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Constituição, propriedades

e classificação de solos

Aula 1
Física do Solo I – Granulometria, densidade,
consistência e ar do solo
Professor: Leonnardo Cruvinel Furquim
Física do Solo I – Granulometria, densidade, consistência e ar do solo

Física do solo - trata da aplicação dos princípios básicos


da física ao estudo das propriedades e dos processos
físicos que ocorrem no solo.

• determinação do tamanho e da quantidade das partículas


unitárias dos grãos minerais do solo (que chamamos de
granulometria ou textura);
• relações entre massas e volumes (densidade);
• quantidade de poros (porosidade);
• infiltração, absorção e movimentação da água
(permeabilidade).
Tamanho de partículas e sua distribuição (composição granulométrica)

Uma das primeiras características que diferenciam um


horizonte do solo é o tamanho das partículas que o
compõem.

DENOMINAÇÃO TAMANHO (mm)


Matacões > 200
Calhaus 20 – 200
Cascalho 2 – 20
Areia grossa 2 – 0,2
Areia fina 0,2 – 0,05
Silte 0,05 – 0,002
Argila < 0,002
Tamanho relativo das partículas de areia grossa (acima da escala),
areia fina e silte (abaixo). As partículas de argila seriam invisíveis
nesta escala de aumento
Tamanho de partículas e sua distribuição (composição granulométrica)
Tamanho de partículas e sua distribuição (composição granulométrica)

Esquema da amostragem e preparo de amostras de solo para várias determinações físicas. Depois
de destorroada e passada em peneira de abertura de malha de 2 mm, o material do solo é
denominado terra fina seca ao ar (TFSA), na qual são feitas também as análises químicas.
Amostras indeformadas são utilizadas para determinações da densidade do solo, retenção de
umidade e lâminas para estudos micromorfológicos em microscópio.
Tamanho de partículas e sua distribuição (composição granulométrica)

Esquema da marcha analítica de um método de análise granulométrica da “terra fina seca ao ar”
(TFSA) utilizado para solos isentos de carbonatos e com teor de carbono orgânico inferior a 3%
Tamanho de partículas e sua distribuição (composição granulométrica)

Esquema da marcha analítica de um método de análise granulométrica da “terra fina seca ao ar”
(TFSA) utilizado para solos isentos de carbonatos e com teor de carbono orgânico inferior a 3%
Tamanho de partículas e sua distribuição (composição granulométrica)

Aspecto de um laboratório onde está sendo efetuada a análise granulométrica. A amostra de solo,
depois de pesada, é agitada na “coqueteleira” com água e dispersante. Em seguida, é passada por
peneiras que retêm e separam as areias; a suspensão com silte e argila é colocada nos cilindros,
onde uma alíquota da argila é pipetada depois de ter passado tempo suficiente (conforme a lei de
Stokes) para todo silte ser sedimentado.
Estrutura e seus agregados

A estrutura do solo refere-se ao tamanho e formato dos poros e


ao arranjo das partículas sólidas do solo.

Os sólidos podem ser visualizados como organizados em


unidades maiores, e essa organização se dá pelo processo
denominado agregação, o qual forma agregados, que podem
ter tamanhos, formas e graus variados de estabilidade,
conforme as forças de coesão e adesão nos pontos de contato
das partículas sólidas (argilas, siltes, areias etc.).
Estrutura e seus agregados

Esquema ilustrando a formação de agregados do solo a partir de partículas unitárias:


(A) partículas unitárias do solo (argilas, silte ou areias); (B) microagregados; (C)
conjunto de macroagregados em solo (com argila floculada); (D) material do solo não
estruturado (com argila dispersa).
Estrutura e seus agregados

Floculação tem significado similar ao de agregação, mas refere-se mais à formação de


pequenos “flocos”, que são formados pela coagulação das partículas de argila e/ou
húmus; o oposto da floculação é a dispersão.
Uma amostra de solo está dispersa quando todas as partículas individuais se separam
umas das outras – como vimos antes, fazemos isso artificialmente para realizar a análise
granulométrica.
Estrutura e seus agregados

Para que um solo possua agregados, é necessário que


seus coloides primeiro estejam, de alguma forma,
floculados.

A floculação e a dispersão são resultados de processos


físico-químicos relacionados às cargas elétricas existentes
nas superfícies das partículas coloidais.

