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RESPONSABILIDADE
SOCIAL
FACUMINAS
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Sumário
FACUMINAS ............................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4
STAKEHOLDERS ..................................................................................................... 26
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INTRODUÇÃO
Ética e responsabilidade social nas organizações – tem como
foco elucidar que a saúde de uma empresa depende muito de sua conduta, levando-
se em consideração que o mundo hoje (de negócios) está em constante
transformação, ou seja, as pesquisas mostram que as empresas buscam
constantemente se adequar ao cenário atual de acordo com o ambiente em que atuam
e estão cientes de que boa parte do seu patrimônio depende de uma boa imagem
reputacional aliada a boas práticas de responsabilidade social e a preocupação com
todos os envolvidos – os stakeholders – e como a empresa projeta sua imagem para
os mesmos.
Este estudo mostra que muitas empresas ainda caminham na contramão das práticas
da ética e responsabilidade social, porque ainda têm dificuldade de enxergar o futuro
e não possuem a visão sistêmica de que tal prática diz respeito à sua imagem e
reputação, além de corresponder ao seu patrimônio (conforme mostrado nesta
pesquisa, a imagem de uma empresa é responsável por 11% do valor total da
mesma).
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reinvente constantemente. O intuito também é elucidar que o papel da organização é
o de incentivar seus membros para o comportamento ético, servindo de exemplo para
outras organizações.
No que tange à preocupação com o meio ambiente, este estudo evidencia que as
empresas éticas respeitam o mesmo sem causar impacto negativo e afetar a
sociedade no ambiente em que atuam.
Responsabilidade Social e Ética têm tido presença cada vez mais frequente em
publicações acadêmicas e em literatura, principalmente, de negócios. Esses dois
temas, que costumam caminhar lado a lado, tomaram importância notadamente a
partir da década de 1970, do século passado, e têm se intensificado nestes quase 20
anos do século XXI.
Costuma-se falar, em termos populares, que quando alguma coisa começa a ser
muito debatida, ou ela assumiu, de fato, importância, ou ela não está devidamente
consolidada, ou, na pior das hipóteses, sequer é considerada. A frequência dos temas
na literatura assumiu contornos dramáticos, no último quarto do século XX,
principalmente em função de notícias e escândalos que começaram a surgir,
principalmente em países do chamado 1º mundo, em algumas organizações privadas,
bem como na política. Os exemplos mais significativos são: o escândalo da Lockheed,
empresa aeroespacial norte-americana, em 1977, envolvendo o governo americano,
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o governo da Alemanha, na época, ainda, Alemanha Ocidental, do Japão, da Arábia
Saudita, e a casa real da Holanda; sabotagem ao analgésico Tylenol, da Johnson &
Johnson, em 1982, que causou a morte de algumas pessoas por envenenamento; e
o caso Watergate, conduzindo o presidente americano, Richard Nixon, à renúncia de
seu mandato, em 1974. As grandes organizações, principalmente, iniciaram a
inclusão em suas práticas de códigos de ética, ou de conduta. Verdadeiros, honestos,
ou não, não viria muito ao caso agora.
O que vem ao caso, neste curso, é apresentar e discutir como os conceitos de ética
e responsabilidade social empresarial se vinculam às visões organizacionais e o que
teríamos de opções para as organizações, sejam elas privadas, públicas ou sociais.
O foco, então, será a aproximação dos participantes às várias visões organizacionais,
principalmente duas delas, dicotômicas, as clássicas e as sistêmicas, que nortearam
e norteiam a prática das organizações, especialmente aquelas dos setores
empresariais, comumente chamados de ―produtivos‖, no bojo do sistema capitalista,
internacional e nacional, e que estão preocupadas, ou ainda, tentando demonstrar
uma certa preocupação em sua atuação para as demandas sociais, e que não fazem,
teoricamente, parte de seus objetivos organizacionais. Trata-se, basicamente, de
avaliar, mas não esgotar, duas das principais estratégias no tratamento dessas
demandas sociais e assinalar uma adaptação de uma dessas estratégias aos
objetivos organizacionais, tanto do 1º quanto do 2º setor da economia, e que estão
sendo veiculadas hoje pela teoria de Michael Porter, da Filantropia Estratégica.
