Você está na página 1de 43

LEGISLAÇÃO E NORMAS COMPLEMENTARES À

ERGONOMIA

1
NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários,


em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo
serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

1
Sumário
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 3

2. TIPOS DE ERGONOMIA ............................................................................................. 5

2.1 Ergonomia Física ............................................................................................... 6


2.2 Ergonomia Cognitiva ........................................................................................ 14
2.3 Ergonomia Organizacional ............................................................................... 20
3. A ERGONOMIA E A EDUCAÇÃO FÍSICA ................................................................ 25

3.1 Importância da Ergonomia para a Educação Física ......................................... 26


3.2 Benefícios de Aplicar a Ergonomia na Educação Física para o seu Aluno ...... 27
3.3 Trabalhando a ergonomia em busca do aumento da produtividade ................ 28
3.4 Tipos de ergonomia que podem ser trabalhados pelo educador físico ............ 28
3.5 Campo de Atuação da Ergonomia ................................................................... 29
3.6 Aspectos Biomecânicos e a Ergonomia ........................................................... 30
3.7 Aspectos Fisiológicos e a Ergonomia .............................................................. 31
3.8 Papel do Educador Físico no Aumento da Produtividade Diária do seu Aluno 32
3.9 Educação Física e a Ergonomia para Atletas de Alto Rendimento .................. 33
3.10 Como Alcançar mais Resultados com o seu Aluno Através da Ergonomia ... 33
3.11 Lesões por Esforço Repetitivo: Como a Ergonomia pode Ajudar o seu Aluno
............................................................................................................................... 34
3.12 Como Funciona a Norma Regulamentadora nº 17 Sobre a Ergonomia ......... 34
4. MELHORA DO AMBIENTE DE TRABALHO COM A ERGONOMIA ......................... 36

5. AÇÃO ERGONÔMICA............................................................................................... 37

6. REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 41

2
1. INTRODUÇÃO

A palavra "Ergonomia" vem de duas palavras Gregas: "ergon" que significa


trabalho, e "nomos" que significa leis. Conhecida comumente como estudo científico
da relação entre o homem e seus ambientes de trabalho, a ergonomia tem alguns
objetivos básicos que são: possibilitar o conforto ao indivíduo e proporcionar a
prevenção de acidentes e do aparecimento de patologias específicas para
determinado tipo de trabalho. São constantes os estudos feitos a respeito da relação
do homem com o ambiente de trabalho, o conforto ou mesmo horas de descanso.
Ambos são de grande importância, mas, poucas pessoas prestam atenção nestes
detalhes. A ergonomia vem justamente estudar estas medidas de conforto, a fim de
produzir um melhor rendimento no trabalho, prevenir acidentes e proporcionar uma
maior satisfação do trabalhador.

A ergonomia é a ciência que estuda as adaptações do posto de trabalho em um


contexto específico, para que os aspectos que dificultam o desenvolvimento do
trabalho possam ser observados afim de buscar uma solução coerente para melhorar
a qualidade de vida e da atividade laboral a ser desenvolvida pelo indivíduo. O
principal foco da ergonomia é trazer, de maneira eficaz, técnicas adaptativas para
facilitar as atividades diárias dos trabalhadores, trazendo maior qualidade de vida,
buscando prevenir patologias que podem surgir por esforço repetitivo, melhorando o
rendimento dos colaboradores junto às empresas, desenvolvendo ações que trarão
benefícios para a empresa e seus colaboradores.

A ergonomia deve ser aplicada nos postos de trabalho conforme a atividade


desenvolvida, a partir de informações trazidas pelo colaborador, como por exemplo:
tempo diário de atividade no posto de trabalho, altura, peso, posicionamento adotado
para realização do trabalho e queixas relacionadas ao desconforto no posicionamento
adotado. O profissional que analisará o posto de trabalho deverá se preocupar, além
das informações já citadas, com informações como: dimensões do posto de trabalho,
sugestão para a melhora do posto e na rotina dos colaboradores, além de trazer um
embasamento cientifico para que a empresa compreenda os motivos para que as
mudanças sejam realizadas. Dessa forma, as atividades serão realizadas com mais
qualidade e consequentemente os benefícios serão favoráveis para ambas as partes,

3
trazendo mais saúde para os colaboradores, menor índice de faltas para a empresa,
diminuição no risco de lesões, redução de acidentes de trabalho e maior
aproveitamento para a empresa.

A ergonomia é normatizada através das NR’s (normas regulamentadoras), onde


o técnico em segurança do trabalho e o fisioterapeuta trabalham juntos, buscando
informações que possam ser importantes para a melhora na saúde de funcionários
nas mais diversas áreas. Para que essas normas sejam colocadas em prática,
existem muitas avaliações que facilitam a identificação de irregularidades nos postos
de trabalho, afim de complementar as informações anteriormente coletadas e
estudadas.

Apesar de se buscar muito pela realização de estudos sobre a ergonomia como


ciência, necessita-se que as empresas entendam a importância da aplicação da
mesma, para que assim ocorra a conscientização dos colaboradores para entender a
importância de manter os cuidados em suas atividades diárias. Existem muitos
exemplos de empresas em que seus colaboradores se queixam de dores e
desconfortos que sentem diariamente devido à má postura; contudo, a maioria dessas
empresas não se preocupam em questioná-los e realizar mudanças para que o posto
de trabalho seja modificado afim de promover maior qualidade de execução do
trabalho; sendo assim, o resultado é a diminuição na qualidade de produção,
diminuição na frequência de trabalho dos colaboradores e, consequentemente,
ambos saem perdendo.

Por isso, é importante que as empresas se preocupem em demonstrar interesse


na boa saúde de seus colaboradores, estimular a prática de atividades físicas, estudar
possíveis modificações para melhorar as condições de trabalho, ofereça atendimento
médico e fisioterapêutico de qualidade para os colaboradores, ofertar atividades
como ginástica laboral e momentos de descontração e relaxamento no próprio
ambiente de trabalho, estimular a utilização correta de EPI’s, assim como outras
medidas que podem ser tomadas em prol do bem estar comum.

4
2. TIPOS DE ERGONOMIA

A definição hoje internacionalmente chama a atenção para três aspectos: o tipo


de conhecimento e suas inter-relações, o foco nas mudanças e os critérios da ação
ergonômica. A consideração destes aspectos configura contemporaneamente a
Ergonomia como uma disciplina de síntese entre vários aspectos do conhecimento
sobre as pessoas, a tecnologia e a organização. Numa boa ergonomia a
antropometria física (as dimensões estáticas e dinâmicas do corpo), a fisiologia do
trabalho (o funcionamento de nossos sistemas fisiológicos em diversos regimes), a
psicologia experimental (a percepção de sinais, a discriminação de indícios, a
leiturabilidade de instrumentação) a higiene e a toxicologia (os riscos envolvidos nas
atividades) contribuem com a adequação da tecnologia e da organização do trabalho
aos trabalhadores reais.

Para uma ordenação desse campo é empregado uma classificação destes


conteúdos, sugerida pela International Ergonomics Association (IEA): ergonomia
física, cognitiva e organizacional. Para simplificar essa divisão subdividiu a ergonomia

5
física em ergonomia do posto e ergonomia ambiental, formando assim uma divisão
de conteúdos. Esta classificação tem apenas finalidades didáticas para compreensão
de conceitos. Uma realidade de trabalho é um sistema complexo onde cada um dos
aspectos intervêm a seu modo porém de forma interdependente ou sistêmica.

Assim sendo, podemos formar uma base de conhecimento em ergonomia


através dos constituintes físicos, cognitivos e organizacionais, mas sem esperar que
cada um destes elementos influa de forma isolada e comportada na realidade
complexa do trabalho.

2.1 Ergonomia Física


Por ergonomia física se entende o foco da ergonomia sobre os aspectos físicos
de uma situação de trabalho. E eles são inegavelmente reais: trabalhar engaja o corpo
do trabalhador exigindo-os de várias formas ao longo da jornada de trabalho. A
ergonomia física busca adequar estas exigências aos limites e capacidades do corpo,
através do projeto de interfaces adequadas para o relacionamento físico homem-
máquina: as interfaces de informação (displays) as interfaces de acionamentos
(controles). Para tanto são necessários diversos conhecimentos sobre o corpo e o
ambiente físico onde a atividade se desenvolve.

6
A ergonomia física é entendida como a relação entre as atividades
desempenhadas pelos profissionais no ambiente de trabalho e as características
anatômicas da pessoa: sua fisiologia, antropometria e biomecânica. Neste estudo,
são realizadas avaliações antropométricas (que medem as medidas do corpo
humano) com o objetivo de conhecer o biotipo dos colaboradores e, a partir disso,
dimensionar os equipamentos, máquinas e ferramentas. São analisadas também uma
série de questões para manter o melhor desempenho e saúde das pessoas na
realização das suas tarefas diárias. Entre elas: a postura dos profissionais ao
executarem as suas tarefas, a forma como os equipamentos são manuseados, se
durante as atividades são feitos movimentos repetitivos, a fim de promover maior
segurança no dia a dia do trabalhador.
E é a partir disso que se torna possível escolher os melhores móveis e utensílios
ergonômicos, que ajudam as empresas a manter a saúde e o bem-estar dos
trabalhadores. A nossa dica é que você consulte a Norma Regulamentadora (NR-17)
e confira quais são as exigências ergonômicas quando se vai compor o espaço físico
de trabalho para, assim, proporcionar um máximo de conforto, segurança e
desempenho eficiente.