Quando todo o material de um horizonte do solo está


disperso, ele apresentará uma estrutura maciça, sem
agregados e será, provavelmente, pouquíssimo permeável
ao ar, à água e a raízes.
Estrutura e seus agregados

Primeiro ocorre a floculação de alguns coloides, que, juntando-se a


algumas partículas de silte e areia, formam microagregados. Estes, por
sua vez, vão se unindo, agora com a ajuda de partículas coloidais, que
agem como agentes cimentantes e envolventes desses minúsculos
microagregados.

Várias substâncias podem contribuir para essa cimentação, tais como a


matéria orgânica (incluindo exudados de raízes e outros organismos
vivos), minerais da argila, compostos de ferro, carbonatos, sílica
coloidal etc.

Nos solos que possuem horizonte B iluvial de acúmulo de argila, a


influência dos coloides na estrutura é bem destacada: a argila eluvidada
do horizonte A deposita-se no B, recobrindo os agregados com finas
películas – a “cerosidade” –, o que muito os destaca.
Estrutura e seus agregados

À medida que os agregados vão aumentando de tamanho, com


floculações e cimentações contínuas, começam a sofrer rachaduras,
quando submetidos a ciclos de umedecimento, que os expandem, e de
secamento, que os contraem.

A fauna do solo, principalmente cupins, formigas e minhocas, também


participa ativamente desses processos de formação de agregados. Assim,
agregados de variados tamanhos, formas e nitidezes se formam. Suas
feições tornam-se funções das condições meteorológicas, do tipo e da
qualidade de coloides, da qualidade e quantidade de agentes cimentantes
e da intensidade da atividade biológica.

Se, por alguma razão, as argilas se dispersarem (caso de alguns solos com
excesso de sódio, como veremos adiante), os agregados se desfazem e o
solo torna-se maciço (sem agregação).
Estrutura e seus agregados

Exemplo de vários tipos de amostras indeformadas que podem ser retiradas de um horizonte do
solo para fins de determinação, em laboratório, de algumas propriedades físicas relacionadas à
estrutura, porosidade etc. (à esq.: amostra sendo retirada com um anel de Kopeck para a
determinação da densidade do solo; à dir.: amostras indeformadas para serem impregnadas para a
confecção de lâminas delgadas).
Estrutura e seus agregados

O tamanho e o grau de desenvolvimento dos agregados do


solo são indicadores dos processos envolvidos na
degradação do solo, pois influenciam em fatores como:

• Infiltração
• Retenção de água
• Aeração
• Resistência à penetração de raízes
• Selamento e encrostamento superficial
• Erosão hídrica e eólica.
Estrutura e seus agregados

A análise de agregados resume-se à mensuração da sua distribuição, agrupando-


os em classes de diâmetros arbitrários e segundo critério variável de
estabilidade. Um dos métodos é o do peneiramento úmido. Para essa análise,
utilizam-se peneiras de diversas aberturas (p. ex., 7, 4, 2, 1 e 0,5 mm), nas quais
porções e solo são colocados para serem peneirados dentro d’água durante
algum tempo. Os agregados que se mantiveram estáveis e permaneceram nas
várias peneiras são então secos e pesados.

Com base nessas medidas, será


possível calcular índices de
estabilidade de agregados: quanto
mais bem estruturados forem os
solos e mais estáveis forem os seus
agregados, menos eles se desfazem
quando mergulhados em água.
•Situação original: solo argiloso - 65 % argila com PC por 20 anos
•Sistema de produção: PC monocultivo, SPD, iLP e Pastagem
Permanente
•Início: 1995/96
•Local: Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados, MS
2012/13
1995/96

1996/97

1997/98

1998/99

1999/00

2000/01

2001/02

2002/03

2003/04

2004/05

2005/06

2006/07

2007/08

2008/09

2009/10

2010/11

2011/12

2013/14

2014/15
Sistema

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014
de
manejo

PC M S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A S
SPD a M S T S N M A S T S N M A S T S N M A S T S N M A S T S N M A S T S N M A S T S
SPD b M M A S T S N M A S T S N M A S T S N M A S T S N M A S T S N M A S T S N M A S
SPD c M S N M A S T S N M A S T S N M A S T S N M A S T S N M A S T S N M A S T S N M
ILP a M S A S A B. decumbens S A S A B. decumbens S A S A B. decumbens S A S A B. decumbens S A S A B. decumb
ILP b M B. decumbens S A S A B. decumbens S A S A B. decumbens S A S A B. decumbens S A S A B. decumbens S A S
PP Brachiaria decumbens

1) Sistema convencional (PC)


monocultivo de soja com preparo do solo
(gradagens)

2) Sistema Plantio Direto (SPD)


rotação
soja/trigo/soja/nabo/milho/aveia/soja/...

