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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE


CENTRO DECIÊNCIAS E TECNOLOGIA
ENGENHARIA CIVIL

FELIPE GONÇALVES BERNARDES

DIMENSIONAMENTO HIDRÁULICO PARA UM SISTEMA DE


IRRIGAÇÃO AUTOMATIZADO EM PEAD E PVC

CAMPINAS – SP
2022
1

FELIPE GONÇALVES BERNARDES

DIMENSIONAMENTO HIDRÁULICO PARA UM SISTEMA DE


IRRIGAÇÃO AUTOMATIZADO EM PEAD

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso


de Engenharia Civil do Centro de Ciências e Tecnologia
da Universidade Presbiteriana Mackenzie, a ser utilizado
como requisito parcial para obtenção do Título de
Engenheiro Civil.
Orientadora: Prof. Dra. Maria Thereza de Moraes
Gomes Rosa

CAMPINAS – SP
2022
2

Dedico este trabalho à minha família, Juliana,


Emerson e Letícia, por todo apoio e sacrifícios
realizados para realização desse sonho
3

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus, por todo cuidado, proteção e orientação durante


essa trajetória, reconheço que nada disso seria possível sem os seus cuidados.

Agradeço aos meus pais, Emerson e Juliana, que acima de tudo sempre me apoiaram,
me auxiliaram e me confortaram perante qualquer desafio e obstáculo que surgiu,
sempre lidando com muito amor, carinho e atenção. Sem eles, eu não seria nada.

Agradeço também a professora Prof. Dra. Maria Thereza de Moraes Gomes Rosa,
que me auxiliou em toda minha trajetória acadêmica e me aceitou como orientado com
a maior empolgação possível. Todo seu apoio e orientações foram indispensáveis,
não só para o desenvolvimento desse trabalho, mas para o meu crescimento
profissional.

Agradeço a todos meus amigos da república Contramão, especialmente ao meu


amigo Mateus da Silva Bomfim, alguém que me auxiliou durante todo esse período,
sem o qual minha formatura não seria possível.

Devo muito das minhas conquistas nesse período à um casal muito querido, Victor
Rodrigues Marques da Silva e sua esposa Gabrielli Camilo Machado Marques, que
me deram todo apoio que poderiam oferecer.

Também sou muito grato aos meus colegas de trabalho, Glauco de Oliveira Santos e
Diego Roberto Maria, os quais me ensinaram tudo sobre o funcionamento de um
sistema de irrigação, me deram todo apoio necessário e grandes oportunidades para
meu desenvolvimento profissional.

Agradeço aos meus familiares, avós e tios, que além de todo apoio foram grande
inspiração por toda minha vida, pessoas que sempre estão ao meu lado, independente
da situação.

E por fim, aos meus amigos de turma, sempre apoiando uns aos outros,
principalmente durante o período de quarentena, onde todos fomos um só, oferecendo
apoio e auxílio.
4

“Mais fácil me foi encontrar as leis com que se


movem os corpos celestes, que estão a milhões
de quilômetros, do que definir as leis do
movimento da água, que escoa frente aos meus
olhos.”
Galileu Galilei (1564-1642)
5

RESUMO

O dimensionamento hidráulico em um sistema de irrigação é essencial para garantia


do bom funcionamento e uniformidade na distribuição de água. A característica mais
evidente resultante de um bom dimensionamento é a redução dos gastos com
investimentos para instalação do sistema. Diversos sistemas de irrigação sofrem com
a uniformidade da distribuição de água ocasionada pelo mal dimensionamento do
sistema hidráulico. Este projeto consiste no detalhamento do dimensionamento de um
sistema de irrigação utilizando como matéria prima o PEAD (Polietileno de Alta
Densidade), tubulação que tem se tornado cada vez mais comum no mercado, devido
as facilidades que trazem em comparação ao PVC. A principal característica é a
flexibilidade do tubo, o que facilita a execução em terrenos com grandes desníveis e
topografia inconstantes. O principal obstáculo para utilização do PEAD hoje é a falta
de informações sobre como utilizar e dimensionar na área da irrigação, devido o PVC
ser o material comumente utilizado. O dimensionamento hidráulico do sistema de
irrigação pode ser separado em três etapas, as quais são: rede lateral, rede adutora
e a estação elevatória, a última, em algumas circunstâncias, pode ser ignorada,
quando o projeto tem uma baixa exigência de pressão e vazão no sistema, o que
acontece em sistemas residenciais, os quais muitas vezes a pressão de água
fornecida pela companhia de saneamento básico da cidade pode suprir a necessidade
mínima de funcionamento do sistema. A rede lateral, primeira etapa do sistema
consiste em levar água aos aspersores da irrigação, o mesmo se inicia em uma válvula
solenoide, ligada eletricamente em um controlador que é aberta e fechada a partir da
automação do sistema, dessa sai a tubulação lateral passando por cada aspersor,
primeiramente posicionado pelo projetista de irrigação. Ao final do projeto, foi obtida
as perdas de carga ao longo do conduto forçado, tanto nas redes laterais quanto na
adutora, com isso foi possível determinar a altura manométrica de funcionamento do
sistema, a qual deve ser fornecida por um sistema de bombeamento (o qual não foi
escolhido devido a diversidade de modelos oferecidos no mercado, sendo que cada
bomba tem a sua curva específica de operação).

Palavras-chaves: Irrigação. Hidráulica. PEAD. Aspersão. Dimensionamento.


6

ABSTRACT

Hydraulic sizing in an irrigation system is essential to ensure proper functioning and


uniformity in water distribution. The most evident characteristic resulting from a good
dimensioning is the reduction of expenses with investments for the installation of the
system. Several irrigation systems suffer from the uniformity of water distribution
caused by poor sizing of the hydraulic system. This project consists of the detailing of
the dimensioning of an irrigation system using HDPE (High Density Polyethylene) as
raw material, a pipe that has become increasingly common in the market, due to the
facilities they bring in comparison to PVC. The main feature is the flexibility of the tube,
which facilitates the execution in terrains with large unevenness and changing
topography. The main obstacle to the use of HDPE today is the lack of information on
how to use and dimension it in the irrigation area, due to PVC being the material
commonly used. The hydraulic dimensioning of the irrigation system can be separated
into three stages, which are: lateral network, water main and the pumping station, the
last one, in some circumstances, can be ignored, when the project has a low pressure
and flow requirement. in the system, which happens in residential systems, in which
the water pressure provided by the city's basic sanitation company can often supply
the minimum need for system operation. The lateral network, the first stage of the
system, consists of taking water to the irrigation sprinklers, it starts with a solenoid
valve, electrically connected to a controller that is opened and closed by the automation
of the system, from which the lateral pipe passes through each sprinkler, first
positioned by the irrigation designer. At the end of the project, the head losses along
the penstock were obtained, both in the lateral networks and in the pipeline, with this
it was possible to determine the operating head of the system, which must be provided
by a pumping system (the which was not chosen due to the diversity of models offered
on the market, with each pump having its specific operating curve).

Keywords: Irrigation. hydraulics. HDPE. Sprinkling. Sizing.


