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Depósitos de Escarnitos
“METAL DEPOSITS IN RELATION TO PLATE TECTONICS” (F.J. SAWKINS, 1990, SPRINGER-VERLAG). PARTE I
AMBIENTES NO CONTATO ENTRE PLACAS CONVERGENTES
CAPÍTULO 1 ARCOS PRINCIPAIS E SEUS DEPÓSITOS MINERAIS ASSOCIADOS
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TEMA 3- Escarnitos - Preparado por Profa. Lydia Maria Lobato - Dept. Geologia - IGC - UFMG
Escs associados a depósitos pórfiros a Cu (DPs a Cu) representam um importante subgrupo, tais
depósitos também ocorrem grandemente em retro-arcos, onde rochas encaixantes carbonáticas tendem a
serem mais desenvolvidas.
Os terrenos de arcos principais que contêm essas mineralizações incluem os batólitos de Sierra Nevada,
Aconchi, Sonora (nos EUA) e terrenos menos erodidos no Japão, Filipinas, Indonésia. Embora escarnitos
associados a DPs a Cu representem um importante subgrupo, tais depósitos ocorrem principalmente nos
ambientes de intra-arco onde encaixantes carbonáticas tendem a serem mais distribuídas.
Idade. A maioria dos depósitos é do Mesozóico ou mais novos. Alguns exemplos no Paleozóico são
de W e Sn e parecem representar ambientes relativamente profundos (Figura 1.18S). Os mais antigos, no
Precambriano, são mal compreendidos em termos de origem. Os de Cu e Zn-Pb representam, na maior
parte, ambiente mais raso e dominam no Terciário. Tal distribuição de idades parece relacionar-se com o
nível de erosão.
Controle do minério. Os depósitos minerais associados a Escs são encontrados no contato (Figura
11-20PG), ou próximo ao contato, entre os plútons ígneos e as rochas sedimentares, ou em fissuras distais
nas rochas carbonáticas (vide Figura 3MEa). A maior parte dos DEscs econômicos do mundo ocorrem em
Exo-escarnitos. Os contatos ígneos nem sempre estão presentes. A formação desses depósitos cobre um
espectro grande de Ts, sendo a distinção entre as importâncias relativas dos processos metamórfico e
metassomático pouco claras, seja para cada depósito individual seja para a classe de depósitos como um
todo. Os depósitos formam um continuum entre processos puramente metamórficos e uma combinação
de processos metamórficos e metassomáticos.
Petrogênese. A maioria dos depósitos são associados com granitóides da série magnetita, tipo I, mas
no Japão associam-se à série ilmenita, especialmente aqueles que contêm mineralização de Sn e
wolframita. Os padrões do magmatismo de granitóides do Mesozóico e Cenozóico no Japão são
particularmente complexos, mas as intrusões da série ilmenita não são relacionadas ao magmatismo do
arco principal, em rochas cálcio-alcalinas (Figura 2MEb).
2 - CARACTERÍSTICAS GERAIS
Composição mineralógica. As associações minerais dos Escs dependem das rochas encaixantes e do
fluido metassomático embora, no caso de DEscs, grandes quantidades de materiais sejam adicionadas.
Quando um plúton a 800-1000oC invade uma seqüência mais fria a 50oC, a T de contato deve atingir
cerca de 450oC. As porções externas “enxergam” Ts 50% menores. As isotermas expandem-se para fora,
com T em qualquer ponto aumentando, com tanto que a medida que o plúton continue a fornecer calor,
vão estar predominando reações progressivas (prograde). Quando começa a esfriar, as isotermas
retraem-se e condições retrógradas ocorrem (retrograde).
Na interação com calcáreo puro, a recristalização a mármore pode produzir poucas agulhas de
wolastonita ou tremolita. Próximo ao contato com o plúton, os Escs são marmorizados e muitos têm cor
branca. Em calcáreos, Escs são caracterizados por minerais ricos em Ca, como grossularita e andradita,
wolastonita, tremolita, epidoto e Ca-Fe-piroxênios (hedenbergita ou salita). Nos dolomitos desenvolvem-se
serpentina, diopsídio, minerais do grupo da humita-chondrodita e outros ricos em Mg. Escs em rochas
carbonáticas também contêm outros minerais dos grupos da granada e escapolita. Podem ocorrer
minerais menos comuns, como ilvaita [CaFe+22Fe+3(SiO4)2.OH], piedmontita (epidoto de Mn) e os das
séries dos piroxênios e piroxenóides, como johannensita e bustamita (vide Tabela 1MEa, Figura 11-21PG).
À medida que as isotermas movem-se para fora, também move-se a frente de formação de mármore.
Essa é tipicamente seguida por uma frente expansiva de formação de minerais anidros, especialmente
granada-diopsídio. A granada é a grandita, isto é, grossularita (Ca3Al2Si3O12)-andradita (Ca3Fe2Si3O12),
resultando de uma combinação de Ca do calcáreo com caolinita, junto com sílica e Fe de adição ou
original da própria rocha.
3 calcita + caolinita + SiO2 = grossularita + 3 CO2 + 2 H2O
3 calcita + Fe2O3 + SiO2 = andradita + 3 CO2
Grossularita tem sido encontrada em calcáreos puros, em DEscs a Sn e W; Al deve ser adicionado pelo
fluido hidrotermal (Figuras 1 e 4).
Os piroxênios são de Mg (diopsídico) e, junto com andradita, ocorrem em ambiente envolvendo
metassomatismo de sílica, Fe, Mg e Al, em um meio de composição cálcica original com ou sem Mg.
Rochas dolomíticas favorecem a formação de diopsídio, periclásio, forsterita e até piropo. Uma banda de
wolastonita é normalmente encontrada entre o granada-piroxênio-Esc e o mármore externo. Rochas
vulcânicas intermediárias, com Ca e Mg, podem alterar-se à suítes contendo diopsídio, plagioclásio e
granada.
