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FACULDADE DE ENGENHARIA

Departamento de Engenharia Geológica


Curso de Licenciatura em Engenharia Geológica

GEOQUIMICA
AULA-2

CLASSIFICAÇÃO DAS ROCHAS ÍGNEAS


CLASSIFICAÇÂO DE ROCHAS ÍGNEAS

As rochas ígneas podem ser classificadas com base em diferentes tipos de critérios:

(1) modo de ocorrência (rochas intrusivas, rochas extrusivas, rochas hipabissais)


(2) textura (fanerítica, afanítica, vítrea)
(3) cor (félsicas, intermédias, máficas e ultramáficas)
(4) composição mineralógica
(5) composição química
CLASSIFICAÇÕES MINERALÓGICAS

A composição mineralógica de uma rocha ígnea pode ser expressa através de:

% volume dos diferentes minerais que as constituem – MODA.


% peso de um grupo hipotético de minerais que poderiam ter cristalizado a partir de um
magma com a mesma composição – NORMA.

A composição normativa de uma rocha é calculada a partir da transformação das


% peso dos elementosmaiores da análise química em minerais, usando as suas
fórmulas químicas.
CLASSIFICAÇÃO QAPF (IUGS)
Por recomendação da Subcomissão para a Sistemática das Rochas Ígneas da União
Internacional de Geociências (IUGS), as rochas plutónicas com um índice de côr
inferior a 90 (M < 90) podem ser classificadas de acordo com as proporções relativas
dos minerais que as constituem no duplo diagrama trangular QAPF.

Q = quartz
A = feldspato alcalino (ortose, microclina, pertite, anortoclase,sanidina e albite).
P = Plagioclase (An 5-100%).
F =Feldspatóides ou fóides, incluíndo nefelina, leucite, kalisilite, sodalite,
noseana,etc.
M = máficos e minerais relacionados (e.g. micas, anfíbola, piroxena, olivina,
opacos, minerais acessórios -zircão, apatite, titanite, epidote, allanite, granada)
Para usar este sistema de classificação, as proporções modais de Q, A, P e F têm
que ser conhecidas e recalculadas para um total de 100% (Fig. 1)
PROJECÇÃO EM DIAGRAMAS TERNÁRIOS

Fig. 1– Projecção em diagramas ternários


CLASSIFICAÇÃO QAPF - ROCHAS PLUTÓNICAS
(Streckeisen, 1973, 1976)

Fig. 2– Classificação QAPF para rochas plutónicas (M<90)


CLASSIFICAÇÃO DAS ROCHAS GABRÓICAS E ULTRAMÁFICAS

A classificação das rochas gabróicas e ultramáficas baseia-se nas proporções de plagioclase


(Pl), olivina (Ol), ortopiroxena (opx) e clinopiroxena (cpx) (Fig. 5 e 6).

Fig. 6– Classificação das rochas plutónicas ultramáficas


Fig. 5– Classificação das rochas gabróicas (M>90)
CLASSIFICAÇÃO QAPF - ROCHAS VULCÂNICAS
(Streckeisen, 1973, 1976)

Embora fosse desejável que as rochas


vulcânicas fossem classificadas segundo o
mesmo sistema (Fig.7), é extremamente difícil
determinar as composições modais neste tipo
de rochas devido à sua textura afanítica ou
vítrea pelo que se acaba por recorrer a
esquemas de classificação baseados na
composição química.

Fig. 7– Classificação QAPF para rochas vulcânicas (M<90)


CLASSIFICAÇÕES QUÍMICAS GERAIS

TEOR EM SiO2
Com base na % ponderal de SiO2 na análise química, as rochas ígneas têm sido
subdivididas em:
ROCHAS ÁCIDAS: SiO2 > 66%
ROCHAS INTERMÉDIAS: SiO2 = 52-66%
ROCHAS BÁSICAS: SiO2 = 45-52%
ROCHAS ULTRABÁSICAS: SiO2 < 45%

Esta terminologia baseou-se na ideia de que as rochas com altos teores de SiO2 resultavam da
precipitação de fluidos com altas concentrações no ácido H4SiO4. Embora se saiba que isso não
é verdade, esta terminologia já está de tal modo enraízada na literatura que continua a ser
usada.
SATURAÇÃO EM SÍLICA
O conceito de saturação em SiO2 permite distinguir três grandes grupos de rochas
ígneas:
 ROCHAS SOBRESSATURADAS EM SIO2 – com quartzo modal; com Q+Hy
normativos;
 ROCHAS SATURADAS EM SIO2 – sem quartzo e sem feldspatóides na moda;
com Ol+Hy normativos;
 ROCHAS SUBSATURADAS EM SIO2 - contendo minerais que não coexistem
com quartzo (olivina e/ou feldspatóides); com Ol+Ne normativos.
TEOR EM ÁLCALIS (Na2O+K2O)
O diagrama (Na2O+K2O) vs SiO2 permite subdividir as rochas ígneas em dois grandes
grupos: as rochas alcalinas e as rochas subalcalinas (Fig. 8 e 9).

