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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

MESTRADO EM DIREITO FISCAL E ADUANEIRO

MANUAL DE TEORIA GERAL DO DIREITO


FISCAL E ADUANEIRO

Teoria Geral do Direito Fiscal e Aduaneiro


Código: CFG-PG-ISCED-011
Total Horas: 175
Créditos (SNATCA): 07

2019

i
Direitos de autor (copyright)
Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED),
com todos os direitos reservados, sendo, por isso, proibida a duplicação ou reprodução
parcial ou total deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos,
mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora
(Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância - ISCED).
A não observância do acima estipulado o infractor é passível a aplicação de processos
judiciais em vigor no País.

Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED)


Direcção de pós-Graduação, Pesquisa e Extensão
Avenida Mártires da Revolução No 2405/2177 - Macuti
Beira - Moçambique
Telefone: 23313689/90
Cel: +258823109525/847322199

Fax: 23323501
E-mail: mestrado@isced.ac.mz
Website: www.isced.ac.mz

ii
Agradecimentos

O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) agradece a colaboração dos


seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual:

Direcção de Pós-graduação, Pesquisa e Extensão


Coordenação
Gabinete de Monitoria e Avaliação de Qualidade do ISCED
Design
Instituto Africano de Promoção da Educação à Distância
Financiamento e Logística
(IAPED)

Elaborado por: Arquimedes Varimelo, PhD

iii
Indice

Visão geral 1
Benvindo ao Módulo de Teoria Geral do Direito Fiscal e Aduaneiro ............................... 1
Objectivos do Módulo....................................................................................................... 1
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................. 1
Como está estruturado este módulo ................................................................................ 2
Ícones de actividade ......................................................................................................... 4
Habilidades de estudo ...................................................................................................... 5
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 7
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ................................................................................ 9
Avaliação ......................................................................................................................... 10

TEMA – I: NOÇÃO E FUNDAMENTOS DO DIREITO FISCAL E ADUNAEIRO 13


UNIDADE TEMÁTICA 1.1. A ACTIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO ............................... 13
Introdução....................................................................................................................... 13
Sumário ........................................................................................................................... 13
Nesta Unidade temática estudamos e discutimos fundamentalmente: ........................ 13
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 20
Exercícios para AVALIAÇÃO ............................................................................................ 20
UNIDADE TEMÁTICA 1.2. DIREITO FISCAL E DIREITO ADUANEIRO ................................ 21
Introdução....................................................................................................................... 21
Sumário ........................................................................................................................... 21
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 24
Exercícios para AVALIAÇÃO ............................................................................................ 25
UNIDADE TEMÁTICA 1.3. FONTES DO DIREITO FISCAL E DIREITO ADUANEIRO ............. 26
Introdução....................................................................................................................... 26
Sumário ........................................................................................................................... 26
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 32
Exercícios para AVALIAÇÃO ............................................................................................ 32
UNIDADE TEMÁTICA 1.4. A INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO DO DIREITO FISCAL E
DIREITO ADUANEIRO ...................................................................................................... 33
Introdução....................................................................................................................... 33
Sumário ........................................................................................................................... 33
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 41
Exercícios para AVALIAÇÃO ............................................................................................ 41
Exercícios do TEMA ......................................................................................................... 42

TEMA – II: A RELAÇÃO JURÍDICA FISCAL E ADUANEIRA 43


UNIDADE TEMÁTICA 2.1. CONCEITO, NATUREZA E CARACTERÍSTICAS DA RELAÇÃO
JURÍDICA FISCAL E ADUANEIRA ...................................................................................... 43
Introdução....................................................................................................................... 43
Sumário ........................................................................................................................... 44
Nesta Unidade temática estudamos e discutimos fundamentalmente: ........................ 44
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 47

iv
Exercícios para AVALIAÇÃO ............................................................................................ 47
UNIDADE TEMÁTICA 2.2. OBJECTO DA RELAÇÃO JURÍDICA FISCAL E ADUANEIRA ........ 48
Introdução....................................................................................................................... 48
Sumário ........................................................................................................................... 48
Nesta Unidade temática estudamos e discutimos fundamentalmente: ........................ 48
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 50
Exercícios para AVALIAÇÃO ............................................................................................ 50
UNIDADE TEMÁTICA 2.3. OS SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA FISCAL E ADUANEIRA .. 51
Introdução....................................................................................................................... 51
Sumário ........................................................................................................................... 51
Nesta Unidade temática estudamos e discutimos fundamentalmente: ........................ 51
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 55
Exercícios para AVALIAÇÃO ............................................................................................ 56
Exercícios do TEMA ......................................................................................................... 56

TEMA – III: A VIOLAÇÃO DO DIREITO FISCAL E ADUANEIRO 57


UNIDADE TEMÁTICA 3.1. A ILICITUDE FISCAL E ADUANEIRA E A RELAÇÃO PENAL
TRIBUTÁRIA ..................................................................................................................... 57
Introdução....................................................................................................................... 57
Sumário ........................................................................................................................... 57
Nesta Unidade temática estudamos e discutimos fundamentalmente: ........................ 57
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 63
Exercícios para AVALIAÇÃO ............................................................................................ 63
UNIDADE TEMÁTICA 3.2. AS SANÇÕES TRIBUTÁRIAS..................................................... 65
Introdução....................................................................................................................... 65
Sumário ........................................................................................................................... 65
Nesta Unidade temática estudamos e discutimos fundamentalmente: ........................ 65
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 69
Exercícios para AVALIAÇÃO ............................................................................................ 69
Exercícios do TEMA ......................................................................................................... 69

TEMA – IV: AS GARANTIAS DOS CONTRIBUINTES 70


UNIDADE TEMÁTICA 4.1. AS GARANTIAS ADMINISTRATIVAS ........................................ 70
Introdução....................................................................................................................... 70
Sumário ........................................................................................................................... 70
Nesta Unidade temática estudamos e discutimos fundamentalmente: ........................ 70
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 75
Exercícios para AVALIAÇÃO ............................................................................................ 75
UNIDADE TEMÁTICA 4.2. AS GARANTIAS CONTENCIOSAS ............................................. 76
Introdução....................................................................................................................... 76
Sumário ........................................................................................................................... 76
Nesta Unidade temática estudamos e discutimos fundamentalmente: ........................ 76
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 80
Exercícios para AVALIAÇÃO ............................................................................................ 80
Exercícios do TEMA ......................................................................................................... 81

v
Visão geral

Benvindo ao Módulo de Teoria Geral do Direito


Fiscal e Aduaneiro

Objectivos do Módulo

Ao terminar o estudo deste módulo de Teoria Geral do


Direito Fiscal e Aduaneiro deverá ser capaz de:

❖ Conhecer e dominar as bases teóricas do


Direito fiscal e aduaneiro, por forma a
compreender a essência do Direito fiscal e
aduaneiro.

i. Compreender a noção, objecto e âmbito do direito


fiscal e aduaneiro;
ii. Conhecer e Compreender as fontes do direito fiscal e

Objectivos aduaneiro;

Específicos iii. Compreender e Caracterizar os princípios e as normas


do direito fiscal e aduaneiro;
iv. Compreender a relação jurídica fiscal e aduaneira; e

v. Obter bases para exercer as garantias dos


contribuintes.

Quem deveria estudar este módulo

Este Módulo foi concebido para estudantes do curso de


Mestrado em Direito Fiscal e Aduaneiro do ISCED. Poderá

1
ocorrer, contudo, que haja leitores que queiram actualizar e
consolidar seus conhecimentos nas matérias aqui abordadas,
à estes o presente Manual, que poderá ser adquirido nas
instalações do ISCED, afigura-se adequado, tendo em conta
as suas abordagens completas e actualizadas.

Como está estruturado este módulo

Este módulo de Teoria Geral do Direito Fiscal e Aduaneiro


está estruturado como se segue:

Páginas introdutórias

▪ Um índice completo.

▪ Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo,


resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer
para melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia
esta secção com atenção antes de começar o seu estudo,
como componente de habilidades de estudos.

2
Conteúdo desta Disciplina / módulo

Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua


vez comporta certo número de unidades temáticas ou
simplesmente unidades. Cada unidade temática se
caracteriza por conter uma introdução, objectivos,
conteúdos.

No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são


incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação,
só depois é que aparecem os exercícios de avaliação.

Os exercícios de avaliação têm as seguintes características:


Puros exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos
e actividades práticas, incluído estudo de caso.

Outros recursos

A equipa dos académicos e pedagogos do ISCED, pensando


em si, num cantinho, recôndito deste nosso vasto
Moçambique e cheio de dúvidas e limitações no seu processo
de aprendizagem, apresenta uma lista de recursos didácticos
adicionais ao seu módulo para você explorar. Para tal o ISCED
disponibiliza na biblioteca do seu centro de recursos mais
material de estudos relacionado com o seu curso como:
Livros e/ou módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para além deste
material físico ou electrónico disponível na biblioteca, pode
ter acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais
ainda as possibilidades dos seus estudos.

3
Auto-avaliação e Tarefas de avaliação

Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se


no final de cada unidade temática e de cada tema.

Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-


avaliação, mas sem mostrar os passos e devem obedecer o
grau crescente de dificuldades do processo de aprendizagem,
umas a seguir a outras. Parte das terefas de avaliação será
objecto dos trabalhos de campo a serem entregues aos
tutores/docentes para efeitos de correcção e
subsequentemente nota. Também constará do exame do fim
do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os
exercícios de avaliação é uma grande vantagem.

Comentários e sugestões

Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre


determinados aspectos, quer de natureza científica, quer de
natureza didáctico-Pedagógica, etc, sobre como deveriam ser
ou estar apresentadas. Pode ser que graças as suas
observações que, em gozo de confiança, classificamo-las de
úteis, o próximo módulo venha a ser melhorado.

Ícones de actividade

Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas


margens das folhas. Estes ícones servem para identificar
diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem
indicar uma parcela específica de texto, uma nova actividade
ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

4
Habilidades de estudo

O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a


aprender. Aprender aprende-se.

Durante a formação e desenvolvimento de competências,


para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados,
implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é,
os bons resultados apenas se conseguem com estratégias
eficientes e eficazes. Por isso é importante saber como, onde
e quando estudar. Apresentamos algumas sugestões com as
quais esperamos que caro estudante possa rentabilizar o
tempo dedicado aos estudos, procedendo como se segue:

1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio


de leitura.

2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida).

3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e


assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR).

4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a


sua aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o
padrão.

5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades


práticas ou as de estudo de caso se existir.

IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-


tempo, respectivamente como, onde e quando...estudar,
como foi referido no início deste item, antes de organizar os
seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente de
estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em

5
casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de
manhã/de tarde/fins-de-semana/ao longo da semana? Estudo
melhor com música/num sítio sossegado/num sítio
barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em
cada hora, etc.

É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido


estudado durante um determinado período de tempo; deve
estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só
ao seguinte quando pensar que já domina bem o anterior.

Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que


puder ler e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a
melhor opção é juntar o útil ao agradável: Saber com
profundidade todos conteúdos de cada tema, no módulo.

Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente


por tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma
hora intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de
descanso (chama-se descanso à mudança de actividades). Ou
seja, que durante o intervalo não se continuar a tratar dos
mesmos assuntos das actividades obrigatórias.

Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual


obrigatório pode conduzir ao efeito contrário: baixar o
rendimento da aprendizagem. Por que o estudante acumula
um elevado volume de trabalho, em termos de estudos, em
pouco tempo, criando interferência entre os conhecimentos,
perde sequência lógica, por fim ao perceber que estuda tanto,
mas não aprende, cai em insegurança, depressão e desespero,
por se achar injustamente incapaz!

6
Não estude na última da hora; quando se trate de fazer
alguma avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele
que estuda sistematicamente), não estudar apenas para
responder a questões de alguma avaliação, mas sim estude
para a vida, sobre tudo, estude pensando na sua utilidade
como futuro profissional, na área em que está a se formar.

Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e


que matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo
livre que resta, deve decidir como o utilizar produtivamente,
decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras
actividades.

É importante identificar as ideias principais de um texto, pois


será uma necessidade para o estudo das diversas matérias
que compõem o curso: A colocação de notas nas margens
pode ajudar a estruturar a matéria de modo que seja mais
fácil identificar as partes que está a estudar e Pode escrever
conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes,
pode também utilizar a margem para colocar comentários
seus relacionados com o que está a ler; a melhor altura para
sublinhar é imediatamente a seguir à compreensão do texto
e não depois de uma primeira leitura; Utilizar o dicionário
sempre que surja um conceito cujo significado não conhece
ou não lhe é familiar;

Precisa de apoio?

Caro estudante temos a certeza que por uma ou por outra


razão, o material de estudos impresso, lhe pode suscitar
algumas dúvidas como falta de clareza, alguns erros de

7
concordância, prováveis erros ortográficos, falta de clareza,
fraca visibilidade, página trocada ou invertidas, etc). Nestes
casos, contacte os serviços de atendimento e apoio ao
estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, sms,
E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta
participando a preocupação.

Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes


(Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a
sua aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância
da comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso
as TIC se tornam incontornável: entre estudantes, estudante –
Tutor, estudante – CR, etc.

As sessões presenciais são um momento em que você caro


estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com
staff do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central
do ISCED indigitada para acompanhar as suas sessões
presenciais. Neste período pode apresentar dúvidas, tratar
assuntos de natureza pedagógica e/ou administrativa.

O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de


30% do tempo de estudos a distância, é muita importância,
na medida em que lhe permite situar, em termos do grau de
aprendizagem com relação aos outros colegas. Desta
maneira ficará a saber se precisa de apoio ou precisa de
apoiar aos colegas. Desenvolver hábito de debater assuntos
relacionados com os conteúdos programáticos, constantes
nos diferentes temas e unidade temática, no módulo.

8
Tarefas (avaliação e auto-avaliação)

O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios,


actividades e auto−avaliação), contudo nem todas deverão
ser entregues, mas é importante que sejam realizadas. As
tarefas devem ser entregues duas semanas antes das sessões
presenciais seguintes.

Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o


não cumprimento dos prazos de entrega, implica a não
classificação do estudante. Tenha sempre presente que a nota
dos trabalhos de campo conta e é decisiva para ser admitido
ao exame final da disciplina/módulo.

Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR)


e os mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente.

Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de


pesquisa, contudo os mesmos devem ser devidamente
referenciados, respeitando os direitos do autor.

O plágio1 é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es).


Uma transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do testo
de um autor, sem o citar é considerado plágio. A honestidade,
humildade científica e o respeito pelos direitos autorais
devem caracterizar a realização dos trabalhos e seu autor
(estudante do ISCED).

