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A AUTORA

Aline da Silva Moraes é economista formada pela Pontifícia Universidade


Católica de Goiás, mestre em Agronegócio pela Universidade Federal de Goiás. É
professora dos cursos de graduação em Administração, Ciências Contábeis e
Gestão Comercial da Faculdade Araguaia, ministrando as disciplinas relacionadas
a teoria econômica e finanças. Atua também como orientadora de Trabalhos de
Conclusão de Curso.

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FACULDADE ARAGUAIA - FARA
1º Edição - 2018

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SUMÁRIO

UNIDADE IV – GESTÃO DAS EMPRESAS AGROINDUSTRIAIS .......................... 35


4.1 Características das empresas agroindustriais ............................................... 35
4.2 Análise do sistema agroindustrial ................................................................... 36
4.3 Gerenciamento na empresa agroindustrial..................................................... 37
4.4 Competitividade ................................................................................................ 40
4.5 Comercialização de produtos agroindustriais ................................................ 43
4.5.1 Aspectos da demanda ................................................................................... 43
4.5.2 Aspectos da oferta ......................................................................................... 44
4.5.3 Mecanismos de comercialização .................................................................. 44
4.6 Resumo da unidade .......................................................................................... 46
4.7 Atividades .......................................................................................................... 46
4.8 Referências ........................................................................................................ 48

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APRESENTAÇÃO

A disciplina de Introdução ao Agronegócio foi desenvolvida para ajudá-lo a


conhecer as operações da cadeia de produção agropecuária. De maneira simples
e didática a disciplina auxiliará no conhecimento da relação comercial e industrial
do agronegócio.
Entender o agronegócio é extremamente importante visto que é um setor
que tem anualmente elevado sua participação no PIB (Produto Interno Bruto)
brasileiro. O agronegócio tem grande relevância no país pois gera empregos, eleva
as pesquisas em prol da produtividade e automaticamente aumenta a exportação
de produtos agropecuários, ocasionando em elevação positiva da balança
comercial.
A disciplina aborda de forma prática os conceitos mais relevantes do
agronegócio, a administração rural, o processo de desenvolvimento rural, os
sistemas agroindustriais, bem como as perspectivas agropecuárias. Em cada
unidade você estuda o conteúdo, revisa e coloca em prática o conhecimento
adquirido.
Na primeira unidade você apreciará os conceitos básicos de Administração
geral e administração rural, na unidade II você aprenderá sobre o setor agrícola e
pecuário brasileiro, na unidade III compreenderá sobre os conceitos básicos do
Agronegócio, na unidade IV entenderá sobre a gestão em empresas agroindustriais
e na unidade V aprenderá sobre o agronegócio no Brasil e no mundo, incluindo a
produtividade, a competitividade e projeções.

Bons estudos!

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UNIDADE IV – GESTÃO DAS EMPRESAS AGROINDUSTRIAIS

4.1 Características das empresas agroindustriais

As empresas rurais que antes se associavam a exploração econômica sobre


uma atividade, quer seja ela agrícola, pecuária ou extrativista, no âmbito interno de
uma região mais afastada dos centros urbanos, vem alterando suas características
ao longo dos anos.
Segundo Callado e Moraes Filho (2011) diversos elementos devem ser
considerados para se avaliar o tamanho da empresa rural, como: a superfície
territorial, as culturas e gados que existem na propriedade, o sistema organizacional,
o capital investido no espaço, a mão de obra necessária nas operações e a
quantidade produtiva média. De forma geral as características das empresas rurais
por tamanho são:

 As pequenas empresas utilizam uma caderneta para registrar os


serviços efetuados e outros lançamentos com a finalidade de
controlar as contas a receber e a pagar;
 As médias empresas apresentam registros financeiros não
somente das contas pendentes, mas também de todas as
transações efetuadas, da existência do livro diário, dos registros
individuais dos empregados e das contas correntes existentes;
 As grandes empresas possuem uma contabilidade financeira
completa e registros minuciosos para controlar suas atividades
(CALLADO; MORAES FILHO, 2011, p. 21).

