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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA C ATARINA - UNISUL

CURSO: AGRONOMIA

SEMESTRE: 1º ANO: 2010 C/H: 60

DISCIPLINA: GÊNESE E PROPRIEDA DES DO SOLO

Minerais do solo

Professor:MauricioVicente Al ves

Unidade 3
3. COMPOSIÇÃO DA CROSTA TERRESTRE E DO SOLO

3.1. - Constituição litológica da crosta terrestre.


3.2. – Rochas.
3.2.1. - Definição de rocha.
3.2.2. - Formação e características de rochas magmáticas,
sedimentares e metamórficas.
3.3. – Minerais de iMportância agrícola.

Consultar:
www.rc.unesp.br/museudpm
3.3. – Minerais de iMportância agrícola.
3.3.1. ASPECTOS GERAIS
Do ponto de vista físico-químico-biológico, podemos
considerar o como solo um SISTEMA, composto por 3 fases :
sólida , líquida e gasosa.
A fase sólida é subdividida em dois componentes, um
orgânico e outro mineral.
Nos interessará, neste capítulo, fazer uma abordagem
acerca dos constituintes minerais que compõe a fase sólida
do solo, devido a sua importância como fonte de nutrientes
para as plantas.
Classifica-se comumente os minerais do solo, de acordo
com sua origem , em primários e secundários.
3.3.2. MINERAIS PRIMÁRIOS.

• Origem
• Herdados da rocha mãe ou sedimento
• Mesma composição química que minerais presentes nas
rochas

• Localização
• Frações mais grosseiras (no cascalho (  entre 2 e
20mm), na areia ( entre 2 e 0,05mm) ou no silte ( entre
0,05 e 0,002mm) ).

• Indicam
• Reser va mineral
• Grau de evolução do solo (estágio de intemperização)

• Principais representantes
• Grupo dos silicatos e aluminossilicatos(quartzo, micas,
feldspatos, anfibólios, piroxênios, etc.)
Célula unitária

A célula unitária de um mineral é a menor porção


(unidade) desse mineral que contém todas as
infor mações químicas e cristalográficas para a
reprodução desse mineral.
A célula unitária está além da fór mula química.
Quando eu tenho a fór mula química de um mineral,
eu tenho apenas a proporção estequiométrica com
que os diversos elementos existem nesse mineral.
Algumas vezes a fór mula química vem escrita de
uma maneira “mais complicada”:
Célula unitária

KAl2 (AlSi3O10) (OH)2

Essa fórmula química é estequiométricamente equivalente à:


KAl3Si3O12H2
No entanto, a primeira é muito mais informativa do que a
segunda, pois possibilita a compreensão de qual(is) elemento
está no tetraedro e qual(is) está no octaedro.
No caso, ainda da primeira fór mula, o Al entre parênteses é
diferente dos que estão fora dos parênteses, pois o que está
entre parênteses está no tetraedro e os que estão fora estão
no octaedro.
3.3.2. MINERAIS PRIMÁRIOS.

O advento dos raios X possibilitou estudar com detalhe a


estrutura cristalina dos minerais.
Todo silicato apresenta uma unidade estrutural comum,
composta por um átomo de silício rodeado de 4 átomos de
oxigênio, delimitando um TETRAEDRO.
3.3.2. MINERAIS PRIMÁRIOS.

Outras formas de representação desta estrutura são :


3.3.2. MINERAIS PRIMÁRIOS.

De acordo com a disposição inter na dos elementos


nas estruturas tetraedrais, os silicatos são
classificados em 6 grupos :

1- NESOSSILICATOS
2- SOROSSILICATOS
3- CICLOSSILICATOS
4- INOSISSILICATOS
5- FILOSSILICATOS
6- TECTOSSILICATOS
3.3.2. MINERAIS PRIMÁRIOS.

1- NESOSSILICATOS: neso = ilha

Cadeias de tetraedros simples, unidos entre si por cátions :

M = Fe 2+, Ca2+, Mg2+, K+, Na+


Os principais representantes deste grupo são as OLIVINAS,
comuns em rochas ígneas básicas (basalto, diabásio, gabro,
etc).
3.3.2. MINERAIS PRIMÁRIOS.

Importante para a agricultura !!!


3.3.2. MINERAIS PRIMÁRIOS.
2) Sorossilicatos: soro = par

Tetraedros unidos 2 a 2 por um dos vértices.


