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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Instituto de Geociências

Cromitito

Rochas ultramáficas Sulfetos magmáticos de Ni-Cu-EGP


Depósitos magmáticos são Manto (35 a 2900 km) é a fonte de material que tem contribuído
geneticamente diretamente ou por reciclagem para a formação da crosta e,
consequentemente, para a formação dos depósitos minerais magmáticos.
relacionados com a
evolução de magmas que
Hetereogeneidades mantélicas poderiam explicar concentrações tão
se alojam na crosta (tanto
anômalas em metais de algumas regiões da Terra (por exemplo, Complexo
continental quanto Bushveld e Bacia Witwatersrand, África do Sul)?
oceânica), hospedando-se
em rochas ígneas
derivadas da cristalização Herança geoquímica (fontes férteis, metassomatisadas) é importante para
desse magma. a formação de depósitos associados a magmas.

Concentração anômala de elementos ocorre durante processos de evolução do magma


e sua consolidação
Coletor: mineral, “melt” imiscível ou
“melt” silicático

Transporte do magma para outro sítio

Exemplo: fusão parcial do manto peridotítico


Mungall (2014)
•Mecanismos de concentração de elementos que ocorrem em pequena quantidade
nas rochas;

•Durante a fusão parcial, elementos são particionados entre o fundido e a fase sólida;

•Elementos compatíveis: particionados para a fase sólida (incorporados ao retículo


cristalino de minerais já formados);

•Elementos incompatíveis: particionados preferencialmente para a fase fundida


residual, o que resulta em enriquecimento desses elementos durante os processos de
cristalização fracionada;
Cristalização magmática e concentração de metais
Raio iônico (RI) e carga: fatores
que determinam a ordem
preferencial de fracionamento
Elementos de metais entre mineral –
incompatíveis fundido – fase fluida

MRFE = Mantle Rock


Forming Elements (menor
raio iônico e carga)

LILE = Large-ion lithophile

HFSE = High-field strength


Classificação geoquímica dos elementos

Elementos litófilos:
Classificação geoquímica dos
Incompatíveis
elementos (V.M. Goldschmidt)
(afinidade com
silicatos)

Exceção: Ti, V e Cr
(Litófilos compatíveis)

Calcófilos: afinidade
com líquido sulfetado

Exceção: Sn
(Litófilo)

Siderófilos: afinidade
com líquido metálico
(ferro)
Grupo de elementos Exemplos Fase concentradora Ambiente magmático

Litófilos incompatíveis Li, Be, F, Rb, Y, Zr, “Melt” – minerais de Pegmatitos, intrusões alcalinas,
Nb, Cs, ETR, Hf, elementos raros carbonatitos
Ta

Variavelmente P, Ti, V, Cr, Fe Óxidos, apatita Intrusões estratiformes, corpos


compatíveis podiformes, fundidos imiscíveis
(óxido)

Calcófilos incompatíveis Rh, Pt, Pd, Au, Cu Fase sulfetada Sulfetos magmáticos
imiscível

Calcófilos compatíveis Os, Ir, Ru, Ni Olivina, óxidos Cromititos, sulfetos magmáticos
Episódios de geração de magma podem ser causados por diminuição da
pressão por afinamento crustal (por exemplo, rifteamento) ou adição de
voláteis que abaixam a temperatura do solidus (por exemplo, zona de
subducção)

Em magmas graníticos viscosos: enriquecimento de elementos


a partir de baixas taxas de fusão;

Em magmas basálticos: o magma pouco viscoso (basáltico) produzido é


instantanteamente separado do resíduo sólido e enriquecimento em
elementos pode ser gerado com taxas altas de fusão
(improváveis!).
Mungall (2014)
Fundido silicático com tetraedros de (SiO4)4- e (AlO4)4- unidos por
íons O-2 e cátions (Fe2+, Mg+2, Ca+2, Na+, K+)  polimerização

Fases sólidas neo-cristalizadas (silicatos, óxidos, sulfetos)

Viscosidade: determina a sua mobilidade  depende da


composição química (concentração de sílica), P, T e concentração
de H2O.

Fases voláteis dissolvidas ou em processo de degaseificação


(bolhas)  H2O mais abundante; CO2, compostos de S (H2S, SO2,
SO4), HCl e HF em concentrações significativas e metais.

