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PS047 – GEMOLOGIA

TRABALHO CONV. ORDINÁRIA


PROGRAMA DE ESTUDOS: MESTRADO EM CRIMINALÍSTICA
Aluno: Mauro Amado Muzuto Daniel

Data: 01 de Maio de 2023

TRABALHO SOBRE INCLUSÕES EM GEMAS

Conceito e estudo das inclusões


Inclusão é todo tipo de irregularidade microscópica ou macroscópica, material,
heterogeneidade óptica, que se apresenta no interior de uma gema. Segundo
Liccardo (2012), uma inclusão é qualquer mineral (ou outra substância sólida),
cavidade com fluidos, defeito estrutural ou falta de homogeneidade no interior da
pedra.
O estudo das inclusões realiza-se mediante um microscópio, geralmente
mergulhando a pedra em um líquido com índice de refração próximo ao da pedra a
fim de eliminar os brilhos externos produzidos pelas facetas e o relevo causado por
seu índice de ou usando uma lupa binocular refração com 80 vezes de aumento.
Abaixo de 80 vezes não é considerada inclusão e todo defeito que requer uma
ampliação de 100 vezes para ver visto, também não será considerado uma inclusão.

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Figura 1 – Equipamentos para observação de inclusões nas gemas. Fonte: Antonio
Liccardo. Inclusões cristalinas e fluidas e seus aspectos gemológicos.

Importância do estudo das inclusões.


O estudo do tipo e a localização das inclusões em uma gema é de uma importância
excepcional, pois, segundo Pinillos & Gavrilenko (2009), ele nos permite:
- Reconhecer o grupo de uma gema, porque existem muitas inclusões particulares
para determinados tipos de gemas (granada, pedra da lua, ametista, etc).
- Demarcar, às vezes, a região ou jazida de procedência de uma determinada gema,
visto que algumas inclusões são exclusivas de uma mina ou localidade (parisita em
esmeralda de Muzo, zircão com halo em rubis de Ceylan, etc).
- Reconhecer a veracidade (natural ou sintética) de uma gema. Neste caso a
observação das inclusões é determinante pois o resto das propriedades e
características de identificação são similares ou idênticas. Não obstante, o meio no
qual se formaram as gemas naturais ou as pedras sintéticas são muito diferentes
entre si, deixando impressões distintas nas suas inclusões.
- Verificar a presença de tratamentos aplicados à gema para melhorar sua cor ou
pureza, visto que os tratamentos alteram as inclusões dentro das gemas ou
acrescentam particularidades internas novas que permitem detetar pedras tratadas
mediante o estudo microscópico.

Classificação das Inclusões


As inclusões são classificadas pelo seu estado físico, pelo seu estado morfológico,
pela sua génese e pela sua pedra hospedeira.
a) Classificação por seu estado físico:
As inclusões dividem-se em sólidas, líquidas e gasosas. Também são muito
frequentes as inclusões que contêm mais de uma fase, por exemplo, líquidas com
uma bolha de gás. As inclusões polifásicas formam-se quando numa cavidade do
cristal fica presa um fluído homogêneo que vai formando o cristal e posteriormente,
ao baixar a temperatura e a pressão, se separa em várias fases. Estas inclusões
também se chamam inclusões fluidas.

b) Classificação por seu estado morfológico


Quanto ao seu estado morfológico as inclusões classificam-se em:
- Cristalinas (euédricas e semifacetadas): são aquelas que possuem faces, vértices
e arestas com mais ou menos detalhes. Se seu hábito é perfeitamente distinguível,
alas são chamadas de euédricas ou cristais euédricos, e se forem compostas por
um conjunto de faces difíceis de orientar, são chamadas de semifacetadas.

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- Maciças ou disformes: são aquelas na qual a forma cristalina não é visível.

c) Classificação por sua gênese ou genética:


- Protogenéticas: Sempre são sólidas. Formadas anterior a geração do cristal e
englobadas dentro de seu interior durante o crescimento. Exemplos: actinolita em
esmeralda, diamante em diamante, pirrotita em espinélio, etc.
- Singenéticas: Estas inclusões formaram-se durante o processo de cristalização
do mineral que as contém, sendo englobadas por este. Podem ser sólidas, fluidas,
marcas de crescimento e exoluções. Exemplo: olivina em diamante, calcita em
coríndon, dolomita em esmeralda, inclusões trifásicas em esmeraldas colombianas,
etc.
- Epigenéticas: São inclusões que se formam uma vez terminada a formação do
cristal hóspede. Costumam ser fraturas ou fissuras tensionais ou mecânicas, halos
perinclusionais devido a evidências de esforços, preenchimento ou recheamento
de fissuras, minerais secundários, etc.