Excesso de cargas negativas é balanceado por cátions, como o
cálcio, o ferro e o zinco, que fazem “pontes” entre os
tetraedros.
3.3.2. MINERAIS PRIMÁRIOS.
2) Sorossilicatos: soro = par

Composição - 7,36 % Al2O3, 34,60 % Fe 2O3, 34,71 % SiO2, 1,73 % H2O


3.3.2. MINERAIS PRIMÁRIOS.
2) Sorossilicatos: soro = par
HEMIMORFITA

Fórmula Química - Zn4Si3O(OH)2


Composição - 67,58 % ZnO, 24,94 % SiO2, 7,48 % H2O
3.3.2. MINERAIS PRIMÁRIOS.

3) Ciclossilicatos
Apresentam estruturas nas quais os tetraedros se encontram
unidos por um dos vértices for mando anéis de 3, 4 ou 6
tetraedros. Dravita

A TURMALINA é um mineral comum nos Pegmatitos ( espécie


de granito com cristais muito grandes) e também como
mineral acessório em gnaisses, xistos e calcários cristalinos
3.3.2. MINERAIS PRIMÁRIOS.

3) Ciclossilicatos

Berilo ou esmeralda
Fórmula Química - Be3Al2Si6O18
Composição - 13,96 % BeO, 18,97 % Al2O3, 67,07 % SiO2

Cordierita
Fórmula Química - Al3(Mg,Fe)2Si5AlO18
Composição - 13,78 % MgO, 34,86 % Al2O3, 51,36 % SiO2
3.3.2. MINERAIS PRIMÁRIOS.

4- INOSISSILICATOS
Apresentam estruturas em cadeias, que podem ser simples
ou duplas, com número ilimitado de tetraedros, onde há o
compartilhamento de dois ou mais vértices :
3.3.2. MINERAIS PRIMÁRIOS.

4- INOSISSILICATOS
Augita
Fórmula Química - (Ca, Mg, Al )2(Si,Al)2O6
Composição - 1,31 % Na2O, 21,35 % CaO,
15,35 % MgO, 3,38 % TiO2, 8,63 % Al2O3,
6,08 % FeO, 48,30 % SiO2

Hedenberguita
Fórmula Química - CaFeSi 2O6
Composição - 22,60 % CaO, 28,96 % FeO,
48,44 % SiO2

São igualmente minerais de fácil intemperização, constituindo-se


em fontes de cálcio e magnésio aos solos.
3.3.2. MINERAIS PRIMÁRIOS.

5)Filossilicatos

Cátions básicos ligam as lâminas entre si

K+ Mg+2 K+

Ca+2

Mg+2

- São representados por cadeias de tetraedros, dispostos


ilimitadamente em várias direções, formando lâminas .
3.3.2. MINERAIS PRIMÁRIOS.

5)Filossilicatos
O exemplo mais representativo de minerais primários deste grupo
são as MICAS.
A MUSCOVITA é a mica de coloração clara (mica branca).
BIOTITA é a mica de coloração escura (mica preta).

KAl2Si3AlO10(OH,F)2
K2(Mg, Fe2+)6-4(Fe3+,Al, Ti)0-2Si6-5Al2-3O20(OH,F)4

Fonte importante de potássio às plantas


3.3.2. MINERAIS PRIMÁRIOS.

6)Tectossilicatos
Apresentam estruturas atômicas tridimensionais, de difícil
representação espacial. Todos os oxigênios dos vértices são
compartilhados com tetraedros vizinhos.

- Arranjo tridimensional de
tetraedros
- Minerais mais abundantes
da crosta terrestre
3.3.2. MINERAIS PRIMÁRIOS.

6)Tectossilicatos
Fórmula Química - SiO2
Composição - 46,74 % Si, 53,26 % O
QUARTZO : o quartzo é um exemplo
de mineral primário altamente
resistente ao intemperismo, dada a
ausência de substituições
isomórficas durante a sua
formação, e ao caráter forte das
ligações que unem os seus átomos
(covalência), conferindo ao mineral
um balanço de cargas nulo e uma
alta estabilidade.
3.3.2. MINERAIS PRIMÁRIOS.

6)Tectossilicatos

FELDSPATOS : são aluminossilicatos


contendo K, Na e Ca (ocasionalmente ALBITA - Na ( Al Si3O8)
25% de substituição.
bário) na sua estrutura. Constituem,
numa média, 60% em peso das rochas
ígneas, e grande parte também das
rochas sedimentares. ANORTITA - Ca ( Al2Si2O8)
50% de substituição.
Diferem do quartzo pelos diferentes
graus de substituição isomórfica de Si
por Al.
3.3.2. MINERAIS PRIMÁRIOS.