7
Caracterização

Numa primeira simplificação, considera-se que o corpo tem um sistema


musculoesquelético movimentado por uma central energética. O sistema esquelético
confere ao corpo suas dimensões antropométricas: estatura, comprimento dos
membros, capacidades de movimentação limitadas, alcances mínimos e máximos.
Por óbvio que possa parecer, um dos aspectos mais importantes da Ergonomia é que
o posto de trabalho, seus utensílios e elementos estejam de acordo com as
dimensões do ocupante do posto de trabalho. Desta forma, o capitulo da
antropometria como disciplina é fundamental da ergonomia.

A inadequação antropométrica produz o desequilíbrio postural estático, fator


causal das LER/DORT, mas igualmente a de lombalgias, ciáticas e outros problemas
fisiátricos. Para que o sistema esquelético se movimente e se mantenha em
determinadas posições, a ele está acoplado o sistema muscular que pode ser
primariamente assimilado a um conjunto de cabos extensores em oposição. O
sistema muscular tem a propriedade de poder se contrair e inversamente se distender
e essa propriedade requer consumo de energia, provida ao corpo pelo metabolismo,
que é a maravilha da natureza que transforma alimento e ar em energia no interior do
organismo.

A atividade de trabalho deve estar adequada às possibilidades musculares e do


metabolismo humano e nisto consiste o segundo capítulo da ergonomia física, a saber
a fisiologia do trabalho. Retomando um exemplo já citado, o desconhecimento da
fisiologia produziu problemas para os aviadores, mas o mesmo se deu com mineiros,
empregados em linhas de montagem e mais recentemente no pessoal de escritório.

8
As inadequações fisiológicas agravam e ampliam os problemas de inadequação
antropométrica já aludidos. Finalmente este organismo musculoesquelético e dotado
de um sistema de transformação de energia, um metabolismo interage com o
ambiente em que se encontra realizando uma homeostase, suando no caso de
temperaturas elevadas, sentindo odores e sabores, sendo facilitado ou dificultado
nessa integração ao locus da atividade pelas qualidades acústicas e lumínicas deste
ambiente. Estabelece-se um domínio de conhecimentos de ergonomia ambiental,
também podendo ser chamado de ecologia humana. Trata-se de um grande capítulo
da ergonomia e que responde pela maior parte dos trabalhos e livros até hoje
publicados. Exatamente por isso é uma tarefa quase impossível sintetizar este campo.
Neste sentido a opção é de, neste momento, ilustrar o campo com o esquema global
proposto por Grandjean (1977).

O “ caldeirão” da fadiga de Grandjean

Os temas mais frequentemente estudados pela ergonomia física têm sido:

 Posturas desfavoráveis  Transporte de cargas.


 Força excessiva demandada
 Movimentos repetitivos
Utilidade

A utilidade da ergonomia física está na contribuição decisiva que fornece a


muitos problemas verificados nos sistemas de trabalho. No campo dos postos de
trabalho, problemas antropométricos e posturais efetivamente se verificam numa
grande quantidade sejam eles industriais, agrícolas ou de serviços. Nos dois primeiros

9
a atividade é em geral agravada pelo fato das tarefas comportarem igualmente uma
importante parcela de manuseio de materiais.

As contribuições da ergonomia física, nesse aspecto, têm sido muito grande,


tanto que o Governo dos EUA acaba de promulgar um vasto programa de ação
ergonômica a nível governamental, com uma série de incentivos para as empresas
que adotarem programas de ergonomia com uma forte conotação neste campo da
ergonomia física. No campo ambiental, aqui significando o meio-ambiente de
trabalho, a ergonomia tem igualmente grandes contribuições para o agenciamento
adequado desses ambientes. A mais importante delas está em que ao se colocar as
mudanças necessárias a partir de seu ponto de vista-se o da atividade - e com sua
orientação tecnológica - adequação das interfaces, pode prevenir problemas
decorrentes das mudanças apenas parciais e por isso mesmo seus efeitos se situam
entre insuficientes e inócuos.

É a relação entre as atividades desempenhadas e as características anatômicas


do homem. Neste campo, os seguintes elementos são avaliados:

 A postura durante o trabalho;


 O manuseio dos materiais;
 A presença de movimentos repetitivos;
 Os possíveis distúrbios musculoesqueléticos que podem surgir com a atividade;
 A projeção das estações de trabalho;
 A segurança e saúde do funcionário ao desempenhar a função.
Essa área da ergonomia tem o objetivo de analisar as medidas do corpo para,
por fim, dimensionar os equipamentos, máquinas e ferramentas de trabalho de acordo
com a anatomia humana. Assim, os equipamentos utilizados pelos trabalhadores são
adequados às suas capacidades fisiológicas e psicológicas.

Como exemplo, pode-se citar um móvel utilizado por centenas de milhares de


trabalhadores ao redor do mundo: a cadeira de escritório. Para que o funcionário
possa manter a postura adequada e evitar lesões ou problemas de saúde posteriores,
é preciso que a cadeira seja adaptada para sua altura, peso, atividade desempenhada
e outros fatores. Este é o papel da ergonomia física: avaliar e orientar corretamente
à saúde do colaborador.

10
Praticidade

No campo dos postos de trabalho, as especificações da Ergonomia física se


orientam para modificações do contexto físico do trabalho que evitem a produção de
esforços excessivos ou inadequados como os movimentos repetitivos. Essas
especificações colocam como exigência, em geral, reconfigurações do posto de
trabalho que irão implicar em mudanças na tecnologia física que muitas vezes podem
se tornar inviáveis do ponto de vista financeiro, como, por exemplo, elevar ou abaixar
uma plataforma, ou ainda modificar toda uma instalação. Algumas vezes isso é feito
pois a previsão positiva de resultados o permite.

Em algumas fábricas da Renault Veículos o automóvel em linha de montagem


é rebatido sobre o plano vertical de forma a facilitar o acesso do operário para tarefas
na parte inferior do mesmo. Em outras situações até mesmo o tipo de fornecimento
dos componentes técnicos pode vir a se tornar um entrave. Num estudo para reforma
da cabine de uma ponte rolante (Bezerra e col., comunicação pessoal) chegaram a
propor uma alternativa de desenho que satisfazia a uma série de requisitos
ergonômicos. Isso envolveria o redesenho da console de comando, incluindo a
reconcepção do cabeamento inserido dentro de uma carenagem semicilíndrica que
se posicionava exatamente entre as pernas do operador.

Mesmo o protótipo tendo sido aprovado com sucesso nos testes experimentais,
o fabricante da console não aceitou as modificações propostas e o projeto teve de ser
ajustado a esse tipo de contrante. No campo dos ambientes as especificações da
ergonomia física desaguam em recomendações relativas à higiene - manter o
ambiente em um estado que não agrida a integridade do organismo - mesmo do
conforto ambiental, buscando as melhores condições possíveis para o desempenho
da atividade.

Em certos casos o aspecto de eficiência ambiental se torna crucial.


Normativamente esse tema vem sendo tratado pelo estabelecimento de padrões
ambientais que estabelecem níveis de ruído, temperatura, iluminamento, qualidade
do ar e demais aspectos aparentemente de fácil normalização. No entanto é enorme
a dificuldade de se trabalhar, sob o prisma da adequação com limites de tolerância a
agentes agressores, já que entre as faixas de conforto e as faixas de tolerância de

11
um parâmetro ambiental se estabelece uma região de nebulosidade: os limites
superiores de conforto jamais coincidem com os limites de tolerância. Tomemos o
exemplo acústico: um limite de tolerância estabelecerá um patamar abaixo qual não
existiriam danos à pessoa.

Como sustentar que um local de trabalho com nível de ruído próximo a este
limite permita o bom desempenho da atividade? Uma especificação adequada de
ambientes físicos, naturalmente terá como balizamentos os padrões ambientais
normalizados - que é para que servem as normas - mas procurará enriquecê-las com
considerações ergonômicas relativas à atividade, como no exemplo já citado. Na
prática a cooperação entre ergonomistas e higienistas industriais é de inegável
interesse para ambas as partes, ganhando com isso tanto a empresa como seus
empregados. Assim sendo a praticidade das especificações de Ergonomia Física,
sempre necessária, nem sempre é trivial e automática, decorrente das constatações
do diagnóstico ergonômico. Ela vai requerer uma boa combinação de criatividade,
argumentação e pertinência da parte do ergonomista. Pertinência de tratar problemas
existentes e inequívocos; argumentação para convencer, sensibilizar e demonstrar as
vantagens da proposta; e criatividade para encontrar boas soluções, propostas que
não resolvam um problema criando outros desconhecidos ou inesperados.

