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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE MANICA

DIVISAO DE ECONOMIA, GESTAO E TURISMO


CURSO DE ECOTURISMO E GESTÃO DE FAUNA BRAVIA

ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DE PLANTAS EXÓTICAS ARBUSTIVAS E


ARBÓREAS EM ÁREAS DE CONSERVAÇÃO: CASO DE ESTUDO ILHA DA SANTA
CAROLINA − PARQUE NACIONAL DO ARQUIPÉLAGO DE BAZARUTO

Alfredo Feliciano Laquene Gotine

Supervisor: dr. Walter Giovanni Forner

Matsinho, Março de 2018


ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DE PLANTAS EXÓTICAS ARBUSTIVAS E
ARBÓREAS EM ÁREAS DE CONSERVAÇÃO: CASO DE ESTUDO ILHA DA SANTA
CAROLINA − PARQUE NACIONAL DO ARQUIPÉLAGO DE BAZARUTO

Alfredo Feliciano Laquene Gotine


Correio electrónico: Alfredo.laken@gmail.com
Celular: +258 846 832 647

Projecto de Licenciatura apresentado ao


Instituto Superior Politécnico de Manica, como
requisito parcial para Grau de Licenciatura em
Ecoturismo e Gestão de Fauna Bravia.

Matsinho, Março de 2018


i

DECLARAÇÃO

Eu, Alfredo F. Laquene Gotine declaro por minha honra que esta pesquisa é da
minha autoria e nunca foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção de
qualquer aprovação em módulos ou disciplinas. Todas obras de outros autores,
utilizados neste trabalho foram devidamente citadas e listadas nas referências
bibliográficas.

Alfredo F. Laquene Gotine

____________________________________

Matsinho, Fevereiro de 2018


ii

DEDICATÓRIA

Aos meus pais Feliciano L. Gotine e Marta A. Uetela

Dedico
iii

EPÍGRAFE

“Se não mudarmos de atitude não conquistaremos uma condição


melhor. Poderemos ter mais técnicos, mais hospitais, mais escolas,
mas não seremos construtores de futuro.

Falo de uma nova atitude, mas a palavra deve ser


pronunciado no plural, pois ela compõe um vasto
conjunto de posturas, crenças, conceitos e
preconceitos.

Há muito que venho defendendo que o maior


factor de atraso em Moçambique não se
localiza na economia, mas na incapacidade
de gerarmos um pensamento produtivo,
ousado e inovador.

Um pensamento que não resulte da


repetição de lugares comuns, de
fórmulas e de receitas já pensadas
pelos outros.”

©_MIA COUTO
iv

AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus, fonte da vida, razão da força de todo ser.

A minha família, meu alicerce, em particular aos meus pais Feliciano L. Gotine e
Marta A. Uetela pela confiança, incentivo e exemplo de vida, aos meus irmãos Rosaldo,
Olimpio e Noelma pelo apoio e companheirismo, por vocês serem parte de mim.

Ao meu supervisor, dr. Walter Giovanni Forner pela oportunidade, paciência,


pela orientação e por me ajudar a enfrentar este desafio. Aos docentes do curso de
Ecoturismo e Gestão de Fauna Bravia do ISPM não somente por terem ensinado na
academia e como individuo na sociedade, mas também pela cordialidade com que
sempre me trataram durante os quatro (4) anos da carreira académica.

A Dra Silvia R. Ziller (Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação


Ambiental) e Arne Witt (CABI-África) pela disponibilidade e pelos esclarecimentos.

A todos funcionários do Parque Nacional do Arquipélago de Bazaruto pela


disponibilidade e interesse em ajudar, e fazer possível o processo da colecta dos dados
desta pesquisa.

Aos colegas do curso de Ecoturismo e Gestão de Fauna Bravia, ano (2013) pela
camaradagem e participação directa ou indirecta ao longo dos anos de desafio.

A todos que directa ou indirectamente ajudaram para a efectivação desta


pesquisa

Um obrigado Imenso!
v

LISTA DE ACRÓNIMOS / ABREVIATURAS

AC Área de Conservação
CDB Convenção sobre Diversidade Biológica
CENACARTA Centro Nacional de Cartografia e Teledetecção
DNAC Direcção Nacional das Áreas de Conservação
EADSM Estratégia Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável de
Moçambique
EPACDBM Estratégia e Plano de Acção para Conservação da Diversidade
Biológica de Moçambique
FAO Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação
(acrónimo em inglês)
GPS Sistema de Posicionamento Geográfico (acrónimo em inglês)
ISPM Instituto Superior Politécnico de Manica
ISSG Grupo de Especialistas em Espécies Invasoras (acrónimo em inglês)
IUCN União Mundial Para a Conservação da Natureza
MICOA Ministério de Coordenação e acção Ambiental
NACGRAB Banco de Genes do Centro Nacional de Recursos Genéticos e
Biotecnologias (acrónimo em inglês)
NEPAD Nova Parceria Para Desenvolvimento da África. (Acrónimo em inglês)
PNAB Parque Nacional do Arquipélago de Bazaruto
SAPIA Atlas de plantas invasoras do Sul da África (acrónimo em inglês)
UNESCO Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura.
USDA Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (acrónimo em inglês)
vi

LISTA DE TABELAS E FIGURAS

Tabela 1: Características que tornam uma planta "excelente" invasora. ...................... 12


Tabela 2: Estabelecimento das unidades amostrais de acordo com os principais tipos
de vegetação e distribuição das parcelas. .................................................................... 24
Tabela 3: Coordenadas dos pontos aleatórios onde foram estabelecidas as parcelas . 24
Tabela 4: Classificação das espécies de plantas exóticas através do índice biológico. 31
Tabela 5:Tabela com famílias, nomes científicos e vulgares e estratos das plantas
exóticas identificadas na ilha da Santa Carolina – PNAB. ............................................ 32
Tabela 6: Riqueza de espécies e a frequência absoluta de cada estrato registado em
cada tipo de vegetação. ................................................................................................ 34
Tabela 7: Índice de Valor Importância (a 100%) das plantas exóticas arbustivas e
arbóreas Identificadas. .................................................................................................. 36
Tabela 8: classificação do impacto por cada espécie de plantas exóticas .................... 38

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Principais etapas do processo de invasão. .................................................... 15


Figura 2: Mapa de enquadramento geográfico do Parque Nacional do Arquipélago de
Bazaruto com destaque para a ilha da Santa carolina (área de estudo). ...................... 20
Figura 3: Mapa com pontos aleatórios onde foram estabelecidas as parcelas. ............ 24
Figura 4: Tamanho das parcelas e disposição dos transectos lineares ........................ 26
Figura 6: Riqueza de espécies por família das plantas exóticas arbustivas e arbóreas
identificadas na ilha da Santa Carolina – PNAB. .......................................................... 33
Figura 7: Número de espécies de estratos arbustivo e arbóreo registado em cada tipo
de vegetação. ................................................................................................................ 34
vii

LISTA DE APÊNDICES

Apêndice 1: Ficha de campo para colecta de dados. .................................................... 46

Apêndice 2:Tabela com famílias, nomes científicos e vulgares, origem natural e estrato
das plantas exóticas arbustivas e arbóreas identificadas na ilha da Santa Carolina –
PNAB. ........................................................................................................................... 47

Apêndice 3: Parâmetro fitossociológico para as plantas exóticas identificadas na ilha de


Santa carolina com DAP ≥ 5 cm, em uma área de Vegetação de dunas, savana e
Matagal dos pântanos e Mangal, organizados Esp: espécies; Estr: estrato; NI: número
de indivíduos; DA: densidade absoluta; DR: densidade relativa; FA: frequência
absoluta; FR: frequência relativa; DoA: dominância absoluta; DoR: dominância relativa;
IVI: valor de importância (300%) e IVI: valor de importância (100%). ........................... 47
ÍNDICE
DECLARAÇÃO ............................................................................................................................ i
DEDICATÓRIA ........................................................................................................................... ii
EPÍGRAFE................................................................................................................................. iii
AGRADECIMENTOS ................................................................................................................. iv
LISTA DE ACRÓNIMOS / ABREVIATURAS ............................................................................... v
LISTA DE TABELAS E FIGURAS .............................................................................................. vi
LISTA DE APÊNDICES ............................................................................................................ vii
ÍNDICE .................................................................................................................................... viii
RESUMO ................................................................................................................................... ix

CAPITULO I: INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1


1.1. Apresentação do estudo .............................................................................................. 1
1.2. Problematização .......................................................................................................... 2
1.4. Justificativa da pesquisa .............................................................................................. 3
1.5. Objectivos .................................................................................................................... 5
1.6. Estrutura do Trabalho .................................................................................................. 5

CAPÍTULO II: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 7


2.1. Glossário ..................................................................................................................... 7
2.2. Invasão Biológica ......................................................................................................... 8
2.3. Plantas exóticas ........................................................................................................... 9
2.4. Plantas exóticas invasoras..........................................................................................10
2.5. Características das plantas exóticas invasoras ...........................................................11
2.6. Formas de introdução e dispersão de plantas exóticas invasoras...............................13
2.7. Processo de invasão biológica por plantas exóticas ...................................................14
2.8. Susceptibilidades de invasão das ilhas. ......................................................................16
2.9. Invasão Biológica por plantas exóticas em Áreas de Conservação .............................17
2.10. Impacto da invasão biológica por plantas exóticas......................................................18
CAPÍTULO III: METODOLOGIA ................................................................................................20
3.1. Descrição da área de estudo ......................................................................................20
3.2. Procedimentos metodológicos ....................................................................................23
3.2.1. Estabelecimento das unidades amostrais ............................................................23
3.2.2. Colecta de dados .................................................................................................25
3.2.3. Processamento e análise de dados .....................................................................26
3.2.3.1. Determinação da Frequência de ocorrência de plantas exóticas arbustivas e
arbóreas na ilha de Santa Carolina ....................................................................................27
3.2.3.2. Determinação da densidade de plantas exóticas arbustivas e arbóreas que
ocorrem na ilha de Santa Carolina .....................................................................................28
3.2.3.3. Determinação da dominância de plantas exóticas arbustivas e arbóreas que
ocorrem na ilha de Santa Carolina .....................................................................................28
3.2.3.4. Determinação do índice do valor de importância das plantas exóticas arbustivas
e arbóreas que ocorrem na ilha de Santa Carolina. ...........................................................29
3.2.3.5. Classificação do impacto das plantas exóticas identificadas na área de
estudo…….. .......................................................................................................................30

CAPITULO IV: RESULTADOS E DISCUSSÃO.........................................................................32


4.1. Plantas exóticas arbustivas e arbóreas identificadas na ilha da Santa Carolina ..........32
4.2. Caracterização da estrutura horizontal das plantas exóticas identificadas ..................33
4.3. Classificação do impacto das plantas exóticas identificadas .......................................36

CAPÍTULO V: CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES ...............................................................39


5.1. Conclusão ...................................................................................................................39
5.2. Recomendações .........................................................................................................40

6. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ...................................................................................42


APÊNDICE ...............................................................................................................................46
ix

RESUMO

A maioria das Áreas de Conservação (AC’s) em Moçambique tem grande probabilidade


de possuírem plantas exóticas no seu interior, no entanto, ainda são necessários
estudos que evidenciem a sua ocorrência e impacto, dai que a presente pesquisa tem
como objectivo principal analisar a ocorrência de plantas exóticas arbustivas e arbóreas
na ilha da Santa Carolina. Para tal, utiliza-se o método de amostragem aleatória
estratificada, pelo qual dividiu-se a área de acordo com os principais tipos de
vegetação (Vegetação das dunas, Savana e Matagal dos pântanos e Mangal) e
sorteados em laboratório três (03) pontos aleatórios em cada tipo de vegetação onde
foram estabelecidas nove (09) parcelas de 25 x 50m separadas entre si por uma
distância mínima de 20m perfazendo numa área total de 1.125ha. A colecta de dados
abrangeu todos indivíduos arbustivos e arbóreos com DAP ≥ 5cm e altura ≥50cm,
posteriormente, seleccionou-se as exóticas recorrendo-se a técnica de Delphi, nestas,
foram calculados a frequência, densidade, dominância e valor de importância (IVI)
assim como o índice biológico (IB). Como resultado Identificou-se um total de 11
espécies de plantas exóticas pertencentes a 08 famílias a saber: Myrtaceae,
Anacardiaceae, Combretaceae, Casuarinaceae, Fabaceae, Apocynaceae,
Convolvulaceae e Malvaceae, entre estas, 03 são arbustos e 08 árvores; a espécie de
maior IVI foi a Casuarina cunninghamiana. (27.90%) o mais baixo foi da Anacardium
occidentale (2.45%); obteve-se o maior IVI (60.9%) na vegetação de Savana associada
ao Matagal dos pântanos e de acordo com o IB as espécies que causam alto impacto
foram a C. cunninghamiana, T. catappa, S. cumini, E. camaldulensis S. siamea e P.
guajava. Concluiu-Se que a sustentabilidade e a integridade da ilha da Santa Carolina
estão comprometidas devido ocorrência de plantas exóticas.

