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Instituto Agronômico
Campinas (SP)
Gesso na Agricultura
Instituto Agronômico
Campinas (SP), 2008
Ficha elaborada pela bibliotecária do Núcleo de Informação e Documentação doInstituto Agronômico
ISBN: 978-85-85564-16-2
CDD 553.63
Instituto Agronômico
Centro de Comunicação e Transferência do Conhecimento
Caixa Postal 28
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Fone: (19) 3231-5422 (PABX)
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www.iac.sp.gov.br
página
Capítulo 1
Introdução... eceeacesceranereerarenarenceeneeneraneno Í
Capítulo 2
Barreira Química em Subsolos Ácidos... 1
Capítulo 3
Produção de Gesso ............ e ieeeererererereeceraceneenas 25
Capítulo 4 o
Propriedades do Gesso ...........cereemeeereeeeneeereranerenerenos 33
Capítulo 5
Aspectos Nutricionais ............eeeeeeseererererereranenaeera 49
Capítulo 6
Solo e Interação com Gesso ............... crer 65
Capítulo 7
Propriedades Eletroquímicas de Solos.............ees 89,
Capítulo 8
Gesso e Atributos Químicos do Solo... 113
Capítulo 9
Gesso € Propriedades Físicas do Solo... 135
Capítulo 10
Gesso para Milho e Outros Cereais.............si 145
Capítulo 11
Gesso para Cana-de-Açúcar ............ are 165
Capítulo 12
Gesso para Soja e outras Culturas... 179
Capítulo 13
Gesso como Melhorador de Solos..........................a 203
Capítulo 14
Perspectivas para o Uso de Gesso na Agricultura .................... 221
Capítulo 15
Conclusões........ eee errerrerrereaa nana rrr era reaaaa aa errereda 231
Este livro é dedicado ao
Engenheiro Agrônomo Fernando Penteado Cardoso
Referências
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Tabela 2.1. Efeito de superfosfato triplo (ST) e superfosfato simples (SS) na saturação de
alumínio, ocorrência de raízes e teor de água no solo, em experimento com fosfatos em
um Oxisol de Planaltina (DF)
Figura 2.1. O sorgo, por não ter raízes profundas por causa de barreira química no subsolo,
sofre com a falta de água em veranico. Cortesia J. A. Quaggio, Instituto Agronômico,
Campinas (SP).
Barreira química em subsolos ácidos 15
Figura 2.2. O milho, com raizes profundas devido a maiores teores de cálcio em profundidade,
aproveita melhor o nitrogênio nítrico do subsolo. Cortesia J. A. Quaggio, Instituto
Agronômico, Campinas (SP).
16 Gesso na agricultura
. Produção de grãos Vs
Calcário Sr, Sr, o Indice, %
1 cultivo 2 cultivo 3 cultivo Média
tha kg/ha
Testemunha sem calcário
0 2.115 4.569 880 2.521 100
Calcário incorporado a 0-15 cm de profundidade
l 3.423 5.281 1.474 3.397 135
2 3.531 5.689 1.863 3.694 146
4 4.004 5.903 2.265 4.057 161
8 3.723 5.960 2.052 3.912 155
Calcário incorporado a 0-30 cm de profundidade
l 4.019 5.684 2.086 3.930 155
2 4.341 5.858 2.573 4.257 169
4 4.797 6.682 3.058 4.846 192
8 4.792 7.266 3.601 5.220 207
Fonte: Gonzales-Erico (1979).
Produções
Ano Cultura
Testemunha Calagemprofunda |. Gesso
kg/ha
Tabela 2.4. Sensibilidade relativa à acidez do solo de várias espécies de plantas cultivadas
nos Estados Unidos
Dessa forma, parece prudente aplicar calcário para pelo menos manter
sob controle a acidificação que ocorre inevitavelmente em solos cultivados,
principalmente por ação de adubos nitrogenados ou pela decomposição da
matéria orgânica. Este assunto merecerá uma discussão mais detalhada adiante.
Não há dúvida de que o gesso encontra espaço como insumo da
agricultura conservacionista, pela sua característica de solubilidade e livre
penetração no solo. No entanto, faltam informações para se poder generalizar
as recomendações.
Referências
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Produção
Anos Rar
Gipsita Gesso Fosfogesso
1.000 t
1988 789 275 3.301
1989 861 314 3.667
1990 824 288 2.417
1991 970 343 3.295
1992 897 372 2.324
1993 906 306 2.807
1994 834 319 3.267
1995 953 427 3.321
1996 1126 458 3800
1997 1.507 523 3.550
1998 1.532 666 3.680
1999 1.528 599 4.617
2000 1.541 670 4,841
Fonte: Lyra Sobrinho e outros (2002), com base em dados de DNPM/Dirin e Ibrafos.
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Capítulo 4
Propriedades do Gesso
mgkg mg/kg
Arsênio 41 0,5 235 1,8
Cádmio 16 0,2 340 0,2
Chumbo 1 2 76 12,5
Cobre 39 10 176 55
Níquel 32 0,5 25 75
Zinco 310 20 2.648 70
Tabela 4.4. Comparação dos conteúdos médios de metais pesados em fosfogesso e os limites
máximos permitidos em biossólidos, e das adições pelo fosfogesso (50 t/ha) em solos e
as aplicações máximas aceitáveis, de conformidade com a Norma Técnica Cetesb
Protocolo 4.230/99
Arsênio 41 75 2,0 41
Câádmio 16 85 0,8 39
Chumbo HM 840 0,6 1.500
Cobre 39 4.300 2,0 300
Zinco 310 7.500 15,5 2.800
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Capítulo 5
Aspectos Nutricionais
Nesse caso, o cátion Ca? do gesso deve ter deslocado Al” e Mn?
para a solução do solo, incrementando a absorção pelas plantas. É o que
pode ocorrer em solos que não adsorvem sulfato. Essa observação mostra
a necessidade de diagnose caso a caso para decidir sobre a aplicação de
gesso em solos.
tivo de
2
&
É
E Algodão
õia
$
S
q 1 a a â &
Atividade mala de ARS O É
Figura 5.1. Crescimento relativo de raízes de algodão e café em relação à atividade de alumínio
em solução. Fontes: algodão - Adams e Lund (1966); café - Pavan e Bingham (1982).
