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TEMA A- FORÇAS E MOVIMENTOS.

Subtema A.1 – Dinâmica de uma partícula em movimento.

1.1 – Descrição do movimento de uma partícula. Lei do movimento


Como é sabido, o movimento de uma partícula material se representa
através da mudança da posição da partícula ao longo do tempo. No
entanto, para determinar a posição de uma partícula material no espaço
é necessário definir um referencial. O referencial que vamos usar é o
sistema cartesiano de coordenadas, que pode ser: um sistema
unidimensional (figura 1.1), um sistema bidimensional (figura 1.2) e, um
sistema tridimensional (figura 1.3).

• Lei do movimento (ou lei das posições)


Para localizar uma partícula (ou um objecto representado por uma
partícula) usa-se geralmente o vector posição ⃗𝒓, o qual é um vector com
início na origem do referencial e fim no ponto onde se encontra a
partícula. Com notação vectorial o vector 𝒓 ⃗ e as coordenadas de
posição, pode ser escrito:

⃗ = 𝒙. 𝒆
𝒓 ⃗ 𝒙 + 𝒚. 𝒆 ⃗ 𝒛 - Equação do vector posição.
⃗ 𝒚 + 𝒛. 𝒆 (1)

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


Onde 𝒙𝒆
⃗ 𝒙 , 𝒚𝒆 ⃗ 𝒛 são os vectores componentes de vector posição 𝒓
⃗ 𝒚 , 𝒛𝒆 ⃗,
𝒙, 𝒚 𝑒 𝒛 são as componentes escalares e 𝒆
⃗ 𝒙, 𝒆 ⃗ 𝒛 são os versores unitários
⃗𝒚e𝒆
do eixo coordenado x, y e z.

Por exemplo, na figura ao lado


(fig. 1.4), a partícula aí
representada tem coordenadas
(-3, 2, 5) com vector posição:
⃗ = −𝟑𝒆
𝒓 ⃗ 𝒙 + 𝟐𝒆
⃗ 𝒚 + 𝟓𝒆
⃗𝒛

Fig. 1.4

Seu modulo (ou norma) |𝒓 ⃗ | = √𝒙𝟐 + 𝒚𝟐 + 𝒛𝟐


⃗ | é dado pela expressão: |𝒓

Considerando que a partícula material se movimenta, em relação ao


referencial 0xyz, sua posição irá variar com o tempo e, obtemos a equação
da lei do movimento ou lei das posições:
⃗ =𝒓
𝒓 ⃗ (𝒕), ou
⃗ (𝒕) = 𝒙(𝒕). 𝒆
𝒓 ⃗ 𝒙 + 𝒚(𝒕). 𝒆
⃗ 𝒚 + 𝒛(𝒕). 𝒆
⃗𝒛 (2)

Comparando (1) e (2), obtemos as equações paramétricas ou escalares


do movimento. Tais equações caracterizam a variação das coordenadas de
posição da partícula em função do tempo. E designam.se por paramétricas
porque são toas expressas em função de um mesmo parâmetro: o tempo.

⃗ 𝒙,
𝒙 = 𝒙(𝒕). 𝒆 ⃗ 𝒚,
𝒚 = 𝒚(𝒕). 𝒆 ⃗𝒛
𝒛 = 𝒛(𝒕). 𝒆

1.2 – Equação cartesiana da trajectória. Vector deslocamento.


A partir das equações paramétricas, é possível conhecer as características
da trajectória de uma partícula por determinação da equação cartesiana da
trajectória. Tal equação obtem.se por eliminação do parâmetro tempo, t, no
sistema constituído pelas equações paramétricas do movimento da partícula.

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


• Vector deslocamento
Se for conhecida a forma como varia o vector posição com o tempo, pode
determinar-se o vector deslocamento ∆𝒓 ⃗ . Ele é a diferença entre os vectores
posição final e inicial da partícula, respectivamente 𝒓 ⃗𝒇 e𝒓
⃗ 𝒊 . Isto é:
⃗ =𝒓
∆𝒓 ⃗𝒇−𝒓
⃗𝒊 (3)

Como:
⃗ 𝒇 = 𝒙𝒇 𝒆
𝒓 ⃗ 𝒙 + 𝒚𝒇 𝒆
⃗ 𝒚 + 𝒛𝒇 𝒆
⃗𝒛
e
⃗ 𝒊 = 𝒙𝒊 𝒆
𝒓 ⃗ 𝒙 + 𝒚𝒊 𝒆
⃗ 𝒚 + 𝒛𝒊 𝒆
⃗𝒛
Pode escrever-se:
⃗ = (𝒙𝒇 − 𝒙𝒊 )𝒆
∆𝒓 ⃗ 𝒙 + (𝒚𝒇 − 𝒚𝒊 )𝒆
⃗ 𝒚 + (𝒛𝒇 − 𝒛𝒊 )𝒆
⃗𝒛 (4)

Substituindo (𝒙𝒇 − 𝒙𝒊 ) por ∆𝒙, (𝒚𝒇 − 𝒚𝒊 ) por ∆𝒚 e (𝒛𝒇 − 𝒛𝒊 ) por ∆𝒛, obtemos:

⃗ = ∆𝒙𝒆
∆𝒓 ⃗ 𝒙 + ∆𝒚𝒆 ⃗ 𝒛 - Equação do vector posição
⃗ 𝒚 + ∆𝒛𝒆 (5)

Problemas resolvidos

1- Uma bola foi chutada por uma criança, tendo efectuado um percurso
cujas coordenadas em função do tempo são dadas pelas equações
paramétricas seguintes:
𝑥 = −0.31𝑡 2 + 7,2𝑡 + 28
{
𝑦 = 0,22𝑡 2 − 9,1𝑡 + 30
Com t em segundos e x e y em metros.

Quando t = 15 s, qual o vector posição da bola, ⃗𝒓, qual a sua norma e qual o
valor do ângulo que o vector faz com o eixo dos xx?

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


Resolução:
Quando t = 15 s, as componentes escalares calculam-se do seguinte modo:
𝒙 = −𝟎. 𝟑𝟏. (𝟏𝟓)𝟐 + 𝟕, 𝟐. 𝟏𝟓 + 𝟐𝟖 𝒙 = 𝟔𝟔, 𝟐𝟓𝒎
{ ↔{
𝟐
𝒚 = 𝟎, 𝟐𝟐. (𝟏𝟓) − 𝟗, 𝟏. 𝟏𝟓 + 𝟑𝟎 𝒚 = −𝟓𝟕𝒎
Logo o vector posição quando t = 15 s, será:
⃗ = 𝟔𝟔, 𝟐𝟓𝒆
𝒓 ⃗ 𝒙 − 𝟓𝟕𝒆
⃗ 𝒚 (𝒎)

• A sua norma será: |𝒓


⃗ | = √𝒙𝟐 + 𝒚𝟐 → |𝒓
⃗ | = √(𝟔𝟔, 𝟐𝟓)𝟐 + (−𝟓𝟕)𝟐
|𝒓
⃗ | = 𝟖𝟕, 𝟒𝒎

• Para calcular o valor do ângulo que o vector posição faz com o eixo do
xx, faz-se:
𝒚 𝒚
𝐭𝐚𝐧 𝛉 = ↔ 𝜽 = 𝐭𝐚𝐧−𝟏
𝒙 𝒙

(−𝟓𝟕)
𝜽 = 𝐭𝐚𝐧−𝟏
𝟔𝟔, 𝟐𝟓
−𝟏 (
𝜽 = 𝐭𝐚𝐧 −𝟎, 𝟖𝟔)

𝜽 = −𝟒𝟏𝒐

2- O vector posição inicial de uma partícula é: 𝒓


⃗ 𝟏 = −𝟑𝒆
⃗ 𝒙 + 𝟐𝒆⃗ 𝒚 + 𝟓𝒆⃗ 𝒛 (m) e,
ao fim de algum tempo o seu vector posição é dado por: 𝒓 ⃗ 𝟐 = 𝟗𝒆⃗ 𝒙 + 𝟐𝒆⃗𝒚+
⃗ 𝒛 (m). qual é o vector deslocamento desta partícula neste intervalo de
𝟖𝒆
tempo?

Resolução:
Para calcular o vector deslocamento é necessário subtrair o vector posição
final pelo vector posição inicial:
∆𝒓⃗ = ( 𝒙𝟐 − 𝒙 𝟏 ) 𝒆
⃗ 𝒙 + ( 𝒚𝟐 − 𝒚𝟏 ) 𝒆
⃗ 𝒚 + ( 𝒛𝟐 − 𝒛𝟏 ) 𝒆
⃗𝒛
⃗ = [𝟗 − (−𝟑)]𝒆
∆𝒓 ⃗ 𝒙 + ( 𝟐 − 𝟐) 𝒆
⃗ 𝒚 + ( 𝟖 − 𝟓) 𝒆
⃗𝒛
⃗ = 𝟏𝟐𝒆
∆𝒓 ⃗ 𝒙 + 𝟑𝒆⃗𝒛

1.3- Vector velocidade média e vector velocidade instantânea


A velocidade média de uma partícula que se desloca de uma posição
para outra durante um certo intervalo de tempo, pode determinar-se
fazendo o quociente entre o vector deslocamento ∆𝒓⃗ e o intervalo de tempo
∆𝒕.

∆𝒓
⃗𝒎=
𝒗 (6)
∆𝒕

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


Utilizando a equação (5), pode-se escrever o vector velocidade média
usando as componentes do vector deslocamento. Assim:
⃗ 𝒙 + ∆𝒚𝒆
∆𝒙𝒆 ⃗ 𝒚 + ∆𝒛𝒆
⃗𝒛
⃗𝒎=
𝒗
∆𝒕

∆𝒙 ∆𝒚 ∆𝒛
⃗𝒎=
𝒗 ⃗𝒙+
𝒆 ⃗𝒚+
𝒆 ⃗𝒛
𝒆 (7)
∆𝒕 ∆𝒕 ∆𝒕

Através da equação (6) pode concluir-se que a direcção e o sentido do


vector velocidade média são os mesmos que os do vector deslocamento.
|∆𝒓|
A norma do vector velocidade média será: |⃗𝒗𝒎 | =
∆𝒕
Por exemplo recorrendo ao problema resolvido 2, se a partícula se
movesse desde a posição inicial até à final gastando 2 s, a sua velocidade
média deste movimento seria:

∆𝒓 ⃗ 𝒙 + 𝟑𝒆
𝟏𝟐𝒆 ⃗𝒛
⃗𝒗𝒎 = = ⃗ 𝒙 + 𝟏, 𝟓𝒆
= 𝟔𝒆 ⃗ 𝒛 (𝒎/𝒔)
∆𝒕 𝟐

• Vector velocidade instantânea


O vector velocidade instantânea é o que caracteriza a velocidade de
uma partícula num dado instante. Este vector velocidade instantânea é o
limite para que tende o vector velocidade média quando o tempo tende
para zero. Em termos matemáticos, o vector velocidade instantânea é a
derivada do vector deslocamento em ordem ao tempo.
∆𝑟 ⃗
𝒅𝒓
𝑣 = lim ∆𝑡 𝑜𝑢 𝒗⃗ = (8)
∆𝑡→0 𝒅𝒕

A direcção do vector velocidade


instantanea de uma particula num
dado instante é sempre tangente à
sua trajectória nesse instante

Uzando a equação (1), obtemos:

⃗ 𝒙 + 𝒚. 𝒆
𝒅(𝒙. 𝒆 ⃗ 𝒚 + 𝒛. 𝒆
⃗ 𝒛)
⃗ =
𝒗
𝒅𝒕
𝒅𝒙 𝒅𝒚 𝒅𝒛
⃗ =
𝒗 ⃗𝒙+
𝒆 ⃗𝒚+
𝒆 ⃗
𝒆
𝒅𝒕 𝒅𝒕 𝒅𝒕 𝒛

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


𝒅𝒙 𝒅𝒚 𝒅𝒛
Sendo 𝒗𝒙 = , 𝒗𝒚 = e 𝒗𝒛 = as componentetes escalares do ⃗𝒗,
𝒅𝒕 𝒅𝒕 𝒅𝒕
obtemos a seguinte equação simplificada:
⃗ = 𝒗𝒙 𝒆
𝒗 ⃗ 𝒙 + 𝒗𝒚 𝒆
⃗ 𝒚 + 𝒗𝒛 𝒆
⃗𝒛 (9)

A sua norma é dada pela expressão: |𝒗


⃗ | = √𝒗𝒙 𝟐 + 𝒗𝒚 𝟐 + 𝒗𝒛 𝟐

Observação: antes dos exércicios de velocidades instantanea, rever as


regras de derivadas de uma constante, uma potência, de uma função
algebrica e de um radical.