Vivemos em uma sociedade em que as linhas tênues dos valores morais são
constantemente questionados. Não sem razão, pois nossa cultura é ambígua e
contraditória. O hibridismo oriundo da relação Razão X Fé, herdado do pensamento
greco-romano e dos dogmas judaico-cristãos fizeram com que as várias maneiras de
pensar nossa sociedade criassem uma unidade, porém que nos remete a constantes
questionamentos. A ―mágica‖ da fé e do dogma se contrapõe o tempo todo à frieza
racionalista da ciência. O homem enquanto ser social, consciente ou inconsciente,
relaciona-se com a vida da sua época e de seus contemporâneos. As interações entre
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os indivíduos dessa sociedade sofrem o tempo todo uma reflexão sobre estas
mesmas relações.
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PRIMÓRDIOS DA DOUTRINA ÉTICA E
RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORA
Responsabilidade social não é um tema atual, pois grandes pensadores, como Marx,
Lock, Kant e outros, já mostravam preocupação com a questão social, mas nas
últimas décadas, por consequência da falta de iniciativa dos governos, as empresas
estão assumindo as práticas de responsabilidade social, ressalta Prisco Neto (2004),
tamanha é a importância em relação ao tema.
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Guimarães (2013) elucida que as décadas de 1960 e 70 foram sinalizadas por fortes
discussões sobre a ética empresarial no território alemão, com foco nas questões que
são de competência dos conselhos administrativos. ―Nas décadas de 1960 e 70 o
ensino da ética começou a ser inserido nas faculdades de administração e negócios,
principalmente nos Estados Unidos.‖ Guimarães informa que após a inserção do
ensino da ética nas faculdades de administração e negócios, se originou a: "[...]
reflexão batizada no termo Ética Empresarial.‖ Guimarães (2013, p. 23).
Assim sendo, essas questões são observadas pelos autores Queiroz e Ferreira et al.
(2006), que afirmam que nos Estados Unidos e Europa a Ética e responsabilidade
social nas corporações eram uma doutrina até o século XIX. Portanto, há uma
evolução recente da concepção de responsabilidade social corporativa. Concepção
esta que, segundo eles, nos últimos 30 anos é atacada e apoiada por muitos autores:
Recuperando as últimas décadas de estudos sobre ética e responsabilidade social
corporativa, observamos que, partindo de uma visão econômica clássica – tão
amplamente divulgada por Milton Friedman –, de que a empresa socialmente
responsável é aquela que está atenta para lidar com as expectativas de seus
stakeholders atuais e futuros, na visão mais radical de sociedade sustentável. A ordem
de mudança organizacional, em um continuum que se inicia com mudanças
conservadoras e finaliza com mudanças radicais, está diretamente relacionada ao
grau de amplitude de inclusão e de consideração pela empresa quanto a suas
relações com seus públicos. (QUEIROZ; FERREIRA et al. 2006, p. 47).
Kreitlon (2004) afirma que o surgimento da ética empresarial como campo de estudos
está intimamente ligado à evolução do sistema econômico, assim como as mudanças
por que passaram as sociedades industriais no último século.
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empresa, em um sistema de mercado livre, é a maximização dos seus lucros, e assim
se presume que ela maximiza sua contribuição para a sociedade. Segundo esta ideia,
os lucros de uma empresa, que opera dentro de uma estrutura legal de uma
comunidade, poderão produzir resultados que contribuirão para o desempenho social
dessa sociedade. (AZEVEDO; CRUZ, 2006, p. 5).