6)Tectossilicatos
FELDSPATOS POTÁSSICOS - K. (Al, Si3O8)

Incluem-se neste grupo uma série de minerais como o ortoclásio,


microclina e sanidina, sendo o ORTOCLÁSIO o mineral mais comum,
principalmente nas rochas magmáticas intrusivas, como o granito, e
também nas metamórficas como o gnaisse.
3.3.2. MINERAIS PRIMÁRIOS.

6)Tectossilicatos

FELDSPATOS CALCO -SÓDICOS OU PLAGIOCLÁSIOS

Constituem uma série de aluminossilicatos contendo sódio e cálcio na


sua composição. Os principais termos da série são :
ALBITA (90% de Na e 10% de Ca)
OLIGOCLÁSIO
ANDESINA
 LABRADORITA
BITONITA
ANORTITA (10% de Na e 90% de Ca)
3.3.2. MINERAIS PRIMÁRIOS.

6)Tectossilicatos LEUCITA = KAlSi2O6

FELDSPATÓIDES - termo genérico


atribuído a um grupo de minerais
semelhantes aos feldspatos e de
ocorrência comum nas rochas eruptivas
mais recentes (Sienitos e fonolitos, por
exemplo). Os principais representantes
deste grupo são a LEUCITA (fonte de NEFELINA = NaAlSiO4

potássio) e a NEFELINA (fonte de sódio).


Classificação dos silicatos.
ROCHAS COMO FONTES DE NUTRIENTES PARA OS SOLOS

• Meios Naturais

– Rochas como material formador dos solos (material de


origem);

- Matéria prima para fabricação corretivos da acidez e


adubos solúveis;

Ex: Calcários, apatitas, etc.


ROCHAS COMO FONTES DE NUTRIENTES PARA OS SOLOS

• Rochagem - prática de utilização de rochas e,ou minerais, moídos


para incrementar “reserva mineral” de solos empobrecidos.
– Rochas ou misturas de rochas, aplicadas puras, em associação com estercos,
incubadas com estercos, associadas com microorganismos solubilizadores.

– Vantagens:
• Custo baixo (quando disponíveis próximo)
• Pode-se aplicar grandes quantidades, sem risco;
• Solubilização lenta (menor lixiviação –perdas)
• Baixo risco de toxidez, por excesso, etc.
• Reserva de longo prazo (aumento fertilidade)  Culturas perenes

Ex:
Basaltos, Gabros, Diabásios: plagioclásios, piroxênios  Ca, Mg micronutrientes
(Zn, Cu, Mn, Fe, P...)
Granitos, Sienitos: Quartzo, feldspatos, Micas  fontes de K (Ca, Mg…)
Apatitas: (rocha fosfatada)  fonte de P
Micas (Micaxistos, p. ex.)  fonte de K
3.3.3. MINERAIS ACESSSÓRIOS DAS ROCHA S

São alguns minerais primários que ocorrem em pequenas


proporções nas rochas ou que são encontrados em zonas
concentradas, formando jazidas.

APATITA - mineral acessório


de grande importância face
ao alto conteúdo de fósforo.

PIRITA - (FeS2)- Constitui


fonte importante de enxofre e
ferro, elementos essenciais
às plantas.
3.3.3. MINERAIS ACESSSÓRIOS DAS ROCHA S
CARBONATOS (Ca, Mg CO3) – também minerais presentes em
pequenas quantidades na maioria das rochas. Quando ocorrem de
forma concentrada em alguns tipos de rochas podem constituir os
chamados CALCÁRIOS ou mesmo uma rocha metamórfica como o
MÁRMORE.
Os minerais comuns são dos dois tipos: a calcita (CaCO3) e a
dolomita (MgCO3)
3.3.4. MINERAIS SECUNDÁRIOS DO SOLO

• Resultam da decomposição ou alteração dos minerais primários,


dando origem a novos minerais, com composição química
diferente do mineral que lhe deu origem.

• Minerais secundários de maior importância agrícola:

 MINERAIS DE ARGILA OU ARGILOMINERAIS;

 ÓXIDOS DE FERRO, ALUMÍNIO, SILÍCIO, TITÂNIO, MANGANÊS;

 MATERIAL AMORFO DO SOLO.

