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Introdução à Mineralogia e Petrologia

Princípios de Cristaloquímica

Dr. Alan Rodrigo Leal de Albuquerque


Universidade Federal do Pará
Instituto de Geociências
Faculdade de Geologia
Programa da Disciplina
1) Histórico e conceitos fundamentais da mineralogia
2) Definições e conceitos fundamentais em cristalografia
3) Princípios de cristaloquímica
4) Propriedades físicas dos minerais
5) Classificação dos minerais
6) Minerais formadores de rochas
7) Classificação de rochas com base na mineralogia, aspectos
estruturais e texturais
8) Técnicas instrumentais aplicadas ao estudo de minerais
9) Geofísica na Prospecção mineral
Conteúdo de Cristaloquímica
3.1) Conceitos Básicos de Mineral e Cristaloquímica
3.2) Conceitos Básicos Química Inorgânica:
• Átomo
• Configuração Eletrônica
Conceitos básicos
• Tabela Periódica
• Energia de Ionização
• Eletronegatividade
3.3) Raio Atômico e Raio Iônico
3.4) Ligações Químicas nos Cristais
3.5) Coordenação – Regras de Pauling
3.6) Controles Adicionais das Estruturas dos Minerais
Mineral

◼ Cristalino – Apresenta estrutura atômica ordenada e repetitiva.

◼ De ocorrência natural, origem inorgânica.

◼ Composição química definida: um ou mais elementos


químicos pode variar dentro de certos limites, são representados
por uma fórmula química.

“As propriedades dos minerais dependem não apenas da


estrutura mas também da composição”
◼ Objetivos da Cristaloquímica
✓ Avaliar as seguintes relações de uma substância cristalina:
1) Estrutura (e sua simetria)
2) Arranjo e forças das Ligações Atômicas
3) Variabilidade na Composição Química
4) Propriedades Físicas relacionadas

❖ Parte da mineralogia que trata das características e


propriedades químicas dos minerais.

Li+ Ligação F-
Iônica

Li + F LiF
▪ Composição Química da Crosta Terrestre
▪ Estrutura da Terra: Composição
Crosta
Terra Mecânica/Física Terra Química
O, Si, Al, Ca, K,
Fe, Na

Manto Superior
e Inferior
O, Mg, Si, Fe, Ca,
Al, Na, Cr, Ni

Núcleo Externo
e Interno
Fe, Ni, Co, O, Si, S
Composição Média da Crosta Terrestre

Elementos
Maiores
(> 1%)

Elementos
Menores
( 1- 0,1%)

Elementos-
Traço
( < 0,1% ou
Cu, Pb, Zn, Ni, Co, Cr, Au, Ag, ETR....
1000 ppm)

Para entender a Terra. Press, F.; Siever, R.; Grotzinger, J.; Jordan, T. H. Porto Alegre: Bookman, 2006. Cap. 6.
Minerais Formadores de Rochas
Não silicatos Outros silicatos
8% 3%
Plagioclásio 39%
Argilominerais
Tipo de Rocha Minerais Comuns
5%
ÍGNEA Quartzo
Fusão de rochas na Feldspato
crosta inferior ou Mica
manto superior Piroxênio
Anfibólio
Muscovita / Biotita 5%
Olivina

Quartzo
SEDIMENTAR Argilominerais
Intemperismo e Feldspato
Anfibólio 5%
erosão de rochas na Calcita*
superfície Dolomita*
Gipsita*
Halita*
Piroxênio 11%

METAMÓRFICA Quartzo
Rochas sob alta P e Feldspato Quartzo 12%
T na crosta inferior Mica Feldspatos Alcalinos
e manto superior Piroxênio
12%
Estaurolita
Al-silicatos
▪ Átomo
• É a menor divisão da matéria que conserva todas as características
físicas e químicas do elemento;
• Se combinam nas reações químicas, formando estruturas cristalinas;
• Constituído por prótons, nêutrons e elétrons.