Palavras-chave: Invasão biológica; Plantas exóticas invasoras; Impacto de exóticas;


fitossociologia; Áreas de Conservação; Ilhas.
x

ABSTRACT
The majority of the Conservation Areas (AC's) in Mozambique are potentially plagued
by invasive alien tree species (IATs). However, there are no studies or official records
that show its occurrence and impact, hence, the present research sought to know
whether occur or not the alien shrub and tree in the area under study. The main
objective was to analyze the occurrence of alien shrub and tree in Santa Carolina
Island. The stratified random sampling method was used to divide the area according to
the main types of vegetation (dune vegetation, savanna and marshland, and Mangrove)
and randomly selected three (03) points in each type of vegetation, where, nine (9) plots
of 25 x 50 m were established, separated from each other by a minimum distance of 20
m, covering a total area of 1,125ha. The data collection included all shrub and arboreal
individuals with DBH ≥ 5 cm and height ≥50 cm found into the plots, later the alien shrub
and tree were selected, in these, were calculated the phytossociological parameters:
frequency, density, dominance and value of importance (VI ) as well as the Biological
Index (BI). As a result, 11 species belonging to 08 families were identified, among them
03 shrubs and 08 trees; the species of major VI was the Casuarina cunninghamiana.
(27.90%) the lowest was Anacardium occidentale (2.45%); major vegetation VI (60.9%)
was obtained in the plots installed in the Savanna associated with marshland. The BI
show that the main impact was caused by C. cunninghamiana, T. catappa, S. cumini, E.
camaldulensis S. siamea e P. guajava, concluding that the sustainability and integrity of
the island of Santa Carolina are compromised due to the occurrence of Alien shrub and
trees.

Keywords: Biological invasion; Invasive alien plants; Alien environmental impact;


phytosociology; Conservation Areas; Islands.
1

CAPITULO I: INTRODUÇÃO

1.1. Apresentação do estudo

A introdução de espécies exóticas e sua naturalização é hoje considerada como


um dos mecanismos responsáveis pela alteração global da biosfera, podem alterar,
muitas vezes, de maneira irreversível, o ambiente local originando modificações
profundas na estrutura e no funcionamento dos ecossistemas.

A invasão biológica causada pela introdução de plantas exóticas é reconhecida


como a segunda principal causa mundial da perda de diversidade biológica no planeta,
perdendo apenas para a destruição de habitats por exploração humana directa, (Biondi;
Pedrosa-Macedo, 2008) e constitui a principal causa da perda da diversidade biológica
nas ilhas e Áreas de Conservação (AC’s) nos últimos 20 anos (Campos & Rodrigues,
2006).

O maior agravante dos processos de invasão biológica, em comparação a outros


problemas ambientais, é que ao invés de serem absorvidos com o tempo eles se
agravam à medida que as plantas exóticas ocupam o espaço das nativas causando
problemas de longo prazo, e não permitem que os ecossistemas afectados se
recuperem naturalmente necessitando de maneio por parte do homem, (Ziller, 2000).

A presente pesquisa, trata-se de uma análise da ocorrência de invasão biológica


por plantas exóticas, esta realizou-se no Parque Nacional do Arquipélago de Bazaruto
concretamente na Ilha da Santa Carolina, nesta AC’s há escassez de informação
básica necessária para estabelecer estratégias de gestão com vista a prevenção,
controlo e erradicação de espécies invasoras. Este estudo tem como objectivo principal
analisar a ocorrência de plantas exóticas arbustivas e arbóreas, e especificamente
identificaram-se as plantas exóticas arbustivas e arbóreas; caracterizou-se a estrutura
horizontal das mesmas e indicou-se as plantas exóticas de maior impacto na área de
estudo.
2

1.2. Problematização

As plantas exóticas invasoras são responsáveis por problemas ambientais, pois,


estas causam alterações nos ciclos ecológicos, o regime de fogo, a quantidade de
água disponível, a alteração da composição e disponibilidade de nutrientes, a remoção
ou introdução de elementos nas cadeias alimentares, alteração dos processos
geomorfológicos até mesmo a extinção de espécies nativas, (Conabio, 2009). A
economia a nível mundial perde devido este problema cerca de 1,4 trilhões de dólares
anuais, o que representa cerca de 5% da economia global, (Azevedo et al., 2009).

Os autores Everett & Schleyer, (2008) atestam que a integridade funcional


natural da ilha da Santa Carolina é ameaçada por causa do aumento demográfico que
se verifica no arquipélago, que traz como consequência a prática de actividades de
subsistência não sustentáveis, dentre as quais: o corte de vegetação nativa e abertura
de trilhas não planejadas e exercícios de grande pressão sobre os recursos locais
originando assim perturbações ambientais diversos. Portanto, sabe-se que quanto
maior o grau de perturbação de um ecossistema natural, maior o potencial, de
dispersão e estabelecimento de espécies exóticas, especialmente após a redução da
diversidade natural pela extinção de espécies nativas e/ou sua exploração excessiva
(Ziller, 2000).

Por outro lado, o crescimento da indústria de turismo que eleva o fluxo de


pessoas e bens entre a ilha e o continente (DNAC, 2009) , que nas suas deslocações
podem voluntariamente ou acidentalmente transportar e propagar plantas exóticas;
assim como a prática de ornamentação, incrementando substancialmente o risco de
ocorrência da invasão biológica. Adicionalmente a isto, da mesma forma como há
registos de introduções de roedores (Rattus sp. e Mus Musculus) que estão a provocar
problemas ecológicos na ilha da Santa Carolina (Downs & Wirminghaus1997.) pode
eventualmente ter-se introduzido plantas exóticas pesa embora o facto de não existir
informação sobre a ocorrência ou não de plantas exóticas invasoras, desta forma,
formula-se a seguinte questão:

Ocorrem ou não plantas exóticas arbustivas e arbóreas na ilha de Santa Carolina?


3

1.3. Hipóteses

H0 – Não há ocorrência de plantas exóticas arbustivas e arbóreas na ilha da


Santa Carolina, então, não existe o risco de invasão biológica.

H1 – Há ocorrência de plantas exóticas arbustivas e arbóreas na ilha da Santa


Carolina, então, existe o risco de invasão biológica

1.4. Justificativa da pesquisa

A Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB,1992) a qual Moçambique é


signatário, reconhecendo a gravidade do problema causado pelas invasões biológicas
estabeleceu no seu Artigo 8 alínea h) que cada parte contratante deve, sempre que
possível e conforme o caso, impedir a introdução, controlar ou erradicar as espécies
exóticas que ameaçam ecossistemas, habitats e espécies. Sendo assim, durante a 10ª
Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP-10) foi
aprovado o Plano Estratégico da Biodiversidade para o período de 2011 a 2020, o
mesmo estabelece que até 2020 as espécies exóticas invasoras e suas vias de
dispersão terão sido identificadas e priorizadas, espécies prioritárias terão sido
controladas ou erradicadas e medidas para a gestão de vias de dispersão que levam à
sua introdução e ao seu estabelecimento terão sido implantadas1.

A nível da África através da EADSM2 (2007), no âmbito da Iniciativa Ambiental


da NEPAD3 e o processo Africano rumo ao Desenvolvimento Sustentável, destacou-se
a necessidade de desenvolver acções de prevenção e controle de espécies estranhas
(exóticas) invasoras, visando a preservação dos ecossistemas locais.

Nesta ordem, o país constatou através da Estratégia e Plano de Acção para a


Conservação da Diversidade Biológica de Moçambique (EPACDBM), (Micoa, 2007),
que as espécies exóticas têm dominado a vegetação nativa, destruindo os habitats de

1
Metas de Aichi_ online:http://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/28727-o-que-sao-as-
metas-de-aichi/ acesso aos 13 de Maio de 2017.
2
_ EADSM_ Estratégia Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável de Moçambique., aprovada na
IXª Sessão Ordinária do Conselho de Ministros, de 24 de Julho de 2007
3 _ NEPAD_ Nova Parceria Para Desenvolvimento da África.
4

fauna e alterando os ciclos da água e de nutrientes nos ecossistemas nacionais, neste


sentido, apresentou como desafios incrementar o conhecimento sobre a invasão
biológica; erradicar as espécies invasoras existentes e impedir os surgimentos de
novas, com isso, definiu como meta identificar e conhecer as espécies exóticas
invasoras com maior impacto sobre a diversidade biológica e ter disponibilidade de
informação sistematizada e acessível a todos usuários.

O Arquipélago de Bazaruto é candidata a ser declarada património da


humanidade pela UNESCO4 e detêm grande quantidade de espécies endémicas e
habitats sensíveis com beleza cénica de grande atractividade turística, qualidades que
a ocorrência de invasão biológica por planas exóticas pode por em risco e é
contraditória ao seu status de Parque Nacional.

A escolha da ilha da Santa carolina como área de estudo justificou-se pelo facto
de as ilhas serem susceptíveis à invasão biológica do que ambientes continentais; ser
um dos principais destinos turísticos e o principal receptor diário de visitantes dentro do
Parque Nacional do Arquipélago de Bazaruto (DNAC, 2009), facto que aumenta a
probabilidade de introdução de espécies exóticas elevando assim o risco das mesmas
se tornarem invasoras e criarem danos a biodiversidade.

Portanto, a escolha do tema em estudo foi motivada por a invasão biológica


apesar de ser considerada a segunda maior causa da perda de biodiversidade no
mundo é pouco conhecido pela sociedade no geral assim como é pouco estudado no
país, este facto despertou ao autor a necessidade de dar o seu contributo a nível local
por forma a dar a conhecer a existência deste problema global e suprir a escassez de
informação básica necessária para estabelecer estratégias de gestão com vista a
prevenção, controlo, visto que, actualmente não existem dados concretos sobre as
plantas exóticas, sua distribuição e impacto na área de estudo, assim como, a pesquisa
será uma ferramenta valiosa para uma grande variedade de profissionais incluindo
biólogos, pesquisadores, , decisores políticos, estudantes e a sociedade civil em geral.

