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ROCHAS FERRUGINOSAS
1.1 Gênese
As rochas iniciais na Terra foram as rochas vulcânicas, que sofreram
intemperismo e tornaram-se sedimentares, passando pelo metamorfismo. Ao longo do
tempo, a queda de meteoritos trouxe gotículas de água, que foram formando lagos e em
seguida os oceanos. No proterozóico inferior, ocorriam chuvas ácidas, causadas pela
atmosfera anóxica e a concentração de CO2, que intemperizavam ainda mais ainda as
rochas, fazendo com que os minerais pesados das rochas metamórficas e ígneas fossem
levados para os oceanos, os tornando saturados de metais. Como não havia organismos
vivos nos oceanos, que pudessem usar a sílica, houve uma grande concentração da mesma
na água (PROTHERO & SCHWAB, 1996)
A grande oxigenação é um evento que ocorreu no Proterozóico inferior,
caracterizado biologicamente pelo predomínio de organismo procarióticos, ou seja,
retiram oxigênio da matéria inorgânica, óxido, principalmente de ferro, e permitiam uma
alta concentração desse elemento no oceano (RAPOSO, 1996). Esses organismos
surgiram, provavelmente, em zonas fóticas (parte de um ecossistema aquático que recebe
luz suficiente para realizar fotossíntese) das águas próximas à costa, onde a combinação
de intemperismo continental e ressurgência de correntes profundas contendo um
componente hidrotérmico fornece Fe+2 e nutrientes (BEKKER et.al, 2010). Com a
proliferação desses organismos ocorre uma inversão na composição química da
atmosfera, deixando de ser anóxia para se tornar rica em oxigênio, transformando o Fe+2
em Fe+3, que é insolúvel, então foi depositado. No proterozóico inferior e médio, os
organismos eucariontes começam a predominar, assim a produção anômala de formações
ferríferas teria cessado. (RAPOSO, 1996).
A fonte de ferro também pode ser associada às atividades vulcânicas, pois a lava
e as cinzas, geradas pelo evento geológico, sofrem intemperismo e alteração, associada à
atividade hidrotermal, que seriam as fumarolas vulcânicas, assim fornecendo uma
quantidade considerável de ferro. Essa fonte é considerada para algumas formações de
ferro do Arqueano. Pode ser considerado, também, o intemperismo contínuo, pois ao agir
em um clima tropical úmido causa a liberação do ferro dos minerais máficos e pesados
das rochas ígneas, produzindo água subterrânea carregada com ferro e por consequência
um solo laterítico, assim através da erosão do solo o ferro é transportado para o mar
através do rio (TURCKER, 2001).
O retrabalho do solo através de um aumento relativo do nível do mar também
tornará o ferro disponível, sendo explicado pela teoria da “Terra Bola de Neve”. Essa
teoria propõe que durante o Neoproterozóico, os continentes encontravam-se na região
dos trópicos, onde o clima é quente e úmido, assim intensificando o intemperismo das
rochas silicáticas e causando um maior consumo do CO2. Com a diminuição do gás na
atmosfera, o efeito estufa diminui, por consequência a temperatura também e as geleiras
polares avançavam em direção às regiões tropicais. Como o gelo reflete a luz solar com
mais eficiência do que a água, a absorção de calor reduz, assim possibilitando condições
de temperatura que congelariam a Terra, com isso a troca de gases entre a água do mar e
a atmosfera foi interrompida, assim deixando as águas mais profundas anóxicas,
permitindo a concentração dos elementos expelidos de fumarolas hidrotermais em suas
formas reduzidas, sendo o Fe+2 um deles. A Terra permaneceu assim durante milhões de
anos, o intemperismo foi reduzido, ou seja, o carbono expelido por vulcões acumula-se
mais rapidamente do que foi consumido pelas atividades intempéricas. A maior
concentração de CO2 na atmosfera auxilia no efeito estufa, permitindo a absorção solar
da radiação, compensando a radiação perdida, refletida pelo gelo, assim a temperatura
alcança a o ponto de fusão do gelo. Então, ao final da glaciação ocorre re-oxigenação da
água do mar, deixando a água mais oxidante e transformando Fe+2 acumulodo em Fe+3.
(VILELA, 2010).
1.2. Transporte
Para o transporte há três mecanismos considerados:
➢ Suspensão Coloidal: O hidróxido de ferro está presente nas águas superficiais
naturais, sendo altamente insolúvel, formando facilmente uma suspensão coloidal,
que na presença de matéria orgânica se estabiliza. O ferro pode ser transportado
dessa forma e precipitar no mar, através da floculação.
➢ Matéria Orgânica: Pode ser transportado através da absorção ou quelação em
matéria orgânica.
➢ Argilominerais: O ferro pode ser transportado como parte da estrutura da argila
ou pode ser liberado da argila e da matéria orgânica, depende do pH e do Eh da
água.
