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MAGNETITA – Fe3O4

A magnetita é um óxido muito comum, ocorrendo em muitos tipos de rochas. Tem enorme importância
como minério de Fe, V e Ti, entre outros. Participa da composição de muitos outros tipos de minérios.
Magnetita é o mineral mais magnético conhecido e pode conter Ti, Mn, Mg, Zn, Ni, Al, Cr e V. Integra
o Grupo do Espinélio e possui relações complicadas com ilmenita, hematita, hercynita e ulvöespinélio. Em
rochas plutônicas os teores de Ti estão quase sempre desmisturados como ilmenita, mais raramente como
pirofanita ou geikielita. Forma uma série com a jacobsita e outra série com a magnesioferrita. Tipicamente
apresenta cristais octaédricos, às vezes dodecaédricos, muito raramente cubos minúsculos (em magnetita
oolítica). Uma variedade de magnetita fortemente magnética é conhecida como “lodestone” (“leading stone”
= “pedra que guia”); uma magnetita algo alterada que atrai ferro. “Thermita” é uma mistura de magnetita e
alumínio pulverizados que, quando queimados, produzem calor intenso, óxido de alumínio e ferro fundido.
A magnetita pode passar para martita (= hematita). A transformação é progressiva, havendo desde
magnetitas com um mínimo de hematita até magnetitas inteiramente transformadas em hematita. Martita não
é mais magnética (mas o magnetismo das peças varia muito), a dureza sobe para 6-7, a densidade continua
a mesma, o brilho é apenas submetálico e o traço agora é castanho-avermelhado. Muito freqüentes são
pseudomorfoses de martita sobre magnetita. A martitização geralmente traz problemas no beneficiamento do
minério em função da diminuição do magnetismo.

1. Características:
Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem
Cúbica Preta, com tons de Octaedros, formas não
hexaoctaédrica marrom, cinza ou azul- cúbicas combinadas.
Tenacidade do-aço. Pode haver uma Granular, maciça,
película amarelo-marrom esqueletal. Estrias paralelamente a
Qubradiça
de ferrugem. Cristais até 25 cm. [011] em {011}
Maclas Fratura Dureza Mohs Partição
De contato, {111} Irregular 5,5 – 6,5 {111} excelente
Traço Brilho Diafaneidade Densidade (g/cm3)
Preto Metálico a submetálico, Opaca, translúcida em 5,17 – 5,18
pode ser fosco. arestas muito finas.

2. Geologia e depósitos:
Magnetita é o mineral opaco mais importante e mais comum em quase todas as rochas ígneas e
metamórficas, ocorrendo geralmente em grãos pequenos. Nas rochas ígneas normalmente ocorre como
titanomagnetita, com a substituição de algum Fe por Ti (Fe2TiO4). Através de processos de segregação
magmática ou metamorfismo de contato pode formar depósitos econômicos.
É comum em sedimentos e rochas sedimentares (“banded iron formations”) e compõe parte das
“areias negras” ou “areias pesadas”. Ocorre em peridotitos, carbonatitos e meteoritos. Ocorre biogênica em
organismos, desde bactérias até orcas, possibilitando a orientação dos animais.

3. Associações Minerais:
Associa-se a cromita, ilmenita, ulvoespinélio, rutilo, apatita, silicatos (em rochas ígneas); pirrotita,
pirita, calcopirita, pentlandita, esfalerita, hematita, silicatos (ocorrências hidrotermais e metamórficas);
hematita e quartzo (ocorrências sedimentares). Não há uma paragênese específica, própria, diagnóstica.
4. MICROSCOPIA DE LUZ TRANSMITIDA:

