Você está na página 1de 18

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

CENTRO MULTIDISPLINAR DE CARAÚBAS


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Carlos Ernane Bezerra de Morais


Luis Gustavo Ferreira Lopes
Saulo Gabryel Alves de Almeida
Rafael Gonçalves Diniz Sobreira

Relatório de Laboratório de Eletricidade e Magnetismo

Caraúbas
2022
Carlos Ernane Bezerra de Morais
Luis Gustavo Ferreira Lopes
Saulo Gabryel Alves de Almeida
Rafael Gonçalves Diniz Sobreira

Relatório de Laboratório de Eletricidade e Magnetismo

Relatório de Laboratório de Eletricidade e


Magnetismo apresentado ao Curso de
Bacharelado em Ciência e Tecnologia, do
Departamento de Ciência e Tecnologia da
Universidade Federal Rural do Semi-Árido,
como requisito de avaliação para a primeira
unidade da disciplina de Laboratório de
Eletricidade e Magnetismo ministrada pelo
professor Dr. Mackson Mateus Franca
Nepomuceno.

Caraúbas
2022
CAMPO MAGNÉTICO DA TERRA

INTRODUÇÃO
A física é uma ciência que consta do estudo dos fenômenos naturais e
propriedades da matéria, com base nisso, ela nos permite ter uma
compreensão melhor do que muitas vezes acontece no nosso dia a dia. O
magnetismo é um dos campos mais antigos da ciência com grandes aplicações
no cotidiano. “Os fenômenos magnéticos foram observados pela primeira vez
há pelo menos cerca de 2.500 anos, em fragmentos de minério de ferro
imantados nas proximidades da antiga magnésia” (FREEDMAN; YOUNG,
2015, p. 219). Hoje em dia os fragmentos de minério são conhecidos como
imãs permanentes, esses imãs geralmente são encontrados nas portas de
geladeiras.
Ao pensar em magnetismo temos que falar sobre o campo magnético
da terra. Também chamado de campo geomagnético se estende do interior da
terra para o espaço e é semelhante a um escudo que protege a terra, pois
serve para desviar a maior parte dos ventos solares. Esse campo é gerado
pois a terra possui um núcleo formado por ferro e níquel que está há 3 mil
quilômetros abaixo da superfície. Com a rotação da terra, essas substâncias
ficam em constante movimento e criam correntes elétricas, dessa maneira
formando campos magnéticos [2]. O campo magnético terrestre é semelhando
a um dipolo magnético, onde é encontrado um polo norte e um polo sul, sua
magnitude varia entre 30µT até 60µT. Com a ideia de magnetismo e o campo
magnético terrestre surgiu a bússola, um instrumento que tem uma agulha
magnetizada que tende a se alinhar com a direção norte-sul da terra tendo
fundamental importância para orientação.
Ao colocar uma bússola magnética em um solenoide transportando
corrente elétrica, de forma a deixar o campo magnético terrestre perpendicular
com o campo produzido pela corrente no solenoide, verificamos que a agulha
da bússola procurará ficar orientada no campo resultante da soma vetorial
destes dois campos. Dessa forma, o experimento consiste em analisar o
campo magnético da terra com dados colhidos no experimento.
PROBLEMA
Sabe-se que a terra possui um campo magnético devido as interações
de substâncias como ferro e níquel. Ao magnetizar um objeto metálico este
objeto tende a fica magnetizado, com isso é possível fazer um instrumento
capaz de orientar o espaço geográfico terrestre, esse instrumento é conhecido
como bússola. Ao colocar uma bússola em torno de objeto transportando
corrente, este tende a sofrer uma alteração no campo magnético devido ao
campo externo gerado pela corrente elétrica. Diante desse fato surge os
seguintes questionamentos. Como descobrir o campo da terrar colocando um
campo externo a bússola e porque ela tende a modificar sua orientação do
norte-sul terrestre?

