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OPALA – SiO2.

nH2O
A opala é um tectosilicato (Dana, 8º ed.) comum, frequente em vários tipos de rocha. A variedade
preciosa alcança preços elevados.
Por razões históricas, “opala” ainda é considerada um mineral, mas na realidade é composta por uma
mistura de cristobalita e/ou tridimita ou por sílica amorfa. Há 4 tipos de “opala”: Opala-CT (com cristobalita e
tridimita), Opala-C (com cristobalita), Opala-AG (com gel amorfo) e Opala-AN (rede amorfa, a hialita). São
comuns as transições entre os diferentes tipos de opala.
Colecionadores distinguem mais de 70 variedades de opala. Fluorescência em cores verdes,
amarelas e brancas é relativamente comum em opalas, sob luz UV de ondas curtas e longas.

1. Características:
Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem
Incolor, branco, amarelo, Maciço, mamelonado, Não
Tenacidade vermelho, laranja, verde, botrioidal, reniforme.
marrom, preto, azul.
Quebradiço
Maclas Fratura Dureza Mohs Partição
Não Irregular, conchoidal 5,5 – 6,5
Traço Brilho Diafaneidade Densidade (g/cm3)
Branco Vítreo, gorduroso, graxo 1,9 – 2,3

2. Geologia e depósitos:
Opala comum é relativamente frequente e se forma muito provavelmente a temperatura ambiente e
sob pressões litostáticas. Tendo esta origem, opala não ocorre em rochas metamórficas e plutônicas, mas
pode ser encontrada em fraturas associadas a estas rochas. Em rochas vulcânicas ocorre como hialita, opala
transparente e incolor que forma agregados botrioidais em cavidades e fraturas de rochas piroclásticas, de
lavas ácidas e básicas.
Em rochas sedimentares e outros depósitos (paleosolos) opala possui presença ocasional. Opala é
comum como espeleotema em cavernas situadas em rochas silicosas (sedimentares, metamórficas ou
magmáticas), formando vários tipos de espeleotemas, inclusive crostas no teto, nas paredes laterais e sobre
blocos caídos nos pisos. Durante a alteração de silicatos pode-se formar sílica-gel que cristaliza como opala,
impregnando a rocha.
Opala é mineral formador de rocha em diatomitos e radiolaritos como produto organogênico. Também
ocorre nas deposições de sinter silicoso, em geysers e fontes geotermais. Sinter silicoso frequentemente é
bandado e finamente granular, composto por opala amorfa, opala criptocristalina e quartzo, junto a clastos
detríticos. Sínters silicosos frequentemente apresentam texturas botrioidais e microesferas, revestimentos
laminados de sílica e feições de dissolução. Geyserita é um sínter silicoso bandado rico em opala; fiorita é
um termo aplicado a geyserita de formas botrioidais. A análise destas formas de sílica ao microscópio
petrográfico é difícil e na Difratometria de Raios X fornecem difratogramas pouco conclusivos devido à baixa
cristalinidade.

3. Associações Minerais:
Ocorrendo em rochas ígneas, metamórficas e sedimentares, a opala se associa a uma infinidade de
minerais diferentes. Não há uma paragênese típica, característica e diagnóstica para opala.
4. MICROSCOPIA DE LUZ TRANSMITIDA:
Índices de refração: nα: 1,400 – 1,460

ND Cor / pleocroísmo: incolor, amarelo ou vermelho (devido a hidratos de Fe)

Relevo: excepcionalmente baixo.

Clivagem: não tem. Às vezes apresenta fraturas irregulares de contração devido à perda
de água (desidratação).

Hábitos: massas amorfas e coloidais preenchendo espaços intersticiais, cavidades


(vesículas) e fraturas; agregados botrioidais e reniformes, pode formar esferas,
níveis bandados e outros.

NC Birrefringência e cores isótropo, excepcionalmente birrefringência anômala, devido à perda de


de interferência: água, induzida por tensões.

Extinção: isótropo

Sinal de Elongação: isótropo

Maclas: isótropo

Zonação: isótropo

LC Caráter: isótropo Ângulo 2V: isótropo

Alterações: durante o processo de alteração a opala é substituída progressivamente por calcedônia.

Pode ser confundida com: outros materiais isótropos.


Vidro vulcânico, analcima e os minerais do Grupo da Sodalita possuem índices de refração mais elevados.
Fluorita possui relevo mais alto e clivagem excelente.
Chabazita (uma zeolita) não é isótropa, mas possui birrefringência baixa e extingue por setores, algo
semelhante ocorre com a analcima.