7

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Método de irrigação por pivô central. ........................................................ 17


Figura 2: Método de Irrigação por Superfície. .......................................................... 18
Figura 3: Detalhamento do método de irrigação por sulcos. .................................... 19
Figura 4: Método de irrigação por Inundação. .......................................................... 20
Figura 5: Detalhamento do método de irrigação por inundação. .............................. 21
Figura 6: Detalhamento do método de irrigação por faixas. ..................................... 22
Figura 7: Carretel a ser conectado no hidrante sendo rebocado. ............................. 23
Figura 8: Carretel com aspersor que se movimenta através da pressão ................. 23
Figura 9: Detalhamento do Sistema de Irrigação ..................................................... 25
Figura 10: Aspersores Spray. ................................................................................... 26
Figura 11: Aspersores Rotativos. ............................................................................. 26
Figura 12: Aspersores Rotor .................................................................................... 27
Figura 13: Aspersores Canhão................................................................................. 27
Figura 14: Aspersores de Iimpacto ........................................................................... 28
Figura 15: Mangueiras de Gotejamento. .................................................................. 30
Figura 16: Aplicação da irrigação nas raízes............................................................ 30
8

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Valores para os coeficientes de atrito de Hazen-Williams e Scobey. ....... 32


Tabela 2: Valores adotados para as constantes de Hazen-Williams e Scobey. ....... 32
Tabela 3: Coeficiente de redução F em função do número de saídas. ..................... 33
Tabela 4: Valores aproximados do coeficiente de perda de carga localizada. ......... 36
Tabela 5: Pressão, vazão e raio dos aspersores. ..................................................... 41
Tabela 6: Vazão e área das subestações. ................................................................ 42
Tabela 7: Vazão e comprimentos equivalentes ........................................................ 42
Tabela 8: Vazão máxima permitida por diâmetro. .................................................... 44
Tabela 9: Velocidade calculada por trecho. .............................................................. 44
Tabela 10: Perda de carga no conduto lateral. ......................................................... 46
Tabela 11: Perda de carga no conduto lateral. ......................................................... 46
Tabela 12: Valores obtidos da perda de carga distribuída da rede adutora.............. 47
Tabela 13: Valores obtidos da perda de carga localizada da rede adutora. ............. 48
Tabela 14: Altura manométrica de funcionamento. .................................................. 48
9

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 11

2 OBJETIVO...................................................................................................... 13

2.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 13

2.2 Objetivos Específicos...................................................................................... 13

3 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................. 14

3.1 Irrigação por Pivô Central ............................................................................... 16

3.2 Irrigação por Superfície................................................................................... 17

3.2.1 Irrigação por sulcos......................................................................................... 18

3.2.2 Irrigação por inundação .................................................................................. 19

3.2.3 Irrigação por Faixas ........................................................................................ 21

3.3 Irrigação por autopropelido ............................................................................. 22

3.4 Irrigação por Aspersão.................................................................................... 24

3.5 Irrigação Localizada ........................................................................................ 29

3.6 Dimensionamento Hidráulico .......................................................................... 31

3.7 Perda de Carga Localizada ............................................................................ 35

3.8 Sistema de Bombeamento.............................................................................. 37

4 METODOLOGIA ............................................................................................. 38

4.1 Projeto ............................................................................................................ 38

4.2 Dimensionamento Hidráulico .......................................................................... 38

4.2.1 Diâmetro da rede lateral ................................................................................. 39

4.2.2 Diâmetro da rede adutora ............................................................................... 39

4.2.3 Perda de carga da rede lateral ....................................................................... 39

4.2.4 Perda de carga da rede adutora ..................................................................... 39

4.2.5 Sistema de Bombeamento.............................................................................. 40

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................... 41


10

5.1 Aspersores utilizados ...................................................................................... 41

5.2 Subestações ................................................................................................... 41

5.3 Dimensionamento da rede Lateral .................................................................. 42

5.4 Perda de carga da rede Lateral ...................................................................... 46

5.5 Dimensionamento da Rede Adutora ............................................................... 47

5.6 Perda de carga da Rede Mestra ..................................................................... 47

6 CONCLUSÃO ................................................................................................. 49

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 50

ANEXOS ................................................................................................................... 52

ANEXO A – Projeto de irrigação por aspersão.......................................................... 52

ANEXO B – Projeto de irrigação com cotas por trecho. ............................................ 53

ANEXO C – Gráfico de distribuição da lâmina de água do projeto. .......................... 54

ANEXO D – Autorização para utilização de projetos. ................................................ 55


11

1 INTRODUÇÃO

Os sistemas de irrigação têm se tornado cada vez mais comuns, deixando de


ser um sistema utilizado somente no meio agrícola, mas também em paisagismos
residenciais e até industriais. Uma das principais características desse sistema, é a
uniformidade da distribuição da água, uma lâmina constante e uniforme traz saúde e
beleza para flora, algo que quando aplicado no meio agrícola pode aumentar a
lucratividade além do baixo risco de falta de água durante períodos de estiagem.
Outra característica de um sistema de irrigação automático, é o nível de água que
devido o abastecimento constante, se mantém estável, podendo também ser
controlado o consumo de água através da automação do sistema (GOMES, 2013).

Um sistema de irrigação é composto por duas etapas, a parte elétrica


(automação do sistema) e a parte hidráulica, foco deste trabalho, que é responsável
pela distribuição de água do reservatório para as redes adutoras e suas ramificações,
nomeadas por Gomes (2013) de subestações.

A escolha correta do material da tubulação a ser utilizado em cada parte ou


unidade do sistema de irrigação deve ter como objetivo principal reduzir o custo total
do sistema, seja pela diminuição dos custos de investimento, pelo aumento da vida
útil, economia do custo operacional (energia) ou permitir o máximo rendimento do
sistema de bombeamento instalado no sistema. Dessa forma, a seleção da tubulação
adequada vai depender do emprego que ela terá dentro do sistema e da avaliação
econômica do projeto (MATSURA; TESTEZLAF, 2015).

De acordo com Sousa (2012) o dimensionamento do sistema de irrigação pode


ser desenvolvido partindo de inúmeras primícias, partindo das mensurações das
classes de diâmetro e pressão para as tubulações e na capacidade necessária para
dispositivos gerais.

Durante o processo do dimensionamento, são utilizadas inúmeras equações


para determinação da pressão necessária para pressurizar a quantidade de água
necessária para o funcionamento do sistema. Alguns exemplos dessas equações são,
a equação de Darcy-Weisbach que é utilizada para o cálculo da perda de carga
unitária, outro exemplo é a equação de Hazen-Williams, utilizada para encontrar a
perda de carga total (SOUSA, 2012).
12

Muitas dessas equações representam consideravelmente o fenômeno


analisado em situações específicas, o que torna comum a utilização de mais de uma
equação para determinação de uma única variável, o que influência drasticamente na
qualidade do projeto, uma vez que um erro cometido em uma parte isolada pode
tornar-se acumulativo, pelas etapas restantes do processo (SOUSA, 2012).

Em termos de qualidade de projeto, alguns casos em que mesmo conhecendo


os pontos fracos de certas equações, os projetistas são forçados a adotá-las devido
dificuldades em usar outras, pois, apesar de apresentar resultados mais realistas, são
drasticamente mais complexas (SOUSA, 2012).

Deste modo, muito mais do que a necessidade de se desenvolver ferramentas


de auxílio ao projetista de sistemas de irrigação, existe a necessidade de explanar o
uso de equações ou uma série de equações para que o processo de dimensionamento
hidráulico de sistemas de irrigação se torne mais fácil e mantenha a precisão (SOUSA,
2012).
13

2 OBJETIVO

2.1 Objetivo Geral

Desenvolver o dimensionamento hidráulico de um sistema de irrigação por


aspersão utilizando tubulações em PEAD.