Ainda segundo os autores as vantagens das pequenas e médias empresas é


que conseguem controlar melhor a execução das atividades, aproveita-se melhor a
mão de obra e estão menos sujeitos a riscos por oscilação dos preços de produtos
agrários, e as desvantagens são que: possuem menos mecanização nas operações,
pagam mais pelos insumos e recebem menos nas vendas.
E, as empresas de grande porte tem como vantagens a facilidade de obter
mão de obra mais especializada, usam o solo de maneira mais eficiente, são mais
racionais os processos das operações, possuem mais facilidade na obtenção de
crédito e mais facilidade na compra de insumos e na venda dos produtos. Mas, tem
como desvantagem a maior sujeição dos riscos causados pela oscilação dos preços
(CALLADO, MORAES FILHO, 2011).

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Os padrões e as referências de âmbito técnico, comercial e organizacional
foram alterados pela evolução das dinâmicas tanto sociais, tecnológicas quanto
econômicas das empresas rurais. As mudanças basicamente foram:

 Perda de autossuficiência;
 Dependência cada vez maior de insumos e serviços de outras
organizações;
 Aumento da especialização em determinadas atividades;
 Geração de excedentes de produção comercializáveis em
mercados cada vez mais distantes;
 Recebimento de informações do ambiente externo;
 Crescente necessidade de infraestrutura (armazéns, estradas,
portos, softwares, bolsas de mercadorias, pesquisas, fertilizantes,
novas técnicas);
 Conquista de novos mercados;
 Globalização da economia (ARAÚJO, 2003 APUD CALLADO,
MORAES FILHO, 2011, p. 22).

Logo, segundo Callado e Moraes Filho (2011) quando se incorpora


agronegócio e organizações agroindustriais se busca representar significados
diferentes sobre as organizações que mesmo atuando na mesma referência de
espaço e geografia são opostas nos atributos mais básicos e vem a transformar
conceitos estáticos em conceitos dinâmicos, mais modernos, nas organizações.

4.2 Análise do sistema agroindustrial

Por mais que possa se confundir sistemas agroindustriais, complexos


agroindustriais, cadeias de produção agroindustrial e Agronegócio, ‘dentro’ do
Agronegócio existe o sistema agroindustrial, ou SAI, que se divide entre os demais
termos acima citados. Segundo Batalha e Silva (2007, p. 10):

O SAI pode ser considerado o conjunto de atividades que concorrem


para a produção de produtos agroindustriais, desde a produção dos
insumos (sementes, adubos, máquinas agrícolas etc.) até a chegada
do produto final (queijo, biscoito, massas etc.) ao consumidor. Ele
não está associado a nenhuma matéria-prima agropecuária ou
produto final específico.

De acordo com o autor essa definição se aproxima da definição inicial de


agribusiness de Goldberg, e pode ser visto pela composição de seis conjuntos, são

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eles: agricultura, pecuária e pesca; indústrias agroalimentares; distribuição agrícola
e alimentar; comércio internacional; consumidor e indústrias de serviços de apoio.
O completo agroindustrial “tem como ponto de partida determinada matéria-
prima de base”, como exemplo o complexo soja, ditada “pela explosão da matéria-
prima principal que o originou, segundo os diferentes processos industriais e
comerciais que ela pode sofrer até se transformar em diferentes produtos finais”.
Logo, formar um complexo agroindustrial exige “a participação de um conjunto de
cadeias de produção, cada uma delas associada a um produto ou família de
produtos” (BATALHA; SILVA, 2007, p. 12).
O conceito de Cadeia de produção agroindustrial já foi descrito no capítulo
três, todavia diferente do complexo agroindustrial, a cadeia de produção é definida
pela identificação de um produto final. “Após esta identificação, cabe ir encadeando,
de jusante a montante, as várias operações técnicas, comerciais e logísticas,
necessárias a sua produção” (BATALHA; SILVA, 2007, p. 12).