Sertek (2006, p. 245) afirma que um dos grandes problemas da atualidade é que há
uma dificuldade em perceber que a ética ―[...] não é só qualidade ou excelência no
fazer, mas a busca de atingir a qualidade no agir [...]‖ e que tanto atitudes éticas como
antiéticas podem ―[...] aperfeiçoar a pessoa ou corrompê-la dependendo da sua
positividade ou negatividade ética.‖ E em relação às ações antiéticas que geram lucro
em curto prazo o autor conclui: Pode-se aplicar o conceito de qualidade no fazer e
no agir em qualquer âmbito da vida e também no das decisões empresariais. Uma
ação pode atender perfeitamente os lucros da empresa, mas, no agir, pode ser uma
fraude como, por exemplo, quando se promove uma boa estratégia de marketing,
contudo pode ser uma propaganda falsa.
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ADEQUAÇÃO AO CENÁRIO ATUAL E AMBIENTE DE
ATUAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES
Muitas empresas ainda têm dificuldade de enxergar o futuro porque não conseguem
enxergar o presente, entender o cenário atual e o que os consumidores desejam. As
empresas precisam constantemente se reinventar, otimizando recursos, buscando
melhores oportunidades de resultados, conforme observa Sertek (2006, p. 55): "Todos
os processos de mudança exigem uma forte coalização de pessoas em torno das
metas e dos objetivos [...]‖ e enfatiza: Atualmente, as empresas, para se adaptarem
ao ambiente comercial exigente e dinâmico, têm de desenvolver novos produtos mais
competitivos e lançá-los com mais rapidez no mercado. A inovação constitui um
diferencial competitivo para elas, pois de outra forma são penalizadas com o possível
fracasso de suas atividades. A necessidade de inovação gera um desenvolvimento
social organizacional focalizado nas demandas de mercado e busca, em
consequência, a produção e o consumo de novos produtos de forma exacerbada em
que os critérios éticos de desenvolvimento sustentável e responsabilidade social
quase não entram em jogo ou, se entram, não transformam o núcleo essencial da
atividade da organização, que é a de criar riqueza compatível com o bem comum da
sociedade. (SERTEK, 2006, p. 44).
Para Sertek (2006), a organização tem por finalidade e princípio ser um elo entre as
pessoas da sociedade para estas adquiram bens materiais e culturais, porém a
organização tem um importante papel em promover a harmonia por meio dos
princípios e valores éticos: As organizações nascem com a finalidade de facilitar que
uma parcela enorme de pessoas da sociedade consigam adquirir os bens materiais e
culturais que não teriam possibilidade de obter por ação puramente pessoal. Como o
ser humano é um ser social por natureza, e o seu aperfeiçoamento passa pela
convivência e pela prática pessoal e coletiva das virtudes da justiça e da solidariedade,
é necessário solidificar as organizações na sua função de promotoras da coesão
social, por meio dos princípios e dos valores éticos. Nada mais razoável que elas,
como pequenas células do tecido social, sejam a matriz ou o suporte de uma ação
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promotora/integradora dos fatores de desenvolvimento social eticamente
responsáveis. (SERTEK, 2006, p. 45).
Morgan (1996) afirma que as organizações são reconhecidas e vistas como sistemas
abertos, e isto é de suma importância para todos os envolvidos, pois enfatiza as
necessidades de um ambiente favorável para todos a fim de garantir várias formas de
sobrevivência. É um ideal voltado para o ―enfoque sistêmico‖ da organização, ou
seja, uma visão ampla do todo, com suas necessidades e obrigações para com os
envolvidos.