REFERENCIAL TEÓRICO
O mundo do magnetismo desperta um grande interesse de estudiosos,
pois o fenômeno de atrair coisas permeia leis e comportamentos físicos da
natureza magnética que serve para várias aplicações do cotidiano.
A origem dos campos magnéticos consiste em duas formas. A primeira
consiste em usar partículas eletricamente carregadas em movimento o que
gera um fluxo de cargas e estes tendo uma orientação e sentido gera uma
corrente elétrica que é capaz de gerar um campo magnético [3]. A segunda
forma se baseia no fato de que muitas partículas elementares, entre elas o
elétron, possuem um campo magnético intrínseco, ou seja, são próprios da sua
existência [3]. Tratando de objetos que possuem essa característica podemos
citar o imã. Este objeto é comumente conhecido e se trata de um dipolo
magnético, ou seja, um objeto que possui dois polos denominados de polo
Norte e polo Sul. Os polos opostos se atraem e os polos iguais se repelem, ou
seja, segue o mesmo princípio das cargas elétricas [1]. A figura 1 mostra um
imã que se comporta como um dipolo magnético, sendo o polo Sul
representado pela cor branca e a letra s e o polo Norte sendo representado
pela cor vermelha e a letra N. pela figura observa-se que os polos opostos se
atraem.
Figura 1 – dipolo magnético com polos opostos

Fonte: Freedman Young (pág 219)

Já quando dois polos iguais são aproximados um do outro os mesmos


tendem a se repelirem. A figura 2 exemplifica esse tipo de situação, ou seja,
mostra o comportamento de um dipolo magnético para polos iguais.

Figura 2 – dipolo magnético com polos iguais

Fonte: Freedman Young (pág 219)

Uma característica de um imã ou dipolo magnético é que seus polos


nunca se separam, assim, ao tentar quebrar um dipolo obtém-se outro dipolo
magnético, dessa maneira os polos magnéticos existem sempre formando
pares.

Polos magnéticos e carga elétrica


“A primeira evidência da relação entre o magnetismo e o movimento de
cargas foi descoberta em 1820 pelo cientista dinamarquês Hans Christian
Oersted” (FREEDMAN; YOUNG, 2015, p. 220). Ele verificou que a agulha de
uma bússola era desviada por um fio conduzindo uma corrente elétrica. Assim,
como toda matéria é constituída por prótons, neutros e elétrons no interior de
um corpo imantado, existe um movimento ordenado de alguns elétrons dos
átomos [1]. Dessa forma, verifica-se que as interações elétricas e magnéticas
estão relacionadas.
Campo magnético
Podemos descrever as interações magnéticas do seguinte modo:
cargas móveis ou correntes elétricas criam campos magnéticos em suas
vizinhanças. O campo magnético exerce uma força sobre qualquer outra
corrente ou carga que se mova no interior do campo [1]. Assim, como o campo
elétrico, o campo magnético trata-se de uma grandeza vetorial associada a
cada ponto do espaço. A expressão que define o campo magnético é a
seguinte;
𝐹𝐵
𝐵= (1)
|𝑞|𝑣

Onde
B: é o campo magnético;
FB: é a força magnética;
q: é a carga elétrica;
v: é a velocidade.

A unidade de campo magnético no SI é Tesla, representado pela letra T. Na


forma vetorial a Eq.1 se torna a seguinte:
𝐹⃗𝐵 = 𝑞𝑣⃗ × 𝐵
⃗⃗ (2)

Assim, a força magnética que age sobre a partícula é igual a carga multiplicada
pelo produto vetorial da velocidade pelo campo magnético [3]. O produto
vetorial da Eq. 2 fornece a orientação da força magnética, logo, de acordo com
a regra da mão direita podemos determinar o sentido da força magnética. A
figura 3 mostra como devemos utilizar a regra da mão direita para determinar
o sentindo da força magnética.

Figura 3 – regra da mão direita para determinar orientação de FB

Fonte: Halliday Resnick (pág 444)


⃗⃗ temos que estender a mão em 𝑣⃗ e
Como o produto vetorial é 𝑣⃗ × 𝐵
⃗⃗. O polegar diz a orientação da força magnética.
fechar em 𝐵
Em termos de módulo podemos escrever a Eq. 2 da seguinte forma;
𝐹𝐵 = 𝑞𝑣𝐵 sin(𝜃) (3)

Onde 𝜃 é o ângulo entre a velocidade e o campo magnético. Com base na Eq.