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O evento anidro termal é geralmente seguido, no tempo e no espaço, por um evento envolvendo vênulas
e massas de minerais hidratados equivalentes de Ca-Mg-Fe, como tremolita, epidoto, clinocloro, calcita e
quartzo. Sulfetos são introduzidos nessa fase e ocorrem em veios que cortam o granada-diopsídio-Esc.
Na Figura 11-24MPG observam-se seqüências paragenéticas com essas fases. Embora possa ser
interpretado que os Escs anidros sejam equivalentes ao metamorfismo termal gerado propriamente “no
contato”, com a fusão da intrusão, e que a formação de escarnito e o enriquecimento metálico hidratado
superimposto seja de afinidade hidrotermal final ou tardia, associações de ambas fases são formadas por
metassomatismo hidrotermal. Em muitos Escs relacionados a DPs a Cu, a alteração potássica ocorre em
contato com o Esc anidro de sedimentos adjacentes e as fases hidratadas nas auréolas são tardias e
equivalentes, no tempo, à imposição das associações fílicas.
Sílica e Fe são os componentes mais abundantes adicionados às zonas ígneas-metamórficas. A primeira
pode entrar em silicatos ou silicificar a rocha, ou ainda formar cristais isolados de quartzo ou depósitos
maciços de jaspe criptocristalino. A silicificação ocorre em rochas carbonáticas e em folhelhos.
Os minerais minérios são óxidos e sulfetos. Incluem esfalerita rica em Fe, galena, calcopirita, bornita e,
localmente, molibdenita. Alguns são comparativamente livres de Fe, mas contêm abundante pirita ou
magnetita e hematita.
Arenitos podem ser recristalizados a quartzitos, mas são pouco reativos, a não ser quando contêm
argila ou carbonato. Calcáreos impuros comportam-se de forma mais variada. Em rochas clásticas, o
metamorfismo produz cozimento, com rochas recristalizadas, densas, granoblásticas, conhecidas como
hornfelses. Hornfelses são o produto de metamorfismo termal simples, embora adição e subtração,
principalmente de sílica, seja comum. Folhelhos nas auréolas ígneas-metamórficas têm textura nodular,
com grãos de granada, cordierita, biotita, anfibólio e outros porfiroblastos. Rochas vulcânicas são
silicificadas e também produzem auréolas de hornfelses. Vulcânicas ricas em Ca alteram-se para cálcio-
silicáticas parecidas com Escs, com minerais progressivos (fase prograde) incluindo o diopsídio, granada
e plagioclásio (anortita), seguidos por minerais retrógrados (fase retrograde) como actinolita, escapolita,
epidoto e clorita.
Nos folhelhos os produtos ainda são ricos em Al, incluindo biotita, otrelita [H2(Fe,Mn)Al2SiO7] e outras
micas, andalusita, silimanita, hornblenda, actinolita, granadas, escapolita, cordierita e muitos outros.
Minerais de Escs e hornfelses são comumente distribuídos em zonas mais ou menos bem definidas,
regulares, em volta das intrusivas ígneas. Sua composição e distribuição dependem não só da natureza
dos fluidos e das rochas, como também das Ts e Ps do ambiente de reação (Figura 7MEa).
3 - TIPOS E CLASSES
Com base nas paragêneses de alteração, Escs podem ser divididos nos tipos magnesianos e
cálcicos. Os primeiros, relacionados a rochas vulcânicas e sedimentares (dolomitos) magnesianas,
contêm forsterita, flogopita, serpentina, espinélio, Mg-clinopiroxênio, Mg-clorita, ortopiroxênio, granada,
pargasita e minerais do grupo da humita. Os cálcicos associam-se a calcáreos e rochas sedimentares e
vulcânicas ricas em Ca, com produção de granada, clinopiroxênio, epidoto, anfibólio cálcico e wolastonita.
A classificação dos DEscs é também pelo metal dominante, com sete subclasses mais importantes: Fe,
W, Cu, Zn-Pb, Mo, Sn e Au. Podem ocorrer tanto com as classes a Mg como com as de Ca, mas os Escs
magnesianos a W, Cu e Zn-Pb são bem mais raros. As variações dentro das subclasses são
reconhecidas como uma função do tipo de magma, profundidade de colocação, capacidade redutora e
composição das encaixantes, distância do horizonte carbonático até a fonte magmática e grau de
envolvimento de águas meteóricas. A combinação de tais fatores pode permitir uma transição contínua
entre algumas classes (Figura 1.18S; Tabelas 1E e 2MEa).
Existe uma correlação genérica entre conteúdo metálico nos DEscs e sua associação ígnea e ambiente
tectônico. As rochas ígneas mais máficas dos arcos de ilha produzem magnetita Escs com significativo
conteúdo de Cu, Co e Au. As de composição intermediária a cálcio-alcalinas silicosas das margens
continentais produzem DEscs a W, alguns poucos a Zn no ambiente mesoabissal e a Fe, Cu, Mo, Pb e Zn
no ambiente hipabissal. Já os magmas graníticos mais evoluídos dos ambientes continentais tardi- a pós-
orogênicos (ou em ambientes cratônicos estáveis ou incipientemente rifteados) produzem DEscs a Sn, W,
Mo, Zn, Be e F (Figuras 5MEa; 6MEa; 1MEb; 2MEb, 3MEb; Tabela 2MEa).
3.1. DESCS A W
• Produção mundial. São responsáveis por cerca de 30% do W no mundo e 60% da produção do mundo
ocidental. Os principais exemplos estão no Canadá (Territórios Yukon e Northwest; Distrito Salmo-BC),
Tasmânia (King Island); Coréia do Sul (Sangdong); Rússia (Tyrnyauz e Vostok-2); China (Shizhuyuan);
EUA (Distrito Bishop, Califórnia); King Island (Tasmânia); Sang Dong (Coréia do Sul). Ambos os exemplos
da América do Norte e os de Sang Dong são mais apropriadamente identificados como de retro-arco.
