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A magnetita é um óxido muito comum, ocorrendo em muitos tipos de rochas. Tem enorme importância
como minério de Fe, V e Ti, entre outros. Participa da composição de muitos outros tipos de minérios.
Magnetita é o mineral mais magnético conhecido e pode conter Ti, Mn, Mg, Zn, Ni, Al, Cr e V. Integra
o Grupo do Espinélio e possui relações complicadas com ilmenita, hematita, hercynita e ulvöespinélio. Em
rochas plutônicas os teores de Ti estão quase sempre desmisturados como ilmenita, mais raramente como
pirofanita ou geikielita. Forma uma série com a jacobsita e outra série com a magnesioferrita. Tipicamente
apresenta cristais octaédricos, às vezes dodecaédricos, muito raramente cubos minúsculos (em magnetita
oolítica). Uma variedade de magnetita fortemente magnética é conhecida como “lodestone” (“leading stone”
= “pedra que guia”); uma magnetita algo alterada que atrai ferro. “Thermita” é uma mistura de magnetita e
alumínio pulverizados que, quando queimados, produzem calor intenso, óxido de alumínio e ferro fundido.
A magnetita pode passar para martita (= hematita). A transformação é progressiva, havendo desde
magnetitas com um mínimo de hematita até magnetitas inteiramente transformadas em hematita. Martita não
é mais magnética (mas o magnetismo das peças varia muito), a dureza sobe para 6-7, a densidade continua
a mesma, o brilho é apenas submetálico e o traço agora é castanho-avermelhado. Muito freqüentes são
pseudomorfoses de martita sobre magnetita. A martitização geralmente traz problemas no beneficiamento do
minério em função da diminuição do magnetismo.
1. Características:
Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem
Cúbica Preta, com tons de Octaedros, formas não
hexaoctaédrica marrom, cinza ou azul- cúbicas combinadas.
Tenacidade do-aço. Pode haver uma Granular, maciça,
película amarelo-marrom esqueletal. Estrias paralelamente a
Qubradiça
de ferrugem. Cristais até 25 cm. [011] em {011}
Maclas Fratura Dureza Mohs Partição
De contato, {111} Irregular 5,5 – 6,5 {111} excelente
Traço Brilho Diafaneidade Densidade (g/cm3)
Preto Metálico a submetálico, Opaca, translúcida em 5,17 – 5,18
pode ser fosco. arestas muito finas.
2. Geologia e depósitos:
Magnetita é o mineral opaco mais importante e mais comum em quase todas as rochas ígneas e
metamórficas, ocorrendo geralmente em grãos pequenos. Nas rochas ígneas normalmente ocorre como
titanomagnetita, com a substituição de algum Fe por Ti (Fe2TiO4). Através de processos de segregação
magmática ou metamorfismo de contato pode formar depósitos econômicos.
É comum em sedimentos e rochas sedimentares (“banded iron formations”) e compõe parte das
“areias negras” ou “areias pesadas”. Ocorre em peridotitos, carbonatitos e meteoritos. Ocorre biogênica em
organismos, desde bactérias até orcas, possibilitando a orientação dos animais.
3. Associações Minerais:
Associa-se a cromita, ilmenita, ulvoespinélio, rutilo, apatita, silicatos (em rochas ígneas); pirrotita,
pirita, calcopirita, pentlandita, esfalerita, hematita, silicatos (ocorrências hidrotermais e metamórficas);
hematita e quartzo (ocorrências sedimentares). Não há uma paragênese específica, própria, diagnóstica.
4. MICROSCOPIA DE LUZ TRANSMITIDA:
Em lâmina delgada sob Luz Transmitida a magnetita é opaca, não há passagem de luz mesmo em
porções extremamente delgadas. É o mesmo comportamento de outros minerais opacos comuns, como
ilmenita, hematita, pirita, pirrotita e calcopirita. Em função disso, não é possível identificar magnetita sob Luz
Transmitida, é necessário trabalhar com lâminas ou seções polidas ao microscópio de Luz Refletida.
O máximo que é possível fazer é usar a técnica de Luz Oblíqua (veja ao final da ficha) e reconhecer
a cor do mineral. Se for cinza, com certeza não será um dos sulfetos comuns, como pirita, pirrotita e calcopirita;
provavelmente será magnetita, hematita ou ilmenita.
Geralmente a magnetita é xenomórfica (anédrica). Nas imagens abaixo, imagens de um caso menos
comum, que são magnetitas idiomórficas na forma de octaedros e outras formas cúbicas, combinadas ou não.