4.3 Gerenciamento na empresa agroindustrial

Todo sistema agroindustrial precisa ser gerido eficientemente e eficazmente


(com a capacidade de atender as necessidades do consumidor), logo precisa se
conhecer todos os agentes que compõe o sistema e o que os consumidores buscam
nos produtos ou serviços que o sistema disponibiliza. A eficiência pode ser
entendida como o resultado de dois conjuntos de fatores (BATALHA; SILVA, 2007,
p. 39):

O primeiro deles está ligado à gestão interna dos agentes do


sistema. É fundamental que estes agentes sejam capazes de
disponibilizar seus produtos com um nível adequado de qualidade e
preço. Para que estes objetivos sejam alcançados de forma
sustentável, é fundamental que estes agentes tenham ao seu dispor
e utilizem um ferramental gerencial moderno e adaptado às suas
necessidades. Funções administrativas clássicas, como controle de
custos, qualidade, logística, planejamento e controle da produção,
compras, vendas etc., devem ser geridas eficientemente. O segundo
espaço de intervenção de ações gerenciais que levam à eficiência do
sistema está relacionado às diversas transações que ocorrem entre
os seus agentes. A eficiência de um sistema agroindustrial é
dependente de uma coordenação adequada dos agentes produtivos.
A bibliografia disponível sobre gestão agroindustrial ressalta a
importância de mecanismos de coordenação adequados para o
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sucesso do conjunto de atores do sistema. Cada vez mais a
competição migrará de uma concorrência entre firmas para uma
concorrência entre sistemas produtivos mais amplos que extrapolam
os limites destas mesmas firmas. Desta forma, o desafio maior no
futuro não será somente o de gerir eficientemente aspectos internos
aos agentes do sistema, mas também de gerenciar e garantir o
funcionamento harmonioso e sustentável do próprio sistema. A
competitividade das unidades econômicas de produção dos sistemas
agroindustriais de produção será ditada em grande parte pela
capacidade que elas terão de coordenarem-se adequadamente em
sistemas produtivos mais amplos e também competitivos.

Todas as condições para que se possa atingir com êxito a eficiência e a


eficácia estão ligadas a aspectos de ordem legal, social, cultural, tecnológico e
econômico, como pode ser visto pela Figura 4.

Figura 1: Gestão agroindustrial

Fonte: Batalha e Silva (2007, p. 40)

De acordo com Batalha e Silva (2007) existem diversas particularidades dos


sistemas agroindustriais de produção:

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 A sazonalidade de disponibilidade de matéria-prima. Como a maioria
das matérias-primas das agroindústrias provem da atividade
agropecuária o aprovisionamento de tais matérias-primas está sujeito a
safras e entressafras, o que dificulta na rentabilidade do capital
investido e no planejamento e controle da produção.
 As variações de qualidade de matéria prima. Como grande parte das
matérias-primas provem da agropecuária, esta está sujeita a variações
de clima e de técnicas de manejo, que pode impactar a qualidade final
do produto.
 Perecibilidade da matéria-prima. Grande parte dos produtos levados
para transformação agroindustrial são perecíveis, que pode gerar
problemas de logística de aprovisionamento e planejamento de
produção.
 Sazonalidade de consumo. Existem agroindústrias que estão sujeitas a
relevantes variações na demanda em razão de datas comemorativas
ou por variações climáticas.
 Perecibilidade do produto final. Além das matérias-primas existem
produtos agroindustriais que também são perecíveis, o que faz com
que a logística de distribuição seja vital.