T= 650 oC a 1200 oC (lavas; fusão do granito em laboratório)


Comportamento do Cr (compatível) e do Nb (incompatível)
durante a fusão do manto e a cristalização fracionada de magmas
basálticos

de um magma basáltico
Cristalização fracionada
Fusão Parcial do Manto

Mungall (2014)
Comportamento do Cr (compatível) e do Nb (incompatível)
durante a fusão do manto e a cristalização fracionada de magmas
basálticos

“Melt” gerado por uma baixa taxa de


fusão parcial do manto apresenta 100
ppm de Nb. Esse valor precisa ser
multiplicado por 1000 para atingir teores
econômicos.
Cristalização fracionada é necessária para
enriquecer o magma em Nb.
Porém, apenas quando a fração de melt
remanescente se aproxima de 0, a
concentração de Nb aumenta
significativamente. Ou seja, o melt residual
atingirá teor de Nb econômico após
cristalização de 99,98% do magma original. Mungall (2014)
Comportamento do Cr (compatível) e do Nb (incompatível)
durante a fusão do manto e a cristalização fracionada de magmas
basálticos

“Melt” gerado por uma baixa taxa de


fusão parcial do manto apresenta 100
ppm de Nb. Esse valor precisa ser
multiplicado por 1000 para atingir teores
econômicos. Formação de depósitos de Nb a partir da
Cristalização fracionada é necessária para
evolução de magmas basálticos? Não....
enriquecer o magma em Nb.
Porém, apenas quando a fração de melt
remanescente se aproxima de 0, a
concentração de Nb aumenta
significativamente. Ou seja, o melt residual
atingirá teor de Nb econômico após
cristalização de 99,98% do magma original. Mungall (2014)
1500°C olivina Zircão Dunito
Apatita Cr, Ti,
Cromita V,Fe (ox)
(FeCr2O4) Plagioclásio Peridotito
Ca (anortita) Ni,Cu, EGP
1300°C Ortopiroxênio (Pt,Pd,Ir,
Magnetita Rh,Os,Ru)
1100°C ilmenita Gabro
Clinopiroxênio

900°C hornblenda
Diorito W-Mo-
Monzonito Sn-Cu-
800°C Biotita + K-feldspato + Na (albita) Granito Zn-Pb-
Mn-Ag-
Au

600°C Quartzo
Muscovita
H2O+CO2,B,F,Cl,PO42-, Sn-U-W
500 – 300°C Fluido metais Pegmatitos Be-Nb-
magmático Ta-Li-ETR
Magmatismo máfico-ultramáfico Depósitos
Minerais

Cr, Ti,
V, Fe (ox)

Ni,Cu, EGP

(Pt,Pd,Ir,
Rh,Os,Ru)

Cumulate-textured dunite of the Kluane Ranges Mafic- Cumulate lherzolite, Jimberlana, Norseman, Dundas Shire,
Ultramafic Suite (TrK), Tatamagouche Mafic-Ultramafic Western Australia, Australia, Asia;
Complex (NTS 115G/06). http://www.geology.gov.yk.ca https://www2.imperial.ac.uk
Figure 12.10. Stewart e DePaolo (1990) Contrib. Mineral. Figure 12.11. Hoover (1978) Carnegie Inst. Wash., Yearb., 77, 732-739.
Petrol., 104, 125-141.
Magmas máficos são
pouco viscosos e os
minerais máficos
formados inicialmente
são densos, afundando
no magma.

Plagioclásio pode
flutuar em pressões >
5 kbar, mas afunda em
magmas colocados em
menores
profundidades

Figure 12-17. Irvine et al.


(1998) Geol. Soc. Amer. Bull.,
110, 1398-1447.
Durante a cristalização fracionada, os cristais podem ser
extraídos e não interagem com o magma na câmera
magmática, por exemplo por afundamento, produzindo as
rochas cumuláticas.

Rochas acamadadas cumuláticas apresentam composição


distinta do magma inicial.
Elementos traços incorporados nos minerais cumuláticos
são compatíveis.
Elementos incompatíveis tornam-se enriquecidos no
magma residual.
Rocha ortocumulática: cristais
cumuláticos de olivina e cromita com
plagioclásio intercúmulos.
Depósitos de segregação magmática

Depósitos de segregação magmática encontram-se geneticamente ligados à evolução de magmas máficos e


ultramáficos alojados na crosta (continental ou oceânica).