Aplicações

O campo da ergonomia física, do ponto de vista de sua aplicabilidade, vai se


consubstanciar na realização de especificações relativas ao posto e ao método de
trabalho, bem como sobre o ambiente. Essas aplicações se destinam primariamente
ao projeto de novos postos de trabalho e especificações ambientais. Uma segunda
ordem de aplicações tem se situado no campo normativo, com vários trabalhos de
ergonomistas sendo incorporados pelos comitês e comissões de normalização. Numa
terceira linha de aplicações, estudos e propostas de ergonomia têm sido mobilizados
para sensibilização das esferas dirigentes, conscientização e envolvimento dos
funcionários e mesmo orientações específicas sobre o agenciamento do posto pelos
próprios operadores, tal como um operário mais qualificado regula seu equipamento
e instrumentos de trabalho. Num último porém crescente campo de aplicações,
análises ergonômicas têm subsidiado a elaboração de programas de atividades
compensatórias como escalonamento de pausas para repouso, exercícios e
alternâncias de várias ordens - lazer, yoga, etc.

12
Dentro desse estudo da ergonomia física, encontra-se 4 modalidades de
intervenções aplicadas no ambiente de trabalho. Veja quais são elas a seguir.

Ergonomia de correção

Atua de maneira parcial e restrita, modificando pontualmente elementos como a


iluminação, os ruídos, a temperatura, as dimensões e posicionamento do mobiliário
etc.

Ergonomia de concepção

Essa intervenção é feita diretamente no projeto do ambiente, com o intuito de


promover uma melhor organização do trabalho e dos sistemas de produção. Cuida
ainda do uso correto dos equipamentos e da manutenção da postura correta pelos
funcionários.

Ergonomia de
conscientização

Trata da educação sobre


ergonomia para o
funcionário, por meio de
palestras e treinamentos,
com foco na correção de
hábitos posturais ou do uso
de equipamentos.

Ergonomia participativa

Tem como foco a criação de um Comitê Interno de Ergonomia (CIE), que


trabalha para a conscientização e viabilização de projetos que sejam
ergonomicamente corretos e que priorizem a saúde dos trabalhadores.

13
2.2 Ergonomia Cognitiva

A cognição trata da ergonomia dos aspectos mentais da atividade de trabalho


de pessoas e indivíduos, homens e mulheres. O olhar do ergonomista não se contenta
em apontar características humanas pertinentes aos projetos de postos de trabalho
ou de se limitar a entender a atividade humana nos processos de trabalho de uma
ótica puramente física. Nesse movimento de ideias apreende-se - o que os filósofos
gregos já discutiam - a importância dos atos de pensamento do trabalhador na
consecução de suas tarefas. E com isso, se aprende que os trabalhadores não são
apenas simples executantes, são capazes de detectar sinais e indícios importantes,
são operadores competentes e são organizados entre si para trabalhar. E que, nesse
contexto, podem até cometer erros.

Caracterização Errar é humano! Mas...de quem é o erro? Que erro é esse?


Como é que se produziu e como evitá-lo? São as questões para as quais a Ergonomia
Contemporânea, particularmente a Ergonomia Cognitiva tenta produzir para eles
alguns elementos de respostas. Esses elementos de resposta projetual partem de
três premissas básicas e sine qua non:

(a) Como fundamento técnico a rejeição do absurdo que é projetar um sistema de


produção a custos vultosos onde as decisões operacionais chaves estejam na
dependência de operadores colocados diante de um quadro complexo, do qual não
têm os elementos necessários e que se encontram num contexto de elevada
solicitação e carga de trabalho. Tão mais complexo e perigoso seja o sistema, tanto
mais os operadores devem estar aptos para tomar a boa decisão nos bons momentos.
Esta aptidão deve estar nas pessoas (formação) nos sistemas (tecnologia) mas
sobretudo nas interfaces entre uns e outros (ergonomia);

(b) Como fundamento ético a premissa de que os trabalhadores num processo nem
se caracterizem como insanos suicidas capazes de realizarem atos absurdos que lhes
custe a própria integridade física, mental e espiritual e tampouco como sórdidos
sabotadores dos engenhos físicos e sociais que constituem uma dada tecnologia de
produção. Nesse sentido a ergonomia pode desapaixonar a questão do Erro humano
contribuindo com elementos decisivos para uma perícia eficaz;

14
(c) Com fundamento moral, a crença de que as pessoas tentam cumprir seu contrato
de trabalho nas situações de trabalho onde se encontram e, exatamente por isso,
cabe aos projetistas assegurar uma situação de trabalho correta. A Ergonomia nesse
sentido é indispensável para um bom projeto.

Em termos cognitivos o ser humano transforma as informações de natureza


física em informações de natureza simbólica e a partir desta em ações sobre as
interfaces. Sua concepção é trazida pelo campo das ciências cognitivas, que visa ao
estudo do conhecimento virtual, ou seja, foca o conjunto das condições estruturais e
funcionais mínimas que permitem perceber, se representar, recuperar e usar a
informação. (Tiberghien).

A ergonomia cognitiva está ligada a todos os processos mentais usados pelas


pessoas na realização das suas atividades e como eles afetam suas relações com
outros elementos de um sistema. Sua função é verificar a carga mental exigida nos
diferentes tipos e ambientes de trabalho.
A ideia é conhecer os fatores que podem influenciar na saúde mental dos
trabalhadores e fazer intervenções (se for preciso). E o objetivo é diminuir ou eliminar
qualquer possibilidade de estresse e doenças como a depressão. Para isso, são
avaliados os seguintes pontos: raciocínio, resposta motora, percepção e memória,
relacionados aos processos de tomada de decisão, ao desempenho do profissional
em determinada áreas e a forma como ocorre a interação entre o homem e as
máquinas.
A ergonomia tem uma interdisciplinaridade com as ciências cognitivas, mas não
é a mesma coisa. As ciências cognitivas têm como foco e objetivo estudar a
capacidade e os processos de formação e produção de conhecimento em sistemas
em geral, sejam eles naturais ou artificiais (humanos, formigas…). Já a ergonomia se

15
alimenta de estudos de inteligência natural e busca trazê-los para a tecnologia de
interfaces homem-máquina.

Processo perceptivo, cognitivo e motor

Os principais aspectos avaliados por esse tipo de ergonomia são:

 O estudo da carga mental exigida pelo trabalho;


 Os processos de tomada de decisão;
 O desempenho especializado em determinadas áreas;
 A forma como ocorre a interação entre homem e máquinas;
 A confiabilidade humana;
 O estresse de origem profissional;
 A formação da concepção de pessoa-sistema;
 O treinamento concernente aos projetos que envolvem seres humanos e
sistemas.

Pode-se dizer, de modo geral, que a ergonomia cognitiva se propõe a avaliar e


intervir nas questões que podem influenciar no nível mental dos trabalhadores.

Utilidade

A ergonomia cognitiva tem como assunto a mobilização operatória das


capacidades mentais do ser humano em situação de trabalho. Este campo da
ergonomia tem como programa mínimo:

 Inovações nos equipamentos, sobretudo que no que tange à usabilidade das


interfaces entre o operador e os equipamentos;

16
 Confiabilidade humana na condução de processos, prevenindo as
consequências dos erros humanos no controle de sistemas complexos e
perigosos;
 Otimização na operação de equipamentos informatizados e seus softwares,
prevenindo seu funcionamento inadequado ou bloqueios;
 A construção da formação de novos empregados na implantação de novas
tecnologias e/ou novos sistemas organizacionais;
 Estabelecimento e manutenção de sistemas seguros, confiáveis e eficientes
de comunicação e de cooperação.

A ergonomia cognitiva se subdivide em dois campos: a cognição individual e a


cognição coletiva ou social. No campo da cognição individual se reúnem os vários
estudos sobre o raciocínio e tomada de decisão que têm serventia na elaboração de
procedimentos e normas operacionais. Muitos desses estudos se voltam para a
formação profissional, sobretudo nos processos de qualificação e requalificação tão
necessários num mundo em sobressalto pela constante introdução de novas
tecnologias. No que tange as interfaces, a ergonomia cognitiva tem produzido
resultados bastante convincentes na engenharia de softwares (amigabilidade) nas
interfaces de instrumentação e controle (usabilidade). De forma mais ampla as
modelagens cognitivas têm possibilitado a elaboração de sistemas de controle mais
confiáveis.

Um bom exemplo da usabilidade de softwares de extrema utilidade são os


aplicativos JAVA que identificam os ícones das barras de ferramenta, nem sempre
tão evidentes como gostariam que o fossem seus criadores. No entanto os avanços
mais recentes têm sido registrados no âmbito da cognição coletiva, especialmente
nos sistemas de interconecção de múltiplos agentes. Os sistemas de controle em rede
que envolvem a intervenção simultânea de vários operadores comuns, por exemplo
no controle de trafego aéreo, têm se disseminado em outras situações industriais e
de serviços, numa tendência de integração que parece substituir a filosofia de
centralização em voga há bem pouco tempo atrás. Esses dispositivos de cognição
compartilhada e distribuída têm se revelado bastante mais eficazes para o tratamento
de situações anormais e de emergência.