Tolerância de
cultivares de milho à
toxidez por alumínio
Toxidez de AI **
Figura 5,2. Efeito de alumínio nas raízes de milho Tauiba sensível e tolerante ao elemento.
Cortesia Pedro Roberto Furlani, Instituto Agronômico, Campinas (SP).
Tabela 5.1. Limites críticos de A! estabelecidos por diferentescritérios para café crescendo
em Oxisols e Ultisols tratados com CaCO;
. SoloL Solo 2
Avaliação
Caso, Call, Caso, Call,
Espécies de alumínio
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Capítulo 6
Solo e Interações com Gesso
100 SB
V=e———
6.10
CTC [6.10]
Solo e interações com gesso 81
pH em pH em
CaCl, HO À
80-| |6,6 -
554 |6,1 H
Figura 6.1. Representação esquemática da CTC do solo como um reservatório cujo nível de
bases é indicado pelo pH. Se a acidez é neutralizada, desaparece primeiro o alumínio,
depois o hidrogênio, e o pH sobe.
82 Gesso na agricultura
pH em água
pH em Call, 0,01 M
oq
0 20 40 60 so 100
Saturação de bases (V%)
Figura6.2. Relação esquemática entre saturação porbases e o pH, determinado em CaCl, 0,01
mol/L ou emágua, pertinente a amostras superficiais de solos do Estado de São Paulo.
(CTC x 1.000)
CTC. (da fração argila) = —————— - [6.12]
Teor de argila
Tabela 6.2. Principais características e relação entre as classes de solo do Sistema Brasileiro
de Classificação e a classificação anteriormente usada
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Capítulo 7
Propriedades Eletroquimicas de Solos
Ca Ca Caso,
Mg Ca MgSO,
Solo + 4CasSo, = Solo +
K Ca 1/2 K,SO0,
Al Ca AL(SO,)s
906 0
|
É
e
|
E
|
Cátions tracáveis
«a
«
Superfície sólida Solução do solo
OH 2 2+
4
Fe
+ 2 o
INOH,
Sê
+2H + 504 [/
/ IN
O 2
Fe
+cat+20H [N cat+2n,o
em
o 0
Fe
Tabela 7,1. Capacidade de troca de cátions total e da matéria orgânica (MO) de amostras
superficiais de solos do Estado de São Paulo
Tabela 7.2. Capacidade de troca de cátions total e da matéria orgânica (MO) de amostras do
horizonte B de solos do Estado de São Paulo
Além das formas simples dos íons, a solução do solo contém formas
complexas, representadas por um grande número de espécies químicas em
solução, iônicas ou não, cujas concentrações e atividades são calculadas
por computador, usando programas específicos. É assunto que será discutido
no Capítulo 8.
É importante destacar que na solução do solo ocorrem cátions e ânions
em quantidades estequiométricas, ou seja, quantidades iguais, em termos de
milimols de carga. Essa é uma informação importante para a compreensão
de alguns processos que ocorrem no solo, como por exemplo lixiviação de
sais, que muitas vezes tem sido considerada levando em conta apenas cátions
ou apenas ânions, com o que a descrição fica incompleta.
Um conceito importante a ser considerado no equilíbrio da solução do
solo com a fase sólida é a interface sólido-líquido, sede de importantes
reações envolvendo diversos elementos químicos. O equilíbrio entre
componentes da fase sólida e da fase líquida tem como consegiiência a
transferência de espécies de uma fase para a outra. Portanto, os elementos
existentes na solução do solo estão em estreita dependência da composição
e das propriedades da fase sólida. No caso do sulfato, há diferenças
marcantes de comportamento. Em solos de clima temperado, de elevada
carga negativa, o sulfato é repelido pela superficie das partículas; em solos
dos trópicos úmidos, oxídicos, o sulfato é retido com considerável energia,
com efeitos práticos na ação do gesso.
Há vários tipos de equilíbrio entre solução e fase sólida. Os íons Ca”,
Mg”, K*, Na”, NH* e Al”, em solos de acidez elevada, apresentam um
equilíbrio de troca de cátions. Fosfatos são controlados por processos de
adsorção conhecidos comotrocade ligantes,na realidade uma reação química
com a superfície. Os íons NOye Cl" em geral interagem pouco com a
superfície das partículas, sendo até repelidos, permanecendo em solução,
sendo retidos apenas em subsolos com cargas elétricas positivas. O íon
So” pode ter comportamento similar ao de nitrato e cloreto ou do fosfato,
dependendo das condições da superfície das partículas do solo, mas, mesmo
em solos em queele é adsorvido,a energia de adsorção é muito inferior à de
retenção de fosfato.
Um assunto muito contemplado na pesquisa é o equilíbrio entre cátions
na solução do solo e os cátions trocáveis adsorvidos no solo. Embora os
teores trocáveis sejam os determinados em análise de solo, as plantas retiram
os cátions, através das raizes, da solução do solo.
A lei da ação das massas, utilizada para desenvolver equações de
equilíbrio, não pode ser aplicada a equilíbrio entre cátions em solução e
Propriedades eletroquímicas de solos 99
=k
Kroc. K*
[7.4]
Ca” oc. + Mg” oc. (Ca? + Mg” )'?
=k [7.5]
APoe. (APS!
1
pH = log (H= (1) [7.7]
neste ponto somente a fração inorgânica do solo, Sparks (1995) ensina que,
para solos com pH variando de 4,5 a 5,5, o mecanismo principal de
tamponamento é o alumínio, de 5,5 a 7,3, os silicatos e acima de pH 7,3, 0
carbonato. Como a maior parte dossolosbrasileiros são ácidos, o alumínio é
o mais importante fator associado à acidez dos solos do ponto devista químico,
sendo também o principal fator do ponto de vista das plantas.
Ás condições mais apropriadas para a maioria das culturas é a faixa
de reação que vai de solos moderadamente ácidos a ligeiramente alcalinos.
