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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA


DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
DISCIPLINA: PETROLOGIA ÍGNEA

DESCRIÇÃO DE ROCHAS VULCÂNICAS EM SEÇÕES DELGADAS:


LÂMINA PP-603B E MD-71

AUTORA:
JASMIN LANKER GODENZI

NATAL/RN
DEZEMBRO DE 2018
LÂMINA PP-603B
A seção delgada PP-603B é uma rocha vulcânica máfica holocristalina,
formada apenas por cristais, com grãos inequigranulares, uma matriz
microcristalina com cristais de 0,3 mm – 0,7 mm. A lâmina é composta por 67%
de minerais félsicos, 15% máficos e 18% minerais opacos.

1. MINERALOGIA
a. Minerais félsicos
Ripas de plagioclásio, presentes na matriz, identificados nesta seção
delgada representam a totalidade dos minerais félsicos presentes nesta lâmina.
Suas propriedades óticas serão descritas a fim de ilustrar como foi realizada a
identificação e apresentar características importantes para compreensão da
série de cristalização e eventos relacionados à formação desta rocha.
• Plagioclásio
Os plagioclásios compreendem 67% da rocha e a presença de geminação
polissintética (Lei da Albita) corrobora a sua classificação. As dimensões dos
plagioclásios, que se apresentam em ripas (micrólitos), não permitem a obtenção
do teor de anortita dos cristais. Os plagioclásios ocorrem em cristais euédricos a
subédricos, tabulares, com pequenas dimensões ocorrendo, raramente,
minerais de 0,4 mm.

Figura 1 - Microcristais de plagioclásio em nicóis cruzados, que compões a matriz


da rocha, e um cristal com dimensões que se destacam dos demais cristais,
aproximadamente 0,4 mm de comprimento.
b. Minerais máficos
Na lâmina delgada descrita foram identificados minerais alterados para
hidróxido que preservaram a forma original do mineral e compreendem 15% da
seção delgada. Considerando a forma apresentada pelos minerais substituídos
por hidróxido pode-se afirmar que os minerais protólito são biotitas (Figura 2A)
e/ou olivinas (Figura 2B) e/ou titanita (Figura 2C).

Figura 2 – Minerais alterados para hidróxido preservando o hábito do seu mineral protólito em nicóis descruzados:
A) Biotita; B) Olivina e C) Titanita.

Os minerais máficos possuem dimensões variando entre 0,3 mm e 0,6


mm e conservam o hábito do seu mineral protólito.

c. Minerais opacos
Ainda há a presença de minerais opacos, 18% da seção delgada, que
apresentam hidróxidos associados, bordejando os cristais.

2. MATRIZ
Na matriz observam-se ripas de plagioclásio muito pequenas sendo de
hábito alongado, denominando-se micrólitos, e a presença de minerais
opacos. A matriz desta rocha é composta principalmente por plagioclásio com
hábito tabular sem observar uma orientação preferencial dos cristais.

3. CLASSIFICAÇÃO DA ROCHA
A rocha é composta por 67% de minerais félsicos, 15% máficos e 18%
minerais opacos. Os minerais félsicos são representados por plagioclásio, já os
minerais máficos encontram-se alterados para hidróxido.
Redistribuindo a estimativa modal para classificação da rocha ígnea com
base no diagrama de classificação de rochas vulcânicas de Streckeisen (1973),
tem-se 100% de plagioclásio. Sendo assim, a rocha classifica-se como um
Basalto (Figura 3).

Figura 3 – classificação de rochas vulcânicas de Streckeisen (1973)


indicando que a rocha é um Basalto.

4. SEQUÊNCIA DE CRISTALIZAÇÃO E EVENTOS


Considerando os minerais presentes na rocha e suas características é
possível distinguir que os minerais que não compõe a matriz se formaram
primeiro, porém não houve tempo suficiente para que os minerais crescessem
muito, deixando-os com dimensões variando entre 0,3 mm e 0,6 mm. Em
seguida, houve uma extrusão do magma, aonde a taxa de resfriamento foi
elevada, e a matriz foi cristalizada rapidamente.
Por fim, ainda é visível na rocha fraturas e a presença de hidróxido, ambos
pós-magmáticos (Figura 4). As fraturas podem ter permitido a injeção de fluidos
na rocha que reagiram com os minerais e formaram o hidróxido presente por
toda a seção delgada. Esse fluido ainda foi responsável por alterar os minerais
máficos e opacos. Nos minerais máficos foram mantidos os hábitos dos minerais
protólitos, porém houve uma substituição completa por hidróxido. Em
contrapartida, nos minerais opacos a reação com o fluido é identificada através
de bordas de hidróxido, indicando uma reação à presença do fluido.