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São, na maioria, de origem metassomática associados com plutonismo cálcio-alcalino, com raros
exemplos como ocorrências metamórficas. Caracterizam-se por minerais reduzidos, com opacos e cálcio-
silicatos, separando-os muito bem dos DEscs a Fe, Cu, Zn-Pb, também associados com rochas intrusivas
cálcio-alcalinas (Tabela 5E).
• Tipos. São divididos em dois tipos. O tipo reduzido é formado em encaixantes carbonosas e/ou em
maiores profundidades, e o tipo oxidado formado em rochas não carbonosas ou ricas em hematita e/ou
em menores profundidades. A composição dos minerais dos DEscs a W cálcicos é uma função de
profundidade de formação e da composição da encaixante e pode ser expressa como um continuum entre
esses dois membros extremos.
No tipo reduzido os minerais diagnósticos refletem: estado de oxidação baixo, com hedenbergita e
almandina, biotita e hornblenda ricas em Fe, magnetita; estado de sulfidação baixo com pirrotita, rara
pirita e traços de bismuto nativo (também ocorre Mo-scheelita ou powelita). Granadas tardias são
subcálcicas, ricas em esperssatina (até 80% da molécula) e almandina. Esta granada é associada com a
lixiviação da scheelita inicial disseminada e com sua redeposição como scheelita de baixo teor de Mo, em
grã grossa, controlada por veios; é também associada com a formação de sulfetos, além de biotita e
hornblenda. O tipo reduzido é mais comum e geralmente menor, mas os maiores teores em ambos os
tipos relacionam-se aos minerais hidratados e à alteração retrógrada.
No tipo oxidado os minerais diagnósticos no Depósito de Springer (Nevada, EUA) refletem estado de
oxidação intermediária, com diopsídio (< Hd40), andradita (em bordos de cristais zonados), epidoto e
estado de sulfidação intermediária, com pirita, alguma pirrotita e traços de bismutinita (Tabela 6E).
Nesses, a scheelita é mais pobre em Mo.
• Teores. Dependem da tonelagem, método de mineração, localização geográfica, tamanho da scheelita
e subprodutos. Os teores de scheelita são geralmente limitados ao mármore metassomatizado. De forma
geral, têm teores entre 0,4 a 2% WO3 (tipicamente 0,7%). Operações a céu-aberto no oeste dos EUA vêm
minerando Esc com teores médios baixos na faixa de 0,35% WO3, enquanto que, para operação
subterrânea, um teor de 0,7% ou maior é necessário. Em locais menos acessíveis, como no Canadá,
teores de 1% ou maiores são necessários. A maior parte dos depósitos produtivos contêm reservas de >
10.000 t, mas variam entre 0,1 a > 30 Mt. Somente um grande depósito (> 10 Mt) ocorre no terreno de
arco principal da Sierra Nevada: a mina de Pine Creek.
A abundância, tamanho do grão e conteúdo em Mo da scheelita afetam o potencial de um depósito. Os
Escs iniciais, anidros, contêm teores consistentes e moderados em scheelita de grã fina, de alto Mo. Escs
alterados durante o evento retrógrado contêm scheelita de grã média a grossa, de alto a baixo teor, com
baixo Mo. Na mina de Sangdong, os teores econômicos de tungstênio são encontrados em Esc com
biotita e hornblenda (teores médios de 0,3 a 2,5% WO3), enquanto que teores subeconômicos na média
de 0,5% caracterizam o granada-piroxênio-Esc não alterado. Os DEscs que possuem muita alteração
retrógrada são de fácil mineração seletiva de pequena escala, pois têm veios de alto teor e zonas de
alteração com teores erráticos.
• Ambiente tectônico. os DEscs a W e os de sulfeto de Cu, Zn-Pb, Mo são mais característicos de
margens continentais. Relacionam-se a plútons orogenéticos intrusos em seqüências silto-carbonáticas
profundas. Podem ainda se formar em sucessões espessadas por tectônica, nos ambientes de retro-arco.
• Petrogênese. Depósitos associam-se com tonalitos, granodioritos, quartzo monzonitos e granitos de
grã grossa, porfiríticos com megacristais de feldspato potássico, de ambos tipos I e S. Comparados aos
plútons dos DEscs a Cu, os de W são mais diferenciados, mais contaminados por material sedimentar e
de cristalização mais profunda.
São plútons e batólitos equigranulares colocados em seqüências com calcáreo ± vulcânicas, contornados
por largas auréolas de alteração metamórfica de alta T. Aplitos, pegmatitos e diques são comuns. Não
existem indicações de colocação forçada e/ou liberação rápida de voláteis, já que não existem redes de
diques, condutos de brechas, brechas hidráulicas e fraturas abundantes, sugerindo, portanto, colocação
profunda. Rochas dolomíticas inibem a formação dos DEscs a W, que são dominados pelos tipos
cálcicos.
Os Descs a W, associados com plútons e batólitos de granodiorito, de grã grossa, são comuns nos arcos
principais do oeste dos EUA e norte do México. A maioria dos Escs com scheelita desenvolve-se a ≥ 5
km. A literatura sobre o assunto considera que, nessas regiões, sua ocorrência reflete coincidência de
intrusões e encaixantes favoráveis, níveis de erosão apropriados e não províncias geoquímicas ricas em
W (Figura 1.17S).
Tipicamente ocorrem em rochas carbonáticas argilosas com intercalações de seqüências carbonáticas-
pelíticas ou vulcânicas-carbonáticas. Em alguns casos, as encaixantes têm muito carbono impondo um
estado de oxidação baixo para a formação do Esc. As auréolas metamórficas de alta T contêm hornfels e
escarnóide em abundância, dessas rochas de composição mista (Figuras 1-A-C e 3BMEa).