À esquerda, a ND e com o diafragma quase completamente fechado, sucessivos níveis de opala


(castanha) e calcedônia (incolor) do preenchimento de uma cavidade em rocha vulcânica. Em baixo
e em cima na imagem, quartzo macrocristalino. À direita, a NC, a opala é isótropa (preta) e a
calcedônia e quartzo exibem suas cores de interferência entre branco e cinza escuro.
Crosta opalina de estrutura complexa encontrada no teto de uma caverna em riólito. O material preto na
base da imagem é a rocha vulcânica. Observa-se que a opala, a ND (esquerda), pode ser incolor,
amarelada ou acinzentada devido a impurezas, mas a NC (direita) sempre é isótropa (preta). As cores
amarelas correspondem a hidróxidos de ferro (goethita, etc.).

Cavidade (vesícula, antiga bolha de gás) em rocha basáltica preenchida parcialmente com esferulitos de
opala recristalizados para calcedônia. À esquerda, a ND, observa-se nitidamente as rachaduras de
ressecamento nos esferulitos. Cores verdes e amareladas são celadonita e argilominerais. À direita, a NC,
percebe-se que os esferulitos são formados por calcedônia em agregado radial, formando “fibras” com
extinção paralela, por isso a cruz negra que permanece imóvel no mesmo lugar ao giro da platina.

Opala contaminada com impurezas em um espeleotema encontrado quebrado no piso de uma caverna em
riólito. À ND (à esquerda) apresenta-se escura e com fendas de ressecamento (que podem ter-se originado
durante o processo de confecção da lâmina delgada). À NC (à direita) apresenta este aspecto leitoso.
Nas imagens abaixo, à esquerda a ND e à direita a NC, arenito fino maturo sem matriz e silicificado cuja
porosidade foi preenchida por sílica. Trata-se portanto de um silcrete.
Foi formado pela cimentação superficial e à temperatura bem baixa de areia por calcedônia. A superfície muito
irregular dos grãos de quartzo sugere, como em muitos silcretes, um ambientes muito alcalino, com dissolução
parcial do quartzo, seguida de concentração da sílica em solução por evaporação e sua precipitação. A grande
distância entre os grãos indica seu deslocamento pela precipitação superficial da primeira fase de sílica,
colomórfica e aparentemente misturada com hematita, que pode ter sido originalmente de opala, depois
cristalizada à calcedônia.
A segunda fase, de calcedônia pura e esferulítica, preencheu a porosidade formada e deixada pela primeira
fase. Silcretes parecidos com esse ocorrem também no topo do Botucatu logo abaixo das lavas em Torres
(RS). O Leinz (1938, p. 17) já tinha entendido que isso não tem nada a ver com ação térmica ou hidrotermal,
mas sim com silicificação superficial.
Objetiva de 10x, ocular de 8x, zoom e photoshop.
Colaboração do Prof. Luiz Fernando de Ros.
5. MICROSCOPIA DE LUZ REFLETIDA:
A microscopia de Luz Refletida evidentemente não é o método analítico recomendado para a
identificação da opala. Entretanto, é importante a confecção de uma lâmina ou seção polida para a
identificação dos minerais opacos que ocorrem associados à opala.

Preparação da amostra: a preparação da opala é simples e acompanha outros silicatos a que se associa. A
ausência de clivagem e de cristais grandes facilita o polimento.

ND Cor de reflexão: Cinza escuro, como quartzo e feldspatos.

Pleocroísmo: Não

Refletividade: Muito baixa (<10%) Birreflectância: Não

NC Isotropia / Anisotropia: Não se observa anisotropia.

Reflexões internas: Generalizadas, claras, leitosas, às vezes amareladas devido à presença de


hidróxidos de ferro.

Pode ser confundida com: outros minerais transparentes de cores claras. Não há aspectos diagnósticos
específicos para o reconhecimento de opala em luz refletida. Bandas concêntricas são típicas de
calcedônia (ágata), à qual a opala frequentemente se associa.

Sulcos de polimento, dependendo da estrutura do material “opala”, podem ser abundantes ou estar
completamente ausentes.
Reflexões internas podem ser mais características e diagnósticas ao longo de fraturas, buracos e
outras imperfeições de polimento.

Nas imagens, esferulitos de goethita na porção inferior e opala hialita na porção superior, a ND (esquerda)
e a NC (direita). A opala a ND não apresenta nenhum aspecto diagnóstico e a NC pode ser confundida
com vários minerais, inclusive com quartzo.
Opala negra em pequena vesícula de basalto. Nas imagens, a rocha basáltica é o material na
extremidade esquerda. Segue-se o contato vertical com a vesícula preenchida por opala e, à direita
nas imagens, a opala em si. Macroscopicamente a opala lembra obsidiana preta. Contêm ao redor de
30% de Fe2O3 e estilhaça com muita facilidade.
A ND apresenta-se em cinza muito escuro, muito mais escuro que piroxênios e plagioclásios da rocha
basáltica, além de muito sulcada. Grande quantidade de buracos (pretos) se destacam.
A NC a opala apresenta reflexões internas negras, mas ao longo de fraturas e buracos surgem
reflexões internas de cor caramelo, lembrando as reflexões de esfalerita e de rutilo.

Versão de dezembro de 2020

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