A diferença fundamental entre átomos de diferentes elementos está na carga elétrica do núcleo.
Esta carga positiva é igual ao número de prótons, chamado de número atômico (Z).
Massa atômica: prótons + nêutrons.
▪ Isótopos
▪ Configuração eletrônica
➢ Os elétrons orbitam ao redor do núcleo central e a sua órbita é sistematicamente organizada
em níveis de energia ou camadas. Para especificar a posição de um elétron na eletrosfera são
usados os seguintes números quânticos: principal (n); azimutal ou secundário ( l);
magnético (m); e spin (s).
• Número quântico principal (n): reflete o volume efetivo de um orbital (ou o raio médio) e
indica os níveis de energia (K, L, M...). Quanto maior o valor de n, maior a energia dos níveis
pertencentes à camada. n=1 define a camada K; n=2 define a camada L.

Distribuição eletrônica
▪ Configuração eletrônica
• Número quântico azimutal ou secundário (l): determina a forma da região na qual o elétron se
movimenta (forma do orbital) e indica os subníveis de energia a que o elétron pertence. Para cada
camada, l pode ter valores de 0, 1, 2, 3... até um valor máximo de n – 1.
- Camada K (n = 1), o único valor de l ou subnível possível é 0 (n-1=0).
- Camada L (n=2), dois valores de l ou subníveis são possíveis, 0 e 1.
- Os subníveis são representados pelas letras s, p, d, f... (sharp, principal, diffuse e fundamental).
- Indicam as formas dos subníveis: o orbital s tem forma esférica, o p tem forma de halteres e o d
tem várias formas.
Camadas nº de e- Distribuição eletrônica
Valores de l 0 1 2 3...
K 2
Designação do subnível s p d f...
L 8
M 18
N 32
O 32
P 18
Q 8
• Número quântico magnético (m): indica orientação e a forma de cada tipo de
orbital onde os elétrons de encontram.
- Possui números inteiros que variam de -l a +l, com o número de orbitais dentro de
um subnível de 2l + 1.
- Quando l = 0, somente um valor de m é permitido, m = 0. Isto significa que o subnível
s tem somente um orbital (orbital s). Para o subnível p, l = 1, m – 1, 0, + 1, ou seja, três
orientações.

Orbita quadrilobada

Orbita esférica
Orbita em forma de halteres (bilobada)
• Número quântico spin (s): define o sentido de rotação do elétron dentro de um
orbital. Um orbital abriga no máximo dois elétrons. Como o elétron só pode girar em um
dos dois sentidos ao redor do seu eixo, ele possui somente dois valores, +½ e – ½,
geralmente representando um giro para a direita e outro para a esquerda,
respectivamente.

- Se a rotação do elétron é no sentido negativo, a seta que o representa é direcionada para


cima e o número quântico spin é – ½.

- Se o orbital de um subnível for positivo, a rotação é no sentido positivo, o qual é


representado por uma seta para baixo e o número quântico spin é + ½.
Distribuição eletrônica
Oxigênio
Número atômico (Z): 8
Configuração Eletrônica: 1s2 2s2 2p4
Distribuição eletrônica
Distribuição eletrônica
▪ A tabela periódica
➢ A tabela periódica é o resultado ordenado das propriedades químicas básicas que
dependem da natureza dos elétrons mais externos, os elétrons de valência;
➢ Os elétrons de valência, presentes na camada de valência (última camada da
distribuição eletrônica), são elétrons disponíveis para as ligações químicas que levam à
combinação dos átomos para formar sólidos cristalinos.

“Os elétrons são a cola que mantém unido os minerais”.

Elétrons de Valência

Elétrons envolvidos nas ligações químicas

Para formar as estruturas cristalinas ➔ MINERAIS


▪ A tabela periódica
➢ A camada de valência pode ser determinada de duas formas: Distribuição
Eletrônica e Tabela Periódica.

