71

15 1,9 397±3 131,01 279±3 92,07

16 2 398±3 131,34 271±3 89,43

17 2,1 398±3 131,34 264±3 87,12

18 2,2 400±3 132 256±3 84,48

19 2,3 400±3 132 247±3 81,51

20 2,4 401±3 132,33 239±3 78,87

Tabela 2: Posição do móvel em função do tempo.

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Resultados e discussões

A partir dos dados da tabela 2, foi possível construir um gráfico de posição em função
do tempo no papel milimetrado, encontrado no Anexo A. No gráfico construído é possível
observar que os pontos seguem o comportamento esperado para um MRUV, o gráfico se
apresenta linearmente com uma boa precisão, mostrando que as hipóteses previamente
mencionadas podem ser verificadas.
Através do gráfico, podemos determinar a velocidade do móvel através do Método
Gráfico, através da determinação do coeficiente angular, e do Método de Mínimos
Quadrados, através do ajuste linear. Para o Método de Mínimos Quadrados foi utilizado o
programa QtiPlot.
Para o método gráfico, determinamos o coeficiente angular da reta através do
quociente das diferenças da posição e tempo. A expressão para o cálculo do coeficiente
angular se encontra no Apêndice B. Para o Método de Mínimos Quadrados, o ajuste linear foi
feito através do programa QtiPlot. O ajuste pode ser visto no Gráfico 1

Gráfico 1:Gráfico formado a partir do levantamento de dados

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O QtiPlot nos forneceu a velocidade e a posição do móvel no instante inicial,
equivalente a 0, pois tanto o instante t0 quanto a posição x0 foram normalizadas para o valor
0. O programa também forneceu a incerteza de cada informação. Para a determinação da
incerteza do método gráfico foi utilizado 6%[1]. Os dados de cada método podem ser
encontrados na Tabela 3.

Da comparação dos resultados da Tabela 3, podemos dizer que os resultados são


compatíveis.
As informações fornecidas pelo QtiPlot também podem ser utilizadas para achar a
equação de reta, de forma f(x)=Ax+B, onde A=(59,4±0,1) e B=(-32,5±0,3). Assim é possível
traçar a reta do Ajuste Linear. Também foi descrita a reta máxima e a reta mínima no papel
milimetrado e no QtiPlot, para um erro de 6%[1], tal como a equação da reta para ambas
como descrito na tabela 4.

Coeficiente linear B (2,8 ±1,8)

Coeficiente angular A (5,7±1,1)


Tabela 4:Coeficientes médios, mínimos e máximos para as equações da reta

A partir de tais dados, obtemos as seguintes equações da reta:

Equação da reta y=59,4x-32,5

Equação da reta mínima y=55,8x-30,5

Equação da reta máxima y=63,0x-34,4

Tabela 5:Equações da reta a fim de obter o ajuste linear

6
Por fim, por meio de funções (equações da reta) inseridas no gráfico 1 ( já
apresentado no relatório) por meio do Qtiplot, foi possível observar e traçar o ajuste linear de
forma mais completa.
Gráfico 2:Gráfico de posição em função do tempo com as retas máxima, mínima e o ajuste linear

Conclusão

Com o experimento, podemos concluir que é possível para um corpo se mover em


MRUV caso possamos eliminar as forças de atrito e a soma das forças atuantes sobre este
seja igual a 0. Durante o trajeto do móvel, ele estava sujeito apenas a força de resistência do
ar, já que as outras se anulam. A resistência do ar foi desprezível para o resultado final do
experimento, já que o móvel apresentou uma velocidade constante. As hipóteses previamente
estabelecidas antes da realização do experimento se mostraram coerentes com o resultado,
comprovando a teoria.

Referências
[1] Apostila Física Experimental I, IF-UFRJ, 2019-1
[2] Guia de Laboratório I, IF-UFRJ, 2002-1

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Apêndice A
As fórmulas de propagação de incerteza utilizadas na determinação da constante k e
da posição em centímetros são, respectivamente:

1 2 𝐿 2
𝛿𝐶 = √(𝑃) (𝛿𝐿)² + (𝑃2 ) (𝛿𝑃)²
(2)
𝛿𝑥𝐿 = √(𝑥𝑃)2 (𝛿𝐶)2 + (𝐶)²(𝛿𝑥𝑃)²
(3)
𝐿
𝐶=
𝑃
(4)

Onde xL é a posição em centímetros, xP a posição em pixels, P e L correspondem ao


comprimento em pixels e em centímetros respectivamente, considerou-se que a incerteza da
posição em pixels é a mesma incerteza da medida do comprimento do trilho em pixels.

Apêndice B
Para determinar o coeficiente angular foi utilizado a fórmula:

𝑥𝑓−𝑥𝑖
𝑉=
𝑡𝑓−𝑡𝑖
(5)

Apêndice C
Para corrigir a inclinação do trilho no vídeo:

𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔(𝜃)
𝑦−𝑦0
𝑡𝑔(𝜃) =
𝑥−𝑥0

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Onde (y,y0) são as posições verticais extremas do trilho, e (x,x0) posições horizontais
do trilho

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