2.2 Objetivos Específicos

▪ Encontrar o ponto que apresenta maior demanda de pressão para


funcionamento no decorrer das tubulações derivadas de uma rede adutora.
▪ Determinar os diferentes diâmetros dos diferentes tipos de tubulações durante
o projeto.
▪ Encontrar a altura manométrica que o sistema de bombeamento deve fornecer
para funcionamento do sistema.
14

3 REFERENCIAL TEÓRICO

A história da irrigação está geralmente entrelaçada com a história da agricultura


e a prosperidade econômica de inúmeras pessoas. A maioria das civilizações antigas
vieram de regiões áridas, onde a produção só pode ser alcançada por meio de
irrigação. Pesquisas mostram que em 4.500 a.C., os assírios, caldeus e babilônios no
continente asiático usavam essa prática. Da mesma forma, grandes colônias
assentadas no rio Amarelo e no rio Yangtze na China (2000 a.C.), no rio Nilo no Egito,
nos rios Tigre e Eufrates na Mesopotâmia e no rio Ganges na Índia (1000 a.C.), se
beneficiaram por causa de seu uso eficaz dos recursos hídricos (GIACOIA, [s.d.]).

A água é um recurso vital para sobrevivência da sociedade, da fauna e da flora,


e com um aumento descomedido da população, aumenta também a demanda por
esse elemento. Como consequência do crescimento da população, podemos ver
também o crescimento da construção civil, das indústrias, da agricultura, pois em
todas as linhas de produção, a água é um elemento essencial. Considerando que a
água não seja um recurso finito e não renovável, já podemos ver em algumas regiões
do nosso globo, a escassez desse recurso essencial, muito decorrendo aos baixos
índices de precipitações pluviométricas. Além disso, tanto o crescimento demográfico
quanto o econômico multiplicam os usos das águas e fazem crescer sua demanda,
diante de uma oferta inelástica. A junção destes fatores leva a inferir que este recurso
não pode mais ser entendido como um bem comum, pois a confrontação de sua
disponibilidade com suas demandas tende a acarretar a escassez (RIBEIRO, 2019).
ribeiro

A irrigação, segundo Silva & Klar (2010), é uma prática agrícola que fornece
água, onde e quando o volume das precipitações ou qualquer outra forma natural de
abastecimento, não seja suficiente para suprir as necessidades hídricas.

O PVC (Policloreto de Vinila), atualmente, é um dos materiais mais utilizados


pela irrigação. São um tipo de tubulação com alto índice de aceitação na área de
irrigação, principalmente pela boa resistência, durabilidade, fácil instalação e baixo
custo de fabricação (AMANCO, 2017).

Outro tipo de tubulação que tem sido utilizado na irrigação é o PEAD (Polietileno
de Alta Densidade), um tipo de tubulação nova, que vem com a primícia de diminuir a
15

mão de obra, sendo flexível, dessa forma diminuído a utilização de conexões no geral,
aumentando produtividade e qualidade no sistema, devido suas altas resistências a
pressão e durabilidade. Será apresentado o cálculo de um sistema com a utilização
do PEAD, demonstrando as vantagens e desvantagens de sua utilização e como
dimensioná-lo (TIGRE, [s.d.]).

O sistema de irrigação automático pode ser separado em duas partes, a elétrica


e a hidráulica. O sistema elétrico conta com uma linha de alta tensão, transformadores,
o motor elétrico, o controlador, comando de partida e alguns acessórios (cabos
elétricos para baixa tensão, conduítes, isoladores). O sistema hidráulico já conta os
tubos de diversos diâmetros, o sistema de bombeamento, válvulas solenoides, os
aspersores ou mangueiras para gotejamento, outros acessórios como válvula de pé
com crivo, conexões em geral (curvas, cotovelos, luvas) e alguns itens opcionais,
como sensores de chuva, de umidade e o de fluxo. Também contamos com o
reservatório que pode ser abastecido de inúmeras maneiras (água pluvial, reuso,
poços artesianos) (PALARETTI; FRIZZONE; CARVALHO, [s.d.]).

Entre as várias etapas necessárias para desenvolver um projeto de irrigação


pressurizado, uma delas é o tamanho do tubo. Estes devem ser capazes de
transportar e fornecer, em cada aspersor, a vazão exigida pelo projeto, sob pressão
adequada para irrigação. A solução para este problema é a hidráulica baseada em
condutos forçados, também tem o componente econômico básico, como geralmente
é o caso maioria dos problemas de engenharia (Gomes, 2013).

A utilização da água pode ser vista em inúmeras frentes, desde os principais


aos secundários. Como principal podemos citar o uso da água em meios residenciais
e comerciais, que mantém os afazeres básicos da população, como alimentação,
higiene e limpeza. A água é uma das principais matéria-prima na produção de
inúmeros alimentos e bens de consumo, podemos considerar que a água seja
demandada em todos os processos de desenvolvimento de bem-estar e convivência.

A demanda total de água no Brasil é de aproximadamente 11% da vazão média


dos rios, 72% utilizados pelas atividades agrícolas, 7% pelas indústrias, 9% referentes
ao consumo urbano, 11% de consumo animal e 1% do consumo Rural (EOS, 2017)
16

É estimado que se gera um desperdício de 60% na irrigação de culturas


comerciais (agricultura), sendo que esse desperdício está ligado a mal
dimensionamento e uso do sistema. Aplica-se água em excesso, em períodos e
horários inadequados, usa-se de técnicas inapropriadas e ainda faltam manutenções
nos sistemas. Considerando todo esse contexto é possível estimar que apenas 40%
da água aplicada ao solo é efetivamente utilizada pelas culturas irrigadas (COSTA;
JÚNIOR, 2005).

A qualidade de um sistema de irrigação envolve necessariamente a correta


execução das cinco etapas envolvidas na sua implementação: planejamento das
atividades de irrigação, projeto do sistema, instalação de equipamentos,
implementação da gestão da água e operação e manutenção do sistema para atingir
os objetivos definidos no planejamento. Um dos fatores que afetam diretamente a
execução de cada etapa é a compreensão do projetista dos equipamentos que
constituem cada sistema de irrigação. Portanto, os profissionais devem receber
informações técnicas sobre as tubulações responsáveis pelo abastecimento e
distribuição de água na propriedade e os acessórios necessários ao funcionamento e
segurança do sistema (PALARETTI; FRIZZONE; CARVALHO, [s.d.]).

3.1 Irrigação por Pivô Central

De acordo com Queiroz (2007) o método de irrigação por pivô central, (Figura
1) é o mais criticado no nosso país, devido sua alta demanda de água, por outro lado
é um sistema que abrange grandes áreas de uma vez só, no Brasil existem
aproximadamente 3 milhões de hectares irrigados, destes, 20% utilizam o pivô central,
sendo equivalente aproximadamente à 520 mil hectares.

O sistema consiste em uma linha lateral móvel com diversos bocais instalados,
sendo eles de diversos modelos, essa linha é sustentada por diversas torres, que se
movimentam sobre rodas ao redor do seu ponto central. A ligação entre essas torres
é feita através de treliças e tirantes, as quais são ligadas com articulações flexíveis,
para tornar o pivô capaz de operar em qualquer tipo de topografia (QUEIROZ, 2007).
17

Figura 1: Método de irrigação por pivô central.

Fonte: (FANTIM, [s.d.])

3.2 Irrigação por Superfície

O Método de Irrigação por superfície, (Figura 2), e o mais antigo utilizado por
todo globo. A história da irrigação se inicia com aplicação da água no solo e utilização
da gravidade para auxiliar no escoamento, a antiga civilização da Mesopotâmia
prosperou entre os vales dos rios Tigres e Eufrates, utilizando essa forma de irrigação,
há mais de 6.000 anos (COSTA; ARAÚJO, [s.d.]).

O principal problema dessa forma de irrigação é baixa eficiência na aplicação


da água, levando em consideração das perdas por escoamento superficial e
percolação, temos uma perda de aproximadamente 40% (COELHO, 1986).