São indesejáveis os extremosde acidez elevada, encontrada em climas úmidos,
ou de alta alcalinidade, que é acompanhada de excesso de sódio e, muitas
vezes, de salinidade, condições encontradas em climas áridos ou semi-áridos.
À reação do solo tem efeitos diretos ou indiretos sobre a maioria dos
nutrientes, afetando a disponibilidade para as plantas. Além disso, em diversos
assuntos que serão tratados adiante, neste e em outros capítulos, a reação
do solo se faz presente, já que ela afeta de forma importante numerosas
reações químicas e processos, com destaque para a adsorção de sulfato.
A determinação do pH é feita de três maneiras (Claessen, 1997), ou
seja, em água, em CaCl1, 0,01 mol/L. e em KCl 1 mol/L. A determinação do
pH em água é a mais comum e aplica-se tanto em fertilidade do solo como
em pedologia. O pH em CaCl, é usado em fertilidade do solo, e o pH em
KCl em pedologia. Um atributo calculado é especialmente relevante para a
consideração sobre gesso no subsolo. É o chamado delta pH, calculado por:
ApH = pH Ke” PHpo
H [7.10]
Concentração de íons
no=nexp(+zeWkT)
Distância da superfície
-10A Nac!
—[D-- 0,001N
8 fem 0,01N
” O 0,1N
Se 1N
Be
Q ú
o PCZ: 3,84
>
O
E 4
E
s
5 «24
s
a
e |
zo
VU
eq
>
S +42 -
+4 +
+6 T T | T
2 3 4 5 6 7 8
pH
Figura 7,5. Representaçãográfica da variação da carga elétrica líquida de uma amostra do
horizonte Ap de um Latossolo Roxo Ácrico do Brasil, derivada de curvas detitulação em
diferentes concentrações salinas. Fonte: Raij (1971).
NaCl
aa [= G,001N PCZ: 6,16
—A— 0,01N
ore (IN
—
D
—S— 4N
o 2
Q
>»
o
E 9 1 a 1
na
o
3
s
q +24
e
oo
qo
2? +4+
&
O
+86
+8 T T T T 1 T
2 3 4 5 6 7 8
pH
Figura 7.6. Representação gráfica da variação da carga elétrica líquida de uma amostra do
horizonte B» de um Latossolo Roxo Ácrico do Brasil, derivada de curvas detitulação em
diferentes concentrações salinas. Fonte: Rai) (1971). ”
Tabela 7.3. Valores de cargas elétricas, a dois valores de pH, de amostras superficiais e do
horizonte B,, determinados em NaC! 0,2 mol/L para um Latossolo Roxo e uma Terra
Roxa Estruturada
Natabela 7.4 são apresentados dados similares, mas com o sal MgSO,
e apenas para o horizonte B.
Fonte: Valores interpolados dos originais de Rai) (1971); Raij e Peech (1972).
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Capítulo 8
Gesso e Atributos Químicos do Solo
Tabela 8.2. Efeito de calcário e gesso na análise de solo da amostra de 0-20 cm de profundidade,
em experimento com milho em Tatuí, em Latossolo Vermelho Escuro Álico, textura
argilosa, 41 meses após a aplicação dos corretivos
FeOH Fe -—— O O
Ny
+50 Ss +0H+H,0(3,10)
FeoH; Fe -— O
7 NO
Figura 8.1. Representação esquemática da troca de ligantes de sulfato na superfície de óxido
hidratado de ferro (Rajan, 1978).
Tabela 8.3. Efeito de superfosfato triplo (ST) e superfosfato simples (SS) em atributos da
acidez em experimento de milho em um Oxisol do Distrito Federal
Profundidade pi Cat Mg AI
ST SS ST ss ST ss
em —— mmol, /dm"— —— mmol/dm-——
Profundidade pH CaCl, Ca Mg K
de amostragem sT ss ST ss sT ss ST Ss
cm >>> mmol/dm”
Uma das questões que pode ser levantada é como possíveis efeitos
da gessagem em indicadores de acidez no subsolo se comparam aosefeitos
da calagem. Carvalho e Raij (1997) realizaram estudo com amostras de
subsolos de cinco solos do Estado de São Paulo para responder a essa
questão, ou seja, avaliar o efeito comparativo de correção com gesso ou
com calcário. O experimento foi feito usando uma técnica de raiz partida
vertical, com milho inicialmente cultivado em pequenos vasos com solo fértil,
que foram, depois da germinação, introduzidos nas amostras de subsolos
tratados. Note-se que o estudo em vasos permite comparar o efeito direto
de gesso e calcário nos subsolos. Os tratamentos foram testemunha,
CaSO,.2H,0 puro, fosfogesso e CaCO;. Os insumos foram aplicados na
base de 10 mmol, /dm”, o que equivale a 1 t/ha de carbonato de cálcio.
Neste ponto são apresentados, na tabela 8.5, resultados de análise de solo.
Posteriormente, outras informações do experimento serão discutidas.
120 Gesso na agricultura
Tabela 8.5. Efeito de tratamentos de amostras de subsolos com sulfato de cálcio, fosfogesso
e carbonato de cálcio emresultados de análise de solo
Solos
Tratamentos
LVal-l LRac-l LRac-2 LEal LVal-2
pH em HO
pH em Call,
AI”, mmol/dm'
Testemunha 1357 a 23a 0,0 7la 86a
Sulfato de cálcio 12,0b 16b 0,0 5,6b 6,7b
Fosfogesso - 10,8 c I5b 0,0 56b 6,5 b
Carbonato de cálcio 6,6 d 0,0 c 0,0 2,3 c 2,7c
H + AL, mmol/dm'
ca”, mmol/dm'
SO, mmol/dm'
Testemunha 1,9b 0,1b 0,1b 3,6b 10b
Sulfato de cálcio WNsta 86a 75a 10,6a 10,6 a
Fosfogesso 11,8a 8,5 a 73 a 10,2 a 10,2 a
Carbonato de cálcio 20b 0,1b 0,2 b Llb Lla
Tabela 8.6. Efeito de calcário e gesso nos resultados de análise de solo de amostras de 20-40,
40-60 e 60-80 cm de profundidade, em experimento com milho em Tatuí, em Latossolo
Vermelho-Escuro álico, textura argilosa, 41 meses após a aplicação dos corretivos
Profundidade de 20-40 cm
0 7a 5b 36a 24a 1b 10 a 62a
8 I0a 3c 28a 25a I6a la “60a
12 0 8a 7a 26a 22a 13 ab i3a 56a
12 8 8a 6a 24a 23a I5a I0a 59a
Profundidade de 40-60 cm
0 0 6b 3b 17a 2 ab 6b 8a 6la
0 8 I0a 5ab 3a I8b l4a Ba 52a
12 0 7b 5ab 14a 22 ab 7b la 62a
12 8 la 7a Ia 23a l6a l4a 54 a
15 4
Profundidade de amostragem (em)
30 +
45 +
75
o
» OD)
(O(D)
E [8.5]
(A) (B)
As letras minúsculas referem-se aos coeficientes estequiométricos,
e as maiúsculas são as espécies químicas. Os parênteses indicam atividade
química.