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Os corpos de magnetita mostram uma associação espacial com zonas de granada ou ocorrem no
calcáreo para além da zona de escarnito. As morfologias variam de corpos pequenos, irregulares, de 5 a
20 Mt na América do Norte e Japão, para os corpos estratiformes imensos de dezenas a centenas de
metros em espessura e vários quilômetros de comprimento. Magnetita é o mineral minério e hematita
ocorre como oxidação. Pirita e calcopirita são comuns em pequeno conteúdo. Teores de cerca de 0,2%
de Cu são comuns. Em valores anômalos, mas anti-econômicos, ainda ocorrem Co (por exemplo 0,03%
Co, em cobaltita) e traços de Zn, Ni, Mo, Au, Ag.
Sua diferenciação dos magnetita Escs magnesianos inclui: (1) associação com plútons de gabros e
dioritos em seqüências vulcanossedimentares, de colocação cogenética com basaltos e andesitos; (2)
volume relativamente grande de escarnito formado na rocha ígnea; (3) presença de metassomatismo de
Na; (4) concentrações anômalas de Co e, em alguns casos, Ni; (5) minerais de ganga ricos em Fe, com
epidoto-grandita-ferrosalita e clorita-actinolita retrógradas, refletindo estado de oxidação intermediário; (6)
alteração das plutônicas e vulcânicas dominada por epidoto-piroxênio ou albita-escapolita; (7) baixo
conteúdo em sulfetos; (8) pequena quantidade de Cu, Zn e Au.
(2) Os magnetita DEscs magnesianos ocorrem com diversos tipos de plútons, em variados ambientes
tectônicos. São típicos de margens continentais, tipo ambientes cordilleranos, associados com rochas
mais félsicas, como plútons mesozonais e epizonais e diques hipabissais de quartzo monzonitos ou
granodioritos pobres em Fe e, mais raramente, granitos. Formam-se somente em encaixantes
dolomíticas, que reagem para formar silicatos de Mg, com Fe ficando livre para cristalizar magnetita. Os
exemplos incluem a mina de Eagle Mountain, na Califórnia (> 50 Mt; Tabela 4E). O depósito de Fierro, no
distrito mineiro central de Novo México, parece representar um ambiente de retro-arco.
São encontrados na maior parte dos distritos com sulfetos de metais básicos aonde a dolomita está
presente. Nesse caso, o alto conteúdo de magnetita é função não da associação ígnea, mas das
encaixantes dolomíticas, nas quais minerais cálcio-silicatos ricos em Mg (como serpentina, forsterita,
talco) não assimilam muito do Fe em solução sólida no estado de oxidação do ambiente de escarnito e,
assim, qualquer Fe em solução tenderá a formar magnetita. Essa mesma solução, encontrando calcáreo
a mais alta T, tenderia a formar granada e piroxênio de Fe.
Zonas internas (próximas ao plúton) de diopsídio-espinélio e externas (próximas ao dolomito) de forsterita-
calcita do estágio inicial, de alta temperatura (escarnitos magmáticos), têm uma composição distinta
daquelas de menor T, quando então o piroxênio torna-se empobrecido em Al e enriquecido em Fe. A
formação superimposta de escarnito cálcico a granada e piroxênio ocorre quando o Esc evolui para tipo
de composição rica em sulfetos.
Uma alteração de estágio final substitui esses minerais, em baixas Ts, por humita, boratos, magnetita,
flogopita e serpentina, típico dos depósitos pobres em sulfetos. Quantidades menores de sulfetos refletem
estado de sulfidação intermediário e incluem pirrotita, pirita, calcopirita e esfalerita. Depósitos desse tipo
comumente mostram transição para DEscs a Cu. Variações mineralógicas podem ser observadas na
Figura 4MEa. Minerais do minério, principais e subordinados, incluem magnetita ± calcopirita ±
bornita ± pirita ± pirrotita ± esfalerita ± molibdenita. A mineralogia desses depósitos é
essencialmente pobre em Fe.
♥ Exemplo: Santa Rita, Novo México
O Distrito central no sudoeste do Novo México, EUA, também conhecido como área de Santa Rita,
encerra DEscs a Fe e Zn, um DP a Cu disseminado, substituição de esfalerita em calcáreo e veios
polimetálicos de Zn-Pb-Cu (Figura 11-22PG). A geologia da área compreende granitos, gnaisses, xistos e
hornfelses precambrianos, calcáreos e folhelhos paleozóicos, recobrindo uma unidade basal de arenitos,
e rochas ígneas e clásticas do Cretáceo Superior ao Terciário. Essas ígneas incluem sills de diorito,
andesitos e piroclásticas associadas, sills e lacólitos de quartzo dioritos, plútons de granodiorito e quartzo
monzonito, diques de quartzo monzonito e granodiorito, quartzo latitos e piroclásticas riolíticas e derrames
de basaltos.
A mineralização do final do Cretáceo-início do Terciário é relacionada aos plútons e diques de
granodiorito-quartzo monzonito, embora alguma mineralização acompanhe também a atividade ígnea do
final do Terciário. Existem três plútons principais (Figura 11-22PG). O Pinos Altos, com grande DP a Cu, o
Hanover-Fierro, que é o maior dos plútons, e o de Santa Rita, que é o menor.
Cada corpo é circundado por uma auréola metamórfica, principalmente manifestada pela substituição de
rochas carbonáticas e folhelhos. As diferenças de composição das rochas intrusivas causou diferenças
nos produtos de alteração formados nas zonas metamórficas. Perto de Fierro, o Esc contém minerais de
Fe-Mg (serpentina, tremolita e magnetita, com alguma wolastonita). Em Hanover, a associação é rica em
granada de Ca-Fe, epidoto, hedenbergita, tremolita, ilvaita e esfalerita Alguns minerais metamórficos são
restritos a certas encaixantes. A formação de epidoto, p. ex., foi favorecida em rochas ricas em Fe e Al,
como folhelhos e calcáreos pelíticos e esfalerita escolheu calcáreo puro. A auréola de Esc é zonada em
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si, com minério anidro a granada-piroxênio próximo das intrusivas. Essa zona é separada da zona de Esc
hidratado, com actinolita-tremolita, por uma banda de mármore de grã grossa.