1- Feldspato + H2O + H+ ----------- Mineral de argila + Cátions

Fayalita 2- FeSiO4 + H2O + H+ --------------- Fe2+ ( solução)


2Fe2+ + 3O -------------- Fe2O3 ( óxido de ferro)
hematita ou a goethita
-K
3- Mica + H2O ---------------- Mineral de argila
ilita ou a vermiculita
3.3.4. MINERAIS SECUNDÁRIOS DO SOLO
Propriedades e características dos minerais de argila
•Diferença entre “argila” e mineral de argila (argilomineral)
–Argila: fração com diâmetro inferior a 2µ (0,002 mm)
mistura de argilominerais+óxidos+amorfos+húmus.

- Mineral de Argila: mineral da fração argila, filossilicato


(silicato formado de lâminas e camadas), hábito cristalino.

•Propriedades dos minerais de argila


São filossilicatos – silicatos em “folhas” ~ micas
Cargas de superfície (principalmente negativas - CTC)
Comportamento coloidal
Dimensões microscópicas
Plasticidade e pegajosidade, etc.
3.3.4. MINERAIS SECUNDÁRIOS DO SOLO

Os minerais secundários de maior importância agrícola são:


 MINERAIS DE ARGILA OU ARGILOMINERAIS
 ÓXIDOS DE FERRO, ALUMÍNIO, SILÍCIO, TITÂNIO E
MANGANÊS.
 MATERIAL AMORFO DO SOLO
3.3.4.1. MINERAIS DE ARGILA OU ARGILOMINERAIS

• Os minerais de argila apresentam forma cristalina


definida, com um arranjo regular e sistemático dos átomos
dispostos em estruturas laminares compostas por
tetraedros de silício e octaedros de alumínio, os quais
unidos entre si formam camadas.

• Tetraedro de silício

Si (centro): 0,78 Å

O (vértices): 2,64 Å

• Octaedro de alumínio

Al (centro): 1,14 Å

O (vértices): 2,64 Å
3.3.4.1. MINERAIS DE ARGILA OU ARGILOMINERAIS

A - BILAMINARES OU MINERAIS DE ARGILA DO TIPO 1:1


Compostos por uma lâmina de tetraedros de silício e uma de
octaedros de alumínio
3.3.4.1. MINERAIS DE ARGILA OU ARGILOMINERAIS

A - BILAMINARES OU MINERAIS DE ARGILA DO TIPO 1:1


1: 1sada maC

Exemplos: Caulinita, haloisita.


3.3.4.1. MINERAIS DE ARGILA OU ARGILOMINERAIS

B - TRILAMINARES OU MINERAIS DE ARGILA DO TIPO 2:1


1: 2 adca maC

Exemplos: Ilita, Vermiculita e Montmorilonita


3.3.4.1. MINERAIS DE ARGILA OU ARGILOMINERAIS

B - TRILAMINARES OU MINERAIS DE ARGILA DO TIPO 2:1


3.3.4.1. MINERAIS DE ARGILA OU ARGILOMINERAIS
• C - TETRALAMINARES OU MINERAIS DO TIPO 2:1:1
OU (2:2?)
Compostos por duas lâminas de tetraedros de silício e
uma de octaedros de alumínio, e uma de octaedros de
magnésio.
Exemplo: Clorita.
• D - MATERIAL AMORFO
Há uma disposição totalmente irregular dos tetraedros e
octaedros, de tal for ma que o mineral não apresenta um
arranjo sistemático dos seus átomos, sendo por isso
“amorfos” ao raio X.
Exemplos: Alofanas, Imogolita, etc.
3.3.4.1. MINERAIS DE ARGILA OU ARGILOMINERAIS

SUBSTITUIÇÃO ISOMÓRFICA
Principal processo responsável pela for mação das
cargas negativas per manentes nos minerais de argila
• A substituição isomórfica consiste na substituição de íons no
interior das lâminas de tetraedros e octaedros, sem alterar a
forma do mineral. Os íons substituintes devem possuir tamanhos
semelhantes, porém podem apresentar valências diferentes.

