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TEMA A- FORÇAS E MOVIMENTOS.

Subtema A.1 – Dinâmica de uma partícula em movimento.

1.1 – Descrição do movimento de uma partícula. Lei do movimento


Como é sabido, o movimento de uma partícula material se representa
através da mudança da posição da partícula ao longo do tempo. No
entanto, para determinar a posição de uma partícula material no espaço
é necessário definir um referencial. O referencial que vamos usar é o
sistema cartesiano de coordenadas, que pode ser: um sistema
unidimensional (figura 1.1), um sistema bidimensional (figura 1.2) e, um
sistema tridimensional (figura 1.3).

• Lei do movimento (ou lei das posições)


Para localizar uma partícula (ou um objecto representado por uma
partícula) usa-se geralmente o vector posição 𝒓
⃗ , o qual é um vector com
início na origem do referencial e fim no ponto onde se encontra a
partícula. Com notação vectorial o vector 𝒓 ⃗ e as coordenadas de
posição, pode ser escrito:

⃗ = 𝒙. 𝒆
𝒓 ⃗ 𝒙 + 𝒚. 𝒆 ⃗ 𝒛 - Equação do vector posição.
⃗ 𝒚 + 𝒛. 𝒆 (1)

Elaborado por: Mauro Muzuto e actualizado aos 13 de abril de 2020


Onde 𝒙𝒆
⃗ 𝒙 , 𝒚𝒆 ⃗ 𝒛 são os vectores componentes de vector posição 𝒓
⃗ 𝒚 , 𝒛𝒆 ⃗,
𝒙, 𝒚 𝑒 𝒛 são as componentes escalares e 𝒆
⃗ 𝒙, 𝒆 ⃗ 𝒛 são os versores unitários
⃗𝒚e𝒆
do eixo coordenado x, y e z.

Por exemplo, na figura ao lado


(fig. 1.4), a partícula aí
representada tem coordenadas
(-3, 2, 5) com vector posição:
⃗ = −𝟑𝒆
𝒓 ⃗ 𝒙 + 𝟐𝒆
⃗ 𝒚 + 𝟓𝒆
⃗𝒛

Fig. 1.4

Seu modulo (ou norma) |𝒓


⃗ | é dado pela expressão: |𝒓
⃗ | = √𝒙𝟐 + 𝒚𝟐 + 𝒛𝟐

Considerando que a partícula material se movimenta, em relação ao


referencial 0xyz, sua posição irá variar com o tempo e, obtemos a equação
da lei do movimento ou lei das posições:
⃗ =𝒓
𝒓 ⃗ (𝒕), ou
⃗ (𝒕) = 𝒙(𝒕). 𝒆
𝒓 ⃗ 𝒙 + 𝒚(𝒕). 𝒆
⃗ 𝒚 + 𝒛(𝒕). 𝒆
⃗𝒛 (2)

Comparando (1) e (2), obtemos as equações paramétricas ou escalares


do movimento. Tais equações caracterizam a variação das coordenadas de
posição da partícula em função do tempo. E designam.se por paramétricas
porque são toas expressas em função de um mesmo parâmetro: o tempo.

⃗ 𝒙,
𝒙 = 𝒙(𝒕). 𝒆 ⃗ 𝒚,
𝒚 = 𝒚(𝒕). 𝒆 ⃗𝒛
𝒛 = 𝒛(𝒕). 𝒆

1.2 – Equação cartesiana da trajectória. Vector deslocamento.


A partir das equações paramétricas, é possível conhecer as características
da trajectória de uma partícula por determinação da equação cartesiana da
trajectória. Tal equação obtem.se por eliminação do parâmetro tempo, t, no
sistema constituído pelas equações paramétricas do movimento da partícula.

Elaborado por: Mauro Muzuto e actualizado aos 13 de abril de 2020


• Vector deslocamento
Se for conhecida a forma como varia o vector posição com o tempo, pode
determinar-se o vector deslocamento ∆𝒓 ⃗ . Ele é a diferença entre os vectores
posição final e inicial da partícula, respectivamente 𝒓 ⃗𝒇e𝒓⃗ 𝒊 . Isto é:
⃗ =𝒓
∆𝒓 ⃗𝒇−𝒓
⃗𝒊 (3)

Como:
⃗ 𝒇 = 𝒙𝒇 𝒆
𝒓 ⃗ 𝒙 + 𝒚𝒇 𝒆
⃗ 𝒚 + 𝒛𝒇 𝒆
⃗𝒛
e
⃗ 𝒊 = 𝒙𝒊 𝒆
𝒓 ⃗ 𝒙 + 𝒚𝒊 𝒆
⃗ 𝒚 + 𝒛𝒊 𝒆
⃗𝒛
Pode escrever-se:
⃗ = (𝒙𝒇 − 𝒙𝒊 )𝒆
∆𝒓 ⃗ 𝒙 + (𝒚𝒇 − 𝒚𝒊 )𝒆
⃗ 𝒚 + (𝒛𝒇 − 𝒛𝒊 )𝒆
⃗𝒛 (4)

Substituindo (𝒙𝒇 − 𝒙𝒊 ) por ∆𝒙, (𝒚𝒇 − 𝒚𝒊 ) por ∆𝒚 e (𝒛𝒇 − 𝒛𝒊 ) por ∆𝒛, obtemos:

⃗ = ∆𝒙𝒆
∆𝒓 ⃗ 𝒙 + ∆𝒚𝒆 ⃗ 𝒛 - Equação do vector posição
⃗ 𝒚 + ∆𝒛𝒆 (5)

Problemas resolvidos

1- Uma bola foi chutada por uma criança, tendo efectuado um percurso
cujas coordenadas em função do tempo são dadas pelas equações
paramétricas seguintes:
𝑥 = −0.31𝑡 2 + 7,2𝑡 + 28
{
𝑦 = 0,22𝑡 2 − 9,1𝑡 + 30
Com t em segundos e x e y em metros.

Quando t = 15 s, qual o vector posição da bola, ⃗𝒓, qual a sua norma e qual o
valor do ângulo que o vector faz com o eixo dos xx?

Elaborado por: Mauro Muzuto e actualizado aos 13 de abril de 2020


Resolução:
Quando t = 15 s, as componentes escalares calculam-se do seguinte modo:
𝒙 = −𝟎. 𝟑𝟏. (𝟏𝟓)𝟐 + 𝟕, 𝟐. 𝟏𝟓 + 𝟐𝟖 𝒙 = 𝟔𝟔, 𝟐𝟓𝒎
{ ↔{
𝟐
𝒚 = 𝟎, 𝟐𝟐. (𝟏𝟓) − 𝟗, 𝟏. 𝟏𝟓 + 𝟑𝟎 𝒚 = −𝟓𝟕𝒎
Logo o vector posição quando t = 15 s, será:
⃗ = 𝟔𝟔, 𝟐𝟓𝒆
𝒓 ⃗ 𝒙 − 𝟓𝟕𝒆
⃗ 𝒚 (𝒎)

• A sua norma será: |𝒓


⃗ | = √𝒙𝟐 + 𝒚𝟐 → |𝒓
⃗ | = √(𝟔𝟔, 𝟐𝟓)𝟐 + (−𝟓𝟕)𝟐
|𝒓
⃗ | = 𝟖𝟕, 𝟒𝒎

• Para calcular o valor do ângulo que o vector posição faz com o eixo do
xx, faz-se:
𝒚 𝒚
𝐭𝐚𝐧 𝛉 = ↔ 𝜽 = 𝐭𝐚𝐧−𝟏
𝒙 𝒙

(−𝟓𝟕)
𝜽 = 𝐭𝐚𝐧−𝟏
𝟔𝟔, 𝟐𝟓
−𝟏 (−𝟎,
𝜽 = 𝐭𝐚𝐧 𝟖𝟔)

𝜽 = −𝟒𝟏𝒐

2- O vector posição inicial de uma partícula é: 𝒓


⃗ 𝟏 = −𝟑𝒆
⃗ 𝒙 + 𝟐𝒆⃗ 𝒚 + 𝟓𝒆⃗ 𝒛 (m) e,
ao fim de algum tempo o seu vector posição é dado por: 𝒓 ⃗ 𝟐 = 𝟗𝒆⃗ 𝒙 + 𝟐𝒆⃗𝒚+
⃗ 𝒛 (m). qual é o vector deslocamento desta partícula neste intervalo de
𝟖𝒆
tempo?

Resolução:
Para calcular o vector deslocamento é necessário subtrair o vector posição
final pelo vector posição inicial:
∆𝒓⃗ = (𝒙𝟐 − 𝒙𝟏 )𝒆
⃗ 𝒙 + (𝒚𝟐 − 𝒚𝟏 )𝒆
⃗ 𝒚 + (𝒛𝟐 − 𝒛𝟏 )𝒆
⃗𝒛
⃗ = [𝟗 − (−𝟑)]𝒆
∆𝒓 ⃗ 𝒙 + (𝟐 − 𝟐)𝒆
⃗ 𝒚 + (𝟖 − 𝟓)𝒆⃗𝒛
⃗ = 𝟏𝟐𝒆
∆𝒓 ⃗ 𝒙 + 𝟑𝒆
⃗𝒛

1.3- Vector velocidade média e vector velocidade instantânea


A velocidade média de uma partícula que se desloca de uma posição
para outra durante um certo intervalo de tempo, pode determinar-se
fazendo o quociente entre o vector deslocamento ∆𝒓⃗ e o intervalo de tempo
∆𝒕.

