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A granada é um nesosilicato muito comum, que pode ser encontrado em rochas ígneas, metamórficas
e sedimentares. É um importante mineral industrial com muitas aplicações, principalmente como abrasivo.
“Granada” na realidade não é um mineral, mas apenas um termo genérico que se refere aos membros
do Grupo das Granadas: piropo - Mg3Al2(SiO4)3, almandina - Fe2+3Al2(SiO4)3, espessartina - Mn2+3Al2(SiO4)3,
uvarovita - Ca3Cr2(SiO4)3, hidrogrossulária - [Ca3Al2(SiO4)3-x(H4O4)x], grossulária - Ca3Al2(SiO4)3 e andradita -
Ca3Fe3+2(SiO4)3. Há uma série de solução sólida entre grossulária e andradita e, para membros não
analisados desta série é usado o termo “grandita”. Granadas podem ser anisótropas (“Cesare B. et al. 2019,
Garnet, the archetypal cubic mineral, grows tetragonal”). É muito difícil diferenciar os membros do Grupo das
Granadas apenas por suas características ópticas.
Cada uma das granadas possui algumas variedades, normalmente baseadas em teores de outros
elementos. Inclusões de rutilo, riebeckita e outros minerais podem ocorrer.
2. Geologia e depósitos:
As granadas são muito comuns e ocorrem em rochas ígneas, metamórficas e sedimentares e nos
sedimentos derivados do intemperismo sobre estas rochas.
Almandina é típica, porfiroblástica, em xistos, gnaisses, granitos e pegmatitos.
Piropo ocorre em rochas ígneas ultramáficas (piroxenitos, peridotitos). Também em kimberlitos e em
rochas metamórficas de contato.
Espessartita é típica de rochas metamórficas como gnaisses, xistos, etc. Também em escarnitos.
Andradita é rara, de escarnitos, xistos, serpentinitos e rochas ígneas alcalinas titaníferas como
sienitos e piroxenitos. Uma variedade preta macroscopicamente, titanífera (até 11,5% Ti), típica de rochas
vulcânicas alcalinas, é conhecida como “melanita”.
Grossulária é uma granada característica de gnaisses.
Uvarovita é a mais rara, encontrada como mineral secundário em zonas de contato metamórfico.
Granadas são muito resistentes, ocorrem em areias e portanto também em rochas sedimentares.
3. Associações Minerais:
Granadas associam-se a um número muito elevado de outros minerais, cuja listagem jamais
contemplará todas as situações. Muito comumente está associada a quartzo, micas (biotita, muscovita,
clorita), estaurolita, turmalina, feldspatos (plagioclásios, microclínio), flúor-apatita, berilo e muitos outros.
4. MICROSCOPIA DE LUZ TRANSMITIDA:
Índices de refração: n: 1,83 (almandina)
ND Cor / pleocroísmo: normalmente incolor, mais raramente rosa pálido, cinza pálido. Em função do
relevo muito alto simulam cores castanhas a creme.
Cores são raras: marrom claro, amarelo, avermelhado, esverdeado.
Nunca há pleocroísmo!
Em rochas vulcânicas a granada melanita possui cor marrom avermelhada forte,
lembra a cor de biotitas escuras e hornblenda marrom.
Hábitos: geralmente como grãos arredondados, muito fraturados. Inclusões são muito
comuns e podem estar distribuídas sobre todo o grão (textura de peneira) ou
formar alinhamentos (espirais) dentro dos grãos de granada.
Em rochas vulcânicas, na granada melanita, são mais comuns formas euédricas
cúbicas, seções com 4, 6 ou 8 lados, seções poligonais.
Extinção: isótropa.
LC Caráter: isótropa, mas pode ser biaxial anômala. Ângulo 2V: isótropa.
Alterações: muito resistente, é um mineral detrital comum, concentra-se em areias. Por processos
hidrotermais ou metamorfismo de baixo grau pode alterar-se para clorita, serpentina, hornblenda, talco,
epidoto e óxidos de ferro. Bordas alteradas para cloritas verdes, epidoto e outros minerais, são chamadas
de “coroas quelifíticas”.