1
Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária,
propriedade intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização.

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Avaliação

Muitos perguntam: Como é possível avaliar estudantes à


distância, estando eles fisicamente separados e muito
distantes do docente/tutor! Nós dissemos: Sim é muito
possível, talvez seja uma avaliação mais fiável e consistente.

Você será avaliado durante os estudos à distância que contam


com um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de
estudar os conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de
contacto presencial conta com um máximo de 10%) do total
de tempo do módulo. A avaliação do estudante consta
detalhada do regulamentado de avaliação.

Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e


aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de
frequência para ir aos exames.

Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou


modulo e decorrem durante as sessões presenciais. Os
exames pesam no mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da
média de frequência, determinam a nota final com a qual o
estudante conclui a cadeira.

A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da


cadeira.

Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois)


trabalhos e 1 (um) (exame).

Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão


utilizados como ferramentas de avaliação formativa.

Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter


em consideração a apresentação, a coerência textual, o grau

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de cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as
recomendações, a identificação das referências bibliográficas
utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros.

Os objectivos e critérios de avaliação constam do


Regulamento de Avaliação.

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TEMA – I: NOÇÃO E FUNDAMENTOS DO DIREITO FISCAL E ADUNAEIRO

UNIDADE Temática 1.1. A actividade financeira do Estado


UNIDADE Temática 1.2. Direito fiscal e Direito aduaneiro
UNIDADE Temática 1.3. Fontes do Direito fiscal e Direito
aduaneiro
UNIDADE Temática 1.4. Principios de interpretação e aplicação
do Direito fiscal e aduaneiro
UNIDADE Temática 1.5. Exercícios deste tema

UNIDADE TEMÁTICA 1.1. A ACTIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO

Introdução

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


▪ Conhecer e compreender a actividade financeira do Estado
▪ Compreender a necessidade da subordinação da actividade
financeira do Estado às normas jurídicas.
Objectivos
específicos

Sumário
Nesta Unidade temática estudamos e discutimos
fundamentalmente:
• A actividade financeira do Estado
• A soberania financeira do Estado
• A subordinação da actividade financeira às normas jurídicas

13
Sub-Unidade 1.1.1. A actividade financeira do Estado

O Estado enquanto personificação do colectivo e, portanto,


responsável pela satisfação das necessidades colectivas exerce
várias actividades. Uma destas actividades é a ACTIVIDADE
FINANCEIRA.

A actividade financeira do Estado pode ser definida como sendo


as acções que o Estado leva a cabo com vista à obtenção dos
recursos necessários para a execução das necessidades
públicas.

Desde sempre o Estado, na qualidade do garante da satisfação


das necessidades públicas ou colectivas, desempenhou a
actividade financeira, mesmo se o seu exercício, em concreto,
varia consoante os perídos especificos de tempo.

No período historicamente considerado de clássico (Séculos XVIII


E XIX), o Estado era caracterizado por ser um Estado liberal, ou
seja, um Estado que preconiza uma intervenção miníma na
economia, e por via disso, um Estado que deixava a satisfação
das necessidades das populações, grandemente, nas mãos
destas. Era um periodo considerado de prevalência do
indivudualismo como corrente filisófica e de caracterização do
Estado.

Assim sendo, neste período a actividade financeira do Estado


visava somente à obtenção de recursos para custear as despesas
públicas. Os recursos obtidos pelos Estado não tinham como
destino preferencial os domínios econômico e social.

14
Esta visão do Estado e da sua actividade financeira começou a
alterar nos finais do século XIX com a ampliação das funções
estatais decorrente de fortes oscilações econômicas, grandes
crises econômico-financeiras provocadas pelo crescente
desemprego dos períodos de depressão econômica, gerando
tensões sociais, grandes descobertas científicas e o efeito de suas
aplicações e dos efeitos decorrentes da Revolução Industrial e o
agravamento das condições materiais dos trabalhadores.

Apartir dessa altura e por causa destas situações, O Estado viu-se


na contigência de intervir na economia e na sociedade, deixando,
assim, de ser essencialmente liberal e tornando-se mais
intervencionista, sobretudo através da instituição de
mecanismos de melhoria de arrecadação de recursos e da
consignação destes aos dominios económicos e sociais.

O Estado começou a intervir na actividade econômica por meio


de seu poder normativo, elaborando leis de combate ao abuso
do poder econômico, leis de proteção ao consumidor, mas
também leis para regular a tributação das pessoas e garantir
capacidade financeira ao Estado.

Com isto tudo pretendia o Estado garantir mais e melhor o


interesse público e bem-estar social.

15
Sub-Unidade 1.1.2. A soberania Tributária do Estado

Para melhor exercer a sua actividade financeira ao Estado é lhe


atribuido um poder, o poder de Tributar, ou seja, o poder de fixar
e cobrar tributos.

O poder de tributar é uma expressão da soberania tributária do


Estado, soberania esta que constituti uma das faces da soberania
do Estado, e tal qual esta é um poder autonômo livre de
qualquer constragimento que nã seja definido pelo próprio
Estado.

Por soberania tributária, entende-se o poder atribuido ao Estado


(pelo detentor da soberania, o povo) de criar tributos (fiscais,
aduaneiros ou de qualquer outra espécie), de extingui-los, de
alargar ou restringir o seu âmbito e de estabelecer proibições de
qualquer natureza (Martinez, 2005).

A atribuição ao Estado de uma soberania tributária, prende-se


com o fim de atender o bem comum, pois, como organizador
máximo do bem comum, o Estado tem de dispôr de um poder (a
soberania), ou seja, um poder que lhe permita penetrar no
patrimônio dos particulares, exigindo-lhes as contribuições de
que necessita, dentro, é claro do que estiver legalmente previsto.

A soberania tributária deve ser entendida, com a consagração do


Estado Democrático de Direito, não de maneira absoluta, mas
como um poder que respeita os direitos e garantias
fundamentais dos seus cidadãos, propicie a justiça social e
alcance o objetivo constitucional de uma vida digna para todos.

16
Ou seja, no exercício do seu poder soberano tributário, o Estado
não pode criar impostos para satisfazer fins que não sejam os
seus próprios, nem para fazer face a despesas que não se
traduzam em vantagens para a respectiva comunidade.

Assim sendo, a soberania tributária encontra-se limitada pelo


costume, pelos tratados internacionais (devidamente ratificados)
e pelas leis constitucionais.

Para além destes limites, aos quais deve atribuir-se relevo não
apenas moral e político, mas também jurídico, os poderes
tributários do Estado acham-se normalmente confinados dentro
de fronteiras legais expressamente definidas. Ou seja, a
soberania tributária do Estado acha-se naturalmente limitada,
pela coexistência de outras soberanias, às suas fronteiras
territoriais, só dentro delas se exercendo, em princípio, o poder
de tributar. É esse o significado da chamada territorialidade do
tributo. Só excepcionalmente as normas tributárias emanadas de
uma ordem jurídica se projectam para além dos limites
territoriais a que essa ordem jurídica corresponde.

Em termos de exercício da soberania tributária, é ao poder


legislativo (Assembleia da República), por representar a
totalidade dos contribuintes, que compete em primeiro plano o
exercíco deste poder. Primeiro como poder constituinte e o
segundo dentro dos limites dos poderes que lhe são atribuídos
pela constituição.

A forma de concretização dos poderes que lhe são tributários

17
que a Lei Fundamental atribui à outras pessoas colectiva públicas
de território (Ex: Autarquias) é também uma decisão da
Assembleia da República, tal como a definição dos poderes da
administração e o âmbito da tributária ização judicial.

Entretanto, é habitual distinguir-se entre “a soberania tributária


legislativa e a soberania tributária administrativa, a soberania
tributária judicial e a soberania relativa as receitas.

18
Sub-Unidade 1.1.3. A subordinação da actividade financeira às
normas jurídicas

O exercício da actividade financeira pelo estado, tendo em conta


a consagração do Estado Democrático de Direito, obriga a sua
subordinação a normas jurídicas.

Ou seja, apesar de exercido sob a base da sua soberania


tributária, a actividade financeira do estado é regulada pelo
Direito, isto é, por um conjunto de normas jurídicas.

A vinculação da actividade financeira pelo Direito é resultado não


só pelo facto desta ocorrer num Estado de Direito, mas
principlamente por esta mexer com direitos fundamentais dos
cidadãos, tanto os direitos políticos, como os sociais e os
econômicos.

Assim sendo, o Direito, através da legislação, vai definir o que


pode ou não pode ser feito, tanto em relação ao Estado, que é
quem exerce o a actividade financeira, como em relação ao
cidadão, que é sobre quem é exercido a actividade financeira. Ou
seja, da mesma forma que os cidadãos devem se submeter às leis
como forma de viver em uma sociedade organizada, o poder do
Estado também é submetido ao direito.

O limite de poder do Estado no exercício da actividade financeira


existe para garantir que o mais importante em um Estado seja a
vontade e a garantia dos direitos dos cidadãos. É por esse motivo
a lei não permite que os governantes tenham liberdade absoluta
em suas decisões.

Como forma de garantir a prossecução do interesse público no


exercício da actividade financeira

19
pelo Estado, não só esta deve-se subrodinar à lei, mais também a
aprovação desta lei, compete, em primeiro lugar, aos
representantes dos cidadãos, ou seja, a Assembleia da República.

Assim sendo, a actividade financeira do Estado é subordinada às


normas jurídicas, no geral, e à normas jurídicas que regulam, em
especial, esta actividade, as normas jurídicas financeiras, ou
simplesmente, o Direito financeiro.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

1. O que é a actividade financeira?


2. O que é a soberania tributária?
3. A actividade financeira é uma actividade subordinada às
normas jurídicas?

Exercícios para AVALIAÇÃO

1. Caracterize a actividade financeira e fale da sua evolução.


2. Caracterize a soberania tributária do Estado e fale dos
seus limites.
3. Justifique a subordinação da actividade financeira do
Estado às normas jurídicas.

20
UNIDADE TEMÁTICA 1.2. DIREITO FISCAL E DIREITO ADUANEIRO

Introdução

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Conhecer e dominar a noção de Direito Fiscal e de Direito Aduaneiro


▪ Estabelecer a relação existente entre Direito fiscal e Direito Aduaneiro

Objectivos
Específicos

Sumário

Nesta Unidade temática 1.2. estudamos e discutimos


fundamentalmente:

• O Direito fiscal e Direito aduaneiro como disciplinas do


Direito financeiro
• Noção de Direito fiscal
• Noção de Direito aduaneiro
• Enquadramento do Direito fiscal e aduaneiro

Sub-Unidade 1.2.1. O Direito fiscal e Direito aduaneiro como


disciplinas do Direito financeiro

Como referido, a actividade financeira do Estado subordina-se à


normas jurídicas, no geral, e à normas jurídicas que regulam, em
especial, esta actividade, as normas jurídicas financeiras, ou
simplesmente, o Direito financeiro.

Ora, o Direito financeiro é o conjunto de normas de direito


público que regulam as relações jurídicas decorrentes

21
actividade financeira pelo Estado e que se estabeleceram entre
o Estado e o particular.

Se a actividade financeira do Estado tem duas faces, uma da


arrecadação das receitas e outra da realização das despesas, é
relativamente a sua face de arrecadação de receitas que esta é
principalmente analisada. Assim sendo, as normas relativas à
arrecadação de receitas apresentam uma importância no
estudo do Direito financeiro.

A parte do Direito financeiro que regula a actvidade financeira


de arrecadação de receitas é o Direito tributário, ou seja, o
conjunto de normas que regulam as relações entre o Estado e
as pessoas sujeitas às imposições tributárias de qualquer
espécie, limitando o poder de tributar e protegendo o cidadão
contra os abusos desse poder.

É no Direito tributário que podemos encontramos o Direito


fiscal e o Direito aduaneiro, enquanto disciplinas jurídicas que
regulam processos de arrecadação de receitas. Receitas fiscais
para o Direito fiscal e receitas aduaneiras para o Direito
aduaneiro.

22
Sub-Unidade 1.2.2. Noção de Direito fiscal e de Direito
aduaneiro

Como disciplinas do Direito financeiro, o Direito Fiscal e o Direito


aduaneiro regulam a arrecadação das receitas por parte do
Estado, sendo o Direito fiscal a disciplina que regula a
arrecadação da receita pública denominada impostos, enquanto
que o Direito aduaneiro regula a arrecadação da receita pública
denominada direitos aduaneiros.

O Direito fiscal constituti o principal conjunto de normas quando


se trata de arrecadação de receitas, uma vez que, a principal
fonte de receitas são os impostos regulados pelo Direito fiscal.

Podemos definir o Direito fiscal como sendo o conjunto de


normas que regulam a incidência, lançamento, liquidação e
cobrança da prestação pecuniária unilateral, definitiva e coactiva,
fixada por lei exigida às pessoas com capacidade contributiva, a
favor de entidades que desenvolvem ou exercem funções
públicas, com vista à satisfação de necessidades colectivas e que
não tem carácter de sanção de acto ilícito.

Apesar de visar também, grandemente, a arrecadação de


receitas, o Direito aduaneiro pode ser definido como sendo o
conjunto de normas que disciplina a actividade de
regulamentação e fiscalização da entrada e saída de produtos
do território nacional, e o lançamento e arrecadação dos
tributos eventualmente incidentes. Ou seja, o objecto do
Direito aduaneiro vai par além da arrecadação de receitas.

Ou seja, conforme pode-se facilmente observar, o direito


aduaneiro vai além do objectivo do direito tributário, haja vista

23
que a atividade de regulamentar e fiscalizar a entrada e saída
de produtos do território nacional nada tem a ver com simples
tributação.

Importante salientar que as atividades de regulamentação e


fiscalização da entrada e da saída de bons do território nacional
poderiam existir mesmo sem a previsão de qualquer tributação
sobre o comércio internacional – a função do direito aduaneiro
extravasa a meramente arrecadatória fiscal.

O Direito Aduaneiro visa regular a aduana, que tem a ver com


afirmação da soberania nacional do país, mediante seu controle
sobre seu território, o que inclui a fiscalização de suas
fronteiras, do movimento de entrada e saída de bens e pessoas.

Portanto, a actividade aduaneira não se confunde com a


tributária, mesmo fazendo parte daquela.