4
_ UNESCO_ Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura.
5

1.5. Objectivos

1.5.1. Geral
 Analisar a ocorrência de plantas exóticas arbustivas e arbóreas na ilha da Santa
Carolina.

1.5.2. Específicos

 Identificar plantas exóticas arbustivas e arbóreas que ocorrem na Ilha da Santa


Carolina;
 Caracterizar a estrutura horizontal das plantas exóticas identificadas;
 Classificar o impacto causado pelas plantas exóticas identificadas.

1.6. Estrutura do Trabalho

A presente pesquisa está disposta em cinco (5) capítulos compostos da seguinte


forma:

Capítulo I - Introdução, onde foi feita a apresentação da pesquisa, a abordagem


do problema a ser estudado e suas hipóteses, a relevância da sua realização
explanada em forma de justificativa, assim como definidos os Objectivos (Geral e
Específico) que pretende-se alcançar.

Capítulo II - Revisão bibliográfica, fez-se uma breve abordagem aos principais


conceitos tendo em conta os diversos trabalhos publicados sobre a invasão biológica,
plantas exóticas, plantas exóticas invasoras e suas características, formas de
introdução e dispersão, descreve-se o processo de invasão biológica por plantas
exóticas, explica-se as razões da susceptibilidades de invasão das ilhas, enfatiza-se a
questão da invasão biológica por plantas exóticas em Áreas de Conservação e o
Impacto da invasão biológica por plantas exóticas.

Capítulo III - Metodológica, consiste na caracterização da área de estudo e


descrição detalhada de todos os procedimentos adoptados e a forma de tratamento
dos dados colectados.
6

Capítulo IV - Resultados e Discussão, apresentação dos dados conforme os


objectivos da pesquisa, faz-se um confronto dos resultados obtidos com os diversos
trabalhos publicados sobre a invasão biológica.

Capítulo V - Conclusões e Recomendações, faz-se a apresentação dos


principais resultados importantes e evidenciada a sua relação com os objectivos iniciais
do trabalho, assim como apresenta-se algumas sugestões ou recomendações na base
dos resultados obtidos para a administração do PNAB aos académicos de forma geral.
7

CAPÍTULO II: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Glossário

Espécies nativas/ indígenas/ autóctones: São as que se desenvolvem


naturalmente no ambiente do qual são originárias e ao qual estão adaptadas, (Ziller,
2000; Cannas et al. 2003 e Zalba et al, 2010).

Espécies exóticas ou introduzidas: aquelas transportadas intencional ou


acidentalmente, geralmente, por acção humana para uma área fora de seu limite
natural historicamente conhecido, (Conabio, 2009; Falleiros, Zenni & Ziller, 2011).

Espécies naturalizadas: São espécies introduzidas que se adaptam ao novo


ambiente e passam a se reproduzir sem a intervenção directa do homem, mantendo
populações não dominantes, ( Ziller, 2000; Ziller & Zalba, 2007 e Pivello 2008).

Espécies Exóticas Invasoras: São espécies introduzidas que se estabelecem,


dominam novas áreas, formam grandes populações e causam a perda da
biodiversidade ameaçando os ecossistemas, habitats naturais e as espécies nativas,
(conabio, 2009 e Pergl, Hulme & Pys, 2013)

Invasão biológica ou contaminação biológica: ocorre quando um organismo,


de qualquer tipo, se estabelece num local para além da sua área de distribuição e
causa impactos negativos ao ecossistema, (Williamson, 1996 e Reaser, et al, 2007)

Plantas arbóreas: são plantas lenhosas perenes de porte alto que esgalha e
ramifica na parte terminal, (Mielke et al., 2015).

Plantas arbustivas: são plantas lenhosas somente na base, a partir da qual em


geral ramifica-se, com a maior parte dos ramos não ou pouco lignificados, raramente
ultrapassando 1,5 m de altura, (Menezes & Silva, 1998).

Fitossociologia: é o ramo da ecologia vegetal que procura estudar, descrever e


compreender a associação existente entre as espécies vegetais na comunidade,
Freitas and Magalhães, (2012) e Chaves & Santos, (2013).
8

2.2. Invasão Biológica

Os ecossistemas estão sujeitos a uma variedade de perturbações que variam no


espaço, tempo e magnitude (Magalhães, 2015) e que acontecem em variadas escalas
de frequência e intensidade (Connel 1978). Charles Lyell em 1832 e Charles Robert
Darwin em 1858, já comentavam sobre as alterações que as perturbações provocavam
na composição de comunidades, entretanto, foi só em 1958 que Charles Elton, em seu
livro Ecology of invasions by animals and plants, advertiu para a necessidade de se
conhecer melhor essas espécies e estabelecer estratégias de controlo, (Rejmanek &
Richardson, 1996).

Os autores Williamson (1996) e Shigesada & Kawasaki (1997) citados por Martín
et al., (2008) defendem que a invasão ou contaminação biológica ocorre quando um
organismo, de qualquer tipo, se estabelece num local para além da sua área de
distribuição e causa um impacto, ou seja, quando uma espécie coloniza e persiste
numa área onde até então não havia habitado. Ou ainda, Ziller, (2000) diz que é um
processo em que espécies são introduzidas a partir de outros ambientes, adaptam-se e
reproduzem-se a ponto de substituir espécies nativas e alterar processos ecológicos
naturais, tornando-se dominantes após um período mais ou menos longo, requerido
para a adaptação.

Apesar das invasões biológicas poderem ocorrer naturalmente, o ritmo a que se


está a processar actualmente resulta claramente das actividades humanas, com graves
consequências ao nível económico, ecológico e social. Representam também um risco
para a saúde humana, para os sistemas produtores de alimentos e de fornecimento de
água, e para a conservação dos ecossistemas interferindo com o desenvolvimento
natural das comunidades invadidas, (Agnaldo, 2015).

A problemática da invasão biológica por espécies vegetais invasoras está


fortemente relacionada ao fato de que estas plantas não são consideradas prejudiciais,
pelas pessoas que as cultivam. A sociedade, de um modo geral, desconhece o elevado
potencial de contaminação biológica apresentado por determinadas espécies,
considerando-as em muitos casos até como espécies nativas, (Blum et al, 2010).
9

2.3. Plantas exóticas

Dentro dos ecossistemas encontram-se as comunidades, as mesmas podem ser


divididas em dois grande grupo de espécies: as denominadas espécies nativas,
indígenas ou autóctones, que Ziller (2000) define-as como sendo aquelas que ocorrem
em seus limites naturais e historicamente conhecidos; e as conhecidas como espécie
exótica, alienígena ou não indígena, que de acordo com Zalba (2009), pode ser
qualquer espécie proveniente de um ambiente ou de uma região diferente,
encontrando-se fora de sua área de distribuição natural. Ambos autores enfatizam a
necessidade de se observar os limites de sua distribuição natural em termos evolutivos
para se chegar a conclusão que de facto uma dada espécies é nativa ou exótica.

Na mesma ordem de ideia, a CDB (1992), traz uma abordagem mais detalhada
da definição afirmando que uma espécie é considerada exótica ou introduzida quando
situada em um local diferente ao de sua distribuição natural por causa de introdução
mediada por acções humanas, podendo ser intencional pelo seu valor económico ou
ornamental, como agentes de controlo biológico, para restauração ambiental; ou
acidental como pragas em campos agrícolas, patogenes de plantas, de animais ou do
homem, associadas ao transporte de distintos tipos de cargas, entre outras.

De acordo com Carpanezzi, (2007), as espécies exóticas podem ser


conceituadas e classificadas em: Casuais – espécies introduzidas que sobrevivem no
ambiente sem deixar descendentes e que se extinguem do local após completarem seu
ciclo de vida; Naturalizadas (estabilizadas ou persistentes) – espécies introduzidas que
sobrevivem, se adaptam, reproduzem, deixam descendência e persistem no ambiente;
e Invasoras espécies introduzidas que proliferam, dispersam e colonizam novos
territórios e que se tornam dominantes nos ambientes em que ocorrem.

Neste contexto, torna-se relevante salientar que a classificação de uma espécie


entre exótica e nativa não está restrita apenas aos limites geopolíticos das nações,
pois, esta pode ser nativa em uma região e ser considerada exótica em outra região do
mesmo país, bastando apenas que esta ocorra fora de sua área de distribuição natural.
10

2.4. Plantas exóticas invasoras

Para, Gomes (2007) citado por (Barbosa, 2008), plantas exóticas invasoras são
espécies vegetais introduzidas, que devem ser capazes de estabelecer populações que
se auto-sustentam em zonas de vegetação natural ou seminatural (em ecossistemas
não modificados). Esta definição estabelece uma diferença entre as espécies invasoras
dos habitats naturais e as ervas daninhas dos habitats agrícolas ou aos locais que têm
sido muito alterados, assim como entre espécies vegetais transitórias e as que estão
bem estabelecidas com populações que se auto-sustentam. Entretanto esta definição
não leva em conta o impacto na flora e a fauna nativa, apesar de a agressividade da
propagação ser uma característica que tem importância para os ecologistas.

Daí que Ziller, (2000) e Costa et al, (2010), definem de forma abrangente as
plantas exóticas invasoras como sendo espécies vegetais que, ao serem introduzidas
em ambientes onde não ocorrem naturalmente adaptam-se e se reproduzem de forma
a reduzir a abundância ou extinguir espécies nativas, podendo, inclusive, alterar
processos ecológicos naturais.

A rápida propagação das plantas invasoras suscita maior preocupação e


assunto de debate entre os ecologistas, naturalistas, biólogos, e gestores de Áreas de
Conservação a nível mundial, (OIPWG, 2000)5. Os mesmos autores continuam,
afirmando que, plantas invasoras podem directa ou indirectamente incrementar níveis
de erosão, disseminação de doenças, a ocorrência de cheias e outros elementos
ecológicos. O autor Lugo (1988) citado por Ziller ( 2000), destaca que as plantas
exóticas invasoras provocam a homogeneização da flora mundial ameaçando a
biodiversidade global devido ao seu poder expansivo e degradador de ambientes
naturais.

O maior agravante dos processos de invasão, em comparação a outros


problemas ambientais, é que ao invés de serem absorvidos com o tempo eles se
agravam à medida que as plantas exóticas ocupam o espaço das nativas, (Ziller, 2003).

5
_ OIPWG _ Ontario Invasive Plants Working Group, Toronto, 2000.
11

2.5. Características das plantas exóticas invasoras

Segundo Rejmanek & Richardson, (1996), para que uma planta exótica se torne
invasora num novo ambiente, diversos factores estão envolvidos, como características
da própria planta (invasividade), do ambiente (invasibilidade), a intensidade em que o
ser humano colabora indirectamente para a dispersão através dos plantios e mudanças
que ocorrem com as espécies e com o ambiente ao longo do tempo.

Davis e Thompson (2000) citados por Araújo, (2011), propuseram critérios para
denominar uma espécie de invasora, estes autores concordam que, para uma que
espécie seja reconhecida como invasora, ela deve ser nova na região (critério
biogeográfico), e também causar um grande impacto. Além do critério biogeográfico,
baseiam-se também no critério de crescimento da população e dispersão sem
considerar explicitamente o critério de impacto para definir uma espécie invasora.