A partir daí o autor faz uma alusão às organizações como organismos que estão
―abertos‖ ao ambiente em que se encontram, e as mesmas devem se relacionar
apropriadamente com esse ambiente como questão de sobrevivência. O autor ressalta
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que: ―[...] há uma ênfase sobre o ambiente dentro do qual a organização existe [...]‖
e afirma que: ―[...] os teóricos da administração clássica deram relativamente pouca
atenção ao ambiente [...]‖. Conforme conclui o autor, os referidos ―teóricos da
administração‖ se atentaram ao planejamento interno e não à visão dos sistemas
abertos: ―A visão dos sistemas abertos modificou tudo isto, sugerindo que se deveria
sempre efetuar o processo de organização tendo-se em mente o ambiente.‖
(MORGAN, 1996, p. 49). E a partir daí conclui-se que a visão dos sistemas abertos
evidencia a preocupação que o autor chama de ―interações organizacionais diretas‖
com clientes, concorrentes, fornecedores, sindicatos e agências governamentais. O
autor chama atenção para o fato de que o interesse comum da estratégia de uma
organização tem que coexistir com a ―[...] percepção de que as organizações devem
ser sensíveis ao que ocorre no mundo que as rodeia.‖ (Ibidem, p. 49).
As autoras Azevedo e Cruz (2006, p. 3), cita a definição de outros autores sobre
sistema aberto: Para Nakagawa (1999 apud l, BITENCOURT; BRITO 1999), a
empresa é um complexo sistema social, e, sob uma perspectiva sistêmica, propõe que
ela pode ser mais bem definida enunciando-se uma série de proposições gerais, em
vez de tentar uma única e global definição:
A empresa deve ser concebida como um sistema aberto, o que significa que ela
se encontra em constante interação com todos os seus ambientes, absorvendo
matérias-primas, recursos humanos, energia e informações, transformando-os
em produtos e serviços, que são exportados para esses ambientes.
(AZEVEDO; CRUZ, 2006, p. 3).
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obrigação de considerar não somente o próprio bem-estar pessoal, mas também o
das outras pessoas." (Ibidem, p. 44). Visto que o autor afirma que a ética tem forte
influência no mundo dos negócios no que diz respeito à tomada de decisões que
estabelecem os valores que abalam diretamente os vários grupos de parceiros e para
definir como os líderes podem se valer desses valores no dia a dia da administração
da organização. Ou seja, a ética nas organizações estimula as ações socialmente
responsáveis da organização por meio de seus parceiros e dirigentes.
Hunter (2006, p. 112) comenta que, mesmo com relatos sobre a importância do
reconhecimento profissional, grande parte dos responsáveis pela organização ainda
se recusam a dar a devida importância para o mesmo e conclui: ―Pelo visto, conceder
uma bonificação ou dar uma bronca é infinitamente mais fácil do que fazer um elogio
construtivo específico ou mesmo promover elogios públicos.‖ E numa percepção de
progresso em relação ao incentivo profissional, o autor relata: Até pouco tempo era
alvo de chacota o tipo de reunião vibrante, de reconhecimento e elevação do moral
feita por empresas servidoras como Mary Kay e Wal-Mart.
Hoje em dia parece que ninguém mais está rindo. (HUNTER 2006, p. 112).
Com isso, porém, não se pretende eleger uma ou mais éticas capazes de satisfazer
um conjunto numeroso de tipos de sociedades, de empresas e de empregados –
nesse sentido, por exemplo, seria um tanto precipitado preferir necessariamente o
lucrativismo ao humanismo, ou outro preceito. A discussão vai muito mais além e
exige uma análise mais séria das empresas ao averiguar em que tipo de sociedade
está se posicionando, com que tipo de funcionários está lidando, que expectativas
está alimentando e gerenciando; o alerta é redobrado para corporações globais que
almejam repetir suas práticas nos quatro cantos da Terra. Se deve haver um
movimento de renovação ética nas empresas, ele passa ao largo da assepsia – na
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verdade, ele é mais afeito a um deixar-se contaminar pelo que invariavelmente não
poderá controlar. (GERMANO, 2003, p. 56).