Assim sendo, estes dois ramos tem a função de regular acções


de arrecadação de receitas por parte do Estado, sendo que o
Direito aduaneiro vai para além deste objectivo.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

1. Qual é a definição do Direito fiscal?


2. Qual é a definição do Direito aduaneiro?
3. A que ramo do Direito pertecem o Direito fiscal e
aduaneiro?

24
Exercícios para AVALIAÇÃO

1. Proceda ao enquadramento do Direito fiscal e do Direito


aduaneiro nos ramos de Direito.
2. Distingua Direito fiscal do Direito aduaneiro

25
UNIDADE TEMÁTICA 1.3. FONTES DO DIREITO FISCAL E DIREITO
ADUANEIRO

Introdução

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Conhecer as fontes do Direito fiscal e do Direito aduaneiro


▪ Proceder a hierarquização das fontes

Objectivos
Específicos

Sumário

Nesta Unidade temática 1.3. estudamos e discutimos


fundamentalmente:

• A Constituição
• A Lei fiscal e aduaneira
• O Regulamento admnistrativo em matéria fiscal e
aduaneira
• O Direito internacional em matéria fiscal e aduaneira

Sub-Unidade 1.3.1. A Constituição da República

No cume da hierarquia das fontes do Direito fiscal e aduaneiro


encontramos a Constituição da República, ou seja, a Lei suprema
que regula o exercício do poder e garante direitos fundamentais
aos cidadãos.

Encontramos, normalmente, na Constituição estabelecida a


competência legislativa em matéria fiscal e aduaneira, bem como
traçando os limites fiscais e

26
aduaneiros. Veja-se, por exemplo, os artigos 126 e seguintes da
Constituição da República de Moçambique.

Assim sendo, no campo do Direito Tributário, para além da sua


função comum de supremacia relativamente à lei ordinária, a
Constituição tem por função definir a zona reservada à lei em
sentido formal, em obediência ao princípio da legalidade do
imposto.

Deste modo é na Constituição que encontramos os principios


basilares e fundamentais do Direito financeiro ou Direito
tributário como é o cado do princípio da legalidade do imposto
previsto no artigo 127 da Constituição da República de
Moçambique.

Sub-Unidade 1.3.2. A Lei fiscal e aduaneira

A Lei como acto do poder legislativo é a fonte originária do


tributo, caracterizando a obrigação tributária como obrigação ex-
iege.

A obrigação tributária não deriva da vontade das partes, mas sim


da expressa disposição da lei, por isso é uma obrigação ex-iege.

É muito importante verificar desde logo que legitimamente só


existe como fonte primária do tributo a lei, isto é, não pode, por
exemplo, uma autoridade administrativa exigir um tributo
mediante uma simples circular, uma ordem, um acto
discricionário, porque o tributo só é legítimo quando criado por
lei. No mesmo diapasão, não tem

27
valor uma confissão de dívida de tributo ou uma declaração
errônea do contribuinte, se, face à lei, o tributo não é devido.

O vínculo obrigatório tributário não pode surgir se não existir


uma norma de lei que determine o seu nascimento, em relação a
um determinado facto jurídico, ao qual a lei atribua a eficácia de
fazer surgir uma obrigação tributária.

A lei constitui, pois, a verdadeira e única fonte originária da


obrigação tributária. Além de conhecer os princípios
constitucionais de tributação deverá, portanto, o jurista
conhecer o texto da lei tributária, pois, é ela que traça as normas
gerais da própria incidência tributária.

Na categoria das leis estão também os Decretos-Leis sobre a


tributação, pois, estes apesar de emanarem do Poder Executivo,
tem poder de lei desde a sua edição, sanção e publicação no
diário ou jornal oficial. Ou seja, desde que estajam respeitados as
matérias de competência exclusiva da Lei e as devidas
autorizações do poder legislativo, o governo pode aprovar
normas em matéria tributária, que terão força de lei e serão,
consequentemente, fontes de Direito fiscal e aduaneiro.

28
Sub-Unidade 1.3.3. O Regulamento admnistrativo em matéria
fiscal e aduaneira

Os regulamentos como actos emanados pelo Poder Executivo


visam, acima de tudo, dar execução às leis instituidoras dos
tributos. Ou seja, a lei, geralmente, estabelece os princípios, as
normais mais gerais e os regulamentos especificam os detalhes,
não podendo, entretanto, nessa especificação, as disposições do
decreto jamais ultrapassarem os comandos da lei.

Qualquer excesso do decreto em relação à lei, constituirá um


vício que pode ser submetido a contrôle jurisdicional, vício êsse
denominado de ilegalidade.

Podemos também ressaltar a importância do regulamento para a


vigência da própria obrigação instituída pela lei, ou seja, a lei que
dependa de regulamento para se tornar exequível, somente
poderá começar a vigorar a partir da regulamentação.

O regulamento visa especificar, detalhadamente, os direitos e


obrigações fiscais ou tributárias.

Importa fazer refêrencia aqui sobre a existência também de um


poder regulamentar atribuido as instituições do poder local
(Autarquias).

29
Sub-Unidade 1.3.4. O Direito internacional em matéria fiscal e
aduaneira

Se entendermos que os destinatários das normas internacionais


são os Estados e não os indivíduos, não faria sentido a inclusão
das normas internacionais entre as fontes de Direito tributário.

Entretanto, partindo do princípio que as normas constantes de


convenções internacionais regularmente ratificadas ou
aprovadas vigoram na ordem interna, e existindo normas
internacionais que vinculam directamente os particulares
devemos incluir as normas internacionais entre as fontes de
Direito tributário.

Ou seja, depois de devidamente aprovados e ratificados para


poder vigorar no território nacional, as normas de direito
internacional em matéria tributária, são sim fontes do Direito
fiscal e do Direito aduaneiro.

Estas normas internacionais ratificadas, podem ter um valor igual


ou inferior à lei, de acordo com o modo de recepeção das
mesmas pela ordem jurídica interna.

30
Sub-Unidade 1.3.5. Outras fontes do Direito fiscal e do Direito
aduaneiro

Na classificação das fontes de Direito no geral, encontramos


também o costume, a doutrina e a jurisprudência como fontes de
Direito. Será que estas também são fontes do Direito fiscal e do
Direito aduaneiro?

Nem o costume, nem a doutrina, nem a jurisprudência


constituem fontes imediatas de Direito fiscal, nem do Direito
aduaneiro.

No campo tributário as normas não são criadas


espontaneamente pelos destinatários, mas sim por força da lei,
princípio que domina quase todos aspectos da tributação.

No entanto, tanto o costume, como a doutrina e a jurisprudência


desempenham um papel do maior relevo como fontes mediatas
de Direito tributário, pela influência que exercem na evolução
dos sistemas de Direito Positivo. E esta influência é ainda mais
marcada no campo do Direito Fiscal, por se tratar de um ramo de
Direito que tem sofrido ultimamente e está sofrendo, grandes e
profundas alterações, as quais são muito frequentemente
influenciadas pela opinião dos doutrinadores e pelas orientações
jurisprudenciais.

31
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

1. Quais são as fontes do Direito fiscal e do Direito


aduaneiro?
2. Quais das fontes de Direito não são fontes do Direito fiscal
e do Direito aduaneiro?
3. Qual a principal fonte do Direito fiscal e aduaneiro?

Exercícios para AVALIAÇÃO

1. Estabeleça a hierárquia das fontes do Direito fiscal e do


Direito aduaneiro.

2. Identifique a principal fonte do Direito fiscal e do Direito


aduaneiro, justifque a sua escolha e caracterize esta fonte.

3. Explique porque é que o costume, a doutrina e a


jurisprudência não são fontes imediatas do Direito fiscal e
do Direito aduaneiro.

32
UNIDADE TEMÁTICA 1.4. A INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO DO DIREITO
FISCAL E DIREITO ADUANEIRO

Introdução

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Conhececer as normas e principios de interpretação e integração das


normas fiscais e aduaneiras.

Objectivos ▪ Aplicar, correctamente, as normas e principios de interpretação e

Específicos integração das normas fiscais e aduaneiras.

Sumário

Nesta Unidade temática 1.4. estudamos e discutimos


fundamentalmente:

• Interpretação do Direito fiscal e aduaneiro


• A integração de lacunas no Direito fiscal e aduaneiro
• A aplicação da norma fiscal e aduaneira no tempo
• A aplicação da norma fiscal e aduaneira no espaço

33
Sub-Unidade 1.4.1. Interpretação do Direito fiscal e aduaneiro

Interpretar as normas fiscais e aduaneiras é fixar o sentido e


alcance das mesmas.

Tal como acontece as outras normas jurídicas, encontramos na


interpretação das normas fiscais e aduaneiras o mesmo tipo de
interpretações, ou seja, a Interpretação literal/autêntica ou
gramatical (aquele que resulta do texto da lei. A interpretação
baseia-se na letra da lei); a Interpretação extensiva (aquela que
resulta da análise entre a letra da lei e os trabalhos preparatórios
que lhe deram lugar. Então dos trabalhos preparatórios pode-se
concluir que a letra da lei ficou aquém do espírito do legislador
(mais curta). Como tal é necessário estender a letra da lei, ou
seja, têm de ser igual ao espírito do legislador); a Interpretação
restritiva (quando a letra da lei ficou além do espírito do
legislador. Então é necessário encurtar-se a letra da lei fazendo-
se assim uma interpretação restritiva) e Interpretação analógica
(consiste em aplicar a um caso em apreço [que esta a ser
decidido] e que não tem lei que se lhe aplique, uma lei que foi
aplicada anteriormente a um caso análogo (semelhante, o
mesmo conflito de interesses) decidido anteriormente.

Entretanto, à par dos tipos gerais de Interpretação às normas


jurídicas fiscais e aduaneira, podem ser aplicadas outros tipos de
interpretação, como por exemplo, a interpretação in dúbio pro
fisco – Na duvida a favor do fisco que determina que, estando no
pagamento do tributo em causa um interesse público que deve
prevalecer sobre o interesse egoístico do particular, entre duas
interpretações possíveis da mesma norma jurídica fiscal, deve

34
optar-se por aquela que, em concreto, se revele mais favorável à
defesa daquele primeiro interesse, em detrimento deste último.
Ou a interpretação in dúbio contra fisco – Na dúvida a favor do
contribuinte que, considerando o tributo uma agressão ao direito
de propriedade dos contribuintes e sendo este um direito
fundamental constitucionalmente consagrado, as restrições ao
mesmo devem ser apenas as estritamente necessárias e
legalmente previstas, pelo que, entre duas interpretações
possíveis da mesma norma jurídica fiscal, deve sempre optar-se
por aquela que, em concreto, se revele mais favorável aos
interesses do contribuinte.

Para além desta interpretação para casos de dúvida, existem


outros tipos de interpretação convista a alcançar certos
objectivos.

Assim sendo, para além dos tipos comuns de interpretação


podemos ter outros tipos de interpretação como a interpretação
económica que consiste na maximização de receitas (produzir um
número maior de receitas) para fazer face às necessidades
públicas.

Deste modo, as normas jurídicas fiscais e aduaneiras devem ser


interpretadas como quaisquer outras normas jurídicas, seguindo
as regras gerais de interpretação que estão previstas no código
civil, podendo-se, entretanto, e por opção legislativa aplicar-se
outros tipos de interpretação, como a interpretação em caso de
dúvida (contra ou pro fisco) ou simplesmente a interpretação
económica.

35
Sub-Unidade 1.4.2. A integração de lacunas no Direito fiscal e
aduaneiro

A integração de lacunas dá-se quando, perante uma situação


concreta e depois de efectuada a interpretação das leis, não
encontramos lei alguma que se lhe aplique à situação. Esta
ausência da Lei designa aquilo que chamamos de lacuna da lei.

Perante uma lacuna e tendo em conta o princípio da legalidade


do Tributo, ou, seja perante a exigência de que os elementos
essenciais do tributo constem da lei parlamentar ou decreto-lei
autorizado é necessário proceder à integração das normas
tributárias, por forma que uma determinada situação não fique
sem a devido enquadramento legal. Ou seja, a existência de
lacunas da lei é um problema que deve ser tratado com maior
cuidado em sede das normas tributárias.

A resolução da ausência de norma ou da lacuna da lei é tratada


normalmente pelo resucrso à anologia, isto é, a adopção da
solução legal existente em norma que regule um caso ou
situação análoga.

Ora, há um entendimento generalizado, mesmo se contestado


aqui ou ali, que a aplicação da analogia em Direito tributário não
tem lugar, em virtude da prevalência do princípio da legalidade
do tributo. Isto é, não é possível ao aplicador do Direito
tributário (o sujeito tributário passivo, administração tributária e
juiz) qualquer possibilidade de resolução das lacunas da lei com
recurso à analogia.

36
Ou seja, no domínio dos elementos essências dos tributos, por
observar-se o princípio da legalidade, exige-se, que quanto a
estes elementos essenciais, os mesmos constem da lei
parlamentar ou decreto-lei autorizado, não sendo possível ao
aplicador qualquer possibilidade de resolução das lacunas
através do recurso à analogia.

Assim sendo, em caso de lacuna da lei e porque nada pode ficar


por decidir, deve o legislador criar uma norma, dentro do espírito
do sistema para aplicar aquele caso concreto.

37
Sub-Unidade 1.4.3. A aplicação da norma fiscal e aduaneira no
tempo

A questão sobre a vigência da Lei também se coloca em Direito


fiscal e aduaneiro, ou seja, a questão de quando inicia e cessa a
vigência da Lei.

Relativamente ao início da vigência da Lei, tal como acontece em


outros ramos do Direito, é normalmente, a própria lei fiscal e
aduaneira que define o seu início de vigência, isto é, na própria
lei que consta o início da entrada em vigor da lei.

Se a lei não fixar esse início de vigência, aplica-se as regras de


Vocatio Legis previstas no ordenamento jurídico moçambicano
na Lei n.° 6/2003 de 18 de Abril.

Relativamente a cessão da vigente da lei fiscal e aduaneira


aplicam-se, também, os princípios consagrados nos restantes
ramos do direito, isto é, a lei pode cessar por:

• Revogação – quando nova lei anula uma lei


anterior. A revogação pode ser expressa, quando a
nova lei declara explicitamente que revoga a lei
antiga ou tácita, quando a nova lei contem um
regime jurídico contrário ao anterior, e como lei
posterior revoga lei anterior, dá-se a revogação
tácita. Pode ainda a revogação ser total, quando a
nova lei revoga na totalidade a lei anterior ou
parcial, quando a nova lei revoga parte da lei
anterior.

• Caducidade – quando expirou o prazo de vigência

38
da lei (foi ultrapassado o prazo que estava definido
na lei), ou também pode caducar por se ter atingido
ou esgotado o objectivo para o qual a lei foi criada.