• O átomo central de silício (0,78Å) nos tetraedros, pode ser


substituído, geralmente de forma parcial, pelo alumínio;

• O átomo central de alumínio (1,14Å) nos octaedros, pode ser


substituído, parcial ou totalmente, por átomos de:
Mg++ ( 1,56Å), Fe++ (1, 16Å), Fe+++ (1,34Å ), Mn++ (1, 82Å ).
Minerais 1:1 = camadas 1:1
3.3.4.1. MINERAIS DE ARGILA OU ARGILOMINERAIS

K+ K+ K+
1: 2 ada maC

K+ K+ K+ K+

K+ K+ K+
1: 2 ada maC
3.3.4.1. MINERAIS DE ARGILA OU ARGILOMINERAIS

Esquema de formação das cargas negativas permanentes


nas lâminas tetraedrais do cristal de argilomineral, pela
substituição do Si+4 pelo Al+3
3.3.4.1. MINERAIS DE ARGILA OU ARGILOMINERAIS

Substituição isomórfica
Isso = igual; mórfica = forma
Si+4

Al+3 Al+3
entra

Mg+2

GERAÇÃO DE CARGAS NEGATIVAS (C TC)


3.3.4.1. MINERAIS DE ARGILA OU ARGILOMINERAIS
MINERAIS DE ARGILA BILAMINARES OU DO TIPO 1:1

1- CAULINITA
Fórmula : Si4 Al4 O10 (OH)8

É o principal mineral de argila


encontrado na maioria dos solos
brasileiros, particularmente nos mais
intemperizados, como os Latossolos e
Argissolos (antigos Podzólicos). Pode ser
herdada do material de origem, formada
por alteração de minerais primários,
como os feldspatos e plagioclásios, ou
formada por dissolução de outros
minerais de argila.
CTC baixa (3-10 meq/100g)
Pouca ou nenhuma substituição isomórfica.
1- CAULINITA

Difratograma de raios X, evidenciando os principais “picos” dos


argilominerais.
Caulinita é indicada pelos picos de 7,162 e 3,578 Å
Quartzo à 3,346; Mica em 9,966 e 5,005, etc…
3.3.4.1. MINERAIS DE ARGILA OU ARGILOMINERAIS
MINERAIS DE ARGILA BILAMINARES OU DO TIPO 1:1
2- HALOISITA
Fórmula : Si4 Al4 O10 (OH)8 . 4H2O

Hidratada: Halosita 10Å Desidratada: Halosita 7Å


CTC em torno de 20 meq/ 100g
Pouco comum em solos brasileiros
3.3.4.1. MINERAIS DE ARGILA OU ARGILOMINERAIS
MINERAIS DE ARGILA BILAMINARES OU DO TIPO 1:1
3.3.4.1. MINERAIS DE ARGILA OU ARGILOMINERAIS
MINERAIS DE ARGILA TRILAMINARES OU DO TIPO 2:1
• NÃO EXPANSIVOS
• MICA E ILITA
• Fórmula : X0, 75 ( Si3,5 Al0,5) ( Al1,55 Fe0,2 Mg0,25 ) O10 (OH)2 H2O

Mica: CTC nula (K ocupa todo o espaço entrecamadas)


Illita: CTC: em torno de 40 meq/100g (tem 25% a menos K que Mica)
Não são expansíveis ( K inibe expansão)
Illita: Comum em solos derivados de Micas.
3.3.4.1. MINERAIS DE ARGILA OU ARGILOMINERAIS
Esquema de alteração das micas pela hidratação, perda
gradativa de K, formando Illita e perda total de K e
• incorporação de Mg, formando Vermiculita.

-K
-----------------------
MICA + H2O <------------------------ ILITA
+K
3.3.4.1. MINERAIS DE ARGILA OU ARGILOMINERAIS

Difratograma de raios X da fração argila de um solo


Pico a 7,195 e 3,586 indica caulinita (Dominante no solo)
Pico a 9,966 e 4,989 indica Illita.
3.3.4.1. MINERAIS DE ARGILA OU ARGILOMINERAIS
MINERAIS DE ARGILA TRILAMINARES OU DO TIPO 2:1
TALCO E PIROFILITA
- Ocorrem em rochas metamórficas
- Argilominerais Inertes, sem carga negativa (CTC nula)
- As camadas ligam-se por forças de van der Walls e ligação
eletrostática.
3.3.4.1. MINERAIS DE ARGILA OU ARGILOMINERAIS
• EXPANSIVOS
1- VERMICULITA

CTC é alta, da ordem de 100 a 120 meq/100g.