Em lâmina delgada sob Luz Transmitida a magnetita é opaca, não há passagem de luz mesmo em
porções extremamente delgadas. É o mesmo comportamento de outros minerais opacos comuns, como
ilmenita, hematita, pirita, pirrotita e calcopirita. Em função disso, não é possível identificar magnetita sob Luz
Transmitida, é necessário trabalhar com lâminas ou seções polidas ao microscópio de Luz Refletida.
O máximo que é possível fazer é usar a técnica de Luz Oblíqua (veja ao final da ficha) e reconhecer
a cor do mineral. Se for cinza, com certeza não será um dos sulfetos comuns, como pirita, pirrotita e calcopirita;
provavelmente será magnetita, hematita ou ilmenita.
Geralmente a magnetita é xenomórfica (anédrica). Nas imagens abaixo, imagens de um caso menos
comum, que são magnetitas idiomórficas na forma de octaedros e outras formas cúbicas, combinadas ou não.
Neste rocha há pelo menos duas gerações de magnetita, uma formada por estes cristais grandes e uma
segunda formada por agregados de cristais menores, provavelmente de cristais tendendo a idiomórficos.
5. MICROSCOPIA DE LUZ REFLETIDA:
Preparação da amostra:
A magnetita apresenta dureza elevada e é de polimento difícil. Geralmente a magnetita apresenta um
polimento ruim, enquanto os minerais associados (silicatos, etc.) já estão com um polimento de boa qualidade.
Insistir em um polimento perfeito da magnetita geralmente produz um relevo alto e incômodo desta em relação
aos minerais associados menos duros.
A dureza da magnetita varia com a composição química e é bem menor que a dureza da hematita e
da pirita. Pirrotita, que frequentemente ocorre associada, possui dureza bem mais baixa. A qualidade do
polimento não deixa de ser diagnóstica: pirrotita fica com polimento muito bom enquanto a magnetita, de cor
e hábito semelhantes, mostra ´polimento de baixa qualidade. Ilmenita geralmente mostra polimento melhor
que magnetita. Com algum cuidado, magnetita pura adquire um excelente polimento.
Se a martitização está muito avançada, o polimento fica bem difícil. Algumas titano-magnetitas
desmisturadas são difíceis de polir devido ao descascamento que ocorre paralelamente a (111).