3 podemos observar que a força magnética é proporcional ao produto da carga
e da velocidade, dessa forma, se a carga é zero ou está parada a força
magnética vai ser zero. Também podemos observar que se o ângulo 𝜃 entre a
velocidade e o campo magnético for 0 ou 180, ou seja, paralela e antiparalela
a força magnética é nula, no entanto, se o ângulo 𝜃 entre a velocidade e o
campo for perpendicular a força magnética será máxima [3].

Campo magnético da Terra


“A Terra é um grande ímã; em pontos próximos da superfície terrestre,
o campo magnético se assemelha ao campo produzido por um gigantesco ímã
em forma de barra (um dipolo magnético) que atravessa o centro do planeta”
(HALLIDAY; RESNICK, 2016, pag. 729). A figura 4 mostra uma representação
do campo dipolar da terra.
Figura 4 – representação do campo magnético da terra

Fonte: Halliday Resnick (pág 730)

É possível notar que o eixo simetria da terra não é paralelo ao eixo de


rotação. Como o campo magnético da terra é um campo de um dipolo
magnético, existe um momento dipolar magnético 𝜇⃗ associado ao campo [3].
Como podemos perceber as linhas do campo magnético terrestre sai do
hemisfério sul e entram no hemisfério norte.
É possível descobrir qual a orientação do campo magnético terrestre
usando uma bússola. Como a bússola nada mais é que um ímã em forma de
agulha montado sobre um eixo vertical e livre para girar, ou seja, um
instrumento de orientação baseada em propriedades magnéticas e que se
orienta na direção norte-sul geográfica o campo magnético da terra tende a
interagir com a bússola e assim mostrar a orientação [3]. Ao ser colocado em
um campo externo a orientação da mesma tende a se modificar, assim, sua
orientação tende a ficar orientanda no campo magnético resultante da soma
vetorial dos dois campos. Assim;
⃗⃗𝑅 = 𝐵
𝐵 ⃗⃗𝑇 + 𝐵
⃗⃗𝐸 (4)

Campo magnético em um solenoide


Solenoide é um tipo de bobina helicoidal formadas por espiras circulares
muito próximas e espaçadas uniformemente, concêntricos e no formato de um
cilindro de raio constante [3]. Quando há uma passagem de corrente elétrica o
mesmo tende a se comportar como um eletroímã produzindo um campo
magnético em seu interior [4]. O campo magnético de um solenoide é soma
vetorial dos campos produzidos pelas espiras, mas se as espiras estiverem
bem próximas o fio se comporta como um fio retilíneo com linhas de campos
concêntricas [3]. A figura 5 mostra esse comportamento. É possível perceber
que os campos se cancelam entre as espiras mais próximas e também é visível
as linhas de campos parecidas com a de um fio retilíneo no interior do
solenoide [3].
Figura 5 – linhas de campo de um solenoide

Fonte: Halliday Resnick (pág 530)


No ponto p da figura 5 o campo magnético é nulo, pois o campo
magnético criado pela parte superior do solenoide aponta para a esquerda e
se cancela com o campo criado em p pela parte inferior das espiras que aponta
para a direita [3]. Para um solenoide ideal o campo em p fora é nulo. A
orientação do campo magnético dentro do solenoide é dado pela regra da mão
direita, os dedos apontam no sentido da corrente e o polegar indicar o sentido
do campo magnético.
Para um solenoide ideal “O espaçamento das linhas na região central
mostra que o campo no interior do solenoide é intenso e uniforme em toda a
região, enquanto o campo externo é muito mais fraco” (HALLIDAY; RESNICK,
2016, pag. 530). A figura 6 mostra um solenoide ideal com a configuração
citada.
Figura 6 – linhas de campo de um solenoide ideal

Fonte: Halliday Resnick (pág 531)

Assim, como o campo magnético é mais intenso nos pontos no interior


do solenoide e menos intenso no exterior do solenoide podemos utilizar a lei
de Ampère para determinar o campo magnético no solenoide ideal. Portanto,
fazendo uma amperiana como mostra a figura 7, determinamos o campo
magnético no solenoide percorrido por uma corrente i [3].