Existem outros fatores que também afetam a gestão dos sistemas


agroindustriais, como manter os alimentos com quantidade e qualidade aceitáveis.
Isso inclusive gera vigilância do governo, com uma série de legislação sanitárias e
outros regulamentos (BATALHA; SILVA, 2007). Vale lembrar que governo também
vigia o preço dos alimentos.
As empresas rurais devem se preocupar tanto as questões agrárias,
principalmente sobre controle de terras, que normalmente é bastante discutido,
quanto com a produção atrelada a realidade e às transformações culturas da
sociedade.

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4.4 Competitividade

De acordo com Callado e Moraes Filho (2011, p. 24-25) a competitividade é a


capacidade “de sobreviver e, de preferência, crescer nos mercados concorrentes ou
em novos mercados através de um sistema de informações capaz de suprir as
necessidades gerenciais derivadas de planejamento de longo prazo”. Que pode ser
dividida em capacidade produtiva e tecnológica (que se relaciona as vantagens de
custos), capacidade de inovação (relacionada aos investimentos em ciência,
tecnologia e formação de capital humano) e capacidade de coordenação
(“capacidade de receber, processar, difundir e utilizar informações de modo a definir
e viabilizar estratégias competitivas”, além de controlar e reagir frente a mudanças
no meio ambiente). Para Ferraz et al (1996) apud Batalha e Silva (2007) são duas as
vertentes para entender o conceito de competitividade:

Na primeira delas, a competitividade é vista como “desempenho” de


uma empresa ou produto. Neste caso, os resultados das análises
traduzem-se na determinação de uma dada competitividade
revelada. O principal indicador de competitividade revelada, segundo
essa ótica de entendimento, estaria ligado à participação de um
produto ou empresa em determinado mercado (market share). A
utilização do market share como medida de competitividade é a
contribuição mais útil e difundida da economia neoclássica para os
estudos de competitividade. Segundo esta visão, o mercado estaria,
de alguma forma, sancionando as decisões estratégicas tomadas
pelos atores. A participação das exportações de um setor no
mercado internacional pertinente seria um indicador adequado de
competitividade internacional. Assim, a competitividade de uma
nação ou setor seria o resultado da competitividade individual dos
agentes pertencentes ao país, região ou setor. Em um conceito mais
amplo, a competitividade de uma nação pode ser vista como sendo
“a capacidade de uma nação sustentar uma taxa de crescimento e
padrão de vida adequados para seus cidadãos enquanto proporciona
ocupação (emprego) sem reduzir o potencial de crescimento e o
padrão de vida das gerações futuras”. Obviamente que este conceito
de competitividade depende das condições expostas no início do
parágrafo.

Na segunda visão competitividade é vista como eficiência, que tenta verificar


o potencial de competitividade de um determinado setor ou empresa. “Essa predição
do potencial competitivo poderia ser realizada através da identificação e do estudo
das opções estratégicas adotadas pelos agentes econômicos face às suas
restrições gerenciais, financeiras, tecnológicas, organizacionais etc”. Logo iria existir
40
“uma relação causal, com algum grau determinístico, entre a conduta estratégica da
firma e o seu desempenho eficiente” (FERRAZ et al, 1996 apud BATALHA; SILVA,
2007, p. 32).
Assim, de forma conclusiva Ferraz et al (1996, p. 3) apud Batalha e Silva
(2007) afirmam que a competividade é a capacidade de a empresa formular e
implantar estratégias concorrenciais para ampliar e/ou conservar, por muito tempo,
uma satisfatória posição no mercado.
Caracterizar e analisar os segmentos de uma cadeia agroindustrial pode
revelar que existe vários fatores que afetam o desempenho competitivo da mesma,
seja positivamente ou negativamente. E ainda se tem como conjunto de fatores o
ambiente institucional, que pode impactar a competitividade (BATALHA; SILVA,
2007).
Segundo Batalha e Silva (2007) na análise de competitividade proposta por
Van Duren et al (1991) e alterada por Silva e Batalha (2000) os indicadores básicos
de desempenho são as variáveis ‘parcela de mercado’ e ‘lucratividade’. Para Batalha
e Silva (2007, p. 34) a avaliação dos fatores que de alguma forma influenciam a
competividade das cadeias agroindustriais no Brasil é um processo, que tem como
etapas principais:

A primeira delas envolve a definição dos direcionadores de


competitividade e dos subfatores que os compõe. A priori, podem ser
utilizados seus direcionadores de competividade: tecnologia, gestão
interna dos agentes da cadeia, estrutura de mercado, insumos e
infraestrutura, ambiente institucional e relações de mercado
(estrutura de governança). Cada direcionador pode ser dividido em
subfatores, de acordo com as especificidades do macrossegmento
(elo) estudado ou do sistema como um todo (caso do ambiente
institucional de toda a cadeia). Assim, esta análise deve ser feita
para cada um dos principais macrossegmentos da cadeia
agroindustrial analisada. Além disso, cada subfator será classificado
quanto ao seu grau de controlabilidade. Esta classificação é
importante dado que permitirá, em etapa posterior, a associação de
eventuais problemas ligados a determinado subfator de
competitividade a determinados agentes de intervenção. Por
exemplo, problemas ligados a subfatores de competitividade
“controlados pelo governo” serão objeto de proposição de políticas
públicas, ou problemas ligados a subfatores “controlados pela firma”
serão alvos de propostas e políticas privadas. Etapa posterior do
processo metodológico avalia, qualitativamente, a intensidade do
impacto dos subfatores e sua contribuição para o efeito agregado
dos direcionadores. Para tanto, é estabelecida uma escala do tipo
Likert, que varia de “muito favorável”, quando há significativa

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contribuição positiva do subfator, a “muito desfavorável”, no caso da
existência de entraves ou mesmo impedimentos, a curto e médio
prazos, ao alcance ou sustentação da competitividade [...] Deste
modo, os resultados da avaliação podem ser visualizados em
representação gráfica, bem como ser combinados quantitativamente,
para comparações agregadas.

A combinação dos fatores de forma quantitativa, para se avaliar cada


direcionador de competitividade, ainda envolve a etapa de atribuir pesos relativos.
Utiliza-se essa ponderação por reconhecer a existência de diferentes graus de
importância dentre os diversos subfatores, que contribuem para o efeito agregado
(BATALHA; SILVA, 2007).
O autor ainda evidencia um exemplo de um estudo no Brasil para analisar a
competividade da cadeia industrial de carne bovina, dividido em dois sistemas, como
pode ser visto na Figura 5.

Figura 2: Sistemas de produção, industrialização e comercialização de carne


bovina no Brasil

Fonte: Batalha e Silva (2007, p. 36)

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Percebe-se que o sistema A evidencia uma pecuária mais avançada, com
pecuaristas mais tecnificados que ecoam a produção para pontos de venda com
padrões direcionados a consumidores mais exigentes. Já o sistema B contempla
pecuaristas que normalmente não utilizam técnicas modernas de produção, que
direcionam a venda para frigoríficos que possam ter condições de higiene
comprometidas, e o consumidor final não é exigente em relação ao produto.

4.5 Comercialização de produtos agroindustriais

É pela comercialização que se verifica se compensa aumentar a


produtividade ou reduzir os custos. As perdas de uma deficiente comercialização
podem trazer a inviabilização de uma atividade produtiva. Analisar a comercialização
de uma cadeia produtiva integrada não é tão simples, pois faz-se necessário
adicionar a transmissão do produto pelos diversos estágios de todo processo
produtivo (AZEVEDO, 2007).
Os produtos agroindustriais são muito diferentes uns dos outros, embora a
maioria seja produtos alimentares. Alguns produtos são perecíveis, outros podem
ser estocados por muito tempo, alguns necessitam de um complexo processamento,
outros apenas precisam de um adequado acondicionamento (AZEVEDO, 2007).