ND Cor de cinza levemente róseo ou suavemente amarronzado, o tom pode mudar de caso para
reflexão: caso, sem uma relação definida com as variações na composição química. As variações
de teores dos diversos elementos menores produzem cores que se superpõe de modo
aleatório. Se a magnetita ocorrer sem outros opacos para comparação, a cor pode
parecer branca.
Ti em teores altos e não-desmisturados geram uma cor marrom-rosa.
Mn torna a cor menos intensa, mais cinza; teores muito elevados de Mn produzem uma
cor amarelada-esverdeada.
Al e Mg produzem cores amareladas.
Cr produz cores em um cinza mais escuro.
Comparada com hematita, a cor é muito mais escura, tende a marrom.
Comparada com ilmenita, a cor é menos rosada.
Comparada com esfalerita, a cor é muito mais clara.
Pleocroísmo: Não.
Refletividade: 20,60% Birreflectância: Não.
NC Isotropia / Isótropa, mas às vezes nitidamente anisótropa em função de zonação ou
Anisotropia: maclas ou tensões tectônicas ou inclusões submicroscópicas de outro
mineral.
Tensões geradas por detonações e por tratamento dos minérios também
podem gerar anisotropia anômala.
Reflexões internas: Não. Apenas magnetitas com elevados teores de Mn podem mostrar
algumas reflexões internas.
Pode ser confundida com: em minérios complexos a magnetita facilmente passa despercebida, é
importante testar a seção polida com um ímã ou uma bússola. Especialmente perturbador é o fato de que
a cor de reflexão muda bastante.
Ilmenita, que geralmente ocorre associada, é nitidamente anisótropa e geralmente de polimento melhor.
Pirrotita, que também ocorre associada com frequência, tem cor mais amarelada e anisotropia forte.
Cromita possui refletividade mais baixa, pode apresentar reflexões internas, mas pode ser muito parecida.
Esfalerita pobre em ferro é muito semelhante, apenas um pouco mais escura.
Braunita é nitidamente anisótropa, jacobsita possui reflexões internas vermelho profundas.
Forma dos grãos: os grãos de magnetita podem mostrar grande tendência à idiomorfia, formando
octaedros, rombododecaedros, dodecaedros trapezoidais e muitos outros. Neste caso as seções tendem a
triangulares, quadradas, trapezoidais e hexagonais. Cubos são bastante raros e geralmente muito pequenos.
Mas geralmente ocorre como grãos arredondados irregulares. Em rochas vulcânicas pode ocorrer em duas
gerações: grãos grandes idiomórficos e grãos pequenos arredondados, disseminados na matriz. Em rochas
magmáticas ocorre como mineral deutérico a partir da alteração da biotita e da “hornblenda”, formando bordas
pretas (opacas) ao redor dos grãos desses minerais. Cristais tabulares de magnetita podem ser pseudomorfos
sobre hematita. Nos minérios maciços o desenvolvimento é alotriomórfico (anédrico); os grãos apresentam
contatos pouco dentados. Em jazimentos que sofreram recristalização devido a metamorfismo regional os
contatos podem ser dentados, mas são casos raros. Raramente a magnetita mostra hábito coloforme,
reniforme ou botrioidal. O tamanho dos cristais varia de uma poeira muitíssima fina até 25 cm, devido às
muitas maneiras de formação da magnetita. Ilmenita pode apresentar hábitos semelhantes; sob Luz
Transmitida e Luz Oblíqua não é possível distinguir magnetita e ilmenita pelo hábito.
Partição, considerada clivagem por muitas décadas, geralmente não pode ser observada e ocorre
apenas em alguns jazimentos. Maclas lamelares podem simular clivagem tanto macroscopicamente como
microscopicamente. Corpos de desmistura de espinélio dispostos paralelamente a (100) podem gerar uma
pseudo-clivagem.
Deformações são bastante comuns. Magnetita é um mineral de formação inicial e por isso teve muitas
oportunidades de sofrer deformações. Geralmente as deformações geram cataclase; muitas vezes se formam
lamelas de macla de pressão segundo (111). Após deformações intensas as magnetitas facilmente passam
por recristalização, que se expressa nas texturas das magnetitas ou por contatos intergranulares que não se
apresentam soldados (“minérios friáveis”).
Zonação está muito bem desenvolvida em quase todas as magnetitas formadas por metasomatismo
de contato; ocasionalmente ocorre nas magnetitas de origem magmática e hidrotermal. A zonação certamente
se deve, em parte, a variações na composição química, tendo em vista que pequenas mudanças de cor são
perceptíveis mesmo sem ataque químico. Outras zonações se devem a variações na velocidade de
crescimento. As zonas individuais podem ser de delicadeza extrema; muito finas. Frequentemente se observa
que o cristal zonado mudou de hábito durante o crescimento, especialmente de rombododecaedro para
octaedro. Muitas vezes a martitização progressiva ou outros tipos de substituições se desenvolvem
preferencialmente ao longo de algumas zonas isoladas. Em magnetitas de rochas vulcânicas às vezes há um
núcleo de espinélio envolto por uma grossa camada de magnetita zonada. Em rochas plutônicas algo básicas,
mas já metamórficas, o mesmo ocorre com cromita.
Maclas paralelamente a (111) são muito comuns, frequentemente são lamelares. Quando as maclas
são de crescimento, geram-se poucas lamelas. Tensões normalmente geram grupos lamelas numerosas e
muito finas de acordo com todas as faces do octaedro em um padrão triangular. Em algumas ocorrências,
nunca há lamelas, enquanto em outras todos os grãos apresentam muitas lamelas. Macroscopicamente e
microscopicamente as lamelas podem simular clivagem!
Intercrescimentos orientados com ilmenita e hematita podem estar presentes não apenas por
processos de desmistura e substituições, mas também pela formação individual dos dois minerais lado a lado.
Mirmequitos são relativamente raros, mas podem ocorrer intercrescimentos mirmequíticos de
magnetita com calcopirita, bem como mirmequitos de magnetita com olivina, compartilhando o eixo
pseudohexagonal, que devem ser interpretados como coroas de reação. Mirmequitos de magnetita com
outros silicatos que não a olivina são comuns especialmente em gabros.
Inclusões DE magnetita ocorrem em sulfetos.
Inclusões EM magnetita podem ser de hematita, ilmenita, sulfetos, awaruita e de minerais do Grupo
do Espinélio.
Porfiroblastos de magnetita formam-se facilmente e podem atingir tamanhos expressivos. Tais
cristais, sempre octaedros, também são observados em muitos jazimentos de minérios que sofreram
recristalização.