Entretanto, mesmo perantes estas normas que regem a


aplicação da lei no tempo, há mesmo assim possibilidade de
ocorrência de conflitos das leis fiscais e aduaneiras no tempo
(questões de direito transitório), ou seja, ocorrência de situações
de existência de regimes de sucessão de dois ou mais regimes
jurídicos diferentes.

A solução para estes conflitos depende da matéria em concreto


regulada pelas leis em conflitos, pois, se a questão controversa
dizer respeito elementos essenciais do tributo a regra é a da não
retroactividade da lei, ou seja, aplica-se em cada momento a lei
que vigorava ao tempo da ocorrência do facto (aplica-se a lei que
estava em vigor quando aconteceu o facto).

Se a questão controversa não versar sobre elementos essenciais


do tributo as regras a observar são:

• Relativamente a prazos, formalidades, etc., a lei nova é de


aplicação imediata, na mediada em que contenha um
tratamento mais favorável ao contribuinte.
• Relativamente as leis interpretativas, a nova lei (lei
interpretativa) retroage à data da lei interpretada com o
limite constitucional do efeito do caso julgado.
• Relativamente as leis penais, se a nova lei deixar de
considerar infracção (despenalizar) factos punidos pela lei
anterior, é de aplicação retroactiva.
• Relativamente as normas processuais, tratando-se da
questão da competência, a aplicação é imediata mesmo às

39
causas pendentes; tratando-se formalismo, a aplicação é
imediata a não ser que tal aplicação acarrete a invalidade
de actos já praticados; tratanto-se de produção de provas
aplica-se a lei nova; tratando-se de recursos, aplica-se a lei
nova e quanto aos prazos, aplica-se a lei nova que alongue
os prazos.

Enfim, salvo raras excepções, principalmente, no que diz


respeito aos elementos esssenciais do tributo, o regime
jurídico da aplicação da lei fiscal e aduaneiro no tempo não
foge ao regime comum nesta matéria.

Sub-Unidade 1.4.4. A aplicação da norma fiscal e aduaneira no


espaço

Tal como relativamente a aplicação da Lei tributária no tempo, a


aplicação da Lei no espaço não foge muito ao regime jurídco
comum na matéria.

Relativamente a aplicação da Lei no espaço vigora, como um dos


principios principais, o princípio da territorialidade, que
prescreve que as normas de direito fiscal e aduaneiro se aplicam
aos factos ocorridos em território nacional (Território terrestre -
Território aéreo - Território marítimo- As embaixadas), salvo,
convenção internacional e/ou outros elementos de conexão
estabelecidos na lei.

Outros elementos de conexão que podem levar ao afastamento


do princípio da territorialidade são a residências do beneficiário
do rendimento ou o local de produção do rendimento, nos

40
impostos sobre rendimentos; a origem ou a tributação no
destino dos bens transaccionados, nos impostos sobre o
consumo, a lei do local das situações dos bens, nos impostos
sobre o património, etc.

À par dos outros elementos de conexão temos as regras das


Convenções Internacionais para evitar a dupla tributação
internacional como também excepções ao princípio da
territorialidade.

Assim sendo, em alguns casos específicos, o Estado da residência


não tem competência para tributar os rendimentos dos
contribuintes (Pessoal Singular ou Pessoa Colectiva).

Enfim, a aplicação da lei fiscal e aduaneira obdece a regra da


territorialidade, entretanto, este princípio pode ser posto em
causa pela aplicação de outros elementos de conexão, diferente
do território ou pela existência de convenções internacionais que
afastam este princípio e prescrevem outros critérios de aplicação
da Lei fiscal e aduaneira.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

1. À que tipos de interpretação estão sujeitas as leis fiscais e


aduaneiras?

2. Como se procede a intregração de lacunas das leis fiscais e


aduaneiras?

3. Qual é o regime jurídico para a aplicação das leis fiscais e


aduaneiras, no tempo e no espaço?

Exercícios para AVALIAÇÃO

41
1. Analise o regime de interpretação e aplicação das Leis
fiscais e aduaneiras face ao regime comum na matéria.

2. Tendo em conta a finalidade do Direito fiscal e aduaneira


para onde deve tender a interpretação e aplicação das leis
fiscais e aduaneiras? A favor do Estado ou do particular?

Exercícios do TEMA

1. Em que medida os fundamentos da actividade financeira


do Estado repercurtem se na construção do direito fiscal e
aduaneiro, em termos de fontes, sua interpretação e
aplicação?

2. A legalidade é um princípio essencial do Direito tributário.


Como se manifesta e qual é a sua influência relativamente
as fontes e a interpretação e aplicação das leis fiscais e
aduaneiras?

42
TEMA – II: A RELAÇÃO JURÍDICA FISCAL E ADUANEIRA

UNIDADE Temática 2.1. conceito de relação jurídica fiscal e


aduaneira
UNIDADE Temática 2.2. O objecto da relação jurídica fiscal e
aduaneira
UNIDADE Temática 2.3. Os sujeitos da relação jurídica fiscal e
aduaneira
UNIDADE Temática 2.4. As caracteristicas da relação jurídica
fiscal e aduaneira

UNIDADE TEMÁTICA 2.1. CONCEITO, NATUREZA E CARACTERÍSTICAS DA


RELAÇÃO JURÍDICA FISCAL E ADUANEIRA

Introdução

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Identificar e definir uma relação jurídica fiscal e aduaneira

▪ Conhecer a natureza da relação jurídica fiscal e aduaneira.

Objectivos
específicos

43
Sumário
Nesta Unidade temática estudamos e discutimos
fundamentalmente:
• Noção e natureza da relação jurídica fiscal e aduaneira
• Características da relação jurídica fiscal e adunaneira

Sub-Unidade 2.1.1. Noção e natureza da relação jurídica fiscal e


aduaneira

A relação jurídica é vista, normalmente, como o vínculo


estabelecido entre duas ou mais pessoas, ao qual as normas
jurídicas atribuem efeitos jurídicos.

Por relação jurídica fiscal e aduaneira é o vínculo obrigacional ou


creditícia, que visa a obtenção de receitas, independentemente
de qualquer outro vínculo jurídico e que não cria qualquer
obrigação específica ou contraprestação para o sujeito activo. Ou
seja, o elemento volutivo na constituição da relação juridica fiscal
e aduaneira é quase que inexistente.

Discute-se a natureza da relação fiscal e aduaneira, sendo o


grosso dos doutrináriosclassificam esta relação como uma
relação obrigacional, ou seja, o cerne da relação jurídica fiscal e
aduaneira é constituído pela obrigação fiscal e aduaneira ou que,
apesar de ser uma obrigação ou direito de crédito, tem
características especiais que a diferenciam das demais.

De um modo geral, a obrigação fiscal pode ser tida como o


vínculo jurídico nascido de verificação da situação ou das
condições abstractamente previstas na lei tributária e cujo

44
objecto é a prestação do tributo. A relação jurídica fiscal e
aduaneira é pois, uma relação obrigacional, embora de Direito
Público.

As percepções da obrigação fiscal e aduaneira têm sido diversas,


podendo se apontar duas opostas. A primeira, aponta para a
obrigação fiscal uma realidade diversa das obrigações civis, pela
sua natureza e estrutura, tendendo a atribuir ao acto
administrativo de liquidação a função de elemento constitutivo
daquela obrigação. A segunda, refere que a obrigação fiscal, na
sua essência, em nada se diferencia das relações obrigacionais do
direito civil, pois os aspectos em que se afasta do normal regime
civil não atingem o cerne do próprio conceito de obrigação.

Entretanto, para a melhor compreensão da relação jurídica fiscal


e aduaneira é necesário ter a noção dos seus pressupostos, que
constituem o conjunto de condições de que a lei faz depender o
nascimento da relação jurídica fiscal, nomeadamente, os sjueitos
da relação, o objecto, os factos e as garantias.

45
Sub-Unidade 2.1.2. Caracteristicas da relação jurídica fiscal e
aduaneira

A relação jurídica fiscal e aduaneira apresenta certas


específicadas se comparada com outras relações jurídicas.

Estas especificidades permitem caracterizar esta relação,


distinguindo-a das demais relações jurídicas.

Assim sendo, podem caracterizar a relação jurídica fiscal e


aduaneira como sendo uma relação, ex lege, irrenuciável,
excluisiva e detentora de garantias especiais.

A relação jurídica fiscal e aduaneira é uma relação ex lege, pois, o


seu regime é definido por lei, ou seja, independentemente da
vontade das partes. Ela resulta da lei e não da vontade das
partes. Exceptuam-se aqui os casos da «concordata tributária»,
admitida em certos ordenamentos jurídicos.

A relação jurídica fiscal e aduaneira é também uma relação


irrenunciável, na medida em que a mesma não está a disposiçãos
dos sujeitos. Por força desta irrenunciabilidade os direitos e
obrigações resultantes desta relação não podem ser
renunciados.

Entretanto, a irrenunciabilidade não pode ser entendida como


impedindo ao Estado de exonerar ou conceder beneficios
tributários aos contribuintes.

Em resultado que dos fins atribuidos à obrigação fiscal e


aduaneira (obtenção de receitas para satisfação de necessidades
públicas), bem como das outras caracteristicas atribuidas a
relação fiscal e aduaneira, à esta é conferida garantias especiais

46
para o seu reespeito.

Ou seja, ao Estado é garantido a obtenção dos seus créditos


resultantes da relação fiscal e aduaneira, através de um meio
característico, a execução fiscal e aduaneira.

Assim sendo, a relação jurídica fiscal e aduaneira apresenta


certas carcterísticas que permitem distingui-las das outras
relações jurídicas.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

1. O que é uma relação jurídica fiscal e aduaneira?

2. Qual é a natureza da relação jurídica fiscal e aduaneira?

3. Quais as caraterísticas da relação jurídica fiscal e


aduaneira?

Exercícios para AVALIAÇÃO

1. Fale da natureza da relação jurídica fiscal e aduaneira.

2. Analise a relação jurídico fiscal, tendo em conta as suas


carcateristicas especiais.

47
UNIDADE TEMÁTICA 2.2. OBJECTO DA RELAÇÃO JURÍDICA FISCAL E
ADUANEIRA

Introdução

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Conhecer o objecto da relação jurídica fiscal e aduaneira


▪ Classificar o(s) objecto (s) da relação jurídica fiscal e aduaneira

Objectivos
específicos

Sumário
Nesta Unidade temática estudamos e discutimos
fundamentalmente:
• Os pressupostos objectivos da tributação
• O objecto (imediato e mediato) da relação jurídica fiscal e
aduaneira

48
Sub-Unidade 2.2.1. O objecto da relação jurídica fiscal e
adunaneira

O objecto da relação jurídica é tudo aquilo sobre que incidem os


poderes do titular activo da relação.

Na relação jurídica fiscal e aduaneira os poderes do titular da


relação podem incidir de forma directa ou indirecta sobre algo,
dando, assim, lugar a exitência de um objecto imediato e
mediato.

O objecto mediato é aquele constituído pelo próprio conteúdo


do vínculo, pelos direitos e deveres que nele se integram. Este
correspondendo à prestação.

O objecto imediato da relação tributária, também designado por


conteúdo, é pois, constituído pelos direitos e deveres nessa
relação incluídos. E como cada direito de um dos sujeitos
encontra contrapartida num dever do outro, bastará indicar os
direitos e os deveres correspondentes ao sujeito activo, ou ao
sujeito passivo, para se fixar o conteúdo da relação. Indicar-se-
ão, assim, os deveres e os direitos do sujeito passivo, do
contribuinte.

O dever fundamental do sujeito tributário passivo é o de realizar


a prestação tributária, que corresponde ao objecto mediato da
relação.

Quanto aos direitos do contribuinte, afirmando-se


correntemente que a relação jurídica tributária é unilateral,
respeitando essa unilateralidade para uns autores apenas à
origem mas para outros também ao conteúdo, poderá parecer
duvidoso que naquela relação se incluam direitos do sujeito

49
passivo.

O objecto mediato da relação jurídica tributária é, por seu lado,


uma conduta, uma prestação positiva, “de dare”, “de facere”, ou
negativa “de non facere”.

Entende a generalidade da doutrina que a prestação tributária


principal é sempre,” de dare”, só se apresentando como “de
facere” ou “de non facere” as prestações acessórias.

As prestações tributárias acessórias, quer “de facere” quer “de


non facere”, geralmente não são fungíveis, pois pressupõem uma
conduta pessoal do contribuinte.

Distinguem-se, frequentemente, a prestação tributária principal,


resultante da aplicação da taxa básica do imposto ou direitos
aduaneiros, os adicionais e os adicionamentos. Mas importará
observar que a prestação global, resultante da aplicação da taxa
básica, dos adicionais e dos adicionamentos, é, em regra,
incidível.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

1. Qual é o objecto da relação jurídica fiscal e aduaneira?


2. O que distingue o objecto mediato do objecto imedato
nna relação jurídica fiscal e aduaneira?

Exercícios para AVALIAÇÃO

1. Descreva o objecto da relação jurídica fiscal e aduaneira.

50
UNIDADE TEMÁTICA 2.3. OS SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA FISCAL E
ADUANEIRA

Introdução

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Definir a personalidade tributária


▪ Conhecer e identificar os sujeitos da relação jurídica fiscal e aduaneira

Objectivos ▪ Distinguir e caracterizar o sujeito passivo do activo


específicos

Sumário
Nesta Unidade temática estudamos e discutimos
fundamentalmente:
• A personalidade tributária
• O sujeito activo da relação jurídica fiscal e adunaneira
• O sujeito passivo da relação jurídica fiscal e aduaneira

Sub-Unidade 2.3.1. A personalidade tributária


A personalidade tributária, constitui um dos aspectos da
personalidade jurídica. Consiste no reconhecimento de centros
de imputação de direitos e deveres tributários. É a
susceptibilidade desses direitos e desses deveres.

As leis tributárias, visando transferir para as entidades públicas a


parte dos patrimónios que se julga devida pela participação
daquelas no processo de formação de riqueza, atingem pela
incidência tributária, realidades económicas, que nem sempre
correspondem a situações jurídicas regularmente definidas.

A personalidade jurídica sofre, limitações e cerceamentos,

51
ditados pelas particularidades dos ramos de Direito face aos
quais não faria sentido, não teria causa, atribuir personalidade a
determinadas entidades. E acontece também, por vezes, que a
personalidade jurídica é atribuível apenas como susceptibilidade
de certos direitos e deveres em determinados tipos de relações
jurídicas.

Nas relações jurídico fiscais e aduaneiras a personalidade pode


ser activa ou passiva.