Neste rocha há pelo menos duas gerações de magnetita, uma formada por estes cristais grandes e uma
segunda formada por agregados de cristais menores, provavelmente de cristais tendendo a idiomórficos.
5. MICROSCOPIA DE LUZ REFLETIDA:
Preparação da amostra:
A magnetita apresenta dureza elevada e é de polimento difícil. Geralmente a magnetita apresenta um
polimento ruim, enquanto os minerais associados (silicatos, etc.) já estão com um polimento de boa qualidade.
Insistir em um polimento perfeito da magnetita geralmente produz um relevo alto e incômodo desta em relação
aos minerais associados menos duros.
A dureza da magnetita varia com a composição química e é bem menor que a dureza da hematita e
da pirita. Pirrotita, que frequentemente ocorre associada, possui dureza bem mais baixa. A qualidade do
polimento não deixa de ser diagnóstica: pirrotita fica com polimento muito bom enquanto a magnetita, de cor
e hábito semelhantes, mostra ´polimento de baixa qualidade. Ilmenita geralmente mostra polimento melhor
que magnetita. Com algum cuidado, magnetita pura adquire um excelente polimento.
Se a martitização está muito avançada, o polimento fica bem difícil. Algumas titano-magnetitas
desmisturadas são difíceis de polir devido ao descascamento que ocorre paralelamente a (111).
ND Cor de cinza levemente róseo ou suavemente amarronzado, o tom pode mudar de caso para
reflexão: caso, sem uma relação definida com as variações na composição química. As variações
de teores dos diversos elementos menores produzem cores que se superpõe de modo
aleatório. Se a magnetita ocorrer sem outros opacos para comparação, a cor pode
parecer branca.
Ti em teores altos e não-desmisturados geram uma cor marrom-rosa.
Mn torna a cor menos intensa, mais cinza; teores muito elevados de Mn produzem uma
cor amarelada-esverdeada.
Al e Mg produzem cores amareladas.
Cr produz cores em um cinza mais escuro.
Comparada com hematita, a cor é muito mais escura, tende a marrom.
Comparada com ilmenita, a cor é menos rosada.
Comparada com esfalerita, a cor é muito mais clara.
Pleocroísmo: Não.
Refletividade: 20,60% Birreflectância: Não.
NC Isotropia / Isótropa, mas às vezes nitidamente anisótropa em função de zonação ou
Anisotropia: maclas ou tensões tectônicas ou inclusões submicroscópicas de outro
mineral.
Tensões geradas por detonações e por tratamento dos minérios também
podem gerar anisotropia anômala.
Reflexões internas: Não. Apenas magnetitas com elevados teores de Mn podem mostrar
algumas reflexões internas.
Pode ser confundida com: em minérios complexos a magnetita facilmente passa despercebida, é
importante testar a seção polida com um ímã ou uma bússola. Especialmente perturbador é o fato de que
a cor de reflexão muda bastante.
Ilmenita, que geralmente ocorre associada, é nitidamente anisótropa e geralmente de polimento melhor.
Pirrotita, que também ocorre associada com frequência, tem cor mais amarelada e anisotropia forte.
Cromita possui refletividade mais baixa, pode apresentar reflexões internas, mas pode ser muito parecida.
Esfalerita pobre em ferro é muito semelhante, apenas um pouco mais escura.
Braunita é nitidamente anisótropa, jacobsita possui reflexões internas vermelho profundas.
Forma dos grãos: os grãos de magnetita podem mostrar grande tendência à idiomorfia, formando
octaedros, rombododecaedros, dodecaedros trapezoidais e muitos outros. Neste caso as seções tendem a
triangulares, quadradas, trapezoidais e hexagonais. Cubos são bastante raros e geralmente muito pequenos.
Mas geralmente ocorre como grãos arredondados irregulares. Em rochas vulcânicas pode ocorrer em duas
gerações: grãos grandes idiomórficos e grãos pequenos arredondados, disseminados na matriz. Em rochas
magmáticas ocorre como mineral deutérico a partir da alteração da biotita e da “hornblenda”, formando bordas
pretas (opacas) ao redor dos grãos desses minerais. Cristais tabulares de magnetita podem ser pseudomorfos
sobre hematita. Nos minérios maciços o desenvolvimento é alotriomórfico (anédrico); os grãos apresentam
contatos pouco dentados. Em jazimentos que sofreram recristalização devido a metamorfismo regional os
contatos podem ser dentados, mas são casos raros. Raramente a magnetita mostra hábito coloforme,
reniforme ou botrioidal. O tamanho dos cristais varia de uma poeira muitíssima fina até 25 cm, devido às
muitas maneiras de formação da magnetita. Ilmenita pode apresentar hábitos semelhantes; sob Luz
Transmitida e Luz Oblíqua não é possível distinguir magnetita e ilmenita pelo hábito.