Problemas resolvidos

3- Considerando as condições do problema 1, determine a velocidade


instantanea 𝒗
⃗ da bola no instante t = 15 s e determina sua norma e o
ângulo que o vector velocidade instantanea faz com o eixo do xx.

Resolução:
Dadas as componentes escalares do vector posição:
𝑥 = −0.31𝑡 2 + 7,2𝑡 + 28
{
𝑦 = 0,22𝑡 2 − 9,1𝑡 + 30

• As componentes escalares do 𝒗 ⃗ , serão:


𝒅𝒙 𝒅(−𝟎. 𝟑𝟏𝒕𝟐 + 𝟕, 𝟐𝒕 + 𝟐𝟖)
𝒗𝒙 = = → 𝒗𝒙 = −𝟎, 𝟔𝟐𝒕 + 𝟕, 𝟐
𝒅𝒕 𝒅𝒕
Para t = 15 s, 𝒗𝒙 = −𝟐, 𝟏 𝒎/𝒔

𝒅𝒚 𝒅(𝟎, 𝟐𝟐𝒕𝟐 − 𝟗, 𝟏𝒕 + 𝟑𝟎)


𝒗𝒚 =
= → 𝒗𝒚 = 𝟎, 𝟒𝟒𝒕 − 𝟗, 𝟏
𝒅𝒕 𝒅𝒕
Para t = 15 s, 𝒗𝒚 = −𝟐, 𝟓 𝒎/𝒔
Logo a velocidade 𝒗 ⃗ será: 𝒗
⃗ = 𝒗𝒙 𝒆
⃗ 𝒙 + 𝒗𝒚 𝒆
⃗𝒚
𝒗 ⃗ 𝒙 + (−𝟐, 𝟓)𝒆
⃗ = −𝟐, 𝟏𝒆 ⃗𝒚 → 𝒗⃗ = −𝟐, 𝟏𝒆 ⃗ 𝒙 − 𝟐, 𝟓𝒆
⃗𝒚

• A sua norma será: |𝒗


⃗ | = √𝒗𝒙 𝟐 + 𝒗𝒚 𝟐 → |𝒗
⃗ | = √(−𝟐. 𝟏)𝟐 + (−𝟐, 𝟓)𝟐

|𝒗
⃗ | = √𝟏𝟎, 𝟔𝟔 → |𝒗
⃗ | = 𝟑, 𝟑𝒎/𝒔

• O ângulo que velocidade 𝒗


⃗ faz com 0 dos xx será:

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


𝒗𝒚 𝒗𝒚
𝐭𝐚𝐧 𝛉 = ↔ 𝜽 = 𝐭𝐚𝐧−𝟏
𝒗𝒙 𝒗𝒙
(−𝟐, 𝟓)
𝜽 = 𝐭𝐚𝐧−𝟏 ↔ 𝜽 = 𝐭𝐚𝐧−𝟏 (𝟏, 𝟏𝟗)
(−𝟐, 𝟏)

𝜽 = 𝟓𝟎𝒐
1.4- Vector aceleração média e vector aceleração instantânea

Quando uma partícula muda sua velocidade de ⃗𝒗 ⃗ 𝟏 para ⃗𝒗⃗ 𝟐 num


determinado intervalo de tempo, a sua aceleração média 𝒂 ⃗ 𝒎 durante ∆𝒕 é
dada pelo quociente entre a variação da velocidade o intervalo de tempo
considerado, ou seja:
⃗ −𝒗
𝒗 ⃗ ⃗
∆𝒗
⃗𝒎= 𝟐 𝟏=
𝒂 (10)
∆𝒕 ∆𝒕

A aceleração é uma grandeza vectorial cuja direcção e o sentido são os


mesmos que os do vector ∆𝒗
⃗.
|∆𝒗
⃗|
A norma do vector aceleração média será: |𝒂
⃗ 𝒎| =
∆𝒕

• Vector aceleração instantânea


No limite, o vector aceleração média tende para o vector aceleração
instantânea quando o intervalo de tempo tende para zero.
Matematicamente a aceleração instantânea é a derivada do vector
aceleração média em ordem ao tempo. Assim pode escrever.se:


∆𝑣 ⃗
𝒅𝒗
𝑎 = lim 𝑜𝑢 ⃗ =
𝒂 (11)
∆𝑡→0 ∆𝑡 𝒅𝒕

Usando a equação (1), obtemos:

⃗ 𝒙+𝒗
𝒅(𝒗 ⃗ 𝒚+𝒗
⃗ 𝒛)
⃗ =
𝒂
𝒅𝒕
𝒅𝒗𝒙 𝒅𝒗𝒚 𝒅𝒗𝒛
⃗ =
𝒗 ⃗𝒙+
𝒆 ⃗𝒚+
𝒆 ⃗
𝒆
𝒅𝒕 𝒅𝒕 𝒅𝒕 𝒛

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


𝒅𝒗𝒙 𝒅𝒗𝒚 𝒅𝒗𝒛
Sendo 𝒂𝒙 = , 𝒂𝒚 = e 𝒂𝒛 = as componentes escalares do 𝒂
⃗,
𝒅𝒕 𝒅𝒕 𝒅𝒕
obtemos a seguinte equação simplificada:
⃗ = 𝒂𝒙 𝒆
𝒂 ⃗ 𝒙 + 𝒂𝒚 𝒆
⃗ 𝒚 + 𝒂𝒛 𝒆
⃗𝒛 (12)

A sua norma é dada pela expressão: |𝒂


⃗ | = √𝒂𝒙 𝟐 + 𝒂𝒚 𝟐 + 𝒂𝒛 𝟐

Problemas resolvidos

4- Considerando as condições do problema 3, determine a aceleração


instantânea 𝒂
⃗ da bola no instante t = 15 s e determina sua norma do vector
aceleração instantânea, bem como ângulo que o vector faz com o eixo do
xx.

Resolução:
Do problema 3, obtemos as componentes escalares do vector velocidade:
𝑣 = −0.62𝑡 + 7,2
{ 𝑥
𝑣𝑦 = 0,44𝑡 − 9,1

• As componentes escalares do 𝒂 ⃗ , serão:


𝒅𝒗𝒙 𝒅(−𝟎. 𝟔𝟐𝒕 + 𝟕, 𝟐)
𝒂𝒙 = = → 𝒂𝒙 = −𝟎, 𝟔𝟐 𝒎/𝒔𝟐
𝒅𝒕 𝒅𝒕
Para t = 15 s, 𝒗𝒙 = −𝟐, 𝟏 𝒎/𝒔𝟐

𝒅𝒗𝒚 𝒅(𝟎, 𝟒𝟒𝒕 − 𝟗, 𝟏)


𝒂𝒚 == → 𝒂𝒚 = 𝟎, 𝟒𝟒 𝒎/𝒔𝟐
𝒅𝒕 𝒅𝒕
Para t = 15 s, 𝒂𝒚 = 𝟎, 𝟒𝟒 𝒎/𝒔𝟐
Logo a aceleração 𝒂
⃗ será: 𝒂
⃗ = 𝒂𝒙 𝒆
⃗ 𝒙 + 𝒂𝒚 ⃗𝒆𝒚
⃗ = −𝟎, 𝟔𝟐𝒆
𝒂 ⃗ 𝒙 + 𝟎, 𝟒𝟒𝒆
⃗𝒚

• A sua norma será: |𝒂


⃗ | = √𝒂𝒙 𝟐 + 𝒂𝒚 𝟐 → |𝒂
⃗ | = √(−𝟎, 𝟔𝟐)𝟐 + (𝟎, 𝟒𝟒)𝟐

|𝒂 ⃗ | = 𝟎, 𝟕𝟔 𝒎/𝒔𝟐
⃗ | = √𝟎, 𝟓𝟕𝟖 → |𝒂

• O ângulo que velocidade 𝒗 ⃗ faz com 0 dos xx será:


𝒂𝒚 𝒂𝒚
𝐭𝐚𝐧 𝛉 = ↔ 𝜽 = 𝐭𝐚𝐧−𝟏
𝒂𝒙 𝒂𝒙
(𝟎, 𝟒𝟒)
𝜽 = 𝐭𝐚𝐧−𝟏 ↔ 𝜽 = 𝐭𝐚𝐧−𝟏 (−𝟎, 𝟕𝟏)
(−𝟎, 𝟔𝟐)

𝜽 = −𝟑𝟓𝒐

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


1.5- Componente normal e tangencial do vector aceleração

A figura abaixo mostra o movimento de uma partícula ao longo de uma


trajectória curvilínea. Se considerarmos que o referencial escolhido (sistema
formado por dois eixos coordenados ortonormados, tendo um deles direcção
tangente à trajectória e o outro perpendicular) acompanhar o movimento da
partícula, iremos notar que quando a partícula se desloca ao longo da
trajectória curvilínea, o vector aceleração modifica-se de ponto para ponto,
podendo ser decomposto em duas componentes, uma tangencial, que se
obtém ao projectar este vector sobre o eixo tangencial, e uma normal, que se
obtém projectando o mesmo vector no eixo normal.

Assim deduzimos que: 𝒂


⃗ =𝒂 ⃗ 𝒏 ou 𝒂
⃗ 𝒕+𝒂 ⃗ = 𝒂𝒕 𝒆
⃗ 𝒕 + 𝒂𝒏 𝒆
⃗𝒏

O vector aceleração tangencial 𝒂 ⃗ 𝒕 , é responsável pela mudança da


velocidade da partícula e por isso tem a mesma direcção que o vector
velocidade. A norma do vector aceleração tangencial, calcula-se derivando
a norma da velocidade em ordem ao tempo:
⃗|
𝒅|𝒗
|𝒂
⃗ 𝒕| =
𝒅𝒕
O vector aceleração normal ou centrípeta 𝒂 ⃗ 𝒏 , resulta da mudança de
direcção do vector velocidade. Ele está sempre dirigido para o centro da
trajectória, e por isso também é chamado de centrípeta. A norma do vector
aceleração normal, calcula-se fazendo o quociente entre o quadrado da
velocidade e o valor do raio:
𝒗𝟐
|𝒂
⃗ 𝒏| =
𝑹

Assim o vector aceleração e calculado pela expressão:


⃗ |𝟐 = |𝒂
|𝒂 ⃗ 𝒏 |𝟐 ou
⃗ 𝒕 |𝟐 + |𝒂 |𝒂 ⃗ 𝒕 |𝟐 + |𝒂
⃗ | = √|𝒂 ⃗ 𝒏 |𝟐

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


OBSERVAÇÃO: Determinando a componente ⃗𝒂𝒕 , ficamos a saber se o
movimento é uniforme ou variado;
Determinando a componente 𝒂 ⃗ 𝒏 , ficamos a saber se a trajectória é
rectilínea ou curvilínea.