Uma das principais razões para a baixa eficiência dos sistemas de irrigação por
superfície, é a discordância dos projetos hidráulicos. Em relação ao projeto hidráulico
leva-se em consideração uma série de critérios, tais como, comprimento de área,
declividade do terreno, vazão aplicada e tempo de aplicação. É muito comum o
agricultor não seguir orientações técnicas e muitas vezes realizar uma aplicação
excedente de água (COSTA, s.d.)
18

3.2.1 Irrigação por sulcos

Um dos tipos de irrigação por superfície é a irrigação por sulcos, segundo


Azevedo Netto (1998), esse método consiste em conduzir a água no meio de
pequenos sulcos que são localizados de forma paralela a plantação, dessa forma ela
fornece água a área das raízes durante o tempo necessário e estimado pela
agronomia. Segue na Figura 2 a demonstração desse método e na figura 3 o
detalhamento do mesmo.

Figura 2: Método de Irrigação por Superfície.

Fonte:(COUTO, 2017)
19

Figura 3: Detalhamento do método de irrigação por sulcos.

Fonte: NETTO et al., 1998. p.617

3.2.2 Irrigação por inundação

Outro método da irrigação por superfície é o método de irrigação por inundação


(Figura 4), segundo Netto et al. (1998) esse método tem como objetivo cobrir todo o
terreno com uma lâmina de água, diferente do método de sulcos, esse é dividido por
em tabuleiros que são limitados através de taipas.
20

Figura 4: Método de irrigação por Inundação.

Fonte: (TESTEZLAF, [s.d.])

Netto et al. (1998) diz que esse método é muito utilizado para o cultivo do arroz,
devido sua simplicidade de execução e funcionamento ele tem ótima aceitação na
agricultura, também decorrente seu baixo custo de manutenção, além da sua fácil
adaptação a qualquer tipo de topografia (Figura 5).
21

Figura 5: Detalhamento do método de irrigação por inundação.

Fonte: NETTO et al., 1998. p.617

▪ Inundação permanente: predominante no Brasil, essa forma mantém uma


lâmina de água sobre o terreno durante todo ciclo de cultura, sendo removida
somente na época de maturação e colheita.
▪ Inundação temporária: essa forma aplica uma alta lâmina de água nos
tabuleiros, a qual infiltra no terreno, um novo volume só será aplicado quando
o turno da irrigação for finalizado.

3.2.3 Irrigação por Faixas

Método semelhante ao método de inundação, porém, aplicado somente em


terrenos que sofrem com a declividade da topografia, tornando assim impossível a
infiltração no solo. Sua instalação é feita com faixas do terreno com pouca declividade
transversal com uma certa declividade longitudinal, localizadas entre as taipas
paralelas. Essas são irrigadas com a água em movimento, dentro do tabuleiro (Figura
6)(NETTO et al., 1998).
22

Figura 6: Detalhamento do método de irrigação por faixas.

Fonte: NETTO et al., 1998. p.618

3.3 Irrigação por autopropelido

Um tipo de irrigação pouco conhecido, mas muito comum quando se trata de


irrigação para cana-de-açúcar e pastagens. Consiste em um sistema por aspersão
mecanizado, recomendado para áreas retangulares com declividades de
aproximadamente 20%, é comum ser utilizado como irrigação complementar
(JUNIOR; CARRARA; ALVES, 2019a).

Esse tipo de sistema apresenta um alto consumo de energia, devido suas altas
pressões de funcionamento e perdas de carga, porém, se comparado ao sistema de
aspersão móvel convencional, apresenta uma demanda de mão de obra
significativamente menor, sendo necessário apenas um funcionário que conduza o
trator e mude o carretel de hidrante (Imagem 7) (Junior et al., 2019).

O emissor de água é montado em uma carreta pequena que se movimenta pela


pressão da água, a mesma é abastecida por uma mangueira flexível, conectada a um
hidrante conectado na rede principal (Figura 8). Ao final do percurso a ser irrigado, o
sistema é desligado e essa carreta é rebocada pelo trator até a próxima área a ser
irrigada, sua principal vantagem é irrigar várias áreas com apenas um equipamento
(Junior et al., 2019).
23

Figura 7: Carretel a ser conectado no hidrante sendo rebocado.

Fonte: JUNIOR; CARRARA; ALVES, 2019a. p. 21

Figura 8: Carretel com aspersor que se movimenta através da pressão

Fonte: JUNIOR; CARRARA; ALVES, 2019a. p. 22


24

3.4 Irrigação por Aspersão

Hoje um dos métodos mais utilizados em todo mundo é o método de irrigação


por aspersão, principalmente por sua alta capacidade de adequação aos mais
diversos tipos de terreno e situação.

Não podemos dizer que existe métodos melhores que outros, mas sim que
alguns métodos se encaixam melhor e devidas circunstâncias, como solo, topografia,
clima e recurso financeiro para investimento. Pode-se dizer que hoje temos alguns
tipos de irrigação por aspersão que apresentam quase a mesma eficiência de um
sistema de irrigação localizada, que hoje é o método com mais eficiência(JUNIOR;
CARRARA; ALVES, 2019a).

A irrigação por aspersão convencional é constituída por:


▪ Sistema de captação;
▪ Sistema de Bombeamento;
▪ Rede adutora;
▪ Rede lateral ramificada;
▪ Aspersores.

O sistema de captação consiste no local onde a água destinada à irrigação será


armazenada, levando em consideração vários tipos de água a ser utilizadas.

Depois do sistema de captação, através de um sistema de bombeamento, a


água é pressurizada para a rede adutora e em sequência às subestações (Figura 9).
25

Figura 9: Detalhamento do Sistema de Irrigação

Fonte: JUNIOR; CARRARA; ALVES, 2019a. p. 11

Entre a rede adutora e a lateral, é feita a instalação de válvulas solenoides, para


automatizar o processo da irrigação. Após a válvula, deriva-se as redes laterais, com
objetivo de levar água até os aspersores, os quais são classificados em: (JUNIOR;
CARRARA; ALVES, 2019a)

▪ Aspersores Spray (Figura 10);


▪ Aspersores Rotativos (Figura 11);
▪ Aspersores Rotores (Figura 12);
▪ Aspersores Canhão (Figura 13);
▪ Aspersores de Impacto (Figura 14).
26

Figura 10: Aspersores Spray.

Fonte: Elaborada pelo Autor

Figura 11: Aspersores Rotativos.

Fonte: Elaborada pelo Autor


27

Figura 12: Aspersores Rotor

Fonte: Elaborada pelo Autor

Figura 13: Aspersores Canhão

Fonte: Elaborada pelo Autor


28

Figura 14: Aspersores de Impacto

Fonte: Elaborada pelo Autor


29

3.5 Irrigação Localizada

A irrigação localizada (Figura 15) é o método mais eficaz de irrigação, consiste


em irrigar pequenas quantidades em alta frequência. A água é aplicada diretamente
nas raízes permitindo a automação completa do sistema. Ciente da aplicação de água,
porém, por se tratar de um sistema mais complexo, alguns cuidados são necessários
durante a implantação, tais como: análise da água, um bom levantamento topográfico,
um projeto de bem dimensionado, sistema de filtragem e uma instalação cuidadosa
(JUNIOR; CARRARA; ALVES, 2019b).

O tipo de irrigação localizada consiste em aplicação da água diretamente nas


raízes (Figura 16) com baixas pressões e vazões, porém, com alta frequência. São
sistemas fixos que permitem total automação, e mesmo que sejam mais econômicos
no quesito consumo de energia e água, tem um elevado custo de implantação quando
comparado aos outros métodos (JUNIOR; CARRARA; ALVES, 2019b).