∆𝒓
⃗𝒎=
𝒗 (6)
∆𝒕

Elaborado por: Mauro Muzuto e actualizado aos 13 de abril de 2020


Utilizando a equação (5), pode-se escrever o vector velocidade média
usando as componentes do vector deslocamento. Assim:
⃗ 𝒙 + ∆𝒚𝒆
∆𝒙𝒆 ⃗ 𝒚 + ∆𝒛𝒆
⃗𝒛
⃗𝒎=
𝒗
∆𝒕

∆𝒙 ∆𝒚 ∆𝒛
⃗𝒎=
𝒗 ⃗𝒙+
𝒆 ⃗𝒚+
𝒆 ⃗𝒛
𝒆 (7)
∆𝒕 ∆𝒕 ∆𝒕

Através da equação (6) pode concluir-se que a direcção e o sentido do


vector velocidade média são os mesmos que os do vector deslocamento.
|∆𝒓|
A norma do vector velocidade média será: |⃗𝒗𝒎 | =
∆𝒕
Por exemplo recorrendo ao problema resolvido 2, se a partícula se
movesse desde a posição inicial até à final gastando 2 s, a sua velocidade
média deste movimento seria:

∆𝒓 ⃗ 𝒙 + 𝟑𝒆
𝟏𝟐𝒆 ⃗𝒛
⃗𝒗𝒎 = = ⃗ 𝒙 + 𝟏, 𝟓𝒆
= 𝟔𝒆 ⃗ 𝒛 (𝒎/𝒔)
∆𝒕 𝟐

• Vector velocidade instantânea


O vector velocidade instantânea é o que caracteriza a velocidade de
uma partícula num dado instante. Este vector velocidade instantânea é o
limite para que tende o vector velocidade média quando o tempo tende
para zero. Em termos matemáticos, o vector velocidade instantânea é a
derivada do vector deslocamento em ordem ao tempo.
∆𝑟 ⃗
𝒅𝒓
𝑣 = lim ∆𝑡 𝑜𝑢 𝒗⃗ = (8)
∆𝑡→0 𝒅𝒕

A direcção do vector velocidade


instantanea de uma particula num
dado instante é sempre tangente à
sua trajectória nesse instante

Uzando a equação (1), obtemos:

⃗ 𝒙 + 𝒚. 𝒆
𝒅(𝒙. 𝒆 ⃗ 𝒚 + 𝒛. 𝒆
⃗ 𝒛)
⃗ =
𝒗
𝒅𝒕
𝒅𝒙 𝒅𝒚 𝒅𝒛
⃗ =
𝒗 ⃗𝒙+
𝒆 ⃗𝒚+
𝒆 ⃗
𝒆
𝒅𝒕 𝒅𝒕 𝒅𝒕 𝒛

Elaborado por: Mauro Muzuto e actualizado aos 13 de abril de 2020


𝒅𝒙 𝒅𝒚 𝒅𝒛
Sendo 𝒗𝒙 = , 𝒗𝒚 = e 𝒗𝒛 = as componentetes escalares do ⃗𝒗,
𝒅𝒕 𝒅𝒕 𝒅𝒕
obtemos a seguinte equação simplificada:
⃗𝒗 = 𝒗𝒙 ⃗𝒆𝒙 + 𝒗𝒚 ⃗𝒆𝒚 + 𝒗𝒛 ⃗𝒆𝒛 (9)

A sua norma é dada pela expressão: |𝒗


⃗ | = √𝒗𝒙 𝟐 + 𝒗𝒚 𝟐 + 𝒗𝒛 𝟐

Observação: antes dos exércicios de velocidades instantanea, rever as


regras de derivadas de uma constante, uma potência, de uma função
algebrica e de um radical.

Problemas resolvidos

3- Considerando as condições do problema 1, determine a velocidade


instantanea 𝒗
⃗ da bola no instante t = 15 s e determina sua norma e o
ângulo que o vector velocidade instantanea faz com o eixo do xx.

Resolução:
Dadas as componentes escalares do vector posição:
𝑥 = −0.31𝑡 2 + 7,2𝑡 + 28
{
𝑦 = 0,22𝑡 2 − 9,1𝑡 + 30

• As componentes escalares do 𝒗 ⃗ , serão:


𝒅𝒙 𝒅(−𝟎. 𝟑𝟏𝒕𝟐 + 𝟕, 𝟐𝒕 + 𝟐𝟖)
𝒗𝒙 = = → 𝒗𝒙 = −𝟎, 𝟔𝟐𝒕 + 𝟕, 𝟐
𝒅𝒕 𝒅𝒕
Para t = 15 s, 𝒗𝒙 = −𝟐, 𝟏 𝒎/𝒔

𝒅𝒚 𝒅(𝟎, 𝟐𝟐𝒕𝟐 − 𝟗, 𝟏𝒕 + 𝟑𝟎)


𝒗𝒚 =
= → 𝒗𝒚 = 𝟎, 𝟒𝟒𝒕 − 𝟗, 𝟏
𝒅𝒕 𝒅𝒕
Para t = 15 s, 𝒗𝒚 = −𝟐, 𝟓 𝒎/𝒔
Logo a velocidade 𝒗 ⃗ será: 𝒗
⃗ = 𝒗𝒙 𝒆
⃗ 𝒙 + 𝒗𝒚 𝒆
⃗𝒚
𝒗 ⃗ 𝒙 + (−𝟐, 𝟓)𝒆
⃗ = −𝟐, 𝟏𝒆 ⃗𝒚→ 𝒗 ⃗ = −𝟐, 𝟏𝒆⃗ 𝒙 − 𝟐, 𝟓𝒆
⃗𝒚

• A sua norma será: |𝒗


⃗ | = √𝒗𝒙 𝟐 + 𝒗𝒚 𝟐 → |𝒗
⃗ | = √(−𝟐. 𝟏)𝟐 + (−𝟐, 𝟓)𝟐

|𝒗
⃗ | = √𝟏𝟎, 𝟔𝟔 → |𝒗
⃗ | = 𝟑, 𝟑𝒎/𝒔

• O ângulo que velocidade ⃗𝒗 faz com 0 dos xx será:

Elaborado por: Mauro Muzuto e actualizado aos 13 de abril de 2020


𝒗𝒚 𝒗𝒚
𝐭𝐚𝐧 𝛉 = ↔ 𝜽 = 𝐭𝐚𝐧−𝟏
𝒗𝒙 𝒗𝒙
(−𝟐, 𝟓)
𝜽 = 𝐭𝐚𝐧−𝟏 ↔ 𝜽 = 𝐭𝐚𝐧−𝟏 (𝟏, 𝟏𝟗)
(−𝟐, 𝟏)

𝜽 = 𝟓𝟎𝒐
1.4- Vector aceleração média e vector aceleração instantânea

Quando uma partícula muda sua velocidade de ⃗𝒗 ⃗ 𝟏 para ⃗𝒗⃗ 𝟐 num


determinado intervalo de tempo, a sua aceleração média 𝒂 ⃗ 𝒎 durante ∆𝒕 é
dada pelo quociente entre a variação da velocidade o intervalo de tempo
considerado, ou seja :
⃗ −𝒗
𝒗 ⃗ ⃗
∆𝒗
⃗𝒎= 𝟐 𝟏=
𝒂 (10)
∆𝒕 ∆𝒕

A aceleração é uma grandeza vectorial cuja direcção e o sentido são os


mesmos que os do vector ∆𝒗
⃗.
|∆𝒗
⃗|
A norma do vector aceleração média será: |𝒂
⃗ 𝒎| =
∆𝒕

• Vector aceleração instantânea


No limite, o vector aceleração média tende para o vector aceleração
instantânea quando o intervalo de tempo tende para zero.
Matematicamente a aceleração instantânea é a derivada do vector
aceleração média em ordem ao tempo. Assim pode escrever.se:


∆𝑣 ⃗
𝒅𝒗
𝑎 = lim 𝑜𝑢 ⃗ =
𝒂 (11)
∆𝑡→0 ∆𝑡 𝒅𝒕

Usando a equação (1), obtemos:

⃗ 𝒙+𝒗
𝒅(𝒗 ⃗ 𝒚+𝒗
⃗ 𝒛)
⃗ =
𝒂
𝒅𝒕
𝒅𝒗𝒙 𝒅𝒗𝒚 𝒅𝒗𝒛
⃗ =
𝒗 ⃗𝒙+
𝒆 ⃗𝒚+
𝒆 ⃗
𝒆
𝒅𝒕 𝒅𝒕 𝒅𝒕 𝒛

Elaborado por: Mauro Muzuto e actualizado aos 13 de abril de 2020


𝒅𝒗𝒙 𝒅𝒗𝒚 𝒅𝒗𝒛
Sendo 𝒂𝒙 = , 𝒂𝒚 = e 𝒂𝒛 = as componentes escalares do 𝒂
⃗,
𝒅𝒕 𝒅𝒕 𝒅𝒕
obtemos a seguinte equação simplificada:
⃗ = 𝒂𝒙 𝒆
𝒂 ⃗ 𝒙 + 𝒂𝒚 𝒆
⃗ 𝒚 + 𝒂𝒛 𝒆
⃗𝒛 (12)

A sua norma é dada pela expressão: |𝒂


⃗ | = √𝒂𝒙 𝟐 + 𝒂𝒚 𝟐 + 𝒂𝒛 𝟐

Problemas resolvidos

4- Considerando as condições do problema 3, determine a aceleração


instantânea 𝒂
⃗ da bola no instante t = 15 s e determina sua norma do vector
aceleração instantânea, bem como ângulo que o vector faz com o eixo do
xx.

Resolução:
Do problema 3, obtemos as componentes escalares do vector velocidade:
𝑣𝑥 = −0.62𝑡 + 7,2
{ 𝑣 = 0,44𝑡 − 9,1
𝑦

• As componentes escalares do 𝒂 ⃗ , serão:


𝒅𝒗𝒙 𝒅(−𝟎. 𝟔𝟐𝒕 + 𝟕, 𝟐)
𝒂𝒙 = = → 𝒂𝒙 = −𝟎, 𝟔𝟐 𝒎/𝒔𝟐
𝒅𝒕 𝒅𝒕
Para t = 15 s, 𝒗𝒙 = −𝟐, 𝟏 𝒎/𝒔𝟐

𝒅𝒗𝒚 𝒅(𝟎, 𝟒𝟒𝒕 − 𝟗, 𝟏)


𝒂𝒚 =
= → 𝒂𝒚 = 𝟎, 𝟒𝟒 𝒎/𝒔𝟐
𝒅𝒕 𝒅𝒕
Para t = 15 s, 𝒂𝒚 = 𝟎, 𝟒𝟒 𝒎/𝒔𝟐
Logo a aceleração 𝒂
⃗ será: 𝒂
⃗ = 𝒂𝒙 𝒆
⃗ 𝒙 + 𝒂𝒚 ⃗𝒆𝒚
⃗ = −𝟎, 𝟔𝟐𝒆
𝒂 ⃗ 𝒙 + 𝟎, 𝟒𝟒𝒆
⃗𝒚

• A sua norma será: |𝒂


⃗ | = √𝒂𝒙 𝟐 + 𝒂𝒚 𝟐 → |𝒂
⃗ | = √(−𝟎, 𝟔𝟐)𝟐 + (𝟎, 𝟒𝟒)𝟐

|𝒂 ⃗ | = 𝟎, 𝟕𝟔 𝒎/𝒔𝟐
⃗ | = √𝟎, 𝟓𝟕𝟖 → |𝒂

• O ângulo que velocidade 𝒗 ⃗ faz com 0 dos xx será:


𝒂𝒚 𝒂𝒚
𝐭𝐚𝐧 𝛉 = ↔ 𝜽 = 𝐭𝐚𝐧−𝟏
𝒂𝒙 𝒂𝒙
(𝟎, 𝟒𝟒)
𝜽 = 𝐭𝐚𝐧−𝟏 ↔ 𝜽 = 𝐭𝐚𝐧−𝟏 (−𝟎, 𝟕𝟏)
(−𝟎, 𝟔𝟐)

𝜽 = −𝟑𝟓𝒐

Elaborado por: Mauro Muzuto e actualizado aos 13 de abril de 2020


1.5- Componente normal e tangencial do vector aceleração

A figura abaixo mostra o movimento de uma partícula ao longo de uma


trajectória curvilínea. Se considerarmos que o referencial escolhido (sistema
formado por dois eixos coordenados ortonormados, tendo um deles direcção
tangente à trajectória e o outro perpendicular) acompanhar o movimento da
partícula, iremos notar que quando a partícula se desloca ao longo da
trajectória curvilínea, o vector aceleração modifica-se de ponto para ponto,
podendo ser decomposto em duas componentes, uma tangencial, que se
obtém ao projectar este vector sobre o eixo tangencial, e uma normal, que se
obtém projectando o mesmo vector no eixo normal.