Figura 7 – Aplicação da lei de Ampére no solenoide ideal

Fonte: Halliday Resnick (pág 531)


Usando a lei de Ampère, temos
⃗⃗ ⋅ ⅆ𝑠⃗ = 𝜇0 𝑖env
∮𝐵 (5)

𝒃 𝒄 ⅆ 𝒂

∮ ⃗𝑩
⃗⃗ ⋅ ⅆ𝒔
⃗⃗ = ∫ ⃗𝑩
⃗⃗ ⋅ ⅆ𝒔
⃗⃗ + ∫ ⃗𝑩
⃗⃗ ⋅ ⅆ𝒔
⃗⃗ + ∫ ⃗𝑩
⃗⃗ ⋅ ⅆ𝒔
⃗⃗ + ∫ ⃗𝑩
⃗⃗ ⋅ ⅆ𝒔
⃗⃗ = 𝝁𝟎 𝒊𝐞𝐧𝐯
𝒂 𝒃 𝒄 ⅆ

Como podemos observar as integrais com limites de integração “bc”, “cd”


e “da” são nulas. A integral “bc” e “da” são nulas porque os elementos ds são
perpendiculares ao campo, ou seja, formam um ângulo de 90º e como se trata
de um produto escalar pode ser escrito como ∮ 𝐵 ⅆ𝑠 𝑐𝑜𝑠(𝜃) onde cos(90°) é 0.
⃗⃗ ⋅
Já a integral “cd” é nula porque não há campo na região de c até d, logo ∮ 𝐵
ⅆ𝑠⃗ = 0. Assim
𝑏

⃗⃗ ⋅ ⅆ𝑠⃗ = 𝜇0 𝑖env
∫𝐵
𝑎

Como o campo é uniforme temos


𝑏

𝐵 ∫ ⅆ𝑠 = 𝜇0 𝑖env
𝑎

A integral de ds é s, onde s representa o comprimento h do seguimento


ab. Logo;
𝐵ℎ = 𝜇0 𝑖env (6)

Como a corrente total envolvida 𝑖env não é igual a corrente i nas espiras
do solenoide porque as espiras passam mais de uma vez pela amperiana,
temos que n é o número de espiras por unidade de comprimento do solenoide,
assim, a amperiana envolve nh espiras, portanto;
𝑖env = 𝑖𝑛ℎ
Com 𝑛 = 𝑒𝑠𝑝𝑖𝑟𝑎𝑠/𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜
Assim, a Eq. 6 se torna
𝐵 = 𝜇0 𝑖𝑛 (7)

Bússola
Baseadas em propriedades dos matérias ferromagnéticos e do campo
magnético da terra, a bússola se trata de um instrumento de navegação e
orientação. Geralmente esse instrumento é feito utilizando uma agulha
magnetizada e suspensa no seu centro de massa de forma a girar livremente,
orientando-se sempre na direção norte-sul geográfica. Ao ser colocado em
uma região de campo externo a mesma tende a ficar orientada no campo
magnético resultante da interação do campo magnético terrestre com o campo
externo [5].

Regressão Linear
Quando queremos saber se uma variável está relacionada com outra,
ou queremos linearizar uma determinada curva, devemos utilizar uma
regressão linear, ou seja, a regressão linear é uma técnica que considera
resultados obtidos e as variáveis independentes, que são relacionados por
uma função do primeiro grau do tipo y = ax + b. onde “a” é o coeficiente angular
e “b” o termo independente. A equação 8 e 9 mostra como podemos encontrar
o valor do coeficiente linear e do termo independente e assim fazer uma
regressão linear (LIMA, [entre 2010 e 2020]).
∑𝑁 1 𝑁 𝑁
𝑖=1 𝑥𝑖 𝑦𝑖 − ⁄𝑁 𝛴𝑖=1 𝑥𝑖 𝛴𝑖=1 𝑦𝑖
𝑎= 𝑁 (8)
∑𝑖=1 𝑥12 − 1⁄𝑁 (𝛴𝑖=1
𝑁
𝑥𝑖 )2