Distribuição Eletrônica: Diagrama de Linus Pauling


Cloro – Cl (Estado Fundamental)
Número Atômico: 17
Distribuição eletrônica: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p5
Camada de Valência: 3s2 3p5
Elétrons na camada de valência: 7

Ânion Cloreto – Cl-


Número Atômico: 17 + 1ē
Distribuição eletrônica: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6
Camada de Valência: 3s2 3p6
Elétrons na camada de valência: 8
▪ A tabela periódica
➢ A camada de valência pode ser determinada de duas formas: Distribuição
Eletrônica e Tabela Periódica.

• Os elementos da mesma família da tabela periódica apresentam o mesmo número


de elétrons na camada de valência. Assim, a família 1A apresenta 1 elétron de
valência, a 2A apresenta 2 elétrons...

• Isso só é válido para os grupos 1, 2, 13, 14, 15, 16 e 17, com os números de
elétrons na camada de valência de 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7, respectivamente;

• Os elementos em que não é possível essa relação, deve ser usada a distribuição
eletrônica.
▪ Organização da tabela periódica
➢ Os elementos estão dispostos em ordem crescente de número atômico (Z);

➢ Períodos (linhas horizontais): contém elementos com o mesmo número


quântico principal (n = 1 a 7), ou camadas (K a Q);

➢ Grupos (colunas verticais): agrupam elementos que compartilham


propriedades químicas semelhantes e possuem a mesma configuração
eletrônica dos orbitais externos s, p e d; os casos em que f é preenchido são
indicados na parte inferior (lantanídeos e actinídeos);

➢ As propriedades dos elementos (tamanho atômico, potencial de ionização,


eletronegatividade) variam sistematicamente dentro da Tabela Periódica,
acompanhando as variações na configuração eletrônica.
A tabela periódica
Metais Alcalinos Gases Nobres
Calcogênios
Metais Alcalinos Terrosos Não-Metais Halogênios

Metais de Transição

Metalóides
Elementos Terras Raras
Lantanídeos

Actinídeos
Raio Iônico e Raio Atômico
→ Os tamanhos dos átomos ou dos íons são difíceis de serem
definidos e ainda mais difíceis de serem medidos
experimentalmente;

→ O tamanho dos átomos ou íons normalmente é referido em Ligação Metálica


termos do tamanho do raio; Raio Metálico

→ Definição: O Raio de um Átomo é definido pelo raio da


densidade máxima de cargas das camadas mais externas de um
átomo;

→ O Raio Efetivo (de um átomo ou íon não é constante) depende:


a) Tipo e no de átomos/íons vizinhos e carga do íon;
b) Número de Coordenação (N.C. - número de vizinhos mais
próximos que circundam um determinado átomo ou íon em uma
estrutura).

Rmetálico > Riônico rânion > rátomo > rcátion


Ligação iônica
Raio Iônico
Raio Iônico e Raio Atômico
→ Ânions: Raio grande
1) Adição de e- extras para completar a camada de valência
2) Os e- se afastam mais do núcleo

→ Cátions: Raio pequeno


1) perdem e- → perdem a camada de valência
2) Os e- remanescentes tendem a ser atraídos com mais força para o núcleo
→ A maior parte do volume das estruturas cristalinas (minerais) é tomada pelos
íons grandes (ânions)

→ Linus Pauling determinou o raio do O2- (NC=6) = 1,40 Å

→ A partir daí ele determinou o raio de vários cátions a partir da ligação Cátion – O2,
subtraindo 1,40 Å.
Raio Iônico Efetivo (em Å) de íons comumente encontrados em minerais

→ Por que o raio iônico aumenta com o aumento


do número de coordenação ?
Raio Iônico e Raio Atômico

→ O aumento do raio reflete uma expansão do cátion provocada


pelo aumento do espaço/vazio.
Estados de Valência dos Íons e Grupos Iônicos que
ocorrem nos minerais formadores de rochas
Íons são partículas eletricamente carregadas. Eles possuem excesso ou deficiência de elétrons
quando comparados ao número de prótons.
A carga no íon é chamada de valência ou estado de oxidação. Quando um ou mais elétrons
são perdidos na configuração eletrônica de um átomo, forma-se um cátion (carga positiva) e
quando elétrons são adicionados são chamados de ânion (carga negativa).