MANTO - fonte para metais siderófilos e calcófilos que formam Cromitito


depósitos de segregação magmática [Ni-Cu, EGP (Pt, Pd, Rh, Ru,
Os, Ir), Cr, V, Ti]

Depósitos de Fe-Ti-V
(óxidos)

Depósitos de Ni-Cu±Co
(sulfetos)
Depósitos de EGP (sulfetos
ou ligas)
Glóbulos de sulfetos de Ni-Cu-EGP ( Le Vaillant et al., 2017)
Cumulados de Camadas de Depósitos de Cr, EGP e V associam-se a
ferrogabro a diorito magnetita ricas em V intrusões máficas-ultramáficas
e Ti
acamadadas: rochas ultramáficas na
Cumulados de gabro Ex: Bushveld (África
e gabro-norito do Sul) base e mais ricas em Fe no topo

Cumulados de
anortosito e gabro
Camadas de cromita Cr (cromita) ocorre em rochas basais;
Norito, anortosito ricas em EGP EGP (Pt e Pd- ligas ou em sulfetos)
Ex: Merensky Reef, tendem a se concentrar em posições
Bushveld (África do
Cumulados de Sul) intermediárias; V (em magnetita) em
piroxenito rochas de topo das intrusões
Camadas de cromita
Piroxenito, dunito Ex: Bushveld (África
do Sul)

Piroxenito, norito, Camadas não excedem alguns metros de


gabro
espessura; dezenas de km de extensão
diques de norito e
diabásio lateral - cromititos
Ambiente tectônico & Magmatismo

Depósitos magmáticos são


geneticamente relacionados
com a evolução de magmas que
se alojam na crosta (tanto
continental quanto oceânica),
hospedando-se em rochas
ígneas derivadas da cristalização
desse magma.

Concentração anômala de
elementos ocorre durante
processos de evolução do
magma e sua consolidação

Groves & Bierlein (2007) - GEODYNAMIC SETTINGS OF MINERAL DEPOSITS


Journal of the Geological Society, London, Vol. 164, 2007, pp. 19–30.
1) Subducção e
metassomatismo do
manto;

2) Pluma mantélica e
fusão do manto
metassomatisado;

3) Formação de
depósitos
magmáticos de
níquel nas margens
dos crátons;

Maier & Groves (2011)


Cromita
45% da produção mundial e 95% • Depósitos
das reservas estratiformes

• Depósitos podiformes

Ghosh et al. (2014)


Cromititos e magnetita rica em V: níveis cumuláticos
aproximadamente monominerálicos tipicamente com 0,5 a
1,0 m de espessura e dezenas de km de extensão
Cromita

Exemplos importantes: Complexo de Bushveld, África do


Sul; Great Dyke, Zimbabwe; Complexo de Stillwater, EUA;
Kemi, Finlândia
No Brasil: Sill de Ipueira-Medrado (BA), Campo Formoso
(BA), Niquelândia (GO), Luanga (PA)
50% a > 95% de cromita fina (0,2 mm) com olivina, piroxênio, plagioclásio;
Associação de olivina-cromita, cromita-bronzita-plagioclásio, cromita-plagioclásio, cromita-augita;

Cromita apresenta forte associação com EGP


Mineralogia de minério:
cromita ± ilmenita ± magnetita ± pirrotita ± pentlandita ± calcopirita ± minerais de EGP (laurita, cooperita,
braggita)

cromita é a única
fonte de crômio
Fe2+Cr23+O4

[(Fe, Mg) (Al,Cr) 2O4] -


grupo dos espinélios

•DOI: 10.1093/petrology/egv079Textura cumulática


Intrusões acamadadas e depósitos estratiformes de cromita

Cromita é mais densa que


o magma, portanto afunda Alta densidade em relação
e é acumulada na base aos minerais formadores de
rocha
(crystal settling);
 olivina= 3,6 g/cm3
cromita= 4,6 g/cm3
Densidade do magma varia Magma máfico: 2,6 g/cm3
durante o processo de
cristalização;
 baixa viscosidade do
Olivina – sua extração magma  movimento
torna o magma menos convectivo na câmara
denso;  mantém os silicatos em
suspensão
 cristais mais densos
Plagioclásio – sua remoção
concentram-se no assoalho
torna o magma mais da câmara
denso
Complexo de Bushveld (África do Sul)

Bifurcação

Contatos
ondulados
Sequência de cristalização inicia-se com a
formação de olivine (A), resultando na
formação de rocha cumulática dunítica.
Extração da olivina do magma deslocará a sua
composição ao cotético (B), resultando em
pequena cristalização de cromita juntamente
com a olivina.
Com a modificação subsequente da
composição do magma, olivina e cromita não
podem mais se cristalizar e o opx (C-D) passa
a se formar.