𝑁 𝑁
𝛴𝑖=1 𝑦𝑖 − 𝑎𝛴𝑖=1 𝑥𝑖
(9)
𝑁

Erro relativo percentual


Em experimentos práticos é corriqueiro ocorrer diferenças entre os
valores teóricos e os valores experimentais, desta forma, para que seja
possível observar a porcentagem de erro entre os valores reais e calculados
pode-se utilizar a fórmula do erro relativo percentual, calculado pela Equação
10.
𝑉𝑇
𝑒 = |1 − | × 100% (10)
𝑉𝑀

METODOLOGIA
A seguir serão descritos os materiais utilizados e o procedimento
experimental realizado no experimento de campo magnético da terra.
➢ Fonte de alimentação;
➢ Multímetro;
➢ Cabos conectores tipo banana e jacaré;
➢ Régua;
➢ Solenoide;
➢ Bússola magnética;
➢ Placa protoboard;
➢ Resistores.

Procedimento experimental:
Primeiramente, com o auxílio da régua o comprimento do solenoide foi
medido e anotado, em seguida o número de espiras do solenoide foi contado
e anotado. Posteriormente, para montar o circuito primeira a bússola foi
inserida no interior do solenoide, em seguida procurou-se determinar o norte
da bússola, ou seja, a posição do campo magnético da terra deixando esse
campo magnético perpendicular com o campo externo do solenoide, para fazer
esse processo, a régua foi colocada em cima do solenoide com função de
auxiliar na visualização do campo do solenoide. Com o campo magnético da
terra na direção norte e perpendicular ao campo do solenoide o sistema foi
fixado. Um cabo vermelho com pontas tipo jacaré e tipo banana foi usado, a
ponta tipo banana foi inserida no borne negativo da fonte de tensão e a outra
ponta tipo jacaré foi colocada em uma das extremidades do solenoide. Em
seguida, outro cabo vermelho com duas pontas tipo jacaré foi usado, a primeira
ponta foi colocada na outra extremidade do solenoide e a outra ponta do cabo
foi colocada na extremidade de um resistor que estava em paralelo com mais
dois resistores com resistência equivalente de 34,5 mΩ já montado pelo
técnico do laboratório, esses resistores tinha a função de fazer o solenoide não
esquentar. O multímetro foi ligado e a chave seletora foi posicionada na
grandeza física de corrente elétrica na região de 20A e mA, pois a corrente
estimada segundo o professor era de cerca de 100 mA. Um cabo preto com
pontas tipo banana e jacaré foi usado, a ponta tipo banana foi plugada na porta
comum (COM) do multímetro e a outra foi colocado na extremidade do outro
resistor. Outro cabo preto com pontas tipo banana foi utilizado. Uma ponta foi
plugada na porta de corrente elétrica (região do multímetro com símbolos de
µA e mA) e a outra ponta foi colocada no borne positivo da fonte de tensão. A
fonte de tensão tinha sido ajustada para uma corrente de 3,5 volts essa tensão
era exatamente a tensão que deixava a agulha da bússola em 60°. Por fim a
tensão da fonte de tensão foi reduzida para realizar medidas de 10° em 10°
até 10°. Para cada ângulo determinada a corrente mudava já que a tensão
mudava, esses valores de correntes foram anotados. A figura 8 mostra o
sistema montado com a fonte de tensão em 3,5 volts e uma a corrente de
aproximadamente 86,83 mA.

Figura 8 – Circuito montado com uma tensão de 3,5 V

Fonte: Elaboração própria

OBJETIVOS
Objetivos Geral
Observar e determinar o valor do campo magnético da terra resultante
de uma bússola inserida em um campo magnético externo de um solenoide.
Objetivos Específico
➢ Fazer o uso do multímetro para medir a corrente elétrica de
acordo com o ângulo sugerido;
➢ Fazer uma regressão linear para obter o campo resultando com
os dados obtidos.