Sub-Unidade 2.3.2. O sujeito activo da relação jurídica fiscal e


adunaneira

A personalidade activa consiste na susceptibilidade de figura em


obrigações tributárias como sujeito activo.

A lei, ao definir os pressupostos tributários de que faz depender


o nascimento da relação jurídico-fiscal e aduaneira, atribui à
certas entidades, determinados direitos, dependentes da
verificação daqueles pressupostos e integrados na relação
jurídico-fiscal respectiva.

A personalidade tributária activa parece depender da


prossecução de interesses colectivos. Poderá admitir-se que o
Estado legislador seja livre na concessão dessa personalidade
tributária activa, mas aos sistemas políticos e jurídicos evoluídos
repugnaria a atribuição de créditos fiscais a entidades que não
prosseguem fins de interesse público.

Regra geral a personalidade activa é atribuida ao Estado, sendo o


Governo o órgão por meio do qual o Estado manifesta a sua

52
vontade nos quadros da relação jurídica de imposto, através de
actos de conteúdo individual (lançamento, liquidação, cobrança,
fiscalização) realizados por agentes situados na hierarquia da
orgânica governamental.

Sub-Unidade 2.3.3. O sujeito passivo da relação jurídica fiscal e


aduaneira

A personalidade tributária passiva é susceptibilidade de ser


sujeito passivo da obrigação fiscal e aduaneira. É atráves desta
que se aferem os sujeitos passivos da relação jurídica fiscal e
aduaneira.

Não oferece dúvidas a atribuição de personalidade tributária


passiva às entidades que como pessoas são tidas pela
generalidade de outras disciplinas jurídicas, quer se trate de
pessoas físicas quer de pessoas meramente jurídicas.

O sujeito passivo, pessoa a quem é juridicamente exigível a


prestação tributária, apresenta-se-nos como o contribuinte, ou
contribuinte de Direito, para distingui-lo da figura do
contribuinte de facto, que se desenha em consequência de, por
vezes, o sacrifício económico resultante do pagamento do
imposto ser suportado por pessoa diversa a quem é
juridicamente exigível.

Tem-se procurado distinguir o sujeito passivo (titular de uma


situação jurídico-tributária passiva) do contribuinte (pessoa em
relação à qual se verificam os pressupostos tributários) e do
devedor de imposto (aquele sobre quem recai o dever de

53
prestar).

O sujeito tributário passivo pode sê-lo por um débito originário


ou por um débito não originário. O débito do sujeito tributário
passivo é normalmente originário.

Mas também quanto ao carácter originário do débito tributário


importa ter presente que aquele carácter não coincide sempre e
necessariamente com o desenvolvimento normal da relação
jurídica de imposto. Não serão sujeitos passivos não originários
apenas as pessoas daquela relação. Há casos em que a entidade
obrigada a pagar na base de um desenvolvimento normal da
relação de imposto é um sujeito passivo não originário. Assim
acontece com os substitutos de imposto, chamados a pagar a
prestação tributária normalmente, isto é, na base de um
desenvolvimento normal da relação jurídica de imposto. Mesmo
assim, os substitutos de impostos são devedores, sujeitos
passivos, não originários; porquanto em relação a eles não se
estabelece uma presunção de benefício que justifique a
incidência tributária.

A atribuição de personalidade tributária passiva depende de


vínculos de carácter político e económico. É o factor político que
fixa os limites da atribuição no espaço.

A ordem jurídico-fiscal tributa situações económicas, mas apenas


aquelas que se desenvolvem na esfera da respectiva soberania.
Esta esfera é limitada por elementos políticos, tais como a
cidadania, o domicílio, a residência, a passagem pelo território
estadual, a situação de bens nesse mesmo território, a
propositura de uma acção judicial perante os Tribunais do
Estado, etc. Assim, sujeito passivo

54
de uma relação tributária predial, ou de contribuição autárquica,
será quem se presume auferir um rendimento (elemento
económico) proveniente de um prédio situado no território do
Estado (elemento político).

Não basta o gozo de personalidade tributária passiva, em geral,


para que uma entidade se integre, como sujeito passivo, em
qualquer tipo de obrigação tributária. A estrutura característica
de cada espécie tributária exige preenchimento de certos
requisitos de cuja verificação depende a personalidade tributária
em especial.

As isenções pessoais ou subjectivas, funcionam como condições


negativas relativamente à atribuição de personalidade tributária
passiva específica. Esta só será atribuída a certa entidade se ela
não beneficiar de uma isenção.

As isenções (quer as subjectivas quer as objectivas) não devem


confundir-se com as situações de não incidência. Para que se
verifique uma isenção tributária é indispensável precisamente
uma situação de incidência, da qual a isenção tem o efeito de
afastar uma pessoa (caso de isenção subjectiva) ou um bem
(caso da isenção objectiva).

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

1. O que é personalidade tributária?


2. Quem é sujeito activo da relação fiscal e aduaneira?
Porquê?
3. Quem é sujeito activo da relação fiscal e aduaneira?
Porquê?

55
Exercícios para AVALIAÇÃO

1. Debruce sobre a razão da atribuição da qualidade de


sujeito activo ao Estado, elencado os seus direitos em
função desta qualidade.
2. Caracterize o sujeito passivo da relaçãp jurídico fiscal e
aduaneiro.

Exercícios do TEMA

1. A relação jurídica fiscal e aduaneira é uma relação


complexa. Identifique o seu objecto e os seus sujeitos.

2. A legalidade é um princípio essencial também na


constituição e no exercicio da relação jurídica fiscal e
aduaneira. Comente.

56
TEMA – III: A VIOLAÇÃO DO DIREITO FISCAL E ADUANEIRO
UNIDADE Temática 3.1. A ilicitude fiscal e aduaneira e a
responsabilização penal tributária.

UNIDADE Temática 3.2. As sanções em matéria fiscal e


aduaneira.

UNIDADE TEMÁTICA 3.1. A ILICITUDE FISCAL E ADUANEIRA E A RELAÇÃO


PENAL TRIBUTÁRIA

Introdução

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Dominar o conceito e os elementos da infracção fiscal e aduaneira;


▪ Conhecer a natureza da infracção fiscal e da infracção aduaneira;

Objectivos ▪ Compreender a responsabilização penal tributária, quanto ao seu


específicos objecto e sujeitos.

Sumário
Nesta Unidade temática estudamos e discutimos
fundamentalmente:
• A infracção fiscal e aduaneira.
• A resposabilização penal tributária
• Os sujeitos da responsabilização penal

Sub-Unidade 3.1.1. A infracção fiscal e aduaneira

Infracção pode ser definida como toda e qualquer violação de


uma norma, seja qual for a sua natureza, sendo que, será
infracção tributária toda e qualquer violação de uma norma
tributária.

57
Apesar das normas tributárias serem heterogéneas, todas elas
poderão consistir objecto de violação, contudo, a infracção
apresentará natureza e terá efeitos diversos, em conformidade
com a diversidade dos sectores do Direito Tributária em que a
violação se verifique. No caso específico, tratando-se ou de
infracção fiscal ou de infracção aduaneira.

Importa referir que certas infracções aduaneiras não têm cariz


tributário, isto é, não resultam da violação de normas que
prescrevem obrigações tributárias aduaneiras. É o caso das
infracções por violação das normas relativas a entradas de
pessoas no território nacional.

Na esfera do Direito tributário, a infracção apresenta-se em


termos que não diferem dos correspondentes à infracção em
Direito civil. Assim, a violação das normas de Direito tributária
material, respeitantes, à relação jurídica de imposto, suscita
apenas a reconstituição do património lesado pela violação. Se o
sujeito passivo do vínculo jurídico, não pagar a prestação
tributária devida, a ordem jurídica, em matéria fiscal ou
aduaneira, ao reagir contra essa violação, não se exige senão o
cumprimento daquela mesma prestação, a qual, porque não foi
realizada pontualmente, há-de ser acrescida de juros de mora,
correspondentes ao período de tempo que tenha mediado entre
o momento em que o imposto deveria ter sido pago e aquele em
que tenha sido efectivamente recebido nos cofres do Estado.

Entretanto, a infracção tributária fiscal e aduaneira pode ser vista


num sentido amplo e num sentido restrito.

58
Em sentido amplo a infracção consistirá na quebra, na violação,
de toda e qualquer norma. Assim também poderá empregar-se a
expressão relativamente à ofensa de uma norma fiscal ou
aduaneira, seja qual for a sua natureza. A infracção depara-se, à
luz desse sentido amplo, como sinónimo de crime ou delito,
abrangendo tanto os julgados mais graves como os menos graves
(contravenções e contra-ordenações).

Num sentido restrito a infracção tributária fiscal e aduaneira será


considerada, assim, como a violação de um comando tributária
susceptível de provocar uma sanção de tipo penal, e de tipo
punitivo.

Assim sendo, a infracção tributária fiscal e aduaneira ocorre


sempre que há uma violação da norma tributária fiscal ou
aduaneira, sendo que o efeito da violação da norma tributária,
em concreto, pode dar lugar a uma variedade de sanções que
vão deste a simples aplicação de juros até a aplicação de penas
de prisão. Neste útimo caso estaremos perante a constituição de
uma relação penal tributária.

Sub-Unidade 3.1.2. A responsabilização penal tributária


O incumprimento das obrigações fiscais e aduaneiras dá lugar,
em última instância, a aplicação de penas. É neste sentido que
se fala de responsabilização penal pela violação do Direito fiscal
e aduaneiro.

Entretanto, quando se trata de responsabilização penal é

59
necessário que seja diferenciado o Direito Penal Tributário do
Direito Tributário Penal.

Apesar da semelhança entre as duas expressões, a doutrina


mostra que existem diferenças entre elas. O Direito Penal
Tributário refere-se a uma matéria dentro do próprio Direito
Penal, que tem relação com os crimes cujo objeto considerado é
um determinado tributo; já no segundo caso, o objeto pertence
ao Direito Tributário, relacionando-se com os atos ilícitos que
resultam em sanção administrativa (ilícito administrativo
tributário), pela inobservância das normas.

Na responsabilização penal feita pelo Direito penal tributário tem


se em conta o princípio da intervenção mínima ou da
subsidiariedade do Direito Penal, isto é, o direito penal não deve
interferir em demasia na vida do indivíduo, retirando-lhe
autonomia e liberdade. Afinal, a lei penal não deve ser vista
como a primeira opção (prima ratio) do legislador para compor
conflitos existentes em sociedade e que, pelo atual estágio de
desenvolvimento moral e ético da humanidade sempre estarão
presentes.

O direito penal é considerado o último ratio, isto é, a última


cartada do sistema legislativo, quando se entende que outra
solução não pode haver senão a criação de lei penal
incriminadora, impondo sanção penal ao infrator.

Deste modo, o simples facto de o sujeito passivo não recolher


tributo é inelegível como tipo delituoso. A criminalização de
condutas como criminosas, deve ter em conta o meio usado no
cometimento do delito e não só o

60
facto de o devedor inadimplir o dever de recolher o tributo. Ou
seja, os crimes tributários, em regra, têm sua tônica no ardil ou
artifício empregado pelo agente com vistas à obtenção do
resultado, nomeadamente, uso de documentos falsos, omissão
de registros, informações incorretas, etc.

As figuras penais tributárias geralmente são integradas por uma


ação dirigida ao resultado intencionalmente buscado de evadir
tributo. O que sem dúvida não pode ser ilícito criminal é a mera
conduta de não-pagamento de tributo, diante da vedação de
prisão por dívida.

O Objeto jurídico protegido com a responsabilização penal


tributária é o interesse protegido pela norma penal, como a vida,
o patrimônio, a fé pública, entre outros.

Deste modo a violação ou o cometimento de infracções


tributárias fiscais e aduaneiras dá lugar a responsabilização,
responsabilização esta que pode ser penal, sendo que a sua
extinção tem de ligar, de modo natural, com o cumprimento da
obrigação tributária.

61
Sub-Unidade 3.1.3. Os sujeitos da responsabilização penal
tributária

Na resposabilização penal em matéria tributária vamos encontrar


dois sujeitos: o seujeito passivo e o sujeito activo.

O sujeito passivo geralmente vai ser o Estado, representado pela


Fazenda, ofendido nos seus interesses relacionados com a
arrecadação dos tributos devidos.

Quanto ao sujeito activo do crime, na maioria das vezes, será o


particular, vale dizer, a pessoa física contribuinte. Isso porque no
direito penal temos uma questão delicada no que se refere aos
delitos da pessoa jurídica colectiva, uma vez que se levantam
objeções relativamente a sua capacidade de manifestação de
vontade para praticar crimes.

Para além do argumento da manifestação da vontade, outros


argumentos são avançados para a não responsabilização da
pessoa colectiva, nomeadamente, o facto desta não podem ser
impostas penas privativas de liberdade que constituem o cerne
das punições do direito penal e o de que as penas são
personalíssimas de modo que a punição de uma pessoa jurídica
certamente atingiria o sócio inocente, que não tomou parte na
decisão provocadora do crime.

Entretanto, há hoje uma corrente que defende a


responsabilização das pessoas colectivas, mesmo se esta
corrente pena em afirmar-se pelo seus incovenientes.

62
A favor desta corrente surgem os seguintes argumentos: as
pessoas jurídicas têm sim uma vontade institucional ao lado das
ações humanas individuais. E mesmo que não se reconhecesse
tal vontade própria, existem sim certas situações de
responsabilidade objetiva dentro do direito penal. Também se
argumenta que as penas privativas de liberdade não são a única
característica marcante do direito penal, tanto que temos penas
alternativas dos mais variados tipos.

Assim sendo, a maioria das leis penais em matéria tributária


procura identificar a pessoa física que agiu como representante
da pessoa jurídica, para responsabiliza-la, penalmente, pois, é
sempre mais fácil e prático apontar com precisão o indivíduo
realmente culpado pela prática do ato delituoso na pessoa
jurídica, entretanto, nada obsta uma evolução no sentido da
responsabilização da pessoa colectiva.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

1. O que se entende por infracção fiscal e aduaneira?


2. Que elementos permitem distinguir infracção fiscal da
infracção aduaneira?
3. Quando tem lugar a responsabilização penal tributária?
4. Quais são as duas disciplinas jurídicas que resgulam a
responsabilização penal tributária? O que distingue uma
da outra?
5. Quem são os sujeitos da responsabilização penal
tributária, tanto na foma activa, quanto na forma passiva?

Exercícios para AVALIAÇÃO

1. A infracção fiscal e aduaneira pode manifestar-se de várias

63
formas. Comente.

2. A responsabilização penal tributária feita pelo Direito


tributário penal é prévia a feita pelo Direito penal
tributário. Comente.