Cátions

Ânions e Grupos Aniônicos


Primeiro Potencial de Ionização ou Energia de Ionização
• É a energia necessária para remover um elétron mais facilmente preso de um
átomo neutro.
• As energias de ionização para remover elétrons adicionais (mais que um elétron)
são muito maiores que os da primeira ionização.
Quartzo puro
Citrino (Fe3+) Rosa (Ti4+)
Berilo (Be3Al2Si6O18)
Esmeralda (Verde pelo Cr3+)

Ametista (Fe3+)

Córidon (Al2O3)
Safira (Azul pelo Ti4+)
Rubi (Vermelho pelo Cr3+)
▪ Ligações Químicas nos Cristais
• Forças elétricas que unem os átomos, íons ou grupos
iônicos pela redistribuição de e- (cargas) para obter
configuração mais estável;
• Definem grande parte das propriedades dos minerais;
• Tipos de Ligações Químicas:
1) Iônica
e- de valência 2) Covalente
3) Metálica Existem transições e ligações
híbridas nos minerais
não envolvem 4) Van der Waals
e- de valência
5) de Hidrogênio
▪ Avaliação do carácter/mecanismo da ligação

➢ Eletronegatividade
• é uma medida da habilidade de um átomo, em uma
estrutura cristalina ou molécula, de atrair elétrons para a sua
camada mais externa, ou seja, é a capacidade de um
determinado elemento de atrair elétrons a fim de alcançar
configuração mais estável;

• Linus Pauling (1939) → propôs um método para estimar


o percentual do carácter iônico de uma ligação química →
escala de eletronegatividade dos elementos.
➢ Linus Pauling (1939) – Método para determinar o carácter iônico de
uma ligação baseado na diferença de eletronegatividade entre dois átomos;

➢ Diferença de Eletronegatividade (ΔE) (XA – XB)

Si – O ➔ 3,5 (O) - 1,8 (Si) = 1,7 ➔ 50% PI

➢ XA – Eletronegatividade do Ânion (maior);

➢ XB – Eletronegatividade do Cátion (menor).

➢ A Diferença de Eletronegatividade (ΔE):


- Grande diferença → forte caráter iônico;
- Pequena diferença, eletronegatividades altas → caráter covalente;
- Pequena diferença, eletronegatividades baixas a intemediárias → ligação metálica
▪ Avaliação do carácter/mecanismo da ligação

→ Os gases nobres tem eletronegatividade zero;

→ Elementos com baixa eletronegatividade → doadores de e-

→ Elementos com alta eletronegatividade → receptores de e-

→ 1A e 2A: eletronegatividade diminui com aumento do Z

→ No Período, a eletronegatividade cresce com o aumento do Z

C. Klein (2002), The Manual of Mineral Science – Cap. 3, Elements of Crystal Chemistry
▪ Ligações Químicas nos Cristais
1) Ligação Iônica ou Eletrostática (Fracas e simples)
Quando um ou mais e- da camada de valência de um átomo são transferidos
para a camada de valência de um outro átomo → ambos alcançam a
configuração de um gás inerte. Envolve um átomo com baixo potencial de
ionização e outro com grande eletronegatividade.

➢ Propriedades Físicas:
o Dureza média;
o Densidade Média;
o Pontos de Fusão relativamente elevados;
o Maus condutores de calor e eletricidade;
o Alta Simetria (Sistema Isométrico/Cúbico);
o Facilmente disrupta por solventes polarizados (água)
São não-direcionais, de modo que a simetria é função do empacotamento e assim pode ser bem
elevada (sist. isométrico comum). A carga eletrostática que constitui a ligação iônica é espalhada ao
redor do íon, com o cátion sendo rodeado pelo maior número possível de íons.
▪ Cristais Iônicos

Maioria dos minerais

➢ Primeira aproximação:
o Empacotamento mais compacto possível de ânions;
o Cátions se colocam nos interstícios;
o Ocupação de certos sítios se dá até neutralidade
elétrica.

