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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA


DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
PETROLOGIA ÍGNEA I (GEO0)

SEÇÕES DELGADAS I-50 E 04

DISCENTE:
MARCELO GUSTAVO SILVA SILVA

NATAL/RN
AGOSTO DE 2019
SEÇÃO DELGADA “I-50”
❖ DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA

Trata-se de uma rocha holocristalina, inequigranular, leucrocrática (teor de


minerais máficos equivalente a 15%) e com granulometria média. A proporção modal
dos minerais formadores é dada por feldspato alcalino (65%), quartzo (13%), biotita
(7%), diopsídio-hederbengita (6%) e plagioclásio (5%), além disso, possui epidoto
(>1%) como mineral secundário e acessórios incluem hornblenda (2%), minerais
opacos (1%) e apatita (1%).

I. Feldspato alcalino

Apresenta-se na forma de cristais bem desenvolvidos de hábito subédrico com


tamanho máximo superior a 5,5 mm, por vezes com geminação Carlsbad, contatos
majoritariamente irregulares e comumente possui inclusões de minerais, como biotita,
apatita, minerais opacos, raramente hornblenda e diopsído-hedenbergita. Também pode
ocorrer sericitização e crescimento de filossilicatos e opacos nos planos de clivagem, de
tal modo que eles aparentam possuir orientação.

A feição mais notável destes minerais está nas texturas de exsolução (pertitas),
conforme Figura 1, contudo as lamelas podem ocorrer de maneira homogênea no cristal,
não sendo possível a distinção do mineral hospedeiro, sendo atribuídas a classificação de
mesopertitas.

II. Quartzo

Exibe cristais anédricos preenchendo os interstícios deixados pelos minerais de


cristalização anterior, com tamanho máximo de 2 mm e os contatos variam de retos a
côncavos. Também ocorrem na forma de intercrescimento vermicular com plagioclásio,
caracterizando a textura mirmequítica (Figura 2).

III. Biotita

Aparece na forma de cristais anédricos, com tamanho máximo de 5,5 mm, e pode
apresentar hábito esqueletal, exceto aquelas que ocorrem na forma de inclusões, pois tem
tendência euédrica. Em relação aos contatos, eles variam entre côncavos e serrilhados,
principalmente com o álcali feldspato e hornblenda. Na maioria das vezes possui
inclusões de apatita, minerais opacos e feldspato alcalino, além disso, é observado o
consumo do mineral diopsídio-hedenbergita para sua formação e alteração para minerais
opacos, principalmente nas bordas.

IV. Diopsidio – Hedenbergita

Apresenta-se na forma de cristais subédricos com tamanho máximo de 2,1 mm e


possui inclusões de apatita e minerais opacos, além de crescimento de minerais opacos e
biotita nos planos de clivagem. Alguns cristais presentes em forma de inclusão possuem
forma arredondada, indicando dissolução. Também é desestabilizado para hornblenda e
minerais opacos (Figura 3).

V. Plagioclásio

Caracteriza-se por cristais subédricos a anédricos e tamanho máximo de 1,3 mm,


além disso pode apresentar ou não maclas polissintéticas. Possui desestabilização para
filossilicatos e epidoto (saussuritização).

VI. Hornblenda

No geral, apresenta grãos anédricos a subédricos pouco desenvolvidos com


tamanho máximo de 2 mm e contatos irregulares com o diopsidio-hedenbergita.
Comumente possui inclusões de minerais opacos e apatita, além de resquícios de
clinopiroxênio.

VII. Epidoto

Ocorre como grãos anédricos de tamanho máximo 0,27 mm com contatos


regulares em relação a biotita e o clinopiroxênio.

VIII. Apatita

Apresenta-se na forma de grãos alongados subédricos a euédricos com tamanho


máximo de 0,4 mm e contatos regulares. Além disso, a rocha apresenta 2 gerações deste
mineral, sendo as precoces bem desenvolvidas e inclusas em minerais opacos, enquanto
as tardias são menores e estão inclusas nos álcalis feldspatos.

IX. Minerais Opacos

Apresenta-se na forma de grãos euédricos, subédricos e anédricos com tamanho


máximo maior que 0,54 mm e também se observaram 2 gerações, nas quais, os de
cristalização precoce são maiores e dispõem se majoritariamente euédricos a subédricos,
enquanto os tardios são menores desenvolvidos e produtos de alteração. Seus contatos
variam desde regulares a embaiamentos, alguns grãos possuem hábito esqueletal,
indicando dissolução.

