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Os depósitos formados por soluções quentes são abundantes e distribuídas pelo

mundo, as mineralizações desse tipo geralmente ocorrem em grandes profundidades


acontecendo em crosta continental ou no fundo do mar. Dessa forma, as alterações
hidrotermais têm como origem a reação entre os minerais e as águas hidrotermais, na
qual o processo de alteração metassomático em que a água (H2O), atuando como um
fluido altamente aquecido e em alta pressão, combinada com menor ou maior
quantidade de outros componentes químicos – água saturada em gases e contendo sais
dissolvidos como NaCl, KCl, CaSO4 e CaCl2- pode gerar a dissolução de elementos
químicos, como Au, Ag, Cu, Pb, Zn e outros, aumentando a concentração desses
elementos no líquido que em grandes profundidades é quente, e a medida que o mesmo
ascende na crosta, vai perdendo calor e ocorre a precipitação desses metais nas rochas
encaixantes ali presentes. Os depósitos hidrotermais podem ser classificados em
singenéticos e epigenéticos, sendo a diferença entre eles é que no primeiro os depósitos
são formados ao mesmo tempo que as rochas hospedeiras e o outro, o minério é
depositado após a formação da rocha encaixante ou após outros eventos mineralizantes.
Neste trabalho tem como objetivo elucidar sucintamente sobre depósitos skarn (ou
escarnitos).

Os depósitos tipo skarn ou escarnitos se formam a partir de fluidos que circulam


contato de intrusões ígneas em rochas carbonáticas, sua forma varia de acordo com o
percurso dos fluidos metassomáticos e pelos contatos entre as rochas silicatadas e
carbonatadas. Para gerar depósitos escarníticos de altos teores é necessário grande
volume de fluido e grande interação com as rochas carbonáticas. Esses depósitos
também possuem diversas classificações e podem gerar mineralizações de ferro,
volfrâmio, molibdênio, cassiterita, ouro e outros minérios. Depósitos de Cu, Pb e Zn em
VSM (vulcanic massive sulfide) são Concentrações de sulfetos de metais-base (cobre,
chumbo e zinco) que se formam no fundo oceânico em decorrência da mistura de
soluções mineralizantes quentes (350°C) com a água do mar (4°C) são chamados
depósitos de sulfetos maciços vulcanogênicos. A água se infiltra na crosta oceânica,
assim ela começa a ser aquecida pelas câmaras magmáticas o que ocasiona em um
movimento de convecção que faz a água quente reagir com as rochas percoladas,
extraindo assim os metais das encaixantes. Com o contínuo movimento de convecção os
metais são levados até a superfície e ao entrar em contato com a água do mar tendem a
diminuir sua temperatura e precipitar em forma de sedimentos químicos.

Os depósitos do tipo skarn se formam a partir da substituição de rochas


carbonáticas por uma assembleia de silicatos cálcicos ou magnesianos (granada e
piroxênio) durante metamorfismo de contato ou regional, resultadas da interação entre
corpos intrusivos (de natureza acida a intermediária) e rochas carbonáticas.

O metassomatismo é representado pela presença de Si, Al, Fe, Mg junto a


calcários ou dolomitos e resulta da reação entre uma rocha carbonatada e um fluido
hidrotermal de alta temperatura (comumente de origem magmática à rochas
carbonáticas sofrem metassomatismo com adição de Si, Al, Mg, Fe advindos de rochas
intrusivas ácidas). Já as rochas calssilicáticas comuns são rochas formadas a partir de
sedimentos carbonáticos impuros durante metamorfismo regional, são pobres em
mineralizações metálicas e apresentam predominantemente granulação fina. Por fim,
existem ainda os escarnoides, que são rochas calcissilicáticas de granulação fina, pobres
em ferro, e que refletem em parte, a composição do protólito.

Essas rochas resultam do metamorfismo de margas em ambientes quimicamente


abertos, que proporcionam a atividade de fluidos externos em pequena proporção. Têm
formas adaptadas ao percurso seguido pelos fluidos metassomáticos e pelos contatos
entre as rochas carbonatadas e silicatadas. Geneticamente, escarnóide é um termo
intermediário entre hornfels metamórfico e um skarn de granulação grossa puramente
metassomático. Uma das principais diferenças dos skarns para rochas calcissilicáticas
comum é a granulação: Calcissilicáticas: granulação fina a média; skarn: granulação
grossa.