A deposição do minério no Esc é governada pela proximidade com os corpos intrusivos e pelo tipo
rochoso local e geologia estrutural. As zonas metamórficas formam uma zona contínua entre Hanover e
Santa Rita (Figura 11-23PG). Esfalerita ocorre nas partes mais externas das auréolas metamórficas e
acha-se associada com hedenbergita e salita nos Escs. Minério de Zn ainda ocorre como substituição nos
calcáreos, em condições de mais baixa T.
Os DEscs a Fe exibem magnetita próxima aos contatos com a rocha ígnea. Ocorre principalmente em
Fierro, especialmente onde o contato do plúton paraleliza-se com o acamamento sedimentar. São corpos
tabulares alternando-se com camadas de serpentina, wolastonita e menores quantidades de granada,
hedenbergita, tremolita e epidoto (Tabela 11-2; Figuras 11-24; 11-25PG).
3.3. DESCS A CU
• Teor e tamanho. Constitui a classe provavelmente mais abundante de DEScs. Foram importantes até
cerca de 30 anos atrás, tendo os DPs a Cu dominado a partir de então. Alguns depósitos ainda estão
ativos, como na China, Indonésia e EUA. Exemplos: vários depósitos na cordilheira do oeste do Canadá;
Gaspé (Quebec); os do sudoeste dos EUA, com reservas típicas de 50 a 600 Mt a céu-aberto (500 mil a 5
Mt de Cu) no Esc e nos hornfelses cálcio-silicáticos, como Ruth, Mason Valley e Copper Canyon
(Nevada); Ok Tedi (Papua Nova Guiné); Big Gossan, Ertsberg, Gunung Bijih Timor (Indonésia); Rosita
(Nicarágua); Candelária (Chile); Antamina (Perú).
Para o tipo relacionado aos DPs a Cu, os Escs cálcicos são os mais importantes. Os teores hipogênicos
médios para as rochas sedimentares mineralizadas em operação a céu-aberto são de 0,6 a 0,9 de Cu
para um cutoff de mina a 0,3 a 0,4% de Cu, sendo que o escarnito em si contribui com 1% Cu. As
reservas nas rochas sedimentares são da ordem de 50 a 500 Mt. Em subsuperfície métodos de
mineração fornecem teores próximos de 2% (cutoff a 0,8 a 1% de Cu) para reservas de 5 a 60 Mt. Outros
metais contidos são apresentados na Tabela 12E (vide também Figura12E).
• Ambientes e Petrogênese. Colocados em margens continentais, onde associam-se a plútons
porfiríticos, diques e condutos de brechas (alcalinos e subalcalinos) de quartzo diorito, granodioritos,
monzogranito e tonalito, encaixados em rochas carbonáticas, vulcânicas calcáreas e tufos.. Importantes
do Mesozóico ao Terciário e distribuem-se no Perú, México, EUA, Japão e na antiga URSS. Alguns
poucos associam-se a arcos de ilha oceânicos, junto com quartzo diorito a granodioritos. A maioria
associa-se com ígneas do tipo I, da série magnetita, em plútons porfiríticos cálcio-alcalinos, aos quais
relacionam-se vulcânicas cogenéticas, venulação tipo stockwork, fraturamento hidráulico, brechação e
intensa alteração hidrotermal. São todas feições indicativas de ambiente relativamente raso de formação.
No grupo como um todo os DEscs a Cu cálcicos são caracterizados por: uma associação com plútons
félsicos, de textura porfirítica, de colocação hipabissal; proximidade com contatos com plúton; razão alta
de granada:piroxênio; associações relativamente oxidadas (granada andradítica com diopsídio, magnetita
com hematita); conteúdo moderado de sulfetos de estado de sulfidação intermediário (pirita, calcopirita,
menos tenantita, esfalerita). Ainda incluem vesuvianita, wolastonita, actinolita e epidoto.
A presença de encaixantes dolomíticas coincide com lodes maciços de magnetita, que podem ser
explorados localmente para Fe.
Os DEscs a Cu são comumente zonados, com grandita maciça junto ao plúton e piroxênio aumentando
para longe do contato e, finalmente, vesuvianita e/ou wolastonita ocorrendo próximo ao contato com
mármore. A granada tem cor marrom-avermelhada próximo ao plúton e verde-amarelada mais
distalmente. Os tipos de sulfetos e as razões metálicas podem ter, sistematicamente, padrões zonados
relativamente ao plúton: pirita e calcopirita são proximais, com calcopirita aumentando para porções
distais, e bornita com wolastonita ocorrem próximas do mármore. Nos DEscs a Cu com monticelita,
bornita-calcosita são os sulfetos dominantes de Fe-Cu, ao invés de pirita-calcopirita.
• Forma do minério. Muito variada, incluindo corpos de minério estratiformes e tabulares, condutos
verticais, lentes estreitas e zonas irregulares que são controladas por contatos intrusivos, rochas
encaixantes ou estruturas.