Assim deduzimos que: 𝒂 ⃗ 𝒏 ou 𝒂


⃗ = ⃗𝒂𝒕 + 𝒂 ⃗ = 𝒂𝒕 𝒆
⃗ 𝒕 + 𝒂𝒏 𝒆
⃗𝒏

O vector aceleração tangencial 𝒂 ⃗ 𝒕 , é responsável pela mudança da


velocidade da partícula e por isso tem a mesma direcção que o vector
velocidade. A norma do vector aceleração tangencial, calcula-se derivando
a norma da velocidade em ordem ao tempo:
⃗|
𝒅|𝒗
|𝒂
⃗ 𝒕| =
𝒅𝒕
O vector aceleração normal ou centrípeta 𝒂 ⃗ 𝒏 , resulta da mudança de
direcção do vector velocidade. Ele está sempre dirigido para o centro da
trajectória, e por isso também é chamado de centrípeta. A norma do vector
aceleração normal, calcula-se fazendo o quociente entre o quadrado da
velocidade e o valor do raio:
𝒗𝟐
|𝒂
⃗ 𝒏| =
𝑹

Assim o vector aceleração e calculado pela expressão:


⃗ |𝟐 = |𝒂
|𝒂 ⃗ 𝒏 |𝟐 ou
⃗ 𝒕 |𝟐 + |𝒂 |𝒂 ⃗ 𝒕 |𝟐 + |𝒂
⃗ | = √|𝒂 ⃗ 𝒏 |𝟐

Elaborado por: Mauro Muzuto e actualizado aos 13 de abril de 2020


OBSERVAÇÃO: Determinando a componente 𝒂 ⃗ 𝒕 , ficamos a saber se o
movimento é uniforme ou variado;
Determinando a componente 𝒂 ⃗ 𝒏 , ficamos a saber se a trajectória é
rectilínea ou curvilínea.

Problemas resolvidos

5- A lei do movimento de uma partícula material é dada pela expressão:


⃗ (𝒕) = (𝟐𝒕 − 𝟒)𝒆
𝒓 ⃗ 𝒚 (SI).
⃗ 𝒙 + (𝒕𝟐 − 𝟒)𝒆

a) Determine a equação da trajectória


Resolução:

Seja: 𝒓 ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗ 𝒙 + 𝒚(𝒕)𝒆


⃗ (𝒕) = 𝒙(𝒕)𝒆 ⃗ 𝒚, comparando com a lei do movimento da
partícula material, temos:
𝑥+4
𝑥 = 2𝑡 − 4 𝑡= 𝑥+4 2 𝒙𝟐 + 𝟒
{ ↔ { 2 → 𝑦 = ( ) −4 → 𝒚=
𝑦 = 𝑡2 − 4 2 2 𝟒
𝑦 =𝑡 −4

b) Determine a velocidade da partícula para t=2 s.


𝑑𝑟 𝑑[(2𝑡−4)𝑒𝑥 +(𝑡 2 −4)𝑒𝑦 ]
Sendo 𝑣 = , obtemos 𝑣 = → 𝑣 = 2𝑒𝑥 + 2𝑡𝑒𝑦
𝑑𝑡 𝑑𝑡

⃗ = 2𝑒𝑥 + 2.2𝑒𝑦 → 𝒗
Para t = 2 s, temos: 𝑣 ⃗ = 𝟐𝒆⃗ 𝒙 + 𝟒𝒆⃗ 𝒚

c) A aceleração tangencial da partícula para o instante t = 2 s.

Seja:
⃗|
𝒅|𝒗
|𝒂
⃗ 𝒕| = ,
𝒅𝒕

𝑑(√22 +(2𝑡)2 ) 4𝑡
onde |𝑣| = √22 + (2𝑡)2 → |𝑎𝑡 | = → |𝑎𝑡 | = →
𝑑𝑡 √22 +(2𝑡)2

4𝑡
|𝑎𝑡 | =
√4 + 4𝑡 2
4.2 8
par t= 2 s, vem: |𝑎𝑡 | = √4+4.22 → |𝑎𝑡 | = ⃗ 𝒕 | = 𝟏, 𝟖 𝒎/𝒔𝟐
→ |𝒂
√20

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𝒗𝟐
d) Seja:|𝒂
⃗ 𝒏| = , dado que: |𝑣| = √22 + (2𝑡)2 → para t = 2 s
𝑹

|𝑣| = √22 + (2.2)2 → |𝑣| = 4,5 𝑚/𝑠


𝑑𝑣 𝑑(2𝑒𝑥 +2𝑡𝑒𝑦 )
e 𝑎= → 𝑎= → 𝑎 = 2𝑒𝑦 → |𝑎| = 2𝑚/𝑠 2 ,
𝑑𝑡 𝑑𝑡

sendo |𝑎|2 = |𝑎𝑡 |2 + |𝑎𝑛 |2 → |𝑎𝑛 | = √|𝑎|2 − |𝑎𝑡 |2 → |𝑎𝑛 | = √(2)2 − (1,8)2 →

|𝑎𝑛 | = 0,87𝑚/𝑠 2

𝑣 2 (4,5)2
Logo 𝑅 = |𝑎⃗ → 𝑅= → 𝑹 = 𝟐𝟑 𝒎
𝑛| 0,87

1.6- Movimento de uma partícula actuada por uma força constante.

Segundo o princípio fundamental da Dinâmica, quando sobre uma


partícula material em repouso actuar um sistema de forças cuja resultante seja
constante (não nula), esta entrará em movimento rectilíneo uniformemente
acelerado, na direcção e sentido da resultante das forças aplicadas: 𝐹𝑅 = 𝑚. 𝑎

Quando um sistema de forças cuja resultante e constante (não nula) 𝐹𝑅


actuar na mesma direcção da velocidade inicial 𝑣𝑜 ≠ 0 de uma partícula
material, está ira adquirir movimento rectilíneo uniformemente variado que
será:
Acelerado - se 𝐹𝑅 e 𝑣𝑜 tiverem mesmo sentido;
Retardado – se 𝐹𝑅 e 𝑣𝑜 tiverem sentidos opostos.

Quando sobre uma partícula em movimento com velocidade inicial 𝑣𝑜


actuar um sistema de forças cuja resultante é constante (não nula) 𝐹𝑅 , mas de
direcção diferente a da velocidade inicial, o movimento será, naturalmente,
curvilíneo, como o caso do lançamento de um projéctil.

1.7- Movimento de um projéctil.

Um caso típico de um movimento a duas dimensões ~e o movimento de


um projéctil. Nele, a partícula move-se num plano vertical, com uma
velocidade inicial𝑣𝑜 mas está sujita ã aceleração de gravidade, que actua na
direcção vertical do plano com sentido descendente. Tal partícula é

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chamada projéctil, o que significa que é projectada ou lançada, e o seu
movimento é chamado lançamento de projécteis.
No lançamento de projécteis, o movimento horizontal é independente do
movimento vertical. Nenhum destes dois movimentos afecta o outro,
obedecendo assim a lei da independência ou sobreposição dos movimentos
simultâneos e, descrevendo sempre uma trajectória parabólica (figura 1.9).

Quando o vector velocidade inicial faz um ângulo com um dos eixos


coordenados (eixo dos xx), o projéctil executa um lançamento obliquo.

Escolhendo um referêncial onde o eixo do yy seja vertical e positivo no


sentido ascendente 𝑎𝑦 = −|𝑔| e 𝑎𝑦 = 0 . Supondo que no instante t = 0 o
projéctil parte da origem e ocupa o ponto cujas coordenadas são 𝑥𝑜 =
0 𝑒 𝑦𝑜 = 0, com velocidade inicial que faz um ângulo com o eixo dos xx, termos:
𝑣𝑜𝑦 𝑣𝑜𝑥
sen 𝜃 = e cos 𝜃 = → 𝒗𝒐𝒚 = 𝒗𝟎 . 𝐬𝐞𝐧 𝜽 e 𝒗𝒐𝒙 = 𝒗𝟎 . 𝐜𝐨𝐬 𝜽
𝑣𝑜 𝑣𝑜

Também obtemos as componentes da velocidade e as coordenadas de


posição para o projéctil em qualquer instante do movimento:

• Componente horizontal da velocidade: 𝒗𝒐𝒙 = 𝒗𝒐𝒙 = 𝒗𝟎 . 𝒄𝒐𝒔 𝜽 = 𝒄𝒐𝒏𝒔𝒕𝒂𝒏𝒕𝒆


• Componente vertical da velocidade: 𝑣𝑦 = 𝑣𝑜𝑦 − |𝑔|𝑡 →

𝒗𝒚 = 𝒗𝟎 . 𝐬𝐞𝐧 𝜽 − |𝒈
⃗⃗ |𝒕
• Componente horizontal da posição: 𝑥 = 𝑥𝑜 − 𝑣𝑜𝑥 𝑡 →

𝒙 = 𝒗𝟎 𝒕 𝐜𝐨𝐬 𝜽
1
• Componente vertical da posição: 𝑦 = 𝑦𝑜 + 𝑣𝑜𝑦 𝑡 − 2 |𝑔|𝑡 2 →

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𝟏
⃗⃗ |𝒕𝟐
𝒚 = 𝒗𝟎 𝒕 𝐬𝐞𝐧 𝜽 − |𝒈
𝟐
• A expressão para a posição do projéctil em função do tempo será:
𝟏
⃗ (𝒕) = (𝒗𝟎 𝒕 𝒄𝒐𝒔 𝜽). 𝒆
𝒓 ⃗⃗ |𝒕𝟐 ) . 𝒆
⃗ 𝒙 + (𝒗𝟎 𝒕 𝒔𝒆𝒏 𝜽 − |𝒈 ⃗𝒚
𝟐
• A expressão do vector velocidade do movimento do projéctil será:
⃗ (𝒕) = (𝒗𝟎 𝒄𝒐𝒔 𝜽). 𝒆
𝒗 ⃗ 𝒙 + (𝒗𝟎 . 𝒔𝒆𝒏 𝜽 − |𝒈
⃗⃗ |𝒕). 𝒆
⃗𝒚

• A expressão do vector aceleração será: 𝒂 ⃗⃗ |𝒆


⃗ = −|𝒈 ⃗𝒚

• O tempo que o projéctil leva para atingir o solo, chama-se tempo de voo
𝟐𝒗𝟎 .𝒔𝒆𝒏 𝜽
e a sua expressão é: 𝒕𝒗 = |𝒈⃗⃗ |

• O alcance total 𝑋𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 , é a distância horizontal percorrida pelo projéctil


desde o ponto de lançamento até atingir o ponto de coordenadas (𝑋𝑚á𝑥 , 0):
𝒗𝟐𝒐 . 𝒔𝒆𝒏𝟐𝜽
𝑿𝒕𝒐𝒕𝒂𝒍 =
|𝒈
⃗⃗ |

Desta expressão conclui-se que o alcance é máximo quando 𝜃 = 45𝑜 , isto


acontece porque, ao introduzir este valor na equação obtém-se 90𝑜 , que é
igual ao valor máximo do seno no círculo trigonométrico.