Durante a instalação do sistema de localizado, são necessários alguns


cuidados, como por exemplo a instalação de um sistema de filtragem, para evitar o
entupimento dos emissores, sejam das mangueiras de gotejamento ou dos micros
aspersores (JUNIOR; CARRARA; ALVES, 2019b).
30

Figura 15: Mangueiras de Gotejamento.

Fonte: Elaborada pelo Autor

Figura 16: Aplicação da irrigação nas raízes.

Fonte:(JUNIOR; CARRARA; ALVES, 2019b)


31

3.6 Dimensionamento Hidráulico

Será abordado o dimensionamento de tubos Irrigação por aspersão. Questões


hidráulicas básicas, intervenções no dimensionamento de tubulações pressurizadas
(sistemas hidráulicos em tubulações e perda de energia durante o fluxo de água) e
programas de cálculo de tubulação, completamente baseado em requisitos
hidráulicos. O método de dimensionamento acercar-se a rede de ramais com base no
alvo hidráulico e econômico, atendendo assim aos requisitos hidráulicos com o
mínimo de custos de instalação para instalação e operação (GOMES, 2013).

O procedimento inicial para projetar um sistema de irrigação pressurizado se


inicia com a delimitação planimétrica e altimétrica do terreno, estudos sobre o solo e
a água que será utilizada para irrigação, viabilidade econômica, também deve ser
considerado o clima da região, para determinação da lâmina de água a ser aplicada,
interferindo diretamente no consumo de água e sob influência da necessidade hídrica
de cada espécie plantada, além de viabilidade econômica, após isso se inicia o
dimensionamento hidráulico, começando pela rede lateral, em seguida a rede mestra
e por último o sistema de bombeamento (SOUSA, 2012).

Na tubulação lateral, uma diferenciação pode ser identificada pelo tipo de


funcionamento do sistema de irrigação, sendo um fator de múltiplas saídas, ao invés
da determinação de um sistema com distribuição em marcha, isso ocorre devido a
inconstância nas distâncias entre as saídas e nas vazões dos aspersores (SOUSA,
2012).

No processo de dimensionamento para o cálculo da perda de carga, José S. C.


S. (2012) encontra três possibilidades, sendo elas as tradicionais equações de Darcy-
Weisbach (Equação 1), Hazen-Williams (Equação 2) e Scobey (Equação 3).

Comumente, na literatura, as equações de Hazen-Williams e Scobey tem maior


utilização, devido a simplicidade de suas utilizações, porém, tais equações
consideram o fator de rugosidade como constante para qualquer diâmetro ou
velocidade do fluido, critério que pode ser desconsiderado quando se trata de
tubulações com baixos diâmetros e baixas velocidades de escoamento, situação a
qual acontece no sistema de irrigação, porém, tal critério não pode ser ignorado
quando se trata de tubulações com altas demandas hídricas, sejam de diâmetro,
32

vazão ou velocidade do fluído, no qual o fator de rugosidade pode influenciar na


própria seleção dos diâmetros e na energia requerida para funcionamento do sistema
(SOUSA, 2012).

8 Q2
𝐽 = π⋅g ⋅ 𝑓 ⋅ D5 (1)

𝑄 𝑚
𝐽 = 𝑘 ⋅ ( ) ⋅ 𝐷−𝑝 (2)
𝐶

𝑘𝑠 4⋅𝑄 𝑚
𝐽= ⋅( ) ⋅ 𝐷 −𝑝 (3)
𝑘 𝜋

Em que: J representa a perda de carga unitária em m/m; f, C e ks o fator de


Darcy-Weisbach (Tabela 1), coeficiente de atrito de Hazen-Williams e de Scobey,
respectivamente, adimensionais; Q a vazão em m³/s; D o diâmetro interno em m; k, m
e p as constantes de proporcionalidade, adimensionais (Tabela 2).

Tabela 1: Valores para os coeficientes de atrito de Hazen-Williams e Scobey.

Hazen-Williams Scobey

Material da Tubulação C Material da Tubulação Ks

Polietileno 150 Plástico e cimento-amianto 0,32

PVC 145 Alumínio 0,43

Aço Galvanizado 125 Aço Galvanizado 0,45


Fonte: GOMES, 2013. Adaptado.

Tabela 2: Valores adotados para as constantes de Hazen-Williams e Scobey.

Hazen-Williams Scobey

k m p k m p

10,66 1,852 4,87 387 1,9 4,9

Fonte: GOMES, 2013. Adaptado.


33

Após a determinação da perda de carga unitária, é necessário realizar a


multiplicação pelo comprimento da tubulação, para obtenção da perda de carga no
longo do conduto (Equação 4).

𝛥ℎ = ∑ 𝐽𝑖 ⋅ 𝐿𝑖 . 𝐹 (4)

Em que: J é a perda de carga unitária em m/m; L o comprimento do trecho em m;


F o fator de múltiplas saídas; e ∑ representa a repetição do processo para cada trecho
considerado, obtendo assim a perda de carga ao longo da rede lateral (SOUSA, J. S.
C. 2012).

Para o fator de múltiplas saídas Gomes (2013) determina uma tabela através
de cálculos empíricos em função do número de saídas da rede lateral (Tabela 3).

Tabela 3: Coeficiente de redução F em função do número de saídas.

(continua)

Número de Hazen m = 1,85 Scobey m = 1,9

Saídas F* F ** F* F **

1 1,00 1,000 1,000 1,000

2 0,639 0,519 0,634 0,512

3 0,535 0,442 0,528 0,442

4 0,486 0,412 0,480 0,405

5 0,457 0,397 0,451 0,390

6 0,435 0,387 0,433 0,381

7 0,425 0,381 0,419 0,375

8 0,415 0,377 0,410 0,370

9 0,409 0,374 0,402 0,367

10 0,402 0,371 0,396 0,365

11 0,397 0,369 0,392 0,363

12 0,394 0,367 0,388 0,361


34

(conclusão)

Número de Hazen m = 1,85 Scobey m = 1,9

Saídas F* F ** F* F **

13 0,391 0,366 0,384 0,360

14 0,387 0,365 0,381 0,358

15 0,384 0,364 0,379 0,357

16 0,382 0,363 0,377 0,356

17 0,380 0,362 0,375 0,356

18 0,379 0,361 0,373 0,355

19 0,377 0,361 0,372 0,355

20-21 0,376 0,360 0,370 0,354

22-23 0,374 0,359 0,368 0,353

24-25 0,372 0,358 0,366 0,352

26-27 0,370 0,358 0,364 0,352

28-29 0,369 0,357 0,363 0,351

30-34 0,368 0,357 0,362 0,351

35-39 0,365 0,356 0,359 0,350

40-49 0,364 0,355 0,357 0,349

50-99 0,361 0,354 0,355 0,348

≥ 100 0,351 0,353 0,350 0,347


Fonte: GOMES, 2013. Adaptado.

Para o dimensionamento da rede hidráulica, Sousa (2012) determina que pode


ser utilizado o método da velocidade máxima permitida, para isso, é necessário a
utilização da equação da continuidade (Equação 5).

𝑄 =𝑣⋅𝐴 (5)
35

Em que: Q representa a vazão em m³/s; 𝑣 a velocidade do fluído em m/s; A


área da seção transversal da tubulação em m.

Partindo da primícia em que Heber (2013) adota que em um sistema de


irrigação as velocidades registradas variam entre valores menores que 1 m/s
chegando até 3 m/s podemos considerar a velocidade 2 m/s como valor médio entre
o intervalo, dessa forma, com adoção da velocidade podemos isolar o diâmetro na
equação 4 obtendo a equação 6.