À atividade de um íon em solução, também chamada de concentração
efetiva, não é medida diretamente. O que se mede é a concentração do ion,
que multiplicada pelo coeficiente de atividade, que varia de 0 a 1, representa
a atividade. Este assunto não será detalhado aqui.
Em soluções de solo contendo gesso, como em qualquer solução,
existe equilíbrio quimico ou termodinâmico, conforme exemplificado pela
Equação 8.5. Na tabela 8.8 são dados exemplos de reações de equilibrio,
com as respectivas constantes de equilíbrio. Uma extensa relação é dada
no livro de Lindsay (1979).
Constantes de equilíbrio muito baixas indicam condições menos
favoráveis de dissolução ou dissociação. É o caso dasolubilidade de AI(OH),,
um composto quimico de baixa solubilidade em água. No caso dos pares
iônicos, ressalte-se a existência de AIF*'e AISO,”, pela pertinência que têm
com o fosfogesso.
É importante ter em mente que essas reações estão presentes
simultaneamente e em equilíbrio. Isso significa que nenhuma espécie química
pode ser isolada das demais. Se houver remoção de algumas espécies da
solução, por precipitação em formasólida insolúvel, por exemplo, as reações
de equilíbrio se reajustarão, de forma que todas as constantes de equilíbrio
sejam atendidas.
Estudos detalhados de especiação iônica em soluções envolvendo
alumínio e gesso são importantes para melhor compreensão de como
ocorrem diferentes reações que podem aliviar a toxidez do alumínio
para as plantas.
Nasolução do solo, diversos íons participam das diversas reações,
desde as de dissolução de compostos pouco solúveis, hidrólise ou formação
Gesso e atributos químicos do solo 127
Tabela 8.8. Algumas constantes de equilíbrio (K) de interesse para solos ácidos tratados com
gesso, referentes a 25 “Ce força iônica zero
Reação K
0-5 0 0 0 0 0 0 5160 95 0
5-10 0 0 0 0 0 0 3610 98 0
10-20 15 50 0 28 12 10 410 100 0
20-40 23 70 2 21 5 2 40 100 0
40-60 31 76 2 18 4 0 so 100 0
60-80 50 80 1 16 3 0 60 100 0
80-100 53 80 l 16 3 0 60 100 0
Tratamentos com CaSO,
0-5 90 42 37 e) 4 2 7500 68 29
5-10 70 40 44 13 3 0 3900 60 34
10-20 60 42 44 12 2 0 2100 64 31
20-40 53 48 40 lo 2 0 1800 68 28
40-60 45 60 29 10 2 0 1300 72 26
60-80 60 60 29 10 2 0 1000 72 25
80-100 68 64 26 9 l 0 600 75 21
Fonte: Pavan e outros (1984). Al, e Ca, = concentração total de Al e Ca, respectivamente.
Tabela 8.10 Efeito de gesso, em comparação com o tratamento sem gesso, em propriedades
químicas da solução do solo extraída dois anos após o tratamento. O experimento foi
instalado em Typic Hapluduit argiloso, caulinítico da Geórgia, EUA
0-15 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1.780 1.680 100 0,0 1.120
15-30 13,0 8,4 0,5 3,2 0,9 0,0 420 410 10 4,2 344
30-45 12,40 84 0,0 2,4 LO 0,2 400 400 0 3,8 174
45-60 11,0 7,8 0,0 2,4 0,5 0,3 250 250 0 4,0 Ii4
60-75 10,0 6,8 0,0 2,5 0,5 0,2 160 160 0 4,0 72
75-90 9,0 5,8 0,0 2,4 0,5 0,3 70 70 0 3,0 37
90-105 10,0 6,6 0,0 2,6 0,5 0,3 40 40 0 4,0 28
0-15 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 7.850 6.840 1.010 0,0 3.630
15-30 15,0 5,4 5,0 2,9 1,0 0,7 4.220 3.790 439 2,4 2,537
30-45 15,0 6,2 4,9 2,4 1,0 0,5 2.420 2.120 300 3,7 1,486
45-60 14,0 73 3,3 2,4 0,6 0,4 1.620 1.510 110 3,0 1.123
60-75 13,40 7,3 0,6 3,3 1,1 0,7 980 960 20 7,0 741
75-90 12,0 64 0,3 3,3 1,2 0,8 750 740 10 3,3 606
90-105 10,0 5,4 0,2 2,1 1,0 0,7 480 480 0 3,2 408
LVal-l
Testemunha 6,6 74 8 18 - 4,0 17 99 i 15,7
Caso, 36,3 48 s0 4 - 7,9 1.549 85 I5 928,4
Fostogesso 34,70 37 40 3 20 5,47 1.698 84 16 994,9
Caco, 0 32 61 13 26 - 15 28 97 3 24,2
LRac-l
Testemunha 1,6 83 2 14 - 1,0 19 99 1 17,0
Caso, 0 63 13 31 - 0,5 25 97 3 22,2
Fosfogesso 0,9 I 0 0 98 0,0 27 97 2 23,1
Caco, 0,0 - - - - 0,0 16 99 1 15,1
LRac-2
Testemunha - - - - - - 1 100 0 1,0
Caso, - - - - - - 141 93 7 “110,8
Fostogesso - - - - - - 133 93 7 103,4
Caco, - - - - - - l 99 l 13
LEal
Testemunha 2,9 63 3 35 - 1,6 3 190 0 2,7
Caso, 157 51 18 30 - 0,6 69 95 5 57,1
Fosfogesso 1,8 2 l 1 97 0,0 105 95 5 86,3
Referências
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25:420-426, 1971.