Problemas resolvidos

5- A lei do movimento de uma partícula material é dada pela expressão:


⃗ (𝒕) = (𝟐𝒕 − 𝟒)𝒆
𝒓 ⃗ 𝒚 (SI).
⃗ 𝒙 + (𝒕𝟐 − 𝟒)𝒆

a) Determine a equação da trajectória


Resolução:

⃗ (𝒕) = 𝒙⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
Seja: 𝒓 ⃗ 𝒚 , comparando com a lei do movimento da
(𝒕)𝒆𝒙 + 𝒚(𝒕)𝒆
partícula material, temos:
𝑥+4
𝑥 = 2𝑡 − 4 𝑡= 𝑥+4 2 𝒙𝟐 + 𝟒
{ ↔ { 2 → 𝑦 = ( ) −4 → 𝒚=
𝑦 = 𝑡2 − 4 2 2 𝟒
𝑦=𝑡 −4

b) Determine a velocidade da partícula para t=2 s.


𝑑𝑟 𝑑[(2𝑡−4)𝑒𝑥 +(𝑡 2 −4)𝑒𝑦 ]
Sendo 𝑣 = , obtemos 𝑣 = → 𝑣 = 2𝑒𝑥 + 2𝑡𝑒𝑦
𝑑𝑡 𝑑𝑡

⃗ = 2𝑒𝑥 + 2.2𝑒𝑦 → 𝒗
Para t = 2 s, temos: 𝑣 ⃗ = 𝟐𝒆⃗ 𝒙 + 𝟒𝒆⃗ 𝒚

c) A aceleração tangencial da partícula para o instante t = 2 s.

Seja:
⃗|
𝒅|𝒗
|𝒂
⃗ 𝒕| = ,
𝒅𝒕

𝑑(√22 +(2𝑡) 2) 4𝑡
onde |𝑣| = √22 + (2𝑡)2 → |𝑎𝑡 | = → |𝑎𝑡 | = →
𝑑𝑡 √22 +(2𝑡) 2

4𝑡
|𝑎𝑡 | =
√4 + 4𝑡 2
4.2 8
par t= 2 s, vem: |𝑎𝑡 | = √4+4.22 → |𝑎𝑡 | = ⃗ 𝒕 | = 𝟏, 𝟖 𝒎/𝒔𝟐
→ |𝒂
√20

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


𝒗𝟐
d) Seja:|𝒂
⃗ 𝒏 | = , dado que: |𝑣 | = √22 + (2𝑡)2 → para t = 2 s
𝑹

|𝑣| = √22 + (2.2)2 → |𝑣 | = 4,5 𝑚/𝑠

𝑑𝑣
⃗ 𝑑(2𝑒𝑥 +2𝑡𝑒𝑦)
e 𝑎= → 𝑎= → 𝑎 = 2𝑒𝑦 → |𝑎| = 2𝑚/𝑠 2 ,
𝑑𝑡 𝑑𝑡

sendo |𝑎|2 = |𝑎𝑡 |2 + |𝑎𝑛 |2 → |𝑎𝑛 | = √|𝑎|2 − |𝑎𝑡 |2 → |𝑎𝑛 | = √(2)2 − (1,8)2 →

|𝑎𝑛 | = 0,87𝑚/𝑠 2

𝑣 2 (4,5) 2
Logo 𝑅 = |𝑎⃗ → 𝑅= → 𝑹 = 𝟐𝟑 𝒎
𝑛| 0,87

1.6- Movimento de uma partícula actuada por uma força constante.

Segundo o princípio fundamental da Dinâmica, quando sobre uma


partícula material em repouso actuar um sistema de forças cuja resultante seja
constante (não nula), esta entrará em movimento rectilíneo uniformemente
acelerado, na direcção e sentido da resultante das forças aplicadas: 𝐹𝑅 = 𝑚. 𝑎

Quando um sistema de forças cuja resultante e constante (não nula) 𝐹𝑅


actuar na mesma direcção da velocidade inicial 𝑣𝑜 ≠ 0 de uma partícula
material, está ira adquirir movimento rectilíneo uniformemente variado que
será:
Acelerado - se 𝐹𝑅 e 𝑣𝑜 tiverem mesmo sentido;
Retardado – se 𝐹𝑅 e 𝑣𝑜 tiverem sentidos opostos.

Quando sobre uma partícula em movimento com velocidade inicial 𝑣𝑜


actuar um sistema de forças cuja resultante é constante (não nula) 𝐹𝑅 , mas de
direcção diferente a da velocidade inicial, o movimento será, naturalmente,
curvilíneo, como o caso do lançamento de um projéctil.

1.7- Movimento de um projéctil.

Um caso típico de um movimento a duas dimensões ~e o movimento de


um projéctil. Nele, a partícula move-se num plano vertical, com uma
velocidade inicial𝑣𝑜 mas está sujita ã aceleração de gravidade, que actua na
direcção vertical do plano com sentido descendente. Tal partícula é

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


chamada projéctil, o que significa que é projectada ou lançada, e o seu
movimento é chamado lançamento de projécteis.
No lançamento de projécteis, o movimento horizontal é independente do
movimento vertical. Nenhum destes dois movimentos afecta o outro,
obedecendo assim a lei da independência ou sobreposição dos movimentos
simultâneos e, descrevendo sempre uma trajectória parabólica (figura 1.9).

Quando o vector velocidade inicial faz um ângulo com um dos eixos


coordenados (eixo dos xx), o projéctil executa um lançamento obliquo.

Escolhendo um referêncial onde o eixo do yy seja vertical e positivo no


sentido ascendente 𝑎𝑦 = −|𝑔| e 𝑎𝑦 = 0 . Supondo que no instante t = 0 o
projéctil parte da origem e ocupa o ponto cujas coordenadas são 𝑥𝑜 =
0 𝑒 𝑦𝑜 = 0, com velocidade inicial que faz um ângulo com o eixo dos xx, termos:
𝑣𝑜𝑦 𝑣𝑜𝑥
sen 𝜃 = e cos 𝜃 = → 𝒗𝒐𝒚 = 𝒗𝟎 . 𝐬𝐞𝐧 𝜽 e 𝒗𝒐𝒙 = 𝒗𝟎 . 𝐜𝐨𝐬 𝜽
𝑣𝑜 𝑣𝑜

Também obtemos as componentes da velocidade e as coordenadas de


posição para o projéctil em qualquer instante do movimento:

• Componente horizontal da velocidade: 𝒗𝒐𝒙 = 𝒗𝒐𝒙 = 𝒗𝟎 . 𝒄𝒐𝒔 𝜽 = 𝒄𝒐𝒏𝒔𝒕𝒂𝒏𝒕𝒆


• Componente vertical da velocidade: 𝑣𝑦 = 𝑣𝑜𝑦 − |𝑔 |𝑡 →

𝒗𝒚 = 𝒗𝟎 . 𝐬𝐞𝐧 𝜽 − |𝒈
⃗⃗ |𝒕
• Componente horizontal da posição: 𝑥 = 𝑥𝑜 − 𝑣𝑜𝑥 𝑡 →

𝒙 = 𝒗𝟎 𝒕 𝐜𝐨𝐬 𝜽
1
• Componente vertical da posição: 𝑦 = 𝑦𝑜 + 𝑣𝑜𝑦 𝑡 − 2 |𝑔|𝑡 2 →

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


𝟏
⃗⃗ |𝒕𝟐
𝒚 = 𝒗𝟎 𝒕 𝐬𝐞𝐧 𝜽 − |𝒈
𝟐
• A expressão para a posição do projéctil em função do tempo será:
𝟏
⃗ (𝒕) = (𝒗𝟎 𝒕 𝒄𝒐𝒔 𝜽). 𝒆
𝒓 ⃗⃗ |𝒕𝟐 ) . 𝒆
⃗ 𝒙 + (𝒗𝟎 𝒕 𝒔𝒆𝒏 𝜽 − |𝒈 ⃗𝒚
𝟐
• A expressão do vector velocidade do movimento do projéctil será:
⃗ (𝒕) = (𝒗𝟎 𝒄𝒐𝒔 𝜽). 𝒆
𝒗 ⃗ 𝒙 + (𝒗𝟎 . 𝒔𝒆𝒏 𝜽 − |𝒈
⃗⃗ |𝒕). 𝒆
⃗𝒚

• A expressão do vector aceleração será: 𝒂 ⃗⃗ |𝒆


⃗ = −|𝒈 ⃗𝒚

• O tempo que o projéctil leva para atingir o solo, chama-se tempo de voo
𝟐𝒗𝟎 .𝒔𝒆𝒏 𝜽
e a sua expressão é: 𝒕𝒗 = |𝒈⃗⃗ |

• O alcance total 𝑋𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 , é a distância horizontal percorrida pelo projéctil


desde o ponto de lançamento até atingir o ponto de coordenadas (𝑋𝑚á𝑥 , 0):
𝒗𝟐𝒐 . 𝒔𝒆𝒏𝟐𝜽
𝑿𝒕𝒐𝒕𝒂𝒍 =
|𝒈
⃗⃗ |

Desta expressão conclui-se que o alcance é máximo quando 𝜃 = 45𝑜 , isto


acontece porque, ao introduzir este valor na equação obtém-se 90𝑜 , que é
igual ao valor máximo do seno no círculo trigonométrico.

A altura máxima 𝑦𝑚á𝑥 é atingido no ponto mais alto da trajectória e, o


tempo gasto para atingir tal altura chama-se tempo de subida𝒕𝒔 .
𝒗𝟎 .𝒔𝒆𝒏 𝜽
𝒗𝒚 = 𝟎 e 𝒕𝒔 = |𝒈
⃗⃗ |
𝒗𝟐𝒐 .𝒔𝒆𝒏𝟐 𝜽
• A expressão da altura máxima é: 𝒚𝒎á𝒙 = ⃗⃗ |
𝟐|𝒈

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


Quando o vector velocidade inicial tem uma direcção horizontal, o
projéctil executa um lançamento horizontal (figura 1.11).