Para plantas, caracteres relacionados a altas taxas de reprodução e dispersão


são mais consistentes entre as espécies invasoras (Sampaio; Schmidt, 2014), por outro
lado, Funk e Vitousek (2007), encontraram que plantas invasoras eram mais eficientes
que as nativas em utilizar nutrientes e luz. Nesta ordem, estas espécies apresentam
características de estágio tardio como tolerância ao sombreamento e elevada
fertilidade favorecida pela falta de predadores e inimigos naturais para o controlo da
espécie, o que não acontece com espécies nativas, Sampaio & Schmidt, (2014) citando
Marchetti et al. (2004).

Contudo, apesar de características relacionadas à capacidade de rápido


crescimento, reprodução e à dispersão eficiente serem comuns a muitas espécies
invasoras, Davies, (2009) alerta que, não há um conjunto de caracteres único que
descreva todas as espécies que se tornam invasoras, assim como, ainda não foram
acordados critérios relativos ao dano mínimo, dispersão ou tamanho da população
necessários para caracterizar uma espécie como invasora.

Todavia, Genovesi, (2005), (Rodrigues, 2012) e (Santana, 2007)apresentam


algumas características amplamente aceites que elevam o risco de as espécies
exóticas se tornarem potenciais invasoras, são elas: alta taxa de crescimento relativo,
12

grande produção de sementes pequenas e de fácil dispersão, alta longevidade das


sementes no solo, alta taxa de germinação dessas sementes, maturação precoce das
plantas já estabelecidas, floração e frutificação mais prolongadas, alto potencial
reprodutivo por brotação ou reprodução vegetativa, pioneirismo, alelopatia e ausência
de inimigos naturais.

Também foi sugerido que poderá existir uma relação entre o sucesso de uma
espécie como invasora e a sua abundância e/ou a sua área de distribuição no habitat
autóctone, ou com o número de zonas climatéricas e o número de continentes
invadidos (Silva, Land, & Rodríguez-Luengo, 2008). Contudo, (Inscri et al., 1981;
Pivello, 2005 e Evans, et al., 2016) agruparam e descreveram um conjunto de
características que tornam a planta uma “excelente” invasora, (vide a tabela 01):

Tabela 1: Características que tornam uma planta "excelente" invasora.

Características indesejadas Descrição


Ser generalistas.  Diferente das nativas (especialistas);
 Ampla área de origem;
 Utilizam diversos recursos inclusive os das espécies
nativas.
Elevado potencial reprodutivo e  Mais de um ciclo reprodutivo por ano (ciclo de vida
de dispersão. curto);
 Alta capacidade de reprodução sexuada e
vegetativa;
 Dispersão pelo vento; Muitas sementes
Resistência a variáveis  Adaptação mais rápida a mudanças das condições
ambientais. ambientais criadas pelo homem;
 A maioria das plantas exóticas invasoras é
encontrada em habitas modificados próximos a
centros humanos;
 Alta densidade;
 Alta capacidade de brotamento e regeneração.
Eficientes na competição por  Competição reduzida;
recursos.  Ausência de seus predadores naturais, pestes e
parasitas;
 Tolerância ao desfolhamento e herbivoria.
 Cruzamento e produção de híbridos,
homogeneidade

Fonte: Adaptado de L. Silva et al., (2008) ;Inscri et al., (1981); Pivello, (2005) e Evans et al.,
(2016).
13

2.6. Formas de introdução e dispersão de plantas exóticas invasoras

Segundo Matthews & Brand, (2005), a introdução e dispersão de espécies


exóticas invasoras é feita através de vectores e vias de dispersão; vectores são todos
os meios físicos nos quais as espécies são transportadas, voluntária ou
involuntariamente. Incluem calçados, que facilmente podem carregar sementes nas
solas, pneus de veículos, água de lastro em navios, cascos de embarcações, solo,
aviões, veículos e equipamentos agrícolas entre outros, e por sua vez vias de
dispersão são os caminhos pelos quais as espécies são transportadas, isto inclui
estradas, trilhas de caminhada, rotas comerciais nacionais e internacionais, marítimas,
terrestres ou aéreas.

Entre as plantas, cerca de 50% das exóticas invasoras actualmente presentes


na maioria dos ecossistemas foram introduzidas de forma voluntária para cultivo ou
como ornamentais; quase 20% como forrageiras para gado e cabras; pouco mais de
10% para fins alimentares, 10% para sistemas agro-florestais, 10% para produção
florestal e 2-3% para recuperação de áreas degradadas e fins ornamentais. Pouco
menos de 10% das espécies foram introduções involuntárias, (Conabio, 2009).

Grandes números de espécies de plantas foram introduzidas e cultivadas em


novas regiões com fins ornamentais, agrícolas ou para pastagem, ignorando o filtro
histórico (Lambers et al., 1998) que impedia que tais espécies ocorressem nestas
regiões. Muitas dessas espécies deixaram de ser cultivadas e se estabeleceram na
comunidade local, superando, assim, o filtro fisiológico que só permite a sobrevivência
das espécies adaptadas ao ambiente local, (Lambers et al., 1998).

Segundo Primack e Rodrigues (2001) citados por Bourscheid & Reis, (2011),
algumas espécies são frequentemente transportadas acidentalmente, estes autores
sugerem que o capim-gordura (Mellinis minutiflora) teria chegado ao Brasil aderido à
roupa de escravos, porem, a maioria são introduzidas voluntariamente, tomando em
exemplo um levantamento realizado na África do Sul mostrou-se que cerca da metade
de um total de 491 espécies introduzidas naquele país teve finalidade ornamental,
seguidas de uso para barreiras, cobertura, cultivo agrícola e silvicultura, (Ziller, 2000).
14

2.7. Processo de invasão biológica por plantas exóticas

O processo de invasão varia de acordo com múltiplos factores, nomeadamente


as características da espécie invasora, as características do ecossistema invadido, e as
interacções com as espécies nativas,(Silva, 2008). Portanto, (Ziller & Zalba, 2007)
afirmam que, quando uma espécie supera as barreiras geográficas que limitam à sua
área de distribuição natural e é introduzida em novo ambiente, podem ocorrer três
situações:

 Que não sobreviva;


 Que se estabeleça e persista apenas localmente ou
 Que se torne invasora

Os mesmos autores descrevem as etapas que as plantas exóticas atravessam


para que se tornem invasoras:

Introdução - uma vez introduzida, a espécie precisa ultrapassar barreiras


ambientais para sobreviver, que vão desde condições climáticas e dos solos até o
ataque de predadores e patógenos. Segundo Mack et al., (2000) citado por Cynthia &
Magalhães,( 2015), o intervalo do momento entre a introdução da espécie e o tempo
em que ela adquire a capacidade de dispersão tornando-se invasora é denominado lag
ou latência. Ainda Ziller & Zalba (2007) acrescentam que, esse tempo é imprevisível,
pois, varia para cada espécie em cada situação ambiental e depende de factores como
o tempo de amadurecimento até a reprodução, o tempo necessário para que produza
grandes quantidades de sementes ou descendentes, o número de anos entre ciclos
climáticos favoráveis para seu estabelecimento, ou uma combinação desses e de
outros factores.

A fase de latência depende também da pressão de propágulos, medida pelo


esforço de introdução, seja pelo número de indivíduos da espécie introduzidos ou pelo
número de repetições da introdução. Ambos os factores aumentam as chances de
estabelecimento. Por exemplo, sabe-se hoje que na Alemanha mais de 50% das
espécies exóticas que se tornaram invasoras levaram mais de 200 anos para deflagrar
o processo de invasão, Mack et al., (2000) citado por Zalba e Ziller (2007).
15

Naturalização ou estabelecimento - superadas as barreiras na etapa da


introdução considera-se uma espécie como estabelecida, quando passa a formar
populações auto-regenrativas, ou seja, as espécies exóticas que, após introdução,
conseguem sobreviver, adaptar-se e produzir descendência férteis, (Zalba e Ziller
2007).

Invasão - refere-se à capacidade de dispersão além do ponto onde foi


introduzida. Uma vez que a espécie encontre meios de se propagar para áreas mais
amplas, seja por meios físicos ou vento, por associação com outras espécies que
funcionem como dispersores, por ajuda indirecta do homem, por exemplo, no caso de
espécies que se propagam seguindo canais de irrigação ou as margens de estradas e
caminhos, (Ziller e Zalba 2007).

Abaixo a ilustração com as principais etapas decorrentes do processo de


invasão por plantas exóticas invasoras. O tamanho da população e o tempo de duração
de cada etapa variam para as espécies (vide figura 01).

Figura 1: Principais etapas do processo de invasão.

Fonte: Adaptado de Marchante, (2006).


16

2.8. Susceptibilidades de invasão das ilhas.

Da mesma forma como há inúmeros esforços científicos voltados ao


mapeamento de características comuns a espécies invasoras que as potencializam
como tal, existe também uma tentativa de definir características que supostamente
tornam alguns ambientes mais susceptíveis à contaminação biológica do que outros.

O Lloret et al., (2005), sustenta o facto de que as comunidades bióticas em ilhas


serem isoladas tender a torná-las mais susceptíveis à contaminação biológica do que
ambientes continentais, geralmente as espécies nativas de ilhas têm populações
pequenas e distribuição limitada, o que as torna mais vulneráveis à extinção por
espécies exóticas invasoras,(Evans et al, 2016). Associado ao facto de muitas espécies
em ilhas serem endémicas, as taxas de extinção global em ilhas são maiores, e
acredita-se que a principal causa dessas extinções seja as espécies exóticas invasoras
(Charles & Dukes, 2007), pois, os efeitos da introdução de espécies exótica são
desproporcionalmente maiores em ilhas, (TNC, 2009).

Generalizando, Evans et al., (2016) enumera algumas razões pelas quais


entende-se que as ilhas sejam mais susceptíveis à invasão do que ambientes
continentais, entre elas: pequena habilidade competitiva devido ao processo de
colonização a partir de pequenas populações iniciais, desarmonia de grupos funcionais
e diversidade relativamente baixa, populações pequenas e diversidade genética baixa,
restringindo a especialização, capacidade relativamente pequena de adaptação a
mudanças e perda de resistência para consumidores e doenças, perda de organismos
co-evoluídos essenciais, pequena incidência de perturbações naturais, especialmente
de fogo, na história evolutiva dos ecossistemas insulares e exploração intensiva por
populações humanas.

Deste modo, percebe-se que o sucesso do processo de invasão depende não


somente dos atributos da espécie, mas também da natureza, da história e da dinâmica
dos ecossistemas invadidos.
17

2.9. Invasão Biológica por plantas exóticas em Áreas de Conservação

No artigo 11o da Lei de Florestas e Fauna Bravia (LFFB) 6 diz “os parques
nacionais são zonas de protecção total delimitadas, destinadas à propagação,
protecção, conservação e maneio da vegetação e de animais bravios, bem como à
protecção de locais, paisagens ou formações geológicas de particular valor científico,
cultural ou estético no interesse e para recreação pública, representativos do
património cultural” e interdita toda a introdução de espécies zoológicas ou botânicas,
quer indígenas, quer importadas, selvagens ou domésticas, logo, a presença de
espécies invasoras contrariam os seus objectivos de criação.