Alta substituição isomórfica de Si por Al na lâmina tetraedral
(ASE) também é elevada, da ordem de 600 a 800 m2/g.
Ocorrem principalmente nos solos mais jovens, nas regiões de clima
semi-árido ou temperado.
Formam-se pela alteração de micas, pela incorporação de Mg nas
entrecamadas.
3.3.4.1. MINERAIS DE ARGILA OU ARGILOMINERAIS
1- VERMICULITA

Macrocristais de vermiculita, natural à esquerda e expandida


à direita. Usos Industriais e agrícolas,Vermiculitas de solo são
microscópicas
3.3.4.1. MINERAIS DE ARGILA OU ARGILOMINERAIS

• EXPANSIVOS
2 - MONTMORILONITA
• CTC varia de 40 a 100 meq/100g
• Substituição de Al3+ por Mg2+ nas lâminas octaedrais
• Característico dos solos mais jovens, pouco evoluídos, tais como o Chernossolos e
Vertissolos
• Intemperismo de plagioclásios, piroxênios, anfibólios - Neogênese

Os cátions presentes nas suas


entrecamadas são o cálcio e o
sódio, hidratados.
3.3.4.1. MINERAIS DE ARGILA OU ARGILOMINERAIS

EXPANSIVOS
2 - MONTMORILONITA

Fotografias, ao microscópio electrônico de transmissão, de suspensões de


Montmorilonita mono-catiônica
3.3.4.1. MINERAIS DE ARGILA OU ARGILOMINERAIS
MINERAIS DE ARGILA TRILAMINARES OU DO TIPO 2:1

EXPANSIVOS
ESMECTITA (pertence ao grupo das micas)

- Muito expansivos.
- Distância basal 10 a 20 angstrons (1 Å = 10-10m)
- Comuns em solos jovens
- Grande capacidade de reter cátions
- Provoca rachaduras em solos
- Origina-se primariamente das rochas ígneas
3.3.4.1. MINERAIS DE ARGILA OU ARGILOMINERAIS
C- MINERAIS DE ARGILA DO TIPO 2:1: 1 OU 2:2
1- CLORITA
• Espaçamento c é fixo e de 14Å, não sendo um mineral
expansível.
• CTC muito baixa ou nula (Subst. Isomórfica que gera carga
negativa nos tetraedros é compensada pela substituição
isomórfica que gera cargas positivas nos octaedros).
• Cloritas são geralmente herdadas da rocha mãe.
3.3.4.1. MINERAIS DE ARGILA OU ARGILOMINERAIS
3.3.4.1. MINERAIS DE ARGILA OU ARGILOMINERAIS
ARGILOMINERAIS 2:1 COM POLÍMEROS DE Al ENTRECAMADAS

• Diferentemente das cloritas, onde os octaedros de magnésio formam


uma lâmina contínua, nestes ar gilominerais os polímeros formam como
que "ilhas" nas entrecamadas (representados pelas moedas).

• Vermiculitas com Al entrecamadas.

• Esmectitas com polímeros entrecamadas.

Baixa CTC e baixa expansividade


em relação aos minerais puros
Comuns nos solos do Sul do
Brasil, junto com caulinita
Polímeros de Hidroxi-Al
(“moedas”) bloqueiam
expanasividade e CTC em relação
aos argilominerais puros.
3.3.4.1. MINERAIS DE ARGILA OU ARGILOMINERAIS
ARGILOMINERAIS 2:1 COM POLÍMEROS DE Al ENTRECAMADAS
Consequências:

1 – Polímeros “bloqueiam” cargas negativas do argilomineral, reduzindo


sua CTC.
2 – Moléculas grandes dos polímeros, bloqueiam expansão completa do
argilomineral.
3 – Podem adsorver ânions (fosfatos, p. ex.).
4 – Aumentam poder de tamponamento de acidez.
5 – Podem “fixar” mais K nos espaços internos, entre os polímeros...

Exemplos de polímeros de
hidroxi-Al, com 6, 8 e 12 cargas
positivas por molécula de
polímero
3.3.4.1. MINERAIS DE ARGILA OU ARGILOMINERAIS

• MINERAIS INTERESTRATIFICADOS
Muitos argilominerais que se formam no solo representam
produtos parciais de um processo de síntese e por isso podem
apresentar características que são comuns a dois ou mais minerais
de argila. Estes minerais são denominados de
INTERESTRATIFICADOS e representam, pois MESCLAS de vários
minerais de argila, tais como:

• Mica-Vermiculita , Vermiculita -esmectita, caulinita-


esmectita, etc.
• São muito comuns nos solos, ma s sua identificação é
difícil.
• Propriedades são “média” das características de cada
argilomineral nos cristais.
3.3.4.1. MINERAIS DE ARGILA OU ARGILOMINERAIS