Chiavenato (2005), identifica que shareholders (os acionistas) são aqueles que
compartilham a propriedade da sociedade, ou seja, osque visam a obtenção do lucro
se a empresa tem sucesso no mercado. Trata-se de uma visão antiga e restrita.
Em 1963 começou-se a falar de stakeholder, termo este que Chiavenato (2005) define
como vários parceiros que contribuem para a organização, e que para alcançar
sucesso as organizações precisam da contribuição desses parceiros; porém, nem
todos têm atuação direta e interna na organização, como por exemplo os acionistas,
fornecedores e clientes. Atualmente, a organização tem que produzir lucro para o
trabalhador, fornecedor e todos os envolvidos com a empresa numa relação de
reciprocidade que é uma troca de incentivos e contribuições. Assim sendo, a origem
do termo stakeholder surgiu: Segundo a pesquisa de Edward Freeman, o surgimento
do termo ocorreu no Instituto de Pesquisa de Stanford (SRI), onde a palavra
stakeholder foi usada em um memorando interno, em 1963. Conforme Slinger (1999),
esse memorando foi escrito por Marion Doscher, em discussões do Serviço de
Planejamento de Longo Prazo do Instituto de
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Há uma preocupação de como a empresa projeta sua imagem para os stakeholders,
conforme afirma Torres (2013). No que tange à preocupação com a imagem e
reputação da empresa, o resultado depende da sua conduta em relação à
responsabilidade social. ―Falar de responsabilidade social da empresa exige,
necessariamente, promover ações a favor da sua continuidade histórica e de
melhorias da qualidade de vida em seu entorno social.‖, conclui Sertek (2006, p. 44)
e comenta que para o desenvolvimento social é imprescindível a adaptação em
relação as mudanças do ambiente, para planejar soluções para os mais diversos tipos
de problemas.
O autor afirma que: ―O valor da marca e sua associação com uma empresa
socialmente responsável é importante.‖ (Ibidem, p. 3) e especifica aquelas que
desempenham um papel em setores de maior impacto, como mineração e tabaco, e
conclui: ―Para a empresa, isso pode evitar desconfiança e descrédito nos novos
locais onde atuará, facilitando sua atuação com governos e comunidades‖. (Ibidem,
p. 3).
Em contrapartida, Sertek (2006, p. 246) chama a atenção para o termo ―ética das
aparências‖, que segundo o autor: ―Atualmente, uma consequência de postura se
plasma na cultura de ‗maquiagem‘ de bens e serviços, que procura uma qualidade
aparente nas atitudes e nos produtos, a fim de atingir resultados imediatos.‖. Ou seja,
as empresas têm o hábito de maquiar os produtos para que o mesmo tenha apenas
um aspecto atrativo e não qualidade. O autor comenta que se o intuito é obter
melhorias na empresa, é vantajoso ―[...] cultivar virtudes e ajudar os outros a praticá-
las. Ninguém gosta de ser avaliado como parcial, porque quer ser imparcial nas
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relações com as pessoas [...]‖ (Ibidem, p. 246), e conclui que os executivos estão
propensos ao oportunismo, ressaltando que o primeiro passo é tomar consciência de
suas imperfeições e se proporem a prática da qualidade e respeitabilidade, ações
estas que segundo o autor: ―fluirão no sentido da melhoria de qualidade no
relacionamento.‖ (Ibidem, p. 247).
Sertek (2006) cita um artigo de jornal do escritor Peter Nadas no qual este comenta
em conversas com amigos a expressão "ética empresarial" e acende a discussão de
que a ética e a qualidade nas organizações são deixadas de lado pelo
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preços secretos, concorrências públicas fajutas, propaganda enganosa etc. com
atitudes antiéticas. Eis o referido artigo e conclusão: Todas as vezes que, em
conversas com amigos, menciono a expressão ética empresarial, os sorrisos irônicos
aparecem imediatamente nos lábios: Será que existe isso? – perguntam-me eles.