Leão et al., (2011) acrescenta que, a presença de plantas e outras espécies


exóticas invasoras nessas áreas é incompatível com a conservação da biodiversidade
e dos recursos naturais e devem ser objecto de erradicação ou de controlo
permanente. A propagação de plantas exóticas, especialmente para as comunidades
que vivem no interior das áreas de conservação na África subsaariana, degrada áreas
rurais e sua produtividade assim como as fontes de água, agravando a pobreza,
dificultando o desenvolvimento económico ao mesmo tempo causando danos
irreversíveis a biodiversidade, (Boy & Witt, 2013).

Toma-se de exemplo as espécies de plantas Chromolaena odorata,e Lantana


camara que são considerada um problema sério em áreas de conservação de Benim,
República Centro Africana, Congo, Costa de Marfim, República Democrática do Congo,
Libéria, Maurícias, Nigéria Senegal, Togo, África do Sul, Swazilândia e potencialmente
em Moçambique mas não existem estudos conclusivos sobre o caso 7.

O fato de não constarem ainda como invasoras pode ser devido ao fato de haver
menos registos científicos de invasões nesses no país, pois, abordagem do problema é
praticamente nula e ainda que possa observa-se indícios de invasões biológicas já bem
estabelecidas.

6
_LFFB _ Lei nº 10/99 de 22 de Dezembro e Decreto 12/2002 de 25 de Março – Lei de Florestas e
Fauna Bravia
7
_ IUCN/SSC/ISSG 2004. Global Invasive Species database.,Invasive Species Specialist Group
http://www.issg.org/database/species/search.asp?st=100ss&fr=1&sts acesso 24/05/2017
18

2.10. Impacto da invasão biológica por plantas exóticas

A Global Invasive Species Programme, (2001), considera a invasão biológicas


uma das maiores e mais crescentes ameaças à diversidade biológica global, visto que
podem provocar alterações profundas e irreversíveis na estrutura e nas funções dos
ecossistemas, (Dechoum & Ziller, 2013). Espécies exóticas invasoras provocam
impactos directos e indirectos sobre a biodiversidade, afectando indivíduos, populações
e comunidades, seja por meio de alterações nas interacções existentes entre espécies
ou por alterações químicas e físicas no meio, o que culmina com a diminuição da
riqueza de espécies e da diversidade de um modo geral, (Richardson, et al., 2012 e
Dechoum & Ziller, 2013).

O impacto de espécies exóticas pode ser medido em cinco níveis: efeitos sobre
os indivíduos; efeitos genéticos; efeitos na dinâmica populacional; efeitos na
comunidade e; efeitos em processos ecossistémicos. Alguns tipos de efeitos são mais
documentados do que outros, os relacionados com indivíduos e população estão entre
os mais estudados Parker et a.l, (1999) citado por Magalhães, (2015).

Segundo (Parker et al., 1999), os efeitos provocados aos indivíduos podem ser
medidos através de alterações em suas taxas demográficas, em resposta aos novos
predadores ou concorrentes; os efeitos nas comunidades são enquadrados em termos
de número de espécies, os genéticos podem ser identificados pela hibridação entre
nativos e exóticos, que pode levar a eliminação de genótipos originais enquanto os
impactos causados às populações são medidas através de parâmetros populacionais
que podem ser utilizadas para determinar o impacto do invasor, onde as populações
podem responder com mudanças na abundância, distribuição e estrutura, (Ziller, 2006
e Magalhães, 2015).

A possibilidade de medir impactos permite reconhecer quais espécies podem


originar maiores e graves consequências e contribui para a tomada de decisões
relacionadas a conservação da biodiversidade, pois, pode ser planejada a melhor
acção a ser adoptada e as primeiras espécies a serem combatidas, (Magalhães, 2015).
19

Daí que utiliza-se a fitossociologia como uma ferramenta para o estudo das
invasões biológicas, pois permite ter uma ideia de quantificação da composição,
estrutura, distribuição e funcionamento de uma comunidade; inclusive permite o cálculo
do Índice Biológico através do Índice de Valor de Importância das espécies (Santana e
Encinas, 2008).

O Índice Biológico foi utilizado nesta pesquisa por apresentar a possibilidade de


hierarquizar as espécies em ordem de importância social podendo desta forma traduzir
o impacto exercido pelas exóticas, pois, a diminuição na importância das nativas e
aumento na importância das exóticas é um dos principais reflexos da invasão biológica
(Parker et al, 1999). Ou seja, as plantas exóticas tendem a monopolizar mais espaço
na comunidade em detrimento das nativas, este fenómeno, está directamente
relacionada com o impacto (Hedja et al, 2009), visto que qualquer biomassa, espaço ou
energia utilizados pelo invasor constituem recursos já não disponíveis para os
concorrentes (Parker et al, 1999).
20

CAPÍTULO III: METODOLOGIA


3.1. Descrição da área de estudo
3.1.1. Descrição Geográfica

A ilha da Santa Carolina situa-se entre a costa de Inhassoro a cerca de 3.78


milhas náuticas e ilha do Bazaruto a cerca 4, 45 milhas náuticas com as latitudes
21°37'0.41"S e longitudes 35°20'39.75"E. Santa Carolina tem uma área de 500 ha faz
parte das 5 ilhas (Bazaruto, Bangué, Benguérua, Magaruque, Santa Carolina) que
constituem o Parque Nacional do Arquipélago do Bazaruto (Everett & Schleyer, 2008).

Figura 2: Mapa de enquadramento geográfico do Parque Nacional do Arquipélago de Bazaruto


com destaque para a ilha da Santa carolina (área de estudo).

Fonte: Autor, (2017).


21

3.1.2. Descrição Biofísica


3.1.2.1. Solos

Os solos da ilha da Santa Carolina são classificados como tendo solos de baixa
aptidão para a agricultura intensiva com as limitantes tanto na fertilidade baixa como na
falta de capacidade de retenção da água. De acordo com a classificação da FAO, o
grupo de solos é classificado como Arenossolo. Segundo USDA o solo cai na classe de
uso apropriado para desenvolvimento de florestas com limitações na fertilidade e
textura, (DNAC, 2009).

3.1.2.2. Clima

O clima local é classificado de acordo com Koppen como Tropical Costeiro


Húmido (AW) com duas estações anuais: quente e húmida, de Dezembro a Março e a
estação fresca e seca de Junho à Agosto, com uma média anual de precipitação da
ordem dos 1200 mm. A temperatura média anual é de 26º C na época quente e 20ºC
na época fresca, (DNAC, 2009).

A precipitação na região dominada por dois sistemas climáticos, nomeadamente,


o sistema de anticiclones do Oceano Índico da região de ventos de SE o sul do
Zambeze, com a queda de chuvas associada à passagem de baixas pressões; e a
ponta sul do sistema de Monções do Este de África, Dutton e Zolho,1990 citado por
(DNAC, 2009).

Entre 1975 e 2005, a precipitação média anual na região foi 802.9 mm e os


meses de maior precipitação são Dezembro a Março (109,9 mm a 191,3 mm),
enquanto os meses mais secos acontecem entre Julho e Setembro, (DNAC, 2009).

3.1.2.3. Ventos

Na região, os ventos são predominantemente do quadrante Sudeste a Este,


sendo mais fortes durante a tarde. Entre Janeiro e Agosto os ventos são
predominantemente de Sul enquanto entre Setembro e Dezembro a direcção
predominante é de Este, (DNAC, 2009).
22

3.1.2.4. Fauna

Na ilha da Santa Carolina não ocorrem espécies terrestres de grande porte, é


habitada por pequenos mamíferos roedores introduzidos (Mus minutoides e Ratrus
ruttu) (Dawns, 1997).

Na categoria de Anfibios e repteis Dawns, (1997) e DNAC, (2009), identificaram


individuos da Classe Reptilia, Ordem Chelonii e família Chelonidae que inclui cinco
espécies de tartarugas marinhas Lepidochelys olivácea, Caretta caretta, Eretmochelys
imbricate, Chelonia mydas e Dermochelys coriácea da família Dermochelyidae,
registrada igualmente a ocorrência de indivíduos da Ordem Serpentes família
Leptotyphlopidae espécie Leptotyphlops conjunctus da Ordem Sauna família
Gekkonidae espécie Tlphbrairrus u. curnlinensi, Lygoductyhs capensis,e Humrdactylus
mabouia.

Na avifauna verifica-se cerca de 158 espécies diferentes de pássaros entre eles


nativas e migratórias, de famílias típicas de pássaros terrestres e aquáticos, onde,
destacam-se as famílias Numididae, Tleliomithidae, Jacanidae, Rostratulidae,
Psitacidae, Musophagidae, Tytonidae, Trogontdae, Phoentculidae, Jyngidae,
Eurylaemidae, Alaudidae, Campephagidae, Dicruridae, Oriolidae, Paridae, Timaliidae,
Sturnidae, Sturnidae, Buphagidae e Zosteropida. (Dawns, 1997).

3.1.2.5. Vegetação

De modo geral, pode ser caracterizada como floresta de porte baixo, composta
por árvores e arbustos e de um estrato herbáceo. O PMPNAB8 (2009) identificou as
seguintes classes de vegetação na ilha da Santa Carolina: pradaria de savana
associada a vegetação de Matagal e herbácea dos pântanos; vegetação das dunas e
Mangal. Apesar de maioritariamente coberta de vegetação natural com alto grau de
perturbação antropogénica pode-se observar esporadicamente a presença de fruteiras
exóticas, (DNAC, 2009).

8
_ PMPNAB _ Plano de Maneio do Parque Nacional do Arquipélago do Bazaruto 2009-2013
23

3.2. Procedimentos metodológicos


3.2.1. Estabelecimento das unidades amostrais

Para o estabelecimento das unidades amostrais utilizou-se o método de


amostragem aleatória estratificada, que segundo Magalhães, (2015), com este método
todos os indivíduos da população têm a mesma probabilidade de serem escolhidos
para a amostra. Onde, dividiu-se a área de acordo com os principais tipos de
vegetação (Mangal Savana associada ao matagal dos pântanos Vegetação das dunas
e vegetação de Mangal) e sorteados em laboratório três (03) pontos aleatórios em cada
tipo de vegetação separados entre si por uma distância mínima de 20m, através do
programa ArcMap® versão 9.3 com recurso a ferramenta Hawth’s Analysis Tools
versão 3.27 (Hawth’s Analysis Tools →Sampling Tools →Generate Random Poits),
(vide tabela 3).

Em campo recorreu-se ao método de parcelas múltiplas, que consistiu no


estabelecimento de pequenas unidades amostrais distribuídas pela área de estudo
possibilitando assim uma representação adequada da diversidade local, (Bonetes,
2003). Estas foram estabelecidas nos nove (09) pontos previamente atribuídos em
todos três (03) tipos de vegetação. Tiveram o formato rectangular com tamanho de 25 x
50m separadas entre si por uma distância mínima de 20m visando à representatividade
das diferentes fisionomias vegetais, a área total amostrada corresponde a 1.125 ha
(vide tabela 2 e figura 3).

Para suficiência amostral, em estudos fitossociológicos que envolvem espécies


arbustivas e arbóreas recomenda-se um hectare (1ha) como área mínima de
amostragem, pois amostras menores podem oferecer dados não confiáveis devido à
insuficiência amostral, (Moro & Martins, 2011 e Kersten & Galvão, 2011 citados por
Magalhães, 2015) portanto na presente pesquisa baseou-se neste método e
estabeleceu-se uma área de estudo de 1.125ha.
24

Tabela 2: Estabelecimento das unidades amostrais de acordo com os principais tipos de


vegetação e distribuição das parcelas.
Tipo de vegetação /Unidade Amostral No de parcelas Área amostrada
Vegetação das dunas/ Unidade A1 03 (0.375ha)
Savana e Matagal dos pântanos/ Unidade A2 03 (0.375ha) 1.125 ha
Comunidade de Mangal / Unidade A3 03 (0.375ha)
Total 09

Fonte: Autor, (2017).