A altura máxima 𝑦𝑚á𝑥 é atingido no ponto mais alto da trajectória e, o


tempo gasto para atingir tal altura chama-se tempo de subida𝒕𝒔 .
𝒗𝟎 .𝒔𝒆𝒏 𝜽
𝒗𝒚 = 𝟎 e 𝒕𝒔 = |𝒈
⃗⃗ |
𝒗𝟐𝒐 .𝒔𝒆𝒏𝟐 𝜽
• A expressão da altura máxima é: 𝒚𝒎á𝒙 = ⃗⃗ |
𝟐|𝒈

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Quando o vector velocidade inicial tem uma direcção horizontal, o
projéctil executa um lançamento horizontal (figura 1.11).

Este lançamento é efectuado a uma altura inicial 𝑦𝑜 , 𝑣𝑜𝑦 = 0 e as


componentes da velocidade e as coordenadas de posição para o projéctil
em qualquer instante do movimento serão:
• Componente horizontal da velocidade: 𝒗𝒐𝒙 = 𝒗𝒐𝒙 = 𝒗𝟎 . 𝒄𝒐𝒔 𝜽 = 𝒄𝒐𝒏𝒔𝒕𝒂𝒏𝒕𝒆
• Componente vertical da velocidade: 𝑣𝑦 = 𝑣𝑜𝑦 − |𝑔|𝑡 →
𝒗𝒚 = −|𝒈⃗⃗ |𝒕
• Componente horizontal da posição: 𝒙 = 𝒙𝒐 − 𝒗𝒐𝒙 𝒕
1
• Componente vertical da posição: 𝑦 = 𝑦𝑜 + 𝑣𝑜𝑦 𝑡 − 2 |𝑔|𝑡 2 →
𝟏
𝒚 = 𝒚𝟎 − |𝒈 ⃗⃗ |𝒕𝟐
𝟐
• A expressão para a posição do projéctil em função do tempo será:
𝟏
⃗ (𝒕) = (𝒗𝟎 𝒕). 𝒆
𝒓 ⃗ 𝒙 + (− |𝒈 ⃗⃗ |𝒕𝟐 ) . 𝒆
⃗𝒚
𝟐
• A expressão do vector velocidade do movimento do projéctil será:
⃗ (𝒕) = (𝒗𝟎 ). 𝒆
𝒗 ⃗ 𝒙 + (−|𝒈
⃗⃗ |𝒕). 𝒆
⃗𝒚

𝟐𝒚
• A expressão do tempo de voo será: 𝒕𝒗 = √ |𝒈⃗⃗𝒐|

Problemas resolvidos

6- Imagine um navio de piratas a 560 m da fortaleza de São Miguel que


protege a ilha do Cabo de luanda e um canhão colocado na fortaleza e ao

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nível das águas do mar que dispara balas com uma velocidade inicial |𝑣𝑜 | =
82𝑚/𝑠.
a) Qual deve ser o ângulo com que as balas devem ser disparadas para
atingir o navio?
Sabendo que a bala do canhão é um projéctil lançado a partir do solo,
temos:

𝑣𝑜2 . 𝑠𝑒𝑛2𝜃 |𝒈
⃗⃗ |. 𝑿𝒕𝒐𝒕𝒂𝒍
𝑋𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = → 𝒔𝒆𝒏𝟐𝜽 =
|𝑔| 𝒗𝟐𝒐
9,8.560 5488
𝑠𝑒𝑛2𝜃 = = → 𝑠𝑒𝑛2𝜃 = 0,816
(82)2 6724
2𝜃 = 54,7 → 𝜽 = 𝟐𝟕, 𝟒𝒐

b) Qual a distância a que deve estar o navio para não ser atingido, mesmo
que o canhão dispare com o angulo tal que tenha o alcance máximo?
Para a bala atingir o seu alcance máximo o angulo deve ser igual a 45𝑜 ,
𝒗𝟐𝒐 .𝒔𝒆𝒏𝟐𝜽 (82)2 .𝑠𝑒𝑛2.45
assim temos: 𝑿𝒕𝒐𝒕𝒂𝒍 = → 𝑋𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 =
|𝒈
⃗| 9,8

𝑿𝒕𝒐𝒕𝒂𝒍 = 𝟔𝟖𝟔, 𝟏 𝒎

Para estar em segurança, o navio devia estar a mais de 686,1 metros da


fortaleza.

Problemas propostos

1- A lei do movimento de uma partícula material que se desloca no plano XY


é: 𝒓 ⃗ 𝒙 − 𝒕𝟐 𝒆
⃗ (𝒕) = 𝟐𝒕𝒆 ⃗𝒚
a) Escreve as equações paramétricas do movimento da partícula.
b) Determina a equação cartesiana da trajectória descrita pela partícula.
c) Calcula o vector velocidade média da partícula durante o intervalo de
tempo [1; 2] 𝑠.
d) Determine a lei da velocidade da partícula.
e) Determine o vector velocidade da partícula para t= 2 s.
f) Determine a norma da velocidade da partícula.
g) Determine a lei da aceleração da partícula.
h) Exprime para t= 1 s a aceleração da partícula em função das suas
componentes normal e tangencial.

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2- O movimento de um projéctil é descrito pelas equações:
𝑥 = 10𝑡
{ (𝑆𝐼)
𝑦 = 10 − 5𝑡 2
a) Determine a velocidade inicial da partícula e a posição da partícula no
início do movimento.
b) Escreva as equações escalares das leis da velocidade do projéctil.

3- Um tenista lança uma bola obliquamente a 1 metro do chão, com uma


velocidade de 15 m/s e com um ângulo de 15o com a horizontal.
Determine:
a) As equações paramétricas do movimento.
b) O instante e a posição, quando o outro tenista intercepta à distância de
10 m.

1.8- Movimento relativo. Princípio de relatividade de Galileu.

Consideremos um barco O barco tem, portanto, dois


navegando em um rio, conforme movimentos parciais: o movimento
ilustra a figura ao lado. Sejam 𝑣𝑟𝑒𝑙 relativo, provocado pelo motor
a velocidade do barco em em relação às águas, com
relação às águas e 𝑣𝑎𝑟𝑟 a velocidade 𝑣𝑟𝑒𝑙 , e o movimento de
velocidade das águas em relação arrastamento, provocado pela
correnteza, com velocidade 𝑣𝑎𝑟𝑟 .
às margens.
Fazendo a composição desses
movimentos, o barco apresentará
em relação às margens um
movimento resultante com
velocidade 𝑣𝑟𝑒𝑠 , que é dada pela
soma
vectorial de 𝑣𝑟𝑒𝑙 com 𝑣𝑎𝑟𝑟 .
Note que o movimento
provocado pelo motor do barco
(movimento relativo) é o que a
embarcação teria em relação às
margens se no rio não houvesse
correnteza (águas estivessem em
repouso).

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• Casos particulares notáveis
Simbolizando 𝑣𝑟𝑒𝑠 , 𝑣𝑟𝑒𝑙 os módulos de 𝑣𝑎𝑟𝑟 𝑣𝑟𝑒𝑠 , 𝑣𝑟𝑒𝑙 e 𝑣𝑎𝑟𝑟 , respectivamente,
temos:

• Princípio de Galileu
Analisando a situação ilustrada na figura do item III, como faríamos para
calcular o intervalo de tempo ∆𝑡 gasto pelo barco na travessia do rio, cuja
largura admitiremos igual a L?
Consideramos no cálculo apenas o movimento relativo do barco,
independentemente do movimento de arrastamento imposto pela água, pois
a componente da velocidade associada à travessia é, nesse caso,
exclusivamente 𝑣𝑟𝑒𝑙 . A componente 𝑣𝑎𝑟𝑟 está relacionada com o
deslocamento do barco rio abaixo, não tendo nenhuma relação com a
travessia propriamente dita.

O cálculo do intervalo de tempo ∆𝑡 é feito por:


𝐿 𝑳
𝑣𝑟𝑒𝑙 = logo: ∆𝒕 =
∆𝑡 𝒗𝒓𝒆𝒍

Estudando situações análogas a esta, o cientista italiano Galileu Galilei


(1564-1642) enunciou que:
“Se um corpo apresenta um movimento composto, cada um dos movimentos
componentes se realiza como se os demais não existissem.
Consequentemente, o intervalo de tempo de duração do movimento relativo
é independente do movimento de arrastamento.”

Problemas resolvidos

1- A Um barco motorizado desce um rio deslocando-se de um porto A até um


porto B, distante 36 km, em 0,90 h. Em seguida, esse mesmo barco sobe o
rio deslocando-se do porto B até o porto A em 1,2 h. Sendo vB a intensidade

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da velocidade do barco em relação às águas e vC a intensidade da
velocidade das águas em relação às margens, calcule vB e vC.

Resolução:
O barco desce o rio:

𝐷 36 𝐾𝑚
𝑣𝐵 + 𝑣𝑐 = → 𝑣𝐵 + 𝑣𝑐 = → 𝑣𝐵 + 𝑣𝑐 = 40 𝐾𝑚/ℎ (𝐼)
∆𝑡1 0,9ℎ

O barco sobe o rio:

𝐷 36 𝐾𝑚
𝑣𝐵 − 𝑣𝑐 = → 𝑣𝐵 − 𝑣𝑐 = → 𝑣𝐵 + 𝑣𝑐 = 30 𝐾𝑚/ℎ (𝐼𝐼)
∆𝑡1 1,2ℎ
Fazendo (I) + (II), temos: 2𝑣𝐵 = 70 → 𝒗𝑩 = 𝟑𝟓 𝑲𝒎/𝒉
De (I) ou (II), obtemos: 𝒗𝑪 = 𝟓 𝑲𝒎/𝒉

2- Um rio de margens retilíneas e largura constante igual a 5,0 km tem águas


que correm paralelamente às margens, com velocidade de intensidade 30
km/h. Um barco, cujo motor lhe imprime velocidade de intensidade
sempre igual a 50 km/h em relação às águas, faz a travessia do rio.
a) Qual é o mínimo intervalo de tempo possível para que o barco atravesse
o rio?