d) Classificação por sua pedra hospedeira

Conforme apresentado no manual de apoio da disciplina de Gemologia, por sua


pedra hospedeira as inclusões podem ser:
• Inclusões em diamantes
Devido às suas condições de formação, o diamante possui apenas inclusões
sólidas e algumas gasosas. As principais inclusões no diamante são de origem
protogenética ou singenética, que se subdividem em cinco séries:
- Inclusões da série ultramáfica: constituída por minerais ricos em cromo. Os mais
importantes são: olivina, cromo-enstatita, granada piropo e o cromo-espinélio.
- Inclusões da série eclogítica: são as onfacitas, granada almandina, quartzo e
coesita. Mas nesta série também há rutilo em diamantes (do Brasil e da República
Democrática do Congo), cianita, cromita e rubi.
- Inclusões pertencentes a ambas séries: São o diamante, o grafite, os óxidos e
sulfuretos diversos, tais como a pirita, calcopirita ilmenita, etc.
- Inclusões epigenéticas: são aquelas inclusões que foram alteradas por estarem
em contato com o exterior ou materiais adicionais que penetraram em fissuras ou
planos de esfoliação. Entre eles temos: caulinita, serpentina, goethita, hematita e
grafite.
- Inclusões de origem incerta: estas são as micas diversas, sanidina e magnetita.

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Figura 2 – Diamante bruto com uma granada vermelha no seu interior. Fonte:
Google.

• Inclusão no coríndon
Devido a grande variedade de origem dos coríndons, a paragénese do mineral é
diferente em cada caso e isso torna impossível agrupa-los por inclusões ou pelas
carateristicas fornecidas pelas jazidas, por isso, sua descrição é feita por
localidades. Mas é difícil e, em muitos caos, impossível diferenciar sua origem
geográfica, a menos que haja alguma inclusão especifica a uma determinada jazida,
como pirocloro de urânio, niobita, etc. Por exemplo temos:
Coríndons da Caxemira: As safiras da Caxemira (Índia) que têm uma nebulosidade
muito característica devido a pequeníssimas inclusões esbranquiçadas de
composição desconhecida que produzem o efeito Tyndall e as zonações.
Coríndons do Camboja: Nas safias do Camboja, é carateristica a presença de
cristais vermelhos muito facetados, de piroco de urânio.
Coríndons da Tailândia: Têm a presença de cristais negros, geralmente em grupos
de niobita.

Figura 2 - Espinélio em safira do Sri Lanka. Fonte: Antonio Liccardo. Inclusões


cristalinas e fluidas e seus aspectos gemológicos.

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Figura 3 – Zonação de cor em safira da Austrália. Fonte: Antonio Liccardo.
Inclusões cristalinas e fluidas e seus aspectos gemológicos.

Figura 4 - Rubi da Tanzânia: cristal de apatita. 25x. Fonte: Antonio Liccardo.


Inclusões cristalinas e fluidas e seus aspectos gemológicos.

• Inclusões no berilo
As inclusões nos diferentes tipos de berilos são influenciadas pelo tipo de jazida.
Dentre elas temos:
- Inclusões de berilos de origem pnegmatítica: apresentam uma grande variedade
de inclusões, muitas delas líquidas ou bifásicas.
- Esmeraldas hidrotermais: são colombianas e as inclusões mais carateristica nelas
são as trifásicas, com líquido gás-cristal cúbico de hialita, com bordas mais ou
menos dentadas, isoladas ou formando grupos em dentes de serra.
- Esmeraldas de metamorfismo de contato pneumatolítico: as inclusões mais
carateristicas das esmeraldas desta origem e que estão presentes em quase todas
elas são a actinolita em varetas verdes, micas diversas (biotita, moscovita, flogopita)
em placas ou agregados e tremolita em agulhas (retas nas da Austrália e curvas
nas do Zimbábue).
- Esmeraldas de metamorfismo de contato com influência hidrotermal: estas
esmeraldas apresentam cristais romboédricos, tabulares ou irregulares de calcita e
dolomita que nas de Goiás (Brasil) podem formar nuvens. Nas esmeraldas
brasileiras também são frequentes cristais de cromita, pirita e limonita.

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- Berilo vermelho de origem vulcânica (bixbite): apresentam inclusões bifásicas
formando veios, zonações hexagonais e bandas, cometas de partículas
esbranquiçadas e cristais negros de bixbite (oxido de Fe e Mn).