Figura 3: Mapa com pontos aleatórios onde foram estabelecidas as parcelas.

Fonte: Autor, 2016.

Tabela 3: Coordenadas dos pontos aleatórios onde foram estabelecidas as parcelas

Tipo de Vegetação Parcelas


Latitudes Longitudes
P1 21°37'5.67"S 35°20'25.94"E
Mangal P2 21°37'24.43"S 35°20'23.69"E
P3 21°37'29.45"S 35°20'29.48"E
P1 21°37'11.19"S 35°20'28.86"E
Savana e matagal de pântanos P2 21°37'7.72"S 35°20'30.52"E
P3 21°37'1.62"S 35°20'29.63"E
P1 21°36'48.93"S 35°20'17.55"E
Vegetação das dunas P2 21°36'52.17"S 35°20'11.38"E
P3 21°36'51.93"S 35°20'22.57"E

Fonte: Autor, 2016


25

3.2.2. Colecta de dados

Na presente pesquisa, realizou-se a colecta de dados entre os meses de


Fevereiro a Abril de 2017, por serem os meses de maior precipitação na região e este
facto estimula o crescimento da vegetação (folhas verdes, flores e frutificação), (DNAC,
2009), o que facilita na identificação das plantas. Utilizou-se a observação participante
como técnica de pesquisa, esta implica a inserção do investigador na população ou
comunidade, para registar interacções ou acontecimentos, (Carmo, 2012).

A localização das parcelas foi feita através de um equipamento receptor do sinal


do Sistema de Posicionamento Geográfico (GPS)9 em excursões de campo
acompanhado por fiscais do PNAB. No interior das parcelas recorreu-se á técnica de
vasculha em seis (06) transectos lineares, conforme mostra a figura 4, a escolha desta
técnica justifica-se pelo facto de esta possuir baixo custo operacional e permite a
detecção de um grande número de espécies segundo Garcia & Lobo-Faria, (2006).

Para a identificação das plantas exóticas foram retiradas amostras físicas e


fotográficas de todos indivíduos de estrato arbustivo e arbóreo com DAP (Diâmetro a
Altura do Peito) maior ou igual a 5 centímetros (≥ 5 cm) e altura maior ou igual a 50
centímetros (≥50 cm), as medidas obtiveram-se mediante utilização de fita métrica. A
posterior, recorreu-se a pesquisa bibliográfica (Provdanov; Freitas, 2013) e utilizou-se a
técnica de Delphi10 a fim de se obter os nomes das famílias, científicos e sua origem
natural, por forma saber se a mesma é exótica ou nativa, assim como a pessoas
nativas do arquipélago por forma a se obter os nomes vernaculares de todas espécies
levantadas na área de estudo.

9
_ GPS_ modelo Garmin eTrex® 10

10
_ Grupo de especialistas da Global Invasive Species Programme (GISP), Instituto Horus e Invasive
Species Compendium (CABI).
26

Figura 4: Tamanho das parcelas e disposição dos transectos lineares

Fonte: Autor, 2017

3.2.3. Processamento e análise de dados

No processamento e análise de dados utilizou-se a pesquisa bibliográfica para o


tratamento das variáveis qualitativas e análise estatística para os parâmetros
quantitativos mensuráveis (dados fitossociológicos) em correspondência aos objectivos
da pesquisa (Mueller-Dombois, & Ellemberg, 1974 e Provdanov & Freitas, 2013). Este
tratamento de dados obedeceu as seguintes fases: Selecção, Codificação e Tabulação,
(Oliveira, 2011).

Fase 1: Selecção

Durante a selecção, os dados referentes a nomenclatura científica, as formas


biológicas e origem natural das plantas em estudo foram minuciosamente examinados
e submetidos à verificação crítica, para que falhas e informações confusas, distorcidas
e incompletas pudessem ser detectadas e sanadas, segundo fundamenta (Silva and
Menezes, 2005).

Fase 2: Codificação

A codificação permitiu a categorização dos dados relacionados entre si, num


primeiro momento, os dados foram classificados sob categorias, onde cada categoria
recebeu uma denominação, neste contexto, codificaram-se as unidades amostrais,
parcelas e as espécies, assim como, foram categorizadas as plantas arbustivas e
arbóreas, nativa das exótica e suas famílias. As variáveis das plantas que compuseram
27

cada banco de dados foram: código da unidade amostral (UA1, UA2, UA3), código da
parcela (P1 a P9), código da espécie (Esp1); nome vulgar; nome científico; nome de
família e diâmetro à altura do peito.

Fase 3: Tabulação

Pela tabulação, foi possível verificar com maior facilidade a inter-relação entre os
dados colectados, para tal, construiu-se um banco de dados na planilha do software
Mocrosoft Office Excel® 2010, com todas as variáveis qualitativas e quantitativas das
plantas que a compõem (vide ficha de colecta de dados na figura 5 em anexos). A
compreensão e a interpretação foi mais rápida com a representação de tabelas e
gráficos, onde, seguiu-se o menu insert → pivot table e insert → pivot chart,
respectivamente, e através do menu Home → insertfuction para inserção de formulas
para o cálculo de parâmetros fitossociológicos, visto que a fitossociologia fornece
informações sobre a composição vegetal da comunidade, representando uma
ferramenta para o estudo das invasões biológicas(Magalhães, 2015).

Desta forma, para caracterizar a estrutura horizontal das plantas exóticas


identificadas calculou-se a frequência, densidade, dominância e índice do valor de
importância segundo a metodologia descrita por Müeller-Dombois e Ellemberg (1974),
e para determinar o Impacto calculou-se o Índice Biológico (Fagner, 1957), os quais
são detalhados a seguir:

3.2.3.1. Determinação da Frequência de ocorrência de plantas exóticas


arbustivas e arbóreas na ilha de Santa Carolina

A frequência é um descritor do número de observações realizadas pelo


pesquisador ao seu objecto de estudo e é expressa normalmente em forma de
percentagem. Esse parâmetro pode ser absoluto, quando calculado em função de uma
área amostral ou outra subdivisão criada pelo pesquisador, ou relativo, obtido pela
proporção entre a frequência absoluta de determinada espécie e a soma das
frequências absolutas das demais espécies inventariadas (Mueller-Dombois &
Ellenberg, 1974), (vide formula 1).
28

𝑢𝑖 FAi = Frequência absoluta da i-ésima espécie na comunidade l;


𝑭𝑨𝒊 = ( ) ∗ 100
𝑢𝑡
FRi = Frequência relativa da i-ésima espécie na comunidade
𝐹𝐴𝑖
𝑭𝑹𝒊 = ( 𝑝 ) ∗ 100 vegetal;
∑𝑖=1 𝐹𝐴𝑖
Ui= No de unidades amostrais em que a i-ésima espécie ocorre;
Ut = No total de unidades amostrais;
P = No de espécies amostradas.

Fórmula 1: Determinação da frequência das plantas exóticas.

Fonte: Mueller-Dombois & Ellenberg, (1974).

3.2.3.2. Determinação da densidade de plantas exóticas arbustivas e arbóreas


que ocorrem na ilha de Santa Carolina

De acordo com Lamprecht (1962), citado por Bonetes (2003), a densidade avalia
o grau de participação das diferentes espécies identificadas na comunidade vegetal e a
densidade relativa trata-se da percentagem do número de indivíduos de uma dada
espécie em relação ao número total de indivíduos amostrados, isto é, dá-nos a
proporção do número de indivíduos de uma espécie em relação ao número total de
indivíduos amostrados, em percentagem (%), (vide formula 2).

DAi = Densidade absoluta da i-ésima espécie, em número de


𝑛𝑖
𝑫𝑨𝒊 = indivíduos por hectare;
𝐴
ni = Número de indivíduos da i-ésima espécie na amostragem;
ni = Número total de indivíduos amostrados
𝐷𝐴𝑖
𝑫𝑨𝒊 = ( ) ∗ 100 A – Área total amostradas em hectare
𝐷𝑡
DRi = Densidade relativa (%) da i-ésima espécie.

Fórmula 2: Determinação da densidade das plantas exóticas

Fonte: Mueller-Dombois & Ellenberg, (1974).

3.2.3.3. Determinação da dominância de plantas exóticas arbustivas e arbóreas


que ocorrem na ilha de Santa Carolina

Estudos foram desenvolvidos e correlacionam o parâmetro dominância à área


basal, esta forma de obtenção de dados é mais precisa, prática e, portanto mais
29

utilizada (Scolforo & Mello, 1997). A dominância absoluta é calculada pela soma das
áreas basais dos indivíduos pertencentes a uma determinada espécie e a dominância
relativa é a soma total das dominâncias absolutas e seu valor corresponde à
participação em percentagem de cada espécie na expansão horizontal total, (Bonetes,
2003), (vide formula 3).

𝐴𝐵𝑖 DoAi = Dominância absoluta da i-ésima espécie, em


𝑫𝒐𝑨𝒊 =
𝐴 m2/ha;
𝐷𝑜𝐴𝑖 ABi = Área basal da i-ésima espécie, em m2, na área
𝑫𝒐𝑹𝒊 = ( ) ∗ 100
𝐷𝑜𝑇
amostrada;
A = Área amostrada em hectare;
DORi = Dominância relativa (%) da i-ésima espécie.

Fórmula 3: Determinação da dominância das plantas exóticas

Fonte: Mueller-Dombois & Ellenberg, (1974).

3.2.3.4. Determinação do índice do valor de importância das plantas exóticas


arbustivas e arbóreas que ocorrem na ilha de Santa Carolina.

A frequência, densidade e a dominância são dados estruturais que revelam


aspectos essenciais na composição florísticas das florestas. No entanto, na análise da
vegetação é importante encontrar um valor que permita uma visão mais abrangente da
estrutura das espécies, (Chaves & Santos, 2013).

Portanto, um método para integrar os três aspectos parciais acima


mencionados, consiste em combiná-los numa expressão única e simples de forma a
abranger o aspecto estrutural na sua totalidade, calculando o chamado ‘índice de valor
de importância, que segundo Odum (1983) permite uma visão mais ampla da posição
da espécie caracterizando sua importância na comunidade em estudo. Nesta pesquisa
foi de extrema importante na comparação de pesos ecológicos das plantas exóticas em
estudo. Este valor é obtido somando-se para cada espécie os valores relativos de
densidade, dominância e frequência, (Chaves & Santos, 2013).
30

DRi = Densidade relativa da i-ésima espécie;


𝑽𝑰𝒊 = 𝐷𝑅𝑖 + 𝐷𝑜𝑅𝑖 + 𝐹𝑅𝑖 DoRi = Dominância relativa da i=ésima espécie

𝑉𝐼 FRi = Frequência relativa da i-ésima espécie


𝑽𝑰𝒊 (%) =
3 VIi( %) = Valor de importância a 100%

Fórmula 4: Determinação do índice do valor de importância.

Fonte: Mueller-Dombois & Ellenberg, (1974).

3.2.3.5. Classificação do impacto das plantas exóticas identificadas na área de


estudo

A classificação do impacto das plantas exóticas identificadas na área em estudo


foi feita através da determinação do Índice Biológico, que consiste na soma das classes
ocupadas por uma espécie em todas as amostras efetuadas na comunidade (Fagner,
1957), a classe de cada espécie foi dada em função do índice de valor de importância.