Esquema de representação de um interestratificado mica-vermiculita, onde as


camadas 2:1 com K entrecamadas correspondem à mica e as camadas 2:1 com
Mg hidratado correspondem à vermiculita.
Em interestratificados regulares, picos são geralmente na posição “média” entre as
dos dois minerais
Ex: Mica (10Å) – Vermiculita (14Å)  Pico médio a 12Å
I
L
K K K K K K K K K K K K K K K L
I
T
K K K K K K K K K K K K K K K A
V
E
R
Mg 6 H20 Mg 6 H20 Mg 6 H20 M
I
C
U
L
Mg 6 H20 Mg 6 H20 Mg 6 H20 I
T
A

K K K K K K K K K K K K K K K
I
L
L
K K K K K K K K K K K K K K K
I
T
A
Formação e transformação dos argilominerais

Feldspatos -Si Óxidos de Al


- (Ca, Mg, Na, K, Si) Produtos de
Piroxênios -K Ilita
alteração
Anfibólios
-K Esmectita

Mica →ilita→ver miculita→montmorilonita


→ caulinita → óxido de fer ro (hematita,
goethita) Alumínio (gibsita)
3.3.4.2. ÓXIDOS
O ferro ocorre nas rochas na forma reduzida (Fe2+), presente
em minerais primários como biotita, piroxênios, anfibólios e
as olivinas.

O intemperismo destes minerais libera o ferro inicialmente na


forma de precipitados amorfos, com alto grau de hidratação
(géis de ferro hidratados). Estes com o passar do tempo
podem oxidar-se, perdendo paulatinamente água de
hidratação, até adquirirem forma cristalina definida.
intemp. - H2O + O2
Fe ++ na rocha -------> Géis de Fe ++ -------> Fe +++ cristalino
hidratados (hematita, p. ex.)
3.3.4.2. ÓXIDOS

Propriedades:
- São ANFÓTEROS (Podem ter carga + ou – de superfície);

- Na faixa normal de pH da maioria dos nossos solos


(ácidos), os óxidos de ferro apresentam cargas POSITIVAS
de superfície;

-  sítios de adsorção de ÂNIONS (Fósforo).


3.3.4.2. ÓXIDOS

Tanto a hematita quanto a goet hita são for madas


basicamente por oxigênios, e no centro dos
octaedros ocorrem Fe3.
E como esses oxigênios estão arranjados?
Na for ma de octaedros.
A estrutura dos oxigênios, tanto na hematita
quanto na goethita, for ma o EMPACOTAMENTO
HEXAGONAL DENSO. Hexagonal Cúbico

O O

O Fe3 O

O O
ÓXIDOS DE FERRO
HEMATITA :  Fe2O3
Representa a forma oxidada e desidratada do ferro.

Os cristais de hematita, vistos ao microscópio eletrônico, apresentam forma hexagonal,


porém são de dimensões muito menores do que os dos minerais de argila.

Fatores favoráveis a formação da hematita em solos:


- pH alto
- Ambientes com boa drenagem
- Pouca matéria orgânica
(Favorecem rápida oxidação, desidratação e cristalização dos géis de ferro)
A hematita imprime coloração tipicamente avermelhada aos solos.
ÓXIDOS DE FERRO
GOETITA:  FeOOH

Representa a forma oxidada e hidratada do ferro.

A goethita pura ocorre na forma de cristais aciculares (agulhas) ou sarrafos.

As goethitas de solo tem formato aproximadamente isodimensional.

É o óxido de ferro mais comum na maioria dos nossos solos.

Condições que favorecem formação:

- Material de origem com poucas bases e pH baixo;

- Rochas com baixo teor de ferro;

- Drenagem lenta;

- Alto teor de Matéria Orgânica.

A goethita imprime coloração brunada ou amarelada aos solos.


ÓXIDOS DE FERRO
FERRIDRITA
Forma oxidada de ferro de baixa cristalinidade

Ocorre ao redor das raízes de plantas de banhados ou mesmo do


arroz, quando irrigado por inu ndação, e também nas “manilhas” e
nos canais de drenagem, formando uma “nata ferruginosa” .
Ocorre também nas drenagens ácidas de minas de carvão.
TEM ALTA CAPACIDADE DE ADSORÇÃ O DE METAIS
ÓXIDOS DE FERRO
MAGNETITA (Fe304) e MAGHEMITA ( Fe203)
São formas magnéticas dos óxidos de ferro.
Magnetita é de origem litogênica (provém da rocha) e ocorre em cristais
grandes na fração areia e silte.
Maghemita é neogênica (mineral secundário), é microscópica e ocorre
misturada na fração argila.
Em solos com altos teores são atraídos por imã comum.
ÓXIDOS DE FERRO

Alguns fatores contribuem para que ocorra a


transfor mação de Fe+3 em ferridrita e da ferridrita
em hematita, são eles:
•Alta temperatura;
•Baixa umidade;
•Baixa matéria orgânica;
•Baixa adsorção de Si
•Alta liberação de Fe.
ÓXIDOS DE FERRO
Fe+3

oãça m
r of s nar T
Dissolução e
reprecipitação
Goethita Ferridrita

Hematita
ÓXIDOS DE ALUMÍNIO
Originam-se da decomposição do aluminossilicatos.