Resolução:
A travessia do rio é feita no menor intervalo de tempo possível quando a
velocidade do barco em relação às águas é mantida perpendicular à
velocidade da correnteza. (O movimento relativo é independente do
movimento de arrastamento).

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O tempo mínimo de travessia será:
𝐿 5
𝑣𝑟𝑒𝑙 = → 50 = → ∆𝒕 = 𝟎, 𝟏𝒉 = 𝟔𝒎𝒊𝒏
∆𝑡 ∆𝑡
b) Para atravessar o rio no intervalo de tempo mínimo, que distância o
barco percorre paralelamente às margens?

Resolução:
A distância D que o barco percorre paralelamente às margens, arrastado
pelas águas do rio, é calculada por:
𝐷 𝐷
𝑣𝑎𝑟𝑟 = → 30 = → 𝑫 = 𝟑 𝑲𝒎
∆𝑡 01
c) Qual é o intervalo de tempo necessário para que o barco atravesse o
rio percorrendo a menor distância possível?

Resolução:
A travessia do rio é feita com o barco percorrendo a menor distância
possível entre as margens quando sua velocidade em relação ao solo
(velocidade resultante) é mantida perpendicular à velocidade da
correnteza.

Travessia em distância mínima


I. Pelo Teorema de Pitágoras:
2
𝑣𝑟𝑒𝑙 2
= 𝑣𝑟𝑒𝑠 2
+ 𝑣𝑎𝑟𝑟 2
→ 𝑣𝑟𝑒𝑠 = √𝑣𝑟𝑒𝑙 2
− 𝑣𝑎𝑟𝑟 → 𝑣𝑟𝑒𝑠 = √(50)2 − (30)2

𝒗𝒓𝒆𝒔 = 𝟒𝟎 𝑲𝒎/𝒉
𝐿 5
II. 𝑣𝑟𝑒𝑠 = ∆𝑡 → 40 = ∆𝑡 → ∆𝒕 = 𝟎, 𝟏𝟐𝟓 𝒉 = 𝟕, 𝟓 𝒎𝒊𝒏

3- Um disco rola sobre uma b) qual é a velocidade 𝑣𝐴 do


superfície plana, sem deslizar. A ponto A?
velocidade do centro O é 𝑣0 . Em
relação ao plano de rolagem,
responda:
a) qual é a velocidade 𝑣𝐵 do
ponto B?

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Resolução:

Os pontos A e B têm dois movimentos parciais: o relativo, provocado pela


rotação do disco, e o de arrastamento, provocado pela translação. O
movimento resultante, observado do plano de rolagem, é a composição
desses movimentos parciais.
Como não há deslizamento da roda, a velocidade do ponto B, em relação
ao plano de rolagem, é nula. Por isso, as velocidades desse ponto, devidas
aos movimentos relativo e de arrastamento, devem ter mesmo módulo,
mesma direção e sentidos opostos, como está representado nas figuras a
seguir:

⃗ 𝑨 = ⃗𝟎
a) Ponto B: 𝑣𝐴 = 𝑣𝑟𝑒𝑙 + 𝑣𝑎𝑟𝑟 → 𝑣𝐴 = −𝑣0 + 𝑣0 → 𝒗

b) Ponto A: 𝑣𝐵 = 𝑣𝑟𝑒𝑙 + 𝑣𝑎𝑟𝑟 → 𝑣𝐵 = 𝑣0 + 𝑣0 → 𝒗 ⃗ 𝑩 = 𝟐𝒗


⃗𝟎
Em situações como essa, podemos raciocinar também em termos do
centro instantâneo de rotação (CIR), que, no caso, é o ponto B. Tudo se
passa como se A e B pertencessem a uma “barra rígida”, de comprimento
igual ao diâmetro do disco, articulada em B. Essa barra teria, no instante
considerado, velocidade angular w, de modo que:

Comparando-se as duas expressões conclui-se que: 𝒗


⃗ 𝑩 = 𝟐𝒗
⃗𝟎

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Problemas propostos

1- Um garoto vai da base de uma escada rolante até seu topo e volta do
topo até sua base, gastando um intervalo de tempo total de 12 s. A
velocidade dos degraus da escada rolante em relação ao solo é de 0,50
m/s e a velocidade do garoto em relação aos degraus é de 1,5 m/s.
Desprezando o intervalo de tempo gasto pelo garoto na inversão do
sentido do seu movimento, calcule o comprimento da escada rolante.

2- Um barco provido de um motor que lhe imprime velocidade de 40 km/h


em relação às águas é posto a navegar em um rio de margens paralelas
e largura igual a 10 km, cujas águas correm com velocidade de 10 km/h
em relação às margens.
a) Qual é o menor intervalo de tempo para que o barco atravesse o rio?
Esse intervalo de tempo depende da velocidade da correnteza?
b) Supondo que o barco atravesse o rio no menor intervalo de tempo
possível, qual é a distância percorrida por ele em relação às margens?

3- Um carro trafega a 100 km/h


sobre uma rodovia retilínea e
horizontal. Na figura, está
representada uma das rodas
do carro, na qual estão
destacados três pontos: A, B e
C. Desprezando derrapagens,
calcule as intensidades das
velocidades de A, B e C em
relação à rodovia. Adote nos
cálculos 2 )1,4.

1.9- Movimento de uma partícula material sujeita a forças de ligação.

Denominam-se forças de ligação, ás forças que condicionam ou restringem


o movimento da partícula; elas surgem devido a ligações ou vínculos que a
partícula esta sujeita. Como exemplo, de forças de ligação temos as forças de
tensões de fios, de reacção normais de superfícies e as forças de atrito.

As forças de ligação dependem das forças aplicadas (forças que actuam


isoladamente ou em conjunto e a sua resultante determina o movimento do
corpo caso não estejam aplicadas forças de ligação). São exemplos de forças
aplicadas: o peso de um corpo, a força elástica, etc.

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• Equilíbrio de um sistema de forças aplicadas a uma partícula.

A lei da inércia estabelece que, se a resultante das forças que actuam sobre
uma partícula for nula, a partícula continua em repouso ou em movimento
rectilíneo e uniforme. Nestas condições diz-se que o sistema está em equilíbrio,
que pode ser dinâmico ou estático.

⃗ → 𝑒𝑞𝑢𝑖𝑙𝑖𝑏𝑟𝑖𝑜
𝐹𝑅 = ⃗0 → 𝑎 = 0 → 𝑣 = 𝑘

Diz-se que uma partícula se encontra em equilíbrio estático quando a sua


velocidade é nula, isto é, quando a partícula está em repouso.

𝑣 = ⃗0

Uma partícula se encontra em equilíbrio dinâmico de translação quando está


animada de movimento rectilíneo e uniforme; a sua velocidade é, portanto,
constante.

⃗ onde 𝑘
𝑣=𝑘 ⃗ ≠0

Deste modo, deduzimos que: a condição de equilíbrio de uma partícula é que


a resultante (soma vectorial) das forças que nela actuam seja nula, ou seja:
𝐹𝑅 = 0 ou 𝑭 ⃗ 𝟏+𝑭⃗ 𝟐 + ⋯𝑭
⃗ 𝒏 += 𝟎

Num referencial cartesiano ortogonal (para forças complanares) teremos


duas equações escalares:

𝑭𝑹𝒙 = 𝟎 𝑭𝟏𝒙 + 𝑭𝟐𝒙 + ⋯ + 𝑭𝒏𝒙 = 𝟎


{𝑭 = 𝟎 → {𝑭 + 𝑭 + ⋯ + 𝑭 = 𝟎
𝑹𝒚 𝟏𝒚 𝟐𝒚 𝒏𝒚

Quando as forças que actuam na partícula não tiverem resultante nula, é


possível determinar uma outra força que, acrescentada ao sistema de forças, o
equilibra. Tal força denomina-se forças equilibrante do sistema.

Problemas resolvidos

1- A Na figura abaixo, um corpo de peso 120 N encontra-se em equilíbrio,


suspenso por um conjunto de três fios supostos ideais A, B e C.

Calcule as intensidades das trações


⃗ 𝑨, 𝑻
𝑻 ⃗𝑩e𝑻⃗ 𝑪 , respectivamente,nos fios
A, B e C, sabendo que 𝑠𝑒𝑛 𝜃 = 0,6 e
𝑐𝑜𝑠 𝜃 = 0,8.

Resolução:

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A tensão no fio A tem a mesma
intensidade do peso do corpo: 𝑇𝐴 =
120 N. Representemos as forças de
tensão que os fios exercem no nó e
façamos a decomposição dessas
forças segundo a vertical e a
horizontal.
Do equilíbrio, temos:
𝑇𝐴 𝟏𝟐𝟎
𝑇𝐶𝑦 = 𝑇𝐴 → 𝑇𝐶 . 𝑠𝑒𝑛 𝜃 = 𝑇𝐴 → 𝑇𝐶 = → 𝑻𝑪 = = 𝟐𝟎𝟎 𝑵
𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝟎, 𝟔
𝑇𝐵 = 𝑇𝐶𝑥 → 𝑇𝐵 = 𝑇𝐶 . cos 𝜃 → 𝑇𝐵 = 200.0,8 → 𝑻𝑩 = 𝟏𝟔𝟎 𝑵

Também podemos determinar 𝑻𝑩


e 𝑻𝑪 lembrando que o polígono das
forças de tensão exercidas pelos fios
no nó é fechado:

𝑇𝐴 𝑇𝐴 𝟏𝟐𝟎
Assim, temos: 𝑠𝑒𝑛 𝜃 = → 𝑇𝐶 = → 𝑻𝑪 = = 𝟐𝟎𝟎 𝑵
𝑇𝐶 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝟎,𝟔
𝑇𝐵
cos 𝜃 = → 𝑇𝐵 = 𝑇𝐶 . cos 𝜃 → 𝑇𝐵 = 200.0,8 → 𝑻𝑩 = 𝟏𝟔𝟎 𝑵
𝑇𝐶

2- A figura ao lado mostra um bloco


de massa m = 15 kg colocado
sobre um plano inclinado, que faz
com a horizontal um ângulo 𝜃 de
30𝑜 , sem atrito. Considere g = 10
m/s2. Qual o valor da força de
tensão e da reacção normal do
plano sobre o bloco?

Resolução:
Representando as forças do sistema, temos:

a) Diagrama faz forças que actuam no bloco. b) Diagrama das componentes do peso do bloco nos eixos x e y.

