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A muscovita é um filosilicato comum do Grupo das Micas que ocorre em muitos tipos de rochas
magmáticas, metamórficas e sedimentares. Como as outras micas, possui uma série de usos industriais
importantes.
Como a muscovita se forma em pegmatitos, os cristais podem ser enormes: o recorde é um cristal
com 4,5 metros de diâmetro e 77 toneladas de peso. Muscovita possui vários polítipos e pode ocorrer
interestratificada com vermiculita, paragonita e montmorilonita. Pode conter Fe, Mn, Mg, V, Ba, Ca, Na, H2O,
Cr, Li, Cs e Rb.
Possui 35 variedades. Entre as mais importantes, a sericita, que é uma muscovita (às vezes é
paragonita) que forma grãos muito finos, frequente em feldspatos alterados e em rochas metamórficas de
grau baixo. Fengita é uma mica intermediária entre muscovita e celadonita, que possui ângulo 2V de 0-30º e
que é quase impossível distinguir da muscovita por meios ópticos. Fuchsita macroscopicamente é verde (rica
em Cr), ocorre em rochas metamórficas e constitui rocha ornamental verde (quartzito com fuchsita).
1. Características:
Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem
Monoclínico Branca, cinza, prateada, Maciça, micácea, {001} perfeita
prismático marrom, verde, rosa, tabular, colunar,
Tenacidade amarela. escamosa, granular,
pseudohexagonal ou Estriais // a {001}
Flexível e elástica
forma de diamante.
Maclas Fratura Dureza Mohs Partição
Plano em {001}, eixo Micácea 2 – 2.5 // a {001} Segundo {110} e {010}
em [310], em 4 perpend. a {001}
estrelas de 6 pontas
Traço Brilho Diafaneidade Densidade (g/cm3)
Branco Vítreo, sedoso, perláceo. Transparente 2.76 - 3
2. Geologia e depósitos:
Muscovita é uma mica abundante, a mais comum das micas brancas. Ocorre em muitos tipos de
rochas ígneas (granitos aluminosos, granodioritos, aplitos, pegmatitos e outras rochas félsicas) e
metamórficas de composição pelítica e grau metamórfico de baixo a médio (ardósia, filito, xisto, gnaisse,
cornubianito e quartzito).
A sericita ocorre em rochas metamórficas de grau muito baixo.
Muscovita também em algumas rochas sedimentares imaturas como mineral detrital.
Pode ser autigênica em rochas sedimentares.
Nunca ocorre em rochas vulcânicas!
3. Associações Minerais:
Em rochas magmáticas e metamórficas a muscovita associa-se a quartzo, plagioclásios, microclínio,
biotita, zircão, flúorapatita e muitos outros. Em pegmatitos ocorre com quartzo, K-feldspato (ortoclásio,
microclínio), albita, berilo (àgua-marinha), fluorita, granada (espessartita), turmalina e scheelita, entre outros.
Em rochas metamórficas de baixo grau ocorre associada a albita, com o avanço do grau metamórfico
associa-se a biotita, cloritóide e feldspato potássico.
4. MICROSCOPIA DE LUZ TRANSMITIDA:
Índices de refração: nα: 1.552 – 1.576 nβ: 1.582 – 1.615 nγ: 1.587 – 1.618
ND Cor / pleocroísmo: incolor. Raramente apresenta tons em verde pálido, amarelo pálido ou rosa, com
pleocroísmo leve. A variedade fuchsita apresenta um pleocroísmo discreto entre
incolor e verde-azulado, melhor observado em porções da lâmina com
espessura um pouco acima dos 30 micra.
Clivagem: (001) perfeita, pode ser parcial ou apenas indicada. Controla a orientação dos
fragmentos: a clivagem é paralela ao alongamento das lamelas.
Zonação: não
LC Caráter: B(-), difícil de constatar devido às Ângulo 2V: 30º – 47º ou 35º – 50º; a literatura indica
cores de interferência fortes. ângulos diferentes.
Alterações: é um mineral bastante resistente ao intemperismo e geralmente não está alterada. Agregados
de granulação muito fina podem alterar a hidromuscovita e ilita.
Há duas situações especiais – muito raras – de alteração:
(1) Ocasionalmente a muscovita altera para caulinita, podendo gerar pseudomorfoses perfeitas.
(2) Sob condições de metamorfismo mais intenso a muscovita torna-se instável e é substituída por um
agregado de pequenos grãos de feldspato potássico.
Pode ser confundida com: Lepidolita, talco, pirofilita, margarita e paragonita são muito difíceis a
impossíveis de distinguir da muscovita ao microscópio petrográfico. Clorita de cores fracas pode ser
semelhante, mas tem birrefringência menor e frequentemente cores de interferência anômalas. Caulinita
possui birrefringência menor. Sericita só pode ser identificada por Difratometria de Raios X. Qualquer mica
incolor pode ser considerada uma muscovita; muitos petrólogos usam o termo “mica branca” ao invés de
nominar espécies. Distinguir muscovita de outras micas brancas e das “brittle micas” pode ser impossível.
Muscovita a ND: incolor, relevo médio e com Muscovita a ND: cores fortes contrastam com
clivagem bem nítida, às vezes perfeita. o cinza e o branco de quartzo e feldspatos ao
seu redor.
Muscovitas a ND e a NC. À esquerda, a ND, muscovitas incolores, com relevo bem mais alto que os
grãos de quartzo que também ocorrem neste xisto. Imagem obtida com diafragma algo fechado. À
direita, a NC, as muscovitas exibem cores de interferência intensas; a lamela de muscovita na
posição vertical está em posição de extinção (paralela e mosqueada). Quartzo é cinza a branco.
A ND, mica fuchsita (uma variedade cromífera da muscovita) mostrando um pleocroísmo muito discreto de
incolor para verde-azulado. Em lâminas mais espessas (>30micra) o pleocroísmo é muito evidente.
5. MICROSCOPIA DE LUZ REFLETIDA:
A microscopia de Luz Refletida evidentemente não é o método analítico recomendado para a
identificação da muscovita. Entretanto, é importante a confecção de uma lâmina ou seção polida para a
identificação dos minerais opacos que ocorrem associados à muscovita.
Preparação da amostra: o polimento da muscovita não fica de boa qualidade em função da excelente
clivagem e das diferentes orientações desta em relação ao plano da seção polida. Além disso, a dureza é
baixa e, além disso, varia muito nas várias seções possíveis do minerais. Portanto o polimento sempre será
heterogêneo, mas geralmente ruim.
ND Cor de reflexão: Cinza escuro, um pouco mais clara que feldspatos e quartzo, bem mais
clara que anfibólios, piroxênios e biotita.
Pleocroísmo: Não
Pode ser confundida com: outras micas são muito semelhantes. Além disso, pode ser confundida com
outros minerais com as mesmas características físicas: transparentes, de dureza baixa e com clivagem
boa a muito boa, de hábito tabular ou lamelar.
Feixes de muscovita ao longo da borda de um ortoclásio (em baixo) e com epidoto (em cima) associado, a
ND (esquerda) e a NC (direita). A ND percebe-se a forma lamelar da muscovita e a clivagem. A NC estas
moscovitas apresentam reflexões internas verdes em função dos epidotos (verdes) associados, mas as
reflexões internas corretas das moscovitas são incolores.