Sequência normal de cristalização não


resultará portanto na formação de níveis de
cromitito
MODELO DE IRVINE (1977): diagrama ternário para
sistema basáltico com olivina-cromita-sílica. Líquido inicial: evoluiu até
chegar em B (cristalização
Injeção na camara magmática de novo magma, de Opx)
menos primitivo que o inicial, e mistura desse com
o líquido evoluído, após a cristalização de ol-opx Novo magma (A) entra na
pode causar a deposição de cromita. câmera e se mistura com
o primeiro (B), resultando
Mingling dos dois líquidos resulta em uma mistura
em (C)
com composição no campo de estabilidade da
cromita e por um breve intervalo de tempo apenas
cromita será cristalizada. Contaminação por material rico em sílica, por exemplo, por assimilação
crustal, também resultará em composição do magma dentro do campo
de estabilidade da cromita.
Como a cromita é densa, irá se depositar
constituindo nível monomineralálico. Em grandes OUTROS MECANISMOS QUE FAVORECEM FORMAÇÃO DOS
câmeras magmáticas esse nível pode representar CROMITITOS: aumento de fO2 e aumento da Ptotal do magma como
importantes fontes de crômio. resultado de exsolução de CO2
Introdução de novo magma
Kruegger (2013) Efeito fonte: novo
magma é mais
denso que o líquido
remanescente, que
já cristalizou olivina
(e não cristalizou
plag), por isso
afunda;

Efeito pluma: novo


magma é menos
denso que o líquido
remanescente, que
já cristalizou
plagioclásio, por
isso apresenta
fluxo turbulento
Relações de fase no sistema
quaternário (a 1 atm)
Alta P: não há
cristalização
apenas de
cromita;

Baixa P:
entre B-D:
cristalização
apenas de
cromita.

Decréscimo de Pressão: ocorre expansão do campo de estabilidade do


plagioclásio, acarretando mudança da posição do campo topológico da cromita.
(A) Modelo para geração de magmas basálticos saturados apenas em cromita devido à
diminuição da pressão litostática. O magma se torna saturado em cromita durante a sua
ascensão para câmaras mais rasas. Cristalização fracionada de grande volume desse magma
formará cromititos; (B) Superaquecimento também torna o magma saturado em cromita.
Texturas características, tais como cromita e olivina nodulares e
orbiculares, sugerem processos de magma mingling.
Groves & Bierlein (2007) - GEODYNAMIC SETTINGS OF MINERAL DEPOSITS
Journal of the Geological Society, London, Vol. 164, 2007, pp. 19–30.
Ofiolito de Troodos
(Chipre)
Protólitos mantélicos/
crosta oceânica:

Fragmentos obductados
– peridotitos alpinos e
ofiolitos.
Composição:
harzburgitos– opx+ol
(manto empobrecido),
lherzolitos ol+opx+cpx
(manto fértil).
Ofiolitos
peridotitos

Diques camadados

Lavas
Gabro com acamamento ígneo almofadadas
Dilek & Furnes (2009) Lithos 113 (2009) 1–20
Peridotitos Cromititos Podiformes
 sequências ofiolíticas:
hospeda-se em dunitos nas porções
ultramáficas basais e deformadas;

 corpos lenticulares ou bolsões de cromita


maciça ou disseminada

 mineralogia de minério:
cromita ± magnetita ± ligas de Ru-Os-Ir ±
minerais de EGP – minério nodular

 originalmente depositados como corpos


estratiformes em câmaras magmáticas

 55% da produção mundial e 5% das reservas


 raramente atingem > 1 milhão de ton.
Há relação entre os cromititos estratiformes e os podiformes?