Figura 1: Microfotografia a nicóis cruzados exibindo cristais de álcali feldspato com lamelas de albita.

Figura 2: Microfotografia a nicóis cruzados onde se destacam (no centro da imagem)


intercrescimento vermicular de quartzo e plagioclásio no contato de cristal de álcali feldspato
caracterizando a textura mirmequítica.
Figura 3: Microfotografia a nicóis paralelos na qual são observados desestabilização do mineral diopsídio-
hedenbergita (Di-Hd) para hornblenda (Hbl) e minerais opacos. (Op)

❖ SEQUÊNCIA DE CRISTALIZAÇÃO

Sintetizada através da Figura 4, a sequência de cristalização do magma iniciou-se


com os minerais acessórios (apatita e opacos), após esta etapa, em condições mais anidras,
formou-se o clinopiroxênio da série diopsidio-hedenbergita. A medida que prosseguiu, a
concentração de H2O se tornou maior, então minerais hidratados como a hornblenda e a
biotita se desenvolveram (Figura 5), depois o feldspato começou seu crescimento e por
fim o SiO2 restante cristalizou-se na forma de quartzo intersticial.

Em relação aos estágios pós-magmáticos, com a diminuição progressiva da


temperatura, os cristais de feldspato formaram desmistura de fases, acarretando na gênese
das pertitas, também houve intercrescimento de quartzo e plagioclásio ocasionando a
presença de mirmequitas e finalmente o crescimento do mineral epidoto resultante de
processos de alteração dos minerais biotita e plagioclásio.
Figura 4: Sequência de cristalização dos minerais, variando desde os precoces, tardios e os de origem
pós-magmática. Abreviaturas: Ap = Apatita; Op = Opacos; Di-Hd = Diopsídio-Hedenbergita; Hbl =
Hornblenda; Bt = Biotita; Pl = Plagioclásio; Afs = Álcali Feldspato; Qz = Quartzo e Ep = Epídoto.

Figura 5: Microfotografia a nicóis paralelos onde é observado parte da sequência de cristalização, na qual
constata-se desestabilização de clinopiroxênio (Cpx) para hornblenda (Hbl) e este para biotita (Bt). Além
disso, é identificado um cristal de epidoto (Ep), relacionado a processo pós-magmático.
❖ CLASSIFICAÇÃO DA ROCHA

Os valores modais, modificados para o diagrama QAP, de álcali feldspato, quartzo


e plagioclásio correspondem a, respectivamente: 78%, 17% e 5%. Portanto, a rocha foi
classificada como quartzo-alcáli feldspato sienito (Figura 6).

Figura 6: Diagrama QAP usado para classificar a rocha. O ponto vermelho foi plotado de
acordo com as porcentagens modais de quartzo, álcali feldspato e plagioclásio.
SEÇÃO DELGADA “04”

❖ DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA

Trata-se de uma rocha de holocristalina, inequigranular, com granulometria média


a grossa e mesocrática, cujo teor de minerais máficos é equivalente a 64% e devido a isso
a amostra apresenta coloração esverdeada.

A porcentagem modal dos minerais formadores é dada por: plagioclásio (31%),


augita (23%), hiperstênio (22%), hornblenda (14%) e biotita (5%), além disso,
apresenta epidoto (>1%) como mineral secundário e minerais acessórios incluem
quartzo (3%), minerais opacos (1%) e apatita (>1%).

I. Plagioclásio

Apresenta-se anédrico e por vezes subédrico, com tamanho máximo maior que
5,5 mm, geminação polissintética, teor de An28 e contatos que variam desde regulares
(retos) a irregulares (côncavos-convexos). Há presença de fraturas em alguns grãos e
estas são preenchidas por filossilicatos. Também possui finas inclusões de biotita,
minerais opacos e apatita.

É notável o englobamento dele em relação aos minerais de cristalização precoce,


caracterizando a textura cumulática (Figura 1).

II. Augita

Aparece anédrica a subédrica, por vezes alongada, raramente com geminação


simples (Figura 2), tamanho variável, contudo seu tamanho máximo é de 5,3 mm e pode
apresentar inclusão de minerais opacos. Comumente ocorre desestabilização para
formação do mineral hornblenda. Em relação aos contatos, predomina do tipo irregular,
com muitos engolfamentos, mas há alguns regulares (retos).