17
Um exemplo disso nos é dado por Pavard e col. (1998) que desenvolveu um
sistema de escuta mútua e de bases informatizadas para a defesa civil o município
de Essonne, na região metropolitana sul de Paris, França. Com este sistema os
diferentes agentes - médicos, auxiliares e bombeiros - podem acompanhar chamadas
recebidas por qualquer dos colegas e ir tratando coletivamente o problema: enquanto
o médico aprofunda informações sobre o estado do acidentado, uma ambulância já é
deslocada pelo bombeiro, conquanto o auxiliar providencia uma internação hospitalar
adequada ao caso.

Praticidade

O grande perigo do campo cognitivo é seu aspecto fortemente abstrato, na


medida que não vemos o pensamento em si, mas apenas indícios de sua existência
nos atos das pessoas. E por essa mesma razão é um campo fértil para mistificações
e deturpações, como um recente comercial onde uma empresa apresenta um
computador que pensa, numa propaganda enganosa. Muitos cientistas e
engenheiros buscaram o desenvolvimento de mecanismos e dispositivos lógicos
capazes de reproduzir esta estrutura em sistemas mais ou menos complexos através
de mecanismos de captação de sinais do ambiente (sensores) e dispositivos capazes
de produzir as respostas adequadas. Os relativos insucessos dessa corrente
chamada de Inteligência Artificial e alguns de seus espetaculares fracassos (explosão
da Chalenger, queda do voo 402 da TAM, etc.) vêm criando uma alternativa que são
o desenvolvimento de assistentes, onde os operadores têm a possibilidade de um
sistema que os auxilie nas tarefas cognitivas e com isso possam tomar as boas
decisões nos momentos certos.

Os assistentes mais frequentes têm sido os bancos de dados iterativos (data


mining), como por exemplo os que auxiliam uma busca por palavra-chave, ou alguma
outra variável de entrada. Na computação gráfica é cada vez mais frequente o
desenvolvimento de programas de assistência à configuração de layouts gráficos.
Poderíamos fazer uma longa lista, mas preferimos sublinhar o que esses programas
têm tido de positivo no campo da Ergonomia cognitiva: eles aceitaram o fato de que
as pessoas têm um pensamento, capacidade de raciocinar e tomar decisões, como
por exemplo fazer uma escolha entre possibilidades que lhes são ofertadas.

18
Aplicação

Um bom exemplo de aplicação da ergonomia cognitiva nos é dado pelo Prof.


Maurice de Montmollin (1991). Imaginemos, por exemplo, um trabalhador diante de
um terminal numa refinaria. Seu trabalho consiste em monitorar, através do sistema
de instrumentação, o andamento do processo de refino e, se necessário, fazer as
regulações necessárias, ou seja, acionar os dispositivos adequados, através do
sistema de controle. Como uma refinaria não pode parar, ela funciona em turnos de
trabalho e não esqueçamos, ali são processados materiais combustíveis de alto risco.
O terminal em foco, permite monitorar pela tela de vídeo o processo e agir através de
comandos do teclado do terminal. Este trabalhador não está sentado ali, sem fazer
nada: ele exerce uma atividade. Ele percebe, identifica e interpreta as informações
que aparecem no monitor e tenta resolver os problemas do processo que aparecem.
Por vezes ele comete erros de julgamento, frequentemente se comunica com outros
colegas da sala e de campo.

O ergonomista pode aprender, através da análise de sua atividade, muitas


coisas sobre os raciocínios empregados por este trabalhador. Ele pode, então, ajudar
a melhor apresentar as informações no monitor, a melhor formular os problemas de
diagnóstico e de regulação da planta, a conceber uma organização mais condizente
com as necessidades de períodos calmos e períodos perturbados, a estruturar uma
formação e um treinamento mais adequados, a estabelecer meios e métodos de
comunicação entre os diversos operadores. Vamos agora supor um grupo de
operadores numa central de atendimento de um cartão de crédito15. E o que
dizermos da atividade de controladores de voo, de mergulhadores em manutenção
subaquática, de pedreiros na construção civil. Enfim, sem alguma forma de raciocínio
estas pessoas poderiam realizar suas tarefas? Me parece que não. E não poderíamos
ajudá-las a raciocinarem em melhores condições? Eis o desafio da ergonomia
cognitiva.

19
2.3 Ergonomia Organizacional

O campo da ergonomia organizacional se constrói a partir de uma constatação


óbvia, que toda a atividade de trabalho ocorre no âmbito de organizações. Esse
campo que tem tido um formidável desenvolvimento é conhecido internacionalmente
como ODAM (Organizational Design and Management), para alguns significando um
sinônimo de macroergonomia.

A ergonomia organizacional tem como missão promover alterações na estrutura


organizacional de uma empresa. Estamos falando sobre a otimização dos aspectos
sociotécnicos de uma organização – que incluem pessoas como partes inerentes do
sistema -, incluindo também processos e políticas.
A proposta é adaptar as condições da empresa para manter a boa saúde e o
bem-estar do trabalhar. Para isso, é feita uma intervenção ergonômica na cultura e
no clima organizacional por meio de intervenções nos processos de comunicação da
companhia, nas atividades desempenhadas em grupo com o objetivo de orientar os
profissionais e melhorar a qualidade da gestão.

Caracterização

Como já mencionado anteriormente (Vidal, 1997), ao se falar de trabalho e


organização deve-se distinguir o plano da organização geral da organização do
trabalho. A organização geral tem como bases teóricas a teoria das organizações e a
logística, buscando especificar a organização produtiva tal como um organismo com
vistas à sua atuação no contexto mais geral: social, econômico, geográfico, cultural.
A organização do trabalho, se prosseguirmos na metáfora biológica, trata dos

20
aparelhos funcionais internos de uma organização produtiva e que lhe dão sentido
motor. Em termos concretos o plano é o da troca de energia entre as pessoas da
organização, repartidas entre as energias de execução e de controle, ou antes, de
como estruturam-se os aparelhos para manusear tais energias

A ideia motriz é a de compreender as formas como se dá a cada uma das


unidades funcionais as disposições necessárias para a consecução das funções que
lhes são imputadas pela organização geral e o conceito subsidiário é o
estabelecimento de métodos de trabalho. Como conteúdo concreto a organização do
trabalho envolve ao menos seis aspectos interdependentes, quais sejam:

 A repartição de tarefas no tempo (estrutura temporal, horários, cadencias de


produção) e no espaço (arranjo físico);
 Os sistemas de comunicação, cooperação e interligação entre atividades,
ações e operações;
 As formas de estabelecimento de rotinas e procedimentos de produção;
 A formulação e negociação de exigências e padrões de desempenho
produtivo, aí incluídos os sistemas de supervisão e controle;
 Os mecanismos de recrutamento e seleção de pessoas para o trabalho;
 Os métodos de formação, capacitação e treinamento para o trabalho.

Trata da otimização dos sistemas sociotécnicos – ou seja, que incluem pessoas como
partes inerentes do sistema – e suas estruturas organizacionais, de processos e
políticas. Os tópicos mais relevantes nesse tipo de ergonomia são:

 As comunicações;
 O trabalho realizado em grupo;
 Os projetos participativos;
 O trabalho cooperativo;
 A organização em rede;
 A cultura organizacional;
 A organização temporal do trabalho;
 A gestão da qualidade.

21
Essa área da ergonomia, então, se propõe a estudar e intervir na cultura e no
clima organizacional. Seu objetivo é adaptar as condições da empresa para preservar
a saúde e o bem-estar do trabalhador.

Utilidade

Simplificadamente, compreende-se uma organização compreendendo três


níveis: operacional, tático e estratégico. De acordo com o fluxo de decisões e
comunicações podemos distinguir dois tipos de decisórios: os de cima para baixo –
top-down – e os de baixo para cima (bottom-up). Seja em processos top-down, seja
em processos bottom-up, a utilidade da ergonomia é imensa. Ela vai permitir uma
efetiva modelagem organizacional, sobretudo em processos chave da organização,
onde a modelagem gerencial não seja suficiente para assegura o sucesso da
empreitada de reestruturação.

É o caso dos sistemas complexos, dos sistemas perigosos e dos sistemas de


demanda flutuante. Vejamos alguns exemplos: Os bancos fazem previsões de qual a
porcentagem do volume de depósitos estará disponível em sua rede para saques, as
indústrias planejam quantas peças estarão disponíveis num dado momento para
entrega ou estoque, os agricultores imaginam quantas caixas poderão estar prontas
no final da semana e assim por diante. Essas estimativas são importantes para definir
se haverá investimentos em automação bancária, em modernização da tecnologia
industrial ou em mecanização agrícola.

Este é o plano estratégico de um sistema de produção: decisões a médio e longo


prazo são tomadas a partir da suposição de um funcionamento operacional
satisfatório. A princípio, não parece haver conexão entre o nível operacional e o nível
estratégico do que o fato de que o funcionamento (operacional) deva ser satisfatório
(para o nível estratégico). Assim, em que consiste este aspecto de satisfação, quais
os critérios a atender?