ANÁLISE DE DADOS
A priori, o número de espiras do solenoide utilizado foi de 51 espiras e
o comprimento do solenoide foi 10,5 cm ou 0,105 m. Com esses valores é
possível determinar o valor de “N”, ou seja, é possível determinar a densidade
de espiras. Assim;
𝑁º ⅆ𝑒 𝑒𝑠𝑝𝑖𝑟𝑎𝑠
𝑁=
𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜

51
𝑁= = 485,7/𝑚
0,105 𝑚

Para a deflexão da agulha da bússola com um ângulo de 60° a tensão


necessária foi de 3,5 V. Em seguida medidas de deflexão de 10° em 10° foi
realizada para saber a influência do campo externo do solenoide. A tabela 1
mostra todos os valores de θ para o experimento e também os valores de
corrente elétrica correspondente a cada ângulo.

Tabela 1 - Valores de ângulo e de corrente


θ = 60° i = 86,83 mA
θ = 50° i = 58,57 mA
θ = 40° i = 40,57 mA
θ = 30° i = 27,00 mA
θ = 20° i = 16,51 mA
θ = 10° i = 9,50 mA
Fonte: elaboração própria

Como a deflexão da bússola se dá pela interação do campo gerado pela


corrente que passa no solenoide temos que a agulha da bússola irá apontar
para o campo resultante da soma vetorial do campo magnético terrestre com
o campo do solenoide. A figura 9 mostra o esquema do campo terrestre, do
campo do solenoide e do campo resultante.

Figura 9 – campo magnético da bússola e do solenoide

Fonte: elaboração própria


Assim, utilizando a Eq. 4 temos;
⃗⃗𝑅 = 𝐵
𝐵 ⃗⃗𝑇 + 𝐵
⃗⃗𝑆
Podemos observar que os vetores da figura 9 forma um triângulo
retângulo, assim podemos utilizar a relação trigonométrica tangente para
relacionar o ângulo θ com o campo magnético da terra e o campo do solenoide
pois estes já são conhecidos. Assim;
⃗⃗⃗⃗⃗
𝐵𝑆
tg 𝜃 =
⃗⃗⃗⃗⃗
𝐵𝑇
Como ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐵𝑆 é o campo do solenoide e de acordo com a Eq. 7 temos que o
campo é:
𝐵 = 𝜇0 𝑖𝑛
Dessa forma, substituindo o campo do solenoide na expressão da
tangente, temos
𝜇0 𝑖𝑛 𝑛𝜇0
tg 𝜃 = → tg 𝜃 = ( )𝑖
⃗⃗⃗⃗⃗
𝐵𝑇 𝐵𝑇
Assim observamos que a expressão acima representa uma equação do
𝑛𝜇
primeiro grau, ou seja, y = ax + b, onde y = tg 𝜃, a = ( 𝐵 0 ), x = 𝑖 e b = 0.
𝑇

Assim podemos calcular o valor da tangente para cada ângulo e montar


um gráfico da tangente versus a corrente elétrica. A tabela 2 mostra os valores
corresponde da tangente para cada ângulo. Portanto;

Tabela 2 - Valores da tangente dos ângulos e de corrente


y x
tg (60°) = 1,7320 i = 0,08683 A
tg (50°) = 1,1917 i = 0,05857 A
tg (40°) = 0,8390 i = 0,04057 A
tg (30°) = 0,5773 i = 0,02700 A
tg (20°) = 0,3639 i = 0,01651 A
tg (10°) = 0,1763 i = 0,00950 A
Fonte: elaboração própria

O gráfico 1 a seguir mostra como se comportam esses valores. Notamos


que sua linha de tendência é quase uma reta.
Gráfico 1 tg(θ ) vs corrente
2 1,732
1,8
1,6
1,4 1,1917
tg (θ) 1,2
1 0,839
0,8 0,5773
0,6 0,3639
0,4 0,1763
0,2
0
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1

Corrente (i) em Ampère

Fonte: elaboração própria

Observamos que a curva não está linearizada, assim fazendo uma


regressão linear obtemos uma reta o gráfico 2 mostra o esquema.
y = 19,841x + 0,0231
Gráfico 2 tg(θ ) vs corrente R² = 0,9987
2
1,732
1,8
1,6
1,4 1,1917
1,2
tg(θ)