Figura 5 - Cristal de fenacitae cavidade cônica em esmeralda sintética


hidrotermal-Linde. Fonte: Antonio Liccardo. Inclusões cristalinas e fluidas e seus
aspectos gemológicos.

• Inclusões no espinélio
As inclusões típicas dessa pedra são os cristais de apatita prismáticos, euédricos
ou corroides e os vestígios de octaedros negros ou avermelhados de hercinita ou
outros espinélios (pleonasto, gahnita, magnetita ou picotita), ou pequenos
romboedros brancos de dolomita formados por oxidação.

• Inclusões no crisoberilo
Estes cristais apresentam agulhas muito finas de ilmenita formadas por exolução e
tubos paralelos. O restante dos crisoberilos geralmente tem poucas inclusões
sólidas: apatitas, quartzos, diopsídios, fibras de goethita e actinolita e placas de
mica

• Inclusões em quartzo
Por ter origens muito variáveis e ser bastante abundante, suas inclusões são muito
variadas. Os cristais negros negativos e inclusões gasosas, líquidas, bifásicas,
trifásicas e polifásicas são muitos frequentes no quartzo.

Figura 6 - Quartzo com inclusões de covelita. Fonte: Google

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• Inclusões nas calcedónias
Em algumas pedras de calcedónias como as ágatas musgosas e pedras mochas,
o efeito é produzido por dentritos ou ramados de clorita, ou óxidos de Fe Ou Mn
que foram produzidos em poros ou canalículos existentes na pedra. Aliem disso
também são frequentes as agulhas de goethita.

• Inclusões na opala
Nas opalas temos uma variedade de inclusão. Por exemplo, nas opalas mexicanas,
estão presentes agulhas de goethita, cristais de hornblenda, bolas brancas de
calcedônia, cristais de cristobalita e quartzo. Ao passo que nas opalas australianas
tratadas, há grãos pretos carbonáceos na superfície

Figura 7 - Opala com inclusões de calcedônia. Fonte: Google

• Inclusão nas granadas


Pelo fato de terem origens diferentes dependendo da espécie, as inclusões nas
granadas também são diferentes:
- Inclusões na almandina: nestas rochas as inclusões mais frequentes os cristais
prismáticos de apetita ou rutilo nas agulhas lapidadas a 70º - 110º ou as vezes em
cristais.
- Inclusões no piropo: as suas principais inclusões são as agulhas de augita e
hornblenda, cristalitos de quartzo e veios de bifásicas. As formas intermediarias
entre piropo e a almandina têm inclusões de ambos.
- Inclusões na espessartina: as inclusões mais frequentes são triangulares bifásicas
com líquido-gás, veio e também, às vezes, algumas trifásicas sólido-líquido-gás e
cristais negativos.
- Inclusões na andradita: a inclusão carateristica da granada demantoide é o rabo
de cavalo formado por fibras de bissolita (actinolita asbestiforme) curvadas e
agrupadas em tufos que surgem de um cristal de cromita.
- Inclusões de grossulária: que apresentam inclusões diferentes como prismas
incolores de escapolita, cristais de apatita, cristais xaroposos, fibras retas de
amianto (actinolita), tubo de corrosão cristais de diopsídio, apatita e escamas ou
placas de grafite.

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Figura 8 – Granada espessartita com inclusões em excesso prejudicando a
transparência. Fonte: Antonio Liccardo. Inclusões cristalinas e fluidas e seus
aspectos gemológicos.

• Inclusões no topázio
No topázio, inclusões de líquidos imiscíveis, inclusões trifásicas líquido-líquido-gás
ou líquido-líquido-sólido e inclusões bifásicas líquido-gás são muito frequentes. As
principais inclusões sólidas são as apatitas em cristais achatados, hematitas em
placas pretas brilhantes, hornblenda em agulhas e limonita em concreções
botricidais ou botrioides.

Figura 8 – Topázio azul natural com inclusão de mica. Fonte: Google.

Bibliografia
[1] FUNIBER, Fundação Ibero-americana (2023). Gemologia.
[2] Liccardo, A. Inclusões cristalinas e fluidas e seus aspectos gemológicos. Área de
Mineralogia-Gemologia da Universidade Federal do Oeste do Pará. Diponível em UFO.
http://geoturismobrasil.com/Material%20didatico/10%20-%20Inclus%C3%B5es.pdf

[3] Pinillos, M. J. J. & Gavrilenko, E. (2009). Curso Básico de Gemología On-line. Instituto
Gemológico Español – IGE&Minas. Disponível em ige.org
https://www.ige.org/archivos/estudios/curso-gemologia-portugues.pdf

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