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Usando as componentes escalares das forças segundo os eixos x e y, temos:
𝑇 + 𝑃𝑥 = 0 𝑇 + 𝑚. 𝑔. 𝑠𝑒𝑛 𝜃 = 0 𝑇 = 15.10. 𝑠𝑒𝑚 30𝑜 𝑻 = 𝟕𝟓 𝑵
{𝑁 − 𝑃 = 0 → { → { 𝑜 → {
𝑦 𝑁 − 𝑚. 𝑔. cos 𝜃 = 0 𝑁 = 15.10. cos 30 𝑵 = 𝟏𝟐𝟗, 𝟗 𝑵

• Movimento circular de uma partícula num plano vertical

Neste momento, abordaremos as forças envolvidas nos movimentos


circulares, especialmente no MCU. Convém lembrar que, no MCU, os
vectores força resultante e aceleração centrípeta possuem módulos
constantes e orientam-se perpendiculares à velocidade ca partícula, ambos
com sentido voltado para o centro da curva.

➢ Corpo girado por um fio


Neste caso, considere um corpo de massa m, amarrado a um fio ideal,
efectuando dois tipos de MCU com velocidade escalar v e raio R: um que se
realiza sobre um plano horizontal liso e outro denominado pêndulo cônico,
conforme as figuras abaixo:

Na figura 1, a resultante centrípeta (horizontal) corresponde a força de tensão


do fio sobre o corpo (as forças verticais, normal e peso, estão em equilíbrio),
neste caso:
𝒗𝟐
𝐹𝑅 = 𝑇 → 𝑇 = 𝑚. 𝑎𝐶 → 𝑻 = 𝒎.
𝑹

Na figura 2, a resultante centrípeta


do pêndulo cônico é horizontal e
corresponde ao vector soma das
forças actuantes (tensão e peso).
Pelo triângulo rectângulo de forças,
temos:

Elaborado por: Mauro Muzuto e actualizado aos 13 de abril de 2020


𝐹𝑅
𝑡𝑔 𝜃 = → 𝑭𝑹 = 𝑷. 𝒕𝒈𝜽
𝑃
Logo: 𝑚. 𝑎𝐶 = 𝑚. 𝑔. 𝑡𝑔 𝜃 → 𝒂𝑪 = 𝒈. 𝒕𝒈 𝜽
𝑣2 𝑣2
Sendo 𝑎𝐶 = → = 𝑔. 𝑡𝑔𝜃 → 𝒗 = √𝑹. 𝒈. 𝒕𝒈𝜽
𝑅 𝑅

➢ Carro executando uma curva

Considerando um carro de massa quem descreve uma curva de raio R, com


velocidade contante, em dois tipos de pista: horizontal e sobrelevada
(inclinada), como indicam as figuras 1 e 2.

Na figura 1, a resultante centrípeta (horizontal) corresponde a força de


atrito estático que impede o seu escorregamento lateral. As forças verticais,
normal e peso, estão em equilíbrio, neste caso:
𝒗𝟐
𝐹𝑅 = 𝐹𝑎𝑡 → 𝐹𝑎𝑡 = 𝑚. 𝑎𝐶 → 𝑭𝒂𝒕 = 𝒎.
𝑹
Conhecendo-se o coeficiente de atrito 𝜇𝑒 , podemos prever a maior
velocidade que o permite o carro executar tal curva, sem risco de
derrapagem lateral, assim:
𝑣2 𝑣2
𝐹𝑎𝑡 = 𝑚. → 𝜇𝑒 . 𝑚. 𝑔 = 𝑚. → 𝒗 = √𝝁𝒆 . 𝑹. 𝒈
𝑅 𝑅

Na figura 2, mesmo sem o atrito estático, às forças peso e tensão no


Pêndulo cónico, conseguem produzir uma resultante centrípeta no carro.

𝐹𝑅
𝑡𝑔 𝜃 = → 𝑭𝑹 = 𝑷. 𝒕𝒈𝜽
𝑃

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Logo: 𝑚. 𝑎𝐶 = 𝑚. 𝑔. 𝑡𝑔 𝜃 → 𝒂𝑪 = 𝒈. 𝒕𝒈 𝜽
𝑣2 𝑣2 𝒗𝟐
Sendo 𝑎𝐶 = → = 𝑔. 𝑡𝑔𝜃 → 𝑹 =
𝑅 𝑅 𝒈.𝒕𝒈𝜽

➢ Pêndulo gravítico simples


Considere um corpo de massa m, suspenso por um fio ideal, oscilando no
plano vertical sob a acção da gravidade 𝑔.

Segundo a normal à trajectória, temos: 𝑇 − 𝑃 = 𝑚. 𝑎𝐶 , sendo 𝑃 = 𝑚. 𝑔. 𝑐𝑜𝑠 𝜃


𝑣2
e 𝑎𝑛 = , a tensão do fio não é constante e varia segundo a expressão:
𝑅
𝒗𝟐
𝑻 = 𝒎. + 𝒎. 𝒈. 𝒄𝒐𝒔 𝜽
𝑹
Neste movimento temos as seguintes particularidades.

✓ Ao passar o ponto A de sua trajectória circular, temos:


- O ângulo 𝜽 é nulo, logo a componente normal da aceleração 𝑎𝑛 , é
máxima e a componente tangencial da aceleração 𝑎𝑡 , é nula;
- A velocidade do pêndulo é máxima: ; 𝒗𝒎á𝒙 = √𝟓. 𝒈. 𝑹
- A tensão do fio é máxima: 𝐹𝑅 = 𝑚. 𝑎 ↔ 𝑇 − 𝑃 = 𝑚. 𝑎𝐶 .

✓ Ao passar o ponto C de sua trajectória circular, temos:


- O ângulo 𝜽 é máximo, logo a componente normal da aceleração 𝑎𝑛 , é
nula e a componente tangencial da aceleração 𝑎𝑡 , é máxima;

- A velocidade do pêndulo é nula;


- A tensão do fio é mínima.

Observação: as acelerações tangenciais e normais são dadas pelas


𝒗𝟐
expressões ⃗𝒂𝒕 = 𝒈. 𝒔𝒆𝒏 𝜽. 𝒆
⃗𝒏𝑒𝒂
⃗ 𝒏 = .𝒆
⃗𝒏
𝒍

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Problemas resolvidos

1- Uma pedra de massa 50 g, está


atada a um fio, de 1 m de
comprimento, descrevendo uma
trajectória circular de raio 32 cm,
num plano horizontal. Determine:
a) O valor da tensão do fio.
b) O valor da velocidade da
pedra.

a) Resolução:

𝑅 0,32
Da figura temos: 𝑠𝑒𝑛 𝜃 = = → 𝜃 = 19𝑜
𝑙 1
𝒎.𝒈
Sendo 𝑇𝑦 = 𝑇. cos 19𝑜 e 𝑇𝑦 = 𝑃, temos 𝑇. cos 19𝑜 = 𝑚. 𝑔 → 𝑻 =
𝒄𝒐𝒔 𝟏𝟗𝒐
0,05.10
𝑇= → 𝑇 = 0,53 𝑁
0,94

b) Resolução:

𝑚.𝑣 2 𝑹.𝑻 .𝒔𝒆𝒏 𝟏𝟗𝒐


𝑇𝑥 = 𝑇. 𝑠𝑒𝑛 19𝑜 e 𝑇𝑥 = 𝐹𝐶 , temos 𝑇. 𝑠𝑒𝑛 19𝑜 = → 𝒗=√
𝑅 𝒎

0,32.0,53.0,32
𝑣=√ → 𝑣 = √1,1 → 𝒗 = 𝟏𝒎/𝒔
0,05

2- Um corpo de 500 g é abandonado da posição A, como está


representado na figura. Determine:

Elaborado por: Mauro Muzuto e actualizado aos 13 de abril de 2020


a) A velocidade em B e C.
Resolução:
𝑣𝐵2 = 𝑣𝐴2 − 2. 𝑔. ℎ𝐵 , sendo 𝑣𝐴 = 0 𝑒 ℎ𝐵 = 𝑙. sen 60𝑜 →
𝒗𝑩 = √𝟐. 𝒈. 𝒍. 𝒄𝒐𝒔 𝟑𝟎𝒐 → 𝑣𝐵 = √2.10.0,5.0,86 → 𝒗𝑩 = 𝟑 𝒎/𝒔

𝑣𝐶2 = 𝑣𝐴2 − 2. 𝑔. ℎ𝐵 , sendo 𝑣𝐴 = 0 𝑒 ℎ𝐶 = 𝑙. sen 90𝑜 →


𝒗𝑪 = √𝟐. 𝒈. 𝒍. 𝒄𝒐𝒔 𝟎𝒐 → 𝑣𝐶 = √2.10.0,5.1 → 𝒗𝑪 = 𝟑, 𝟏𝟔 𝒎/𝒔

b) A aceleração em ordem 𝑒𝑛 e 𝑒𝑡 , nos pontos B e C.

Da figura temos 𝑎 = 𝑎𝑡 + 𝑎𝑛 , logo:

No ponto B:

𝑎𝑡 = 𝑔. 𝑠𝑒𝑛 30𝑜 . 𝑒𝑡 → 𝑎𝑡 = 10.0,5𝑒𝑡 → 𝑎𝑡 = 5𝑒𝑡


𝑣2 (3)2
𝑎𝑛 = . 𝑒𝑛 → 𝑎𝑡 = 𝑒𝑛 → 𝑎𝑡 = 18𝑒𝑛 , logo 𝒂
⃗ = 𝟓𝒆
⃗ 𝒕 + 𝟏𝟖𝒆
⃗𝒏
𝑙 0,5

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No ponto C:

𝑎𝑡 = 𝑔. 𝑠𝑒𝑛 0𝑜 . 𝑒𝑡 → 𝑎𝑡 = 10.0𝑒𝑡 → 𝑎𝑡 = 0
𝑣2 (3,16)2
𝑎𝑛 = . 𝑒𝑛 → 𝑎𝑡 = 𝑒𝑛 → 𝑎𝑡 = 20𝑒𝑛 , logo ⃗𝒂 = 𝟐𝟎𝒆
⃗𝒏
𝑙 0,5

c) A norma da tensão em A, B e C.

Em A: 𝑣𝐴 = 0 𝑒 𝜃 = 90𝑜 , logo 𝑻 = 𝒎. 𝒈. 𝒄𝒐𝒔 𝜽 → 𝑻 = 𝟎

𝑚 𝒗𝟐
Em B: 𝑣𝐵 = 3 𝑒 𝜃 = 30𝑜 , logo 𝑻 = 𝒎. + 𝒎. 𝒈. 𝐜𝐨 𝐬 𝜽 →
𝑠 𝑹
(3)2
𝑇 = 0,5. + 0,5.10. 𝑐𝑜𝑠 30𝑜 → 𝑻 = 𝟏𝟑, 𝟑 𝑵
0,5

𝑚 𝒗𝟐
Em C: 𝑣𝐵 = 3,16 𝑒 𝜃 = 0𝑜 , logo 𝑻 = 𝒎. + 𝒎. 𝒈. 𝐜𝐨 𝐬 𝜽 →
𝑠 𝑹
(3,16)2
𝑇 = 0,5. + 0,5.10. 𝑐𝑜𝑠 0𝑜 → 𝑻 = 𝟏𝟓 𝑵
0,5

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Subtema A.2 - Dinâmica de um sistema de partículas materiais.