Figura 4 – Fratura presente na rocha associada com hidróxido


e formação de minerais opacos em nicóis descruzados. Por ser
fratura, e se tratar de uma estrutura de natureza frágil, indica sua
formação pós magmática.
LÂMINA MD-71
A seção delgada PP-603B é uma rocha vulcânica félsica holocristalina,
formada apenas por cristais, com uma matriz microcristalina a criptocristalina,
predominando cristais ≤ 0,1 mm, com alguns cristais chegando a 0,3 mm, e
fenocristais com 0,8 mm - 4,2 mm. A lâmina é composta por 75% de matriz e
25% de fenocristais, aonde os fenocristais são de composição félsica.

1. MINERALOGIA
a. Minerais félsicos
Na lâmina fenocristais de minerais félsicos, quartzo β e sanidina, se
sobressaem em relação à matriz. As propriedades óticas diagnósticas serão
descritas para ilustrar como foi realizada a identificação desses minerais.
• Quartzo β
O quartzo β é um polimorfo do quartzo α, sendo assim possui as mesmas
características óticas, como sinal ótico uniaxial positivo, é incolor a nicóis
descruzados, birrefringência baixa (0,009 – 0,01). Normalmente o quartzo α
possui forma anédrica, porém em rochas vulcânicas pode-se formar o quartzo β
que possui grãos euédricos bipiramidais com seções hexagonais (Figura 1),
propriedade que tornou possível sua distinção na seção delgada.

Figura 1 – Quartzo β em nicóis cruzados identificado a partir de seu


hábito bipiramidal/hexagonal.
O quartzo β é representado na lâmina por fenocristais que são
responsáveis por cerca de 10% dos minerais félsicos e é possível identificar, em
alguns cristais, a presença de espaços preenchidos pela matriz.
• Sanidina
A sanidina é do Grupo dos Feldspatos, encontra-se na forma de
fenocristais e compreende cerca de 15% da rocha. É incolor a nicóis
descruzados, possui uma birrefringência baixa (0,01), tem sinal ótico biaxial com
2V entre 50° - 65° e seus cristais são euédricos com forma quadrada (Figura 2).
Os fenocristais de sanidina possuem fraturas preenchidas com dióxido de ferro

Figura 2 – Fenocristal de sanidina euédrica com hábito quadrado em nicóis


cruzados, apresentando birrefringência baixa.

2. MATRIZ
Na matriz a identificação dos minerais não é possível, uma vez que
possuem dimensões muito pequenas que não permitem a determinação de suas
propriedades óticas. Porém, é possível distinguir minerais de coloração verde e
marrom-avermelhada que podem ser, respectivamente, anfibólios e biotita.
Ainda há minerais com birrefringências parecidas com as observadas com os
fenocristais, indicando que a matriz pode ser composta por esses minerais
também, sanidina e quartzo β. A matriz é responsável por 75% da seção
delgada.
3. CLASSIFICAÇÃO DA ROCHA
A rocha é composta por 75% de matriz e 25% de fenocristais. Os
fenocristais são representados por quartzo β (10%) e sanidina (15%).
Redistribuindo a estimativa modal para classificação da rocha ígnea no
diagrama de classificação de rochas vulcânicas de Streckeisen (1973), tem-se
40% de quartzo β e 60% de sanidina (feldspato alcalino). Sendo assim, a rocha
classifica-se como um Alcali-Feldspato Riolito (Figura 3).

Figura 3 – classificação de rochas vulcânicas de Streckeisen (1973)


indicando que a rocha é um Alcali-Feldspato Riolito.

4. SEQUÊNCIA DE CRISTALIZAÇÃO E EVENTOS


Nesta seção delgada a presença de fenocristais euédricos indicam que a
cristalização da sanidina e do quartzo β se deu em condições ideais (P e T),
tendo tempo para que os cristais ficassem bem formados. Em seguida, houve
uma extrusão do magma, aonde a taxa de resfriamento foi elevada, e a matriz
foi cristalizada rapidamente. A cristalização rápida da matriz ocasionou a
cristalização de minerais muito pequenos que impossibilitam a distinção dos
cristais que a compõe através de propriedades óticas.

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