Existe aí uma contradição, acrescentam geralmente. O mundo da empresa é voltado
para os lucros, o que vale é o resultado final, tudo se justifica em função deste fim.
Logo, onde o fim justifica os meios, não se pode falar em ética. Os oligopólios, os
acordos de preços secretos, as concorrências públicas fajutas, a corrupção ativa e
passiva, os conflitos de interesse, a propaganda enganosa, a inobservância das leis,
a poluição, a sonegação... [...] onde está a ética? Pobre amigo, tira o cavalinho da
chuva! Ética e empresa simplesmente não podem conviver!. (SERTEK, 2006, p. 243).
Em relação ao artigo citado de Peter Nadas, o autor comenta que é cômodo adotar
uma postura antiética, já que a mesma visa resultados em curto prazo e,
consequentemente, a busca desenfreada pelo lucro, e conclui que tais práticas ―[...]
produzem um acomodamento das pessoas e das instituições no estágio já atingido,
da mesma forma que estimulam a incompetência profissional e favorecem a falta de
talento.‖ (Sertek, 2006, p. 244).
Godin (2013, p. 67) cita o exemplo do ―Pink Slime‖, uma espécie de aditivo
misturado à carne moída encontrado nos supermercados dos Estados Unidos que
contém ―aparas de carne magra sem osso‖, segundo o autor: ―[...] a invenção
parecia uma jogada óbvia do sistema de produção de carne industrializada [...]‖
(Ibidem, p. 67), ou seja, com pedaço de gordura e restos de sobras após o abate da
vaca, com o intuito de reduzir o custo para o consumidor. O autor comenta que este
―[...] foi apenas um dos recentes avanços na industrialização dos alimentos [...]‖
(Ibidem, p. 67), e informa que em relação ao referido produto, os consumidores
reportaram que não vale a pena economizar em vista da má qualidade do produto e
como o mesmo era produzido. A partir daí se conclui que os consumidores prezam
pela qualidade e procedência do produto e não especificamente pelo preço. Em
relação a tais manobras da indústria somente para reduzir custo, o autor comenta: A
Indústria sempre foi aplaudida na corrida para alcançar mais eficiência, mais
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escalabilidade e mais velocidade. Mas, na verdade, as questões econômicas e éticas
dessa inovação industrial não compensam. Não há mais o que agilizar nem baratear
na produção de alimentos industrializados, e desumanizar tudo o que tocamos tem
um custo. (GODIN, 2013, p. 67).
Para Santos (2011) é importante que a organização busque um equilíbrio nas suas
propostas de inovação. O autor ressalta a necessidade de um modelo de liderança
com ações éticas e o constante acompanhamento de mudanças, analisando se
realmente as ações estratégicas irão afetar os trabalhadores, a cultura, a motivação,
o clima e consequentemente os stakeholders, pois a maioria das organizações tem
dificuldade de enxergar o futuro porque não conseguem enxergar o presente, o
mercado, e entender os diferentes cenários e o que os consumidores desejam.
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A responsabilidade social faz com que as empresas tenham que mudar sua conduta
e há pressões para essas mudanças, de acordo com as grandes transformações
econômicas, políticas e sociais. As pessoas têm acesso à informação. E tem a
questão da justiça, ou seja, nenhuma empresa quer hoje estar exposta a problemas
judiciais. Esses canais acabam pressionando as empresas a terem condutas
diferentes e a sociedade civil exerce uma pressão grande para a mudança de
comportamento, o faz com que as empresas fiquem atentas para isso, conforme
comenta Oliveira (2013): Por que esse interesse em RSC ultimamente? Isso está
relacionado possivelmente com as mudanças nas últimas décadas. Temos visto
grandes transformações nos contextos econômico, político e social em que atuam as
organizações. Essas mudanças influenciam o comportamento das empresas e da
sociedade diante da questão de RSC. No contexto econômico, a RSC surge como um
diferencial competitivo entre as empresas e que pode aumentar seu potencial
econômico (OLIVEIRA, 2013, p. 6).