4.5.1 Aspectos da demanda

Normalmente os produtos agroindustriais referem-se a bens necessários e de


baixo valor. Por exemplo, se o preço de uma câmera fotográfica subir possivelmente
uma família poderá deixar de consumir tal produto, o que não ocorre com o arroz e o
feijão, que se tiver o preço elevado não deixará de ser consumido pelas famílias.
Logo, pode-se afirmar que os produtos agroindustriais possuem uma baixa
elasticidade-preço da demanda, pois um aumento no preço de tais produtos não terá
grande impacto na quantidade demandada pelas famílias.

No caso do Brasil – e de outros países com renda per capita baixa e


distribuição de renda concentrada –, essa característica da demanda
de produtos agroindustriais é menos acentuada. Como uma parcela
considerável da população não tem acesso à renda suficiente para a
aquisição mínima de alimentos, uma elevação do preço pode retirar

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esses consumidores do mercado e, com isso, reduzir a quantidade
consumida. Ainda assim, é sensato dizer que a quantidade
demandada de produtos agroindustriais é relativamente menos
sensível às variações de preços (AZEVEDO, 2007, p. 66).

E, não apenas se varia pouco o consumo pela alteração no preço dos


produtos agroindustriais, o tempo também gera pouca variação. O consumo é
normalmente estável, com exceção de alguns produtos que são consumidos apenas
em certas datas festivas (AZEVEDO, 2007).

4.5.2 Aspectos da oferta

Azevedo (2007) afirma que ao contrário da demanda, a oferta de produtos


agroindustriais não possui uma relativa estabilidade. A dependência do insumo
agrícola atribui especial papel à comercialização dos produtos agroindustriais devido
à natureza biológica da produção agrícola e a sazonalidade.
A agropecuária depende das condições do tempo, “tanto no volume de
produção quanto na qualidade dos produtos agrícolas”. E, “a natureza impõe um
espaço de tempo entre a decisão de se investir e a colheita dos frutos deste
investimento (AZEVEDO, 2007, p. 67).
Sabe-se que essencialmente a produção agrícola é concentrada em
determinadas épocas do ano, e a produção bovina tem o pico quando as chuvas
começam a ficar escassas, no mês de outubro. E essa sazonalidade é essencial
para se analisar o comportamento dos preços dos insumos. A comercialização dos
produtos agroindustriais é subordinada a como se comporta sazonalmente a oferta
agrícola. E, “o ritmo da produção, das vendas e a formação de estoques caminham
conforme o ritmo ditado pelas estações do ano” (AZEVEDO, 2007, p.68).

4.5.3 Mecanismos de comercialização

As transações mercantis são diferentes uma das outras. “Conforme as


características de cada transação, um determinado mecanismo de comercialização
se mostrará mais adequado para efetivá-la”. Diante de tantas alternativas é
importante analisar com cautela para escolher o mais adequado diante de cada