Alterações não são muito comuns e ocorrem em 4 tipos principais:


Alteração 1: a magnetita é muito resistente ao intemperismo. Entretanto, magnetitas magnéticas
(aquelas que atraem o ferro) expostas às intempéries por muito tempo se transformam, em forma de manchas
irregulares, mas com certa preferência por (111), em maghemita.
Alteração 2: uma alteração ocasional de magnetita é para limonita (goethita e outros (hidr)óxidos de
Fe), um processo que pode ocorrer em grãos de magnetita na superfície de derrames de lava.
Alteração 3: Titanomagnetita pode alterar para leucoxênio, que mostra intensa luminosidade branca
sob NC. Durante a alteração das titanomagnetitas desmisturadas, a magnetita pode ser seletivamente
retirada/dissolvida, restando um esqueleto de lamelas de ilmenita, que às vezes é completamente
transformado em rutilo ou anatásio (± hematita) e este depois para titanita, etc. Essas feições compõe
estruturas relictas com grande potencial petrográfico/petrogenético no estudo dos jazimentos,
Alteração 4: magnetita pode alterar para pirita em certos ambientes, como fontes quentes sulfurosas,
durante propilitização e por soluções mineralizantes. Também são transformadas em pirita as augitas,
hornblendas e cloritas que ali ocorrem. Todos os estágios do processo podem ser observadas, às vezes lado
a lado. Preservados podem ficar os esqueletos de ilmenita, transformados ou não em rutilo ou titanita.

Martitização é o processo de alteração de magnetita pata hematita. É muito comum e ocorre