• Minerais do minério, principais e subordinados, incluem calcopirita ± pirita ± magnetita na zona
interna com granada-piroxênio. Bornita ± calcopirita ± esfalerita ± tenantita em zona externa
com wolastonita. Hematita, pirita, pirrotita ou magnetita pode predominar (dependendo dos estados de
oxidação e sulfidação). Scheelita e traços de calcossita, molibdenita, bismutinita, galena,
cossalita, arsenopirita, enargita, tenantita, loelingita, cobaltita, goetita,
tetraedrita, covelita, digenita, electrum, ouro nativo, cobre nativo e rutilo podem
estar presentes. Em posição distal ao escarnito, podem aparecer veios de pirita, calcopirita, galena e
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comprimentos de até muitas centenas de metros. Raramente, ocorrem corpos verticais tipo conduto, ao
longo de estruturas permeáveis (Figura 6.4ST). Falhas íngremes ou empinadas, pré-mineralização, que
ligaram intrusões progenitoras e locais da mineralização, agiram como alimentadoras para os fluidos.
• Desenvolvem-se em vários estágios: (1) inicial; (2) anidro; (3) progressivo; (4) tardio, hídrico e
retrógrado. Em (1) ocorrem Fe-granada e piroxênio. Em (4) os minerais originais são destruídos.
Como alteração final pode ocorrer alteração retrógrada a prehnita ou wolastonita. Em Hedley e Fortitude,
arsenopirita e pirrotita predominam como sulfetos, respectivamente. Au também ocorre como electrum e
associado a vários minerais de bismuto e teluretos, incluindo bismuto nativo, hedleyita, witchenita e
maldonita. Ouro pode ser precipitado tanto no estágio progressivo como no retrógrado. Escs proximais
geralmente exibem associação de ouro com eventos retrógrados. Em Escs distais, Au foi introduzido
durante a alteração progressiva. Os DEscs a Au são ricos em pirita e/ou pirrotita e, localmente, em
magnetita. Os sulfetos podem somar 10% até 50%.
Em Fortitude, num grande sistema de Esc zonado, Cu foi extraído da porção rica em granada. O Au-DEsc
de Crown Jewel é uma porção distal, rica em piroxênio, de um grande sistema de Esc, no qual a parte
proximal é rica em granada e que foi explorada, em pequena escala, para Fe e Cu. Tais sistemas
zonados sugerem que outros Escs de metais preciosos podem estar por serem descobertos (Figura
6.4ST).
3.6. DESCS A MO
• DEscs a Mo associam-se a plútons orogênicos tardios, derivados de crosta transicional. Alguns
ocorrem com sistemas porfiríticos a Mo em arcos de ilha. A maioria desenvolve-se em associação com
granitos leucocráticos (2 a 5% de máficos, com biotita e moscovita primárias), variando de depósitos de
alto teor para de pequeno porte, de baixo teor.
São depósitos entre 0,1 a 2 Mt, com teores de 0,1 a 2% de MoS2. São principalmente do Mesozóico e
Paleozóico, mas podem ser de qualquer idade. Pequenas ocorrências existem no Precambriano, em
crátons estáveis, onde associam-se com pegmatitos, aplitos e outras leucocráticas. Contêm W, Cu, Zn,
Pb, Bi, Sn e U, sendo alguns verdadeiramente polimetálicos, já que diversos metais têm que ser
recuperados juntos para que o depósito seja econômico. Mo-W-Cu é a associação mais comum, sendo
que alguns DEscs a W e Cu contêm Mo econômico.
Exemplos incluem Coxey, Novelty (Canadá); Mount Tennyson (Austrália); Little Boulder Creek (Idaho),
Cannivan Gulch (Montana), nos EUA; Azegour (Marrocos); Yangchiachangtze (China).
• A maior parte dos DEscs a Mo ocorrem em rochas carbonáticas siltosas ou calcáreos clásticos, com
uma exceção importante em dolomitos (Cannivan Gulch, Montana). Hedenbergita e menos grandita (com
algum componente piralspítico), além de wolastonita, anfibólio e fluorita, são os minerais mais comuns. A
mineralogia indica um ambiente redutor, com alta atividade de F. Minerais retrógrados são: hornblenda,
actinolita, epidoto, fluorita, clorita. Minerais minério incluem molibdenita, scheelita, calcopirita, bismutinita
e menos esfalerita e galena. No Marrocos, teores de MoS2 são de 1% e depósitos grandes têm de 1 a 7
Mt de minério.
3.7. DESCS A SN
• Ambiente e rochas ígneas associadas. Os DEscs a Sn associam-se com granitos de alta sílica,
peraluminosos, da fusão continental, usualmente causada por rifting. Relacionam-se a plútons da série
ilmenita dos tipos I e S, colocados tardia- a posteriormente no ciclo orogênico de arcos de margem
continental, ou em ambientes cratônicos relativamente estáveis ou incipientemente rifteados, em
espessas e profundas seqüências sedimentares de margem. Os granitos comumente contêm alteração
tipo greisen, associada com depósitos de elementos litofílicos. Exemplos incluem JC, Silver Diamond,
Atlin Magnetite e Daybreak (Canadá); Moina, Mount Lidsay, Hole 16, Mt. Garnet (Tasmânia, Austrália);
Lost River (Alaska).
• Idade. Depósitos econômicos são do Mesozóico ou Paleozóico, mas podem ocorrer em qualquer
idade. Os do oeste do Canadá são do Cretáceo.
• Teor e tamanho. Estanho é um elemento que se incorpora em silicatos, como granada (até 6%), titanita
e vesuvianita, de impossível extração. A alteração retrógrada tipo greisen permite a liberação do Sn, que
se precipita como minério em óxido ou sulfeto. Os corpos mais atrativos economicamente são os que
ocorrem em porções distais de grandes distritos escarníticos, onde substituições de sulfetos maciços ou
óxidos ocorrem sem significativa perda dos minerais cálcio-silicáticos, como granada.
Os depósitos em geral têm até 1% de Sn, mas a maior parte do metal ocorre em malayita, granada,
anfibólio e epidoto, não sendo assim recuperável economicamente. Podem ter até 30 Mt, mas a maior
parte está entre 0,1 a 3 Mt. Representam importante reserva de Sn. Entretanto, a produção em DEscs é
pequena comparada com aquela dos placers de Sn, a partir de greisens e mantos.