Em relação ao código de ética, Chiavenato (2005) afirma que para orientar e guiar a
conduta de seus parceiros, muitas organizações têm o seu próprio código de ética,
que é uma declaração formal com o intuito de funcionar como um guia para a tomada
de decisões para a conduta interna da mesma: Todavia, duas coisas devem acontecer
para que o código de ética encoraje decisões e comportamentos éticos das pessoas.
Primeiro, as companhias devem comunicar o seu código de ética a todos os parceiros,
isto é, às pessoas dentro e fora da organização. Segundo, as companhias devem
cobrar continuamente comportamentos éticos de seus parceiros seja por meio do
respeito aos seus valores básicos, seja por meio de práticas específicas de negócios.
(CHIAVENATO, 2005, p. 45).
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2. Desenvolvimento moral: decisões éticas que resultam da condição de
desenvolvimento moral obtido pela organização ou pessoa;
Esses três fatores são: ―[...] indispensáveis para a compreensão da conduta ética
nas organizações [...]‖ (Ibidem, p. 45), conclui o autor e comenta que tais decisões
éticas não são uma prática comum de todos, ou seja, nem todos se utilizam da mesma.
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ÉTICA EMPRESARIAL
Atenta às contínuas mudanças no panorama social e político, a economia através das
corporações, há décadas, vem sendo palco de diversas experimentações em seu
modelo de gestão e aplicações de instrumentos estratégicos. Depois de reengenharia,
programas de qualidade, down-sizings e outras ferramentas menos conhecidas, o
mundo empresarial se dá conta de que não há modelo pronto e que qualquer modelo
que venha a adotar não deve ser permanente. Afinal, é essa a grande lição da nossa
atual ―sociedade da comunicação‖: tudo muda a todo instante (Orem, 1999). Como
conseqüência natural da evolução da empresa, num mundo onde a comunicação é
valor e os efeitos da globalização pesam sobre a administração, ao mesmo tempo que
a impulsionam para a transformação sistemática, surge a responsabilidade social
empresarial como novo fator de desenvolvimento corporativo. De acordo com Orem
(1999): Sem querer substituir o papel que é do Governo, no sentido de estabelecer
políticas públicas e ações que assegurem ao cidadão o acesso aos seus direitos
básicos, o mundo empresarial parece estar concluindo que não é possível ter sucesso
numa sociedade que não compartilhe das mesmas perspectivas e que, portanto,
investir na sociedade é mais efetivo do que fazer caridade.
Segundo Srour (2000:51), Max Weber ensina que há pelo menos duas vertentes
éticas, as quais teorizariam sobre as condutas morais:
A ética da convicção, entendida como deontologia (tratado dos deveres);
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Escreve Weber (1959:172, apud Srour, 2000): (…) toda atividade orientada pela ética
pode subordinar-se a duas máximas totalmente diferentes e irredutivelmente opostas.
Ela pode orientar-se pela ética da responsabilidade (verantwortungsethisch) ou pela
ética da convicção (gesinnungsethisch). Isso não quer dizer que a ética da convicção
seja idêntica à ausência de responsabilidade e a ética da responsabilidade à ausência
de convicção. Não se trata evidentemente disso. Todavia, há uma oposição abissal
entre a atitude de quem age segundo as máximas da ética da convicção — em
linguagem religiosa, diremos: ―O cristão faz seu dever e no que diz respeito ao
resultado da ação remete-se a Deus‖ — e a atitude de quem age segundo a ética da
responsabilidade que diz: ―Devemos responder pelas conseqüências previsíveis de
nossos atos‖.
24
RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL
(Martinelli, 2000).