O intemperismo dos aluminossilicatos libera o alumínio;

Numa fase inicial, é encontrado na forma de géis amorfos,


como polímeros, com muita água de hidratação, e com o
passar do tempo podem adquirir forma cristalina definida
(Gibbsita, p. ex.).
intemp. - H2O + O2
Fe ++ na rocha -------------> Géis de Fe ++ ------------> Fe +++ cristalino
hidratados (hematita, p. ex.)

As diversas etapas que envolvem a formação de um óxido de


alumínio cristalino, como a Gibbsita, são complexas, tendo em vista
as diversas reações que podem ocorrer após a sua liberação dos
minerais primários.
ÓXIDOS DE ALUMÍNIO
• MONÔMEROS DE ALUMÍNIO
(Al trocável) Nossos Solos têm muito!!!

Fórmula:[ Al (H 2O)6] 3+

Com o aumento do pH o alumínio pode hidroxilar-se, diminuindo suas cargas positivas,


conforme as reações:
Al(H2O)3+6 + OH- -------> Al(OH)5(H2O)2+ + H+
<-------

Al(OH)5(H2O)2+ + OH- -------> Al2(OH)4(H2O)+ + H+


<-------

Al(OH)4(H2O)+ + OH- -------> Al(OH) 3(H2O)o + H+


<------- Pouco solúvel -precipita-
• Quando atinge o pH em torno de 5,5 o Al precipita e deixa de ser tóxico.
ÓXIDOS DE ALUMÍNIO
• POLÍMEROS DE ALUMÍNIO, AMORFOS
(Al não trocável) Nossos Solos tem muito!!!
Polimerização
Exemplo: Al(OH)2(H2O)+ --------------> Al6(OH)6+ . 12 H2O
4 12

Uma representação esquemática da molécula é mostrada na figura a seguir:

• Observa-se que o polímero amorfo, neste caso com 6 átomos de alumínio, apresenta
carga POSITIVA, e portanto poderá ser atraído pela carga negativa do mineral de argila e
ao mesmo tempo adsorver ÂNIONS.
• Estes polímeros se caracterizam por serem amorfos ao Raio X, e por apresentarem carga
superficial positiva. Muitas destas formas encontram-se formando complexos com a
matéria orgânica do solo ou ficam intercaladas entre lâminas de certos minerais de
argila
ÓXIDOS DE ALUMÍNIO
• POLÍMEROS DE ALUMÍNIO, CRISTAL INOS
Gibbsita e Bhoemita
Solos do Sul do Brasil tem pou co!
POLÍMEROS AMORFOS POLÍMERO
CRISTALINO
(GIBBSITA)

Al6(0H)126+  Al10(0H)228+  Al24(0H)6012+  n[Al(0H) 3]


.12 H20 .16 H20 .24 H20
( 1+/Al ) ( 0,8+/Al ) ( 0,5+/Al ) ( 0+/Al )

• Redução paulatina da carga positiva por átomo de alumínio, até se chegar a


uma situação de neutralidade, após um longo período de "amadurecimento"
do óxido, formando Gibbsita.
BIBLIOGRAFIA

1. GEOLOGIA GERAL. Viktor Leinz & Sérgio Estanislau do Amaral. Cia.


Editora Nacional, 1978.

2. QUÍMICA DE SUELOS. CON ÊNFASIS EN SUELOS DE AMERICA


LATINA.Hans Fassbender. Instit uto Interamericano de Ciências
Agrícolas de La OEA, 1975.

3. CHEMISTRY OF THE SOIL, CAPÍTULO: CHEMICAL COMPOSITION OF


SOILS, de M. L. Jackson, 1964.

4. MANUAL DE EDAFOLOGIA. Edmar J. Kiehl, Ed Agronômica Ceres,


1978.

5. Apostila do Curso de Pós Graduação em Solos da UFRGS, disciplina


de Química do Solo. Nestor Kampf.

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