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Soc. Amer. Proc. 33:737-742, 1969.
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on crop yield and subsoil chemical properties. Soil Sci. Soc. Am. J. 39:891-895, 1999.
WEIR, €. €. Effect of lime and nitrogen application on citrus yields and on the downward
movement of calcium and magnesium in soils. Trop. Agric. (Trinidad) 51:231-234, 1974.
Capítulo 9
Gesso e Propriedades Físicas do Solo
Referências
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SUMNER, M. E. Gypsum and acid soils: the world scene. Adv. Agron. 51:1-32, 1993,
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O USO DO GESSO NA AGRICULTURA, 2., 1992. Anais... São Paulo: Ibrafos, 1992. p. 8-
40.
Capítulo 10
Gesso para Milho e Outros Cereais
Nota-se que osteores de alumínio são mais baixos no solo sem planta
(C), em relação ao tratamento com ST no campo com planta (A), porém
mais elevados do que no tratamento com ST com planta (B). Esta observação
abre espaço para a hipótese de que parte da redução da acidez em
profundidade, no tratamento SS, seja decorrente da absorção de nitrato pelas
raízes mais profundas,
Um aspecto curioso, mostrado na figura 10.1 e nas tabelas 2.1 e 8.3,
diz respeito à aparente maior acidificação superficial do solo com tratamento
SS. Se o conteúdo de Ca + Mgaté 120 em de profundidade for convertido
em equivalente CaCO;, tem-se 5,7 t/ha no tratamento com ST e 6,8 t/ha no
tratamento com SS. Porém, nos 30 cm superiores, o tratamento com ST
contém 4,1 t/ha, contra apenas 2,4 t/ha no tratamento com SS, o que parece
mostrar uma inversão do problema de acidez, com maior acidificação da
camada superficial do solo no tratamento com superfosfato simples.
Sousa e Ritchey (1986b) apresentaram resultados quantitativos,
referentes ao efeito do gesso na retirada de água do perfil do solo. A
distribuição de raízes é apresentada nafigura 10.2, mostrando distribuição
maior em profundidade para aplicação de 6 t/ha de gesso.
Profundidade (cm)
O O O | ret
1 0 1 21 0 1 2 3
AB! Ca?t + Mg?t AB: Cat + Mg? ABr Cat + Mg'*
Figura 10.1. Distribuição de alumínio e de cálcio + magnésio em solos com os seguintes
tratamentos: (A) superfosfato triplo, experimento de campo após quatro anos; (B)
superfosfato simples, experimento de campo após quatro anos; (C) superfosfato simples,
apóslixiviação de água em coluna. Fonte: Ritchey e outros (1980).
Gesso para milho e outros cereais 149
0 2 1
, '
E 53% 34%
45d jencenenao-o- q-ó
5S 27% 25%
8 30- Cesporseçoo!
E 1 ,
õ 10% ! 112%
o 45 — , Dose de gesso FRA io
B (t/ha) r
B 8% ! 119%
E
E 607
—. Po)
tpoeoaç
Boo
a. 2%
em 6 Lo!
! 110%
, 1
15 — toma
Figura 10.2. Distribuição relativa do sistema radicular de milho cultivado no período seco de
1983, noventa dias após a emergência, com e sem aplicação de gesso, no perfil de um
Latossolo Vermelho-Escuro argiloso. Fonte: Sousa e Ritchey (1986).
No caso do milho, como para outras culturas, uma das questões que
se levanta é se haverá resposta das culturas a gesso. Tem-se os critérios
dos órgãos oficiais, que serão discutidos no Capítulo 13, mas o assunto é
indiscutivelmente complicado. Dois fatores principais estão envolvidos:solo
e planta.
150 Gesso na agricultura
Tratamentos Solos
LVal-] LRac-i LRac-2 LEal LVal-2
Condutividadeelétrica, dSm”
Testemunha 0,079 0,068 0,045 0,067 0,071
Sulfato de cálcio 0,438 0,084 0,159 0,124 0,413
Fosfogesso 0,460 0,083 0,161 0,144 0,390
Carbonato de cálcio 0,086 0,056 0,050 0,061 0,078
K” mmol/dm
Testemunha . 1,20 a 1,l0a 0,50 a 0,95 a 0,95 a
Sulfato de cálcio 0,55 b 0,48 c 0,25 b 0,52 be 0,42 b
Fosfogesso 0,55 b 0,48 c 0,30 b 0,48 c 0,42 b
Carbonato de cálcio 0,55 b 0,62 b 0,35 b 0,62 b 0,45 b
N-NH,, mg/dm”
N-NO,, mg/dm”
Testemunha 5,5 6,2 2,1 3,6 1,0
Sulfato de cálcio 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Fosfogesso 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Carbonato de cálcio 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Fonte: Carvalho e Raij (1997).
Tabela 10.4. Comprimento de raízes, absorção de água e matéria seca de milho da parte aérea
das plantas para cinco subsolos e quatro tratamentos do estudo de melhoramento do
solo com sulfato de cálcio, fosfogesso e carbonato de cálcio
Solos
Tratamentos .
LVal-] LRac-l LRac-2 LEal LVal-2 Média
Água absorvida, mL/vaso
Solos
Tratamentos
LVal-l LRac-1 LRac-2 LEal LVal-2
Teor de P, gkg
Tabela 10.6. Aumentos de produção, total de quatro anos de duas cultivares de milho,
tolerante e sensível a alumínio, para três doses de calcário e três de gesso
. Gesso, t/ha
Calcário, tfha
0 4 8
Cultivar tolerante a alumínio
0 0 240 248
6 1.452 2.572 3.052
12 4.124 4.392 5.580
20 +
5 40- -
uv
s
o 604 4
Q
o
2
o
E 80
+ o
100 + .