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• Tipos. Podem ser divididos em tipos proximais e distais, cálcicos e magnesianos, ricos e pobres em
escarnito, ricos em sulfeto ou em óxido, relacionados a greisen ou a escarnito. Infelizmente, essas
categorias não são mutuamente exclusivas. Podem ser zonados, de partes ricas a pobres (ou ausentes)
em escarnito. Em Reninson Bell, Tasmânia, existe um único grande sistema hidrotermal que é zonado de
um Esc cálcico proximal, com pouca cassiterita disseminada em ganga de granada-piroxênio pobre em
sulfetos, para um sulfeto maciço distal magnesiano, de substituição, contendo abundante cassiterita e
sem cálcio-silicatos.
Os DEscs a Sn magnesianos exibem uma seqüência de evolução que inclui: (i) um estágio inicial de
formação de Esc com espinélio, piroxênio e forsterita; (ii) um estágio intermediário com Sn-boratos,
flogopita, magnetita e boratos de Fe-Mg contendo Sn; (iii) um estágio final com cassiterita, fluorita,
magnetita e micas. Este último é comumente acompanhado pela deposição de pequenas quantidades de
sulfetos de baixo estado de sulfidação, incluindo arsenopirita, pirrotita, galena e esfalerita. Em algumas
localidades, o estágio intermediário exibe superimposição de um Esc cálcico com magnetita, idiocrásio e
Sn-andradita.
Os DEscs a Sn cálcicos mostram padrão evolutivo similar, que envolve a formação de cassiterita somente
quando o sistema atinge Ts relativamente baixas e condições ácidas. O estágio inicial dos Escs cálcicos
formam Sn-andradita, wolastonita e malayita, ou idiocrásio-magnetita-fluorita, piroxênio hedenbergítico e
grandita com esperssatina. Durante os estágios finais, Sn é liberado pela alteração da andradita-malyita,
para formar cassiterita, calcita, quartzo e fluorita, e pela alteração de idiocrásio-piroxênio-grandita para
formar fluorita, anfibólio, flogopita, turmalina e magnetita. Em ambos tipos de DEscs a Sn, a quantidade
de cassiterita e, portanto de Sn recuperável, está diretamente relacionada ao grau de alteração
retrógrada. Depósitos de alto teor de Sn em corpos de sulfeto maciço de substituição em dolomitos
podem representar a situação análoga distal, de baixa T, dos DEscs a Sn magnesianos.
Existe uma ligação que é comum aos diversos tipos de DEscs a Sn: a suíte característica de elementos
traços (F, B, Be, Li, W, Mo e Rb) no minério e nas ígneas. Isso os distingue de outros DEscs. Além disso,
eles desenvolvem faixas de greisen, que se superpõem à intrusão, ao escarnito inicial e ao calcáreo não
alterado. Tais faixas são caracterizadas por alta atividade de F e presença de fluorita, topázio, turmalina,
moscovita, grunerita, ilmenita e quartzo em abundância. Este estágio pode destruir todos os outros
minerais.
3.8. OUTROS DESCS
• Existem os ricos em ETR, que são enriquecidos em fases minerais específicas, como granada,
vesuvianita, epidoto e alanita. Vesuvianita e alanita contêm até cerca de 20% de ETR (Ce > La > Pr > Nd)
e já foram encontradas em alguns DEscs a Au e Zn. Alguns contêm concentrações econômicas de
elementos de terras raras e urânio. No caso do depósito de Queensland, Austrália, dados de inclusões
fluidas indicam concentração desses metais a partir de fluidos hidrotermais de alta T.
EGP (elementos do grupo da platina) ocorrem em alguns DEscs. Não são bem documentados, parecendo
tratar-se de metassomatismo de rochas ultramáficas. Estudos geoquímicos sugerem que os EGP podem
ser transportados sob condições muito ácidas, oxidantes. Tais condições podem ser atingidas nos
estágios de alteração tipo greisen.
• Zonas de Escs podem ainda associar-se a metassomatismo em ambientes de metamorfismo regional.
No Cráton Yilgran, oeste da Austrália, ocorrem zonas de cisalhamento com veios de quartzo-ouro, em
vulcânicas, associados a alteração carbonática-sericítica. Abaixo desses, envelopes de alteração zonada
contornam os veios, com Ca-piroxênio e granada. A alteração tipo Esc é localmente maciça e melhor
desenvolvida em basalto rico em Fe, BIF e komatiito. Sua formação é interpretada como pós-pico
metamórfico e relacionada a domos sin-cinemáticos graníticos.
• Na Provínica Slave, Canadá, formação ferrífera bandada contém mineralização de ouro disseminada e
em veio, com arsenopirita e pirita (Mina de Lupin). O metamorfismo dessas rochas formou hedenbergita-
Esc junto com grunerita e granada. O Esc é mais abundante na parte central cisalhada da mina,
sugerindo que os fluidos metassomáticos circulando nas zonas de cisalhamento foram responsáveis por
estabilizar o piroxênio cálcico, nas encaixantes ricas em Fe, mas pobres em Ca.
• São potenciais fontes econômicas de minerais industriais, como flogopita e boratos (Rússia), granada e
wolastonita (EUA), rodonita, mármore (Canadá).
4 - CARACTERÍSTICAS EXPLORATÓRIAS
A maior parte dos Escs ocorrem próximos aos contatos com rochas ígneas, mas alguns podem aparecer
até cerca de 2 km ou mais de distância. Nesse último caso, uma combinação de estruturas que permitam
bom acesso para o fluido metassomático e contatos com encaixantes cálcio-silicáticas acabam por
controlar os locais de desenvolvimento dos Escs (Figura 1.20S). O desenvolvimento de Escs e sua
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mineralização associada (Figura 11-21PG) tendem a serem limitados pela extensão espacial, quando
comparados com DPs a Cu ou mineralizações em veio, o que faz sua exploração em subsuperfície muito
difícil. Muitos DEscs de metais básicos são transicionais a DPs a Cu; muitos de W são melhor
encontrados acima de plútons ou nos tetos de batólitos.