Evidência de magma “ mingling”


Cromita nodular e orbicular
Depósitos de sulfetos magmáticos de Ni-Cu-EGP

Sulfetos cristalizados a partir de um


líquido sulfetado imiscível
Maior produção de calor
no Arqueano

Komatiitos com
“spinifex” em greenstone
belts

Depósitos de níquel
magmático
Exemplo: depósito de Ni-
Cu de Kambalda,
Austrália
AMBIENTE TECTÔNICO:
Margens cratônicas

Associação com plumas


mantélicas
Fonte – Transporte – “Armadilha”
em um Sistema mineral Magmático
Relações entre
Mineralização de Ni-Cu-EGP sistemas intrusivos
e extrusivos
❖ Formados a partir de (komatiitos)
magmas gerados por
alta taxa de fusão do
manto; Mineralização de
níquel é associada
❖ Relação com grandes com partes
volumes de magmas proximais dos
gerados nos limites de
condutos para o
crátons arqueanos;
magma
❖ Associadas a pequenas
intrusões máficas- Fluxo do magma é
ultramáficas pelas mais importante
quais grandes volumes
para a formação
de magma passaram;
dos depósitos de
níquel que a
composição do
magma
Geometria das intrusões máfico-
ultramáficas
Barnes et al. (2016)

A. Noril'sk type de Naldrett (2004)


B. Conólito baseado em Nebo – Babel e Limoeiro (aceitando a
interpretação de que este depósito e intrusão do hospedeiro são
estruturalmente revirados).
C. Tipo de dique em forma de lâmina baseado em Savannah
(anteriormente Sally Malay, Western Australia, não publicado) e
Mesamax e outras intrusões da tendência do Raglan do Sul,
norte do Quebec (Mungall, 2007a, 2007b, 2007c).
Tipo D, E. Eagle – Kalatongke com base em geometrias
interpretadas dessas duas intrusões.

Fig. 5. Ilustração esquemática do espectro de geometrias


características de intrusões máficas e máfico-ultramáficas
compostas conhecidas por hospedar a mineralização magmática de
sulfeto de Ni-Cu-PGE.
http://www.largeigneousprovinces.org/12aug
Estágio I

Erupção do derrame basal, inflação do canal, erosão termomecânica de


sedimentos com sulfetos e formação de minério.

Barnes et al. (2013)


Estágio II

Continuidade da erupção, magma inicial pobre em EGP é


preservado nos flancos (zona A).
Barnes et al. (2013)
Estágio III

Declínio do fluxo da erupção e sobreposição de derrames. Derrame


basal é solidificado como suite composicionalmente zonada de
cumulados de olivina.
Barnes et al. (2013)
Formação substancial de fase imiscível sulfetada;
Glóbulos sulfetados imiscíveis podem interagir
com grande volume do magma silicáticos
coletando os metais;
Acumulação da fase sulfetada imiscível em um
nível único, coeso
The mineralised base of a komatiite lava river, from Kambalda, Western Australia. A: the
underlying basalt with evidence of melting by the overlying komatiite. B: the massive nickel
sulphide ore that pools at the base of the komatiite lava river. C: the overlying komatiite lava
flow. Image: David Mole
Imiscibilidade do líquido sulfetado

O processo de imiscibilidade ocorre quando o conteúdo de S do fundido


exceder aquele na saturação do líquido sulfetado devido à:

(1) Mudança composição da magma: durante a cristalização o enxofre não é


incorporado nos silicatos, portanto seu conteúdo aumenta no melt
remanescene;

(2) Diminuição da temperatura do magma hospedeiro: favorece saturação

(3) Diminuição da pressão: desfavorece a saturação do enxofre;

(4) Mudança no estado redox: é improvável pois requer mudança dos


constituintes mais abundantes do magma, ferro e oxigênio, mas pode ser
localmente importante em pequenas escalas em alguns casos.

Com a imiscibilidade de um líquido sulfetado, formam-se gotículas do líquido


sulfetado imiscível que são transportados ainda mais no fluxo de magma;
Co-precipitação com silicatos forma minérios disseminados ;
Metais calcófilos (Cu, Ni, Co) apresentam
tendência de se particionar para a fase
sulfetada, assim como PGE (que tem
concentrações muito baixas no magma);
Mecanismos de concentração desses elementos
depende da interação química entre a fase
líquida sulfetada e todo o reservatório
magmático que contém metais;
Elementos compatíveis, principalmente Ni,
podem ser incorporados aos minerais formados
inicialmente, antes da saturação ser atingida
Exemplo: Depósito de Ni-Cu de Kambalda,
Austrália, hospedado por komatiítos em
contato com chert, folhelhos e BIFs.
Lavas komatiíticas provocam erosão termal
Minério de Ni-Cu associado no footwall
crustal é importante para a:
▪ Saturação em enxofre no magma
▪ Formação de fase imiscível sulfetada
▪ Formação de sulfetos de níquel (e fases de EGP);