de duas maneiras.
Maritização de resfriamento: Em laboratório a transformação da magnetita em hematita se dá apenas
a temperaturas elevadas, mas na maioria dos jazimentos ocorreu a temperaturas muito mais baixas. Em
muitos casos a martitização deve ter sido a fase final dos processos que geraram o jazimento; forma-se
também hematita isolada ao lado das magnetitas martitizadas. Em alguns jazimentos de regiões
extremamente áridas a martitização certamente é resultado da alteração incipiente; nestas situações o
reconhecimento das hematitas pode ser difícil devido ao seu intercrescimento com lepidocrocita.
A martitização geralmente consiste no desenvolvimento de placas finas de hematita, dispostas
segundo os planos estruturais octaédricos da magnetita, que iniciam a partir da borda da magnetita, a partir
de fraturas, buracos e lamelas de macla, invadindo a magnetita e substituindo-a até que sobram da magnetita
original apenas restos isolados. Geralmente as quantidades de hematita dispostas nos planos octaédricos da
magnetita são aproximadamente as mesmas (e do mesmo tamanho) em todas as direções. Frequentemente,
entretanto, principalmente se a martitização já iniciou sob elevadas temperaturas, uma das direções
octaédricas é preferencial, podendo gerar uma pseudomorfose onde o cristal de magnetita se transforma em
um único cristal de hematita. Em outros casos a martitização avança de forma completamente irregular,
inclusive em forma de rede.
A transformação da magnetita em lepidocrocita é muito semelhante, podendo ocorrer no mesmo grão.
Se a lepidocrocita ocorre sozinha (desacompanhada de hematita) e em lamelas finas, sempre será confundida
com hematita. Martitização em magnetitas de jazimentos sulfetados, por outro lado, é rara.
Martitização de aquecimento: quando a magnetita é aquecida sob condições oxidantes também se
desenvolve martita. Isso ocorre na superfície de derrames de lava, em blocos ejetados durante episódios
vulcânicos, frequentemente em cinzas e lapilli e outras situações semelhantes. Essa martitização tem um
aspecto algo diferente da martitização de resfriamento, com as lamelas sendo mais largas e atravessando
todo o cristal de magnetita ou se dispondo no cristal de magnetita de forma uniforme. A textura típica da
martitização de aquecimento pode transformar essas martitas em minerais-índice da fração pesada de areias.
Desmisturas são muito comuns e ocorrem em 9 tipos principais:
Desmisturas 1: O teor original de Ti da magnetita, frequentemente alto, geralmente está desmisturado
como ilmenita (FeTiO3), às vezes em duas gerações. Essa desmistura é comum em magnetitas magmáticas,
mas ocorre também naquelas de origem pegmatítica-pneumatolítica e de metasomatismo de contato. Os
corpos de desmistura de ilmenita geralmente constituem placas segundo (0001), dispostas paralelamente a
(111) da magnetita. Seu tamanho varia em amplos limites, desde 1 mm de espessura e vários cm2 de área
até tão finas que estão no limite da detecção ao microscópio. Além dessas placas ou lamelas, formam-se
grãos arredondados, também gotas, às vezes agregados “gráficos” finos ou então uma rede muito fina
disposta paralelamente a (100). A forma da desmistura depende do tamanho de grão da magnetita, da
velocidade de resfriamento, da composição e da presença de mineralizantes. A homogenização dessas
magnetitas com ilmenita desmisturada pode ser visualizada em todos os estágios em algumas rochas
vulcânicas. Geralmente os corpos de desmistura cobrem a magnetita uniformemente, mas exceções não são
raras, podendo haver nos grãos de magnetita uma crosta exterior completamente isenta de ilmenita.
Desmisturas 2: Outra desmistura possível é de pirofanita (MnTiO3), formando lamelas semelhantes à
ilmenita, bem como geikielita (MgTiO3). Pirofanita é semelhante à ilmenita, mas as reflexões internas são de
cor vermelho-sangue e muito mais freqüentes. Geikielita é mais escura que ilmenita. Composições
intermediárias entre FeTiO3 - MnTiO3 - MgTiO3 não são raras.
Desmisturas 3: Espinélio (MgAl2O4), é uma desmistura mais frequente em magnetitas formadas sob
temperaturas mais altas. Talvez a desmistura mais freqüente é aquela de ulvöespinélio (Fe2TiO4), que forma
redes finíssimas paralelamente a (100), chamadas de “cloth texture”, muito semelhantes àquelas da ilmenita.
Como tem a mesma cor da ilmenita, reconhecer esse mineral é muito difícil, geralmente só é possível através
de Difratometria de Raios X. Redes de desmistura formadas por ulvöespinélio podem passar posteriormente
a ilmenita. Geralmente a desmistura de ulvöespinélio ocorre após a desmistura da ilmenita na magnetita.
Muitas magnetitas com ulvöespinélio também contêm grafita na forma de corpos esféricos ou em agregados
de grão fino. Em alguns casos ocorrem ilmenitas e olivinas com corpos de desmistura de magnetita, que por
sua vez decompõe-se posteriormente em magnetita e ulvöespinélio. O ulvöespinélio transforma-se muito
rapidamente a ilmenita mesmo com oxidação incipiente; nos estágios iniciais a forma das lamelas originais
de desmistura continua bem visível, mas já estão formadas por um zigue-zague de lamelas de ilmenita;
frequentemente forma-se rapidamente um mirmequito de magnetita + ilmenita. Altos teores de ulvöespinélio
trazem problemas no beneficiamento; o concentrado magnético pode continuar com os teores originais de Fe
e Ti do minério.
Desmisturas 4: As desmisturas mais comuns de espinélios aluminosos são de hercynita (FeAl2O4) e
de pleonasto (espinélio rico em Fe). Formam finíssimos discos ou alinhamentos de grãozinhos dispostos
paralelamente a (100) da magnetita; também podem formar uma borda nas placas de desmistura de ilmenita.
A distribuição zonada de espinélio na magnetita é muito mais conspícua que a zonação dos corpos de
desmistura de ilmenita. Quando há grãos vizinhos de ilmenita e espinélio, a ilmenita costuma ser mais antiga.
Desmisturas 5: Em alguns casos ocorre uma desmistura de um espinélio muito rico em Mg, em uma
textura semelhante às desmisturas de ulvöespinélio.
Desmisturas 6: Uma desmistura muito rara é de coríndon (Al2O3), geralmente ocorrendo ao lado de
desmisturas de espinélio.
Desmisturas 7: Sob temperaturas extremamente elevadas (> 1.000oC) ocorre alguma desmistura de
hematita em magnetita. Em laboratório essas desmisturas são bem conspícuas; em rochas essas desmisturas
são observáveis muito raramente.
Desmisturas 8: titanomagnetitas não-desmisturadas são relativamente frequentes em rochas
vulcânicas e em materiais de grandes profundidades transportados rapidamente à superfície (“blue ground” –
kimberlitos não-oxidados). Também o teor de espinélio continua não-desmisturado. Essas magnetitas com
alto teor em Ti possuem cores de reflexão semelhantes à ilmenita, especialmente em imersão em óleo.
Magnetitas com altos teores de Mg e Al possuem uma refletividade menor que aquela da ilmenita e da
magnetita pura. Os teores de V (frequentemente econômicos) e de FeO sem TiO2, que podem estar presentes
em 5-6% acima do valor da fórmula, não surgem como desmisturas.
Desmisturas 9: a magnetita ocorre como desmistura, formando belíssimos agregados em forma de
estrela, em muitas olivinas de composição intermediária entre fayalita e forsterita bem como em algumas
fayalitas; [111] da magnetita coincide com o eixo pseudohexagonal da olivina.