Este lançamento é efectuado a uma altura inicial 𝑦𝑜 , 𝑣𝑜𝑦 = 0 e as


componentes da velocidade e as coordenadas de posição para o projéctil
em qualquer instante do movimento serão:
• Componente horizontal da velocidade: 𝒗𝒐𝒙 = 𝒗𝒐𝒙 = 𝒗𝟎 . 𝒄𝒐𝒔 𝜽 = 𝒄𝒐𝒏𝒔𝒕𝒂𝒏𝒕𝒆
• Componente vertical da velocidade: 𝑣𝑦 = 𝑣𝑜𝑦 − |𝑔|𝑡 →
𝒗𝒚 = −|𝒈⃗⃗ |𝒕
• Componente horizontal da posição: 𝒙 = 𝒙𝒐 − 𝒗𝒐𝒙 𝒕
1
• Componente vertical da posição: 𝑦 = 𝑦𝑜 + 𝑣𝑜𝑦 𝑡 − 2 |𝑔|𝑡 2 →
𝟏
𝒚 = 𝒚𝟎 − |𝒈 ⃗⃗ |𝒕𝟐
𝟐
• A expressão para a posição do projéctil em função do tempo será:
𝟏
⃗ (𝒕) = (𝒗𝟎 𝒕). 𝒆
𝒓 ⃗ 𝒙 + (− |𝒈 ⃗⃗ |𝒕𝟐 ) . 𝒆
⃗𝒚
𝟐
• A expressão do vector velocidade do movimento do projéctil será:
⃗ (𝒕) = (𝒗𝟎 ). 𝒆
𝒗 ⃗ 𝒙 + (−|𝒈
⃗⃗ |𝒕). 𝒆
⃗𝒚

𝟐𝒚
• A expressão do tempo de voo será: 𝒕𝒗 = √ |𝒈⃗⃗|𝒐

Problemas resolvidos

6- Imagine um navio de piratas a 560 m da fortaleza de São Miguel que


protege a ilha do Cabo de luanda e um canhão colocado na fortaleza e ao

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


nível das águas do mar que dispara balas com uma velocidade inicial |𝑣𝑜 | =
82𝑚/𝑠.
a) Qual deve ser o ângulo com que as balas devem ser disparadas para
atingir o navio?
Sabendo que a bala do canhão é um projéctil lançado a partir do solo,
temos:

𝑣𝑜2. 𝑠𝑒𝑛2𝜃 |𝒈
⃗⃗ |. 𝑿𝒕𝒐𝒕𝒂𝒍
𝑋𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = → 𝒔𝒆𝒏𝟐𝜽 =
|𝑔| 𝒗𝟐𝒐
9,8.560 5488
𝑠𝑒𝑛2𝜃 = = → 𝑠𝑒𝑛2𝜃 = 0,816
(82)2 6724
2𝜃 = 54,7 → 𝜽 = 𝟐𝟕, 𝟒𝒐

b) Qual a distância a que deve estar o navio para não ser atingido, mesmo
que o canhão dispare com o angulo tal que tenha o alcance máximo?
Para a bala atingir o seu alcance máximo o angulo deve ser igual a 45𝑜 ,
𝒗𝟐𝒐 .𝒔𝒆𝒏𝟐𝜽 (82)2 .𝑠𝑒𝑛2.45
assim temos: 𝑿𝒕𝒐𝒕𝒂𝒍 = → 𝑋𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 =
|𝒈
⃗| 9,8

𝑿𝒕𝒐𝒕𝒂𝒍 = 𝟔𝟖𝟔, 𝟏 𝒎
Para estar em segurança, o navio devia estar a mais de 686,1 metros da
fortaleza.

Problemas propostos

1- A lei do movimento de uma partícula material que se desloca no plano XY


é: 𝒓 ⃗ 𝒙 − 𝒕𝟐 𝒆
⃗ (𝒕) = 𝟐𝒕𝒆 ⃗𝒚
a) Escreve as equações paramétricas do movimento da partícula.
b) Determina a equação cartesiana da trajectória descrita pela partícula.
c) Calcula o vector velocidade média da partícula durante o intervalo de
tempo [1; 2] 𝑠.
d) Determine a lei da velocidade da partícula.
e) Determine o vector velocidade da partícula para t= 2 s.
f) Determine a norma da velocidade da partícula.
g) Determine a lei da aceleração da partícula.
h) Exprime para t= 1 s a aceleração da partícula em função das suas
componentes normal e tangencial.

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


2- Uma partícula descreve uma circunferência de raio 2m. a posição angular
da partícula é dada por 𝝋 = 𝟒 − 𝟐𝒕 − 𝟐𝒕𝟐 (SI). Determine o valor da
componente tangencial da aceleração.

3- O movimento de um projéctil é descrito pelas equações:


𝑥 = 10𝑡
{ (𝑆𝐼)
𝑦 = 10 − 5𝑡 2
a) Determine a velocidade inicial da partícula e a posição da partícula no
início do movimento.
b) Escreva as equações escalares das leis da velocidade do projéctil.

4- Um tenista lança uma bola obliquamente a 1 metro do chão, com uma


velocidade de 15 m/s e com um ângulo de 15o com a horizontal.
Determine:
a) As equações paramétricas do movimento.
b) O instante e a posição, quando o outro tenista intercepta à distância de
10 m.

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


1.8- Movimento relativo. Princípio de relatividade de Galileu.

Consideremos um barco O barco tem, portanto, dois


navegando em um rio, conforme movimentos parciais: o movimento
ilustra a figura ao lado. Sejam 𝑣𝑟𝑒𝑙 relativo, provocado pelo motor
a velocidade do barco em em relação às águas, com
relação às águas e 𝑣𝑎𝑟𝑟 a velocidade 𝑣𝑟𝑒𝑙 , e o movimento de
velocidade das águas em relação arrastamento, provocado pela
correnteza, com velocidade 𝑣𝑎𝑟𝑟 .
às margens.
Fazendo a composição desses
movimentos, o barco apresentará
em relação às margens um
movimento resultante com
velocidade 𝑣𝑟𝑒𝑠 , que é dada pela
soma
vectorial de 𝑣𝑟𝑒𝑙 com 𝑣𝑎𝑟𝑟 .
Note que o movimento
provocado pelo motor do barco
(movimento relativo) é o que a
embarcação teria em relação às
margens se no rio não houvesse
correnteza (águas estivessem em
repouso).

• Casos particulares notáveis


Simbolizando 𝑣𝑟𝑒𝑠 , 𝑣𝑟𝑒𝑙 os módulos de 𝑣𝑎𝑟𝑟 𝑣𝑟𝑒𝑠 , 𝑣𝑟𝑒𝑙 e 𝑣𝑎𝑟𝑟 , respectivamente,
temos:

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


• Princípio de Galileu
Analisando a situação ilustrada na figura do item III, como faríamos para
calcular o intervalo de tempo ∆𝑡 gasto pelo barco na travessia do rio, cuja
largura admitiremos igual a L?
Consideramos no cálculo apenas o movimento relativo do barco,
independentemente do movimento de arrastamento imposto pela água, pois
a componente da velocidade associada à travessia é, nesse caso,
exclusivamente 𝑣𝑟𝑒𝑙 . A componente 𝑣𝑎𝑟𝑟 está relacionada com o
deslocamento do barco rio abaixo, não tendo nenhuma relação com a
travessia propriamente dita.

O cálculo do intervalo de tempo ∆𝑡 é feito por:


𝐿 𝑳
𝑣𝑟𝑒𝑙 = logo: ∆𝒕 =
∆𝑡 𝒗𝒓𝒆𝒍

Estudando situações análogas a esta, o cientista italiano Galileu Galilei


(1564-1642) enunciou que:
“Se um corpo apresenta um movimento composto, cada um dos movimentos
componentes se realiza como se os demais não existissem.
Consequentemente, o intervalo de tempo de duração do movimento relativo
é independente do movimento de arrastamento.”

Problemas resolvidos

1- A Um barco motorizado desce um rio deslocando-se de um porto A até um


porto B, distante 36 km, em 0,90 h. Em seguida, esse mesmo barco sobe o
rio deslocando-se do porto B até o porto A em 1,2 h. Sendo vB a intensidade
da velocidade do barco em relação às águas e vC a intensidade da
velocidade das águas em relação às margens, calcule vB e vC.

Resolução:
O barco desce o rio:

𝐷 36 𝐾𝑚
𝑣𝐵 + 𝑣𝑐 = → 𝑣𝐵 + 𝑣𝑐 = → 𝑣𝐵 + 𝑣𝑐 = 40 𝐾𝑚/ℎ (𝐼)
∆𝑡1 0,9ℎ

O barco sobe o rio:

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


𝐷 36 𝐾𝑚
𝑣𝐵 − 𝑣𝑐 = → 𝑣𝐵 − 𝑣𝑐 = → 𝑣𝐵 + 𝑣𝑐 = 30 𝐾𝑚/ℎ (𝐼𝐼)
∆𝑡1 1,2ℎ
Fazendo (I) + (II), temos: 2𝑣𝐵 = 70 → 𝒗𝑩 = 𝟑𝟓 𝑲𝒎/𝒉
De (I) ou (II), obtemos: 𝒗𝑪 = 𝟓 𝑲𝒎/𝒉

2- Um rio de margens retilíneas e largura constante igual a 5,0 km tem águas


que correm paralelamente às margens, com velocidade de intensidade 30
km/h. Um barco, cujo motor lhe imprime velocidade de intensidade
sempre igual a 50 km/h em relação às águas, faz a travessia do rio.
a) Qual é o mínimo intervalo de tempo possível para que o barco atravesse
o rio?

Resolução:
A travessia do rio é feita no menor intervalo de tempo possível quando a
velocidade do barco em relação às águas é mantida perpendicular à
velocidade da correnteza. (O movimento relativo é independente do
movimento de arrastamento).

O tempo mínimo de travessia será:


𝐿 5
𝑣𝑟𝑒𝑙 = → 50 = → ∆𝒕 = 𝟎, 𝟏𝒉 = 𝟔𝒎𝒊𝒏
∆𝑡 ∆𝑡
b) Para atravessar o rio no intervalo de tempo mínimo, que distância o
barco percorre paralelamente às margens?

Resolução:
A distância D que o barco percorre paralelamente às margens, arrastado
pelas águas do rio, é calculada por:
𝐷 𝐷
𝑣𝑎𝑟𝑟 = → 30 = → 𝑫 = 𝟑 𝑲𝒎
∆𝑡 01
c) Qual é o intervalo de tempo necessário para que o barco atravesse o
rio percorrendo a menor distância possível?

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


Resolução:
A travessia do rio é feita com o barco percorrendo a menor distância
possível entre as margens quando sua velocidade em relação ao solo
(velocidade resultante) é mantida perpendicular à velocidade da
correnteza.

Travessia em distância mínima


I. Pelo Teorema de Pitágoras:
2
𝑣𝑟𝑒𝑙 2
= 𝑣𝑟𝑒𝑠 2
+ 𝑣𝑎𝑟𝑟 2
→ 𝑣𝑟𝑒𝑠 = √𝑣𝑟𝑒𝑙 2
− 𝑣𝑎𝑟𝑟 → 𝑣𝑟𝑒𝑠 = √(50)2 − (30)2

𝒗𝒓𝒆𝒔 = 𝟒𝟎 𝑲𝒎/𝒉
𝐿 5
II. 𝑣𝑟𝑒𝑠 = ∆𝑡 → 40 = ∆𝑡 → ∆𝒕 = 𝟎, 𝟏𝟐𝟓 𝒉 = 𝟕, 𝟓 𝒎𝒊𝒏

3- Um disco rola sobre uma b) qual é a velocidade 𝑣𝐴 do


superfície plana, sem deslizar. A ponto A?
velocidade do centro O é 𝑣0. Em
relação ao plano de rolagem,
responda:
a) qual é a velocidade 𝑣𝐵 do
ponto B?

Resolução:

Os pontos A e B têm dois movimentos parciais: o relativo, provocado pela


rotação do disco, e o de arrastamento, provocado pela translação. O
movimento resultante, observado do plano de rolagem, é a composição
desses movimentos parciais.
Como não há deslizamento da roda, a velocidade do ponto B, em relação
ao plano de rolagem, é nula. Por isso, as velocidades desse ponto, devidas
aos movimentos relativo e de arrastamento, devem ter mesmo módulo,
mesma direção e sentidos opostos, como está representado nas figuras a
seguir:

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


a) Ponto B: 𝑣𝐴 = 𝑣𝑟𝑒𝑙 + 𝑣𝑎𝑟𝑟 → 𝑣𝐴 = −𝑣0 + 𝑣0 → ⃗𝒗𝑨 = ⃗𝟎

b) Ponto A: 𝑣𝐵 = 𝑣𝑟𝑒𝑙 + 𝑣𝑎𝑟𝑟 → 𝑣𝐵 = 𝑣0 + 𝑣0 → 𝒗 ⃗ 𝑩 = 𝟐𝒗


⃗𝟎
Em situações como essa, podemos raciocinar também em termos do
centro instantâneo de rotação (CIR), que, no caso, é o ponto B. Tudo se
passa como se A e B pertencessem a uma “barra rígida”, de comprimento
igual ao diâmetro do disco, articulada em B. Essa barra teria, no instante
considerado, velocidade angular w, de modo que:

Comparando-se as duas expressões conclui-se que: 𝒗


⃗ 𝑩 = 𝟐𝒗
⃗𝟎

Problemas propostos

1- Um garoto vai da base de uma escada rolante até seu topo e volta do
topo até sua base, gastando um intervalo de tempo total de 12 s. A
velocidade dos degraus da escada rolante em relação ao solo é de 0,50
m/s e a velocidade do garoto em relação aos degraus é de 1,5 m/s.
Desprezando o intervalo de tempo gasto pelo garoto na inversão do
sentido do seu movimento, calcule o comprimento da escada rolante.