1 0,839
0,8 0,5773
0,6 0,3639
0,4 0,1763
0,2
0
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1
Corrente (i) em Ampère

Fonte: elaboração própria

Percebemos que a equação que lineariza essa curva é dada por y =


𝑛𝜇
19,841x + 0,0231. Com sabemos que tg 𝜃 = ( 𝐵 0 ) 𝑖 representa uma equação
𝑇

de primeiro grau podemos compara-la com a encontrada e dessa forma


𝑛𝜇0
determinar o campo magnético da terra. Observamos que a = 19,841 = ,
𝐵𝑇

assim,
𝑛𝜇0
𝐵𝑇 =
𝑎
485,7 ⋅ 4𝜋 ⋅ 10−7
𝐵𝑇 = = 30,76 ⋅ 10−6 𝑇
19,841
Portanto, observa-se que o campo magnético da terra encontrado com
dados do experimento é quase igual ao valor teórico passado pelo professor,
sendo o valor teórico 30µ𝑇. Com isto é possível determinar o erro experimental.
Assim, utilizando a Eq. 10 podemos determinar o erro relativo.
𝑉𝑇
𝑒 = |1 − | × 100%
𝑉𝑀
30µ𝑇
𝑒 = |1 − | × 100%
30,76µ𝑇
𝑒 = 2,47%
Como não se trata de um sistema ideal algumas considerações devem
ser feitas, pois como se trata de um laboratório pode ocorrer oscilações na
medição de uma corrente elétrica por exemplo devido a flutuação do
multímetro, além disso, a bússola é um objeto muito sensível, pois qualquer
campo externo maior que o campo terrestre pode mudar a orientação da
mesma, dessa forma sendo muito susceptível a fatores externos.

CONCLUSÃO
Diante o experimento realizado sobre o campo magnético da terra,
verificou-se que ao colocar uma bússola magnética no solenoide a agulha
tende a apontar para uma determinada direção e essa orientação é a soma
vetorial do campo magnético terrestre e o campo magnético do solenoide, ou
seja, o campo resultante é a superposição do campo da terra e do solenoide.
Assim, usando a lei de ampère para determinarmos o campo do solenoide e
com a relação vetorial do campo resultante foi possível usar a relação
trigonométrica da tangente para os ângulos de deflexão e dessa forma montar
uma equação linear com base nos dados obtidos para ângulos e correntes. A
partir disso, fazendo uma regressão linear e verificando a curva que melhor se
ajusta aos pontos podemos determinar o valor do campo magnético terrestre
e constatar que o campo magnético terrestre está entre 30µT e 60µT.
Comparando o resultado obtido do campo magnético da terra com o
valor teórico verifica-se que os valores são bem próximos. Ao calcular o erro
relativo observa-se uma margem muito pequena de erro que é considerável
visto que erros podem acontecer e a bússola é um objeto muito sensível a
fatores externos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] SEARS & ZEMANISK, YOUNG & FREEDMAM, Física III: Eletromagnetismo. 14. ed. Person,
2015.

[2] SILAS, Joab. Campo magnético terrestre. Mundo Educação, 2022. Disponível em:
https://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/campo-magnetico-terrestre.htm. Acesso em: 02 nov.
2022.

[3] HALLIDAY, D. RESNICK, R. WALKER, J. Fundamentos da Física. 10. ed. Rio de Janeiro:
Livros Técnicos Cientifico, 2016. V3.

[4] HELERBROCK, Rafael. Solenoide. Brasil escola. Disponível em: Solenoide: campo
magnético, fórmula, exercícios - Brasil Escola (uol.com.br). Acesso em: 02 nov. 2022.

[5] BÚSSOLA. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Disponível em:


https://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%BAssola. Acesso em: 02 nov. 2022.

LIMA, Ana Tereza de Abreu. Experimento 2 - Gráficos. UFERSA - Campus Caraúbas.


Laboratório de Mecânica Clássica - DCT

Você também pode gostar