Fig.8 – Diagrama (Na2O+K2O) vs. SiO2 Fig. 9 – Diagrama (Na2O+K2O) vs. SiO2 para as rochas do
Hawaii (Mac Donald,1968, GSA Memoir 116)
DIAGRAMA AFM

A - K2O + Na2O
F - FeO + Fe2O3
M - MgO

Fig. 10 – Diagrama AFM mostrando a diferença entre as rochas


toleíticas da Islândia, crista média Atlântica, basaltos de Columbia
River e do Hawaii (círculos vermelhos) e as rocha calcoalcalinas de
Cascade (círculos abertos).
Dados de Irving and Baragar (1971), Can. J. Earth Sci., 8, 523-548
SATURAÇÃO EM ALUMINA
O Al2O3 é o segundo óxido mais abundante nas rochas ígneas e um constituinte
importante dos feldspatos. De acordo com as proporções molares de Al2O3, as rochas
ígneas podem ser classificadas em:

 ROCHAS PERALUMINOSAS – mol. Al2O3> mol. (Na2O+K2O+CaO)


 ROCHAS METALUMINOSAS – mol. Al2O3 < mol. (CaO+Na2O+K2O) e
mol. Al2O3 > mol. (Na2O + K2O)
 ROCHAS SUBALUMINOSAS – mol. Al2O3 = mol. (CaO+Na2O+K2O)
 ROCHAS HIPERALCALINAS – mol. Al2O3 < mol. (Na2O + K2O)
Fig. 11 – Classificação das rochas ígneas de acordo com a saturação em Al2O3
ROCHAS PERALUMINOSAS – em que existe Al2O3 para formar os feldspatos e
ainda sobra.
 Esta condição é expressa quimicamente pela seguinte relação de proporções
moleculares:
 mol. Al2O3> mol. (Na2O+K2O+CaO)
 As rochas peraluminosas contêm frequentemente minerais ricos em Al2O3 como a
moscovite [KAl3Si3O10(OH)2], corindo [Al2O3], topázio [Al2SiO4(OH,F)2], ou
um dos polimorfos de [Al2SiO5] (distena,andalusite,sillimanite). Apresentam corindo
normativo;
ROCHAS METALUMINOSAS – caracterizadas pelas seguintes relações de
proporções moleculares: mol. Al2O3 < mol. (CaO+Na2O+K2O) e mol. Al2O3 > mol.
(Na2O + K2O). As rochas metaluminosas não contêm minerais aluminosos nem
piroxenas e anfíbolas sódicas nas suas modas. Apresentam diópsido normativo;

ROCHAS SUBALUMINOSAS – caracterizadas pelas seguintes relações de


proporções moleculares: mol. Al2O3 = mol. (CaO+Na2O+K2O)
ROCHAS HIPERALCALINAS – caracterizadas pela seguinte relação de proporções
moleculares: mol. Al2O3 < mol. (Na2O + K2O)

As rochas peralcalinas distinguem-se pela presença de minerais ricos em Na como arfvedsonite


[Na3Fe4+2(Al,Fe+3)Si8O22(OH)2], riebeckite [Na2Fe3+2Fe2+3Si8O22(OH)2], aegirina [NaFe+3Si2O6] ou
aenigmatite [Na2Fe5+2TiO2Si6O18], na sua moda. Apresentam acmite [NaFe+3Si2O6] e/ou metassilicato de sódio
[Na2SiO3] normativos.
Embora a maioria das rochas peralcalinas sejam alcalinas, nem todas as rochas alcalinas
são necessariamente peralcalinas. Por outro lado, verifica-se que as rochas muito
alcalinas são em geral subsaturadas em sílica.

Comparação da composição modal e normativa nas rochas peraluminosas, metaluminosas e peralcalinas


RAZÃO A/CNK
A razão molar A/CNK [Al2O3/(CaO+Na2O+K2O)] é frequentemente usada como um
índice de saturação em alumina.
 ROCHAS PERALUMINOSAS - A/CNK > 1.0
 ROCHAS METALUMINOSAS - A/CNK < 1.0
ÍNDICE DE PEACOCK (1931) E ÍNDICE DE SATURAÇÃO EM ALUMINA DE SHAND
(1927)

Fig.12. (a) Diagrama CaO (verde) e (Na2O + K2O) (vermelho) vs. SiO2
para as rochas de “Crater Lake”.
Peacock (1931) usou o valor de SiO2 em que as duas curvas se
intersectavam como índice Álcalis-Cálcio
(linha tracejada). (b) Índices de saturação em alumina (Shand, 1927)
para rochas graníticas peraluminosas
do “Achala Batholith”, Argentina (Lira and Kirschbaum, 1990). In S.
M. Kay and C. W. Rapela (eds.),
Plutonism from Antarctica to Alaska. Geol. Soc. Amer. Special Paper,
241. pp. 67-76.
CLASSIFICAÇÂO TAS PARA AS ROCHAS VULCÂNICAS
Como foi referido anteriormente, é extremamente difícil determinar as composições
modais de rochas vulcânicas devido à sua textura afanítica ou vítrea pelo que se acaba
por recorrer a esquemas de classificação baseados na composição química de que é
exemplo o diagrama TAS proposto por Le Bas et al. (1986) (Fig. 13).

Fig. 13 Esquema de classificação para as rochas


vulcânicas baseado no diagrama Na2O+K2O (teor total de
álcalis) vs.SiO2 (sílica).
Le Bas et al. (1986) J. Petrol., 27, 745-750. Oxford
University Press

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