2- Um barco provido de um motor que lhe imprime velocidade de 40 km/h


em relação às águas é posto a navegar em um rio de margens paralelas
e largura igual a 10 km, cujas águas correm com velocidade de 10 km/h
em relação às margens.

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


a) Qual é o menor intervalo de tempo para que o barco atravesse o rio?
Esse intervalo de tempo depende da velocidade da correnteza?
b) Supondo que o barco atravesse o rio no menor intervalo de tempo
possível, qual é a distância percorrida por ele em relação às margens?

3- Um carro trafega a 100 km/h


sobre uma rodovia retilínea e
horizontal. Na figura, está
representada uma das rodas
do carro, na qual estão
destacados três pontos: A, B e
C. Desprezando derrapagens,
calcule as intensidades das
velocidades de A, B e C em
relação à rodovia. Adote nos
cálculos 2 )1,4.

1.9- Movimento de uma partícula material sujeita a forças de ligação.

Denominam-se forças de ligação, ás forças que condicionam ou restringem


o movimento da partícula; elas surgem devido a ligações ou vínculos que a
partícula esta sujeita. Como exemplo, de forças de ligação temos as forças de
tensões de fios, de reacção normais de superfícies e as forças de atrito.

As forças de ligação dependem das forças aplicadas (forças que actuam


isoladamente ou em conjunto e a sua resultante determina o movimento do
corpo caso não estejam aplicadas forças de ligação). São exemplos de forças
aplicadas: o peso de um corpo, a força elástica, etc.

• Equilíbrio de um sistema de forças aplicadas a uma partícula.

A lei da inércia estabelece que, se a resultante das forças que actuam sobre
uma partícula for nula, a partícula continua em repouso ou em movimento
rectilíneo e uniforme. Nestas condições diz-se que o sistema está em equilíbrio,
que pode ser dinâmico ou estático.

⃗ → 𝑎 = 0 → 𝑣 = 𝑘⃗ → 𝑒𝑞𝑢𝑖𝑙𝑖𝑏𝑟𝑖𝑜
𝐹𝑅 = 0

Diz-se que uma partícula se encontra em equilíbrio estático quando a sua


velocidade é nula, isto é, quando a partícula está em repouso.


𝑣=0

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


Uma partícula se encontra em equilíbrio dinâmico de translação quando está
animada de movimento rectilíneo e uniforme; a sua velocidade é, portanto,
constante.

𝑣 = 𝑘⃗ onde 𝑘⃗ ≠ 0

Deste modo, deduzimos que: a condição de equilíbrio de uma partícula é que


a resultante (soma vectorial) das forças que nela actuam seja nula, ou seja:
𝐹𝑅 = 0 ou 𝑭 ⃗ 𝟏+𝑭⃗⃗ 𝟐 + ⋯ 𝑭
⃗ 𝒏 += 𝟎

Num referencial cartesiano ortogonal (para forças complanares) teremos


duas equações escalares:

𝑭𝑹𝒙 = 𝟎 𝑭𝟏𝒙 + 𝑭𝟐𝒙 + ⋯ + 𝑭𝒏𝒙 = 𝟎


{ → {
𝑭𝑹𝒚 = 𝟎 𝑭𝟏𝒚 + 𝑭𝟐𝒚 + ⋯ + 𝑭𝒏𝒚 = 𝟎
Quando as forças que actuam na partícula não tiverem resultante nula, é
possível determinar uma outra força que, acrescentada ao sistema de forças, o
equilibra. Tal força denomina-se forças equilibrante do sistema.

Problemas resolvidos

1- A Na figura abaixo, um corpo de peso 120 N encontra-se em equilíbrio,


suspenso por um conjunto de três fios supostos ideais A, B e C.

Calcule as intensidades das trações


⃗ 𝑨, 𝑻
𝑻 ⃗𝑩e𝑻
⃗ 𝑪, respectivamente, nos fios
A, B e C, sabendo que 𝑠𝑒𝑛 𝜃 = 0,6 e
𝑐𝑜𝑠 𝜃 = 0,8.

Resolução:

A tensão no fio A tem a mesma


intensidade do peso do corpo: 𝑇𝐴 =
120 N. Representemos as forças de
tensão que os fios exercem no nó e
façamos a decomposição dessas
forças segundo a vertical e a
horizontal.
Do equilíbrio, temos:
𝑇𝐴 𝟏𝟐𝟎
𝑇𝐶𝑦 = 𝑇𝐴 → 𝑇𝐶 . 𝑠𝑒𝑛 𝜃 = 𝑇𝐴 → 𝑇𝐶 = → 𝑻𝑪 = = 𝟐𝟎𝟎 𝑵
𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝟎, 𝟔
𝑇𝐵 = 𝑇𝐶𝑥 → 𝑇𝐵 = 𝑇𝐶 . cos 𝜃 → 𝑇𝐵 = 200.0,8 → 𝑻𝑩 = 𝟏𝟔𝟎 𝑵

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


Também podemos determinar 𝑻𝑩
e 𝑻𝑪 lembrando que o polígono das
forças de tensão exercidas pelos fios
no nó é fechado:

𝑇𝐴 𝑇𝐴 𝟏𝟐𝟎
Assim, temos: 𝑠𝑒𝑛 𝜃 = → 𝑇𝐶 = → 𝑻𝑪 = = 𝟐𝟎𝟎 𝑵
𝑇𝐶 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝟎,𝟔
𝑇𝐵
cos 𝜃 = → 𝑇𝐵 = 𝑇𝐶 . cos 𝜃 → 𝑇𝐵 = 200.0,8 → 𝑻𝑩 = 𝟏𝟔𝟎 𝑵
𝑇𝐶

2- A figura ao lado mostra um bloco


de massa m = 15 kg colocado
sobre um plano inclinado, que faz
com a horizontal um ângulo 𝜃 de
30𝑜 , sem atrito. Considere g = 10
m/s2. Qual o valor da força de
tensão e da reacção normal do
plano sobre o bloco?

Resolução:
Representando as forças do sistema, temos:

a) Diagrama faz forças que actuam no bloco. b) Diagrama das componentes do peso do bloco nos eixos x e y.

Usando as componentes escalares das forças segundo os eixos x e y, temos:


𝑇+𝑃 =0 𝑇 + 𝑚. 𝑔. 𝑠𝑒𝑛 𝜃 = 0 𝑇 = 15.10. 𝑠𝑒𝑚 30𝑜 𝑻 = 𝟕𝟓 𝑵
{𝑁 − 𝑃𝑥 = 0 → { → { → {
𝑦 𝑁 − 𝑚. 𝑔. cos 𝜃 = 0 𝑁 = 15.10. cos 30𝑜 𝑵 = 𝟏𝟐𝟗, 𝟗 𝑵

• Movimento circular de uma partícula num plano vertical

Neste momento, abordaremos as forças envolvidas nos movimentos


circulares, especialmente no MCU. Convém lembrar que, no MCU, os
vectores força resultante e aceleração centrípeta possuem módulos

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


constantes e orientam-se perpendiculares à velocidade ca partícula, ambos
com sentido voltado para o centro da curva.

➢ Corpo girado por um fio


Neste caso, considere um corpo de massa m, amarrado a um fio ideal,
efectuando dois tipos de MCU com velocidade escalar v e raio R: um que se
realiza sobre um plano horizontal liso e outro denominado pêndulo cônico,
conforme as figuras abaixo:

Na figura 1, a resultante centrípeta (horizontal) corresponde a força de tensão


do fio sobre o corpo (as forças verticais, normal e peso, estão em equilíbrio),
neste caso:
𝒗𝟐
𝐹𝑅 = 𝑇 → 𝑇 = 𝑚. 𝑎𝐶 → 𝑻 = 𝒎.
𝑹

Na figura 2, a resultante centrípeta


do pêndulo cônico é horizontal e
corresponde ao vector soma das
forças actuantes (tensão e peso).
Pelo triângulo rectângulo de forças,
temos:

𝐹𝑅
𝑡𝑔 𝜃 = → 𝑭𝑹 = 𝑷. 𝒕𝒈𝜽
𝑃
Logo: 𝑚. 𝑎𝐶 = 𝑚. 𝑔. 𝑡𝑔 𝜃 → 𝒂𝑪 = 𝒈. 𝒕𝒈 𝜽
𝑣2 𝑣2
Sendo 𝑎𝐶 = → = 𝑔. 𝑡𝑔𝜃 → 𝒗 = √𝑹. 𝒈. 𝒕𝒈𝜽
𝑅 𝑅

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


➢ Carro executando uma curva

Considerando um carro de massa quem descreve uma curva de raio R, com


velocidade contante, em dois tipos de pista: horizontal e sobrelevada
(inclinada), como indicam as figuras 1 e 2.

Na figura 1, a resultante centrípeta (horizontal) corresponde a força de


atrito estático que impede o seu escorregamento lateral. As forças verticais,
normal e peso, estão em equilíbrio, neste caso:
𝒗𝟐
𝐹𝑅 = 𝐹𝑎𝑡 → 𝐹𝑎𝑡 = 𝑚. 𝑎𝐶 → 𝑭𝒂𝒕 = 𝒎.
𝑹
Conhecendo-se o coeficiente de atrito 𝜇𝑒 , podemos prever a maior
velocidade que o permite o carro executar tal curva, sem risco de
derrapagem lateral, assim:
𝑣2 𝑣2
𝐹𝑎𝑡 = 𝑚. → 𝜇𝑒 . 𝑚. 𝑔 = 𝑚. → 𝒗 = √𝝁𝒆 . 𝑹. 𝒈
𝑅 𝑅

Na figura 2, mesmo sem o atrito estático, às forças peso e tensão no


Pêndulo cónico, conseguem produzir uma resultante centrípeta no carro.

𝐹𝑅
𝑡𝑔 𝜃 = → 𝑭𝑹 = 𝑷. 𝒕𝒈𝜽
𝑃

Logo: 𝑚. 𝑎𝐶 = 𝑚. 𝑔. 𝑡𝑔 𝜃 → 𝒂𝑪 = 𝒈. 𝒕𝒈 𝜽
𝑣2 𝑣2 𝒗𝟐
Sendo 𝑎𝐶 = → = 𝑔. 𝑡𝑔𝜃 → 𝑹 =
𝑅 𝑅 𝒈.𝒕𝒈𝜽

➢ Pêndulo gravítico simples


Considere um corpo de massa m, suspenso por um fio ideal, oscilando no
plano vertical sob a acção da gravidade 𝑔.

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


Segundo a normal à trajectória, temos: 𝑇 − 𝑃 = 𝑚. 𝑎𝐶 , sendo 𝑃 = 𝑚. 𝑔. 𝑐𝑜𝑠 𝜃
𝑣2
e 𝑎𝑛 = , a tensão do fio não é constante e varia segundo a expressão:
𝑅
𝒗𝟐
𝑻 = 𝒎. + 𝒎. 𝒈. 𝒄𝒐𝒔 𝜽
𝑹
Neste movimento temos as seguintes particularidades.