▪ Mecanismo de colocação do magma/lavas pode favorecer


em profundidade (saturação em
S durante a cristalização fracionada)

exalitos e mineralizações de sulfetos


maciços VHMS associadas a domos félsicos coevos com o
vulcanismo komatiítico (Fiorentini et al. 2012);
Associação pirrotita-
calcopirita-pentlandita = Blebs de pirrotita envolvidos por calcopirita
minério de Ni-Cu

Associação de minério:
pirrotita, pentlandita
[(Fe,Ni)9S8] , Co-
pentlandita, millerita
(NiS), vaesita,
calcopirita, magnetita
Pentlandita (Kambalda, Austrália)

Flame de
pentlandita e
pirrotita

Pirrotita com inclusões ou “flames” de


pentlandita
Qual a associação típica
de minério de EGP?

EGP, exceto Pt, são


hospedados em pirrotita e
pentlandita (ocorrem
como traços)

Pt forma minerais próprios

Minerais do Grupo da Platina


(Platinum Group Minerals)
Elementos do Grupo da Platina (EGP)
Platina (Pt), paládio (Pd), ródio (Rd), Teor econômico de
Pt = 4 ppm
rutênio (Ru), irídio (Ir) e ósmio (Os) Clarke = 0,4 ppb
PGM = Platinum Group Minerals Platina
Ligas, elementos nativos ou minerais com
EGP ligados a S, Se, As, Te, Bi, Sb e raramente O

Depósitos econômicos associados a intrusões máfico-ultramáficas,


derrames de basaltos continentais, pláceres. Sub-econômicos:
cromititos podiformes, folhelhos negros, depósitos de Au-EGP (?)
Irídio
PGE = forte compatibilidade com enxofre:
(1) Restito sulfetado no manto impede o enriquecimento de EGP
no magma gerado pela fusão do manto;
(2) Formação de depósitos magmáticos de EPG: depende da
imiscibilidade do magma e separação de uma fase sulfetada
imiscível que colete o EGP
Ósmio
Os, Ir, Rh e Ru = tendem a permanecer no restito peridotítico;
Pt e Pd = são particionados para o magma https://www.greelane.com/pt
Depósitos de Ni-Cu e EGP

Exemplos
Áreas Cratônicas:  Ni-Cu  EGP

Noril’sK-Talnakh
Derrames de basalto (Rússia)
Complexo Duluth
(USA)
Complexos estratiformes Merensky reef,
Sudbury (Canadá) Bushveld (África do
Sul)
Kambalda (Austrália) Great Dyke
Komatiítos
Fortaleza de Minas (Zimbabwe)
(Brasil)
Depósitos de sulfetos magmáticos: Ni-Cu ± Co e EGP

Depósito de Sudbury (Canadá)

The Sudbury region is multifaceted


with pre-1850 Ma uranium, Ni-Cu-
PGE and Au-Cu deposits, syn-1850
Ma magmatic- hydrothermal Ni-Cu-
PGE, syn-1850 Ma hydrothermal
Zn-Pb-Cu deposits (Errington-
Vermilion; Ames et al., 1998; 2005)
and several younger hydrothermal
pulses (Figs. 5-9).

Distribution of over 200


Ni-Cu-PGE deposits and
occurrences, Sudbury
district (Ames et al.,
2005).
Depósitos de sulfetos magmáticos: Ni-Cu ± Co e EGP

Depósito de Sudbury (Canadá)

Cross-section of
Footwall-type
mineralization at
the Nickel Rim
South deposit (after
McLean et al.,
2005).

http://gsc.nrcan.gc.ca/mindep/metallogeny/ni_cu_pge/sudbury/index_e.php
Depósitos de segregação magmática:
Depósitos de sulfetos magmáticos: Ni-Cu ± Co e EGP

Depósito de Sudbury (Canadá)


César Ferreira Filho
(2014) - ADIMB
- Áreas cratônicas - Áreas
pobres em S tectonicamente
ativas, com
sequências
sedimentares com
sulfetos/enxofre

Maier & Grove (2011)


Depósitos de Ni-Cu e EGP

 S tem solubilidade limitada em magmas  diminui com o decréscimo da T,


mudança na composição do magma, aumento da concentração de S e/ou no
aumento da ƒO2

 S em magmas
 elemento traço: minerais acessórios em rochas ígneas  pirita (FeS 2) mais
comum

 Separa-se na forma de gotículas de um líquido imiscível (fundido sulfetado)