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situação (AZEVEDO, 2007, p.68). E assim, temos de acordo com Azevedo (2007) de
forma simplificada:
 Mercado Spot. Spot em inglês significa ponto, utilizado em uma economia
para qualificar um mercado que possui transações em um único período de
tempo. Enquanto para consumidores finais é comum realizar tal transação no
mercado físico, para empresas, como não há obrigação de compra futura
gera grande incerta em relação ao comportamento dos preços.
 Mercado a termo. Neste tipo de mercado o comprador e o vendedor detalham
“um contrato especificando a mercadoria, a data de entrega, o local, meio de
transporte, meio de pagamento e qualquer outro elemento que ambas as
partes desejem incorporar ao contrato” (AZEVEDO, 2007, p.71).
 Mercado de futuros. Neste mercado as transações ocorrem de forma
padronizada e simplificada, e nos contratos “especificam apenas o período
para entrega, o lugar e o objeto transacionado”. É um mercado amplamente
utilizado embora menos de 3% dos contratos resultam em uma efetiva
entrega da mercadoria (AZEVEDO, 2007, p.73).
 Mercado de opções. Este mercado consiste em negociar os direitos, mas não
as obrigações de algum contrato futuro, assegurando o direto de exercer uma
compra e/ou venda de determinado ativo físico ou outro contrato.
 Contratos de longo prazo. É frequente “o relacionamento entre empresas por
meio de contratos de longo prazo, em que a estabilidade da relação e o
comprometimento com a continuidade da transação do futuro são
características fundamentais”. Estes contratos podem se diferir entre si, que
vai depender do objetivo a qual tenha que atender, e estes nem sempre são
formais e escritos. E esses contratos podem ser definidos pela regularidade
de suprimento, pela qualidade ou até por variantes que possuem grau de
controle elevado como as franquias e joint ventures (AZEVEDO, 2007, p.75).
 Integração vertical. Essa integração pode ser adotada se mostrar custos
menores que os demais mecanismos de comercialização. Ao integrar-se
verticalmente a empresa possui maior controle da cadeia de produção, mas
desvia esforços gerenciais do foco de negócios, o que pode elevar os custos
burocráticos e prejudicar a estrutura de incentivos.

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4.6 Resumo da unidade

 Os principais elementos que devem ser considerados para se avaliar o


tamanho da empresa rural, são: a superfície territorial, as culturas e gados
que existem na propriedade, o sistema organizacional, o capital investido no
espaço, a mão de obra necessária nas operações e a quantidade produtiva
média.
 O Sistema Agroindustrial – SAI é composto pela: agricultura, pecuária e
pesca; indústrias agroalimentares; distribuição agrícola e alimentar; comércio
internacional; consumidor e indústrias de serviços de apoio.
 Todo sistema agroindustrial precisa ser gerido eficientemente e eficazmente
(com a capacidade de atender as necessidades do consumidor), logo precisa
se conhecer todos os agentes que compõe o sistema e o que os
consumidores buscam nos produtos ou serviços que o sistema disponibiliza.
 Diversas são as particularidades dos sistemas agroindustriais de produção, as
principais são: a sazonalidade, as variações de qualidade de matéria prima,
perecibilidade da matéria-prima, perecibilidade do produto final.
 A competividade é a capacidade de a empresa formular e implantar
estratégias concorrenciais para ampliar e/ou conservar, por muito tempo, uma
satisfatória posição no mercado.
 A comercialização dos produtos agroindustriais, como de forma geral, precisa
ser analisada pelos aspectos da demanda e também da oferta.
 Os principais mecanismos de comercialização são: mercado spot, mercado a
termo, mercado de futuros, mercado de opções, contratos de longo prazo e
integração vertical.

4.7 Atividades

1) Quais as principais características das empresas agroindustriais? Cite


algumas das principais mudanças que impactaram essas empresas ao longo
dos anos.
2) O que significa SAI? Qual a diferença deste para o complexo agroindustrial?
3) Explique com suas palavras o que é competitividade.

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4) É pela comercialização que se analisa se compensa permanecer no mercado
e se é necessário algum ajuste. Quais os aspectos devem ser levados em
consideração? Justifique.

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4.8 Referências

AZEVEDO, Paulo Furquim de. Comercialização de produtos agroindustriais. In:


BATALHA, Mário Otávio. (Org.) Gestão Agroindustrial. 3 ed. São Paulo: Atlas,
2007.

BATALHA, Mário Otávio; SILVA, Andrea Lago da. Gerenciamento de Sistemas


Agroindustriais: Definições e correntes metodológicas. In: BATALHA, Mário Otávio.
(Org.) Gestão Agroindustrial. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2007.

CALLADO, Antônio André Cunha; MORAES FILHO, Rodolfo Araújo de. Gestão
empresarial no agronegócio. In: CALLADO, Antônio André Cunha (Org.).
Agronegócio. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2011.

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