4.𝑄
𝐷𝑐𝑎𝑙 = √𝜋⋅𝑣 (6)
𝑚𝑎𝑥

Em que: Dcal representa o diâmetro calculado e D o diâmetro comercial adotado;


Q a vazão em m³/s; Vmax a velocidade máxima adotada em m/s.

Princípios que podem ser aplicados tanto para a rede lateral quanto a rede
mestra, levando em consideração que a rede mestra precisa suprir a necessidade da
região com maior demanda, nesse caso, podemos considerar que o maior diâmetro
encontrado na rede lateral deve ser adotado na rede mestra.

3.7 Perda de Carga Localizada

No decorrer das tubulações hidráulicas pode-se contar com as conexões como


curvas, cotovelos, registros, válvulas, etc., peças que produzem interferência grandes
ou pequenas nas seções do conduto, essas interferências são caracterizadas como
perda de carga localizada. Essas perdas podem ser consideradas como uma
porcentagem da carga cinética no conduto, que existe no instante à jusante do ponto
onde se encontra a perda (Equação 7).

𝑉2
∆ℎ𝑓 = 𝐾 (7)
2.𝑔

O valor de K representa uma perda de carga singular e varia em decorrer do


tipo de conexão, os valores podem ser encontrados na tabela 4.
36

Tabela 4: Valores aproximados do coeficiente de perda de carga localizada.

Peças K Peças K
Ampliação gradual 0,30 Junção 0,40
Bocais 2,75 Medidor Venturi 2,50
Comporta aberta 1,00 Redução Gradual 0,15
Controlador de vazão 2,50 Registro de ângulo aberto 5,00
Cotovelo 90° raio curto 0,90 Registro de gaveta aberto 0,20
Cotovelo 90° raio longo 0,60 Registro de globo aberto 10,00
Cotovelo 45° 0,40 Saída de canalização 1,00
Crivo 0,75 Tê passagem direta 0,60
Curva 90°, r/D=1 0,40 Tê passagem lateral 1,30
Curva 45° 0,20 Tê passagem bilateral 1,80
Curva de retorno 180° 2,20 Válvula de boia 6,00
Entrada normal 0,50 Válvula de pé 1,75
Entrada de borda 1,00 Válvula de retenção 2,75
Fonte: GOMES, 2013. Adaptado.

Calcular a queda de pressão de cada componente especial individualmente no


decorrer da rede lateral é trabalhoso e ineficaz devido ao trabalho de diagnóstico de
valores de perdas individuais caso a caso. Existem diferentes componentes de
diferentes fabricantes na rede hidráulica e há muita incerteza no resultado final. Para
superar esse inconveniente, todas as quedas de pressão locais na prática, as peças
especiais são estimadas como uma porcentagem da perda total por atrito a rede de
tubos. Esse percentual varia entre 10% e 20%, não considerando as perdas de carga
localizadas geradas em peças especiais de regulagem e controle da rede hidráulica.
Tais peças ou equipamentos (filtros, reguladores de pressão, limitadores de vazão,
entre outros) resultam em prejuízos agravados, que devem ser calculados
separadamente do total da carga exigida pelo sistema (GOMES, 2013).
37

3.8 Sistema de Bombeamento

Durante o dimensionamento da estação elevatória, Netto et al. (1998) diz que


dois critérios devem ser considerais, tais quais são altura manométrica e vazão.

A altura manométrica (Hman) é composta pela somatória das alturas


geométricas da sucção (Hs), a altura geométrica do recalque (Hr), a pressão
necessária no início da rede lateral (Pi), a perda de carga na linha principal (hfp), e
por último a perda de carga localizada (hL), com isso obtemos a equação 6 (NETTO
et al., 1998).

Hman = Hs + Hr + Pi + hfp + hL (8)

A sucção do sistema de bombeamento pode ser instalada de duas formas,


sendo elas afogada, ou não afogada. Quando a sucção se mantém abaixo do nível da
água ela é considerada afogada, e quando é instalada acima do nível de água é
considerada não-afogada, modelo que exige a instalação de uma válvula de retenção
para que não entre ar no bombeamento (GOMES, 2009).

Quanto ao recalque, é a parte após a pressurização da bomba, nos casos de


instalação não afogada, ele costuma não ter uma altura geométrica, além da diferença
dos níveis no plano altimétrico (GOMES, 2009).
38

4 METODOLOGIA

4.1 Projeto

Para aplicação dos métodos de cálculo, foi elaborado um estudo de caso, onde
foi fornecido um projeto pela empresa Monteiro Sistemas de Irrigação de Tatuí LTDA.

O projeto fornecido pela empresa foi elaborado em uma área residencial de


2.095 m², no qual a área permeável (irrigada) é de 1.006 m². O plano altimétrico do
lote demonstra um terreno plano, sem variações.

Para o desenvolvimento do projeto, foi considerado um sistema de irrigação por


aspersão, no qual, nesse caso, foi utilizado os aspersores da linha rotativo. O projeto
foi divido em três setores, nos quais as vazões se mantêm em equilíbrio, para manter
a necessidade do bombeamento aproximada em todas as subestações. A em
empresa forneceu também as medidas de cada trecho analisado, detalhamento das
vazões de cada aspersor, pressão de serviço e o raio de atuação (Anexo – A).

A divisão hidráulica do sistema foi feita por setores, sendo que cada trecho se
refere a ligação de um aspersor ao outro, todos saindo de uma válvula, que são ligas
em uma rede mestra pressurizada por um sistema de bombeamento. Os setores 1, 2
e 3 contaram com 19, 28 e 31 aspersores, respectivamente.

4.2 Dimensionamento Hidráulico

Neste item, foram reunidas e adaptadas as equações citadas para permitir o


dimensionamento das subunidades da irrigação e da rede adutora do projeto, com
isso, determinou-se:

▪ Diâmetro da rede lateral;


▪ Diâmetro da rede adutora;
▪ Perda de carga da rede lateral;
▪ Perda de carga da rede adutora;
▪ Estação elevatória.
39

4.2.1 Diâmetro da rede lateral

▪ Adotou-se a velocidade máxima permitida de 2 m/s;


▪ Utilizou-se da equação 5 para encontrar a máxima vazão permitida para os
diâmetros comerciais;
▪ Foi calculado o diâmetro adequado para cada trecho do sistema, levando em
consideração a vazão máxima de cada diâmetro e a vazão de cada trecho.
▪ Através da equação 5, foi calculado a velocidade real do fluído em cada trecho
do sistema.

4.2.2 Diâmetro da rede adutora

▪ Adotou-se o diâmetro da rede mestra como o maior dimensionada nas redes


laterais, o qual é capaz de abastecer qualquer subestação do sistema geral.

4.2.3 Perda de carga da rede lateral

▪ O cálculo da perda de carga na linha lateral foi dividido em três etapas, sendo
elas a determinação da perda de carga unitária, a perda de carga distribuída
em cada trecho e a somatória de todos os trechos;
▪ Para a perda de carga unitária, utilizou-se a equação de Scobey (Equação 3);
▪ Foi determinado o fator de múltiplas saídas para cada setor de acordo com a
Tabela 3;
▪ Para a perda de carga ao longo do conduto foi considerada a Equação 4;
▪ Somou-se da perda de carga ao longo de todos os trechos do setor;
▪ Foi adicionada a pressão de funcionamento do aspersor;
▪ Foi determinada a pressão necessária no início da tubulação.