✓ Ao passar o ponto A de sua trajectória circular, temos:


- O ângulo 𝜽 é nulo, logo a componente normal da aceleração 𝑎𝑛 , é
máxima e a componente tangencial da aceleração 𝑎𝑡 , é nula;
- A velocidade do pêndulo é máxima: ; 𝒗𝒎á𝒙 = √𝟓. 𝒈. 𝑹
- A tensão do fio é máxima: 𝐹𝑅 = 𝑚. 𝑎 ↔ 𝑇 − 𝑃 = 𝑚. 𝑎𝐶 .

✓ Ao passar o ponto C de sua trajectória circular, temos:


- O ângulo 𝜽 é máximo, logo a componente normal da aceleração 𝑎𝑛 , é
nula e a componente tangencial da aceleração 𝑎𝑡 , é máxima;

- A velocidade do pêndulo é nula;


- A tensão do fio é mínima.

Observação: as acelerações tangenciais e normais são dadas pelas


𝒗𝟐
expressões 𝒂
⃗ 𝒕 = 𝒈. 𝒔𝒆𝒏 𝜽. 𝒆
⃗𝒏𝑒𝒂
⃗𝒏= ⃗𝒏
.𝒆
𝒍

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


Problemas resolvidos

1- Uma pedra de massa 50 g, está


atada a um fio, de 1 m de
comprimento, descrevendo uma
trajectória circular de raio 32 cm,
num plano horizontal. Determine:
a) O valor da tensão do fio.
b) O valor da velocidade da
pedra.

a) Resolução:

𝑅 0,32
Da figura temos: 𝑠𝑒𝑛 𝜃 = = → 𝜃 = 19𝑜
𝑙 1
𝒎.𝒈
Sendo 𝑇𝑦 = 𝑇. cos 19𝑜 e 𝑇𝑦 = 𝑃, temos 𝑇. cos 19𝑜 = 𝑚. 𝑔 → 𝑻 =
𝒄𝒐𝒔 𝟏𝟗𝒐
0,05.10
𝑇= → 𝑇 = 0,53 𝑁
0,94

b) Resolução:

𝑚.𝑣 2 𝑹.𝑻 .𝒔𝒆𝒏 𝟏𝟗𝒐


𝑇𝑥 = 𝑇. 𝑠𝑒𝑛 19𝑜 e 𝑇𝑥 = 𝐹𝐶 , temos 𝑇. 𝑠𝑒𝑛 19𝑜 = → 𝒗=√
𝑅 𝒎

0,32.0,53.0,32
𝑣=√ → 𝑣 = √1,1 → 𝒗 = 𝟏𝒎/𝒔
0,05

2- Um corpo de 500 g é abandonado da posição A, como está


representado na figura. Determine:

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


a) A velocidade em B e C.
Resolução:
𝑣𝐵2 = 𝑣𝐴2 − 2. 𝑔. ℎ𝐵 , sendo 𝑣𝐴 = 0 𝑒 ℎ𝐵 = 𝑙. sen 60𝑜 →
𝒗𝑩 = √𝟐. 𝒈. 𝒍. 𝒄𝒐𝒔 𝟑𝟎𝒐 → 𝑣𝐵 = √2.10.0,5.0,86 → 𝒗𝑩 = 𝟑 𝒎/𝒔

𝑣𝐶2 = 𝑣𝐴2 − 2. 𝑔. ℎ𝐵 , sendo 𝑣𝐴 = 0 𝑒 ℎ𝐶 = 𝑙. sen 90𝑜 →


𝒗𝑪 = √𝟐. 𝒈. 𝒍. 𝒄𝒐𝒔 𝟎𝒐 → 𝑣𝐶 = √2.10.0,5.1 → 𝒗𝑪 = 𝟑, 𝟏𝟔 𝒎/𝒔

b) A aceleração em ordem 𝑒𝑛 e 𝑒𝑡 , nos pontos B e C.

Da figura temos 𝑎 = 𝑎𝑡 + 𝑎𝑛 , logo:

No ponto B:

𝑎𝑡 = 𝑔. 𝑠𝑒𝑛 30𝑜 . 𝑒𝑡 → 𝑎𝑡 = 10.0,5𝑒𝑡 → 𝑎𝑡 = 5𝑒𝑡


𝑣2 (3)2
𝑎𝑛 = . 𝑒𝑛 → 𝑎𝑡 = 𝑒𝑛 → 𝑎𝑡 = 18𝑒𝑛 , logo 𝒂
⃗ = 𝟓𝒆
⃗ 𝒕 + 𝟏𝟖𝒆
⃗𝒏
𝑙 0,5

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


No ponto C:

𝑎𝑡 = 𝑔. 𝑠𝑒𝑛 0𝑜 . 𝑒𝑡 → 𝑎𝑡 = 10.0𝑒𝑡 → 𝑎𝑡 = 0
𝑣2 (3,16)2
𝑎𝑛 = . 𝑒𝑛 → 𝑎𝑡 = 𝑒𝑛 → 𝑎𝑡 = 20𝑒𝑛 , logo ⃗𝒂 = 𝟐𝟎𝒆
⃗𝒏
𝑙 0,5

c) A norma da tensão em A, B e C.

Em A: 𝑣𝐴 = 0 𝑒 𝜃 = 90𝑜 , logo 𝑻 = 𝒎. 𝒈. 𝒄𝒐𝒔 𝜽 → 𝑻 = 𝟎

𝑚 𝒗𝟐
Em B: 𝑣𝐵 = 3 𝑒 𝜃 = 30𝑜 , logo 𝑻 = 𝒎. 𝑹 + 𝒎. 𝒈. 𝐜𝐨 𝐬 𝜽 →
𝑠
(3 )2
𝑇 = 0,5. + 0,5.10. 𝑐𝑜𝑠 30𝑜 → 𝑻 = 𝟏𝟑, 𝟑 𝑵
0,5

𝑚 𝒗𝟐
Em C: 𝑣𝐵 = 3,16 𝑒 𝜃 = 0𝑜 , logo 𝑻 = 𝒎. 𝑹 + 𝒎. 𝒈. 𝐜𝐨 𝐬 𝜽 →
𝑠
(3,16)2
𝑇 = 0,5. + 0,5.10. 𝑐𝑜𝑠 0𝑜 → 𝑻 = 𝟏𝟓 𝑵
0,5

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


Subtema A.2 - Dinâmica de um sistema de partículas materiais.

2.0- Introdução

Os sistemas de partículas materiais podem ser:


Corpos rígidos ou sistemas indeformáveis, quando as partículas materiais
ocupam posições fixas em relação umas às outras. Por exemplo a mesa, a
cadeira, a porta.
Sistemas discretos de partículas que podem ser deformáveis quando as
partículas materiais variam de posição relativamente umas às outras,
enquanto se processa o movimento, e indeformáveis, quando as partículas
materiais não variam de posição relativamente umas às outras com o tempo.

2.1- Centro de massa de um sistema de partículas. O seu movimento.

No sistema apresentado na figura abaixo há um ponto que tem um


movimento de translação simples. Esse ponto chama-se centro de massa.
Assim, quando se atira um martelo, que é um corpo rígido, segundo um
plano horizontal, sem atrito, o centro de massa, assinalado na figura por um
ponto negro no martelo, tem uma trajectória rectilínea.

O centro de massa de um sistema move-se como se toda a massa estivesse


concentrada nele e as forças exteriores que actuam sobre o sistema
estivessem aplicadas nesse ponto.

• Posição do centro de massa de um sistema discreto de partículas

A posição do centro de massa é, por definição, obtida a partir da seguinte


expressão:
⃗ 𝟏 + 𝒎𝟐 𝒓
𝒎𝟏 𝒓 ⃗ 𝟐 + ⋯ + 𝒎𝒏 𝒓
⃗𝒏 ∑𝒏𝒊=𝟏 𝒎𝒊 𝒓
⃗𝒊
⃗𝒓𝑪𝑴 = ⃗
𝒐𝒖 𝒓𝑪𝑴 = 𝒏
𝒎𝟏 + 𝒎𝟐 + ⋯ + 𝒎𝒏 ∑𝒊=𝟏 𝒎𝒊

Fazendo 𝑀 = ∑𝑛𝑖=1 𝑚𝑖 , a massa total do sistema, vem:

𝒏
𝟏
⃗ 𝑪𝑴
𝒓 ⃗𝒊
= ∑ 𝒎𝒊 𝒓
𝑴
𝒊=𝟏

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


Se n partículas estiverem situadas numa recta com uma só dimensão, por
exemplo no eixo dos x, a equação anterior fica:
𝒏
𝒎𝟏 𝒙𝟏 + 𝒎𝟐 𝒙𝟐 + ⋯ + 𝒎𝒏 𝒙𝒏 𝟏
𝒙𝑪𝑴 = → 𝒙𝑪𝑴 = ∑ 𝒎𝒊 𝒙𝒊
𝒎𝟏 + 𝒎𝟐 + ⋯ + 𝒎𝒏 𝑴
𝒊=𝟏
Se as partículas não forem colineares nem coplanares, o centro de massa te
ainda coordenadas 𝒚𝑪𝑴 e 𝒛𝑪𝑴 :
𝒏
𝒎𝟏 𝒚 + 𝒎𝟐 𝒚𝟐 + ⋯ + 𝒎𝒏 𝒚𝒏 𝟏
𝒚𝑪𝑴 = → 𝒚𝑪𝑴 = ∑ 𝒎𝒊 𝒚𝒊
𝒎𝟏 + 𝒎𝟐 + ⋯ + 𝒎𝒏 𝑴
𝒊=𝟏

𝒏
𝒎𝟏 𝒛𝟏 + 𝒎𝟐 𝒛𝟐 + ⋯ + 𝒎𝒏 𝒛𝒏 𝟏
𝒛𝑪𝑴 = → 𝒛𝑪𝑴 = ∑ 𝒎𝒊 𝒛𝒊
𝒎𝟏 + 𝒎𝟐 + ⋯ + 𝒎𝒏 𝑴
𝒊=𝟏

O vector posição do centro de massa pode então toma a forma;

∑𝒏𝒊=𝟏 𝒎𝒊 𝒙𝒊 ∑𝒏𝒊=𝟏 𝒎𝒊 𝒚𝒊 ∑𝒏𝒊=𝟏 𝒎𝒊 𝒛𝒊


⃗ 𝑪𝑴
𝒓 = 𝒏 ⃗ + 𝒏
𝒆 ⃗ + 𝒏
𝒆 ⃗
𝒆
∑𝒊=𝟏 𝒎𝒊 𝒙 ∑𝒊=𝟏 𝒎𝒊 𝒚 ∑𝒊=𝟏 𝒎𝒊 𝒛

⃗ 𝑪𝑴 = 𝒙𝑪𝑴 𝒆
𝒓 ⃗ 𝒙 + 𝒚𝑪𝑴 𝒆
⃗ 𝒚 + 𝒛𝑪𝑴 𝒆
⃗𝒛

A posição do centro de massa é uma média ponderada pelas massas, da


posição de todas as partículas. Ponderada significa que as partículas com
maior massa contribuem mais.

Problemas resolvidos

1- Determina o vector posição do centro de massa do sistema discreto de


partículas materiais P1, P2 e P3 de massas m1 = 3 kg, m2 = 4 kg e m3 = 5 kg,
cujas posições no plano x0y são P1(4;3), P2(6;13) e P3(10;12).

Resolução:
𝑀 = 𝑚1 + 𝑚2 + 𝑚3 = 3 + 4 + 5 = 12𝑘𝑔

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


𝑛
1 1
𝑥𝐶𝑀 = ∑ 𝑚𝑖 𝑥 𝑖 = (3.4 + 4.6 + 5.10) = 7,2 𝑚
𝑀 12
𝑖=1

𝑛
1 1
𝑦𝐶𝑀 = ∑ 𝑚𝑖 𝑦𝑖 = (3.3 + 4.13 + 5.12) = 10,1 𝑚
𝑀 12
𝑖=1

Logo: ⃗𝒓𝑪𝑴 = 𝒙𝑪𝑴 ⃗𝒆𝒙 + 𝒚𝑪𝑴 ⃗𝒆𝒚 = 𝟕, 𝟐𝒆


⃗ 𝒙 + 𝟏𝟎, 𝟏𝒆
⃗𝒚

2.2- Segunda Lei de Newton para um sistema de partículas.