Para assegurar o funcionamento satisfatório em que se baseia toda a estratégia


da organizaçã, está constitui um intermediário ou uma interface entre produção e
estratégia que é o nível tático, estrutura que viabiliza a passagem das decisões top-
down, assim como as interações bottom-up. Assim banqueiros esperam que
bancários descontem os cheques, industriais imaginam que os operários estarão

22
fabricando as peças, e fazendeiros que os lavradores estarão colhendo as frutas. E
efetivamente é o que acontece, e isso dentro dos parâmetros previstos de qualidade
de serviço, de conformação ou de produto com que cada um desses sistemas de
produção funciona.

Este esquema de organização é um tanto estático e supõe uma regulação


simples: se algum imprevisto ocorre, bancários, operários e lavradores fazem os
ajustes necessários, ora pedindo para um endosso de assinatura, ora realizando mais
uma operação industrial de ajuste, como limar uma peça mecânica ou acrescentar
um complemento de dose de reagente, ora optando por colher algumas frutas no dia
seguinte e assim por diante. Assegurar que isto, acontecendo, implique em que o
funcionamento continue satisfatório é o papel do nível operacional que contara para
isso com uma quantidade definida de recursos e assumirá neste processo umas
quantas responsabilidades.

A maior parte dos sistemas de produção, a partir deste modelo deverá funcionar
a contento. Então se alguém da organização fala em problemas para um consultor
externo, e a nível gerencial, trata-se de algo que escapou deste sistema de regulação
no down da organização, de algo que saiu do previsto. E sobretudo de algo que a
organização julga não dispor de meios - métodos, conhecimentos, técnicas – ou
recursos – tempo de resposta, pessoal capacitado, sistema de formação, etc. Ou seja,
algo que sabe pouco o que seja, menos ainda como resolver e quase nada como
encaminhar. E aí reside a utilidade da ergonomia no campo organizacional: através
da modelagem do trabalho real poderá se estudar as cadeias de regulação informal,
formalizando e até normatizando alguns desses procedimentos e sobretudo num
esforço de codificar toda uma prática informal porém, na maioria das vezes, essencial
para o bom andamento da produção.

Praticidade

O campo da organização de forma análoga ao campo da cognição tem o sério


problema de tratar com entidades até certo ponto abstratas. Apesar de todo nosso
enfoque se voltar para as materialidades da organização do trabalho, essa concretude
nem sempre se fundamente numa objetividade plena, e a organização, mesmo para
os altos dirigentes e boa parte dos gestores, é percebida e concebida no plano
subjetivo. Nesta perspectiva (da subjetividade) a discussão acerca da praticidade

23
encontra muitas dificuldades, pois nada mais fácil do que desqualificar uma proposta
ou alternativa com argumentos subjetivos.

O maior problema da praticidade está exatamente no maior recurso de


ergonomia organizacional que se dispõe que é o uso de benchmarkings, dado que
esta técnica sempre poderá ser contestada pelo fato das organizações serem
diferentes em algum aspecto. Nesse sentido não basta que os modelos descritivos e
conceituais sejam bem estabelecidos do ponto de vista de método, também é preciso
que eles sejam consensuados, aceitos e validados ao menos para uma fração
estratégica e significativa na empresa. Essa constatação levou ergonomistas do
campo da ODAM a uma saudável discussão sobre um subcapítulo da ergonomia
organizacional que é a ergonomia participativa. Nessa acepção se busca agir sobre
as representações mentais sobre o que acontece na empresa, buscando substituí-las
por modelagens ergonômicas devidamente validadas ao longo do processo de ação
ergonômica na empresa, como veremos mais adiante.

Contudo o mais importante no que tange ao aspecto prático é o fato de que a


ergonomia, pela natureza de seus métodos e pela estrutura de conhecimento que
mobiliza, não busca a aplicação de soluções prontas nem preconiza orientações
absolutas, mas sim o desenvolvimento participativo de encaminhamentos possíveis
na situação a que é chamado a intervir. Ergonomia, em termos organizacionais
significa fazer a coisa certa, desde o início e de forma tão duradoura quanto estável
for a organização mais geral da empresa ou organismo. Não por acaso a ergonomia
tem praticamente desde seus primórdios uma ampla e generalizada aceitação e
resultados em meios militares, aeroespaciais e outras organizações deste tipo.

Aplicação

As aplicações que a ergonomia pode trazer para o plano organizacional se


fundamentam na sabida determinação da tecnologia física sobre a organização do
trabalho e as condições de trabalho, elementos que irão compor a equação dos
resultados da empresa. As maiores aplicações da ergonomia no campo
organizacional têm sido:

 Modelagem de processos para a elaboração de cenários e roteiros para as


mudanças organizacionais;

24
 Análise dos requisitos das novas propostas organizacionais em termos de

capacidades, limitações e demais características, especificando necessidades


de treinamento e de novas competências;
 Construção de roteiros de implementação para evitar a descapitalização ou
desaproveitamento do capital de competência (know-how) existente sobretudo
no nível operacional;
 Perícia e prevenção de acidentes.

3. A ERGONOMIA E A EDUCAÇÃO FÍSICA


A ergonomia pode ser definida como a área da ciência composta por um
conjunto de disciplinas que estuda a organização no trabalho por meio da facilitação
da interação entre o homem, objetos e máquinas. O termo origina-se de duas palavras
gregas: “ergon” (trabalho) e “nomos” que significa leis ou normas.

O objetivo da ergonomia é melhorar a qualidade do ambiente de trabalho e o


bem-estar do trabalhador, melhorando assim a eficiência e produtividade. Essa
melhora se dá através da elaboração e aplicação de técnicas de adaptação dos
elementos do ambiente de trabalho. Dentre os diversos setores que a ergonomia pode
ser aplicada, podemos ressaltar os setores: Industriais, hospitalares, sistemas
informatizados, transportes e escolares. Além de ser aplicável em diversos setores, a
ergonomia é tida como uma ciência multidisciplinar, englobando áreas de
conhecimento como: anatomia, psicologia, biomecânica, antropometria, fisiologia e
engenharia. Sendo assim, um tema complexo e que envolve diversas profissões.

25
Dois temas cruciais e muito discutidos na ergonomia são: a segurança do
trabalho e prevenção dos acidentes laborais. Tendo então como proposta a criação
de locais adequados para a realização das tarefas do trabalho prezando a segurança.
Melhorando assim, a qualidade do ambiente e a saúde do trabalhador com a
prevenção dos acidentes laborais. Neste guia definitivo de ergonomia para a
educação física, você entenderá a ciência da ergonomia, sua importância, aplicação
e a importância do profissional de educação física nessa ciência tão importante para
a qualidade de vida do trabalhador.

3.1 Importância da Ergonomia para a Educação Física

Dentro do ambiente de trabalho, a ergonomia nas empresas pode ser aplicada


através da adaptação do ambiente de trabalho de acordo com a função e carga
horária dos funcionários, pausas regulares e rotatividade de tarefas e a ginástica
laboral que deve ser aplicada por um profissional de educação física.

Embora seja um ambiente completamente diferente daquele em que o


profissional de educação física está habituado, é de suma importância que ele atue
com essa intervenção física nas empresas. Os exercícios de ginástica laboral são
exercícios compensatórios para os movimentos executados repetidamente pelos
funcionários, que ajudarão na correção da postura, alívio de dores, tensões e
desequilíbrios musculares que possam existir, uma vez que um dos maiores índices
por afastamento do trabalho é por LER e dores musculares, principalmente na região
lombar. Ambas ocasionadas por movimentos repetitivos por tempo prolongado e má
postura. E ninguém melhor que o profissional de educação física para intervir com
esses movimentos que influenciarão de modo direto a qualidade de vida dessas
pessoas.

Outro ponto importante é que atualmente, com a alta concorrência e demanda


de trabalho, a maioria das pessoas é sedentária. Isso ocorre muitas vezes, por
preguiça, por falta de tempo ou por não se sentirem motivadas a se exercitarem, com
esse estímulo dentro do local de trabalho, o funcionário irá levar essa rotina para sua
vida, sendo assim um incentivo para realizar regularmente exercício físico. Como
qualquer planejamento de exercício físico visa a melhora da qualidade de vida e o

26
bem estar do aluno, o profissional de educação física tem a função não só de planejar,
mas também de detectar problemas. Uma vez que a ginástica laboral trabalha com
setores, o profissional deve saber da rotina daquelas pessoas, os movimentos que
elas executam mais vezes, como é a disposição dos objetos e máquinas que elas
utilizam e se estes se encontram adequados para a utilização sem danos ao
funcionário. Assim, é possível planejar e com essas adaptações chegar ao objetivo
da ginástica laboral tendo assim, uma contribuição positiva para a empresa.

3.2 Benefícios de Aplicar a Ergonomia na Educação Física para o


seu Aluno

São diversos os benefícios que o investimento na ergonomia pode proporcionar,


abaixo estão os principais benefícios que irão fazer muita diferença na vida do
trabalhador e da empresa.