O método consiste em:

 A planta exótica cujo índice de valor de importância é maior na amostra se


atribui o valor de 5 pontos;
 A segunda planta exótica com maior índice de valor de importância se atribui
o valor de 4 pontos.
 A terceira se atribui 3 pontos;
 A quarta, 2 pontos e
 A quinta, 1 ponto
 As demais não recebem pontos.

Os pontos obtidos por cada planta exótica (PE) em todas as amostras foram
somados e seu resultado correspondeu uma categoria de planta exótica da área de
estudo.

Para facilitar a interpretação dos resultados, foram estabelecidas três categorias


de impacto: Alto, Moderado, Baixo em função do valor do Índice Biológico (Fagner,
1957), (vide tabela 4)
31

Tabela 4: Classificação das espécies de plantas exóticas através do índice biológico.

Índice Biológico (IB) Categoria de impacto

As cinco (05) primeiras PE com maior valor de IB Alto

As PE que estão após as cinco (05) primeiras de maior IB Moderado

As PE desprovidas de IB Baixo

Fonte: Adaptado de Fagner (1957).


32

CAPITULO IV: RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Plantas exóticas arbustivas e arbóreas identificadas na ilha da Santa


Carolina

Na presente pesquisa, foram identificadas um total de 11 espécies de plantas


exóticas pertencentes a 08 famílias a saber: Myrtaceae, Anacardiaceae,
Combretaceae, Casuarinaceae, Fabaceae, Apocynaceae, Convolvulaceae e
Malvaceae. Os indivíduos pertencentes a essas famílias encontram-se dispostos na
tabela 5 em função dos seus nomes (científico e vulgar) e estratos (arbustivo e
arbóreo).

Tabela 5:Tabela com famílias, nomes científicos e vulgares e estratos das plantas exóticas
identificadas na ilha da Santa Carolina – PNAB.

Família Nome Científico Nome vulgar Estrato


Eucalyptos camaldulensis Dehnh Eucalipto
Myrtaceae Syzygium cumini L. Jamboeiro
Psidium guajava L. Goiabeira
Anacardiaceae Anacardium occidentale L. Cajueiro Arbóreo
Mangifera Indica L. Mangueira
Casuarinaceae Casuarina cunninghamiana H.Wendl Casuarina
Combretaceae Terminalia catappa L. Amendoeira
Fabaceae Senna siamea L. Acácia amarela
Apocynaceae Cryptostegia madagascariensis Lam. Unha-do-diabo
Convolvulaceae Ipomoea carnea Jacq. Algodoeiro bravo Arbustivo
Malvaceae Hibiscus rosa-sinensis L. Rosa da China

Fonte: Autor, (2017).

Do total das plantas exóticas identificadas 27% foram arbustos e 73%


corresponderam ao estrato arbóreo (vide Figura 6). Estes resultados vão de acordo
com Richardson e Rejmânek (2011) que também encontraram uma maior riqueza de
árvores em relação aos arbustos introduzidos em ecossistemas da região sul de África
e nas ilhas do Oceano Indico. Estes, notaram que espécies arbustivas e arbóreas estão
a aumentar rapidamente em importância em todo o mundo, e que entre 0,5% a 0,7%
das espécies deste estrato são actualmente invasoras. As quais recomenda-se que
sejam controladas e erradicadas sempre que possível (Henderson & Sztab, 2013).
33

Riqueza de especies por famílias de plantas exoticas arbustivas e


arboreas identificadas.
3
Riqueza

3
2
2
1 1 1 1 1 1
1

0
Anacardiaceae

Casuarinaceae

Apocynaceae
Fabaceae

Myrtaceae
Combretaceae

Malvaceae
Convolvulaceae
Familias

Arbóreo 73% Estrato Arbustivo 27%

Figura 6: Riqueza de espécies por família das plantas exóticas arbustivas e arbóreas
identificadas na ilha da Santa Carolina – PNAB.

Fonte: Autor, 2017.

4.2. Caracterização da estrutura horizontal das plantas exóticas identificadas

Na caracterização da estrutura horizontal em relação aos tipos de vegetação, os


resultados indicam que a Savana associada ao Matagal dos pântanos apresenta maior
parte das plantas exóticas com o Índice de Valor de Importância (IVI) de 60.9% (vide
tabela 07). No que diz respeito aos estratos, segundo a tabela 06 e figura 07, este tipo
de vegetação destacou-se por apresentar uma frequência absoluta de 100% das
espécies arbustivas e 87.5% do total de espécies arbóreas identificadas na área de
estudo, em contrapartida, as espécies arbóreas (07) apresentam maior número de
espécies em detrimento das arbustivas (03).

O segundo tipo de vegetação mais representativo foi a das dunas com 29.8% de
IVI, registou uma frequência absoluta 66.7% de plantas arbustivas e 62.5% de
arbóreas. Da mesma forma, as plantas arbustivas (02) apresentam número de
espécies menor que a das arbóreas (05).
34

O menor IVI foi apresentado pela vegetação de mangal com 9.3%, onde,
nenhuma planta de estrato arbustivo foi observada porem registou-se 37.5% do total de
plantas exóticas arbórea em estudo.

Portanto, observa-se que as áreas com maior nível de perturbação, neste caso,
a Savana associada ao Matagal dos pântanos e da Vegetação das dunas apresentam
maior incidência de plantas exóticas em relação ao Mangal. Estes resultados vão de
acordo com Richardson & Bond, (1991) e Richardson & Higgins, (1998) que
fundamentam que a vegetação em áreas de solo exposto é mais susceptível à invasão,
seguida de comunidades vegetais campestres e savanícolas e de dunas, por fim,
comunidades florestais, em especial quando invadidas por formas de vida arbóreas,
que não fazem parte desses sistemas abertos de vegetação baixa.

Tabela 6: Riqueza de espécies e a frequência absoluta de cada estrato registado em cada tipo
de vegetação.

Tipo de vegetação Estrato


Arbóreo (Freq. Ab%) Arbustivo (Freq. Ab%)
Mangal 3 (37.5%)
Savana e Matagal dos pântanos 7 (87.5%) 3 (100%)
V. das dunas 5 (62.5%) 2 (66.7%)

Fonte: Autor, (2017).

No de espécies de estratos arbustivo e arbóreo registado em cada


tipo de vegetação.
8 7
No de especies

5
4 3 3
Arbóreo
2
2 Arbustivo

1
Veg. Mangal Veg. Savana e Matagal Veg. das dunas
dos pântanos

Tipos de vegetação
Figura 7: Número de espécies de estratos arbustivo e arbóreo registado em cada tipo de
vegetação.
Fonte: Autor, (2017).
35

Na caracterização da estrutura horizontal em relação as plantas exóticas


arbustivas e arbóreas Identificadas na área de estudo os resultados da tabela 07
indicam que a C. cunninghamiana, com 27.90% de IVI, teve o maior peso ecológico e
distribuição na área de estudo, a participação desta espécie em relação às outras foi
elevada na Savana associada ao Matagal dos pântanos, (15.65% de IVI), voltou a
notabilizar-se na vegetação das dunas (7.74% de IVI) e na vegetação de mangal
(4.51% de IVI), deste modo, segundo Assis,( 2012) a elevada dominancia por parte das
especies é passo que antecede o processo de invasão.

De forma geral, observou-se que a maior parte de indivíduos desta planta está
destribuida de forma homogenea ao longo da costa por cima de rochas localizadas nas
margens do mar e com maior densidade em zonas caracterizadas pela presença
significativa de humidade e de fluxo de água (zonas submersas e de solo com
capacidade de rentenção de água na epoca chuvosa), o que segundo Roberts et al.,
(2011) encoraja o seu crescimento e ajuda na dispersão de sementes.

As plantas descritas a seguir são responsáveis pelo segundo maior IVI,


especificamente a T. catappa (12.18%), S. cumini, (12.05%) e S. siamea, (10.68%),
ocorrem na vegetação de savana associada ao matagal dos pântanos (7.59%; 7.54% e
6.65%) e na vegetação das dunas (4.59%;4.51% e 4.03%) respectivamente. As plantas
acima arroladas partilham uma similaridade em termos de distribuição pela área de
estudo, predominantemente em área de maior intervenção humana como as bermas de
trilhas e locais com ruinas e zonas, estes distúrbios favorecem o processo de invasão
(Lazzarin et al., 2015).

Foi registado ocorrência de uma pequena percentagem das espécies P. guajava


(1.57%) encontrada nas margens do mangal e E.camaldulensis (10.04%) encontrado
na vegetação de mangal e na savana associada ao Matagal dos pântanos, esta planta
produz sementes que são dispersas através do vento (anemocoria), as plantas que
apresentam anemocoria exercem impactos mais significativos sobre a riqueza de
espécies e podem alcançar áreas mais distantes do local de introdução, (Foxcroft, et
al., 2010). O menor IVI foi registado pela H. rosa-sinensis (4.87%), C.
madagascariensis (4.00%) e I. carnea (7.01%) distribuídas com maior predominância
36

na vegetação de Savana associada ao Matagal dos pântanos em relação à vegetação


das dunas, notadamente, as plantas acima referenciadas formavam aglomerados de
indivíduos em diversos pontos do da área de estudo fora dos limites das parcelas. A A.
occidentale (2.45%) ocorre apenas na vegetação de Savana associada ao Matagal dos
pântanos e M. Indica (3.73%) na vegetação das dunas, a limitada distribuição destas
sugere-se que seja pela falta de mecanismos de dispersão eficientes para as
condições locais.

Tabela 7: Índice de Valor Importância (a 100%) das plantas exóticas arbustivas e arbóreas
Identificadas.

Tipos de Vegetação/Unidades Amostrais


Plantas Exóticas Mangal Savana e Matagal dos V. das Total (%)
pântanos dunas
C. cunninghamiana 4.51 15.65 7.74 27.9
T. catappa 7.59 4.59 12.18
S. cumini 7.54 4.51 12.05
S. siamea 6.65 4.03 10.68
E. camaldulensis 3.27 6.77 10.04
I. carnea 4.44 2.57 7.01
P. guajava 1.57 3.54 5.1
H. rosa-sinensis 2.26 2.6 4.87
C. madagascariensis 4 4
M. Indica 3.73 3.73
A. occidentale 2.45 2.45
Total (%) 9.3 60.9 29.8 100

Fonte: Autor, (2017).

4.3. Classificação do impacto das plantas exóticas identificadas

A classificação do impacto das plantas exóticas identificadas foi feito através do


Índice Biológico cujo resultados presentes na tabela 8 indicam que entre todas, seis
(06) foram classificadas como sendo plantas exóticas de alto impacto pois estão entre
as cinco primeiras com maior IVI, nomeadamente, C. cunninghamiana, (100%); T.
catappa, (53%); S. cumini, (40%); E. camaldulensis (40%); S. siamea (20%) e P.
guajava (20%).
37

A classificação “alto impacto”, neste estudo, esta fortemente relacionada ao


sucesso reprodutivo e a propagação das espécies, o que neste caso indica maior
probabilidade de estas apresentarem alto potencial para invasão. Segundo Everett &
Schleyer, (2008) estas espécies, especialmente a C. cunninghamiana introduzida no
arquipélago de Bazaruto a cerca de 30-50 anos, vem se multiplicando e dispersando-se
por toda ilha, tem como impacto a aceleração do processo de erosão e perturba a
aerodinâmica natural das dunas móveis, provocando, assim, um sério problema
ambiental, visto que, como consequências as dunas estão a avançar em direcção a
oeste invadindo alguns dos maiores lagos de água doce a medida que esta espécie vai
substituindo a cobertura de vegetação de dunas que impedia o seu movimento.