Substituições ocorrem em 7 tipos diferentes:


Substituições 1: Por variações na pressão de oxigênio ou sob influência de soluções redutoras,
mesmo sem elevação da temperatura, a hematita é substituída por magnetita, formando-se pseudomorfoses
bem desenvolvidas. Na literatura russa essas pseudomorfoses são denominadas de “Muschketoffitas”. Por
metamorfismo de contato ou por metamorfismo regional em profundidades maiores essa transformação é
freqüente; a base da hematita se transforma em uma das faces do octaedro da magnetita, às vezes o processo
é seletivo, formando-se um cristal de magnetita com partição apenas segundo uma das faces do octaedro,
correspondendo a (0001) da hematita original.
Substituições 2: a transformação da olivina em serpentina gera uma rede de magnetita, que forma
grãos pequenos alinhados. Os “opacos” de serpentinitos, portanto, geralmente são de magnetita. Nestas
condições pode se formar também ferro nativo e awaruita (Ni3Fe).
Substituições 3: Magnetita também pode se formar a partir de limonita (goethita) e silicatos hidratados
sob metamorfismo de contato sob baixas pressões, portanto principalmente em contato com rochas
vulcânicas, mas também a partir de carbonatos e sulfetos.
Substituições 4: Sob alteração incipiente a pirrotita pode se transformar em magnetita + pirita,
originando finas estruturas que lembram intercrescimentos mirmequíticos.
Substituições 5: Magnetita oolítica forma-se pela substituição de hematita e goethita por magnetita.
Como nestes casos a magnetita substituiu os oólitos e todos os restos de organismos que os acompanham
em todos os detalhes, a presença de processos metamórficos pode ser excluída.
Substituições 6: Outros minerais que podem ser substituídos por magnetita são pirrotita, cromita,
pentlandita e heazlewoodita.
Substituições 7: a magnetita também pode ser substituída por calcopirita, pentlandita, cubanita,
esfalerita, bornita, lepidocrocita, pirolusita, pirrotita, ouro, estannita e galena.

Magnetita na forma usual como é


observada na maioria das rochas
ígneas: pequena, anédrica e de
polimento sofrível a ruim.
Ao seu redor, silicatos usuais
formadores de rocha; é fácil observar
as lamelas de mica (à esquerda e em
cima) de cor mais escura e com
indícios de clivagem.
Mag

Mag

Esquerda: a ND, pirita (amarela), magnetita (cinza-rosada, à esquerda e à direita em baixo) e minerais
da ganga (dois cinzas mais escuros). A ND a magnetita facilmente passa despercebida.
Direita: a mesma imagem a NC. Magnetita e pirita são isótropas (pretas) e sem reflexões internas. Ganga
apresenta reflexões internas coloridas e leitosas.

Magnetita idiomórfica a ND. Minerais da ganga Magnetita-Ti esqueletal em rocha vulcânica


em cinza escuro. Observa-se perfeitamente uma (basalto), a ND. Esse hábito também ocorre com
forte tendência dos grãos em mostrar formas a ilmenita, por isso é importante analisar o mineral
definidas; muitas deles em losangos, que sob NC (ilmenita é anisótropa).
corresponde ao octaedro.

Magnetita a ND mostrando sua


partição octaédrica. A
observação da partição é
relativamente rara, mas nesses
casos a qualidade da partição é
tão boa que explica porque foi
chamada, durante décadas, de
clivagem.
Magnetita intensamente martitizada a ND (esquerda) e a NC (direita). A ND observa-se que a cor geral do
mineral é mais branca que o normal. A NC vê-se que o mineral é constituído por uma série de lamelas
paralelas brancas, que são a hematita derivada da martitização.

Cristal de magnetita intensamente martitizada em rocha vulcânica a ND (esquerda) e a NC ( direita). A


ND a cor não é mais cinza-rosa, mas branca em função da hematita que se formou. A NC, neste caso, há
muitas reflexões internas vermelhas em função da geração de hematita. Ganga a ND é cinza escura e a
NC apresenta reflexões internas incolores, brancas a multicoloridas.