Redução do número de afastamento e ausências – Como já citado neste guia


existe um alto índice de afastamentos devido às lesões por esforço repetitivo e dores
musculares, principalmente na região lombar. Com a prática regular da ginástica
laboral, o funcionário além de mais motivado, irá sofrer adaptações físicas e
fisiológicas que aliviarão os movimentos que ele executa durante sua rotina.
Diminuindo assim, o número de faltas e afastamentos pela melhora da saúde e bem
estar.

Diminuição de desperdício – Através das técnicas ergonômicas há a diminuição do


desperdício de matéria prima e demais materiais utilizados pela empresa. Ainda, um
ambiente laboral saudável assegura trabalhadores motivados e atentos além de todo
o material que estiver disponível ter função específica que ajudará o trabalhador, não
sendo necessários gastos extras que resultariam em desperdício de matéria prima.

Melhora na qualidade de vida – O investimento da ergonomia pela ginástica laboral


aplicada por um profissional de educação física é investimento em saúde, bem estar
e qualidade de vida das pessoas. Uma vez que através dos exercícios propostos há
diminuição dos acidentes de trabalho, faltas e afastamentos, tendo como resultado
final, funcionários saudáveis, dispostos, motivados e economia para empresa.

27
Valorização profissional – O sentimento de valorização acontece por parte dos
colaboradores da empresa, pois quando as pessoas recebem suporte e orientações
adequadas para exercerem suas funções, existe um sentimento de reconhecimento
que influencia o nosso próximo tópico: a melhora na produtividade.

3.3 Trabalhando a ergonomia em busca do aumento da


produtividade

A redução do número de ausências, ambiente favorável, saudável e seguro para


o trabalhador aliado ao sentimento de valorização profissional, não só gera economia
para a empresa, pela diminuição das ausências dos colaboradores, mas também gera
funcionários mais eficazes, uma vez que os prazos são cumpridos com empenho e
motivação. Com a melhora na produtividade, a empresa satisfaz seus clientes e estes
aumentam a demanda de trabalho para a empresa. Ou seja, o investimento em uma
estrutura ergonomia gera uma reação em cadeia onde todo mundo se beneficia em
um ambiente com qualidade e harmonia. Preservando a imagem da empresa no
mercado de trabalho e o crescimento constante da mesma, com colaboradores
satisfeitos.

3.4 Tipos de ergonomia que podem ser trabalhados pelo educador


físico

A ciência da ergonomia é dividida em três tipos: Ergonomia cognitiva, ergonomia


organizacional e ergonomia física. Abaixo conceituaremos e explicaremos sua
aplicação pelo profissional de educação física.

Ergonomia Cognitiva

Também conhecida engenharia psicológica, refere-se aos processos mentais, tais


como percepção, atenção, cognição, controle motor e armazenamento e recuperação
de memória, como eles afetam as interações entre seres humanos e outros elementos
de um sistema. Dentre os temas abordados nessa divisão da ergonomia, se incluem:
carga mental de trabalho, vigilância, tomada de decisão, desempenho de habilidades,
erro humano, interação humano-computador e treinamento.

28
Ergonomia Organizacional

Também chamada de macro ergonomia, está relacionada com a otimização dos


sistemas sócio-técnicos, incluindo sua estrutura organizacional, políticas e processos.
Dentre os temas abordados nessa divisão da ergonomia se incluem: trabalho em
turnos, programação de trabalho, satisfação no trabalho, teoria motivacional,
supervisão, trabalho em equipe, trabalho à distância e ética. Ou seja, basicamente
como é a relação do indivíduo com seus chefes, colegas de trabalho e o impacto da
organização da empresa com seus processos e políticas na motivação e rendimento
do colaborador.

Ergonomia Física

A ergonomia física lida com as respostas do corpo humano à carga física e psicológica
de trabalho. Dentre os temas mais abordados nessa divisão da ergonomia se incluem
manipulação de materiais, arranjo físico de estações de trabalho, demandas do
trabalho e fatores tais como repetição, vibração, força e postura estática, relacionada
com lesões musculoesqueléticas.

É nessa divisão propriamente dita que o profissional de educação aturará 100%.


Pois o profissional irá proporcionar exercícios que irão amenizar a tensão e desordens
musculoesqueléticas e também orientar os colaboradores formas de executar suas
tarefas de modo com que não haja prejuízo à saúde física e mental do trabalhador.

3.5 Campo de Atuação da Ergonomia

Como citado no começo deste guia, a ergonomia é uma ciência multidisciplinar,


ou seja, engloba diversas áreas de conhecimento, sendo necessário, o auxílio de
profissionais de áreas distintas para que haja de fato um ambiente laboral
ergonômico. Dentro da ergonomia cognitiva e da ergonomia organizacional podemos
destacar principalmente a atuação de psiquiatras e psicólogos. Estes têm a habilidade
de identificar o impacto da rotina e das cargas de trabalho no rendimento do
colaborador, seu índice de motivação e relacionamento para com seus colegas e
chefes.

29
Já na ergonomia física, podemos contar com a atuação principalmente dos
profissionais de educação física, fisioterapeutas e engenheiros. Esses profissionais
estão aptos para: Corrigir os maus hábitos posturais adquiridos durante a rotina de
trabalho, excesso de peso carregado durante as tarefas diárias, correção de
movimentos que possam gerar algum tipo de acidente e prevenção de lesão por
esforço repetitivo; Na área da engenharia ressaltamos o desenvolvimento de objetos
e maquinas em medidas que possam ser usados com conforto e sem sobrecarga pelo
colaborador.

3.6 Aspectos Biomecânicos e a Ergonomia

Esse é um dos aspectos mais importantes dentro da ergonomia física. Está


ligado ao movimento durante a carga de trabalho do indivíduo. Imagina abaixar e
levantar algumas dezenas de vezes ao dia de modo incorreto, pegar caixas pesadas
de modo inadequado, ficar horas sentado em postura indevida, não realizar pausas
durante o turno. Agora multiplique essas dezenas de vezes por alguns anos.
Certamente, se não resultar em uma lesão, certamente irá gerar algum desconforto
por desordem neuromuscular. É nessa hora que o profissional de educação física
intervém corrigindo todos os aspectos biomecânicos incorretos, incorporando uma
nova rotina de repertório motor para o colaborador e exercícios compensatórios,
através da ginástica laboral que irá aliviar tensões, ajudando física e psicologicamente
o trabalhador. Abaixo mostraremos dicas simples que fazem toda diferença na
qualidade de vida do colaborador da empresa.

A primeira dica para quem trabalha em empresas é sentar corretamente. É


fundamental manter a coluna ereta, aliviando o peso na coluna lombar, olhar na
posição anatômica a fim de evitar cervicalgia, descanso paro antebraço a fim de não
sobrecarregar o punho, que em longo prazo é responsável por grande índice de
lesões por esforço repetitivo e por fim, descanso para os pés, os pés devem manter-
se inclinados em uma angulação de em média 45 graus, facilitando assim o retorno
venoso, diminuindo dores e inchaços nas pernas.

Agachar e levantar nunca foram tarefas tão simples assim. Ao movimentar-se


com a flexão de tronco, redirecionamos não só o peso do nosso corpo, mas como o

30
do objeto que estamos levantando, diretamente para a nossa coluna lombar. Gerando
um estresse desnecessário nessa região, podendo futuramente levar desde
desgastes a compressões discais. Independe se vai ou não pegar algum objeto,
abaixe corretamente e preserve suas estruturas. Outra dica é: Não queria ser o
superman. Se você precisa levantar ou descolar um objeto muito pesado, peça ajuda
a um colega de trabalho.

Outra dica: faça pausas! Se você trabalha por muitas horas sentado, por
exemplo, faça intervalos regulares. Levante, vá até ao banheiro, de uma breve
caminhada. Isso ajuda a redistribuir a carga corporal e manda um sinal de alerta para
o corpo se manter ativo. Muito tempo em uma mesma posição seja ela em pé ou
sentada, leva ao comodismo e a uma aquisição de padrões de movimentos que
prejudicam sua saúde. É fundamental que a empresa possua um programa de
ginástica laboral para todos os seus setores. Além de ser um momento de pausa e
recreativo, onde o funcionário renova as energias e uma oportunidade de
desestressar física e psicologicamente. Os exercícios mandam estímulos de
fortalecimento e alongamento corporal, fundamentais para a prevenção do desgaste,
lesões e compensações que podem resultar em futuros desvios posturais.

3.7 Aspectos Fisiológicos e a Ergonomia

Alterações físicas levam a alterações fisiológicas. Logo, se o colaborador está


em um ambiente que ele não gosta, com dificuldade de acesso a seus acessórios,
ambiente de pura cobrança e estresse. Além de compensações físicas, sua fisiologia
sofrerá alterações. Desregulando as concentrações de cortisol (hormônio do stress),
por exemplo. Alterações da frequência cardíaca e pressão arterial, se sempre
colocado em situações de estresse, cobrança e onde a empresa não lhe estimula a
ser produtivo de modo saudável.
Isso gera dois problemas: O primeiro é que esse funcionário, sob essas
condições, nunca irá render o que a empresa necessita que ele produza. O segundo,
é que mais cedo ou mais tarde, essas péssimas condições de trabalho prejudicarão
sua saúde de modo definitivo, podendo levar o colaborador à um quadro de
hipertensão arterial, lesão por esforço repetitivo, desordens posturais ou
neuromusculares como lombalgia, escoliose e hérnia de disco. Resultando em faltas

31
no trabalho ou em afastamento das atividades. Fato este que gera mais prejuízo para
a empresa.