- Diferentes tamanhos
- Diferentes eletronegatividades
➢ A força da ligação, ou energia da ligação entre o núcleo e o 1º e- de
valência de um elemento ou grupo específico, diminui com o aumento
do volume do átomo no grupo

➢ Átomos grandes – seguram pouco os e- mais externos


➢ Átomos pequenos – seguram mais firmemente os e- mais externos
➢ Tamanho inversamente proporcional ao ponto de fusão.
Diferença Carácter
Eletroneg. Iônico
3,1 91%
1,9 60%
1,8 56%
1,2 30%

Diferença Carácter Dureza


Eletroneg. Iônico

2,2 70% 6,5

2,4 76% 4,5

2,5 79% 3,5


2,6 82% 3,3
Tendências Iônica vs. Covalente

Metais c/ e- neg < 1.9 assim perdem e- ➔ cátions; Não-metais > 2.1 assim ganham e- ➔ ânions
Metalóides intermediários (B, Si, Ge, As, Sb, Te, Po...)
▪ Ligações Químicas nos Cristais
2) Ligação Covalente
• Compartilhamento de elétrons entre átomos com configuração parecida;
• São as ligações químicas mais fortes na natureza.

·· ·· ·· ··
: Cl · + · Cl : = : Cl : Cl :
·· ·· ·· ··

➔ O C tem 4 e- na camada de valência.


Quantos e- ele pode compartilhar ?
➔ 4 (Z = 6 → 1s2, 2s2, 2p2)

➔ Quais os outros elementos nesta situação ?


➔ Si (Z = 14 → 1s2, 2s2, 2p6, 3s2, 3p2)
➔ Al (Z = 13 → 1s2, 2s2, 2p6, 3s2, 3p1)

Interactive Mineralogy 3.10


▪ Ligação Covalente
▪ Ligações Químicas nos Cristais
2) Ligação Covalente
➢ Propriedades dos minerais com ligações covalentes:
• Alta dureza (H). Ex.: Diamante, H = 10;
• Alta fragilidade;
• Solubilidade muito baixa;
• Grande estabilidade;
• Pontos de fusão muito elevados;
• Maus condutores de eletricidade (não fornecem íons);

• Ligação altamente direcional → as forças elétricas que constituem as ligações estão


localizadas nas proximidades dos e- compartilhados;
• Baixo número de coordenação; geralmente simetria resultante é menor do que nos
minerais com ligação iônica.
▪ Ligações Químicas nos Cristais
3) Ligação Metálica → “verdadeiros metais”
→ Ao contrário das ligações iônicas, as LIGAÇÕES
METÁLICAS reúnem cátions idênticos ou bem semelhantes
em termos de tamanho e carga;
→ Os e- são compartilhados por todos os átomos e assim estão
livres para se mover na estrutura (“nuvens ou gás de e-”);
→ É comum nos metais de elementos nativos, que compõe um
grupo pequeno de minerais (Au, Ag, Fe, Cu, Hg, Pt).
→ Propriedades:
- Excelentes condutores de calor e eletricidade;
- Alta plasticidade, maleabilidade, ductibilidade;
- Alta simetria;
- Alta densidade;
- Baixa dureza.
→ Grande importância na Metalurgia
▪ Avaliação do carácter/mecanismo da ligação
▪ Avaliação do carácter/mecanismo da ligação

• Ligações híbridas ou mistas existem em muitos minerais;


• Muitos cristais com ligação dominantemente iônica aparentam apresentar
ligações covalentes e vice-versa;
• Ligações entre elementos dos grupos 1A → 7A (ex.: NaCl) e 2A → 6A (Ex.:
MgO) são dominantemente iônicas;
• Ligações entre átomos semelhantes (~ Z) ou próximos na tabela periódica
tendem a ligação covalente (Ex.: C);
• Ligações metálicas ~ covalentes ➔ compartilhamento de e-;
• Assim, o grau de compartilhamento de e- sugere que pode haver ligações com
características tanto covalentes como metálicas.
▪ Ligações Químicas nos Cristais
4) Ligação de van der Waals
→ Ligação fraca, que liga moléculas neutras ou unidades estruturais não
carregadas, através de cargas residuais superficiais (não envolve ē de valência);

→ Funciona efetivamente em grandes distâncias (espaçamentos interatômicos);

→ É comum em compostos orgânicos e gases solidificados;

→ Não é muito comum em minerais, mas quando acontece, confere excelente


clivagem e baixa dureza;

→ Ex.: Grafite, micas, caulinita, talco.