Derivando em ordem ao tempo a expressão do vector posição do centro


de massa e considerando que a massa de cada partícula é constante,
obtém-se:
𝑛
𝑑𝑟𝐶𝑀 1 𝑑𝑟𝑖
= ∑ 𝑚𝑖 →
𝑑𝑡 𝑀 𝑑𝑡
𝑖=1

𝒏
𝟏
⃗ 𝑪𝑴
𝒗 ⃗𝒊
= ∑ 𝒎𝒊 𝒗
𝑴
𝒊=𝟏
A equação acima é a velocidade do centro de massa de um sistema de
partículas.

Derivando em ordem ao tempo a equação da velocidade do centro de


massa, obtemos a expressão da aceleração do centro de massa de um
sistema de partícula:

𝑛
𝑑𝑣𝐶𝑀 1 𝑑𝑣𝑖
= ∑ 𝑚𝑖 →
𝑑𝑡 𝑀 𝑑𝑡
𝑖=1

𝒏
𝟏
⃗ 𝑪𝑴
𝒂 ⃗𝒊
= ∑ 𝒎𝒊 𝒂
𝑴
𝒊=𝟏

Pela 2ª lei de Newton aplicada a uma partícula material, temos:


𝑛

𝑀𝑎𝐶𝑀 = ∑ 𝐹𝑖
𝑖=1

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


Visto que as forças interiores ao sistema, por serem pares acção-reacção,
têm resultante nula, apenas as forças exteriores ao sistema influenciam o
movimento do centro de massa. Assim, temos:

𝒏
⃗ 𝒆𝒙𝒕. = 𝑴𝒂
∑𝑭 ⃗ 𝑪𝑴
𝒊=𝟏
Está equação é conhecida como segunda lei de Newton para um sistema
de partícula e, enuncia o seguinte:
“O centro de massa de um sistema de partículas materiais desloca-se como
se nele estivesse concentrada toda a massa do sistema e nele estivessem
aplicadas todas as forças exteriores ao sistema.”

Problemas propostos

1- Considere um sistema constituído por três partículas materiais A, B e C de


massas mA = 2 kg, mB = 3 kg e mc = 1 kg, que se deslocam no espaço com
movimentos traduzidos pelas leis:
𝑟𝐴 = (3𝑡 2 + 1)𝑒𝑥 (SI)
𝑟𝐵 = 7𝑡𝑒𝑥 + 2𝑒𝑦 (SI)
𝑟𝐶 = 3𝑡𝑒𝑥 + 2𝑡𝑒𝑧 (SI)

Para 𝑡 = 2𝑠, determine:

a) A velocidade do centro de massa do sistema de partículas.


b) A aceleração do centro de massa do sistema de partículas.

2.3- Momento linear de uma partícula e segunda lei de Newton

O momento linear é uma grandeza vectorial com a direcção e sentido da


velocidade e cuja intensidade é dada pelo produto entre a massa e o valor
da velocidade. No SI, exprime-se em kg.m/s. quanto maior for o momento
linear de um corpo mais difícil se torna pará-lo.

𝑝 = 𝑚𝑣

Derivando em ordem ao tempo a equação do momento linear e


considerando a massa constante, obtemos:
𝑑𝑝 𝑑𝑣
=𝑚
𝑑𝑡 𝑑𝑡

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020



𝒅𝒑
Pela 2ª lei de Newton, fica: ⃗𝑭𝒓𝒆𝒔. =
𝒅𝒕
Esta é a outra forma de definir a segunda lei de Newton: “a resultante das
forças aplicadas sobre uma partícula é igual à derivada temporal do seu
momento linear”.

Se as forças aplicadas sobre a partícula forem constantes, escrevemos:



∆𝒑
⃗ 𝒓𝒆𝒔. =
𝑭
∆𝒕

Quando se verificam colisões, as forças que actuam sobre os corpos não


são constantes. Estas forças não são muito intensas e tem curta duração. Assim
a expressão fica:
⃗ 𝒎é𝒅. ∆𝒕
⃗ =𝑭
∆𝒑
Onde ⃗𝑭𝒎é𝒅. ∆𝒕 = 𝑰, sendo 𝑰 impulso da força resultante que é igual à
variação do momento linear.

• Conservação do momento linear de um sistema de partículas

Para um sistema de n partículas, o momento linear será designado por 𝑝𝑠𝑖𝑠𝑡 e


será:
⃗ 𝒔𝒊𝒔𝒕 = 𝒎𝒗
𝒑 ⃗ 𝑪𝑴

Derivando a equação acima, podemos concluir que:


𝑑𝑝𝑠𝑖𝑠𝑡 𝑑𝑣𝐶𝑀 𝑑𝑝𝑠𝑖𝑠𝑡
=𝑚 → = 𝑚𝑎𝐶𝑀
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡

Comparando com a equação ∑𝑛𝑖=1 𝐹𝑒𝑥𝑡. = 𝑀𝑎𝐶𝑀 , podemos concluir:

𝒏
⃗ 𝒔𝒊𝒔𝒕
𝒅𝒑
⃗ 𝒆𝒙𝒕. =
∑𝑭
𝒅𝒕
𝒊=𝟏
“O momento linear de um sistema de partículas só pode variar se existirem
forças exteriores de resultante não nula”

⃗ 𝒔𝒊𝒔𝒕
𝒅𝒑
Se ∑𝒏 ⃗
𝒊=𝟏 𝑭𝒆𝒙𝒕. = 𝟎 → = 𝟎, isto é, se a resultante das forças exteriores que
𝒅𝒕
actuam no sistema for nula, a variação do momento linear do sistema é nula,
o momento linear permanecerá constante e a velocidade do centro de
massa não se alterará. Neste caso, diz-se que o sistema é isolado do exterior

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


(só valido quando não há rotação). E tal condição define a lei da
conservação do momento linear que se enuncia da seguinte forma:
“Num sistema isolado o momento linear mantém-se constante”.

Se houver alguma alteração no sistema, por exemplo, uma colisão ou uma


explosão, o momento linear inicial do sistema é igual ao final, ou seja:
⃗ 𝒊(𝒔𝒊𝒔𝒕) = 𝒑
𝒑 ⃗ 𝒇(𝒔𝒊𝒔𝒕)

• Colisões entre partículas

A colisão é uma interacção entre dois ou mais corpos, com mútua troca
de movimento linear e energia. O choque entre bolas de bilhar é um exemplo;
o movimento das bolas é alterado; após colisão, elas podem mudar a
direcção, o sentido e a intensidade das suas velocidades. Outras colisões
ocorrem sem que haja contacto material, como é o caso de um meteorito
que desvia a sua órbita ao passar nas proximidades de um planeta.
Em física procura-se saber o comportamento dos corpos após a colisão.
Para isto são usadas as leis de conservação de energia cinética e do
momento linear. Assim as colisões podem ser:

➢ Colisões elástica

Numa colisão elástica a energia cinética e o momento linear dos corpos


envolvidos na colisão permanecem constantes antes e depois da colisão
(vide figura abaixo).

Neste caso a colisão é frontal e unidimensional, e a equação vectorial da


conservação do momento linear escreve-se segundo o eixo do 𝑥:

⃗ 𝒊(𝒔𝒊𝒔𝒕) = 𝒑
𝒑 ⃗ 𝒇(𝒔𝒊𝒔𝒕)

𝒎𝟏 𝒗𝟏𝒙 + 𝒎𝟐 𝒗𝟐𝒙 = 𝒎𝟏 𝒗′𝟏𝒙 + 𝒎𝟐 𝒗′𝟐𝒙


Sendo 𝒗´𝟏 e 𝒗´𝟐 os valores da velocidade dos corpos 1 e 2 após a colisão.
Caso a colisão não fosse unidimensional teríamos de escrever uma equação
como a anterior, mas referente ao eixo dos 𝑦 e(ou) dos 𝑧 obtendo-se assim um
sistema de equações.

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


Numa colisão elástica além da conservação do momento linear, há
também conservação de energia cinética do sistema:
𝑬𝑪𝒊(𝒔𝒊𝒔𝒕) = 𝑬𝑪𝒇(𝒔𝒊𝒔𝒕)
𝟏 𝟏 𝟏 𝟏
𝒎𝟏 𝒗𝟐𝟏 + 𝒎𝟐 𝒗𝟐𝟐 = 𝒎𝟏 𝒗′𝟐 ′𝟐
𝟏 + 𝒎𝟐 𝒗𝟐
𝟐 𝟐 𝟐 𝟐

➢ Colisões inelástica

Quando a energia cinética do sistema diminuir após a colisão, esta chama-


se inelástica.
Se após a colisão a energia cinética do sistema for a mínima possível
(verificando-se conservação do momento linear), estamos perante uma
colisão perfeitamente inelástica. Numa colisão deste tipo, após a colisão, os
corpos que constituem o sistema seguem juntos com a mesma velocidade
(𝑣1′ = 𝑣2′ = 𝑣 ′ ). Nestes casos a equação da conservação do momento linear to
a forma (usando nomenclatura escalar):
𝒎𝟏 𝒗𝟏 + 𝒎𝟐 𝒗𝟐 = (𝒎𝟏 + 𝒎𝟐 )𝒗′
Pêndulo balístico

Um exemplo de aplicação de colisões perfeitamente inelásticas é o


pêndulo balístico. Ele é um sistema quee pode ser utilizado para a
determinação da intensidade da velocidade de projéteis.

O pêndulo balístico é constituído por um bloco de madeira, de massa M,


suspenso por dois fios finos e inextensíveis, de comprimento l, e onde se pode
incrustar uma bala de massa m. quando a bala bate e se incrusta no bloco,
faz o sistema oscilar e subir ate a uma altura h.

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


Coeficiente de restituição

A elasticidade ou inelasticidade de uma colisão pode ser medida por um


parâmetro chamado coeficiente de restituição, que é definido como a razão
entre a diferença dos valores das velocidades das partículas após a colisão e
antes da colisão. Para colisões frontais, este parâmetro é:

𝒗′𝟐 − 𝒗′𝟏
𝒆=
𝒗𝟏 − 𝒗𝟐
Este coeficiente de restituição é sempre positivo, embora os valores das
velocidades possam ser positivos ou negativos.

A diferença 𝒗′𝟐 − 𝒗′𝟏 chama-se velocidade de afastamento e a diferença


𝒗𝟏 − 𝒗𝟐 chama-se velocidade de aproximação.
Quando a colisão é perfeitamente elástica, o coeficiente de restituição é
𝒆 = 𝟏. Numa colisão perfeitamente inelástica, o coeficiente de restituição é
𝒆 = 𝟎, porque 𝒗′𝟐 = 𝒗′𝟏 .

Nas condições inelásticas, o coeficiente de restituição é 0 < 𝒆 < 𝟏.

Problemas resolvidos

1- Uma partícula A, de massa 200 g, desloca-se num plano horizontal sem


𝑚
atrito, com velocidade 𝑣𝐴 = 10𝑒𝑥 ( 𝑠 ). Num dado instante choca,
elasticamente, com uma partícula B, de massa também 200 g, que se
encontra em repouso. Após o choque, a partícula A desloca-se numa
direcção que faz um ângulo de 60º com a horizontal.

a) Determine o valor da velocidade das partículas A e B após o choque.