3.8 Papel do Educador Físico no Aumento da Produtividade Diária


do seu Aluno

O papel do profissional de educação física, independente do ambiente que ele


esteja ou do objetivo do seu aluno, é melhorar a qualidade de vida e proporcionar
através de exercícios físicos a melhora da saúde e bem estar. Tendo em vista que o
ambiente empresarial, independente do setor de trabalho, é cercado de cobranças,
prazos e metas, o acúmulo de dias nessa rotina acaba afetando física e
psicologicamente o colaborador, deixando o ambiente de trabalho estressante e
desmotivador.

Com as adaptações físicas e fisiológicas proporcionadas através da ginástica


laboral, o trabalhador tem maior suporte para estar fisicamente bem durante sua
rotina e a ludicidade aliado a esse momento de descontração proporcionado pela
empresa, faz com que o trabalhador relaxe e desestresse. Ou seja, após a prática da
ginástica laboral ele se sentira muito mais motivado e disposto para continuar seu
trabalho, tornando-o então, mais produtivo.

Com a ergonomia aplicada de fato na empresa, os funcionários já chegarão no


local de trabalhos motivados, pois eles sabem que estão em um lugar que foi
adaptado exclusivamente para que ele realize suas tarefas de modo com que ele não
se machuque e consiga cumprir seus prazos do modo mais confortável possível. Além
de que as intervenções físicas através da ginástica laboral passam a gerar uma
expectativa nos funcionários, pois é um momento de descontração e uma forma de
socialização também.

Em resumo, o colaborador já sai de casa sabendo que está indo trabalhar em


um ambiente onde ele não é só mais um e sim um membro fundamental na equipe.
Deixando o ambiente de trabalho descontraído e produtivo ao mesmo tempo.

32
3.9 Educação Física e a Ergonomia para Atletas de Alto Rendimento

A atividade desportiva também vem sendo estudada do ponto de vista


ergonômico devido a crescente participação da população em atividades esportivas
nos últimos anos. Assim, tornou-se necessária a análise dos efeitos do esporte e do
estresse sobre o organismo humano, visando prevenir lesões decorrentes desta
prática, além de contribuir para a melhora da performance.

Tanto em atletas de alto rendimento como em praticantes de desporto, a


ergonomia irá investigar tudo de errado que pode acontecer que prejudique o
rendimento do atleta ou que possa ser um fator desencadeador de lesão, a fim de
corrigir essas falhas para proporcionar ao atleta conforto e segurança durante seu
treino. Na prática, podemos exemplificar um ambiente muito comum tanto para atletas
profissionais e amadores: A sala de musculação.

Por ser um espaço de uso comum, diversas pessoas fazem de uso dos
aparelhos, logo todos devem ser versáteis e ajustáveis. Bancos reguladores, alturas
diferentes para apoios de braços ou pernas, ou seja, os aparelhos devem se moldar
a todos os tamanhos e pesos. Uma vez que um exercício executado em um aparelho
inapropriado para o atleta, além de gerar desconforto e diminuição de rendimento,
poderá levar a consequências mais graves como lesões de articulações,
musculoesqueléticas ou nos tendões.

Pode-se levar esse raciocínio para todas as modalidades, pensando sempre na


necessidade do atleta, padrões biomecânicos de movimento e conforto para que o
rendimento na sessão de treino seja fidedigno ao que o atleta pode realizar, sem se
machucar na sessão ou futuramente.

3.10 Como Alcançar mais Resultados com o seu Aluno Através da


Ergonomia

Através de um ambiente no qual o aluno consiga realizar suas tarefas diárias de


trabalho de modo confortável, sem sobrecarregar suas estruturas, não haverá
influência negativa no treino. Uma vez que há constante reclamações de alunos que
trabalham muito tempo em pé, ou sentado, que não fazem pausas durante o turno e
acabam por faltar nos treinos prejudicando a evolução dentro da prática esportiva.

33
Além de que essa população está muito mais suscetível a lesões. Aplicando a
ergonomia dentro do ambiente esportivo, é fundamental que todos os aparelhos
sejam ajustáveis ao seu aluno, evitando movimentos compensatórios que geram
maior estresse físico e lesões no seu aluno. Em resumo, a ergonomia irá preservar a
saúde do seu aluno e o treinamento, fará com a qualidade de vida e o objetivo
particular do seu aluno seja alcançado com segurança.

3.11 Lesões por Esforço Repetitivo: Como a Ergonomia pode Ajudar


o seu Aluno

A atenção a ergonomia é um dos principais fatores para o tratamento e


prevenção da L.E.R. Sendo está lesão por esforço repetitivo, está intimamente
associada com as atividades no trabalho, onde é comum o indivíduo executar por
muito tempo a mesma tarefa, podendo solicitar além do normal o mesmo grupo
articular, muscular ou ósseo. A LER pode ocorrer em diversas partes do corpo e ela
possui diversos graus e sintomas. Ajustes ergonômicos físicos nos objetos e
máquinas de trabalho associada a uma boa postura e pausas regulares durante o
turno, para alongar-se como forma de compensação ao esforço que está sendo
realizado, são estratégias eficientes para a prevenção e o tratamento das lesões por
esforço repetitivo.

3.12 Como Funciona a Norma Regulamentadora nº 17 Sobre a


Ergonomia

A norma regulamentadora nº 17 tem como objetivo estabelecer os parâmetros


que permitam a adaptação das condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto,
segurança e desempenho eficiente. De acordo, estabelece o subitem 17.1.2 da norma
regulamentadora nº 17, para avaliar a adaptação das condições de trabalho às
características psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a
análise ergonômica do trabalho ou AET, devendo a mesma abordar, no mínimo, as
condições de trabalho, conforme especifica a norma regulamentadora nº 17. A NR-
17 é de grande importância pois uma das maiores doenças de trabalho são
desenvolvidas a partir da exposição ao risco ergonômico que muitos trabalhadores

34
passam, como por exemplo: Trabalhos realizados em pé durante toda a jornada;
Esforços repetitivos (LER); Levantamentos de cargas; Monotonia.

Além da saúde do trabalhador, o que se deve estar consciente é que o


desconforto do trabalho pode gerar também baixa produtividade para as empresas,
portanto, no final das contas, o não comprimento desta norma não é vantajoso em
nenhuma circunstância. Estrutura da NR-17. A norma regulamentadora nº 17
apresenta a seguinte estrutura:
 Levantamento, transporte e descarga individual de materiais;
 Mobiliário dos postos de trabalho;
 Equipamentos dos postos de trabalho;
 Condições ambientais de trabalho;
 Organização do trabalho.

Além disso, a norma regulamentadora nº 17 apresenta 2 (dois) anexos acerca


das condições ergonômicas nas seguintes áreas de trabalho:

 Anexo I – Trabalho dos Operadores de Check outs;


 Anexo II – Trabalho em Teleatendimento/Telemarketing.

A NR-17 também determina as condições do ambiente de trabalho no item 17.6,


onde é estabelecido que a organização do trabalho deve ser adequada às
características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser
executado, assim como também para efeito desta NR, deve levar em consideração,
no mínimo: as normas de produção, o modo operatório, a exigência de tempo, a
determinação do conteúdo de tempo, o ritmo do trabalho e o conteúdo das tarefas. A
aplicação da ergonomia no ambiente de trabalho pode ser estabelecida nas seguintes
etapas:

 Concepção do Programa de Ergonomia – Nesta fase baseia-se no


levantamento dos riscos ergonômicos e na concepção do programa de
ergonomia;

35
 Conscientização dos Funcionários – Nesta fase busca através de treinamentos
e palestras a conscientização dos funcionários acerca dos riscos ergonômicos
e sua prevenção;

 Correção do Programa de Ergonomia – Nesta fase baseia-se na correção e no


aperfeiçoamento do programa de ergonomia aplicado no ambiente de trabalho.

4. MELHORA DO AMBIENTE DE TRABALHO COM A ERGONOMIA

Trabalhando de forma prática, é interessante observar como melhorar o


ambiente de trabalho mostrando a abordagem da ergonomia.

Equipamentos certos – A utilização dos equipamentos adequados é a principal


forma de melhorar as condições de trabalho e preservar o colaborador de doenças
laborais. São equipamentos que adaptam as condições mecânicas, posturais e
anatômicas à condição do trabalhador. Cadeiras adequadas, suportes, apoio para
pulsos e pés, entre outros, preservam a saúde do colaborador e ajudam a prevenir
uma série de problemas.
Boa iluminação – A má iluminação é um poderoso inimigo da visão humana.
Trabalhar nessas condições pode levar a danos progressivos aos olhos. Por isso, é
preciso verificar as condições de luz natural e artificial no ambiente de trabalho e
adequá-las ao esforço exigido pela atividade.