4.2.4 Perda de carga da rede adutora

▪ Encontrou-se a perda de carga unitária para a rede adutora (Equação 3);


40

▪ Devido a rede adutora não ter o mesmo comportamento da rede lateral, isso é,
não funcionando seguindo o fator de múltiplas saídas, não é necessário a
multiplicação pelo mesmo, sendo assim, a perda de carga distribuída ao longo
da rede adutora foi encontrada através da equação 4, sem o multiplicador.
▪ Foi encontrada a perda de carga localizada na rede adutora (Equação 7).

4.2.5 Sistema de Bombeamento

▪ O dimensionamento da estação elevatória consiste em encontrar a altura


manométrica (Equação 8) necessária para o funcionamento do sistema, porém,
quando se trata a potência do bombeamento, podemos ter n situações,
considerado que cada fornecedor pode oferecer inúmeros tipos de bombas,
cada um com sua curva específica.
▪ O sistema em questão foi dimensionado com um reservatório de água
enterrado, nesse caso, a bomba foi instalada de maneira afogada, dentro do
reservatório (modelos submersíveis), nesse caso foi considerado a altura de
sucção como nula e a de recalque como 3 metros.
41

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 Aspersores utilizados

O projeto em questão conta com a utilização dos três modelos de aspersores


da linha rotativo, sendo que cada um conta com um ângulo de atuação, vazão e raios
diferentes (Tabela 5). A diferença de vazão e ângulos de cada aspersor se vem ao
caso de manter a mesma lâmina de água distribuída em todo o gramado. Quanto a
diferença dos raios de atuação, eles são utilizados conforme o tamanho do gramado,
não se utilizada menores ou maiores para que a água não encontre lugares
indesejados, como caminhos, paredes, etc. ou que partes do gramado tenha uma
quantidade menor de água que outras, caso que a longo prazo geraria manchas no
gramado.

Tabela 5: Pressão, vazão e raio dos aspersores.

Pressão de Vazão Unitária Raio de


Descrição
Serviço (bar) (m³/h) Atuação (m)

Rain Bird R-VAN 14 180º 2,8 0,14 4,3

Rain Bird R-VAN 14 270º 2,8 0,21 4,3

Rain Bird R-VAN 14 360º 2,8 0,28 4,3

Rain Bird R-VAN 18 180º 2,8 0,22 5,2

Rain Bird R-VAN 18 360º 2,8 0,41 5,2

Rain Bird R-VAN 24 90° 2,8 0,17 6

Rain Bird R-VAN 24 180° 2,8 0,35 6


Fonte: “Monteiro Sistemas de Irrigação Tatuí LTDA,” 2022

5.2 Subestações

O projeto dimensionado contém três estações (Tabela 6), os quais foram


divididos para que não se sobrecarregue a necessidade da pressurização, problema
42

que geraria um sistema hidráulico com grandes diâmetros e fazendo com que o
sistema de tornasse inviável economicamente. Para manter-se a viabilidade do
projeto, o sistema foi dividido em estações, dessa forma, a irrigação do jardim
acontece por etapas, outra vantagem seria o poder de manipulação da lâmina de água
aplicada em cada estação.

Tabela 6: Vazão e área das subestações.

Estação Vazão (m³/h) Área (m²)


1 6,30 339,39
2 6,33 375,26
3 6,37 357,83
Fonte: “Monteiro Sistemas de Irrigação Tatuí LTDA,” 2022

5.3 Dimensionamento da rede Lateral

Tendo a vazão de cada aspersor e de cada setor, foi realizada a separação de


cada trecho, cada qual contém seu comprimento e sua vazão (Tabela 7).

Tabela 7: Vazão e comprimentos equivalentes

(continua)

Vazão Comprimento Vazão Comprimento


Trecho Trecho
(m³/h) (m) (m³/h) (m)
T1.01 6,30 1,34 T2.23 0,28 1,95
T1.02 3,32 3,39 T2.24 0,14 4,18
T1.03 0,35 4,68 T2.25 1,67 0,97
T1.04 2,97 1,18 T2.26 1,54 4,11
T1.05 2,62 5,84 T2.27 1,40 4,17
T1.06 2,27 5,86 T2.28 1,26 4,30
T1.07 1,92 5,92 T2.29 1,05 5,86
T1.08 1,57 5,89 T2.30 0,70 5,86
T1.09 1,22 5,83 T2.31 0,35 5,84
T1.10 0,87 5,91 T3.01 6,37 2,24
T1.11 0,52 6,00 T3.02 2,19 2,16
T1.12 0,17 6,00 T3.03 0,14 3,21
43

(conclusão)

Vazão Comprimento Vazão Comprimento


Trecho Trecho
(m³/h) (m) (m³/h) (m)
T1.13 2,97 2,34 T3.04 2,05 0,97
T1.14 0,35 1,19 T3.05 1,91 4,16
T1.15 2,62 4,62 T3.06 1,78 4,15
T1.16 2,27 5,84 T3.07 1,64 4,16
T1.17 1,92 5,91 T3.08 1,50 4,16
T1.18 1,57 5,89 T3.09 1,36 4,17
T1.19 1,22 5,89 T3.10 1,22 4,19
T1.20 0,87 5,91 T3.11 1,08 4,19
T1.21 0,52 6,00 T3.12 0,87 4,30
T1.22 0,17 5,95 T3.13 0,52 5,81
T2.01 6,32 1,28 T3.14 0,17 5,69
T2.02 3,29 1,58 T3.15 4,18 1,91
T2.03 1,51 1,24 T3.16 0,28 1,99
T2.04 1,37 3,85 T3.17 0,14 4,30
T2.05 1,24 4,37 T3.18 3,90 2,31
T2.06 1,06 5,76 T3.19 3,77 4,30
T2.07 0,71 6,00 T3.20 3,63 4,30
T2.08 0,36 4,52 T3.21 3,49 4,30
T2.09 0,14 4,30 T3.22 3,35 4,30
T2.10 1,78 2,69 T3.23 3,21 4,30
T2.11 1,64 4,00 T3.24 3,07 4,30
T2.12 1,50 4,00 T3.25 2,93 4,15
T2.13 1,36 4,30 T3.26 2,71 1,78
T2.14 1,22 4,30 T3.27 1,31 4,50
T2.15 1,05 5,96 T3.28 1,04 4,52
T2.16 0,70 5,88 T3.29 0,76 5,03
T2.17 0,35 5,90 T3.30 0,35 5,89
T2.18 3,03 2,07 T3.31 1,40 3,29
T2.19 1,36 3,44 T3.32 1,22 5,52
T2.20 1,15 4,30 T3.33 0,87 4,97
T2.21 0,80 5,72 T3.34 0,52 3,97
T2.22 0,45 5,81 T3.35 0,17 5,86
Fonte: “Monteiro Sistemas de Irrigação Tatuí LTDA,” 2022
44

Com a vazão de cada trecho, foi dimensionado o diâmetro de cada trecho,


através do cálculo da vazão máxima permitida para cada diâmetro comercial,
considerando a velocidade máxima adotada (ver item 4.2.1).

Com a utilização da equação 5, obtivemos os seguintes resultados (Tabela 8).

Tabela 8: Vazão máxima permitida por diâmetro.

Diâmetro Comercial (mm) Vazão Máxima (m³/h)


20 1,27
25 2,26
32 3,53
40 5,79
50 9,05
Fonte: Elaborada pelo Autor

Com os resultados obtidos na tabela 8, podemos determinar o diâmetro de cada


trecho e calcular a velocidade real do fluído no trecho (ver item 4.2.1) (Tabela 9).

Tabela 9: Velocidade calculada por trecho.