Resolução:

Considerando o referencial estabelecido, temos:

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


′ ′
𝑚𝐴 𝑣𝐴𝑥 = 𝑚𝐴 𝑣𝐴𝑥 + 𝑚𝐵 𝑣𝐵𝑥
{ ′ ′
0 = 𝑚𝐴 𝑣𝐴𝑦 − 𝑚𝐵 𝑣𝐵𝑦

Sendo 𝑚𝐴 = 𝑚𝐵 , 𝑣𝐴𝑥 = 𝑣𝐴 ,

𝑣𝐴𝑥 = 𝑣𝐴′ cos 60𝑜 ; 𝑣𝐴𝑦

= 𝑣𝐴′ sen 60𝑜

𝑣𝐵𝑥 = 𝑣𝐵′ cos 𝜃; 𝑣𝐵𝑦

= 𝑣𝐵′ sen 𝜃

Vem: 𝑣𝐴 = 𝑣𝐴′ cos 60𝑜 + 𝑣𝐵′ cos 𝜃(1) e 0 = 𝑣𝐴′ sen 60𝑜 + 𝑣𝐵′ sen 𝜃(2)

Havendo conservação de energia, temos


1 1 1
𝑚𝐴 𝑣𝐴2 = 2 𝑚𝐴 𝑣𝐴′2 + 2 𝑚𝐵 𝑣𝐵′2 → 𝑣𝐴2 = 𝑣𝐴′2 + 𝑣𝐵′2 (3)
2

Das equações (1) e (2), temos:


𝑣𝐴 − 𝑣𝐴′ cos 60𝑜 = 𝑣𝐵′ cos 𝜃(5) e 𝑣𝐴′ sen 60𝑜 = 𝑣𝐵′ sen 𝜃(6)
Elevando ambos membros das equações (5) e (6) ao quadrado, temos:
𝑣𝐴2 + 𝑣𝐴′2 𝑐𝑜𝑠 2 60𝑜 − 2𝑣𝐴 𝑣𝐴′ cos 60𝑜 = 𝑣𝐵′2 cos 2 𝜃 (7)
e 𝑣𝐴′2 sen2 60𝑜 = 𝑣𝐵′2 sen2 𝜃 (8)
somando (7) e (8), temos:
𝑣𝐴2 + 𝑣𝐴′2 𝑐𝑜𝑠 2 60𝑜 − 2𝑣𝐴 𝑣𝐴′ cos 60𝑜 + 𝑣𝐴′2 sen2 60𝑜 = 𝑣𝐵′2 cos 2 𝜃 + 𝑣𝐵′2 sen2 𝜃

𝑣𝐴2 + 𝑣𝐴′2 (𝑐𝑜𝑠 2 60𝑜 + sen2 60𝑜 ) − 2𝑣𝐴 𝑣𝐴′ cos 60𝑜 = 𝑣𝐵′2 (cos 2 𝜃 + sen2 𝜃)

𝑣𝐴2 + 𝑣𝐴′2 − 2𝑣𝐴 𝑣𝐴′ cos 60𝑜 = 𝑣𝐵′2 (9)

Isolando 𝑣𝐵′2 em (3) e substituindo em (9), temos:

𝑣𝐴2 + 𝑣𝐴′2 − 2𝑣𝐴 𝑣𝐴′ cos 60𝑜 = 𝑣𝐴2 − 𝑣𝐴′2


2𝑣𝐴′2 = 2𝑣𝐴 𝑣𝐴′ cos 60𝑜 → 𝑣𝐴′ = 𝑣𝐴 cos 60𝑜 → 𝑣𝐴′ = 10.0,5 → 𝒗′𝑨 = 𝟓 𝒎/𝒔
Da equação (3) obtemos:
𝑣𝐵′2 = 𝑣𝐴2 − 𝑣𝐴′2 → 𝑣𝐵′ = √𝑣𝐴2 − 𝑣𝐴′2 → 𝑣𝐵′ = √(10)2 − (5)2 → 𝒗′𝑩 = 𝟖, 𝟕 𝒎/𝒔

b) Que ângulo fazem as direcções das velocidades A e B após o choque?

Resolução:
Da equação (2), temos:
𝑣𝐴′ sen 60𝑜 = −𝑣𝐵′ sen 𝜃
√3
5 = −8,7 sen 𝜃 → 𝑠𝑒𝑛 𝜃 = 0,5 → 𝜽 = 𝟑𝟎𝒐
2

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


Problemas propostos

1- Uma esfera, de massa m1 = 1 kg, direcção que faz um ângulo de


move-se sobre uma superfície 90º com a direcção inicial.
plana horizontal, perfeitamente
polida, com uma velocidade 𝑣1 =
𝑚
16𝑒𝑥 ( 𝑠 ). Num dado instante
colide com outra esfera, de
massa m2 =4 kg, em repouso. Após
a colisão, a sua velocidade passa
a ser de 12 m/s, segundo uma

a) Determina o valor da velocidade da esfera 2 após a colisão.


b) Qual a direcção da velocidade da esfera 2após a colisão?
c) A colisão terá sido elástica? Justifique com cálculos.

2- Uma partícula A, de massa 3 kg, partículas seguem juntas.


desloca-se com velocidade 𝑣𝐴 = Determine:
𝑚
5𝑒𝑥 ( 𝑠 ), sobre uma superfície
polida, quando colide com outra
partícula B, de massa 2 kg, que se
desloca com velocidade 𝑣𝐵 =
𝑚
−3𝑒𝑥 ( 𝑠 ). Após a colisão, as duas

a) A velocidade das partículas após a colisão.


b) O valor do ângulo 𝜃.
c) O valor da energia dissipada devido à colisão.

3- A figura 1 a seguir ilustra um projectil‑bloco atinge uma altura


projéctil de massa m1 = 520 g máxima h, conforme
disparado horizontalmente com representado na figura 2,
velocidade de módulo v1 = 5 200 considerando g = 10 m/s2.
m/s contra um bloco de massa
m2 = 51,98 kg, em repouso,
suspenso na vertical por um fio de
massa desprezível. Após sofrerem
uma colisão perfeitamente
inelástica, o projéctil fica
incrustado no bloco e o sistema

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


a) Calcule o módulo da velocidade que o sistema projéctil-bloco adquire
imediatamente após a colisão.
b) Aplicando-se o PCEM, calcule o valor da altura máxima h atingida pelo
sistema projéctil-bloco após a colisão.

4- Na situação do esquema a seguir, um míssil move ‑se no sentido do eixo 0x


com velocidade vo, de módulo 40 m/s. Em dado instante, ele explode,
fragmentando ‑se em três partes A, B e C, de massas M, 2M e 2M,
respectivamente.

Sabendo que, imediatamente após a explosão, as velocidades das partes


B e C valem vB = vC = 110 m/s, determine as características da velocidade
vectorial da parte A, levando em conta o referencial 0xy.

2.4. Momento de uma força em relação a um ponto

Chama-se momento de uma força 𝐹 aplicada num ponto P, em relação


a um ponto 0, ao produto da intensidade F da força pela distância d do
ponto 0 à linha de acção da força.

Por convenção, o momento pode ser positivo ou negativo. Adopta-se


sinal (+) se a força 𝐹 tende a girar o segmento 𝑂𝑃 em torno de 𝟎 no sentido
anti-horário, e (-) no sentido horário.

O ponto 𝟎 é denominado pólo e a distância d, braço.

A unidade de momento no SI é o newton x metro (N.m).

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


O momento de uma força em relação a um ponto, também denominado
torque, é uma grandeza vectorial:

𝑒𝑥 𝑒𝑦 𝑒𝑧
⃗⃗ = 𝐹 ∧ 𝑟 → 𝑀
𝑀 ⃗⃗ = |𝐹𝑥 𝐹𝑦 0|
𝑟𝑥 𝑟𝑦 0
As características do momento de uma força 𝐹, em relação a um ponto
0, são:
- Direcção: perpendicular ao plano definido pelos vectores 𝐹 e 𝑟;
- Sentido: dado por qualquer uma das regras do produto vectorial (regra da
mão direita);
-Norma: |𝑴⃗⃗⃗ | = |𝑭 ⃗ |. 𝒔𝒆𝒏 𝜽 ou 𝑴 = 𝑭. 𝒅
⃗ |. |𝒓

• Binário e momento do binário

Binário é um sistema constituído de duas forças de mesma intensidade,


mesma direcção e sentidos opostos, cujas linhas de acção estão a uma certa
distância d. A distância d chama-se braço do binário.

O momento do binário é a soma algébrica dos momentos das forças que


o constituem:

ou

𝑀 = +𝐹. 𝑑2 − 𝐹. 𝑑1 → 𝑀 = 𝐹(𝑑2 − 𝑑1 )
𝑴 = 𝑭𝒅

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


A resultante do binário é nula, pois as forças que o constituem têm mesma
intensidade, mesma direcção e sentidos opostos. Deste modo, se aplicarmos
um binário a um sólido, inicialmente em repouso, este não adquire movimento
de translação (pois a resultante é nula), mas adquire movimento de rotação
não uniforme (pois o momento não é nulo).

• Condição de equilíbrio dos corpos extensos.

Um corpo extenso está em equilíbrio quando não apresenta movimento de


translação ou quando ele realiza translação rectilinea e uniforme; e, ainda
quando o corpo está em rotação ou realiza rotação uniforme. Nessas
condições:
O sistema de forças que age sobre o corpo em equilíbrio deve ser tal que:
a) a resultante do sistema de forças seja nula (equilíbrio de translação);

𝑭𝟏𝒙 + 𝑭𝟐𝒙 + ⋯ + 𝑭𝒏𝒙 = 𝟎


𝐹𝑅 = 0 → {
𝑭𝟏𝒚 + 𝑭𝟐𝒚 + ⋯ + 𝑭𝒏𝒚 = 𝟎

b) a soma algébrica dos momentos das forças do sistema, em relação a


qualquer ponto, seja nula (equilíbrio de rotação)

𝑀0 = 0 → 𝑀𝐹1 + 𝑀𝐹2 + ⋯ + 𝑀𝐹𝑛 = 0

• Centro de gravidade e centro de massa


O ponto de aplicação do peso de um corpo é denominado centro de
gravidade (CG). Podemos imaginar que, neste ponto, concentra-se todo o
peso do corpo.
Para um corpo homogéneo e simétrico, o centro de gravidade coincide
com o centro geométrico.

O ponto no qual podemos considerar concentrada toda a massa de um


corpo é denominado centro de massa (CM).
Nos locais onde a aceleração da gravidade pode ser considerada
constante, o centro de massa coincide com o centro de gravidade.

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020


Problemas resolvidos

1- Na figura a seguir são mostradas três forças que poderiam actuar no corpo
da chave inglesa. Determine os módulos dos momentos de cada força em
relação ao polo P (centro do parafuso).

2- Uma barra de 0,2 m de comprimento é submetida, em uma de suas


extremidades, à ação de três forças, conforme mostra a figura.

Sendo as intensidades das forças F1 = 100 N, F2 = 20 N e F3 = 50 N, determine


os momentos escalares relativos a cada força em relação ao ponto P na
outra extremidade da barra.

3- Uma barra homogênea AB, de 50 kgf de peso, é mantida em equilíbrio por


um fio ideal e pela articulação A.

Sendo 20 kgf o peso da esfera E, determine:


a) a tração no fio;
b) a reação na articulação.

4- Considere o paralelepípedo representado na figura e as forças nele


aplicadas e determine o momento resultante do sistema das forças 𝐹1 , 𝐹2 e
𝐹3 , em relação ao ponto fixo 0, origem do referencial inercial, sendo:

Elaborado por: Mauro Muzuto, em Cacuaco, aos 3 de fevereiro de 2020

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