36
Incentivo a vida saudável – Pode parecer que esse tipo de estímulo não cabe à
empresa, mas é bom pensar que grande parte do seu dia o trabalhador passa na
empresa, que é onde faz as refeições e compromete a sua condição física ao se
portar de modo sedentário.
Ofereça pausas – As pausas são essenciais para recarregar as baterias e alongar o
corpo, o que ajuda a evitar problemas físicos.
Distribuição de responsabilidades – Além de distribuir as responsabilidades, é
preciso ter clareza e fazer isso de uma forma justa, que não sobrecarregue ninguém.
Planejamento e organização – É fundamental, porque planejamento e organização
ajudam a economizar tempo e reduzem as situações de estresse.
Canal de comunicação – Não conseguir falar com um superior num momento de
dificuldade no trabalho ou quando se tem uma grande ideia, ou mesmo uma
reclamação pode desestimular e desanimar o funcionário. A comunicação deve ser
um canal de ida e volta.

5. AÇÃO ERGONÔMICA

A ação ergonômica é um conjunto de princípios e conceitos eficazes para


viabilizar as mudanças necessárias para a adequação do trabalho às características,
habilidades e limitações dos agentes no processo de produção de bens e serviços.
Nesse sentido, a ação ergonômica:

 Parte dos fundamentos da ergonomia: ou seja, dos diversos conhecimentos


sobre as características, habilidades e limitações da pessoa humana envolvida

37
num processo de produção – o que constitui o campo da ergonomia física,
onde se estabelece uma visão do operador e de seu posto de trabalho como
unidades elementares do sistema de trabalho;
 Se alimenta da abordagem cognitiva do trabalho: ou seja das diversas
modelagens sobre a natureza e o processo de tomada de decisão individual e
coletiva que requer a execução das atividades de trabalho - o que constitui o
campo da ergonomia cognitiva onde o trabalhador é concebido como um
agente competente e organizado num sistema de produção
 Se estabelece com foco na organização do trabalho: ou seja busca descrever
as atividades de trabalho como uma resposta do operador às exigências da
produção – o que constitui o campo da ergonomia situada, onde se modela a
organização baseada na atividade e, mais ainda, qual o lugar da modelagem
da atividade na concepção da organização.
 Se conduz na perspectiva da avaliação custo-efetividade: ou seja, busca ao
longo da ação avaliar o custo e o retorno propiciado pela Ergonomia para a
organização - o que constitui o campo da macroergonomia.
 Produz resultados a nível de negócios: ou seja, busca inserir as necessidades
de mudanças estabelecidas nos campos clássicos, cognitivos e situados numa
perspectiva maior da estratégia e da organização da empresa, suas
contingências e de mudanças de cultura da organização – o que constitui o
campo da antropotecnologia onde se constrói uma engenharia simultânea de
produto, de processo e de gestão da produção centrada na atividade de
trabalho.

As diferentes e complementares ergonomias

38
Nos termos contemporâneos da ergonomia estaremos olhando para o operador
– individualmente ou em coletivo – como uma pessoa que realiza sua atividade em
situação de trabalho socialmente determinada. A pergunta chave da ação ergonômica
é portanto: Como transformar as situações de trabalho em nossa sociedade?
Naturalmente, a resposta não é simples nem imediata, requerendo de todos aos que
se dediquem a respondê-la uma postura aberta e dinâmica. Por ora, assumiremos
que a ação ergonômica é um processo ao mesmo tempo:

 Construtivista - dando destaque às singularidades e demais características


diferenciadoras de cada caso onde se busque conseguir realizar mudanças e
transformações;
 Participativo - no sentido possível da realidade de cada organização, de sua
realidade social e de suas múltiplas microssociologias reais;
 Consensual - onde as verdades se pautam por convergência de pontos de
vista, buscando administrar o impacto das revelações possíveis e argumentar
sobre as realidades e materialidades inequivocamente apresentáveis:

A ação ergonômica não é uma venda de produtos, mas o atendimento à


demanda do cliente de se dotar de tecnologia física ou gerencial para resolver seus
problemas. Para realizar este trabalho de articulação dos talentos, competências e
experiências existentes na organização com os saberes e práticas que aporta em sua
consultoria, o consultor de ação ergonômica escuta a demanda gerencial, tal como
ela é formulada pela organização: problemas geralmente complexos e num ambiente
de relativa nebulosidade. São ofertas de encaminhamentos tanto da parte da
organização - que tem sua cultura historicamente estabelecida e que deseja
reformatá-la para estratégias já deliberadas - como também da consultoria - que traz
outras experiências e benchmarkings inseridos numa metodologia que lhe é própria
e que é ofertada à organização.

Em suma, a ação ergonômica se caracteriza como uma consultoria dinâmica,


que parte das definições inicialmente delineadas pela organização. Paulatinamente
vai construindo um objeto preciso de intervenção, focos definidos de sua ação e
modalidades ajustadas de atuação. Todo este funcionamento pode ser simbolizado
por um itinerário que evita perigosos atalhos causadores de insucesso. Busca-se a
instrução da demanda para permitir se trabalhar com problemas reais, efetivos e cujo

39
tratamento seja possível pela organização; isso feito, não se procura a passagem
imediata a uma solução de algibeira, mas se deflagra todo um processo de análise e
modelagem que permite à organização assenhorar-se do resultado, inclusive
tomando parte ativa na especificação e implantação da mesma. O resultado é uma
solução adaptada às necessidades das pessoas daquela organização.

Como estamos podendo nos dar conta, o escopo da ergonomia é efetivamente


amplo. Isto levou as pessoas que trabalham com ergonomia a desenvolver maneiras
de dar conta dos problemas que lhes surgem em sua vida profissional. Estas
maneiras se diferenciam quanto à forma de atacar os problemas, ou abordagem,
quanto à forma de encaminhar soluções, ou perspectivas e quanto à forma de agir
numa realidade efetiva, ou finalidade, propriamente dita.

40
6. REFERÊNCIAS

ABERGO, 2000 - A certificação do ergonomista brasileiro - Editorial do Boletim


1/2000, Associação Brasileira de Ergonomia.

BARNES, Ralph Mosser. Estudo de movimentos e de tempos: projeto e medida


do trabalho. 6. ed. São Paulo: Edgar Blücher, 1977. 635 p.

COUTO, Hudson de Araújo. Ergonomia aplicada ao trabalho. Belo Horizonte: Ergo,


1995.

COUTO, Hudson de Araújo. Ergonomia aplicada ao trabalho. O manual técnico da


máquina humana. Belo horizonte: Ergo Editora, 1995. II v.

CYBIS, W.A, BETIOL, A.H. & FAUST, R, Ergonomia e Usabilidade –


Conhecimentos, Métodos e Aplicações . Novatec Editora. ISBN 978-85-7522- 138-9.

DEJOURS, Cristophe. O fator humano. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas,


1997.

DUL, J., WEEDMEESTER, B. Ergonomia prática. São Paulo : Edgard Blücher, 1995.

DUL, Jan & WEERDMEESTER, Bernard. Ergonomia prática. Tradução por Itiro Iida.
São Paulo: Edgar Blücher, 2004. 137 p

FALZON, Pierre. Ergonomia. 2. ed. São Paulo: Edgar Blücher, 2012.

FEITOSA, Bruno da Costa; MOREIRA, Raimundo Everton de Aquino. Análise


ergonômica do trabalho – Um estudo de caso em pequena empresa de perfumaria
e cosméticos. [S.d.]. Artigo. 8 p.

FRANCISCHINI, P. G. Estudos de tempos. In: CONTADOR, J. C. (Coord.). Gestão


de operações: a engenharia de produção a serviço da modernização da empresa.
São Paulo: Edgard Blücher, 2010.

GRANDJEAN, Etienne, Manual de Ergonomia, Adaptando o trabalho ao homem,


Editora Artes Médicas Sul Ltda, 1998.

41
GUIMARÃES, L.B.M, Postos de trabalho, Equipamentos e Ferramentas, Arranjo
físico do postos, 3.1 - 8, Postura para manejo e controles, Ergonomia de Produtos
Vol.2. Porto Alegre, UFRGS,2000.

IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo : Edgard Blücher, 2005.

MANUAL DA ERGONOMIA. Manual de aplicação da norma regulamentadora


n°17. 2. ed. São Paulo: EDIPRO, 2012.

MASCIA, F. L.; SZNELW AR, L. I. Ergonomia. In CONTADOR, J. C. (Org.). Gestão


de operações: a engenharia de produção a serviço da modernização da empresa.
São Paulo: Edgard Blücher, 1996. p. 165-76.

MONTMOLLIN, Maurice de. A ergonomia. Lisboa : Piaget, 1990.

OLIVER, Jean, MIDDLEDITH, Alison, Anatomia funcional da coluna vertebral.

PINHEIRO, Ana Karla da Silva; FRANÇA, Maria Beatriz Araújo. Ergonomia aplicada
à anatomia e à filosofia do trabalhador. Goiânia: AB, 2006.

VIDAL M., Meirelles L.A., Masculo F., Comte F. (1976) - Introdução à Ergonomia.
Apostila para curso de Graduação. PEP/COPPE.

42

Você também pode gostar