Interactive Mineralogy 3.13


3,35 Å
Folha T

Folha O
Camada (layer) 1:1
Espaço interplanar → 7,15 Å → d(001)

Folha T

Folha O
31-Jan-2004 10:23
[ count s ]

2500

1600

Caulinita – Al2Si2O5(OH)4
900

400

100

0. 0
10 20 30 40 [ ?2?] 50

EX08.RD
• Anéis S8 na estrutura cristalina do S;

• Os anéis são unidos por ligações Van der Waals.


▪ Ligações Químicas nos Cristais
5) Ligação de Hidrogênio
→ É a ligação eletrostática entre um íon H+ e um íon carregado negativamente, como O2- e
N3- (ou com os polos negativos das moléculas polares de água);
água

→ O H+ quando doa o seu e- (por ligação iônica),


fica apenas com um próton;

→ É uma ligação mais fraca do que as ligações iônica e covalente, porém mais forte que a
ligação van der Waals.
Ex.: Gelo, hidróxidos, e em alguns argilominerais e micas que apresentam o grupamento
OH-.

Interactive Mineralogy 3.14


▪ Minerais com ligações múltiplas

➢ Grafita: Folhas de C ligadas covalente,


ligações Van der Waals entre folhas.

➢ Mica: Tetraedros de Si e O (misto


covalente e iônica) ligados a cátions por
ligações iônicas e pontes de O.

➢ Calcita: Clivagem relacionada a ligações


iônicas fracas, contra fortes ligações
covalentes para CO3--.
Propriedades dos Minerais X Ligações Químicas

Solubilidade
Tipo de Condutividade
Mineral Resistência Dureza em água e em
Ligação Elétrica
ácidos fracos
Calcita (CaCO3) Moderada a
Iônica Alta Muito Baixa Alta
Halita (NaCl) Alta
Diamante (C)
Covalente Muito Alta Alta Muito Baixa Muito Baixa
Esfalerita (ZnS)
Híbrida Olivina (Mg2SiO4) Moderada a
(Iônica e Muscovita Muito Alta Alta Muito Baixa Baixa
Covalente) (KAl2(Si3Al)O10(OH)2

Ouro (Au)
Metálica Moderada Baixa Alta Muito Baixa
Cobre (Cu)
Van der Grafite (C)
Muito Baixa Muito Baixa Baixa Baixa
Waals Enxofre (S)
Coordenação ou No de Coordenação (NC)
É o número de átomos que circunda um outro átomo ou
íon em uma estrutura.

Oxigênio → Coordenados (ânions)

Silício → Coordenador (cátions)

➔ POLIEDRO DE COORDENAÇÃO.

→ Os NC são determinados pelo tamanho relativo dos átomos;

→ O número total de íons em uma estrutura cristalina tem que resultar em uma
estrutura eletricamente neutra.
Exemplos de Coordenação (Empacotamento) com
átomos de metais
➢ É o sistema mais simples, todos os átomos são iguais, são do mesmo
elemento, tamanho e de forma esférica;
➢ O empacotamento é um arranjo ordenado de modo a minimizar os
espaços vazios;
➢ Há dois tipos de empacotamento primários:
→ Empacotamento Hexagonal Fechado - Hexagonal Closest Packing
(HCP)
→ Empacotamento Cúbico Fechado - Cubic Closest Packing (CCP)
➢ Em ambos os arranjos (HCP e CCP) existem espaços vazios
(interstícios);
➢ Esses espaços vazios podem acomodar pequenas esferas;
➢ A maioria dos minerais são compostos de vários elementos de
diferentes raios iônicos ou atômicos (metálicos);
➢ A ligação na maioria desses minerais é iônica, exceto Si:
O – (Fe, Al, Mg, Ca, Na, K) ➔ O – Si (covalente)
        