1.3. Fácies Mineralógicas
3.1. Idade
Como as ocorrências primordiais das formações ferríferas ocorreram antes do
grande evento de oxigenação da atmosfera podem ser divididas em quatro períodos
principais de formação: meso-arqueano, neo-arqueano, paleo-proterozóico e neo-
proterozóico ao fanerozóico.
3.2. Textura
Para diferenciação textural existem duas divisões principais de acordo com
GROSS (1980) e BEKKER et al (2010):
Banded Iron Formation” (BIF) Formações de Ferro Bandadas, são rochas
caracterizadas por finos acamamentos laminares de escala milimétrica e centimétrica de
grande espessura e extensão, provenientes de lamas ricas em ferro depositadas em bacias
oceânicas. Estes sedimentos se alternam em camadas de precipitações químicas por
floculação de coloides de finas partículas de sílica e oxido de ferro em lamas.
“Granular Iron Formation” (GIF) Formações de Ferro Granular, são rochas
clásticas de preservação predominante em bacias paleo-proterozóicas oriundos do
retrabalhamento de rochas peliticas ricas em ferro, indicando erosão e deposição de
sedimento intrabacia. Estes sedimentos apresentam influencia de fluxos trativo e
oscilatório com estratificações cruzadas e estratificação cruzada hummocky em
abundancia indicando que os depósitos de plataforma oceânica foram atingidos por
tempestades, com extensões mais limitadas que os BIF’s.
“Ironstones” Rocha Ferruginosa Fanerozóica de ambiente redutor de plataforma
oceânica rasa com textura oolitica predominante e sem a existência de acamamentos,
diversos modelos deposicionais foram cogitados, mas não existe consenso sobre a
principal origem desses tipos de rocha.
4. TIPOS DE DEPÓSITOS
Segundo Schobbenhaus & Silva Coelho (1986), os depósitos ferruginosos são
divididos em quatro tipos: os sedimentares acamadados, os relacionados a atividades
ígneas, os formados por soluções hidrotermais e os resultantes de alteração e acumulo em
superfície.
5.1 No Brasil
Segundo Silva et al. (2014), os depósitos de ferro com alto teor (> 65% Fe) são
hospedados por uma sequência de formações ferríferas bandadas, denominadas de
jaspilitos, de 100 a 400 m de espessura, cortadas por diques e sills de rochas máficas. Os
jaspilitos (Formação Carajás, Grupo Grão Pará, Supergrupo Itacaiúnas) ocorrem
intercalados entre unidades metavulcânicas máficas, inferior e superior, do Grupo Grão
Pará. Na Serra do Norte, os jaspilitos são rochas finamente laminadas, com estrutura
plano-paralela, constituídas por bandas alternadas de quartzo microcristalino e de jaspe
vermelho com hematita esferulítica, maghemita, martita e, subordinadamente, magnetita.
Apresentam estruturas deposicionais preservadas, tais como estruturas de escavação e
preenchimento e esferulitos/grânulos de provável origem orgânica. A composição
isotrópica do ferro dos jaspilitos indicam formação em ambiente marinho a partir de águas
de ressurgência. O trend de enriquecimento relativo em ETRL e anomalia positiva de Eu
são indicativos de associação com fumarolas hidrotermais e soluções de fundo oceânico.
Os valores altamente positivos de 57Fe poderiam ser explicados por oxidação parcial do
Fe2+ aq na superfície do oceano, subsequente à ressurgência hidrotermal de águas
marinhas anóxicas e profundas. Isso teria resultado na formação de hidróxidos de Ferro e
sua conversão para hematita na zona fótica, mais rasa e oxidada, em um processo sazonal.
5.2 No Mundo
5.2.1 Grupo Rapitan – Canadá
A subdivisão estratigráfica proposta por Yeo (1981, 1984 apud Klein e Beukes
1993 apud Vilela et al 2010) para o Grupo Rapitan, da base para o topo: Formação Monte
Berg, composta essencialmente por mixtito; Formação Sayunei, formada por ritmito
siltoso com formação ferrífera no topo; e Formação Shezal, outra unidade de mixtito. A
formação ferrífera na Formação Sayunei está interdigitada lateralmente com rochas
siliciclásticas, com contatos bruscos, sugerindo deposição em condições diferentes para
a formação ferrífera e as rochas siliciclásticas. Segundo Vilela et al. (2010), a formação
ferrífera ocorre em principalmente na forma de formação ferrífera nodular (FFN), tendo
hematita fina com nódulos de jaspe dispersos. Menos freqüentemente pode ocorrer
formação ferrífera bandada nodular (FFBN) e formação ferrífera bandada (FFB). A
primeira variedade ocorre quando há alternância de bandas ricas em nódulos de jaspe com
bandas pobres, enquanto a segunda ocorre quando os nódulos de jaspe se juntam e
formam bandas de jaspe. Repetições cíclicas são observadas com gradação de FFN para
FFBN, a qual, por sua vez, grada para FFB.