III. Hiperstênio

São observados grãos majoritariamente subédricos, por vezes euédricos, com


hábito alongado, tamanho máximo de 1,8 mm e fraturados. Também é observado
presença de hornblenda nas bordas de alguns cristais formando uma textura de coroa.
Seus contatos são predominantemente regulares.
IV. Hornblenda

Ocorre como cristais anédricos com tamanho máximo de 3 mm, comumente


desestabiliza-se para minerais opacos, os quais seguem os planos de clivagem para se
desenvolverem, e biotita. São observadas inclusões de minerais opacos de tamanho maior
que os de alteração, sendo atribuídas a estes origem primária. Seus contatos são bastante
irregulares, principalmente do tipo côncavo-convexo e engolfamentos.

V. Biotita

Apresenta-se na forma de cristais anédricos a subédricos, cujo tamanho máximo


é de 3,1 mm. Sua formação é resultado da alteração do mineral hornblenda, além disso,
seus contatos variam desde retos a côncavos-convexos, indicando dissolução. Também
observa-se alteração para minerais opacos, algumas vezes nas bordas e outras no centro.

VI. Quartzo

Ocorre na forma de grãos anédricos de textura intersisticial e seu tamanho máximo


é de 1,3 mm.

VII. Minerais Opacos

Exibe cristais anédricos a subédricos, raramento euédrico, cujo tamanho máximo


é de 1,1 mm. É atribuída aos cristais mais euédricos cristalização precoce, enquanto os
menores ou mais anédricos resultantes de origem secundária. São observados formas
esqueletais e também repleta de embaiamentos, enquanto outros grãos exibem contatos
retos.

VIII. Apatita

Apresenta cristais cujo hábito varia desde seções hexagonais (euédricas) a


subédricas e alongados, o tamanho máximo é de 1,3 mm.

IX. Epidoto

Ocorre de maneira localizada na seção delgada, com cristais bastante anédricos


(Figura 3) e repletos de contatos irregulares (concâvos), cujo tamanho é de 0,9 mm. Sua
ocorrência está relacionada a processo pós-magmático.
Figura 1: Microfotografia onde se destacam cristais de plagioclásio (Pl) ao redor de outros
minerais como hiperstênio (Hpt) e augita (Aug) caracterizando textura cumulática, em A)
imagem a nicóis paralelos e em B) nicóis cruzados.

Figura 2: Microfotografia a nicóis cruzados onde se destaca um cristal de augita (Aug)


exibindo geminação simples.
Figura 3: Microfotografia a nicóis cruzados destacando cristais de epidoto (Ep) bastante
anédricos e alongados.

❖ SEQUÊNCIA DE CRISTALIZAÇÃO

Sintetizada através da Figura 4, com a progressiva diminuição da temperatura, a


sequência de cristalização tem inicio com o surgimento dos cristais de apatita 1
concomitante aos minerais opacos 1. A medida que a cristalização avança o ortopiroxênio
hiperstênio se forma e desestabiliza-se para o clinopiroxênio augita. Devido a
cristalização de minerais anidros, houve aumento da concentração de H2O no magma,
então minerais hidratados, como a hornblenda e biotita, tem seu surgimento.

Em um estágio intermediário a tardio, o líquido residual cristaliza o plágioclásio


de maneira que preenche os espaços entre os grãos, implicando em uma cristalização
fracionada, caracterizando a textura cumulática, e nos estágios finais o SiO2 restante
forma cristais de quartzo intersticiais.

No que tange aos estágios pós-magmáticos, ocorreram por ação das intempéries a
desestabilização de anfibólios para gênese de minerais opacos e, finalmente, origina-se,
de maneira singular, na amostra os cristais de epidoto.
Figura 4: Sequência de cristalização dos minerais, variando desde os precoces, tardios e os de origem
pós-magmática. Abreviaturas: Ap = Apatita; Op = Opacos; Aug = Augita; Hpt = Hiperstênio; Hbl =
Hornblenda; Bt = Biotita; Pl = Plagioclásio; Qz = Quartzo e Ep = Epídoto.

❖ CLASSIFICAÇÃO DA ROCHA

A classificação da rocha foi obtida com base no diagrama QAP (Figura 5) e as


proporções de plagioclásio e quartzo recalculadas, com base nas proporções modais,
para uso deste foram, respectivamente, iguais a: 91% e 9%. Além disso, foi necessário
obter o teor de anortita do plagioclásio, sendo este igual a An28. Portanto, trata-se de um
quartzo-diorito.

Figura 5: Diagrama QAP usado para nomear a rocha e com base nas porcentagens de
quartzo, álcali feldspato e plagioclásio foi plotado o ponto vermelho.

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