(continua)

Vazão Velocidade Vazão Velocidade


Trecho Trecho
(m³/h) (m/s) (m³/h) (m/s)
T1.01 6,30 1,39 T2.23 0,28 0,44
T1.02 3,32 1,88 T2.24 0,14 0,22
T1.03 0,35 0,55 T2.25 1,67 1,48
T1.04 2,97 1,68 T2.26 1,54 1,36
T1.05 2,62 1,48 T2.27 1,40 1,24
T1.06 2,27 1,28 T2.28 1,26 1,98
T1.07 1,92 1,70 T2.29 1,05 1,65
T1.08 1,57 1,39 T2.30 0,70 1,10
T1.09 1,22 1,92 T2.31 0,35 0,55
T1.10 0,87 1,37 T3.01 6,37 1,41
T1.11 0,52 0,82 T3.02 2,19 1,94
T1.12 0,17 0,27 T3.03 0,14 0,22
T1.14 0,35 0,55 T3.05 1,91 1,69
45

(conclusão)

Vazão Velocidade Vazão Velocidade


Trecho Trecho
(m³/h) (m/s) (m³/h) (m/s)
T1.15 2,62 1,48 T3.06 1,78 1,57
T1.16 2,27 1,28 T3.07 1,64 1,45
T1.17 1,92 1,70 T3.08 1,50 1,33
T1.18 1,57 1,39 T3.09 1,36 1,20
T1.19 1,22 1,92 T3.10 1,22 1,92
T1.20 0,87 1,37 T3.11 1,08 1,70
T1.21 0,52 0,82 T3.12 0,87 1,37
T1.22 0,17 0,27 T3.13 0,52 0,82
T2.01 6,32 1,40 T3.14 0,17 0,27
T2.02 3,29 1,86 T3.15 4,18 1,44
T2.03 1,51 1,34 T3.16 0,28 0,44
T2.04 1,37 1,21 T3.17 0,14 0,22
T2.05 1,24 1,95 T3.18 3,90 1,35
T2.06 1,06 1,67 T3.19 3,77 1,30
T2.07 0,71 1,12 T3.20 3,63 1,25
T2.08 0,36 0,57 T3.21 3,49 1,97
T2.09 0,14 0,22 T3.22 3,35 1,90
T2.10 1,78 1,57 T3.23 3,21 1,82
T2.11 1,64 1,45 T3.24 3,07 1,74
T2.12 1,50 1,33 T3.25 2,93 1,66
T2.13 1,36 1,20 T3.26 2,71 1,53
T2.14 1,22 1,92 T3.27 1,31 1,16
T2.15 1,05 1,65 T3.28 1,04 1,63
T2.16 0,70 1,10 T3.29 0,76 1,19
T2.17 0,35 0,55 T3.30 0,35 0,55
T2.18 3,03 1,71 T3.31 1,40 1,24
T2.19 1,36 1,20 T3.32 1,22 1,92
T2.20 1,15 1,81 T3.33 0,87 1,37
T2.21 0,80 1,26 T3.34 0,52 0,82
T2.22 0,45 0,71 T3.35 0,17 0,27
Fonte: Elaborada pelo Autor
46

5.4 Perda de carga da rede Lateral

Para determinação da perda de carga da rede lateral, adotou-se o método dos


trechos, que consiste no cálculo da perda de carga unitária (Equação 3) de cada
trecho e a multiplicação pelo comprimento (Equação 4), para obter-se a perda de
carga distribuída. Esse método considera que o conduto não tem saídas de vazão,
para correção e obtenção do valor real da perda de carga, necessita-se a multiplicação
pelo fator de múltiplas saídas (Tabela 3). Revendo o item 3.5 para perda de carga
localiza adotamos o valor 15% da perda de carga distribuída (Tabela 10).

Tabela 10: Perda de carga no conduto lateral.

hf distribuída hf localizada hf total


Estação
(mca) (mca) (mca)

1 0,187242 0,028086 0,215328

2 0,048501 0,517016 0,565517

3 0,097758 0,181048 0,278806


Fonte: Elaborada pelo Autor

Após a obtenção das perdas de carga, é possível determinar qual é a pressão


necessária no início da estação, para que o último aspersor do conduto obtenha a
pressão de funcionamento (Tabela 11).

Tabela 11: Perda de carga no conduto lateral.

Pressão necessária para


Estação
Funcionamento (bar)

1 2,987242
2 2,848501
3 2,897758
Fonte: Elaborada pelo Autor
47

5.5 Dimensionamento da Rede Adutora

Para o dimensionamento da rede mestra, podemos adotar o maior diâmetro


utilizado nas redes laterais, considerando que o sistema de irrigação é setorizado,
uma rede mestre dimensionada para a maior demanda de vazão de suas subestações
supri a necessidade dos demais setores.

Dessa forma, para rede adutora, o diâmetro comercial de 50 mm é adotado.

5.6 Perda de carga da Rede Mestra

A perda de carga distribuída ao longo da rede mestra foi encontrada através do


mesmo método das redes laterais, ignorando apenas o fator de múltiplas saídas,
dessa forma (Tabela 12). No decorrer da rede mestra, por termos a presença de
conexões e itens especiais que afetam significativamente a perda de carga ao longo
do conduto, não podemos fazer a adoção de uma porcentagem para o cálculo, dessa
forma, necessita-se o cálculo também das perdas de carga localizadas (Tabela 13).

Tabela 12: Valores obtidos da perda de carga distribuída da rede adutora.

Vazão Comprimento Velocidade J (Scobey) hf (Scobey)


(m³/h) (m) (m/s) (m/m) (mca)

6,37 79,53 1,41 0,055 4,346


Fonte: Elaborada pelo Autor
48

Tabela 13: Valores obtidos da perda de carga localizada da rede adutora.

Hf unitária Hf Total
Qnt Item K
(mca) (mca)

2 Cotovelo 90° RL 0,60 0,061 0,121

Válvula
1 x 0,480 0,480
Solenoide
Válvula
1 2,75 0,278 0,278
Retenção

11 Junção 0,40 0,040 0,445

Total 1,324
Fonte: Elaborada pelo Autor

Com a obtenção das perdas de carga distribuídas e localizadas no decorrer da


rede mestra, foi encontrada a altura manométrica necessária, a ser fornecida pelo
sistema de bombeamento (Tabela 14).

Tabela 14: Altura manométrica de funcionamento.

Item Valor

Hs 0m

Hr 3m

Pi 29,87 mca

hfp 4,346 mca

hL 1,324 mca

Hman 38,54 mca


Fonte: Elaborada pelo Autor
49

6 CONCLUSÃO

A busca por um dimensionamento hidráulico com precisão foi alcançada,


através dos cálculos e tabelas elaboradas foi possível a determinação do diâmetro de
cada trecho do sistema, tais como suas respectivas perdas de carga através do
método de múltiplas saídas elaborado por Gomes (2013). Após a obtenção das perdas
de carga de cada trecho foi possível encontrar a pressão de funcionamento da rede
lateral.

Ao final foi encontrado as perdas de carga da rede adutora, a qual é


pressurizada pelo sistema de bombeamento, com os dados obtidos foi possível
determinar a altura manométrica que a estação elevatória precisa fornecer para que
o sistema funcione de forma estável.

Também foi possível determinar que os cálculos para dimensionamento com


PVC podem ser os mesmos para PEAD, devido seus semelhantes comportamentos
com o escoamento dos fluídos, com pequenas alterações, as quais podem ser
desconsideradas no quesito prático.
50

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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51

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52

ANEXOS

ANEXO A – Projeto de irrigação por aspersão


53

ANEXO B – Projeto de irrigação com cotas por trecho.


54

ANEXO C – Gráfico de distribuição da lâmina de água do projeto.


55

ANEXO D – Autorização para utilização de projetos.

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