3. A determinação do sujeito activo da responsabilização


penal tributária não cria unanimidade na doutrina.
Comente.

64
UNIDADE TEMÁTICA 3.2. AS SANÇÕES TRIBUTÁRIAS

Introdução

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Conhecer as sanções (e medidas) aplicáveis àqueles que violem o


Direito tributário fiscal e aduaneiro;

Objectivos ▪ Conhcer os fins por detrás da aplicação destas sanções.

específicos

Sumário
Nesta Unidade temática estudamos e discutimos
fundamentalmente:
• As sanções tributárias.
• Os Tipos de sanções tributárias.

Sub-Unidade 3.2.1. As sanções tributárias

A sanção é a reação do direito diante da não realização dos


comportamentos devidos, isto é, a conseqüência derivada da
desobediência ao mandamento de uma norma jurídica.

A sanção é aplicada toda vez que ocorre o não cumprimento de


uma determinada conduta prevista em uma dada norma jurídica.
o direito aplica a sanção toda vez que deseja punir o não
cumprimento de um determinado comportamento, ou obrigação

65
prevista na norma.

Deste modo, constituirá sanção tributária o não cumprimento da


norma tributária fiscal ou aduaneira.

A sanção tributária funciona como um elemento intimidatório


capaz de obrigar o contribuinte a efetuar o pagamento do
tributo. Trata-se de uma norma de tornar a lei eficaz. Trata-se de
um forte elemento intimidatório, que confere maior eficácia às
normas jurídicas, eis que o destinatário da norma, ao ler o seu
conteúdo, toma ciência de imediato da conseqüência jurídica a
que será submetido em caso de descumprimento da hipótese
nela prevista. Deste modo, o contribuinte que não pagar os seus
tributos, saberá exatamente a que penalidades estarão sujeitas.

Ao implicar em falta de pagamento de tributo, o sujeito ativo


(credor) geralmente tem, a par do direito de exigir
coercitivamente o pagamento do valor devido, o direito de impor
uma sanção (que há de ser prevista em lei, por força do princípio
da legalidade). Tal sanção é geralmente traduzida num valor
monetário proporcional ao montante do tributo que deixou de
ser arrecadado.

Por outro lado, não havendo cumprimento de obrigação


acessória a consequência também é a aplicação de uma sanção
ao infrator – em regra uma multa ou penalidade pecuniária, ou
eventualmente, até mesmo um crime.

Importa lembrar que apesar da maior gravidade da infração


criminal, e, portanto, da sanção penal (geralmente restritiva da
liberdade) - não obstante esta geralmente se fazer acompanhar
de uma pena acessória, traduzida numa reprovação social, maior

66
do que a decorrente da sanção administrativa -, há alguns
princípios que são comuns aos dois ramos: o princípio da
legalidade dos delitos e das penas, o princípio do in dubio pro
reo, a retroatividade benigna, o princípio do devido processo
legal, etc.

Mais ainda, importa afirmar que as sanções teriam ainda uma


função educativa no sentido de formar uma moral fiscal que
contribuísse para evitar a infração da lei tributária auxiliando na
arrecadação do Estado.

Sub-Unidade 3.2.2. Tipos de sanções tributárias

As violações à lei tributária tanto podem acarretar sanções de


caráter administrativo como penal, ou ambas,
concomitantemente, desde que previstas em lei penal
incriminadora.

As sanções de carácter administrativo resulta para prática de


ilícito tributários de natureza administrativa, ou seja, o não
cumprimento de uma norma tributária, cuja consequência não é
outra senão a aplicação de uma sanção administrativa que
compreende a mula pecuniária e até outras medidas que não
configurem limitações à liberdade, como exemplo pode-se citar a
interdição de estabelecimento comercial, multa, apreensão de
mercadorias, declaração de devedor remisso, juros de mora e a
correção monetária, etc.

Por seu lado, as sanções de carácter penal serão as que resultam


da violação da lei penal em matéria tributária.

67
Apesar de existir uma certa relutância, em parte da doutrina,
para admitir que as infrações tributárias possam configurar um
ilícito penal, prevalece, na maior parte dos casos, a posição de
que a aplicação de sanções de ordem penal tem lugar em sede
da violação do Direito tributário.

A defesa desta corrente tem no argumento de que deverá ser


considerado delinquente e consequentemente punido, o
indivíduo que desobedecer às ordens do Estado, mormente, as
relativas ao pagamento de tributos.

Esta posição é reforçada pelo argumento da ordem pública,


segundo o qual, por razões de ordem pública, a dívida tributária
que deixa de ser paga fraudulentamente é afinal dinheiro público
destinado à aplicação em obras de interesse que visam o bem-
estar coletivo. Aquele que descumpre o seu dever cívico não
somente prejudica a comunidade, mas, também, os
contribuintes honestos, que por essa razão serão ainda mais
onerados. É por isso que tal penalidade não deve ser confundida
com a de uma simples prisão por dívida.

A sanção penal visa tutelar os valores públicos e sociais. Assim,


ao aplicar-se as sanções penais em matéria tributária,
nomeadamente, penas de reclusão e de detenção, cumuladas ou
não com a pena de multa.

Enfim próprio das normas jurídicas, a violação das normas


tributárias traz consigo a aplicação de sanções, sanções estas que
podem ser administrativas ou penais.

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Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

1. O que deve ser entendido como sanção tributária?

2. Quais os principais tipos de sanção tributária? O que


distigue uma da outra?

Exercícios para AVALIAÇÃO

1. A aplicação de sanções tributárias é indispensável.


Comente.

2. Na aplicação das sanções tributárias há que atender


alguns aspectos para aferir qual dos dois tipos de sanção
mostra-se adequada a sua aplicação. Comente.

Exercícios do TEMA

1. A violação do Direito fiscal e aduaneiro acareta uma


responsabilização que implica a aplicação de sanções.
Comente.

2. Mas do que punir, a responsabilização pela violação do


Direito fiscal e aduaneiro, visa, acima de tudo, garantir a
não violação e o cumprimento das obrigações tributárias.
Comente.

69
TEMA – IV: AS GARANTIAS DOS CONTRIBUINTES
UNIDADE Temática 4.1. As garantias administrativas
UNIDADE Temática 4.2. As garantias contenciosas

UNIDADE TEMÁTICA 4.1. AS GARANTIAS ADMINISTRATIVAS

Introdução

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Conhecer as garantias administrativas atribuidas aos contribuintes;


▪ Conhecer os elementos distintivos de cada uma das garantias;

Objectivos ▪ Saber aplicar correctamente cada uma das garantias dos contribuintes.
específicos

Sumário
Nesta Unidade temática estudamos e discutimos
fundamentalmente:
• As garantias administrativas dos contribuintes
• Os tipos de garantias administrativas dos contribuintes.

Sub-Unidade 4.1.1. As garantias administrativas dos


contribuintes

Para garantir a tutela jurisdicional efetiva dos seus direitos e


interesses, ao contribuinte (o sujeito passivo) é lhe conferido um
conjunto de meios de defesa nas diversas fases do procedimento
e processo tributário, destinadas a assegurar a defesa do
contribuinte perante ilegalidades praticadas pela administração
fiscal.

Este processo de atribuição de garantias aos contribuintes tem

70
sido acompanhado por um processo de aumento de direitos dos
contribuintes em matéria tributária, nomeadamente, o direito à
informação, o direito à fundamentação e notificação, o direito a
juros indemnizatórios, o direito ao pagamento do tributo em
prestações, etc.

Deste conjunto de meios, destacam-se as garantias de natureza


administrativa, que à par das garantias de natureza jurisdicional,
são as principais classificações das garantias dos contribuintes.

As garantias administrativas são garantias efectivadas pelos


órgãos da Administração Pública, através de mecanismos de
controlos criados por lei para assegurar o respeito da legalidade
e a observância do dever de boa administração e, também, o
respeito pelos direitos subjectivos e interesses legítimos dos
particulares.

Existem, dentro das garantias administrativas, as que funcionam


como garantias da legalidade e as que funcionam como garantias
de mérito (as que não apreciam a legalidade de um acto mas o
seu mérito de um ponto de vista não jurídico – se são
convenientes, adequadas, oportunas, etc) e, por outro lado,
as garantias de tipo petitório (têm por base um pedido) e
as garantias de tipo impugnatório (têm por base uma
impugnação – isto é, há um acto administrativo, já praticado, a
atacar).

É relativamente a esta segunda classificação, que divide, de um


lado as garantias admnistrativas petitórias e do outro lado, as
garantias admnistrativas impugnatórias que a determinação dos
tipos, em concreto, das garantias é feita.

71
Deste modo, as garantias admnistrativas atribuem um relevo
muito importante a admnistração tributária e seus órgãos, no
respeito e salvagurada dos direitos dos contribuintes, podendo,
em virtude da divisão destas em petitórias e impugnatórias a
vários tipos de garantias administrativas dos contribuentes.

Sub-Unidade 4.1.2. Os tipos de garantias administrativas dos


contribuintes

Na elencação das garantias admnistrativas há que ter em conta a


dicotomia, garantias admnistrativas petitórias e garantias
admnistrativas impugnatórias.

No que diz respeito às garantias petitórias, há, normalmente,


cinco espécies a considerar:

• O direito de petição - Faculdade de dirigir pedidos à


Administração Pública para que tome determinadas
decisões, preste informações ou permita o acesso a
arquivos seus ou a processos pendentes, não havendo
qualquer ataque a acto já praticado, mas sim um
requerimento de algo que se pretende obter.

• O direito de representação - Faculdade de pedir ao órgão


administrativo que tomou uma decisão que a reconsidere
ou confirme, em vista de previsíveis consequências
negativas da sua execução.

• O direito de queixa - Faculdade de promover a abertura de


um processo que culminará na aplicação de uma sanção a
qualquer entidade sujeita ao poder sancionatório da

72
Administração.

• O direito de denúncia - Acto pelo qual o particular leva ao


conhecimento de certa autoridade a ocorrência de um
determinado facto ou a existência de uma certa situação
sobre os quais aquela autoridade tenha obrigação de
investigar.

• A oposição administrativa - Contestação que em certos


procedimentos administrativos os contra-interessados
têm o direito de apresentar para combater quer os
pedidos formulados por outrem à Administração, quer as
iniciativas da Administração que esta tenha resolvido
divulgar ao público.

Já no que diz respeito as garantias impugnatórias são aquelas em


que, perante um acto administrativo já praticado, os particulares
são admitidos por lei a impugnar esse acto, isto é, a atacá-lo com
determinados fundamentos com vista à sua revogação ou
modificação. São quatro, normalmente, as espécies de garantias
administrativas impugnatórias, designadamente:

• A reclamação – Meio de impugnação de um acto


administrativo perante o seu próprio autor. Os actos
administrativos podem, regra geral, ser revogados pelo
órgão que os tiver praticado; e, sendo assim, confia-se que
o autor do acto não se recusará a rever e, eventualmente,
a revogar, substituir ou modificar um acto por si
anteriormente praticado. Há uma expectativa de que uma
análise mais atenta do assunto levará o autor do acto
impugnado a rever a sua própria posição quanto a ele.

73
• O recurso hierárquico – Meio de impugnação de um acto
administrativo, que tenha sido praticado por um órgão
subalterno, perante o respectivo superior hierárquico, a
fim de obter deste a revogação, modificação ou
substituição do acto recorrido. Esta garantia tem como
pressupostos: hierarquia, que o acto tenha sido praticado
por um subalterno e que este não tenha, por lei,
competência exclusiva.

• O recurso hierárquico impróprio – Recursos


administrativos mediante os quais se impugna um acto
praticado por um órgão de certa pessoa colectiva pública
perante outro órgão da mesma pessoa colectiva que, não
sendo superior do primeiro, exerça sobre ele poderes de
supervisão. Só há recurso hierárquico impróprio caso a lei
atribua poder de supervisão a um dado órgão de uma
pessoa colectiva relativamente a outro órgão da mesma
pessoa colectiva, e fora do âmbito de uma relação
hierárquica.

• O recurso tutelar – Recurso administrativo mediante o


qual se impugna um acto de uma pessoa colectiva
autónoma, perante um órgão de outra pessoa colectiva
pública que sobre ela exerça poderes de tutela ou de
superintendência.

Deste modo, ainda ao nivel admnistrativo o contribuinte dispõe


de várias garantias para fazer face as actuações ilegais (por vezes
injustas) da administração tributária, garantias estas que não
fogem muito as garantias admnistrativas normais atribuidas aos

74
particulares face a actuação da admnistração pública.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

1. O que se deve entender por garantia administrativa do


contribuinte?
2. Que tipos de garantias admnistrativas temos? Quais as
espécies para cada um dos tipos?

Exercícios para AVALIAÇÃO

1. A administração tributária pode ser ao mesmo tempo


violador dos direitos do contribuinte e seu garante.
Comente.

2. Dependendo o tipo em garantia admnistrativa em


concreto, o efeito na contestação da actuação da
admnistração tributária será diferente. Comente.

75
UNIDADE TEMÁTICA 4.2. AS GARANTIAS CONTENCIOSAS

Introdução

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Conhecer as garantias contenciosas atribuidas aos contribuintes;


▪ Conhecer os elementos distintivos de cada uma das garantias;

Objectivos ▪ Saber aplicar correctamente cada uma das garantias dos contribuintes.
específicos

Sumário
Nesta Unidade temática estudamos e discutimos
fundamentalmente:
• As garantias contenciosas dos contribuintes
• Os tipos de garantias contenciosas dos contribuintes

Sub-Unidade 4.2.1. As garantias contenciosas dos contribuintes

Para além das garantias administrativas atribuidas aos


contrinuintes para fazer face a actuação ilegal e injusta da
administratção tributária, ao contribuente é também atribuido
garantias contenciosas, isto é, garantias cuja efectivação
compete aos tribunais. Estes tribunais podem ser tribunais
especializados e aí teremos os chamados Tribunais
administrativos, fiscais e aduaneiros, como Tribunais com
competência para efectivar estas garantias.

Ou seja, os litígios emergentes das relações jurídicas


administrativas e fiscais podem ser solucionados com recurso aos

76
tribunais, sendo que neste caso estamos perante a atribuição e
efectivação de garantias contenciosas.

Os Tribunais são os órgãos de soberania com competência para


administrar a justiça em nome do povo, tendo por isso também
competência para admnistrar Justiça nos litígios emergentes das
relações jurídicas administrativas e fiscais, garantindo deste
modo, a tutela plena e efectiva dos seus direitos subjectivos e
interesses legalmente protegidos dos contribuintes, de acordo
com as normas e princípios constitucionais estabelecidos.