= Controle -0- Controle
120 — »[ Gesso + [+ Gesso
Figura 10.3, Efeito de gesso aplicado na superfície do solo nosteores de Ca” edesO” em
diferentes profundidades,dezesseis anos após a aplicação. Fonte: Toma e outros (1999).
Reproduzida com permissão.
pH (H,0) pH (CaCt,)
4,5 5,0 5,5 60 6,5 4,0 4,5 50 55 6,0
0 ! ] | ] l J
|
20 +
ER E
Yu
8
o 60 5
O
c
S
5 80 +
a
100 — a
0 50 100
0
= Controle
20 = Gesso
40 +
Profundidade (cm)
60 —
80
100 —
120
140
Figura 10.5. Efeito de gesso aplicado na superficie do solo, na condutividade elétrica, a
diferentes profundidades, dezesseis anos após a aplicação. Fonte: Tomae outros(1999).
Reproduzida com permissão.
] |
20 —
40 +
Profundidade (cem)
60 -|
80
100 1
140
Figura 10.6. Efeito de gesso aplicado na superfície do solo, nosteores de Al, em diferentes
profundidades, dezesseis anos após a aplicação. Fonte: Toma e outros (1999).
Reproduzida com permissão.
162 Gesso na agricultura
Referências
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KAMINSKI, J.; SANTOS, D. R.; GATIBONI, L. €.; BRUNETTO, G..; SILVA, L. S. da.
Eficiência da calagem superficial e incorporada precedendo o sistema plantio direto em um
argissolo sob pastagem natural. R. Bras. Ci. Solo 29:573-580, 2005.
Calcário, 6t/ha
0-25 0,7 0,3 3,8 2,8 13 1 0,7 0,5
25-50 0,8 0,8 4,5 2,9 6,8 4,5 5,2 3,5
50-75 0,9 0,8 5,5 3,6 6,5 6,2 5,6 5,7
75-100 0,7 0,9 8,0 4,7 5,8 5;7 5,0 5,0
100-125 0,7 0,8 7 4,7 5,5 6,0 5,4 4,6
Fonte: Morelli e outros (1992).
Tabela 11.3. Valores de pH, saturação por bases e saturação por alumínio no experimento de
calagem e gessagem de cana-de-açúcar, desenvolvido em Lençóis Paulista em Latossolo
Vermelho-Escuro Alico, em dois períodos de amostragem
>
Calagem, 6 t/ha
0-25 4,5 52 50 53 47/52 55 59 6 7 3 2
25-50 4,3 43 42 45 1 23/27 32 66 38 36 23
50-75 40 41 42 42 9 53 25 20 76 67º 42 48
75-100 4,1 41 42 43 Wo 12 32 2 RB 70 34; 45
100-125 41 41 43 43 3 10 34 23 66 55 50 4]
Fonte: Morelli e outros (1992).
Tabela 11.4. Balanço de cálcio, magnésio e sulfato para os diversos tratamentos, nos dois
períodos de amostragem, no experimento de calagem e gessagem com cana-de-açúcar
desemvolvido em Lençóis Paulista em Latossolo Vermelho-Escuro Álico
Valor ca”, mmol, dm” Mg”, mmol, dm” SOS mmol, /dm”
I8meses 27meses Iômeses 27meses 1I8meses 27 meses
Quantidades adicionadas
Calculado Calcário - 21,7; gesso -30,0 Calcário - 16,1 Gesso - 30,0
Fonte: valores calculados com base nos resultados de Morelli e outros (1992).
() Com base em PRNT de 63. O poder de neutralização total do calcário é 87%.
quatro anos, somente com calcário, foi de 54,4 t/ha para 4 t/ha de calcário;
para 6 t/ha de gesso, foi de 51,6 t/ha de colmos. Com a combinação dessas
duas quantidades, o aumento foi de 76,8 t/ha para o uso desses dois insumos.
Tabela 11.6. Resultadosiniciais de análise de solos dos seis experimentos de calagem e gesso
paraa cana-de-açúcar
Profundi- . pH » +
Legenda Argila Ca Al SB CTC CTC V m
dade CaCl, el.
em gkg mmol/dm' —%
LVEa 0-25 20 490) 34 59 54 113 350 I5 52
25-50 160 49() 12 65 21 8,6 280 8 7%,
LVA-9 0-20 220 3,9 LO 11,2 23 13,5 713 3 83
20-40 230 3,9 0,5 10,7 16 12,3 51,6 3 87
LR-2 0-25 790 4,2 83 94 140 234 73,0 19 40
25-50 760 4,2 91 92 13,6 232 68,6 20 40
LVA-11 0-25 140 4,5 9,1 Ii 136 147 40,6 33 7
25-50 140 4,4 63 21 98 11,9 34,8 28 18
LVA-9 0-25 190 4,4 58 21 10,2 123 332 31 17
25-50 190 4,0 0,5 75 20 9,5 36,0 6 79
LVE-3 0-25 590 4,0 L9 187 50 23,7 930 5 79
25-50 590 4,1 L9 19,0 4,5 23,5 925 5 38
Fonte: solo LV Ea, Morelli e outros (1992); demais solos, Penatti e Forti (1993).
(') pH em água.
Fontes: primeiro experimento: Morelli e outros (1992); demais experimentos: Penatti e Forti (1993).
176 Gesso na agricultura
Tabela 11.8. Necessidades de calagem e gesso dasseis áreas, doses adequadasretiradas dos
dados experimentais, aumento de produção correspondente e custo da aquisição,
transporte e aplicação dos insumos
Referências
OLMOS,I L.J.; CAMARGO,M. N. Ocorrência de alumínio tóxico nos solos do Brasil, sua
caracterização e distribuição. Ciência e Cultura 28:171-180, 1976.
PEARSON,R. W. Soil acidity and liming in the humid tropics. New York, EUA: Cornell
University, 1975. (Cornell International Agriculture Bulletin 30)
kg/ha mm
Tabela 12.2. Resposta da soja a calcário e gesso, em dois cultivos sucessivos, em Mococa,
SP.
Calcário Gesso .