Elet.: 3,5 1,7 1,5 1,3 1,1 1,0 0,9 3,5 1,8

      
C.I.: 56% 63% 70% 76% 79% 82% 50%
Regras de Pauling
➢ Quais os cátions que podem caber nos espaços vazios entre ânions e quais são os íons
vizinhos mais próximos?
➢ Regra 1: O Princípio da Coordenação – Um poliedro de coordenação de
ânions é formado ao redor de cada cátion, a distância cátion-ânion é determinada
pela soma dos raios, e o NC do cátion pela razão dos raios.
➢ Regra 2: O Princípio da Valência Eletrostática – Em uma estrutura estável a
força total das ligações de valência que alcançam um ânion, que partem de todos
os cátions vizinhos, é igual a carga do ânion.
➢ Regra 3: Compartilhamento dos Elementos Poliédricos I – A existência de
bordas, e particularmente, de faces comuns a dois poliedros de ânions em uma
estrutura coordenada, diminui a estabilidade da estrutura iônica.
➢ Regra 4: Compartilhamento dos Elementos Poliédricos II – Em um cristal
contendo diferentes cátions, aqueles de alta valência e NC pequeno tendem a não
compartilhar elementos poliédricos entre si.
➢ Regra 5: O Princípio da Parcimônia – O número dos diferentes tipos
essenciais de constituintes em um cristal tende a ser pequeno.
Regras de Pauling
➢ Regra 1: O Princípio da Coordenação – Um poliedro de coordenação de
ânions é formado ao redor de cada cátion, a distância cátion-ânion é determinada
pela soma dos raios, e o NC do cátion pela razão dos raios. Ou seja, os tamanhos
relativos do cátion e ânion determinam a maneira como eles se empacotam
mutuamente ou se coordenam.

→ Razão dos Raios (Radius Ratio, R.R.) ➔ RA (cátion) : RX (ânion)


Arranjo espacial Octaédrica

Halita
→ RNa+ = 1,02 Å (para NC = 6)
→ RCl- = 1,81 Å (para NC = 6)
→ RNa+ : RCl- = 1,02/1,81 Å = 0,56

Estrutura da Halita
Ex.: KCl, NiO, MgO
<0,155 2 Linear Ex.: (UO2)2+, (NO2)2-, Cu2O

0,155 3 Triangular Ex.: CO3, NO3, BO3

0,225 4 Tetraédrica Ex.: SiO4, ZnS, Diamante,


AB2O4

0,414 6 Octaédrica
Ex.: NaCl, CaCO3, AB2O4

0,732 8 Cúbica Ex.: CaO2

Ex.: Metais e Ligas


1,0 Cubo- → HCP
12 octaédrica → CCP
Octaédrica

Tetraédrica

Estrutura da Halita
Ex.: KCl, NiO, MgO

Ca2+ Cúbica

Estrutura da Esfalerita
Ex.: ZnSe, BeS, CdS (Hawleyita)

Estrutura da Fluorita
Ex.: BaF2, UO2, ThO2
➢ Coordenações 5, 7, 9 e 10 são
possíveis, mas são muito raras;
➢ Ex.: Coordenações 5 no mineral
andaluzita (Al2SiO5);
➢ Ocorrem em estruturas complexas nas
quais os ânions não estão fortemente
empacotadas (closely packed), resultando
em distorções nos poliedros regulares.

Andaluzita Cianita Sillimanita

Ver exemplo no Interactive Mineralogy


Chapter 1
Regras de Pauling
➢ Regra 2: O Princípio da Valência Eletrostática – Em uma estrutura estável a
soma das forças das ligações de valência que alcançam um ânion, que partem de
todos os cátions vizinhos, é igual a carga do ânion.

Força de uma ligação

Força de uma Ligação (v.e.) = Carga de valência de um íon / N.C.

Valência Eletrostática (v.e.)