A garantia contenciosa atribuidas aos contribuintes manifesta-se


mais eficaz que as garantias administrativas, uma vez que elas
efectivam-se através do Tribunais que são orgãos independentes
da admnistração tributária (do poder político e executivo)
garantindo maior protecção jurídica dos contribuintes, através de
uma actuação imparcial e independente.

Para assegurar a tutela jurisdicional efectiva, é dada ao


contribuinte a possibilidade de defender as suas posições jurí-
dicas substantivas em todas as situações em que a sua esfera
jurídica se encontre afectada por acção ou omissão
administrativa, através de meios processuais, ou seja, através de
vários tipos de garantias contenciosas.

Sub-Unidade 4.2.2. Os tipos de garantias contenciosas dos


contribuintes

Na elencação das garantias contenciosas há que ter em conta


dois tipos de garantias contenciosas: as garantias contenciosas

77
principais e as garantias contenciosas acessórias.

No que diz respeito às garantias contenciosas principais, há,


normalmente a considerar, dois tipos, o recurso contencioso e a
acção contenciosa.

O recurso contencioso é o mais usado meio de garantia


contenciosa, e que consiste na impugnação judicial de um acto
administrativo ou um regulamento que se reputa de ilegal,
visando a respectiva anulação, declaração de nulidade ou de
inexistência jurídica.

O fundamento do recurso é, pois, a ilegalidade do acto


impugnado, a qual pode consistir na violação de uma disposição
legal, ou de um princípio geral de direito, ou ainda, assumir
outras formas elaboradas pela jurisprudência e pela doutrina
como o erro nos pressupostos de facto ou de direito e o desvio
de poder.

Assim sendo, qualquer acto administrativo praticado pela


administração tributária que lese os direitos ou interesses
legalmente protegidos dos contribuintes, pode ser objecto de
recurso contencioso.

O recurso contencioso visa resolver um litígio sobre o qual a


Administração tributária já tomou uma posição, através de um
acto de autoridade, actuando como poder que definiu,
unilateralmente o direito aplicável. O contribuinte vai, apenas,
impugnar, ou seja, atacar, contestar a definição feita pela
Administração Pública, dai a natureza, eminentemente, objectiva
do Recurso contencioso.

Assim sendo, perante actos praticados pela administração

78
tributária, como liquidação de tributos, fixação de valores
patrimoniais, determinação da matéria tributável por métodos
indirectos quando não dê lugar a liquidação, indeferimento,
expresso ou tácito, de reclamações, recursos ou pedidos de
revisão, agravamento à colecta resultante do indeferimento de
uma reclamação, indeferimento de pedidos de isenção ou de
benefícios fiscais e actos praticados na execução fiscal, o
contribuinte pode deitar mão ao recurso contencioso para
contestar estas actuações da administração tributária.

Por seu lado, a acção contenciosa visa resolver litígios entre os


contribuintes e a administração tributária, nos casos em que
ainda não há um pronunciamento, através da prática de um acto
administrativo de que os particulares possam recorrer. Ou seja, a
administração não se pronunciou, ou porque não o pode,
legalmente fazer no tipo de assuntos, ou porque se pronunciou
através de um simples acto opinativo o qual, não é um acto
definitivo e executório, não constituindo acto de autoridade.

Esta garantia consiste no pedido feito ao Tribunal competente,


de uma primeira definição do Direito aplicável a um litígio entre
o contribuinte e a administração tributária e ela pode ter os
seguintes objectivos:

• Reconhecer direitos ou interesses legalmente


protegidos dos contribuintes;
• Responsabilizar a administração tributária por
danos causados ao contribuinte.

No que diz respeito as garantias acessórias, estas visam,


essencialmente, garantir os objectivos e o efeito útil da utilização
dos meios contenciosos principais.

79
Assim sendo, com a utilização dos meios acessórios o
contribuinte pode lograr queo Tribunal:

• Suspenda a eficácia do acto lesivo até decidir sobre


a questão principal apresentada pelo contribuinte;
• Intime a administração tributária a adoptar ou
abster-se de determinada Conduta; ´
• Intimação a admnistração tributária a prestar
informação a permitir a consulta de processo ou a
passar uma Certidão;
Enfim, garante-se, deste modo queos direitos e interesses dos
contribuintes estajam garantidos antes mesmo da decisão a ser
tomada pelo Tribunal relativamente a uma contestação feita
pelo contribuinte da actuação da administração tributária.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

1. O que se deve entender por garantia contenciosa do


contribuinte?
2. Que tipos de garantias contenciosas temos? Quais as
espécies para cada um dos tipos?

Exercícios para AVALIAÇÃO

1. As garantias contenciosas relevam-se as mais


recomendáveis em matéria protecção dos direitos
e interesses dos contribuintes. Comente.

2. A garantia do efeito útil do uso das garantias


contenciosas é uma preocupação das garantias
contenciosas. Comente.

80
Exercícios do TEMA

1. O poder da administração tributária em matéria tributária


é equilibrado com a atribuição de garantias aos
contribuintes. Comente.

2. As garantias contenciosas revelam-se aquelas que melhor


protegem o contribuinte, relativamente, as garantias
administrativas, comente.

81
BIBLIOGRAFIA

1. AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. São Paulo:


Saraiva. 2006.
2. ASCENÇÃO, José Oliveira de O Direito – Introdução e
Teoria Geral, 13ª Ed., Almedina 2005.
3. BECKER, Alfredo Augusto. Teoria geral do direito
tributário. 3ª ed. Editora Labor Cultural, São Paulo, 1999.
4. CALMON, Sacha. Curso de Direito Tributário Brasileiro. Rio
de Janeiro: Forense. 2005.
5. CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da
Constituição. 7 Edição. Editora Almedina. 2003.
6. CARLUCI, José Lence – Uma introdução ao direito
aduaneiro. São paulo: Aduaneiras, 1997.
7. CARLUCI, José Lence. Uma Introdução ao Direito
Aduaneiro. São Paulo, Ed. Aduaneiras, 2001.
8. CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional
Tributário. 22 edição. Ed. Malheiros. 2006.
9. CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário.
São Paulo: Saraiva. 2005.
10. CHUVA, António Colectânea de Legislação Aduaneira, MJ-
CFJJ, Maputo, 2007.
11. CHUVA, António Colectânea de Legislação de Comércio
Internacional, MJ-CFJJ, Maputo, 2007.
12. CRUZ, Sebastião, Direito Romano, Ius Romanum, 4ª. Ed.,
Coimbra 1984
13. DE CAMPOS, Diogo Leite e Mônica Horta Neves Leite de
Campos, Direito tributário, 2ª edição, Coimbra Almedina,
2000.
14. Diogo Leite de Campos e Mônica Horta Neves Leite de

82
Campos, Direito Tributário, Almedina, Coimbra, 2000.
15. FREITAS, Maxsoel Bastos de O Direito Aduaneiro como
ramo autônomo do direito, texto extraido do Jus
Navigandi, in
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4791.
16. GUIMARÃES, Abílio – Direito Aduaneiro e Fiscal e
Procedimentos Técnicos Aduaneiros, Imprensa
Universitária, Maputo, 2004
17. HELENA COSTA, Regina. Código Tributário Nacional
Comentado. São Paulo: Editora RT. 2004.
18. Jesuíno Alcântara Martins e José Costa Alves,
Procedimento e Processo Tributário, Almedina, 2016
19. Jesuíno Alcântara Martins e José Costa Alves,
Procedimento e Processo Tributário, Almedina, 2016
20. JESUS, Damásio Evangelista; Direito Penal. São Paulo:
Saraiva. 1999.
21. José Luís Saldanha Sanches, Manual de Direito Fiscal,
Coimbra Editora, 2002
22. MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. São
Paulo: Malheiros. 2006.
23. MACHADO, João Baptista, Introdução ao Direito e ao
Discurso Legitimador, Almedina 2006.
24. MARQUES, Márcio Severo, Curso de Especialização em
Direito Tributário. Rio de Janeiro: Forense. 2005.
25. MARTINEZ, Soares – Direito Fiscal, 10ª Edição, Almedina,
Coimbra, 1998.
26. MARTINEZ, Soares Direito fiscal, Almedina, Coimbra, 7.ª
edição 2005.
27. MEDEIROS, Eduardo Raposo – O Direito Aduaneiro, Lisboa,
1985.

83
28. MONTEIRO, Manuel Gonçalves, Elementos de Direito
Aduaneiro e de Técnica Pautal, Vol. 1º e 2º, Lisboa, 1970.
29. MONTEIRO, MONCADA, Luís Cabral de, Direito Económico,
4ª edição, Coimbra 2003.
30. NABAIS, J. Casalta. Estudo de direito fiscais, Almedina,
Coimbra. 2005
31. NABAIS, José Casalta – Direito Fiscal, 7.ª ed., 2013.

32. Pedro Soares Martínez, Direito Fiscal, Almedina, 2003.

33. Pedro Soares Martínez, Direito Fiscal, Almedina, 2003.

34. PENE, Cláudio Apontamentos de Direito Fiscal


Moçambicano, Escolar Editora, Maputo, 2014.
35. PEREIRA, Manuel H. Freitas Fiscalidade, Almedina,
Coimbra. 2.ª Edição, Março 2007.
36. Rui Duarte Morais, Manual de Procedimento e Processo
Tributário, Almedina, 2016 .
37. Rui Duarte Morais, Manual de Procedimento e Processo
Tributário, Almedina, 2016.
38. SALVATORE, Dominick Economia Internacional, Rio de
Janeiro, 1998; e Apontamentos inêditos do Prof. Doutor
José Chichava, Questões Económicas Regioais, FD-UEM,
2005.
39. SANCHES, J. L. Saldanha Manual de direito fiscal, Coimbra
Editora. 2ªedição, 2002.
40. SIMõES., Braulio Bata. Direito Penal Tributário. In: Âmbito
Jurídico, Rio Grande, XV, n. 103, ago 2012. Disponível em:
<http://www.ambito-
juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artig
o_id=12162>. Acesso em mar 2019.

84
41. SOSA, Roosevelt Baldomir – A Aduana e o Comércio
Exterior. São Paulo: Aduaneiras, 2007.
42. TEIXEIRA, Gloria Manual de direito fiscal, Almedina,
Coimbra, 2ª edição, 2012.
43. VASQUES, Sérgio Eça e os Impostos, Almedina, Coimbra,
2000.
44. WATY, Teodoro Andrade, Direito Fiscal, Maputo, 2007.
45. ZIPPELIUS, Reinhold Teoria Geral do Estado, Fundação
Caloueste Gulbenkian, Lisboa, 3.ª edição 1997.

85
FONTES DO
DIREITO FISCAL
TEORIAS DO DIREITO FISCAL E ADUANEIRO

APRESENTAÇÃO: PROF. DOUTOR ANDRÉ J. G. XAVIER


Fontes normativas dos tributos (art.º 7 da Lei
do Ordenamento Jurídico Tributário)
1. Constituição da República 8. A convenção internacional que vigore
na ordem interna, nomeadamente
2. A lei (em sentido restrito)
convenções bilaterais sobre matéria
3. O decreto-lei
fiscal e aduaneira;
4. O decreto
9. Os acórdãos do Tribunal Supremo e do
5. Os diplomas ministeriais Tribunal Administrativo; e

6. O regulamento das autarquias locais 10. As declarações de inconstitucionalidade

7. O contrato fiscal, nos termos previstos e ilegalidade pelo Conselho


na legislação tributária Constitucional
A Constituição da República
❑A Constituição consagra os princípios (formais e materiais) respeitantes a disciplina jurídica dos
impostos e que estabelecem limites à tributação - constituição fiscal.

❑“As normas constitucionais prevalecem sobre todas as restantes normas do ordenamento jurídico” (nº 4
do artigo).

❑Princípio da legalidade tributária: art.º 100 e o nº 2 do art.º 127.

❑ Princípio da igualdade tributária (e capacidade contributiva): art.º 35, alínea c) do art.º 45 e nº 1 do art.º
127.

❑Princípio da eficiência funcional: nº 1 do art.º 127.

❑Princípio da não retroactividade: nº 5 do art.º 127.


A lei
❑Princípio da legalidade tributária (art.º 100 e o nº 2 do art.º 127 ambos da CRM): a lei em sentido restrito
(lei parlamentar – nº 2 do art.º 142 e o art.º 181 ambos da CRM) cria ou altera os impostos, bem como
determina a incidência, a taxa, os benefícios fiscais e as garantias dos contribuintes.

❑Lei de Bases do Sistema Tributário (aprovada por lei nº 15/2002, de 26 de Junho).

❑Lei do Ordenamento Jurídico Tributário (aprovado por lei nº 2/2006, de 22 de Março).

❑Código do IVA (aprovado por lei nº 32/2007, de 31 de Dezembro, alterado por lei nº 3/2012, de 23 de
Janeiro e republicado por lei 13/2016, de 30 de Dezembro).

❑Código do IRPS (aprovado por lei nº 33/2007, de 31 de Dezembro, alterado por lei nº 20/2013, de 23 de
Setembro).

❑Lei do Sistema Tributário Autárquico (aprovado por lei nº 1/2008, de 16 de Janeiro).


O decreto-lei
❑Reserva de lei: a lei em sentido restrito cria ou altera os impostos, bem como a determina os seus
elementos essências.

❑Decretos-lei constituem actos legislativos do Conselho de Ministro mediante autorização da Assembleia


da República (nº 3 art.º 142, nº 3 do art.º 178, art.º 180 e alínea d) do nº1 do art.º 203 todos da CRM),
podem legislar sobre matérias tributárias, desde que não tratem de aspectos inovadores na determinação
dos elementos essenciais dos impostos.

❑Código Tributário Autárquico (aprovado por decreto nº 63/2008, de 30 de Dezembro).

❑Regime Geral das Infracções Tributárias (aprovado por decreto nº 46/2002, de 26 de Dezembro).
Regulamento (decreto, diplomas ministeriais, o regulamento
das autarquias locais)
❑Regulamentos fiscais: decreto (Conselho de Ministros), diploma ministerial (Ministros) e regulamento
das autarquias locais (deliberações).

❑Os regulamentos são meramente complementares ou de execução (reserva de lei – art.º 100 e o nº 2 do
art.º 127 da CRM).

❑O Conselho de Ministro pode aprovar por regulamento aspectos técnicos de desenvolvimento da


legislação tributária (art.º 11 da Lei do Ordenamento Jurídico Tributário – lei nº 2/2006, de 22 de Março),
como por exemplo o local e o prazo para o pagamento de um determinado imposto.