Média
tha 0 2 4 6
t/ha tha
Produção de soja no ano agricola 1985/1986 - kg/ha
Õ 1.041 887 1.012 1.229 1.043 c
3 2.100 1.942 2.179 2.229 2412b
6 1.983 2.137 2.358 2416 2.223 ab
9 2.625 2.487 2.658 2.391 2.540 a
Média 1.937 ab 1.863 b 2.052a 2.066 a -
Produção de soja no ano agricola 1986/1987 - kg/ha
0 1.423 1.427 1.596 1.731 1.544 c
3 2.287 2.287 2.283 2.376 2.308 b
6 2.585 2.673 2.941 2.556 2.689 ab
9 2.876 2.869 2.822 2.848 2.854 à
Média 2.293 a 2314a 24lla 2377 a -
Fonte: Quaggio e outros (1993).
Tabela 12.3. Produções médias estimadas pela função de resposta, para três anos de produção
de soja em Latossolo Roxo Distrófico de Ribeirão Preto (SP), em função de+ quantidades
aplicadas de calcário e gesso
Amostragem de 1987
n 12 9 4,4 35 28 95 20 4,18 18 I4
I4 37 32 37 33 36 12 43 4,41 35 8
41 15 31. 12,0 30 058 89 47 5,13 52 2
44 35 47. U8 28 09 108 63 54 57 I
Amostragem de 1991
H I6 2 LO Lo 11,7 105 17 3,84 5 70
i4 W 2 27 I4 85 101 25 4,15 Ig 35
41 q Is 55 17 36 86 26 457. % I4
44 12 25 64 22 18 83 28 470 3 6
Fonte: Raij e outros (1994).
——>mmol/dm” Ya
Profundidade de 20-40 cm
HM 30 6 3, 0,9 61 100 17 3,97 q 36
I4 26 5 21 0,8 39 93 22 4,17 19 I8
41 30 Io 43 0,7 47 93 20 4,12 16 24
44 29 15 3,3 06 33 87 22 4,23 22 15
. Profundidade de 40-60 em
H 20 4 1,2 7 7 70 14 4,25 I0 5
I4 22 8 25 L6 42 78 26 448 28 16
41 20 o 33 LO 36 68 19 447 2 19
44 I8 9 39 069 3 80 27 4,53 30 12
Profundidade de 60-80 cm
E! 9 6 LO I4 3 58 2 4,42 I4 27
14 15 I6 25 I4 12 63 21 4,71 32 6
41 13 9 2,5 i2 25 59 I5 4,53 22 16
44 20 7 45 2 13 62 20 477037 5
Fonte: Raij e outros (1994).
12.2 Algodão
Quantidades de gesso de
Calcário aplicado Média
0 2 4 6
tha tha
Produções de algodão para o ano agrícola 1986/1987 - kg/ha
0,6 3.478 3.500 3.466 3.966 3.603
1,8 3.479 3.941 3.878 3.794 3.7N
3,0 3.338 3.881 4.141 4.194 4.194
Média 3.428 3.774 3.828 3.985 -
Produções de algodão para o ano agrícola 1987/1988 - kg/ha
0,6 3.206 3.088 3.028 3.269 3,148
1,8 3.269 3.488 3.225 3.072 3.264
3,0 2.816 2.919 3.056 3.047 2.960
Média 3.097 3.165 3.103 + 3.129 -
Fonte: Silva e outros (1997).
190 Gesso na agricultura
Tabela 12.8. Resultados de análise de amostras de solo retiradas nasfaixas de adubação com
superfosfato triplo (ST) e superfosfato simples (SS), após dezessete anos de aplicação
anual do equivalente a 100 kg/ha de P,Q,para o algodoeiro, em experimento realizado
emLatossolo Roxo de Guaira
12.3 Café
Tabela 12.9. Relação entre a produção de matéria seca de mudas decafé e tratamentos de solo
com CalO,ou CasO,, após sete semanas de cultivo
Peso de mudas
Saturação de Trata- pH em Teores trocáveis, Saturação .
Al almejada mento água Al” ca” de Al decateiro
. Raizes Topo
Y% —— mmol /dm—— Ya g/vaso-———
Solo n.º 2 - Eutrorthox
7 - 4,1 28,3 6,0 74 44d I4lc
45 Caco, 4,3 16,3 19,2 49 5,7 be 17,2%
15 Cato, 4,6 13,0 33,8 25 76a 2l,la
0 CaCO 4,8 8,7 44,6 15 7,Ja 212a
0) Caco, 52 4,0 73,5 5 80a 214a
0 Caso, 42 10,1 33,7 21 6,0 be 20,1 a
Solo n.º 3 - Tropudult
37 Calo, 4,4 55 6,0 36 44b 16,2c
i5 Caco, 5,0 2,3 21,7 9 6,5 a 198a
0 Caco, 5,2 LO 27,2 3 6,6a 20,1 a
0 Caco, 5,8 0,0 31,5 0 6,7a 20,4 a
0 Caso, 4,5 15 6,0 8 5,5ab 18,0ab
() Duas vezes a quantidade de corretivo para reduzir Al a zero.
Fonte: Pavan e Bingham (1982).
Outro estudo relatado por Chaves e outros (1987) foi realizado com
colunas de solo tratadas com corretivos de diferentes maneiras (Tabela
12.10.). O solo tinha 12 mmol,/dm” de A! e 16,8 mmol;/dm” de Ca?, O
calcário teve efeito crescente sobre as mudas do cafeeiro, na medida em
que era incorporado mais profundamente, com efeito máximo para
incorporaçãoa 60 cm. Já o gesso, aplicado na superficie do solo e penetrado
nele porlixiviação, teve acentuado efeito sobre o peso dasraizes, da matéria
seca produzida, do volume radicular e da área foliar. Estatisticamente, O
efeito do CaSO, foi similar ao do CaCO; incorporado a 30 em, masinferior
à incorporação a 60 cm. Note-se que esse efeito intermediário do gesso,
maior do que a testemunha e menor do que o calcário incorporado em
profundidade no solo, é similar aos resultados obtidos em experimentos de
campopara milho (Tabela 2.3). O trabalho mostra a importância da correção
profunda da acidez do solo, que não é praticamente viável, e como o CaSO,
pode ser empregado comoalternativa para promover o desenvolvimento do
sistema radicular do cafeeiro. Merece atenção o fato de esse solo apresentar
teores bastante altos de cálcio e, mesmo assim, mostrar efeitos tão marcantes
da aplicação do gesso.