2.1 - Centro de massa de um sistema de partículas. O seu movimento.

• Posição do centro de massa de um sistema discreto de partículas

Considere dois pontos materiais, 1 e 2, de pesos P1 e P2, localizados num


eixo horizontal 0x. Sejam x1 e x2, respectivamente, suas abscissas (figura 1).
Vamos localizar um ponto C do eixo 0x, de abscissa xC, em relação ao qual é
nula a soma de P1.d1 e de P2.d2.
𝑃1 . 𝑑1 = 𝑃2 . 𝑑2
𝑃1 . (𝑥𝑐 − 𝑥1 ) = 𝑃2 . (𝑥2 − 𝑥𝑐 ) →

(𝑃1 + 𝑃2 ). 𝑥𝑐 = 𝑃1 . 𝑥1 + 𝑃2 . 𝑥2

𝑃1 .𝑥1 +𝑃2 .𝑥2


𝑥𝑐 = (1)
𝑃1 +𝑃2

O ponto C recebe o nome de centro de gravidade do sistema de pontos


materiais 1 e 2.

Se os pontos 1 e 2 estiverem localizados numa barra de


peso desprezível, suspendendo-se a barra pelo ponto C, o
sistema fica em equilíbrio (figura 2).

Considerando no local o campo gravitacional uniforme,


isto é, a aceleração da gravidade g constante, e sendo
m1 e m2 as massas dos pontos 1 e 2, respectivamente, temos:

P1 = m1.g (2) e P2 = m 2.g (3)


Substituindo-se as expressões )2) e (3) na expressão (1), temos:

𝑚1 . 𝑔. 𝑥1 + 𝑚2 . 𝑔. 𝑥2
𝑥𝑐 = 𝒎𝟏 . 𝒙𝟏 + 𝒎𝟐 . 𝒙𝟐 →
𝒙𝒄 = 𝑚1 . 𝑔 + 𝑚2 . 𝑔
𝒎𝟏 + 𝒎𝟐

Para um sistema de pontos materiais de massas


m1, m2, ..., mi, ..., mn e de coordenadas cartesianas
(x1, y1, z1), (x2, y2, z2), ..., (xi, yi, zi), ..., (xn, yn, zn) que
definem as posições desses pontos (figura 3), temos
de modo geral que a posição do centro de massa C
é definida pelas coordenadas cartesianas (xC, yC, zC),
dadas por:

Elaborado por: Mauro Muzuto e actualizado aos 13 de abril de 2020


Deste modo p vector posição do centro de massa (𝑟𝐶𝑀 ), em relação à
origem do referencial considerado, será:
∑𝑛 𝑚𝑖 .𝑟𝑖
𝑟𝐶𝑀 = 𝑥𝐶𝑀 . 𝑒𝑥 + 𝑦𝐶𝑀 . 𝑒𝑦 + 𝑧𝐶𝑀 . 𝑒𝑧 ou 𝑟𝐶𝑀 = 𝑖=0
𝑀

• Velocidade do centro de massa

Considere um sistema de pontos materiais cujas massas são m1, m2, ..., mn,
e sejam 𝑣1 , 𝑣2 , ..., 𝑣𝑛 , respectivamente, suas velocidades num certo instante.
Neste instante, o centro de massa possui velocidade vC dada por uma média
ponderada das velocidades dos pontos materiais do sistema, sendo os pesos
dessa média as respectivas massas, ou seja:

Chamemos de m a massa total do sistema, isto é: m = m1 + m2 + … + mn (2)

Substituindo-se a expressão (2) em (1), resulta: mvC = m1𝑣1 + m2𝑣2 + ... + mn𝑣n.
Mas m1v1 + m2v2 + ... + mnvn representa a quantidade de movimento total do
sistema de pontos materiais (𝑄⃗ sistema ). Logo:

Assim concluímos que: A quantidade de movimento de um sistema de


pontos materiais é igual à quantidade de movimento do centro de massa,
considerando que toda a massa do sistema está concentrada nele.

Elaborado por: Mauro Muzuto e actualizado aos 13 de abril de 2020


• Aceleração do centro de massa

Considere um sistema de pontos materiais m1, m2, ..., mn, e sejam 𝑎1, 𝑎2 , ..., 𝑎𝑛 ,
respectivamente, suas acelerações num certo instante. Neste instante, o centro
de massa possui aceleração aC dada por uma média ponderada das
acelerações dos pontos materiais do sistema, sendo os pesos dessa média as
respectivas massas, ou seja:

Seja m a massa total do sistema, isto é: m = m1 + m2 + … + mn (2)


Substituindo-se a expressão (2) em (1), resulta: m𝑎𝐶 = m1.𝑎1 + m2. 𝑎2 + ... + mn⃗⃗⃗
. 𝑎n.
Mas m1.𝑎1, m2. 𝑎2 , ..., mn.𝑎n representam, respectivamente, as forças resultantes
𝐹 1, 𝐹 2, ..., 𝐹 n, que agem nos pontos materiais. Portanto:
m𝑎𝐶 =𝐹 1 + 𝐹 2 + ... + 𝐹 n
Entretanto, 𝐹 1 + 𝐹 2 + ... + 𝐹 n representa a resultante de todas as forças externas
que agem no sistema de pontos materiais (𝐹 ext.), uma vez que a resultante das
forças que uma partícula do sistema exerce sobre as outras (forças internas) é
nula, devido ao princípio da acção e reacção. Assim, temos:

Esta equação é a lei fundamental de Newton para um sistema de partículas.


Ele mostra que: a resultante das forças exteriores que actuam sobre um sistema
de partículas é igual ao produto da massa total do sistema M, pela aceleração
do seu centro de massa, 𝑎𝐶 .

Logo, concluímos que: O centro de massa se move como se fosse uma


partícula de massa igual à massa total do sistema e sob acção da resultante
das forças externas que actuam no sistema. Isto porque as forças internas não
alteram o movimento do centro de massa.

Problemas resolvidos

1- Três pontos materiais, A, B e D, de massas iguais a m


estão situados nas posições indicadas na figura ao
lado. Determine as coordenadas do centro de
massa do sistema de pontos materiais. R: C(2 cm; 1
cm)

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2- Determine a posição do centro de massa C do
sistema formado por duas partículas de massas
mA e mB, fixas nas extremidades de uma barra
de peso desprezível. Analise os casos:
a) mA = mB. R: 30 cm
b) mA = 2mB. R: 20 cm
c) mA = 5mB. R: 10 cm

3- Determine as coordenadas do centro de massa da placa homogênea de


espessura constante, cujas dimensões estão indicadas na figura. R: C(1,3a;
0,9a)

4- As partículas A e B, de massas m e 2 m, deslocam-


se ao longo do eixo 0x, com velocidades
escalares vA = 5 m/s e vB = 8 m/s.Qual é a
velocidade escalar do centro de massa? R: 7 m/s

5- As esferas A e B possuem massas m e 3m, respectivamente. Visto que a


esfera A é abandonada de uma altura h = 0,45 m do solo e B está em
repouso. Seja g = 10 m/s2 a aceleração da gravidade. Determine:
a) o módulo da aceleração do centro de massa do sistema constituído pelas
esferas A e B, enquanto A estiverem queda livre. R= 2,5 m/s2
b) o módulo da velocidade do centro de massa do sistema, no instante em
que a esfera A atinge o solo. R: 0,75 m/s

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2.2. Momento de uma força (ou torque)

O momento de uma força ou torque é a grandeza


que mede a capacidade de uma força de
provocar a rotação de um corpo.
Seja um corpo extenso que pode girar em torno
de um ponto O e uma força 𝐹 aplicada ao corpo.
A distância b (ou d) do ponto O até a linha de ação
de 𝐹 é chamada de braço da força 𝐹 , e o ponto O
é chamado de polo.
O momento escalar M da força 𝐹 em relação ao polo O é dado por:
⃗⃗ = ⃗𝑭 × ⃗𝒅
⃗𝑴
𝑴 = ±𝑭(𝒓 𝒔𝒆𝒏𝜽)

A quantidade d = 𝒓 𝒔𝒆𝒏𝜽, é chamada braço de momento (ou braço de


alavanca) da força 𝐹 , representa a distância perpendicular do eixo de rotação
até a linha de acção de 𝐹
.
No SI, a unidade do momento é newton x metro: [M] = N.m.
A força pode girar o corpo no sentido horário ou anti-horário. Por
convenção, adopta-se o sinal positivo quando a força tende a girar o corpo
no sentido anti-horário e o momento escalar da força é positivo. Quando a
força tende a girar o corpo no sentido horário o sinal do momento é negativo.

Se duas ou mais forças estão actuando em um


corpo rígido, cada força terá uma tendência de
produzir uma rotação ao redor do eixo em O. Por
exemplo, na figura ao lado, o torque provocado por
𝐹 1, que tem um braço de momento d1, é positivo e
igual a + F.d1; o torque de é 𝐹 2, é negativo e igual a
– F2.d2. Portanto, o torque resultante atuando sobre o
corpo rígido sobre um eixo passando por O é:

𝑀 = 𝐹1 . 𝑑1 − 𝐹2 . 𝑑2

• Equilíbrio dos corpos extensos


Dizemos que um corpo extenso está em equilíbrio, quando não apresenta
movimento de translação ou que ele realiza translação rectilinea e uniforme e,
ainda que o corpo está em rotação ou que ele realiza rotação uniforme. Isto

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significa que um sistema de forças que age sobre um corpo em equilíbrio deve
ser tal que:
- A resultante do sistema de forças seja nula (equilíbrio de translação);
- A soma algébrica dos momentos das forças do sistema, em relação a
qualquer ponto, seja nula (equilíbrio de rotação).

𝑭 +𝑭 + ⋯+ 𝑭 =𝟎
A condição da resultante nula será:{𝑭 𝟏𝒙 + 𝑭𝟐𝒙 + ⋯ + 𝑭𝒏𝒙 = 𝟎
𝟏𝒚 𝟐𝒚 𝒏𝒚
A condição da soma algébrica dos momentos nulo, será:𝑴𝟏 + 𝑴𝟐 + ⋯ + 𝑴𝑭𝒏 = 𝟎

• Momento angular e inércia de rotação (ou momento de inércia)

O momento angular é por definição, a grandeza física vectorial 𝐿


⃗ , igual ao
produto vectorial do vector posição, 𝑟, relativamente a esse ponto, pelo
momento linear da partícula, 𝑝.
⃗ =𝑟∧𝑝 → 𝐿
𝐿 ⃗ = 𝑟 ∧ 𝑚. 𝑣

As características do vector momento angular de uma partícula em relação


a um ponto, são:
- Direcção: perpendicular ao plano definido
por 𝑟 e 𝑝;
- Sentido: dado por qualquer das regras do
produto vectorial (regra do saca-rolhas ou a
regra da mão direita);
- Norma: dada por: ‖𝑟‖. ‖𝑝‖. 𝑠𝑒𝑛 𝜃
ou 𝐿 = 𝑚. 𝑣. 𝑑
onde θ é o menor ângulo de 𝑟 com 𝑝 (ou com 𝑣).