❑Regulamento do Procedimento de Fiscalização Tributária (aprovado por decreto nº 19/2005, de 22 de


Junho).

❑Regulamento do Código do IVA (aprovado por decreto nº 7/2008, de 16 de Abril, alterado por decreto
nº 4/2012, de 24 de Fevereiro.
Regulamento (decreto, diplomas ministeriais, o regulamento
das autarquias locais)
❑Alguns regulamentos contêm normas relativas aos elementos essenciais dos impostos, mas não
determinam tais elementos, apenas trata-se de uma repetição do que consta na lei que se pretende
regulamentar

❑Exemplo:

❑O art.º 1 do Código do IRPS e o art.º 1 do Regulamento do Código do IRPS, ao tratar da natureza do IRPS

❑O art.º 17 do Código do IVA e o art.º 3 do Regulamento do Código do IVA, ao fixar a taxa do IVA em
17%

❑O art.º 61 Código do IRPC e o art.º 3 do Regulamento do Código do IRPC, ao fixar a taxa geral do IRPC.
Contratos Fiscais
❑Em sentido restrito, os contratos fiscais são celebrados entre a administração (ou o fisco) e o sujeito
passivo e visam a atribuição de benefícios ou incentivos fiscais.

❑Em sentido amplo, os contratos são celebrados entre a administração (ou fisco) e o sujeito passivo e
visam aspectos relacionados com o lançamento, a liquidação e cobrança dos impostos.
Convenções Internacionais
❑Vigência dos tratados e acordos internacionais: aprovação e ratificação e publicação no BR (nº 1 do art.º
18 da CRM).

❑Estas normas têm o mesmo valor que os actos normativos infraconstitucionais emanadas da AR e do
Governo, consoante a sua respectiva forma de recepção (nº 2 do artigo 18 da CRM).
❑Tendo em conta a matéria tratado na convenção, esta poderá ser ratificada pela Assembleia da República
(alínea e) do nº2 do artigo 178 da CRM) ou pelo Governo (alínea g) do nº1 do artigo 203 da CRM).

❑Convenção que versa sobre a criação, alteração ou alteração dos elementos essenciais dos impostos
(taxas, benefícios fiscais, garantias dos contribuintes, etc.) é ratificada pela AR, passando a ter o mesmo
valor que a lei (em sentido restrito).
Convenções Internacionais
❑Tratando-se de matéria da competência do Governo, a convenção será ratificada pelo Governo, passando
a ter o mesmo valor que o decreto.

❑As convenções bilaterais para evitar ou eliminar a dupla tributação internacional estabelecem as regras
de atribuição de competência para tributar e as regras de repartição do poder de tributar entre os Estados
celebrantes.

❑Resolução nº 35/2008, de 30 de Dezembro (ratifica a Convenção entre República de Moçambique e a


República da África do Sul para evitar a dupla tributação e prevenir a evasão fiscal em matéria de
impostos sobre o rendimento, assinado aos 18 de Setembro de 2007, em Pretória)

❑Resolução nº 23/2011, de 10 de Junho (ratifica o Acordo entre o Governo da República de Moçambique e


o Governo da República da Índia para evitar a dupla tributação e prevenir a evasão fiscal em matéria de
impostos sobre o rendimento e o respectivo protocolo adicional, assinado aos 30 de Setembro de 2010, em
Nova Deli)
Ordens internas da administração,
jurisprudência, doutrina e costume
❑Ordens internas (despachos interpretativos, instruções e circulares): servem para esclarecer ou
uniformizar o entendimento da lei e o procedimento dos serviços, têm eficácia apenas num sector
administrativo (de onde provêm), não vinculam nem aos contribuintes nem ao tribunal. Permitem ao
cidadão prever o comportamento da Administração Fiscal e reduzir litígios. Portanto, não são fonte do
Direito Fiscal.

❑Jurisprudência: os acórdãos do Tribunal Supremo e do Tribunal Administrativo e as declarações de


inconstitucionalidade e ilegalidade pelo Conselho Constitucional constituem fontes imediatas
(normativas) do Direito Fiscal.

❑ Costume: “prática reiterada com convicção de obrigatoriedade”, considerada fonte autónoma de


produção jurídica no Direito Internacional, limita-se à isenção dos representantes diplomáticos quanto
aos impostos directos do Estado em que estão acreditados.
MUITO OBRIGADO
Maria Joaquina Tiago Feijão
ACTIVO

Painel do utilizador  Minhas disciplinas  Teoria Geral do Direito Fiscal e Aduaneiro  TEMA – I: NOÇÃO E
FUNDAMENTOS DO DIREITO FISCAL E ADUNAEIRO  Teste de Auto-Avaliação 1

Iniciada Quarta, 8 de Março de 2023 às 10:40


Estado Terminada
Terminada Quarta, 8 de Março de 2023 às 10:40
Tempo gasto 14 segundos
Nota 6,00 num máximo de 10,00 (60%)

Pergunta 1 Respondida Nota: 2,00 em 2,00

O
processo de transferência de funções do Estado para as autarquias é recente e
parcial, ficando o
Estado ainda com parte de poderes que deviam ter já sido
transferidos para as autarquias.

Selecione uma opção:


Verdadeiro
Falso

Pergunta 2 Respondida Nota: 0,00 em 2,00

Plano
Económico e Social - PES, não deve vir reflectido no Orçamento do Estado, que
obedece ao
princípio da anualidade, quando os planos e programa de governo, são
plurianuais.

Selecione uma opção:


Verdadeiro
Falso
Pergunta 3 Respondida Nota: 2,00 em 2,00

Em
matéria fiscal, as convenções internacionais desempenham um papel importante
pois, permitem
evitar que um cidadão tenha que pagar duas vezes o mesmo
imposto, é o que se designa “Dupla
tributação”.

Selecione uma opção:


Verdadeiro
Falso

Pergunta 4 Respondida Nota: 0,00 em 2,00

Os
Estados modernos não são marcados pela sujeição das normas jurídicas à uma
constituição, cujos
princípios e normas prevalecem sobre os demais no
ordenamento jurídico nacional.

Selecione uma opção:


Verdadeiro
Falso

Pergunta 5 Respondida Nota: 2,00 em 2,00

O
princípio da igualdade tributária não se encontra expressamente previsto na
constituição, mas dele
resulta o princípio da capacidade contributiva e do
Estado social.

Selecione uma opção:


Verdadeiro
Falso

← Plano Tematico Ir para...

Fórum – Noção e fundamentos do direito fiscal e aduaneiro →


Maria Joaquina Tiago Feijão
ACTIVO

Painel do utilizador  Minhas disciplinas  Teoria Geral do Direito Fiscal e Aduaneiro  TEMA – II: A RELAÇÃO JURÍDICA
FISCAL E ADUANEIRA  Teste de Auto-Avaliação 2

Iniciada Quarta, 8 de Março de 2023 às 10:48


Estado Terminada
Terminada Quarta, 8 de Março de 2023 às 10:49
Tempo gasto 17 segundos
Nota 2,00 num máximo de 10,00 (20%)

Pergunta 1 Incorreta Nota: 0,00 em 2,00

Constitui garantia do sujeito activo


da dívida tributária:

Selecione uma opção de resposta:


a. O Direito de resistência.
b. O pedido
de esclarecimento.
c. A reclamação.
d. O património do devedor.

A sua resposta está incorreta.


A resposta correta é: O património do devedor.


Pergunta 2 Incorreta Nota: 0,00 em 2,00

O n.1 do artigo 128 da


CRM determina que “o Plano Económico Social tem como objectivo orientar
o
desenvolvimento económico e social, no sentido de um crescimento sustentável,
reduzir os
desequilíbrios regionais e eliminar progressivamente as diferenças
económicas e sociais entre a cidade e
o campo”. Será que nesta afirmação pode
se notar o princípio de descentralização financeira?

Selecione uma opção de resposta:


a. Sim, o Plano Económico Social é previsto na Constituição e em si
já é uma medida de
descentralização financeira.
b. Sim, com base nesta norma é assegurada a autonomia financeira, através
da atribuição de
património e finanças centralizadas e através da atribuição de
património finanças descentralizadas.
c. Não, uma vez que a CRM não prevê a descentralização financeira.
d. Não, a descentralição financeira implica transferir dinheiros da Conta
Geral do Estado a indivíduos
e/ou empresas nacionais e/ou estrangeiras.

A sua resposta está incorreta.


A resposta correta é: Sim, com base nesta norma é assegurada a autonomia financeira, através
da atribuição
de património e finanças centralizadas e através da atribuição de
património finanças descentralizadas.

Pergunta 3 Incorreta Nota: 0,00 em 2,00

As fases da vida do imposto são:

Selecione uma opção de resposta:


a. Incidência; pagamento, confusão, prescrição;
b. Dação em cumprimento; Incidência; lançamento e
Cobrança
c. Incidência, extinção, lançamento e cobrança.
d. Incidência, Lançamento, Liquidação e Cobrança.

A sua resposta está incorreta.


A resposta correta é: Incidência, Lançamento, Liquidação e Cobrança.


Pergunta 4 Correta Nota: 2,00 em 2,00

Diz-se lançamento:

Selecione uma opção de resposta:


a. O período entre o nascimento da obrigação de imposto até ao
pagamento (identificação o
contribuinte e fixação da matéria colectável).
b. A
definição geral, abstracta e legal, dos factos jurídicos fiscais (real) e dos
sujeitos passivos
(pessoal).
c. A
operação administrativa que visa a entrada do imposto nos cofres do Estado.
d. O
cálculo da colecta ao imposto, aplicando à matéria colectável a taxa do
imposto.

A sua resposta está correta.


A resposta correta é: O período entre o nascimento da obrigação de imposto até ao
pagamento (identificação
o contribuinte e fixação da matéria colectável).

Pergunta 5 Incorreta Nota: 0,00 em 2,00

Diz-se liquidação:

Selecione uma opção de resposta:


a. O período entre o
nascimento da obrigação de imposto até ao pagamento (identificação o
contribuinte e fixação da matéria colectável).
b. O cálculo da colecta ao imposto, aplicando à matéria colectável a
taxa do imposto.
c. A operação
administrativa que visa a entrada do imposto nos cofres do Estado.
d. A
definição geral, abstracta e legal, dos factos jurídicos fiscais (real) e dos
sujeitos passivos
(pessoal).

A sua resposta está incorreta.


A resposta correta é: O cálculo da colecta ao imposto, aplicando à matéria colectável a
taxa do imposto.

← Fórum – Noção e fundamentos do direito fiscal e aduaneiro


Ir para... 
Fórum – Relação jurídica fiscal e aduaneira →
Fórum Relação jurídica fiscal e aduaneira


Maria Joaquina Tiago Feijão
ACTIVO

Painel do utilizador  Minhas disciplinas  Teoria Geral do Direito Fiscal e Aduaneiro  TEMA – III: A VIOLAÇÃO DO
DIREITO FISCAL E ADUANEIRO  Teste de Auto-Avaliação 3

Iniciada Quarta, 8 de Março de 2023 às 10:52


Estado Terminada
Terminada Quarta, 8 de Março de 2023 às 10:53
Tempo gasto 1 minuto 10 segundos
Nota 10,00/10,00
Nota 20,00 num máximo de 20,00 (100%)

Pergunta 1 Correta Nota: 2,00 em 2,00

A dívida tributária pode extinguir


por:

Selecione uma opção de resposta:


a. Dação
em função de cumprimento.
b. Novação.
c. Esquecimento.
d. Confusão.

A sua resposta está correta.


A resposta correta é: Confusão.


Pergunta 2 Correta Nota: 2,00 em 2,00

Em termos rigorosos,
falar de Direito Fiscal não é a mesma coisa que falar de Direito Aduaneiro. A
principal diferença reside em:

Selecione uma opção de resposta:


a. O Direito Aduaneiro trata de impostos e taxas
resultantes da entrada e saída de mercadorias no
país fiscal, enquanto que o Direito Fiscal regula tudo quanto se trata de impostos
gerais do Estado.
b.

O Direito Aduaneiro regula sobre as taxas enquanto o Direito


Fiscal regula sobre impostos.
c. O Direito Fiscal trata de todas as receitas e despesas do Estado ao
passo que o Direito Aduaneiro
apenas tem a ver com os impostos e taxas
resultantes da entrada e saída de mercadorias no país
fiscal.
d. O Direito Fiscal regula tudo quanto se trata de tributos ao passo que o
Direito Aduaneiro fala sobre
as despesas.

A sua resposta está correta.


A resposta correta é: O Direito Aduaneiro trata de impostos e taxas
resultantes da entrada e saída de
mercadorias no país fiscal, enquanto que o Direito Fiscal regula tudo quanto se trata de impostos
gerais do
Estado.


Pergunta 3 Correta Nota: 2,00 em 2,00

O Imposto de
Reconstrução Nacional (IRN) é um imposto nacional e se aplica em todo o
território
nacional sem distinção. O que acha desta afirmação?

Selecione uma opção de resposta:


a. Acho falsa, pois, o IRN não é um imposto nacional, pois só se aplica nas
autarquias locais.
b. Acho falsa afirmação, pois, o IRN, apesar de ser um imposto nacional,
apenas se aplica em
circunscrições que não são autarquias locais.
c. Acho verdadeira, pois, sendo um imposto nacional, deve, logicamente, ser
aplicada em todo o
território sem distinção.
d. Acho falsa afirmação, pois o IRN apenas se aplica nos municípios.

A sua resposta está correta.


A resposta correta é: Acho falsa afirmação, pois, o IRN, apesar de ser um imposto nacional,
apenas se aplica
em circunscrições que não são autarquias locais.

Pergunta 4 Correta Nota: 2,00 em 2,00

A dívida tributária extingue por


compensação quando:

Selecione uma opção de resposta:


a.
Quando o tempo determando para o pagamento da dívida se prescreve.
b.
Quando
o sujeito passivo compensa a dívida que tem ao fisco.
c. Quando
se reúnem as qualidades de credor e devedor de uma mesma obrigação tributária
na
mesma entidade pública
d.
Quando entre os sujeitos passivo e activo são simultaneamente
devedor e credor entre si.

A sua resposta está correta.


A resposta correta é:
Quando entre os sujeitos passivo e activo são simultaneamente
devedor e credor entre si.

Pergunta 5 Correta Nota: 2,00 em 2,00

São sujeitos activos da relação jurídica fiscal:

Selecione uma opção de resposta:


a. Entidades
de direito privado.
b. As autarquias locais;
c. Pessoas
colectivas;
d. Pessoas
singulares;

A sua resposta está correta.


A resposta correta é: As autarquias locais;

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