A espécie M. Indica (6.7%) foi a única planta exótica classificada como de


impacto moderado, pois está classificada após as cinco primeiras. O impacto moderado
nesta pesquisa é analisado como um estágio semelhante ao de espécies naturalizadas
(Richardson et al. 2000), que se reproduzem formando populações auto-sustentáveis,
mas sem oferecer grande perigo actual no que diz respeito a propagação.

As espécies A. Occidentale, C. madagascariensis, H. rosa-sinensis e I. carnea


foram as quatro (04) classificadas plantas exóticas de impacto baixo, pois estão
desprovidas de pontuação. Estas oferecem o mínimo impacto em termos de
propagação na situação actual. Por tanto, estes resultados confirmam o que é
mencionado na literatura, ou seja, que apenas uma proporção das espécies
introduzidas oferece ameaça real de invasão biológica. (Assis, 2012).

Contudo, ainda que as outras plantas não apresentem um alto impacto, todas
elas têm potencial de invasão e é evidente que a ocorrência de uma única planta
exótica poderá ser suficiente para que se multiplique e causem problemas ambientais a
médio e longo prazo(Horowitz et al., 2013).
38

Tabela 8: classificação do impacto por cada espécie de plantas exóticas

Tipos de Vegetação/Unidades Amostrais


Savana e Matagal V. das Pontuação Classificação
Plantas Exóticas Mangal
dos pântanos dunas % do impacto
C. cunninghamiana 5 5 5 15 (100%) Alto
T. catappa 0 4 4 8 (53.3%) Alto
E. camaldulensis 4 2 0 6 (40%) Alto
S. cumini 0 3 3 6 (40%) Alto
P. guajava 3 0 0 3 (20%) Alto
S. siamea 0 1 2 3 (20%) Alto
M. Indica 0 0 1 1 (6.67%) Moderado
A. occidentale 0 0 0 0 (0%) Baixo
C. madagascariensis 0 0 0 0 (0%) Baixo
H. rosa-sinensis 0 0 0 0 (0%) Baixo
I. carnea 0 0 0 0 (0%) Baixo
Total 12 15 15 42

Fonte: Autor, (2017).


39

CAPÍTULO V: CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

5.1. Conclusão

Pela presente pesquisa pode-se concluir que ocorrem plantas exóticas


arbustivas e arbóreas na ilha da Santa Carolina, visto que, foram identificadas 11
espécies pertencentes a 08 famílias. Do total de plantas exóticas identificadas, 03
foram arbustos e 08 corresponderam ao estrato arbóreo o que indica que a área de
estudo tem maior número de espécies exóticas arbóreas em relação a arbustos.

Portanto, sobre as comunidades em que estas espécies se encontram a


estrutura horizontal das plantas exóticas determinou que na vegetação de Savana
associada ao Matagal dos pântanos obteve maior percentagem das plantas exóticas
em estudo com IVI de 60.9% em relação a vegetação das dunas (29.8%) e ao mangal
com (9.3%); no concernente as plantas exóticas a Casuarina cunninghamiana foi a que
mais se destacou (27.90%), esteve presente em toda a área amostrada e a menos
representada foi a Anacardium occidentale (2.45%), que ocorre apenas na vegetação
de Savana associada ao Matagal dos pântanos.

De acordo com o IB as espécies que indicaram causar maior impacto foram a C.


cunninghamiana, T. catappa, S. cumini, E. camaldulensis S. siamea e P. guajava.
Classificadas como espécies de impacto alto, seguidos da espécie M. Indica (6.7%)
classificada especies exótica de impacto moderado, e por ultimo as espécies A.
Occidentale, C. madagascariensis, H. rosa-sinensis e I. carnea classificadas plantas
exóticas de impacto baixo.

Estas informações podem ser utilizadas na elaboração e no planeamento de


acções que objectivem a conservação, o maneio e/ou mesmo a recuperação da ilha
porem para o efeito, o controlo das plantas exóticas em estudo na presente pesquisa
se inicie pelas espécies menos estabelecidas e em áreas com impacto reduzido. Como
o exemplo da Psidium guajava L. na vegetação de mangal; a Anacardium occidentale
L., e Cryptostegia madagascariensis Lam. na vegetação de Savana associada ao
Matagal dos pântanos; e Hibiscus rosa-sinensis L. e Mangifera Indica L., Vegetação
das dunas, numa fase inicial, pois será menos oneroso e exequível. De modo geral,
40

com esta pesquisa concluiu-se que ocorrem plantas exóticas arbustivas e arbóreas na
ilha da Santa Carolina, algumas destas ainda que não apresentem comportamento
agressivo na actualidade colocam a área sob risco de invasão biológica
comprometendo a sua sustentabilidade e a integridade, pois podem se multiplicar com
o tempo, adicionalmente, a ocorrência de uma única espécie de planta exótica poderá
ser suficiente para causar problemas ambientais a médio e longo prazo.

5.2. Recomendações

A administração do PNAB recomenda-se:

 Educação ambiental com enfoque para invasão biológica - Divulgação de


informações e Sensibilização sobre os impactos causados pela invasão
biológica com prioridade para as plantas invasoras identificadas nesta pesquisa
á população local e aos gestores de instâncias turísticas como forma prevenir
introduções destas e de novas plantas exóticas na área de conservação;
 Prevenção – com ajuda dos seus colaboradores dos aeroportos de
Moçambique e da administração marítima, controlar a entrada de espécies
exóticas nos principais pontos de acesso ao Parque (portos e aeródromos de
Vilanculos e Inhassoro);
 Controlo – Se iniciem programas de monitoramento e avaliação das taxas de
expansão da plantas exóticas identificadas neste estudo para todo parque e
utilizar estes dados para definir as espécies prioritárias e iniciar acções de
controlo em pequena ou media escala de acordo com a disponibilidade de
recursos;
 Recuperação da área: se realizem campanhas de revegetação com plantas
nativas.

Aos pesquisadores recomenda-se estudos futuros sobre:

 O levantamento da ocorrência de plantas exóticas em outras ilhas do Parque


Nacional do Arquipélago de Bazaruto.
 Avaliação do impacto e elaboração de uma lista de espécies exóticas prioritária
para maneio;
41

 Mapeamento das plantas exóticas e invasoras no Parque Nacional do


Arquipélago de Bazaruto;
 A identificação dos vectores e rotas de introdução de espécies exóticas no
PNAB;
 A distribuição e o impacto de espécies invasoras (fauna e flora) no Parque
Nacional do Arquipélago de Bazaruto.
42

6. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

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em plantio de restauração de matas ciliares. p. 120.

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APÊNDICE

Apêndice 1: Ficha de campo para colecta de dados.

NP P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9
x y x y X y x y x y x y x y x y x y
Coordenadas Geográficas
Tipo de Vegetação da Área
Nível de perturbação do Baixo
local de implantação da Moderado
parcela Alto

N.Vernacular N. Cientifico Familia


Acacia Amarela Senna siamea Fabaceae 1 2 8 7 4 4
47

Apêndice 2:Tabela com famílias, nomes científicos e vulgares, origem natural e estrato das plantas exóticas
arbustivas e arbóreas identificadas na ilha da Santa Carolina – PNAB.

Família Nome Científico Nome vulgar Origem natural


Eucalyptos camaldulensis Dehnh Eucalipto Austrália
Syzygium cumini L. Jamboeiro Índia, Sri Lanka e Myanmar
Myrtaceae
Psidium guajava L. Goiabeira América tropical
Anacardium occidentale L. Cajueiro Brasil, México, EUA
Anacardiaceae
Mangifera Indica L. Mangueira Índia e Myanmar
Apocynaceae Cryptostegia madagascariensis Lam. Unha-do-diabo Madagáscar
Casuarinaceae Casuarina cunninghamiana H.Wendl Casuarina Austrália
Combretaceae Terminalia catappa L. Amendoeira Ásia
Convolvulaceae Ipomoea carnea Jacq. Algodoeiro bravo América Central e do Sul
Fabaceae Senna siamea L. Acácia amarela Tailândia e o sudeste da Ásia
Malvaceae Hibiscus rosa-sinensis L. Rosa da China Ásia tropical

Apêndice 3: Parâmetro fitossociológico para as plantas exóticas identificadas na ilha de Santa carolina com DAP
≥ 5 cm, em uma área de Vegetação de dunas, savana e Matagal dos pântanos e Mangal, organizados Esp: espécies;
Estr: estrato; NI: número de indivíduos; DA: densidade absoluta; DR: densidade relativa; FA: frequência absoluta; FR:
frequência relativa; DoA: dominância absoluta; DoR: dominância relativa; IVI: valor de importância (300%) e IVI: valor de
importância (100%).
48

T. Vegetação Esp Estr NI DA DR FA FR DoA DoR IVI a 300% IVI a 100%


C. cunninghamiana Arbóreo 23 20.4 8.1 3 6.8 14.5 8.3 23.2 7.7
Arbustivo
H. rosa-sinensis 6 5.3 2.1 2 4.5 2 1.2 7.8 2.6
Arbustivo
V. das dunas I. carnea 5 4.4 1.8 2 4.5 2.5 1.4 7.7 2.6
Arbóreo
M. Indica 11 9.8 3.9 2 4.5 4.8 2.8 11.2 3.7
Arbóreo
S. siamea 7 6.2 2.5 3 6.8 4.9 2.8 12.1 4
Arbóreo
S. cumini 5 4.4 1.8 3 6.8 8.6 4.9 13.5 4.5
Arbóreo
T. catappa 14 12.4 4.9 3 6.8 3.6 2 13.8 4.6
Arbóreo
A. occidentale 2 1.8 0.7 1 2.3 7.6 4.4 7.4 2.5
Arbóreo
C. cunninghamiana 73 64.9 25.6 3 6.8 25.3 14.5 47 15.7
Arbustivo
C. madagascariensis 7 6.2 2.5 2 4.5 8.7 5 12 4
Arbóreo
E. camaldulensis 20 17.8 7 2 4.5 15.3 8.7 20.3 6.8
Arbustivo
Savana e Matagal dos pântanos H. rosa-sinensis 3 2.7 1.1 1 2.3 6 3.5 6.8 2.3
Arbustivo
I. carnea 12 10.7 4.2 3 6.8 4 2.3 13.3 4.4
Arbóreo
P. guajava 4 3.6 1.4 1 2.3 12.1 6.9 10.6 3.5
Arbóreo
S. siamea 15 13.3 5.3 3 6.8 13.7 7.9 19.9 6.6
Arbóreo
S. cumini 22 19.6 7.7 3 6.8 14.1 8.1 22.6 7.5
Arbóreo
T. catappa 25 22.2 8.8 3 6.8 12.5 7.2 22.8 7.6
Arbóreo
C. cunninghamiana 18 16 6.3 2 4.5 4.6 2.7 13.5 4.5
Arbóreo
Mangal P. guajava 3 2.7 1.1 1 2.3 2.4 1.4 4.7 1.6
Arbóreo
E. camaldulensis 10 8.9 3.5 1 2.3 7 4 9.8 3.3
Total 285 253.3 100 44 100 174.4 100 300 100

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