 Ni, Cu, Co, Au, Ag, EGP (Pt, Pd, Ir, Rh, Os, Ru) tendem a fracionar-se para a
fase sulfetada.
 S2-, com eletronegatividade de 2,5, combina-se com Ni, Cu e Ag, de
eletronegatividades mais baixas - ligação covalente. Au e EGP têm altas
eletronegatividades e preferem o estado metálico ou formam ligas.
 EGP são coletados pela fase sulfetada mais rapidamente do que Ni e Cu
pois apresentam maior coeficiente de partição.
Intercúmulus
Emulsão
Spinifex

Glóbulos de sulfetos Exsolução

Textura cumulática com sulfetos


Barnes et al. (2017) como fase cumulus e silicatos intercúmulo
iss

mss

textura zonada: grãos


mss iss
segregados de mss e iss

MSS = monosulfide solid solution


(Ni, Fe)S
mss
iss
ISS = intermediate solid solution
FeCuS2

The Can. Mineral., 2012, Vol. 50 (3), pp. 681, fig. 4


Imiscibilidade do líquido sulfetado e mineralização de Ni-Cu e EGP

Líquido rico em cobre =


intermediate solid
solution (ISS)

Líquido rico em níquel


MSS = monosulfide
solid solution
Imiscibilidade do líquido sulfetado e mineralização de Ni-Cu e EGP

Líquido rico em cobre =


intermediate solid
solution (ISS)

A partir da ISS a
calcopirita e PGM (Pt,
Pd) se formam

Líquido rico em níquel


MSS = monosulfide
solid solution

A partir da MSS a
pirrotita, pentlandita e
pirita se formam. Essas
fases hospedam EGP
(Rh, Os, Pd, Ru)
Representação esquemática Fe, Ni, Cu, EGP, Co, Au,
do fracionamento de um Bi, Te, etc., dissolvidos
glóbulo de na fusão imiscível de
sulfeto com ênfase no sulfeto
comportamento dos EGP
em temperaturas
magmáticas

Holwell, D.A., McDonad, I. 2010. A fases minerais


review of Platinum Group Elements cristalizadas
within Natural Sulfide Ore systems.
Platinum Metals Rev., 54: 26-36.
ISS

MSS

Barnes, S.J., Holwell, D.A., Le Vaillant, M. 2017. Magmatic Sulfide


Ore Deposits. Elements, 13:89-95.
Holwell, D.A., McDonad, I. 2010. A review of Platinum Group Elements within Natural Sulfide
Ore systems. Platinum Metals Rev., 54: 26-36.
https://doi.org/10.1073/pnas.1611086114

Representative photographs of capped


globules from the Noril'sk magmatic Ni–
Cu–PGE deposits. (A) Sample VZU-9B from
the Ni–Cu–PGE globular sulfides within
the Kharaelakh intrusion. (B) Photograph
of a sample of globular ore from the
Oktyabrysk deposit, courtesy of Peter
Lightfoot. (C and D) Photos of drill core
samples, respectively, from drill hole
OUG-2 (Talnakh deposit) and from drill
hole RT-7 (Oktyabrysk deposit). (E) Sample
NOR1-4a and (F) Sample NOR1-3a, both
from the globular ore of the Noril'sk I
deposit
Glóbulos de sulfetos de Cobre-Níquel-EGP

Three elemental maps (A, C, and E) and phase maps (B, D, and F) of capped globules from the globular ore from the Karaelakh (A and B), the Noril’sk (C and D)
and the Talnakh (E and F) intrusions.
O seguinte conjunto de critérios é proposto para formação de sistemas minerais de
sulfeto de Ni-Cu-PGE:

1) natureza do magmatismo e relação com a arquitetura cratônica pré-existente;


2) controles magmáticos e estruturais no desenvolvimento de condutos de magma
de fluxo prolongado;
3) acesso a fontes de S crustais (interação com as encaixantes, contaminação
durante ascensão do magma);
4) geometria de intrusão favorável e estilo de colocação,
5) história estrutural favorável e nível de erosão para preservação e detectabilidade.
ODH046: Emplacement, crystallisation and PGE
ODH004: Timescales and lengthscales in
ore formation of the Bushveld Complex –
magmatic sulfide mineral systems – Stephen
Wolfgang Maier
Barnes

https://youtu.be/Cxa0SKNnogw https://youtu.be/ZiFAPMEaX-k

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