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Porém, a responsabilidade social empresarial pode adquirir um outro conceito,
no qual a atividade pré-lucro se faz sentir na sua rede de relacionamentos, haja vista
que as corporações cumprem suas responsabilidades sociais e morais antes de
tentarem maximizar seus lucros, sendo, portanto, um meio eficiente e efetivo de
controle social e uma base para a confiança nas relações humanas e organizacionais
(Ashley, 2000).
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promover o desenvolvimento social, passou a ser acompanhado já na década de 70,
com a construção de ferramentas teóricas que pudessem ser testadas e aplicadas no
meio empresarial. As perguntas passaram a ser sobre como e em que medida a
corporação pode responder às suas obrigações sociais, essas já sendo consideradas
como um dever da corporação (Frederick, 1994:150, apud Ashley, 2000).
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STAKEHOLDERS
Percebemos, então, que a empresa através de suas ações forma uma rede de
relações. Não faz muito tempo que os líderes empresariais optaram pela
descentralização do foco destas relações complexas, o que ganhou em importância a
diversidade dos indivíduos ou grupos que afetam ou são afetados em algum momento
pelas ações de fatos gerados pela corporação. Sendo assim, para Ashley (2000), as
relações de troca passam a se tornar o foco de reflexão, considerando-se que as
trocas não se dão nunca exclusivamente em aspectos econômicos, mas incluem
relações de confiança, idéias e normas éticas. Surge assim o conceito de stakeholders
que segundo Kang (1995, apud Ashley, 2000) seriam sujeitos de uma rede de
relacionamentos da empresa e com a empresa. Podemos, então, por exemplo, ter
como stakeholders de uma empresa seus colaboradores internos; os funcionários,
seus clientes, seus fornecedores, os sócios ou acionistas, a comunidade ao redor da
corporação, o governo e a sociedade e o meio ambiente.
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Aferição do grau de satisfação dos colaboradores internos e o tipo de relação
de trabalho e processos de trabalho que desenvolvem.
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CIDADANIA EMPRESARIAL
A palavra ―cidadania‖ é derivada de cidadão, que vem do latim civitas.
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Se empresa-cidadã é aquela que não foge aos compromissos de trabalhar para
a melhoria da qualidade de vida de toda a sociedade, logo o conceito de cidadania
empresarial encampa a noção de co-responsabilidade da empresa pelos problemas
da sociedade.
capital;
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adaptações, os mesmos recursos aplicados em seu negócio, em prol da
transformação da sociedade e do desenvolvimento do bem comum.
Nos últimos anos tem-se colocado como pauta de discussão o politicamente correto,
a ética, a cidadania, as relações da sociedade com o meio ambiente e a
responsabilidade das ações do homem na atualidade em relação ao futuro da
humanidade. A bem dizer, no geral, temos visto a extrapolação do campo da
discussão para o campo da ação, a qual tem se verificado nos mais variados
segmentos da sociedade. Segundo Cordeiro (2000): A insuficiência dos governos na
resolução de vários dos problemas em nossa sociedade, os olhos fechados, de uma
parte do meio empresarial e a grave situação social do país são alguns dos fatores
que contribuíram para a articulação da sociedade no sentido de ampliar e valorizar
ações ligadas a estes temas.
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Um dos sintomas de que essas ações já se fazem presentes e que indivíduos e
organizações estão conscientes dessas transformações, é que nunca as empresas
gastaram tanto em educação, treinamento e desenvolvimento como hoje (Barros,
2000).
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
34
ETHOS, Instituto, Concurso Nacional para Estudantes Universitários sobre
Responsabilidade Social Empresarial database disponível on line http://
www.ethos.org.br/.
2020.
35
MELO NETO, F. P. e FROES C. Responsabilidade Social e Cidadania Empresarial: a
administração do terceiro setor. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999.
MESQUIATI, L.F. Estudo da emancipação da ética nas empresas: uma análise dos
fatores determinantes do desenvolvimento ético. Dissertação. (Apresentada como
requisito final para obtenção do grau de doutor em administração), São Paulo,
FGV/EAESP, 2001.
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