Outro problema é a localização da concentração principal dos metais. Isto requer conhecimento das
características do zonamento de cada Esc particular, tanto em termos mineralógicos como de química
mineral. Relações genéricas entre concentrações de sulfetos e minerais, como andradita de certa
composição química, parecem existir. Com trabalho cuidadoso tais relações podem ser utilizadas para
desenvolver padrões da superfície para a pesquisa em subsuperfície.
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TEMA 3- Escarnitos - Preparado por Profa. Lydia Maria Lobato - Dept. Geologia - IGC - UFMG
Alguns autores sugerem que o movimento convectivo seria suficiente para mover águas meteóricas, de tal
forma que não haveria necessidade de contribuição do plúton. Outros sugerem que a subsaturação em
água na fusão leva Fe, Mg, Cu, Zn e S juntos com água para dentro da fusão, sendo que a deposição
acontece no contato. O modelo magmático hidrotermal mais clássico indica que os ajustes químicos
ocorrem por emanações dos plútons para fora, através da interface endo-escarnito com exo-escarnito. É
quase certo que a importância relativa dessas três alternativas varia de local para local.
Os Escs a sulfetos dos arcos principais parecem se formar em duas fases. Uma inicial de alta T, com
desenvolvimento de zonamento cálcio-silicático, e uma subsequente, de mais baixa T, produzindo
enriquecimento metálico dos sulfetos. Embora a scheelita possa acompanhar a formação do Esc
progressivo, a mineralização de scheelita tipicamente precede a mineralização de sulfetos. A fonte do
enxofre é considerada como magmática ou profunda e a origem da água varia de valores magmáticos nos
estágios iniciais para magmático + meteórico nos estágios retrógrados de alguns depósitos. Os fluidos
finais parecem auxiliar na redistribuição e alteração das fases depositadas anteriormente. O padrão de
zonamento progressivo é interpretado como resultante de metassomatismo por infiltração, com difusão
dos fluidos intergranulares tendo menor papel.
A deposição dos sulfetos ocorre após o principal período do desenvolvimento do Esc, como conseqüência
da diminuição de T. Reações de oxi-redução são deduzidas pela associação preferencial de sulfetos com
zonas cálcio-silicáticas específicas.
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Skarn Mineralogy
Epidote
Piedmontite Pm Ca2(Mn,Fe,Al)(SiO4) (OH)
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Plagioclase
Anorthite An CaAl2Si2O8
Albite Ab NaAlSiO8
Scapolite
Marialite Ml Na4AlSi9O24 (Cl,CO,OH,SO4)
Meionite Me Ca4AlSi6O24(CO,Cl,OH,SO4)
Other
Axinite Ax (Ca,Mn,Fe, Mg)Al2Bsi4O15(OH)
Vesuvianite (idocrase) Vs Ca10(Mg,Fe,Mn)2Al2Si9O4(OH, Cl, F)4
Prehnite Pr Ca2Al2SiO10(OH)2
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El Teniente; El
~ Chili 300 1.6 Cu ~ ~ ~
Salvador
Exotica ~ Chili 160 1.86 Cu ~ ~ ~
1260 t Au
Grasberg Irian Jaya Indonésie ~ 1.4 Cu ~ ~
(1.8 g/t)
Kaverong ~ ~ 900 0.48 Cu 3 g/t Ag ~ 0.55 g/t Au
Ok Tedi. Panguna ~ PNG 944 0.48 Cu 0.56 gt Au. ~ 3 g/t Ag
Ray Arizona USA 3000 ~ ~ ~ ~ ~
San Manuel Arizona USA 450 0.77 Cu ~ ~ ~
Sar Cheshmeh ~ Iran 450 11.3 Cu ~ ~ ~
Twin Buttes Arizona USA ~ ~ Cu ~ ~ ~
11 g/t Ag. 0.03 %
Antamina ~ Perou 500 1.2 Cu 1% Zn ~
Mo
1.9 Mt de Cu
Azegour Haut-Atlas Maroc 1 0.25 MoS2 Carbonifère ~
à 1.9%
Beal Mountain Montana USA 222 1.5 Au ~ Crétacé ~
Big Gossan.
Irian Jaya Indonésie 37.4 2.69 Cu 1.02 g/t Au ~ 16 g/t Ag
Erstberg
Bingham Utah USA ~ ~ Pb-Zn ~ ~ 4 Mt de Pb-Zn
Cantung NWT Canada 9 1.4 WO3 ~ ~ ~
Cerro de Pasco ~ Perou ~ ~ Pb-Zn-Ag ~ ~ 300 Mt Pb-Zn-Ag
Craigmont BC Canada 11 1.25 Cu 0.3% Mo ~ ~
Ely Nevada USA ~ ~ Cu ~ ~ 400 Mt Cu
Falemé ~ Sénégal 300 48 Fe ~ ~ ~
Fortitude. Battle Mt.Nevada USA ~ ~ Au 81 t Au ~ ~
Hedley (Nickel
BC Canada 13.4 5.3 Au 1.3 g/t Ag. ~ 0.02 % Cu
Plate)
Mactung Yukon USA 27 0.95 WO3 ~ ~ ~
Gaspésie.
Murdochville Canada 62 1.35 Cu 0.03 % Mo Dévonien ~
Québec
Pine Creek Nevada USA 16.2 0.6 WO3 0.15 Mo ~ (+ Cu. Ag. Au)
Protérozoiqu
Sadiola Kenieba Mali 40 3 Au zone oxydée ~
e
Salau Pyrénées France 30 1.2 WO3 ~ Carbonifère ~
Serbai ~ Russie ~ ~ Fe ~ ~ 725 Mt Fe
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