A unidade de momento angular no S.I é o quilograma metro quadrado por


segundo (kg.m2/s), ou joule segundo (J.s).

O momento angular de uma partícula em movimento circular uniforme, em


ralação ao centro da trajectória é:
⃗ = 𝑚. 𝑅 2 . 𝜔
𝐿 ⃗
e
⃗ ‖ = 𝑚. 𝑅 2 . ‖𝜔
‖𝐿 ⃗‖

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Para um corpo rígido homogéneo e simétrico relativamente a um eixo de
simetria, em torno do qual gira, o momento angular será dado por:
𝐿⃗ = 𝐼. 𝜔

Onde 𝑰, representa o momento de inércia do corpo, relativamente ao eixo


de rotação fixo. Tal grandeza física escalar, mede a maior ou menor resistência
do corpo à alteração da sua velocidade angular por acção dos momentos
das forças exteriores aplicadas.

O momento de inércia, para um sistema relativamente ao seu eixo de


rotação fixo, será:
𝒏

𝑰 = ∑ 𝒎𝒊 𝒓𝟐𝒊
𝒊=𝟎
Para uma partícula discreta, será simplesmente:
𝑰 = 𝒎𝒓𝟐
A unidade, no S.I, de momento de inércia é o quilograma metro quadrado
(kg.m2)

• Teorema de Steiner ou teorema dos eixos paralelos

O teorema de Steiner ou teorema dos eixos paralelos é um teorema que


permite calcular o momento de inércia de um sólido rígido relativo a um eixo
de rotação que passa por um ponto O, quando são conhecidos o momento
de inércia relativo a um eixo paralelo ao anterior e que passa pelo centro de
massa do sólido e a distância entre os eixos.
Considerando-se:
ICM denota o momento de inércia do objeto sobre o centro de massa,
M a massa do objeto e d a distância perpendicular entre os dois eixos.
Então o momento de inércia sobre o novo eixo z é dado por:
𝑰 = 𝑰𝑪𝑴 + 𝒎𝒅𝟐

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Assim, para calcular o momento de inércia de alguns corpos de formas
regulares, considerados homogéneos, em relação aos eixos indicados, temos a
tabela abaixo:

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• Lei da conservação do momento angular

Esta lei enuncia que: “se o momento resultante das forças exteriores que
actuam sobre um sistema de partículas relativamente a um ponto fixo O for
nulo, o momento angular do sistema, em relação ao mesmo ponto será
constante.”

𝐿𝑧 = 𝐾 →
𝑰𝟏 𝝎𝟏 = 𝑰𝟐 𝝎𝟐

Assim, para um corpo rígido, constituído por n partículas discretas em


rotação em torno de um eixo fixo, a energia cinética do corpo será igual a
energia cinética de rotação, isto é:
𝑬𝒄 = 𝑰. 𝝎𝟐

Quando temos um corpo rígido homogéneo ou sólido indeformável, a rodar


em torno de um eixo de simetria, o momento resultante das forças exteriores,
que actuam sobre o corpo rígido, em relação ao eixo de rotação, é igual a
taxa de variação temporal do momento angular do corpo rígido em relação
ao mesmo eixo.
⃗⃗ 𝑅 = 𝐼. 𝛼
𝑀
Esta equação, traduz a Lei de Newton do movimento de rotação, que
enuncia o seguinte:
“O momento resultante das forças exteriores, 𝑀
⃗⃗ 𝑅 , que actuam sobre um
corpo rígido homogéneo, móvel em torno de um eixo de simetria, é
directamente proporcional à sua aceleração angular 𝜶⃗⃗ . E a constante de
proporcionalidade é o momento de inércia do corpo.”

Exercícios propostos
1- Nas figuras abaixo determine os momentos das forças dadas em relação ao
ponto O,

Elaborado por: Mauro Muzuto e actualizado aos 13 de abril de 2020


2- Três partículas A, B e C de massas iguais a
2 kg, 4 kg e 6 kg, respectivamente,
encontram-se fixas numa haste de massa
desprezável. O sistema foi posto a rodar
em torno do eixo dos zz, tal como mostra a
figura. Sabendo que o sistema descreve
2
um ângulo de 𝜋 rad, em 2 segundos,
3
determine:
a) O momento de inércia do sistema das três partículas, em relação ao eixo
dos zz. R: 1,4 kg m2
b) O momento angular do sistema em relação ao eixo dos zz. R: 1,5 J.s
c) O valor da energia cinética de rotação do sistema. R: 0,77 J

3- Dois corpos A e B, de massas 2 kg e 3 kg,


respectivamente, encontram-se ligados por um fio
inextensível e de massa desprezável que passa pela gola de
uma roldana de raio 20 cm e de massa M = 1 kg.
Considerando desprezáveis os atritos, determine:
a) O momento resultante das forças que actuam no sistema (corpo A + corpo
B+ roldana). R: 2 J
b) O valor da aceleração com que desce o corpo B. R: 1,8 m/s2
c) O momento angular do sistema, em relação ao ponto O, no instante em
que os corpos A e B têm velocidade de valor 2 m/s. R: 2,2 kg.m2/s
d) As intensidades das tensões exercidas pelo fio sobre os corpos A e B. R: 23
N e 24 N

4- Os corpos A e B estão suspensos por um fio inextensível


e de massa desprezável, numa roldana, tal como é
ilustrado na figura. Depois de soltos na posição
indicada, foram necessários 6 segundos para que o
corpo A atingisse a roldana. Nesse instante, o valor da
velocidade do corpo B era de 12 m/s. considerando a
massa do corpo B quadrupla da massa do corpo,
determine para o movimento:
a) O valor da aceleração tangencial num ponto da periferia da roldana.
b) O valor da velocidade angular num ponto da periferia da roldana
c) O número de voltas que a roldana deu.

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Subtema A.3 - Mecânica dos fluidos

3.1 - Hidrostática
Os líquidos e os gases, que tem a capacidade de mudar de forma e que,
por isso, podem escorrer, escoar ou fluir, têm a designação de fluidos.
Neste subtema, vamos analisar a mecânica dos fluidos, que compreende a
hidrostática e a hidrodinâmica. A hidrostática analisa fluidos em equilíbrio
estático. A hidrodinâmica analisa fluidos em movimento.

• Densidade, peso volúmico e densidade relativa

A densidade, 𝝆, de uma substância é o quociente 𝒎 de uma amostra dessa


substância pelo respectivo volume 𝑽:
𝒎
𝝆=
𝑽
No SI a densidade mede-se em kg/m3. Também é usual a unidade g/cm3,
sondo a correspondência:

1 kg/m3 = 1000 g/cm3 e 1000 g/cm3 = 0,001 kg/m3

A densidade dos sólidos e dos líquidos é praticamente constante. No caso


dos gases, a densidade depende da temperatura e da pressão.

O peso volúmico, 𝛾, define-se pelo quociente do peso 𝑃 pelo volume 𝑉:


𝑷
𝜸=
𝑽
Sendo 𝑷 = 𝑚. 𝑔, fica: 𝜸 = 𝝆. 𝒈

A unidade de peso volúmico no SI é: N/m3.

A densidade relativa, 𝒅, de uma substância é uma grandeza adimensional,


que se calcula através do quociente da densidade da substância, 𝝆, pela
densidade padrão 𝝆𝑝𝑎𝑑𝑟ã𝑜 :
𝝆
𝒅=
𝝆𝒑𝒂𝒅𝒓á𝒐

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• Pressão exercida sobre a superfície
Pressão é a grandeza escalar cuja intensidade é
medida pela razão entre o módulo da força resultante
normal F e a área A da superfície sobre a qual ela
actua:
𝑭
𝒑=
𝑨

Se a força estiver aplicada obliquamente, consideramos apenas o módulo


da sua componente normal FN, em relação à superfície:

No Sistema Internacional a unidade de pressão é N/m2, que também é


conhecida como pascal (Pa). São comuns outras unidades como ilustra a
tabela abaixo:

• Força de pressão
Quando comprimimos um fluido, sua densidade varia, pois, a mesma massa
vai ocupar um volume menor. Essa variação é grande nos gases, mas pequena
em muitos líquidos. Por este facto, diz-se que esses líquidos são incompressíveis.

Forcas de pressão são forças perpendiculares à


superfície em que actuam.
Num fluido em equilíbrio hidrostático, as forças
de pressão, num ponto do seu interior:
- exercem-se perpendicularmente em todas as
direcções e sentidos;
- aumentam com a profundidade.

Elaborado por: Mauro Muzuto e actualizado aos 13 de abril de 2020


•Lei fundamental da hidrostática
Na figura ao lado está representado um fluido ideal, onde foi marcado um
elemento de volume ∆𝑉, desse mesmo fluido.

𝐹𝐵 − 𝐹𝐴 − 𝑃 = 0 (1)
Sendo:
𝐹𝐵 = 𝑝𝐵 . 𝑆; 𝐹𝐴 = 𝑝𝐴 . 𝑆 e 𝑃 = 𝑚. 𝑔 = 𝜌. ∆𝑉. 𝑔 =
𝜌. 𝑆. ℎ. 𝑔
Substituindo em (1), fica
𝑝𝐵 . 𝑆 − 𝑝𝐴 . 𝑆 − 𝜌. 𝑆. ℎ. 𝑔 = 0

𝑝𝐵 − 𝑝𝐵 − 𝜌. ℎ. 𝑔 = 0
𝑝𝐵 = 𝑝𝐴 + 𝜌. ℎ. 𝑔 ou

𝒑 = 𝒑𝟎 + 𝝆. 𝒉. 𝒈
Esta expressão designa-se Lei fundamental da
hidrostática (ou teorema de Stevin) e diz que:
“A diferença de pressão entre dois pontos no
interior de um fluido homogéneo em equilíbrio é a
pressão hidrostática exercida pela coluna de fluido
de altura igual à diferença de nível entre esses
pontos.”

esta expressão só pode ser utilizada se o


recipiente for aberto onde 𝒑𝟎 representa a
pressão atmosférica. Representando esta
equação num gráfico 𝒑 = 𝒇(𝒉), podemos
concluir que o declive da recta é o produto
𝝆. 𝒈 e 𝒑𝟎 é a ordenada na origem.

Elaborado por: Mauro Muzuto e actualizado aos 13 de abril de 2020


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