→ As 6 ligações entre o íon central


(Na+) com os 6 Cl- coordenados
neutralizam completamente a carga do
Na+ central.
Regras de Pauling
◼ Regra 3: Compartilhamento dos Elementos Poliédricos I – A existência de
bordas (arestas) e, particularmente, de faces comuns a dois poliedros de ânions
em uma estrutura coordenada, diminui a estabilidade da estrutura iônica.

Efeito da repulsão dos cátions

Comum Raro Inexistente


(quando ocupados por cátions)
Si4+
e
Al3+

Comum Raro Inexistente

Fe2+
e
Mg2+

Força repulsiva
entre os cátions é Comum Raro
menor
Comum
Folha T

Folha O
Espaço interplanar →

Folha T

Folha O

Caulinita – Al2Si2O5(OH)4
As Hidroxilas (OH) estão localizadas no centro dos anéis das
folhas tetraédricas, onde não há O apicais.
Regras de Pauling
➢ Regra 4: Compartilhamento dos Elementos Poliédricos II – Em um cristal
contendo diferentes cátions, aqueles de alta valência e NC pequeno tendem a não
compartilhar elementos poliédricos entre si.

Efeito da repulsão dos cátions

Quando o compartilhamento acontece, as bordas compartilhadas tendem a


se contrair e os cátions são deslocados dos centros dos poliedros, de modo a
minimizar a repulsão cátion-cátion
Regras de Pauling

➢ Importante:
- As Regras 1 a 4 refletem a tendência de uma estrutura cristalina de:
→ Maximizar a atração cátion-ânion;
→ Minimizar a atração cátion-cátion e ânion-ânion.
Regras de Pauling
➢ Regra 5: O Princípio da Parcimônia – O número dos diferentes tipos de
constituintes essenciais em um cristal tende a ser pequeno.

Em estruturas com composições químicas muito complexas, vários íons


diferentes podem ocupar a mesma posição estrutural → sítio cristalográfico;

Soluções Sólidas.
Anfibólio - Hornblenda (Ca,Na)2-3(Mg,Fe,Al)5Si6(Si,Al)2O22(OH)2

5 Sítios Cristalográficos:

A – Maior (K+ , Na+ ou vacante),


irregular, NC 10 a 12

M4 – Cubo distorcido, NC 8, Na+,


Ca2+, Mg2+, Mn2+, Fe2+

M1, M2, M3 – Octaedros de


mesmo tamanho, NC 6, Fe2+,
Mg2+, Fe3+, Al3+, Ti4+

TET – Tetraedros, NC 4, Si4+ e


Al3+

OH, F, Cl
Composição Química e Estrutura dos Feldspatos
Os feldspatos são aluminosilicatos, consistindo de um
arranjo 3d de tetraedros de Si e Al
Microclínio/Ortoclásio
Duas séries importantes
de soluções-sólidas:

Os feldspatos alcalinos:
NaAlSi3O8 - KAlSi3O8 Sanidina

Os plagioclásios: Anortoclásio

NaAlSi3O8 - CaAl2Si2O8

Albita Anortita
SEMINÁRIOS
26 e 27 de fevereiro
Entre 15 e 20 minutos / ~ 20 slides
TEMAS: Depósitos Minerais
1 – Sulfetos Maciços: Gabriel Hierro
2 – Sulfetos Disseminados: Eduarda
3 – Minério de Ferro: Ângelo
4 – Bauxita: Carlos
5 – Caulim: Matheus
6 – Calcário: Henrique
7 – Petróleo: Petróleo
8 – Diamante: Eloan
9 – Cassiterita: Gabriel Trindade
10 – Ouro: Rosinaldo
11 – Cromita: Lorran
SEMINÁRIOS
26 e 27 de fevereiro
Entre 15 e 20 minutos / ~ 20 slides
TEMAS: Depósitos Minerais

O que é?

Qual composição química e mineralógica?

Como é formado, quais os tipos de depósitos e quais rochas estão associadas?

Quais as Principais ocorrências (mundial, nacional e regional)?

Quais as Principais Aplicações?

Qual método geofísico para estudar (prospectar)? E quais os princípios do método?

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