O
194 Gesso na agricultura
Ca? AP
Profundidade
Controle Caco, Gesso Controle Caco, Gesso
Densidade de raizes
Profundidade
Controle Caco, Gesso
cm . cm'g
Inceptisol
0-10 52b 132a li8a
10-20 60b 68b 108a
20-60 I6b I8b 89a
Oxisol
0-10 80 c l44a 10b
10-20 108b l10a 100b
20-60 32b 32ab 44a
Fonte: Pavan e Bingham (1986).
Tabela 12.14. Efeito de carbonato de cálcio e sulfato de cálcio em teores de cálcio em folhas
e frutos e na produção de maçã.
Oxisol
Controle H,8b 42c 0,29 a
Caco, I4,2a 82a 0,35 a
Gesso 14,0 a 6,9 b 0,29 a
Referências
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196, 1975.
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AGRICULTURA, 2., 1992. Uberaba. Anais... São Paulo: Instituto Brasileiro do Fosfato,
1992. p. 277-306.
Tabela 13.1. Áreas de solos afetados por sais em sete Estados do Nordeste, segundo o
Serviço Nacional de Levantamento e Conservação do Solo.
Planossolo sódico 12.708 3.690 944 5.165 3.370 2.098 30.516 58.491
Solonetz solodizado 8.436 4.064 2.760 2.654 393 1.013 5.161 24.490
Solonchack Solonétzico 450 837 - - - - - 1.287
Halomórfico 18 - - - - - - 18
Outros 1.645 - - - 120 520 4.544 6.829
Total 23.257 8.591 3.713 7.819 3.883 3.681 40.221 91.115
Fonte: Pereira e outros (1986).
Tabela 13.2. Necessidade de gesso com base no teor de argila do solo, segundo recomendação
do Estado de Minas Gerais
Argila NG
gkg tha
0a 150 0,0 a 0,4
150 a 350 0,42 0,8
350 a 600 0,82 1,2
600 a 1.000 122a1,6
Fonte: Ribeiro e outros (1999).
RETO
! l ) ]
30
Profundidade do solo (cm)
454
60 —
75 +
Dose de calcário
t/ha
90 + —Oo— o
cf 75
105 + -—[I— 15,0
—>— 225
120 ASR
Figura 13.1. Efeito de doses de calcário aplicado em um Latossolo Vermelho-Escuro
argiloso, após oito anos de cultivos, no pH em diferentes profundidades. Fonte:
Sousa e Ritchey (1986).
212 Gesso na agricultura
Fosfogesso t/ha
Ca (meg/1009)
0 0,5 10 15 40
0 ! l L !
VR
30 +
60 —
E 90 +
S
v
B
o 1207
l
E
pe]
8
o 150
240 ? X
0 i
Latossolo Vermelho ácrico argiloso
10
0 a
Latossolo Vermelho eutrófico argiloso
Concentração de No; no efluente, mmol/L
10
5 A
0 N.
Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico textura média
Figura 13.4. Curvas de eluiçãode nitrato em amostras do horizonte B; de quatro solos e uma
mistura de vermiculita com areia (10 + 90). A quantidade de nitrato aplicada foi de 2
mmol, por coluna de 100 g de solo. Fonte: Raij e Camargo (1974).
o
O 0,54 q 4 a 1 -
sas
[TT] fo TT ET IT TT TT TT IT TTTT
Latossolo vermelho amarelo (40 - 80 cm)
o
OS
Ó
0,5) + + - +A +
E TI CT TT Los TT TT Ls o TT TT
Latossolo roxo goetítico (60 —- 80 em)
o
oO 0,5 + + - - 4
o /N A /-
IN
1
Referências
RAIJ,B. van; CAMARGO, O.A. Influência das bases trocáveis na lixiviação de potássio em
colunas de solos. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 14., 1973,
Santa Maria, RS. Anais... Santa Maria: UFS/SBCS, 1974a. p. 123-132.
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Alfisol. In: INTERNATIONAL CONGRESS OF SOIL SCIENCE, 10., 1974b, Moscow,
URSS, Transactions v. 2, p. 384-391,
SPARKS, D. L. Environmental soil chemistry. San Diego: Academic Press, 1995. 267p.
ode-se dizer que a pesquisa com gesso no Brasil parou antes do tempo.
Talvez pela natureza das respostas em culturas, muito dependentes
das condições climáticas, ou por haver uma falsa impressão de que o
assunto já estava sob controle, a verdade é que, desde a metade da
década de 1990, pouco ocorreu de mais relevante em termos de
conhecimento novo, embora algum esforço de pesquisa sempre tenha
existido. Também nos Estados Unidos, onde importante pesquisa estava
em andamento na década de 1980, o trabalho desacelerou. Seriam
necessários trabalhos de longa duração, com avaliações mais detalhadas
para melhor equacionar o assunto. Há falta, principalmente, de
refinamento dos critérios de diagnose da necessidade de gesso e
experimentos de calagem e gessagem que permitam estabelecer as
quantidades a aplicar desses dois insumos.
Por outro lado, a rápida expansão do plantio direto e a necessidade
prática da aplicação do calcário na superficie do solo estão trazendo também
muita controvérsia.
Assim, como combinações de calcário e gesso parecem resultar em
maiores produções do que a aplicação de cada um desses dois materiais
separadamente, essas combinações precisam ser avaliadas em
experimentação de campo.
222 Gesso na agricultura
por causa de uma condição mineralógica que não favorece a retenção de sulfato.
Esses casos precisam ser delimitados para aperfeiçoar a diagnose qualitativa de
necessidade ou possibilidade de sucesso do uso de gesso.
A pesquisa com gesso neste capítulo prioriza assuntos que podem dar
respostas em pouco tempo sobre o uso de gesso e indicar caminhos para
assuntos que requerem detalhamento.
“Em diversos tipos de solos, mas não em todos, o gesso pode estimular
o enraizamento profundo no subsolo."
ny