3) Integração lavoura-pecuária (ILP)


soja/aveia/soja/B. decumbens por 2
anos/soja/aveia/soja/B. dec... em Plantio
Direto
Atributos físicos do solo
Sistemas
Atributo
SC SPD ILP PP
Tamanho médio dos agregados – DMP (mm) 2,19 3,18 4,12 4,93
Índice de estabilidade de agregados 0,72 0,77 0,91 0,97

SPD ILP PP

Salton J.C., Mielniczuk J., Bayer C., Boeni M., Conceição P. C., Fabrício A.C., Macedo
M.C.M., Broch D.L. (2008) Agregação e estabilidade de agregados do solo em sistemas
agropecuários em Mato Grosso do Sul. Revista Brasileira de Ciência do Solo 32, 11-21.
Estrutura e seus agregados
DISTRIBUIÇÃO DE DIFERENTES CLASSES DE TAMANHO DE AGREGADOS EM PERFIS DE SOLO COM
HORIZONTE B LATOSSÓLICO (LATOSSOLO VERMELHO EUTROFÉRRICO) E COM HORIZONTE B ARGÍLICO (ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO)
Estrutura e seus agregados

(À esq.) Microfoto de uma seção delgada de um horizonte Bw argiloso que possui agregados
granulares, muito pequenos e bem desenvolvidos. (À dir.) Fotomicrografia de horizonte E de
textura arenosa. Notar que em ambos os casos dominam poros maiores (macroporos)
Caracterização física do solo

Por que se usa um dispersante químico para a realização


da análise granulométrica dos solos? Em que tipo de solo
ele seria mais necessário: em um arenoso ou em um
argiloso? Explique.
Caracterização física do solo

Sempre existem algumas partículas coloidais no solo (argilas e


húmus), mesmo naqueles com maiores teores de areia, e em razão
dos elevados teores de carga nesse tipo de partícula, a capacidade
de coesão entre estas é elevada. Por isso, a única maneira de
separarmos esses componentes da fase sólida é através de uma
substância capaz de separá-los quando uma amostra é mergulhada
em um líquido, isto é, promovendo sua dispersão e consequente
individualização das partículas primárias – e que geralmente
combinam a ação de um íon de grande raio iônico hidratado (como
o Na+) com um aumento de pH. Nos solos com alto teor de argila, a
necessidade de um dispersante é maior, justamente porque a fração
coloidal é proporcionalmente mais significativa. Nos arenosos, a
baixa quantidade de partículas coloidais dificulta a floculação, já que
as partículas de areia têm pouquíssimas cargas e pequena superfície
específica.
Caracterização física do solo

Por que terras que apresentam dispersão de coloides


(partículas de argila e húmus), como aquelas com altas
quantidades de sódio trocável (Na+), apresentam solos
com problemas físicos? Qual o efeito desse fenômeno na
estabilidade da estrutura do solo?
Caracterização física do solo

Solos com sodicidade elevada, isto é, com coloides muito


saturados com cátion sódio (Na+), apresentam alta quantidade de
partículas naturalmente dispersas. Isso leva à desestabilização da
estrutura, com consequentes mudanças na arquitetura dos poros
do solo, por onde circulam gases e água, e até mesmo com o
entupimento dos poros nos horizontes mais profundos. Todos
esses fenômenos são prejudiciais em relação às propriedades
físicas do solo, porque diminuem a capacidade de infiltração e
circulação da água e ar. E essas condições são prejudiciais para o
desenvolvimento de plantas, tanto em ecossistemas naturais
como agrícolas, podendo induzir perdas de produtividade de
plantas (mesmo as naturais, se não adaptadas a essas condições)
e mesmo acelerar processos erosivos.
Caracterização física do solo
Caracterização física do solo
Relações massa-volume-área
Massa específica das partículas
Massa específica das partículas
Massa específica das partículas
Massa específica das partículas
Massa específica das partículas
Massa específica das partículas
Massa específica das partículas
Massa específica das partículas

50%

50%
Constituição, propriedades
e classificação de solos

Aula 1
Física do Solo I – Granulometria, densidade,
consistência e ar do solo
Professor: Leonnardo Cruvinel Furquim

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