As diferentes mineralizações encontradas em depósitos do tipo skarn são


produto de variáveis composições das encaixantes, estado de oxidação e afinidades
metalogenéticas com a intrusão ígnea, em geral, skarns com ferro estão associados a
intrusões de composição intermediária à máfica (ambientes de arco de ilha, Fe ± Cu,
Co, Au) enquanto as mineralizações de cobre, Pb, Zn, e W se relacionam a intrusões de
natureza cálcio-alcalina (zonas orogênicas em margens continentais com W ± Zn em
ambientes profundos e em Fe, Cu, Mo, Pb, Zn em ambientes pouco profundos, granitos
Tipo I),  já os skarns mineralizados em Mo e Sn associam-se a granitos mais
diferenciados (ambientes tardi ou pós-orogênicos, granito Tipo S). Os skarns podem ser
classificados em dois grandes grupos:

Endoskarn: quando a rocha substituída é a rocha granitóide intrusiva (protólito ígneo).

Exoskarn: quando a rocha substituída é a carbonatada (protólito sedimentar).

Os depósitos de escarnitos comumente apresentam zoneamento (do plúton para as


encaixantes são):

endoskarn a piroxênio + plagioclásio;

exoskarn com predomínio de granada sobre piroxênio;

exoskarn com predomínio de piroxênio sobre granada;

exoskarn a wollastonita e/ou epidoto.

Skarn cálcico: dominados por granadas cálcicas e piroxênios cálcicos (diopsídio,


augita), wollastonita, anfibólios cálcios, minerais do grupo do epídoto, andradita,
hedenbergita, zoisita, desenvolvidos a partir de um calcário.

Skarn magnesiano: dominados por olivina, serpentina, flogopita, espinélio, piroxênio


(enstatita, hiperstênio) e anfibólios ricos em Mg, talco, forsterita-serpentina, a partir de
um dolomito.

Minério reduzido: mais piroxênio (Mg ou Mn) do que granada, piroxênio com
porcentagem mais elevada de componente hedenbergítico e/ou joanesítico (60-90% Hd;
5-10% Jo), uma paragênese retrogradante caracterizada pela presença de hornblenda
e/ou biotita, pirrotita e magnetita.

Minério oxidado: mais granada do que piroxênio, granada domina as fases


progradantes, o piroxênio é mais diopsidio (20-70 % Hd; 0-5 % Jo), a fase retrógrada é
caracterizada pela presença de epidoto, anfibólios da série tremolita-ferroactinolita e
pirita.

Os depósitos escarníticos são predominantemente de idade mesozoica ou mais nova. W


e Sn podem ser paleozoicos e provavelmente representam ambientes de alojamento
mais profundos. Cu, Zn-Pb são principalmente terciários e correspondem a depósitos
instalados em profundidades mais rasas. Apresenta mineralizações de: minério de ferro,
Cu, W, Zn, C, Pb, Mo, Sn, U, Au.
Minerais minério: magnetita, wollastonita, granada, talco, especularita, grafita, ouro,
calcopirita, pirrotita, scheelita, wolframita, galena, esfarelita, pirita, molibdenita,
cassiterita, magnetita e especularita. Na ganga: silicatos de cálcio, magnésio, ferro e
alumínio (elementos geralmente fornecidos pelas rochas encaixantes tipo carbonáticas e
argilitos). Granada, epidoto, vesuvianita, diopsídio, tremolita e wollastonita são os
minerais correspondentes.

São três os estados de evolução de depósito do tipo skarn:

A. Progradante:

1. Metamorfismo Isoquímico: recristalização metassomática e mudanças mineralógicas


no protólito há circulação de fluidos em alta temperatura formando minerais
calcissilicáticos, o metamorfismo isoquímico é induzido por aumento de temperatura e
gera hornfel cálcico de granulação fina e paragênese anidra;

2. Metassomatismo: cristalização do magma e liberação de uma fase fluida produzindo


o skarn, o processo envolve fenômenos de infiltração e difusão, gerando assembleias
ricas em Si, Al, Fe (granada + piroxênio);

B.Retrogradante:
3. Alteração Retrógrada: resfriamento do plúton e circulação de águas de temperatura
mais baixa, possivelmente meteóricas, oxigenadas, causando alteração retrógrada dos
minerais calcissilicáticos a minerais metamórficos e metassomáticos, nessa fase se
formam os novos minerais hidratados de temperatura mais baixa a partir dos minerais
anidros formados previamente, gerando mineralização sulfetada de óxidos.

REFERÊNCIAS

SINCLAIR, W. D. et al. Porphyry deposits. Geological Association of Canada, Mineral Deposits


Division, v. 5, p. 223-243, 2007.

Guilbert, J.M., and Park, C.F., Jr., 1986, The geology of ore deposits: New York, W.H. Freeman and
Company.

MEINERT, Lawrence D. Skarns and skarn deposits. Geoscience Canada, 1992.

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