Pode ser confundida com: outros minerais cúbicos quando isótropa. Quando anisótropa (o que é raro)
pode ser confundida com outros minerais incolores a ND, sem clivagem e de relevo alto.
Espinélio, mas este ocorre em octaedros e possui cor forte.
Perovskita é semelhante, mas tem relevo mais alto ainda.
Periclásio é muito raro e possui clivagem.
Vesuvianita é semelhante a granadas anisótropas com zoneamento por setores.
No centro da imagem, granada a ND (à esquerda) e a NC (à direita). A ND, tipicamente é incolor, possui
relevo muito alto, não apresenta clivagem e sempre tem fraturas. A NC, quase todas as granadas são
isótropas (pretas no giro de 360º da platina, porque cristalizam no Sistema Cúbico).
Grão grande de granada, a NC, integralmente Grão grande de granada a NC (preto) com
alterado para clorita (cores azuis e marrons muitas inclusões de quartzo (pontos brancos a
escuras) e muscovita (colorida) cinzas) em mica-xisto.
Granada melanita a ND em rocha vulcânica. Granada a ND mostrando zonação com inclusões:
Neste caso a granada é euédrica, apresentando as inclusões estão concentradas em uma banda
seção de 8 lados. ao redor do núcleo do grão.
A ND, granada melanita com zonação bem Granada com textura diferenciada. Ao
desenvolvida em rocha vulcânica. A ND a seu redor, piroxênios e quartzo.
melanita é isótropa (preta).
Dois grãos de granada a ND com alteração a óxidos e hidróxidos vermelhos de ferro. No grão da
esquerda a alteração está basicamente nas bordas. No grão da direita a alteração já entrou pelas fraturas
para o interior do grão.
A ND, grãos de granada idiomórficos. As seções são bem variáveis, dependendo do grau de
idiomorfia e da seção do grão que está exposta. A NC são isótropas.
Granadas macladas a ND em xisto. É uma situação muito rara. As maclas são evidenciadas pelos
alinhamentos de material escuro. As maclas não são constantes: há grãos com três cristais formando
maclas e há outros com maclas complexas, de difícil interpretação. A NC os grãos são isótropos e não
mostram evidências das maclas. Ao seu redor, biotita e quartzo.
A NC, agregados de granadas anisótropas com setorização e zoneamento. Trata-se do mesmo escarnito
das imagens anteriores.
Preparação da amostra: o polimento da granada é simples, não oferece nenhuma dificuldade e fica de
melhor qualidade que o polimento dos outros silicatos que geralmente se associam à granada. Esse ótimo
polimento – diagnóstico! - deve-se à dureza relativamente alta da granada e ao fato de que não possuir
clivagem.
ND Cor de reflexão: Cinza clara, bem mais clara que quartzo, feldspatos em geral e
especialmente micas (biotita, muscovita, clorita).
Pleocroísmo: Não
Pode ser confundida com: olivina, que também apresenta bom polimento, mas que geralmente está muito
fraturada e com produtos de alteração nas fraturas. Diagnósticas para granada são as formas
arredondadas, o polimento de qualidade superior, as reflexões internas avermelhadas e a ausência de
clivagem. Outros minerais transparentes vermelhos podem ser semelhantes, mas são muito mais raros.
No centro das imagens, grão de granada envolto em outros silicatos (quartzo, feldspatos, etc.)
À esquerda, a ND, mostra cor muito mais clara, ausência de clivagem e polimento excelente.
À direita, a NC, mostra reflexões internas que podem variar do róseo até vermelho profundo.
Dois grãos grandes de granada a ND (esquerda) e a NC (direita). No topo das imagens, outros
silicatos. A ND a cor cinza clara é diagnóstica. A NC há reflexões internas mais difusas em vários
tons de vermelho a vermelho-marrom.
Granada melanita em rocha vulcânica de matriz fina (fonolito), com um grão de sanidina à direita.
A ND (esquerda) as formas poligonais e o bom polimento são característicos, é necessário cuidado
com titanita, que pode ser muito semelhante e ocorre na mesma paragênese.
A NC (direita) a melanita apresenta-se preta em função da sua cor macro, que é preta. Sanidina
apresenta, nesta imagem, reflexões multicoloridas.