Magnetita martitizada a ND (esquerda) e a NC (direita). Neste caso a martitização desenvolveu cristais


grandes e anédricos de hematita. Ganga em cinza (ND) e com reflexões internas coloridas (NC).
A ND, magnetitas esqueletais a dendríticas, Em ambos os casos,
não existem dois grãos/agregados com forma igual na seção
polida. O hábito se repete, as formas variam muito.
Acima: em porção pegmatóide de diabásio.
À direita: em basalto de granulação fina.

Magnetita a NC com um padrão regular de martitização. O que sobrou da magnetita é isótropo (preto), em
cinza claro estão as lamelas de hematita.

Grão de magnetita com


uma faixa de ilmenita a
ND (esquerda) e a
NC+2º (direita).
A ND percebe-se que as
cores quase iguais, mas
polimento bem melhor na
ilmenita. A magnetita,
como sempre, com
polimento ruim, figuras de
arranque e indícios de
partição triangulares
(111).
A ND ilmenita está na cor
de anisotropia mais clara.
Magnetita com desmisturas de ilmenita
transformadas em rutilo ou anatásio.
Acima à esquerda, a ND, magnetita idiomórfica
com seção hexagonal e porções em cores brancas
ou acinzentadas; nitidamente é um cristal complexo.
Em preto, um buraco.
Acima à direita, a NC, a magnetita está isótropa
(preta) e as porções com outras cores agora
mostram reflexões internas claras a amareladas,
muito luminosas, sugestivas de um mineral com Ti.
À esquerda, a NC, detalhe de uma destas porções
luminosas, sugerindo ser um rede de cristais de
rutilo, a chamada “sagenita”. A identificação precisa
destas fases requer muita experiência e/ou métodos
analíticos adicionais.

Em serpentinito, a ND, no centro da


imagem, um grande cristal de clorita com
magnetita (cor clara, quase branca) ao
longo dos planos de clivagem. Sob Luz
Transmitida, esta clorita apresenta cor de
interferência anômala “marrom-do-couro”.

Ao redor do grão de clorita está


serpentina, tipicamente com um
polimento muito ruim, também com
pequenos pontos de magnetita, mas
espalhados e maneira dispersa, aleatória.
Em amostra de mão este serpentinito é
bastante magnético.
A ND, grão composto por magnetita (esquerda) e ilmenita
(direita). A magnetita está com um polimento muito pior
que a ilmenita, mas as cores de reflexão dos dois minerais
são quase iguais. A identificação, apesar disso, é simples:
A ND, magnetita esqueletal com
a ilmenita apresenta anisotropia bem destacada a NC,
martitização muito regular em derrame de
enquanto a magnetita é isótropa.
basalto do tipo pahoehoe. O cristal é muito
pequeno, é difícil de mostrar o padrão.
Ocular de 16x, objetiva de 50x, zoom e
photoshop com muito contraste.

A ND, no centro da imagem, magnetita (cor clara, tom


rosa, polimento ruim, buracos pretos) envolta por uma
coroa de titanita (cor cinza clara com tom azulado). Em
cinza mais escuro, silicatos (quartzo, feldspatos, etc.).
Essas coroas de titanita são relativamente comuns. Às
A NC, magnetitas (isótropas – pretas)
vezes são bem contínuas, em outros casos são mais
acompanhando os dobramentos em
irregulares, finas ou espessas, descontínuas.
serpentinito. As serpentinas estão com
reflexões internas em cores claras (branco, Podem conter apenas magnetita (como aqui) ou
creme, etc.). A rocha é bastante magnética, o apenas ilmenita ou magnetita + ilmenita, ambas com ou
imã é atraído pela seção polida. sem desmisturas de hematita ou então magnetita +
ilmenita + pirita. A magnetita provavelmente é bastante
titanífera, como indicado pela cor rosada forte.
6. MICROSCOPIA DE LUZ OBLÍQUA:

Desligando a luz do microscópio e iluminando a lâmina obliquamente por cima com uma luz LED forte,
a magnetita mostra cor cinza, a mesma cor de hematita, ilmenita e molibdenita, por exemplo. Somente é
possível reconhecer, nestes casos, que não se trata de um dos sulfetos comuns, como pirita, calcopirita e
pirrotita.

Ilustração da técnica de Luz


Oblíqua. A luz LED precisa ser forte.

Magnetita em rocha ígnea. À esquerda, sob Luz Transmitida a ND. À direita, sob Luz Oblíqua,
mostrando cores cinza e brilho metálico.

Versão de outubro de 2020

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