Partição, considerada clivagem por muitas décadas, geralmente não pode ser observada e ocorre
apenas em alguns jazimentos. Maclas lamelares podem simular clivagem tanto macroscopicamente como
microscopicamente. Corpos de desmistura de espinélio dispostos paralelamente a (100) podem gerar uma
pseudo-clivagem.
Deformações são bastante comuns. Magnetita é um mineral de formação inicial e por isso teve muitas
oportunidades de sofrer deformações. Geralmente as deformações geram cataclase; muitas vezes se formam
lamelas de macla de pressão segundo (111). Após deformações intensas as magnetitas facilmente passam
por recristalização, que se expressa nas texturas das magnetitas ou por contatos intergranulares que não se
apresentam soldados (“minérios friáveis”).
Zonação está muito bem desenvolvida em quase todas as magnetitas formadas por metasomatismo
de contato; ocasionalmente ocorre nas magnetitas de origem magmática e hidrotermal. A zonação certamente
se deve, em parte, a variações na composição química, tendo em vista que pequenas mudanças de cor são
perceptíveis mesmo sem ataque químico. Outras zonações se devem a variações na velocidade de
crescimento. As zonas individuais podem ser de delicadeza extrema; muito finas. Frequentemente se observa
que o cristal zonado mudou de hábito durante o crescimento, especialmente de rombododecaedro para
octaedro. Muitas vezes a martitização progressiva ou outros tipos de substituições se desenvolvem
preferencialmente ao longo de algumas zonas isoladas. Em magnetitas de rochas vulcânicas às vezes há um
núcleo de espinélio envolto por uma grossa camada de magnetita zonada. Em rochas plutônicas algo básicas,
mas já metamórficas, o mesmo ocorre com cromita.
Maclas paralelamente a (111) são muito comuns, frequentemente são lamelares. Quando as maclas
são de crescimento, geram-se poucas lamelas. Tensões normalmente geram grupos lamelas numerosas e
muito finas de acordo com todas as faces do octaedro em um padrão triangular. Em algumas ocorrências,
nunca há lamelas, enquanto em outras todos os grãos apresentam muitas lamelas. Macroscopicamente e
microscopicamente as lamelas podem simular clivagem!
Intercrescimentos orientados com ilmenita e hematita podem estar presentes não apenas por
processos de desmistura e substituições, mas também pela formação individual dos dois minerais lado a lado.
Mirmequitos são relativamente raros, mas podem ocorrer intercrescimentos mirmequíticos de
magnetita com calcopirita, bem como mirmequitos de magnetita com olivina, compartilhando o eixo
pseudohexagonal, que devem ser interpretados como coroas de reação. Mirmequitos de magnetita com
outros silicatos que não a olivina são comuns especialmente em gabros.
Inclusões DE magnetita ocorrem em sulfetos.
Inclusões EM magnetita podem ser de hematita, ilmenita, sulfetos, awaruita e de minerais do Grupo
do Espinélio.
Porfiroblastos de magnetita formam-se facilmente e podem atingir tamanhos expressivos. Tais
cristais, sempre octaedros, também são observados em muitos jazimentos de minérios que sofreram
recristalização.
Mag
Esquerda: a ND, pirita (amarela), magnetita (cinza-rosada, à esquerda e à direita em baixo) e minerais
da ganga (dois cinzas mais escuros). A ND a magnetita facilmente passa despercebida.
Direita: a mesma imagem a NC. Magnetita e pirita são isótropas (pretas) e sem reflexões internas. Ganga
apresenta reflexões internas coloridas e leitosas.
Magnetita a NC com um padrão regular de martitização. O que sobrou da magnetita é isótropo (preto), em
cinza claro estão as lamelas de hematita.
Desligando a luz do microscópio e iluminando a lâmina obliquamente por cima com uma luz LED forte,
a magnetita mostra cor cinza, a mesma cor de hematita, ilmenita e molibdenita, por exemplo. Somente é
possível reconhecer, nestes casos, que não se trata de um dos sulfetos comuns, como pirita, calcopirita e
pirrotita.
Magnetita em rocha ígnea. À esquerda, sob Luz Transmitida a ND. À direita, sob Luz Oblíqua,
mostrando cores cinza e brilho metálico.